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DESAFIOS PARA A GESTÃO DOS RECURSOS HIDRÍCOS: O CASO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANTA MARIA DO RIO DOCE, NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO BRASIL

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DESAFIOS PARA A GESTÃO DOS RECURSOS

HIDRÍCOS: O CASO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO

RIO SANTA MARIA DO RIO DOCE, NO ESTADO DO

ESPÍRITO SANTO – BRASIL

E. P. Ferreira1; J. T. P. Ferreira2; F. S. Pantaleão3

RESUMO: A gestão dos recursos hídricos baseada no modelo de bacias hidrográficas é considerada como uma forma mais eficaz para o gerenciamento dos conflitos e pressões sobre os recursos hídricos. Portanto, a presente pesquisa teve como objetivo apresentar e discutir os desafios para a gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Santa Maria do Rio Doce, vivenciados pelo comitê da bacia. Mediante entrevista ao presidente do comitê da bacia e coleta de dados disponibilizada no portal do órgão ambiental de atuação na área, a pesquisa permitiu concluir que há na bacia conflito pelo uso da água, que vem sendo arbitrado pelo poder judiciário, e que a carência de recursos financeiros apresenta como uma das limitações para atuações do comitê da bacia hidrográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Comitê de bacia hidrográfica, gerenciamento, conflitos.

CHALLENGES FOR WATER RESOURCES

MANAGEMENT: THE CASE OF RIVER WATERSHED

SANTA MARIA RIVER SWEET, THE HOLY

SPIRIT IN THE STATE - BRAZIL

ABSTRACT: The management of water resources based on watershed model is considered

as a most effective way to manage the conflicts and pressures on water resources. Therefore, this study aimed to present and discuss the challenges for the management of water resources in river basin of the Santa Maria River sweet, experienced by the basin committee. Through an interview with the chairman of the committee of the basin and data collection available on the website of the environmental body of work in the area, the research concluded that there is conflict in the basin for water use, which has been resolved by the judiciary, and the lack of provides financial resources as one of the limitations to actions by the committee of the watershed.

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INTRODUÇÃO

Mundialmente várias experiências são relatadas no gerenciamento eficaz dos recursos hídricos baseada no recorte geográfico da bacia hidrográfica. No Brasil, o reconhecimento da crescente complexidade dos problemas relacionados ao uso da água levou ao estabelecimento, em 1976, de um acordo entre o Ministério das Minas e Energia e o governo do Estado de São Paulo para a melhoria das condições sanitárias das bacias do Alto Tietê e Cubatão. O êxito dessa experiência fez surgir em 1978, o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas. No entanto, tinha apenas atribuições consultivas, com participação apenas de órgãos do governo (Granziera, 2001).

Conforme discutido por Porto & Porto (2008) várias experiências baseadas na gestão de bacias hidrográficas surgem no Brasil na década de 1980. No Estado do Espírito Santo, por exemplo, é constituído o primeiro Consórcio Intermunicipal entre as bacias dos rios Santa Maria da Vitória-Jucu, de maneira a arbitrar a negociação entre usuários, num período de grande estiagem ocorrida no Estado, e, portanto, com dificuldades de gerir seus conflitos.

A gestão de recursos hídricos baseada no modelo de bacias hidrográficas ganhou força no início dos anos 1990 quando os Princípios de Dublin referente à gestão de recursos hídricos foram acordados na reunião preparatória à Rio-92. Diz o Princípio número um que a gestão dos recursos hídricos, para ser efetiva, deve ser integrada e considerar todos os aspectos, de interação das águas com o meio físico, o meio biótico e o meio social, econômico e cultural. Assim, para que essa integração tenha o foco adequado, sugere-se que a gestão esteja baseada nas bacias hidrográficas (WMO, 1992 citado por Porto & Porto, 2008).

Em 1997 com a aprovação da Lei nº 9.433, o Brasil passa a ter uma Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, que criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e organizou o sistema de gestão, concretizando a gestão por bacias hidrográficas. Adicionalmente, a PNRH definiu que a descentralização integrada e participativa dos recursos hídricos deve ser conduzida por meio da criação de dois entes públicos: os comitês de bacia hidrográfica e as agências de bacia (Brasil, 1997).

No Estado do Espírito Santo, a Lei nº 5.818, de 29 de dezembro de 1998, dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos - PERH e institui o Sistema Integrado de Gerenciamento e Monitoramento dos Recursos Hídricos SIGERH. Assim, a PERH também traz em seu texto a figura dos Comitês de Bacia Hidrográfica como órgãos regionais e setoriais, deliberativos e normativos de uma bacia hidrográfica (Espírito Santo, 1998).

Assim, em face da importância do comitê de bacia hidrográfica para a gestão dos recursos hídricos, a presente pesquisa teve como objetivo apresentar e discutir os desafios para a gestão dos recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Santa Maria do Rio Doce, vivenciados pelo comitê da bacia. Buscando também apresentar as ações que estão sendo realizadas pelo comitê da bacia hidrográfica.

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METODOLOGIA

A metodologia do trabalho constou de entrevistas ao presidente do comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria Do Rio Doce realizada em 17 de outubro de 2011, realizado na sede provisória do órgão em Colatina-ES, buscando informações sobre as atividades realizadas pelo comitê da bacia hidrográfica; as dificuldades encontradas para a gestão dos recursos hídricos; os principais impactos antrópicos presentes na bacia do Rio e os avanços conseguidos pelo comitê da bacia.

Para complementar os dados, colheram-se informações em acervos técnicos, disponibilizados no portal do órgão ambiental competente de atuação na área (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA), sobre as ações realizadas na Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria Do Rio Doce e a atuação do órgão na fiscalização da bacia hidrográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A bacia hidrográfica do Rio Santa Maria do Rio Doce apresenta 995,3 km2 e esta localizada na região central serrana inserida totalmente no Estado do Espírito Santo. Na bacia estão contidos, no todo ou em parte, os municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, São Roque do Canaã e Colatina. Atualmente a bacia hidrográfica esta inserida no Plano de Ação de Recursos Hídricos da Unidade de Análise Santa Maria do Doce - PARH SANTA MARIA DO DOCE. Sendo a Unidade de Análise composta pela bacia hidrográfica do Rio Santa Maria do Doce e pela sub-bacia do Rio Santa Joana, com área de 891 km² (PARH SANTA MARIA DO DOCE, 2010).

De acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hidricos – IEMA (2011), o Estado do Espírito Santo encontra-se dividido oficialmente em 15 comitês de bacias hidrográficos (CBH´s) legalmente instituídos, conforme figura 1 a seguir: CBH Rio Benevente; CBH Rio Guandu; CBH Rio Guarapari; CBH Ilha de Vitória; CBH Rio Itapemirim; CBH Litoral Centro Norte; CBH Rio Itaúnas; CBH Jucu; CBH Rio Novo; CBH São José; CBH Santa Maria da Vitória; CBH Rio Santa Maria do Rio Doce e CBH Rio São Mateus. Existe ainda o comitê federal do Rio Doce e o consórcio federal do Rio Itabapoana.

Conforme relatado pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica - CBH do Rio Santa Maria do Rio Doce em entrevista realizada no dia 17 de outubro de 2011 com, o Comitê foi criado em 2005, após a aprovação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CERH. Sendo no dia 25 de abril do mesmo ano publicado no Diário Oficial do Estado do Espírito Santo o Decreto número 883-S que Instituiu o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Santa Maria do Rio Doce, localizada no Estado do Espírito Santo.

Historicamente dentro do processo de ocupação da Bacia Hidrográfica, sobressaem como fatos altamente modificadores da história regional, a ocupação humana no fim da década do século XIX por imigrantes Italianos e Alemães, fragmentando a região em pequenas propriedades familiares à base principalmente da cafeicultura extensiva, adotando modelos de desenvolvimento da época insustentáveis e economicamente inviáveis, baseado no extrativismo, o que condicionaram uma generalizada degradação dos recursos naturais (florísticos,

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Atualmente, segundo o PARH Santa Maria do Doce, (2010) destaca-se como um dos maiores problemas ambientais da região, a poluição do Rio Santa Maria do Rio Doce e seus afluentes, pelo lançamento de esgotos domésticos em decorrência dos escassos sistemas de coleta e tratamento de esgotos, além de lançamento indiscriminado de efluentes industriais, principalmente de alambiques para a produção de aguardente de cana de açúcar.

A parte baixa da bacia hidrográfica, especificamente no município de São Roque do Canaã, tem sido em determinados meses do ano palco de sucessivos conflitos relacionados ao uso da água para atender a grande demanda dos sistemas de irrigações das atividades agrícolas, comprometendo o abastecimento humano e a manutenção das vazões mínimas e ecológicas do Rio Santa Maria do Rio Doce e seus afluentes. É importante mencionar que, na bacia não há mecanismo de cobrança pelo uso da água, refletindo assim, na falta de recursos para financiar ações de preservação e recuperação da bacia. Contribuindo também para ausência de estrutura técnica qualificada para fazer estudos, que auxiliem na implementação dos diferentes instrumentos necessários ao gerenciamento de seus recursos hídricos, o que tem posto em descrédito a imagem do comitê.

Um fato alarmante foi saber que, apesar de existir conflito pelo uso da água na bacia, o comitê muitas vezes não tem arbitrado esses conflitos, mesmo sendo em primeira instância de sua competência, conforme menciona a Política Estadual de Recursos Hídricos - PERH. O que tem ocorrido, é a mediação e acordo de conflitos em reuniões realizadas pela gestão pública municipal, juntamente com o poder judiciário, no entanto, muitas vezes sem a participação do comitê de bacia.

Em uma destas ocasiões o Ministério Público Estadual estabeleceu regras que visam disciplinar as retiradas de água pelos usuários da bacia, promovendo a recuperação ambiental das mesmas e a consequente minimização dos conflitos de usos, sobretudo nos períodos de estiagem acentuada. A partir disso, foram elaborados Termos de Ajustamento de Conduta - TAC. Este documento designou regras para uma utilização racional das águas do Rio Santa Maria e seus afluentes, utilizadas por inúmeros produtores rurais, através da estipulação de horários, vazões e outros (PARH SANTA MARIA DO DOCE, 2010).

Dentre as atividades desenvolvidas na bacia pelo Comitê da Bacia Hidrográfica, merecem destaque as campanhas realizadas entre os meses de abril e maio de 2007, prol da campanha da outorga na bacia, e o ciclo de palestras realizado nos anos de 2006 e 2009, voltado para a discussão dos temas outorga, política estadual de recursos hídricos, e a elaboração dos planos anuais de ação do Comitê.

CONCLUSÕES

A falta de recursos financeiros e de corpo técnico qualificado do Comitê da Bacia Hidrográfica tem dificultado sua atuação na fiscalização e gestão dos recursos hídricos da bacia. A ausência de monitoramento dos recursos hídricos também tem dificultado o conhecimento da capacidade de oferta e renovação de suas fontes naturais e da capacidade de suporte da bacia. Instrumentos necessários para evitar conflitos pelo uso da água.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº. 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário Oficial da União, Brasília, 09 jan. 1997.

ESPÍRITO SANTO. Lei nº. 5.818, de 29 de dezembro de 1998. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos - PERH, do Estado do Espírito Santo, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Espírito Santo. Vitória, 30 dez.1998.

GRANZIERA, M. L. M. Direito de águas: disciplina jurídica de águas doces. São Paulo: Atlas, 2001. IEMA - Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA. Disponível em: < http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp?pagina=17125>. Acesso em: 14 Abr. 2011.

PARH SANTA MARIA DO DOCE - Plano de Ação de Recursos Hídricos da Unidade de Análise Santa Maria Do Doce - IGAM - Planos de Ações para as Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito da Bacia do Rio Doce – Consórcio Ecoplan - Lume. 2010. 91p.

PORTO. M. F. A; PORTO. R. L. Gestão de bacias hidrográficas. Estudos avançados, São Paulo, v. 22, n. 63, 2008.

Figura 1 - Comitês de bacias hidrográficas do Estado do Espírito Santo, em destaque a bacia hidrográfica em estudo. FONTE: IEMA, 2011.

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