• Nenhum resultado encontrado

CONTRA O DESPERDÍCIO DA PRÁTICA E DA EXPERIÊNCIA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CONTRA O DESPERDÍCIO DA PRÁTICA E DA EXPERIÊNCIA: O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

CONTRA O DESPERDÍCIO DA PRÁTICA E DA EXPERIÊNCIA: O

ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO

DOCENTE

Lourival da Silva Santosi Marta Martins Meirelesii Maximiano Martins de Meirelesiii

Eixo 4: Formação de Professores Memória e Narrativas

RESUMO

O presente artigo tece reflexões sobre a importância do estágio supervisionado no processo de formação docente. É um texto híbrido e polifônico em sua constituição, uma vez que nossas experiências misturam-se às reflexões e as questões teóricas aqui apresentadas. Nesse sentido, em diálogo com Cavalcanti (2006), Freire (1998), Fiorentini (2003) Pimenta (2004), discutimos a importância da relação teoria-prática no processo de formação e autoformação docente, tendo o estágio supervisionado como campo de conhecimento. Em nossa perspectiva, o estágio é um espaço formativo que permite aos professores a construção de saberes didático-pedagógicos no próprio exercício da docência, na articulação teoria e prática, contra o desperdício da prática e da experiência.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação docente. Teoria-prática.

ABSTRACT

This article reflects on the importance of supervised training in the process of teacher education. It is a hybrid text and polyphonic in its constitution, since our experiences are mixed in reflection and theoretical issues presented here. Thus, in dialogue with Cavalcanti (2006), Freire (1998), Fiorentini (2003) Pepper (2004), discussed the importance of theory-practice relationship in the process of training and self-education teacher, being supervised as a field of knowledge. In our view, the stage is an educational space which allows teachers to build knowledge in their own teaching and pedagogical practice of teaching in theory and practice, against the waste of experience.

(2)

Keywords: Supervised, Teacher training, theory and practice.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tece reflexões sobre a importância do estágio supervisionado no processo de formação docente. É um texto híbrido em sua constituição, uma vez que nossas experiências misturam-se às reflexões e as questões teóricas aqui apresentadas. Nesse sentido, discutimos a importância da relação teoria-prática no processo de formação e autoformação docente, tendo o estágio supervisionado como campo de conhecimento.

Em nossa perspectiva, o estágio é um espaço formativo que permite aos professores a construção de saberes didático-pedagógicos no próprio exercício da docência, na articulação teoria e prática, ‘contra o desperdício da experiência’. Sendo assim, o estágio, ao valorizar o saber cotidiano e a experiência, pode se constituir como espaço formativo que se contrapõe ao modelo de construção de conhecimento proposto pelo paradigma da ciência moderna (SOUZA SANTOS, 2004)

Nesse sentido, em diálogo com Cavalcanti (2006), Freire (1998), Fiorentini (2003) Pimenta (2004), discutimos a importância da relação teoria-prática no processo de formação e autoformação docente, tendo o estágio supervisionado como campo de conhecimento.

2 A FORMAÇÃO DOCENTE: ALGUMAS QUESTÕES

Pensar a formação docente numa sociedade marcada por múltiplas transformações tem demandado uma intensa reflexão sobre o cotidiano do professor em sala de aula. Nas duas últimas décadas, no Brasil, a temática tem suscitado várias pesquisas que apontam para a necessidade de se construir um novo profissional. A esse respeito Cavalcanti ressalta que:

O processo de formação dos professores visa, nessa perspectiva, ao desenvolvimento de uma competência critico-reflexivo, que lhe forneça meios de pensamento autônomo, que facilite as dinâmicas

(3)

de autoformação, que permita a articulação teoria e prática de ensino (CAVALCANTI, 2006, p. 21).

Nessa perspectiva, destaca-se a necessidade do profissional desenvolver de uma competência critico-reflexivo, a partir das experiências vivenciadas em sala de aula. Desse modo, os professores constroem saberes no exercício da docência, a partir da articulação teoria e prática.

[..] a formação do professor passa a ser entendida como reflexão sobre suas práticas concretas e a investigação como um recurso que gera conhecimento. Por isso, considero o professor como agente vivo de seu próprio desenvolvimento e das mudanças que se processam na escola (CAVALCANTI, 2006, p.115).

Mediante as palavras de Cavalcanti, é possível considerar que o processo de tornar-se professor traz consigo uma incompletude, pois configura-se como um caminho contínuo de construção do conhecimento e de reflexão na/sobre a prática, que é acompanhado constantemente pela dinamicidade da vida dos sujeitos envolvidos.

Freire (1998) nos chama atenção dizendo que: “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência na relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo” (FREIRE, 1998, p.24). Para o autor,

[...] na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. (FREIRE, 1998, p. 44)

A vivência de práticas pedagógicas que busquem a superação das problemáticas instituídas tanto pela formação inicial quanto contínua do professor é um dos indicadores deste processo de mudanças que envolve um constante refletir na e sobre a ação docente. Sendo assim, a formação é

(4)

“uma ação contínua e progressiva. É permanente, constante, envolve várias instâncias e atribui um valor significativo para a prática pedagógica, para a experiência como componente constitutivo da formação”. A prática é o ponto de partida e de chegada (VEIGA, 2010, p. 20).

Nesse sentido, entendemos, portanto, que os cursos de formação docente precisam contemplar a dimensão da prática como instância (auto)formativa, colocando-se contra o ‘desperdício da experiência’.

3 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE

Partindo da perspectiva de que a formação docente precisa contemplar a dimensão da prática e da experiência, consideramos o estágio um espaço investigativo que possibilita aos professores em formação uma aproximação com a realidade educacional, com o fazer pedagógico.

É importante ressaltar que o estágio supervisionado sendo um processo investigativo e reflexivo do contexto educacional deve possibilitar a simbiose teoria-prática. Pimenta e Lima (2004) nos revelam que “a prática pela prática e o emprego de técnicas sem a devida reflexão podem reforçar a ilusão de que há uma prática sem teoria ou de uma teoria desvinculada da prática” (p. 37). Nesse sentido,

[...] o estágio, ao contrário do que se propugnava, não é atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da práxis docente, entendida esta como atividade de transformação da realidade. Nesse sentido, o estágio curricular é atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis. Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá (Pimenta e LIMA, 2004, p. 45).

O papel da teoria é, pois, fundamental, posto que é ela quem oferece ao professor em formação a possibilidade de refletir e de propor novas perspectivas de análise para melhor compreender sua ação docente. Possibilita, assim,

(5)

combinações que ilustram o universo escolar, explicando o contexto social, histórico e cultural das instituições de ensino.

O Estágio caracteriza-se como um momento de análise e apreensão da realidade, sendo um elemento indissociável do conhecimento teórico. É parte integrante do processo de formação inicial e constitui-se como o espaço, em que acontece a união dialética entre a teoria e a prática. Assim,

[...] O desafio é proceder ao intercâmbio, durante o processo formativo, entre o que se teoriza e o que se pratica em ambas. Esse movimento pode ser mais bem realizado em uma estrutura curricular que supõe momentos para reflexão e análise das práticas institucionais e das ações dos professores à luz dos fundamentos teóricos das disciplinas e das experiências de seus profissionais (Pimenta; Lima, 2004, p. 57).

Sendo assim, podemos afirmar que a vivência do estágio proporciona ao aluno conhecimento sobre a realidade na qual atuará. b) É uma oportunidade para apropriar-se do conhecimento propiciado pela prática. c) É o Desenvolvimento de um processo de reflexão sobre a relação dialética estabelecida entre a teoria e prática. d) É o Desenvolvimento de uma formação baseada no contexto real de atuação. e) É uma oportunidade de interagir com profissionais em muitos casos, mais experientes, e ainda, vivenciar exemplos práticos para discussões acadêmicas.

O Estágio Supervisionado é considerado como uma atividade de fundamental importância no contexto da formação inicial do professor. Deve ser desenvolvida de forma que os alunos possam vivenciar as diversas situações do contexto escolar. A necessidade do estágio curricular na formação profissional está definida na legislação federal LDB nº93949/96 e encontra-se discutida no Parecer CNE/CP, 27/2001, que estabelece o estágio supervisionado a ser feito na educação básica:

Deve ser vivenciado durante o curso de formação e com tempo suficiente para abordar as diferentes dimensões da atuação profissional. Deve, de acordo com o projeto pedagógico próprio, se desenvolver a partir do início da segunda metade do curso, reservando-se um período final para docência compartilhada, sob a supervisão da escola de formação, preferencialmente na condição de assistente de professores experientes. Para tanto, e preciso que exista um projeto planejado e avaliado conjuntamente pela escola de formação inicial e as escolas campos de estágio, com objetivos e tarefas claras e que as duas instituições assumam responsabilidades

(6)

e se auxiliem mutuamente, o que pressupõe relações formais entre instituições de ensino e unidades do sistema de ensino. Esses tempos na escola devem ser diferentes segundo os objetivos de cada momento da formação.

O estágio se configura como passagem natural do saber sobre algo para o saber como; um momento de validação do aprendizado teórico e prático em confronto com a realidade. Compreendemos o estágio curricular supervisionado como campo de conhecimento, onde os saberes da ação pedagógica se mostram capazes de contribuir para o aperfeiçoamento da prática docente, numa perspectiva de profissionalização do ensino. Dessa forma, temos a possibilidade de olhar o estágio a partir de uma visão científica, ancorado no pressuposto de que a pesquisa deve permear este momento importante na formação do professor.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo assim, podemos dizer que o estágio dentro do processo de formação de professores, é momento muito importante do desenvolvimento profissional. O estágio, que é responsável, pela inserção no campo da prática profissional no qual os saberes da ação docente se constituem para cada professor, num processo que mobiliza, ressignifica e contextualiza os saberes e os valores adquiridos ao longo da vida estudantil , familiar e cultural (FIORENTINI, 2003, p. 23).

Além disso, o estágio, permeado pelo trabalho colaborativo, pode criar um ambiente adequado para apreendermos a pesquisa como método na formação de professores, especialmente, quando esse professor está constantemente em formação na busca de postura de pesquisador e crítico-reflexivo. Ancorados nas ideias de Pimenta e Lima (2004, p. 46), podemos afirmar que

[...] a pesquisa como método de formação de futuros professores, se traduz de um lado, na mobilização de pesquisas que permitam a ampliação e análise dos contextos onde os estágios se realizam; por outro, e em especial, se traduz na possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio, elaborando projetos que lhes permitam ao mesmo tempo compreender e problematizar as situações que observa.

(7)

Em nossa perspectiva, portanto, o estágio é um espaço formativo que permite aos professores a construção de saberes didático-pedagógicos no próprio exercício da docência, na articulação teoria e prática, ‘contra o desperdício da experiência’.

REFERÊNCIAS

BARBOSA. Nanci Rodrigues. Mediação e Negociação de Sentido em Práticas de Educação a Distância Voltadas à Formação Profissional. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP, 2004.

BIANCHINI, Edwaldo e PACCOLA, Herval. Matemática coleção ensino médio 1ª edição. Moderna, São Paulo, 2004.

BRASIL, “LEI n.º 9394, de 20.12.96, Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, in Diário da União, ano CXXXIV, n. 248, 23.12.96.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): Matemática/Secretariade Educação Fundamental.Brasília: MEC/SEF,1998.

BRASIL. Secretária de Educação do Ensino Médio. Parâmetros Curriculares; Matemática. Brasília: MEC/ SEF, 2000.

CAVALCANTI, Lana de Souza (org). Formação de Professores: Concepções e Práticas em Geografia. Goiânia. Vieira, 2006.

D`AMBRÓSIO, U. A matemática nas escolas. Educação Matemática em Revista, ano 9 no 11A, edição especial, abril de 2002, pp29-33.

D’AMBROSIO. Ubiratan. Paz, Educação Matemática e Etnomatemática: Teoria e Prática da Educação. Revista Teoria e Prática da Educação. Maringá/PR: vol. 4, nº 8, junho 2004.

FERNANDEZ, Vicente Paz. Coleção novos tempos-matemática ensino médio, volume único. Scipione, São Paulo, 2000.

FIORENTINI, Dario (Org). Formação de professores de Matemática: explorando novos caminhos com novos olhares. Campinas: Mercado de Letras, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários a prática educativa. 25ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

LIBÂNEO. José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 2 ed. São Paulo, Cortez, 1998.

(8)

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2004.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A Crítica da Razão Indolente: Contra o Desperdício da Experiência. Porto: Afrontamento, 2004.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ:

i Graduado em Matemática pela Faculdade de Tecnologia e Ciências/FTC. Email:

lourivalweb@hotmail.com.

ii

Especialista em Educação Especial – UEFS. Pedagoga/UNEB; e-mail: marta.linci@hotmail.com.

iii

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Educação - UEFS; Bolsista CAPES. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Pedagogia Universitária/NEPPU; Especialista em Educação Especial - UEFS; Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional - Realiza-Pós; Graduado em Letras – UNEB; e-mail: maxymuus@hotmail.com.

Referências

Documentos relacionados

As aulas ministradas pela docente titular, neste intervalo de tempo de observação, foram relacionadas a tratamento de água e à legislação pertinente à potabilidade da água:

Com base na partida acompanhada e descrita e nas entrevistas realizadas, alguns aspectos da descrição das arquibancadas do futebol profissional do Brasil estão nos

Avaliação dos Docentes do ILEEL, relatora do processo, assim concluído: “Após

El trabajo en el espacio de la educación superior nos posiciona como sujetos de privilegio, frente a lo posible /imposible de acceder en algunos sectores

EXPERIMENTANDO E DESCOBRINDO: A CONTRIBUIÇÃO DE UMA OFICINA PARA DESPERTAR ALUNOS DE NÍVEL MÉDIO PARA AS DIMENSÕES DA ÓPTICA COMO DISCIPLINA E CAMPO DE PESQUISA..

A inscrição do imóvel rural após este prazo implica na perda do direito de manter atividades agropecuárias em áreas rurais consolidadas em APP e Reserva Legal, obrigando

que a quantificação dos compostos fenólicos, a confirmação da atividade antioxidante, o baixo índice glicêmico, os teores satisfatórios de fibras alimentares,

O consumo brasileiro de vinhos prevê para 2018 uma demanda de 3,6 milhões de hectolitros, sendo a produção insuficiente para atender essa demanda.. Para atender a demanda interna,