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Projeto CAPAZ Intermediário Topografia

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Academic year: 2021

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Introdução

Ao assistir à aula você conheceu sobre o que é uma lente progressiva a fim de auxiliá-lo no entendimento do que é a topografia da lente. Esse estudo tem como objetivo de revelar o que o merchandising não mostra, a fim de auxiliar o profissional a conhecer as características e limitações das lentes. Assim, antes de oferecê-la a seu cliente, poderá mostrar o funcionamento do programa de comparação entre as topografias das lentes.

RELEMBRAR, FIXAR, APROFUNDAR

Uma lente de adição progressiva, vulgarmente chamada "lente multifocal”, pode ser a escolha ideal para os presbitas, tanto de miopia como de hipermetropia, astigmatismo, alem de permitir ver bem a todas as distâncias.

O principal objetivo das lentes progressivas é proporcionar ao presbita uma correção adequada às suas necessidades visuais, oferecer uma fácil adaptação com a máxima comodidade, fazer com que ele utilize apenas um par de óculos para todas as distâncias e manter sua aparência jovem.

Atualmente, a adaptação das lentes progressivas tem sido muito mais bem sucedida. A questão agora é melhorar o conforto visual dos usuários.

Para isso, o profissional de ótica deve ir muito além do que mostra o fabricante destas lentes. Ele precisa saber mais do que as simples informações de merchandising oferecidas. E esta é uma das razões da disponibilização do curso que vai ajudar a interpretar o desenho de uma lente progressiva e as suas limitações. Os benefícios deste estudo, certamente, surgirão durante a venda no balcão.

Nesta aula seu objetivo principal é entender sobre:

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CARACTERÍSTICAS DA LENTE PROGRESSIVA

A lente progressiva é uma lente cuja potência aumenta de forma contínua de cima para baixo, entre a zona superior destinada à visão de longe, passando pela região intermediária da lente até a zona inferior, destinada à visão de perto. Esta progressão é obtida pela variação contínua da curvatura da lente.

A superfície óptica das lentes progressivas apresenta três diferentes zonas que funcionam de forma semelhante a uma máquina de filmar com zoom. As transições de mudança de foco entre as diferentes distâncias são suaves e naturais em uma mesma lente.

Tecnicamente, a lente progressiva está dividida em:

um meridiano principal que é a linha que define a intersecção do plano da lente com a linha de visão ao passar verticalmente da zona de longe para a zona de perto, considerando a convergência dos eixos visuais;

uma zona de visão de longe, que é compreendida pela parte superior da lente;

uma zona intermediária que é compreendida pela parte do meio, onde começa a transição do grau de longe e onde começa também o corredor intermediário, que aumenta gradativamente o poder da lente. A transição do grau de longe e o corredor é que proporcionam a visão de distância intermediária;

uma parte inferior da lente onde está a zona de visão de perto;

uma zona marginal ou zona periférica que é compreendida pelo lado temporal e nasal da lente onde surgem as aberrações ópticas não aptas para a visão foveal, mas perfeitamente úteis para a visão periférica.

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Meridiano principal (traço vermelho) (1) Zona de longe (parte superior da lente) (2) Corredor intermediário

(3) Zona de perto (parte inferior da lente) Zonas marginais (periferia da lente)

As lentes progressivas permitem que o usuário atinja o limite máximo de proximidade da visão natural. Elas proporcionam visão clara para todas as distâncias.

Estas lentes têm desenhos complexos, mas o aparecimento de novos designs, de mais fácil adaptação leva a considerá-las atualmente como a melhor escolha, apenas sendo necessário um ou dois dias de adaptação.

As progressivas oferecem as seguintes vantagens:

Devido a progressão na curvatura da lente apresentar infinitos focos, o usuário se beneficia de maior nitidez de visão para todas as distâncias através de um campo de visão nítido e contínuo;

O salto entre a região de longe e perto é eliminado, o usuário não sente um grosseiro salto de imagem entre uma região e outra, e se beneficia de uma visão contínua, do longe ao perto. Ao se fazer a comparação percebe-se que numa lente bifocal existem duas esferas justapostas e unidas por um simples desnível que cria uma linha de separação visível;

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Visão numa lente bifocal Visão numa lente progressiva

Por não mostrar uma separação visível das regiões perto e longe apresenta uma vantagem estética em relação aos bifocais e trifocais;

As lentes multifocais respeitam as características fisiológicas do usuário, ou seja, os olhos não passam por alterações muito bruscas enquanto circulam pelas zonas das lentes. Portanto, a relação entre acomodação e convergência fica muito próxima do natural e oferece mais facilidade de adaptação do que os bifocais.

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CAMPO VISUAL DAS LENTES PROGRESSIVAS

A relação do campo visual é fator importante para se poder mensurar a qualidade de uma lente progressiva. Quanto mais extensa a largura do corredor, maior será o conforto visual e adaptação do cliente, pois as aberrações situadas nas zonas marginais ficam distantes da trajetória da visão.

O controle das zonas marginais é de extrema importância, pois quanto mais suaves as aberrações destas zonas, menor a sensação de desconforto ao usuário.

A amplitude do campo visual muda para um mesmo modelo de progressivo conforme a adição.

Segundo o teorema de Minkwitz, os campos visuais mudam para um mesmo progressivo conforme a adição. Portanto, uma mesma lente progressiva com adição de 1,00 dioptria muda seu desenho topográfico com relação a uma outra de 2,00 dioptrias de adição. O mesmo ocorre como uma de 3,00 dioptrias e, assim, tem-se como conseqüência que quanto maior a adição menor o corredor e mais estreita a zona intermediária e a zona de perto.

Na figura ao lado visualizam-se os campos visuais livres de aberrações ópticas em um mesmo tipo de progressivo, de adições

1.00 D, 2.00 D e 3.00 D.

Devido à menor potência, o campo visual da adição de 1.00 D é maior que o de adição 2.00 D. Igualmente, o campo visual da lente de adição 2.00 D é maior que o de 3.00 D. Entretanto, essa relação não é proporcional, perde-se mais campo ao passar a adição de 1.00 D a 2.00 D, do que de 2.00 D a 3.00 D.

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Devem ser observadas outras duas relações existentes, que impactam diretamente na abertura dos campos:

a orientação do eixo do astigmatismo a variação de sua potência.

Sabemos que a adição, ou seja, a dioptria de perto sempre será mais positiva que a dioptria de longe.

Portanto:

O valor do astigmatismo no eixo horizontal cresce duas vezes mais do que a adição, e apresenta as seguintes conseqüências:

Quanto mais próxima a potência da zona de aberração (astigmatismo), mais estreito e mais curto será o corredor.

Quanto maior a diferença do grau de longe com o de perto, mais estreita também será a zona intermediária. Nesses casos a tomada de medidas e a correta montagem das lentes, além da escolha dos óculos corretos, são fundamentais para uma melhor adaptação.

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TOPOGRAFIA

O objetivo do estudo da topografia em lentes progressivas é mostrar os diferentes desenhos e particularidades que certificam a sua qualidade.

Diante de tantas marcas e desenhos disponíveis no mercado, é necessário diferenciá-las para que se possa indicar a melhor lente para o cliente.

Sabendo analisar as características de cada desenho, pode-se diferenciar e entender qual lente melhor se adapta às necessidades do usuário.

Hoje, os fabricantes apresentam seus novos lançamentos e matérias de propaganda sobre a mais recente lente progressiva afirmando serem os melhores por um motivo ou outro, que proporcionam melhora de visão, de correção e que os campos de aberração, presentes em toda progressiva, estão mais controlados. Logo, a melhor forma de estudar e de aprender sobre as particularidades das lentes disponíveis no mercado, foi a de analisar a topografia delas. E, assim, ao longo dos trabalhos do dia-a-dia no balcão elegermos nós mesmo as nossas melhores lentes a partir do desenho topográfico e da experiência adquirida quer seja com resultados positivos ou negativos junto ao cliente.

Abaixo seguem algumas fotos de lentes colocadas sob películas de linhas horizontais, verticais, números e quadriculados. Esse procedimento possibilitou fazer avaliação das lentes progressivas através de dados obtidos das imagens durante as sessões fotográficas. Estão disponibilizadas aqui apenas algumas fotos para dar entendimento a este artigo. O aluno do curso Capaz poderá aprofundar seus conhecimentos por meio da aula intitulada “Topografia”, na qual encontrará maior número de lentes e um software para ajudá-lo nas comparações.

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Foto da ORIENTAÇÃO do EIXO

Específico - zona INTERMEDIÁRIA e PERIFÉRICA

As linhas horizontais mostram as variações dos

eixos, especificamente da zona intermediária e

periférica, ou seja, das zonas de dioptria progressiva e das aberrações periférica da lente.

Essilor Espace OD

Foto da ORIENTAÇÃO do EIXO Lente inteira - todas as zonas da lente

As linhas horizontais mais espaçadas entre si mostram toda a superfície da lente na qual as variações dos eixos sofrem uma maior distorção próxima das zonas que apresentam dioptria mais acentuada. Essas linhas mostram também as distorções nas zonas de aberração da lente. Essilor Espace OD

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Foto do FORMATO e TAMANHO do CAMPO Específico - zona INTERMEDIÁRIA E PERTO

As linhas verticais mostram, especificamente, desde o início do corredor intermediário até o início do campo de perto, dando sentido ao

formato e tamanho do campo progressivo

desta lente.

Essilor Espace OD

Foto do FORMATO e TAMANHO do CAMPO Específico - zona INTERMEDIÁRIA E PERTO

As linhas verticais mais espaçadas entre si mostram todas as zonas da lente, dando sentido ao formato e tamanho da zona de longe, do campo progressivo e da zona de perto.

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Foto da POTÊNCIA do ASTIGMATISMO

Específico - zona INTERMEDIÁRIA e PERIFÉRICA

As linhas quadriculadas mostram a potência do

astigmatismo, especificamente na zona intermediária e periférica da lente. Tanto as linhas horizontais como as verticais sofrem distorções devido ao aumento da potência do astigmatismo nestas zonas da lente.

Essilor Espace OD

Foto da POTÊNCIA do ASTIGMATISMO Lente inteira - todas as zonas da lente.

As linhas quadriculadas mostram a potência do

astigmatismo. As linhas verticais e horizontais

sofrem maiores distorções em certas zonas da lente devido à potência do astigmatismo que aumenta desordenadamente (fora do controle técnico de projeto).

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Foto da DIMENSÃO DA ÁREA e POTÊNCIA Específico - Zona de PERTO

Os números perfilados lado a lado mostram a área e a potência da zona de perto. Nessa área ocorre uma maior amplificação dos números mostrando o tamanho da área e a potência da zona de perto. Abaixo há as zonas de aberração da lente onde houve um aumento muito grande da potência do grau, razão pela qual os números aparecem embaçados.

Essilor Espace OD

Desenho DURO, SUAVE e HIPER SUAVE

Para melhor entendimento destas lentes e para que se possa classificá-las, é necessário conhecer suas formas de fabricação e desenhos disponíveis no mercado.

Antigamente, usava-se uma classificação diante de quatro tipos de desenhos topográficos disponíveis no mercado mundial onde eram segmentados em progressivos duros, suaves, hiper suaves e personalizados.

De modo geral, quando o ponto crucial é um canal progressivo e uma zona de leitura larga, as mudanças indesejadas de grau devem se comprimir mais rapidamente em ambos os lados. Essa compressão produz o que passou a ser chamado de desenho "duro". Nesse tipo de lente, os usuários se tornam mais rapidamente conscientes do astigmatismo indesejado, o que acaba por ajudá-los a conter seu olhar fixo dentro do canal utilizável.

Nos desenhos mais suaves, as mudanças de grau ocorrem mais gradativamente, espalham-se por uma área mais ampla. Alguns profissionais consideram essa lente mais viável, pois como o usuário começa a experimentar as mudanças de grau de forma gradativa

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em ambos os lados, eles podem utilizar uma área mais ampla. As mudanças de grau são suaves e, portanto, mais fáceis de serem aceitas.

De forma geral, os desenhos mais suaves têm zonas de distância mais estreitas, zonas de leitura mais estreitas e corredores progressivos mais longos. As lentes progressivas com desenhos mais duros têm corredores mais curtos e maiores aberrações na periferia.

As crescentes mudanças de grau num canal progressivo significam que deverá haver uma distorção crescente mais rápida em ambos os lados. O uso de desenhos mais duros geralmente proporciona um campo mais largo de visão, necessitando de menos movimentos da cabeça ou dos olhos por parte do usuário. Os desenhos mais suaves reduziram as áreas de distorção ou de "sensação de nado" para a lateral, mas limitam o tamanho das zonas de visão clara, requerendo mais movimento da cabeça e dos olhos.

Essilor Espace OD (desenho duro) Essilor Varilux Physio OD (desenho hiper suave) As imagens mostram uma comparação entre uma lente com desenho “Duro” (esquerda) e uma lente com desenho “Hiper suave” (direita), levando-se em conta apenas o campo de perto. Observa-se na lente de desenho duro o tamanho maior da área. Já na lente com desenho Hiper suave o tamanho da área de perto é menor. Entretanto, o corredor progressivo é maior, o que proporciona uma mudança de grau mais suave.

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Via de regra, especialmente o jovem presbita, prefere uma superfície mais suave, que facilite uma primeira adaptação às lentes progressivas. O presbita sênior, por sua vez, prefere superfície mais dura, que proporcione uma boa amplitude de campo visual devido à dificuldade de movimento da cabeça causada pela idade.

Abaixo há três desenhos de lentes (dura, suave e hiper suave) elaborados de acordo com a orientação do astigmatismo e seus respectivos eixos. Por meio deles é possível notar que nas lentes de desenhos duros, a variação da potência do astigmatismo é mais forte, evidenciada pela variação de cores da mais clara para mais escura, e a orientação dos eixos pelas linhas que circundam essas cores.

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TOPOGRAFIA USADA NA CONFECÇÃO DAS LENTES PROGRESSIVAS

O controle da conformidade das superfícies progressivas é uma atividade essencial para seus criadores e fabricantes. Este controle pode ser efetuado através de métodos de medição tridimensional, que analisam a topografia da superfície.

Os dados obtidos podem ser diretamente comparados às equações teóricas da superfície para verificação da respectiva conformidade. Os dados obtidos podem também ser explorados por meio de um instrumento de simulação que recria as condições de utilização da lente pelo olho, fornecendo uma informação importante para o processo de fabricação de uma superfície.

O design desta superfície progressiva e o cálculo da respectiva topografia são traduzidos em dados numéricos, sob a forma de coordenadas tridimensionais – em x, y e z. Em seguida, os dados são enviados a um equipamento de Informática e devidamente processados. Podem ser necessários alguns milhares de pontos para descrever uma superfície progressiva, e isto para cada uma das combinações de base, adição e olho.

A ilustração abaixo transmite uma noção tridimensional das variáveis x, y e z que são levadas em conta no processo de fabricação. Pelo desenho, observa-se como é processada a potência e astigmatismo da lente.

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Essa noção tridimensional é importante na criação do design da lente, pois a criação consiste em gerir e controlar o melhor possível tais aberrações, em função do conhecimento efetivo da fisiologia da visão e dos meios de concepção e de cálculo das superfícies utilizadas.

Quanto ao modo de fabricação existente podem-se descrever duas formas distintas de produção atualmente no mercado mundial:

- O modo mais antigo de fabricação de lentes progressivas consiste na produção de um molde de aço que contém a topografia do progressivo e a partir dele são produzidas as matrizes das lentes em cristal oftálmico. A lente, com esta topografia em sua face interna, será então uma matriz para a injeção do material da lente progressiva. Após preparada esta matriz, é feita a injeção do material da lente, no caso o acrílico ou CR-39, policarbonato ou Trivex. Todos estes materiais orgânicos são derivados do petróleo e se apresentam na forma líquida, em seu estado original.

Após a etapa de injeção, a matriz é levada a um forno para cura do material. Neste forno ela permanece por 24 horas, em média, para se tornar sólido. Ao término deste estágio, estará criado um bloco para a produção de lente progressiva, já pronto para receber a surfaçagem e tornar-se uma lente progressiva com as dioptrias prescritas na receita óptica. - Atualmente já existe uma nova forma de produção de lentes progressivas pelo modo Free Form. Por esse modo não existe uma matriz como no modo anterior e sim um programa de computador que contém os dados gravados da topografia da lente progressiva num software. Nesta nova forma de produção o laboratório óptico utiliza um bloco de lente esférico visão simples. Este bloco é acoplado a um torno de controle alfanumérico (CNC) que, por sua vez, recebe o desenho através de um programa (clik) que executa esta superfície desejada com a topografia nele selecionada. Por este novo sistema pode-se fazer somente a superfície externa da lente e depois surfaçá-la do modo convencional para obter a dioptria desejada conforme a prescrição óptica, ou já produzir a lente nas suas duas faces pelo modo Free Form.

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LENTES PROGRESSIVAS PERSONALIZADAS

Com a evolução da tecnologia, seja em relação ao domínio do cálculo ou da fabricação, tornou-se possível executar superfícies progressivas individualizadas, por unidade, e concebê-las sob medida para cada usuário. Entrou-se numa nova era, a das lentes progressivas «personalizadas» de acordo com as necessidades individuais, próprias de cada pessoa.

O primeiro conceito de individualização das lentes progressivas deveu-se à Rodenstock, com a Impression ILT (Individual Lens Technology), à Zeiss, com a Individual. O conceito foi assentado em critérios relativos à prescrição e à centralização da lente. Essas lentes são calculadas com base na prescrição e nos dados obtidos para a respectiva centralização: distâncias naso-pupilares, distância lente – olho, inclinação e ângulo de curvatura da armação. A idéia fundamental consiste em proporcionar a cada presbita uma qualidade visual mais próxima do ideal.

A Essilor apresenta esse conceito com a Varilux Ipseo, que consiste em oferecer uma lente concebida e fabricada em função do comportamento visual do usuário. O critério usado para a personalização da lente centra-se na coordenação dos movimentos dos olhos e da cabeça, ou seja, na tendência natural do cliente para utilizar mais os olhos ou a cabeça ao explorar o campo de visão. Verificam-se dois comportamentos distintos e opostos:

– os clientes que têm tendência para movimentar os olhos e manter a cabeça imóvel; – os clientes que têm tendência para virar a cabeça e conservar os olhos fixos;

Estas estratégias visuais, adquiridas durante o processo de crescimento, são características próprias de cada indivíduo, muito estáveis e reproduzíveis, e elas se manifestam independentemente da ametropia, do nível de presbiopia e da idade.

Existem todos os tipos de comportamento, que se distribuem de forma contínua, desde o que praticamente não movimenta a cabeça, ao que move muito pouco os olhos. Para a concepção de uma lente progressiva, estes tipos de comportamento têm uma

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importância fundamental, pois definem o modo como os olhos exploram a lente e como utilizam as suas diferentes zonas.

Especificamente:

– uma pessoa que movimenta mais os olhos utiliza a lente de forma estática: os movimentos essenciais são feitos pelos olhos, a visão é, sobretudo, foveal. O indivíduo é mais sensível à nitidez da imagem e, portanto, é preciso privilegiar na lente a largura do campo de acuidade visual;

– uma pessoa que movimenta mais a cabeça utiliza a lente de forma dinâmica: a cabeça faz os movimentos essenciais, a visão é, sobretudo, periférica. O indivíduo é mais sensível aos efeitos de oscilação e, portanto, é preciso privilegiar na lente a suavidade das zonas periféricas.

Assim, em função do comportamento do usuário, pode-se calcular a superfície progressiva mais adequada e capaz de proporcionar o máximo conforto visual.

Dessa maneira, além das características habituais de uma prescrição, existe um novo componente adicional que indica com exatidão a dinâmica de utilização das lentes e permite uma personalização das superfícies progressivas em função do comportamento próprio de cada usuário.

Outros conceitos se seguirão. Na verdade, atualmente vive-se apenas o início da era das lentes progressivas personalizadas.

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TECNOLOGIA DE GESTÃO DE FRENTE DE ONDA – WAVE FRONT

Todas as lentes progressivas, devido às variações da potência, deformam os feixes luminosos e, portanto, as frentes de ondas luminosas que as atravessam. Essa deformação se traduz em aberrações ópticas que afetam a acuidade visual do usuário. Para se obter uma imagem

retiniana de alta resolução, é necessário analisar, para cada direção do olhar, o conjunto do feixe luminoso que atravessa a lente e penetra no olho, e reduzir ao máximo as deformações da frente de onda luminosa que entra na pupila.

Não é possível gerir tal feixe luminoso pelos métodos clássicos de cálculo, que consideravam unicamente um raio luminoso a passar pelo centro da pupila. Só uma técnica de gestão da frente de onda luminosa permite otimizar a qualidade do feixe luminoso no seu conjunto: por meio de um cálculo local da superfície óptica consegue-se obter uma frente de onda luminosa emergente da lente, com regularidade e esfericidade máximas.

Essa técnica atualmente se usa em cirurgias refrativas e agora também para lentes oftálmicas.

GEMINAÇÃO PONTO POR PONTO

O design da superfície progressiva resulta de um cálculo complexo, que integra todas as funções ópticas determinadas pela técnica de gestão da frente de onda luminosa, em cada ponto da lente e para todas as direções do olhar. Este design óptico complexo integra um cálculo de elevada precisão da superfície côncava da lente, de acordo com a superfície convexa progressiva, para cada direção do olhar. Um programa informático de cálculo obtém uma “geminação ponto por ponto” das superfícies da lente convexa e côncava, e determina a superfície côncava complementar para se obter a função óptica pretendida.

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Uma tecnologia de execução ponto por ponto, dita execução digital, permite fabricar a superfície côncava complexa. A inovação reside no fato de a lente ser otimizada para cada correção. Pelos métodos clássicos, dificilmente se conseguiria esta curvatura rigorosamente otimizada.

Atualmente, a execução digital permite fabricar ponto por ponto a superfície côncava e, logo, obter precisamente a função óptica pretendida. A técnica permite a otimização perfeita da lente, qualquer que seja a prescrição.

MARCAÇÕES DAS LENTES PROGRESSIVAS

As lentes progressivas precisam de marcações permanentes e removíveis quando saem de fábrica. Elas servem como pontos de referencia para a surfaçagem e montagem nos aros dos óculos. Servem também para identificações futuras, caso haja necessidade de uma remarcação e/ou identificação da marca da lente e adição prescrita. Por esse método pode-se também chegar a uma tomada de decisão para colocação exata do depode-senho frente ao olho. Para isso, basta a utilização de equipamentos que partam apenas do desenho topográfico e produzam uma estampa (marcação removível) na superfície das lentes.

MARCAS PERMANENTES

São as micro-gravações realizadas na superfície da lente, servem como referência permanente na delimitação das zonas da lente. Servem também para orientar o montador na hora de fazer uma remarcação removível.

Num futuro próximo, acredita-se que os equipamentos de montagem e de medições de grau (facetadora e lensômetro) farão medições tridimensionais do desenho

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topográfico com dezenas de possibilidades de visualização de potência da lente, astigmatismo, orientação do eixo, tamanho de campo, entre outras.

MARCAS REMOVÍVEIS

São as marcações realizadas com pintura visível (recomenda-se uma caneta corretiva, pois certos tipos de canetas podem manchar a lente).

As marcas removíveis são necessárias para uma conferência da posição de montagem das lentes nos aros das armações e servem como guia para aferição da altura do progressivo e distância naso pupilar.

PONTOS DE REFERÊNCIA

São marcações feitas para localizar mais facilmente as principais áreas de uma lente progressiva, ou seja, por meio delas conseguimos medir a dioptria de uma determinada área, utilizando um lensômetro. Elas servem também para orientar a montagem da lente.

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Ponto de referência de longe: por ele se mede a prescrição da lente da área de longe, esfera, cilindro e eixo do cilindro. Fica acima da cruz central.

Ponto de referência de perto: por ele é feita a medida da adição, ou seja, a dioptria de perto.

Cruz central de progressão: é o ponto de referência para a montagem da lente. Deve-se fazer coincidir a cruz central com o centro da pupila do usuário em visão de longe. Centro geométrico: é o centro da lente. Entretanto, como foi mencionado, deve-se centralizar a pupila com a cruz central de progressão.

Linha de montagem: como já foi mencionado, são as marcas permanentes que representam a horizontalidade da lente.

Altura: é a distância entre a cruz de progressão e a área de perto.

Centro Geométrico Dioptria de Perto

Dioptria de Longe Cruz de Progressão

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CENTRALIZAÇÃO DAS LENTES PROGRESSIVAS

A centralização da lente progressiva é fundamental para o êxito da adaptação e consiste em alinhar a cruz de centro do progressivo com a pupila do paciente para visão de longe. Hoje em dia, já existem equipamentos que efetuam com muita precisão estas medidas, e outra forma é o uso de uma tele-lupa para conferir a exatidão da marcação da cruz com relação à pupila.

A cruz de centro deve estar situada em frente da pupila de cada olho. Para obter bom êxito neste procedimento, a pessoa deverá estar olhando para longe.

Evitar giros das lentes. Assegurar a horizontalidade das linhas da tampografia que orientam a correta posição do eixo.

A distância de vértice deve ser verificada – tem que estar correta. Ângulo pantoscópico adequado para o usuário.

Armação corretamente ajustada no rosto da pessoa.

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FINALIZAÇÃO

Nesta aula foi apresentado um estudo sobre a topografia da lente. Trata-se de um conhecimento ainda muito pouco difundido, talvez devido ao desinteresse de algumas indústrias de lentes que parecem dar preferência ao lucro por meio de suas estratégias de lançamento de lentes no mercado sem conhecimento técnico e científico algum sobre esse assunto. Essa falta de interesse também acarreta ônus para usuários mal orientados por técnicos que levam em consideração apenas o merchandising do produto. Produto este que não deveria ser vendido somente pela força da marca, mas sim pela qualidade da tecnologia nele empregada. Quando o cliente adquire o produto apenas pela marca, provavelmente terá experiências desagradáveis e por com um custo muito alto, já que o processo tecnológico de uma lente medíocre deveria ter um custo inferior.

Referências

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