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Direito das Obrigações

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Academic year: 2021

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DIREITO DASIREITO DASOOBRIGAÇÕESBRIGAÇÕES

1.

1. DDIREITO DASIREITO DASOOBRIGAÇÕESBRIGAÇÕES...4...4

2. 2. IIMPORTÂNCIAMPORTÂNCIA...5...5 3. 3. OOBRIGAÇÃOBRIGAÇÃO...6...6 3.1. 3.1. CaracteresCaracteres ... 77 3.1.1.

3.1.1. Caráter Transitório.Caráter Transitório...7...7

3.1.2.

3.1.2. Caráter Bilateral.Caráter Bilateral...7...7

3.1.3.

3.1.3. Caráter Econômico.Caráter Econômico...8...8

3.1.4.

3.1.4. Caráter Pessoal.Caráter Pessoal...8...8

4.

4. EELEMENTOSLEMENTOSCCONSTITUTIVOS DAONSTITUTIVOS DAOOBRIGAÇÃOBRIGAÇÃO.. ... ... 88

4.1.

4.1. Elemento Pessoal ou Subjetivo: Duplo Sujeito...8Elemento Pessoal ou Subjetivo: Duplo Sujeito...8 4.1.1.

4.1.1. Credor ou Parte Ativa.Credor ou Parte Ativa...9...9

4.1.2.

4.1.2. Devedor ou Parte Passiva.Devedor ou Parte Passiva...9...9

4.2.

4.2. Elemento Elemento Material: Material: ObjetoObjeto ...10...10 4.2.1.

4.2.1. Caracteres do Objeto Caracteres do Objeto ...11...11

4.2.1.1.

4.2.1.1. Possibilidade do Objeto:...11Possibilidade do Objeto:...11 4.2.1.1.1.

4.2.1.1.1. Impossibilidade material ou física. ...11Impossibilidade material ou física. ...11 4.2.1.1.2.

4.2.1.1.2. Impossibilidade Jurídica ou legal: ...11Impossibilidade Jurídica ou legal: ...11 4.2.1.2.

4.2.1.2. Licitude do Objeto:...12Licitude do Objeto:...12 4.2.1.3.

4.2.1.3. Determinação do Objeto:...12Determinação do Objeto:...12 4.2.1.4.

4.2.1.4. Apreciação Econômica:...13Apreciação Econômica:...13 4.3.

4.3. Elemento de Conexão: Vínculo Jurídico...13Elemento de Conexão: Vínculo Jurídico...13 4.3.1.

4.3.1. Teorias a Respeito do Vínculo Jurídico OTeorias a Respeito do Vínculo Jurídico Obrigacional brigacional ...14...14

4.3.1.1.

4.3.1.1. Teoria Monista...14Teoria Monista...14 4.3.1.2.

4.3.1.2. Teoria Dualista ou Teoria do Débito e da Responsabilidade...14Teoria Dualista ou Teoria do Débito e da Responsabilidade...14 4.3.1.3.

4.3.1.3. Teoria Eclética...15Teoria Eclética...15 5.

5. FFONTES DASONTES DASOOBRIGAÇÕESBRIGAÇÕES...16...16

5.1.

5.1. Obrigações no Direito Romano...16Obrigações no Direito Romano...16 a) a) Contrato Contrato ...17...17 b) b) Quase-contrato Quase-contrato ...17...17 c) c) Delito Delito ...17...17 d) d) Quase-delito Quase-delito ...17...17 5.2.

5.2. Obrigações Obrigações no no Direito Direito Francês.Francês. ...17...17 5.3.

5.3. Obrigações no Direito Italiano...17Obrigações no Direito Italiano...17 5.4.

5.4. Obrigações Obrigações no no Direito Direito Brasileiro.Brasileiro. ... 1818 5.4.1.

5.4.1. Fonte Imediata: Fonte Imediata: ...18...18

5.4.2.

5.4.2. Fonte Mediata Fonte Mediata ...19...19

5.4.3.

5.4.3. Classificação Analítica Classificação Analítica ...19...19

5.4.4.

5.4.4. Classificação Sintética.Classificação Sintética...20...20

a)

a)Negócios Negócios Jurídicos:Jurídicos: ...20...20 b)

b)Atos Jurídicos Não-negociais:...20Atos Jurídicos Não-negociais:...20 6.

6. CCLASSIFICAÇÃO DASLASSIFICAÇÃO DASOOBRIGAÇÕESBRIGAÇÕES...21...21

6.1.

6.1. Classificação das Classificação das Obrigações no Obrigações no Direito Direito Romano.Romano. ...21...21

a) a) Dare: Dare: ...21...21 b) b) Facere: Facere: ...21...21 c) c) Praestare Praestare ...21...21 6.2.

6.2. Classificação das Obrigações no Direito Brasileiro...21Classificação das Obrigações no Direito Brasileiro...21 6.2.1.

6.2.1. Obrigação de Não Fazer Geral e Especial.Obrigação de Não Fazer Geral e Especial...22...22

6.3.

6.3. Classificação Especial das Obrigações...22Classificação Especial das Obrigações...22 6.3.1.

6.3.1. Quanto ao Vínculo.Quanto ao Vínculo...23...23

6.3.1.1.

6.3.1.1. Obrigação Civil e Empresarial...23Obrigação Civil e Empresarial...23 6.3.1.2.

6.3.1.2. Obrigação Obrigação Moral.Moral. ... ...23...23 6.3.1.3.

6.3.1.3. Obrigação Natural...24Obrigação Natural...24 6.3.1.3.1.

6.3.1.3.1. Caracteres da Obrigação Natural...24Caracteres da Obrigação Natural...24 6.3.1.3.2.

6.3.1.3.2. Efeitos Efeitos da da Obrigação Obrigação Natural.Natural. ...2525 6.3.1.3.3.

6.3.1.3.3. Obrigação Natural no Código Civil...25Obrigação Natural no Código Civil...25 6.3.2.

6.3.2. Quanto à Liquidez.Quanto à Liquidez...26...26

6.3.2.1.

6.3.2.1. Obrigação Líquida ...26Obrigação Líquida ...26 6.3.2.2.

6.3.2.2. Obrigação Ilíquida. ...27Obrigação Ilíquida. ...27 6.3.3.

6.3.3. Quanto ao Modo de Execução.Quanto ao Modo de Execução...27...27

6.3.3.1.

(2)
(3)

6.3.3.2.1.

6.3.3.2.1. Características:...27Características:...27 6.3.3.2.2.

6.3.3.2.2. Concentração do Débito...27Concentração do Débito...27 6.3.3.2.3.

6.3.3.2.3. Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:...28Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:...28 a)

a) Inexequibilidade Superveniente decorrente de caso fortuito ou força Maior...28Inexequibilidade Superveniente decorrente de caso fortuito ou força Maior...28 b)

b) InexequibilidaInexequibilidade de por por Culpa Culpa do do DevedorDevedor ...29...29 c)

c) Inexequibilidade por Culpa do Credor...29Inexequibilidade por Culpa do Credor...29 6.3.3.3.

6.3.3.3. Obrigação Facultativa...30Obrigação Facultativa...30 6.3.3.3.1.

6.3.3.3.1. Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:...30Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:...30 a)

a) Inexequibilidade decorrente de caso fortuito ou força maior. ...30Inexequibilidade decorrente de caso fortuito ou força maior. ...30 b)

b) Inexequibilidade por culpa do devedor...30Inexequibilidade por culpa do devedor...30 6.3.4.

6.3.4. Quanto ao Tempo.Quanto ao Tempo...30...30

6.3.4.1.

6.3.4.1. Instantâneas:Instantâneas: ... ...30...30 6.3.4.2.

6.3.4.2. Periódicas...30Periódicas...30 6.3.5.

6.3.5. Quanto aos Elementos Acidentais.Quanto aos Elementos Acidentais...31...31

6.3.5.1.

6.3.5.1. Elementos Constitutivos do Negócio Jurídico...31Elementos Constitutivos do Negócio Jurídico...31 6.3.5.1.1.

6.3.5.1.1. Elementos Essenciais ...31Elementos Essenciais ...31 6.3.5.1.2.

6.3.5.1.2. Elementos Elementos Naturais:Naturais: ... 3131 6.3.5.1.3.

6.3.5.1.3. Elementos Acidentais:...31Elementos Acidentais:...31 6.3.5.2.

6.3.5.2. Obrigação Pura e Simples...32Obrigação Pura e Simples...32 6.3.5.3.

6.3.5.3. Obrigação Obrigação Condicional.Condicional. ... 3232 6.3.5.3.1.

6.3.5.3.1. Requisitos:...32Requisitos:...32 a)

a) Evento futuro: ...32Evento futuro: ...32 b)

b) Evento incerto:...32Evento incerto:...32 6.3.5.3.2.

6.3.5.3.2. Geralidades:Geralidades: ...32...32 6.3.5.4.

6.3.5.4. Obrigação Modal. ...33Obrigação Modal. ...33 6.3.5.5.

6.3.5.5. Obrigação a termo...33Obrigação a termo...33 6.3.6.

6.3.6. Quanto ao Sujeito Quanto ao Sujeito ...34...34

6.3.6.1.

6.3.6.1. Única:...34Única:...34 6.3.6.2.

6.3.6.2. Múltipla: ...34Múltipla: ...34 6.3.6.2.1.

6.3.6.2.1. Obrigações Obrigações Divisíveis Divisíveis e e Indivisíveis.Indivisíveis. ...35...35 Obrigações divisíveis Obrigações divisíveis ...35...35 Obrigações Indivisíveis Obrigações Indivisíveis ...35...35 a) Espécies de Indivisibilidade: a) Espécies de Indivisibilidade: ...36...36 6.3.6.2.2.

6.3.6.2.2. Obrigações Solidárias. ...36Obrigações Solidárias. ...36 a) a) CaracteresCaracteres ...36...36 b) b) Classificação:...37Classificação:...37 b.1. Solidariedade Ativa b.1. Solidariedade Ativa:...37:...37 b.2) Solidariedade Passiva: b.2) Solidariedade Passiva:...37...37 b.3) Recíproca ou Mista: b.3) Recíproca ou Mista:...37...37 c)

c) Princípios da Solidariedade:...37Princípios da Solidariedade:...37 6.3.6.2.2.1.

6.3.6.2.2.1. Solidariedade Ativa. ...37Solidariedade Ativa. ...37 a)

a) Inconveniências:Inconveniências:...37...37 b)

b) Efeitos Jurídicos:Efeitos Jurídicos:...38...38 6.3.6.2.2.2.

6.3.6.2.2.2. Solidariedade Passiva...38Solidariedade Passiva...38 a)

a) Efeitos Jurídicos:Efeitos Jurídicos:...39...39 6.3.7.

6.3.7. Quanto ao Conteúdo...39Quanto ao Conteúdo...39 6.3.7.1.

6.3.7.1. Obrigação de Meio. ...39Obrigação de Meio. ...39 6.3.7.2.

6.3.7.2. Obrigação de Resultado...39Obrigação de Resultado...39 6.3.7.3.

6.3.7.3. Obrigação Obrigação de de Garantia.Garantia. ... 3939 7.

7. MMODALIDADES DASODALIDADES DASOOBRIGAÇÕESBRIGAÇÕES...40...40

7.1.

7.1. Obrigações de Dar...40Obrigações de Dar...40 7.1.1.

7.1.1. Conteúdo.Conteúdo...40...40

7.1.2.

7.1.2. Do Princípio “aliud pro alio”.Do Princípio “aliud pro alio”...41...41

7.1.3.

7.1.3. Classificação das Obrigações de Dar.Classificação das Obrigações de Dar...42...42

7.1.3.1.

7.1.3.1. Quanto Quanto à à Propriedade.Propriedade. ... 4242 7.1.3.2.

7.1.3.2. Obrigação de Obrigação de Dar Dar Coisa Coisa Certa.Certa. ...4343 7.1.3.2.1.

7.1.3.2.1. Noção e Compreensão...43Noção e Compreensão...43 7.1.3.2.2.

7.1.3.2.2. Compreensão dos Acessórios. ...44Compreensão dos Acessórios. ...44 7.1.3.2.3.

7.1.3.2.3. Da Perda e da Deterioração da Coisa. ...44Da Perda e da Deterioração da Coisa. ...44 7.1.3.2.4.

7.1.3.2.4. Do Direito às Melhorias e Acréscimos. ...46Do Direito às Melhorias e Acréscimos. ...46 7.1.3.3.

7.1.3.3. Obrigação de Restituir Coisa Certa...46Obrigação de Restituir Coisa Certa...46 7.1.3.3.1.

(4)

7.1.3.5.

7.1.3.5. Obrigação Obrigação Pecuniária.Pecuniária. ... ...50...50

7.1.3.5.1. 7.1.3.5.1. Curso Forçado...51Curso Forçado...51

7.1.3.5.2. 7.1.3.5.2. Princípio do Nominalismo...51Princípio do Nominalismo...51

7.1.3.6. 7.1.3.6. Obrigação de Dar Coisa Incerta...52Obrigação de Dar Coisa Incerta...52

7.1.3.6.1. 7.1.3.6.1. Noção e Compreensão...52Noção e Compreensão...52

7.1.3.6.2. 7.1.3.6.2. Preceitos Legais que Regulam as Obrigações Genéricas:...53Preceitos Legais que Regulam as Obrigações Genéricas:...53

7.1.3.6.2.1. 7.1.3.6.2.1. Gênero Gênero Limitado Limitado e e Ilimitado.Ilimitado. ...55...55

7.2. 7.2. Obrigações Obrigações de de Fazer.Fazer. ...56...56

7.2.1. Conceito...56

7.2.1. Conceito...56

7.2.2. Diferenças 7.2.2. Diferenças para as para as Obrigações de Obrigações de Dar.Dar. ...5...566

7.2.3. Espécies de Obrigações de Fazer. ...58

7.2.3. Espécies de Obrigações de Fazer. ...58

7.2.4. Pacto de Contrahendo...58

7.2.4. Pacto de Contrahendo...58

7.2.5. 7.2.5. Consequências Consequências do do InadimplementoInadimplemento.. ...5858 7.2.6.Cumprimento 7.2.6.Cumprimento In In Natura.Natura. ... ...60...60

7.3. 7.3. Obrigações Obrigações de Não de Não Fazer...Fazer... 6060 7.3.1. 7.3.1. Preceitos Preceitos Legais.Legais. ... ...62...62

(5)

1. DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.

Na ordem do estudo do Direito Civil viu-se em primeiro lugar a pessoa, natural ou jurídica como sendo, na forma do art. 1º do Código Civil, capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Cuidou-se a seguir das classes de bens, sendo estes sobre os quais, no mais das vezes, se assentam os direitos da pessoa.

Logo a seguir tratamos das circunstâncias, naturais ou humanas que faziam nascer, perecer ou modificar os direitos.

No estudo do negócio jurídico sedimentou-se a idéia de relação jurídica que, pela vontade humana, relaciona as pessoas e os objetos, e em especial estabelece vínculos entre estas pessoas e os seus respectivos direitos.

Retornando á redação do art. 1º do Código Civil, verificamos que toda pessoa é capaz não apenas de direitos, como também de direitos, na ordem civil.

Resulta concluir que a todo direito corresponde uma obrigação, um dever.

No dizer de Washigton de Barros Monteiro1 “todo direito, seja qual for  sua natureza, encerra sempre uma idéia de obrigação, como antítese natural”.

A obrigação é, desse modo, o oposto natural do direito, ou, como preferem alguns autores a irradiação do direito para o mundo.

Assim diziam os romanos: ius et obligatio sunt correlata. (direito e

obrigação são correlatos).

O estudo do Direito das Obrigações, seguindo a orientação do Código Civil disciplinadas a partir do art. 233, têm um sentido mais restrito, cuidando de normatizar as relações obrigacionais decorrentes de declarações de vontade emitidas por pessoas entre si.

Maria Helena Diniz2 afirma que “ o direito das obrigações consiste num  complexo de normas que regem as relações jurídicas de ordem patrimonial, que  têm por objeto prestações de um sujeito em relação a outro”.

Em uma primeira análise é possível verificar que o homem pode relacionar-se apenas com um objeto, tendo-o como seu e dele extraindo o proveito

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que lhe interesse, sem que necessite estabelecer relações negociais com outras pessoas.

Porém, para a satisfação de seus interesses não bastará ao homem a utilização direta dos seus bens, necessita ele que também outras pessoas realizem atos que de algum modo atendam aos interesses deste e pelos quais de algum modo este deverá dar a devida contraprestação.

Relaciona-se com a própria idéia de sociedade, em que a reunião de pessoas, cada qual cumprindo o seu papel naquele contexto faz resultar um meio mais adequado às necessidades de cada um e a todos os seus membros.

É a essência da atividade econômica que remonta aos tempos mais longínquos, que se realiza pela disposição das coisas e do aproveitamento de serviços3.

Ou seja, o homem, para dispor de seus bens não precisa da intervenção de terceiros, mas para poder aproveitar-se de atos alheios, é indispensável que alguém os realize, transmitindo a propriedade ou o uso das coisas ou então realizando serviços que lhe permitam fruir de seus próprios.

De outro lado está aquele que, não possuindo bens é dotado de talentos ou capacidade para auxiliar a outro na fruição de seus bens,

Nasce aí a relação jurídica entre pessoas, o momento em que se estabelecem vínculos recíprocos de obrigações.

Ou seja, A contrata B para realizar um trabalho de plantio de sementes na sua propriedade. A obriga-se quanto ao pagamento do valor correspondente ao serviço prestado ao passo em que B obriga-se a prestar o trabalho.

Veja-se que no exemplo na medida em que B se compromete a cumprir uma tarefa, B obriga-se ao pagamento do valor correspondente.

Ambos têm a um só tempo obrigações recíprocas, sendo ao mesmo tempo credores e devedores.

Em uma relação de direito, havida a manifestação de vontade, nasce a obrigação quanto ao cumprimento da prestação.

2. IMPORTÂNCIA.

Como se disse, as relações jurídicas obrigacionais são a base da economia, pois é a partir desses vínculos que ocorre a circulação de riquezas e a distribuição da renda.

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Tendo essa importância para a sociedade, essencial que o estado, no cumprimento de seu dever precípuo que é estabelecer a ordem social, se incumba de dotar o direito de instrumentos legais capazes de regular essas relações de modo a fomentar o estabelecimento destas na medida em que confere segurança às partes envolvidas quanto à satisfação de seus créditos.

Portanto, se a relação jurídica é a essência da economia, o direito as obrigações é o esteio da economia.

Desde há muito o homem preocupa-se com o vínculo obrigacional. Em Roma, o devedor inadimplente tornava-se escravo de seu credor. Durante o mercantilismo na Europa do cuidado do homem com a relação obrigacional levou ao surgimento de várias figuras societárias até hoje utilizadas, como o nascimento dos títulos de crédito, tudo como forma garantir segurança às relações comerciais.

Não há dúvida que a economia tem como fundamento a confiança.

O vocábulo confiança tem como sinônimo crédito, dar crédito significa confiar.

Deriva do latim credere que significa acreditar.

Tendo a obrigação uma relação de débito e crédito.

O crédito na relação obrigacional assenta, não somente no caráter pessoal da pessoa do creditado, como também na existência de mecanismos jurídicos de garantia que se prestam a cingir este a cumprir com a vontade manifestada.

Assim, manifestada a vontade obriga-se o agente ao seu cumprimento, tendo o credor, mediante o império da lei o direito e as ferramentas necessárias para lhe fazer cumprir.

O direito das obrigações se apresenta como atividade estatal essencial para a realização das relações jurídicas e por conseguinte da atividade econômica.

3. OBRIGAÇÃO.

Segundo Clóvis Beviláqua “obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável, em aproveitamento de alguém, que, por ato nosso, ou de alguém

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A crítica que se faz à definição de Clóvis é a ausência da responsabilidade correlata, ou seja, trata a obrigação como relação unilateral.

Washington de Barros Monteiro4 define a obrigação como “relação   jurídica de caráter transitório, estabelecida entre credor e devedor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal, econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio”

Orlando Gomes5 prefere a simplicidade do conceito romano: “Obligatio est juris vinculum, quo necesitae adstringimur alicujus solvendae rei”, em

vernáculo: “Obrigação é vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica adstrita a satisfazer uma prestação em proveito da outra”.

O conceito adotado por Orlando Gomes peca pela omissão do caráter de transitoriedade a que se referiram Clóvis e Monteiro

3.1. Caracteres.

3.1.1. Caráter Transitório.

A obrigação tem caráter transitório, pois cumprida a prestação,

encerra-se a relação jurídica, com a satisfação do crédito.

Não existem obrigações perpétuas, porque assim como ao credor é assegurado o direito de exigir o cumprimento da obrigação, ao devedor é garantido o direito ao seu pagamento.

Desse modo toda obrigação está fadada a extinção no menor ou maior espaço de tempo, daí porque o caráter transitório

Afirmam os autores que a obligatio tem como contraponto obrigatório a solutio, proveniente verbo solvere: desatar, soltar.

Daí porque ao devedor são conferidos meios de obrigar o credor ao recebimento, como também lhe é conferido o instituto da prescrição.

3.1.2. Caráter Bilateral.

Toda obrigação é bilateral , pois vincula credor e devedor, casa qual

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Obrigação constitui-se em um binômio, entendido como uma relação de dois elementos. De modo que, ausente um, não haverá relação obrigacional.

3.1.3. Caráter Econômico.

Obrigação tem caráter econômico, pois encerra sempre a idéia de que o

bem jurídico tutelado pelo direito das obrigações compreende aquilo que é economicamente apreciável, como dizia Clóvis.

3.1.4. Caráter Pessoal.

Obrigação é direito pessoal , pis relaciona as pessoas, credor e devedor,

por meio do objeto.

Não se confunde com direito real porque a obrigação não assenta sobre o patrimônio do devedor, mas quando ao dever deste em entregar o objeto ao credor.

Ainda que ao exigir o cumprimento da obrigação o credor requeira e o   juiz defira a constrição de bens do devedor, a obrigação manterá seu caráter

pessoal.

Também nos casos de garantia real a obrigação manterá se caráter pessoal, pois esta garantia é meramente substitutiva à obrigação principal.

Nos direitos reais, a pretensão ou o poder do credor assenta sobre o bem, assitindo-lhe o direito de exigi-lo contra qualquer pessoa que o detenha.

Tendo a obrigação caráter pessoal, ao credor somente cabe pretender a solução da pessoa obrigada ou daquela que sub-rogar-se na obrigação.

Quanto à prestação ela poderá ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer).

4. ELEMENTOSCONSTITUTIVOS DAOBRIGAÇÃO.

A caracterização de uma relação jurídica obrigacional exige a presença concorrente de vários elementos.

Sem qualquer deles a relação obrigacional não existirá 4.1. Elemento Pessoal ou Subjetivo: Duplo Sujeito

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A Obrigação requer, assim, duplo sujeito, cada um ocupando um dos pólos da relação jurídica obrigacional.

4.1.1. Credor ou Parte Ativa.

De um lado está a parte ativa da relação, ou seja, o credor.

Credor é a pessoa que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.

Na forma do art. 1º do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos. Sendo assim, toda pessoa é capaz para ocupar o pólo ativo da relação obrigacional; maior, menor, capaz ou incapaz, nacional ou estrangeiro, casado ou solteiro.

Também a pessoa jurídica pública ou privada, de direito interno ou externo poderão ocupar o pólo ativo da relação.

O pólo ativo pode ser individual ou coletivo, ou seja, poderá haver mais de uma pessoa ocupando o pólo ativo da relação

Admite-se a substituição do credor, pois a obrigação poderá ser transferida de uma pessoa para outra, passando esta a ocupar o pólo ativo com os mesmos direitos do credor primitivo.

Todavia, neste caso, eventuais exceções oponíveis ao credor originário podem não acompanhar a obrigação.

Poderá ser pessoa determinada ou determinável. Isto é, ao tempo da manifestação de vontade, pode-se não saber com precisão quem será o credor, que poderá ser identificado somente quando da quitação (ex.: promessa de recompensa, sorteio).

Nos casos em que não se puder determinar quem é o credor ao tempo do cumprimento da obrigação, assiste ao devedor, a fim de liberar-se da obrigação consigná-la em juízo.

4.1.2. Devedor ou Parte Passiva.

Trata-se da pessoa obrigada, aquela de quem o credor poderá exigir o cumprimento da vontade manifestada, o devedor.

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A exemplo do credor, poderá ser qualquer pessoa, também na forma do art. 1º do Código Civil que diz que qualquer pessoa é capaz de deveres na ordem civil.

Igualmente poderá ser único ou plural.

Havendo mais de um devedor, cada qual responderá por uma fração da prestação. Não havendo solidariedade, cada devedor responderá pela fração que lhe compete.

Havendo solidariedade, aquele que for compelido a prestá-la no todo, terá o direito de regresso quando aos demais co-obrigados.

Não havendo soldar

Também poderá ser pessoa determinada ou determinável. 4.2. Elemento Material: Objeto

Clóvis disse que por conta da relação jurídica, alguém estará obrigado a dar, fazer ou não fazer alguma coisa economicamente apreciável.

Já Washington de Barros afirmou que o objeto da relação obrigacional consiste numa prestação pessoal, econômica, positiva ou negativa.

Nas institutas a que se referiu Orlando Gomes encontramos a expressão

alicujus solvendae rei.

Em todos os casos se observa que por conta da relação jurídica obrigacional, a parte passiva estará adstrita a entregar, fazer ou deixar de fazer algo em favor do credor.

Este algo é o objeto da relação obrigacional, é aquilo a que o devedor está obrigado.

Para que a idéia de objeto da obrigação não se resuma a pagamento, adequado chamar de prestação, assim o objeto da obrigação é uma prestação devida pela parte passiva à parte ativa.

Desse modo, quando se diz que o devedor está adstrito a dar, fazer ou não fazer, se diz que ele estará obrigado a uma prestação, positiva ou negativa, em favor do credor.

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Objeto da obrigação é a prestação devida ao credor por conta da obrigação, objeto do contrato é a operação que as partes pretendem realizar. Em um contrato de locação, o objeto do contrato consiste na ocupação e o uso pacífico do imóvel, para o que o locador se obriga ao pagamento dos alugueres que é a prestação, o objeto da obrigação.

4.2.1. Caracteres do Objeto

O objeto da obrigação deverá ser possível, lícito determinado ou determinável e economicamente mensurável.

4.2.1.1. Possibilidade do Objeto:

Trata-se da possibilidade de realização da obrigação. Se a obrigação não se puder realizar, não haverá a obrigação, ou seja, o devedor estará desonerado de seu cumprimento.

São duas as espécies de impossibilidade: a impossibilidade física ou material ou a impossibilidade jurídica ou lega.

4.2.1.1.1. Impossibilidade material ou física.

Consiste na circunstância, própria do objeto que contraria as leis da natureza (trazer o monte Everest para o Brasil), ultrapasse a força humana (uma viagem a outras galáxias) ou ser irreal em sua essência (a entrega de um unicórnio).

4.2.1.1.2. Impossibilidade Jurídica ou legal:

Diz respeito à estipulação de obrigação que contrarie a lei, como a alienação de bens públicos, cessão de herança de pessoa viva ou loteria não autorizada.

Veja-se que não são objetos ilícitos em sua essência, pois a alienação de bens ou a cessão de herança ou até mesmo a exploração de loterias são condutas lícitas, ocorrem, nestes casos vedação específica quanto ao objeto em especial, sua natureza ou estado.

Há casos em que essa vedação nem está prevista na lei, mas sua ocorrência decorre de lógica jurídica como, por exemplo, a aquisição, pelo marido, da fração da mulher, quando casados sob o regime de comunhão de bens.

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A impossibilidade do objeto há que ser real e absoluta, não admitindo escusar o devedor a mera dificuldade, qualquer obstáculo que possa ser superado com maior esforço ou dispêndio.

Se a impossibilidade diz respeito somente ao devedor, ela será relativa e não o desobrigará.

Também, a impossibilidade do objeto, para o fim de desobrigar o devedor deverá ser superveniente, ou seja, posterior ao tempo da manifestação da vontade.

Se no ato da manifestação da vontade seu objeto era impossível a obrigação será inexistente, nula (ad impossibilia nulla obligatio).

Se a impossibilidade decorrer de fato posterior, ou seja superveniente, haverá a desobrigação do devedor, porém se esta impossibilidade cessar antes do tempo em que deverá ser cumprida, remanescerá a obrigação.

Cumpre ao devedor provar a impossibilidade do objeto, sendo que, se foi o próprio devedor quem deu causa à impossibilidade, permanecerá vinculado, podendo-se alterar o conteúdo.

4.2.1.2. Licitude do Objeto:

O objeto da obrigação precisa ser lícito, ou seja, não poderá consistir em prestação que contrarie texto expresso de lei, a moral os bons costumes.

Assim, são objetos ilícitos a usura, contrabando, tráfico, porque penalmente proibidos.

A alcovitagem é moralmente inaceitável e por isso ilícita, embora não vedada em lei tampouco crime.

4.2.1.3. Determinação do Objeto:

A validade da obrigação requer sua perfeita individualização, sob pena de invalidade.

Na compra e venda de um imóvel, haverá sua perfeita identificação: imóvel composto pelo lote nº, da quadra nº, do loteamento tal. Ou imóvel situado na rua tal com as seguintes características.

Poderá ser ainda determinável o objeto quando ao tempo do cumprimento da obrigação se puder individualizá-lo por meio de critérios técnicos.

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Os tesouros de um navio naufragado, não podem ser estimados antes de recolhidos, porém havendo critérios técnicos para a sua divisão, apurado o seu valor, se saberá o quanto deverá aquele que o achou devolver ao estado, ou entregar aos investidores da expedição.

4.2.1.4. Apreciação Econômica:

Essencial á validade do negócio jurídico que seu objeto seja passível de avaliação, de sua conversão em moeda, sob pena de, em caso de inadimplemento, não ser possível aferir a extensão dos danos.

Seja porque dada a sua insignificância, seja porque inestimável ou porque abunda de tal maneira que não é capaz de atribuição de valor

Um único grão de areia é de tamanha insignificância que não pode ser aferido economicamente. O ar atmosférico, existe em tal abundância que é acessível a todos e portanto não há como he atribuir valor econômico e até mesmo os deveres dos cônjuges, porque inestimável.

4.3. Elemento de Conexão: Vínculo Jurídico

A existência da relação obrigacional exige que as partes estejam vinculadas entre si quanto ao objeto.

Importa dizer, haverá obrigação quando a parte passiva haja manifestado validamente o desejo de prestar o objeto determinado à parte credora que, por isso, poderá lhe exigir o cumprimento.

Novamente reportando aos conceitos antes transcritos, encontramos na definição dada por Clóvis a expressão: obrigação é a relação de direito, que nos constrange.

Já Washington de Barros afirma que a Obrigação é relação jurídica, estabelecida entre credor e devedor.

Nas institutas, a que se refere Orlando Gomes encontra-se a expressão:

Obligatio est juris vinculum, ou seja Obrigação é vínculo jurídico.

À luz dos ensinamentos, depreende-se que a obrigação é relação que liga a parte ativa à parte passiva, estabelece um liame à partir da manifestação da vontade e que somente se desfaz com a prestação do objeto.

(15)

4.3.1. Teorias a Respeito do Vínculo Jurídico Obrigacional 

Várias teorias se propõem a explicar o vínculo jurídico obrigacional 4.3.1.1. Teoria Monista.

Para a doutrina tradicional, ou monista, estabelecida a relação, há para a parte passiva o dever de prestar, conquanto para a parte ativa o direito de exigir o seu cumprimento.

Porém, segundo esta teoria, o dever de exigir inerente ao dever de prestar, caracterizando-se em um binômio, ou seja, uma expressão de dois termos.

Assim, de acordo com esta teoria, na relação obrigacional, existe apenas um vínculo, com duas faces opostas, porém correlatas.

Outros autores entendem que o direito de exigir não integra a relação  jurídica, está fora dela, surgindo somente quando o devedor se torna inadimplente.

4.3.1.2. Teoria Dualista ou Teoria do Débito e da Responsabilidade Nascida a partir do Século XIX a doutrina dualista afirma que são dois os vínculos que integram a obrigação, um de caráter espiritual outro de caráter material.

O vínculo espiritual reside na própria vontade do devedor em cumprir com o dever empenhado em favor do credor, fundado nos princípios de justiça de Justiniano: honeste vivere, alternatum non laedere e summ cuique tribuendi.

Consiste no débito que os doutrinadores italianos chamaram dedebitum e

os alemães de “shuld ”.

O outro vínculo de ordem material consiste no direito ou no poder do credor de exigir o cumprimento da obrigação ou sua responsabilização, pela qual responderá com seu patrimônio, no caso de inadimplemento, correspondendo ao

obligatioou “ Haftung”.

Nesse caso o vínculo primário é o dever, odebitum ou o shuld , inerente à

relação; concretizada a obrigação desaparece o débito.

Porém se não cumprida a prestação, o credor tem o direito de lhe exigir o cumprimento, nascendo a responsabilidade, o obligatioou haftung.

(16)

Assim, dever é o vínculo social ao passo em que a responsabilidade o vínculo jurídico, este espontâneo, aquele coativo.

Difere, portanto, da doutrina monista na medida em que entende os dois vínculos coexistindo, não em sentidos opostos, mas tendo naturezas diversas e de ocorrência sucessiva na relação jurídica obrigacional.

Dessa teoria são adeptos Orlando Gomes e Washington de Barros Monteiro.

4.3.1.3. Teoria Eclética.

Maria Helena Diniz, traz uma terceira teoria acerca do vínculo jurídico a Teoria Eclética.

Segundo esta autora, a teoria dualista peca pelo fato de evidenciar o

obligatio em detrimento do debitum, olvidando que o dever é a regra a

responsabilidade a exceção.

Ademais, a teoria dualista não poderia se aplicar nos casos em que existe a responsabilidade sem haver o dever, como ocorre no caso do aval e da fiança.

Nestes, o garantidor não é devedor, não tem a obrigação quanto a prestação, porém, havendo o inadimplemento por parte deste, aquele se insere diretamente na relação obrigacional para responsabilizar-se, com seu patrimônio, por seu cumprimento ou seus efeitos.

Também ocorrem circunstâncias em que há o elemento volitivo, o dever sem a responsabilidade.

É o que ocorre nas obrigações naturais, em que não existe para o credor o poder de exigir, ohaftung, mas apenas ao devedor o sentimento de debitum.

Segundo esta teoria, são dois os vínculos, débitum e obligatio, sendo

ambos essenciais, que se reúnem e se completam resultando em uma unidade porque correlatos.

Segundo aquilo que expõe a autora, ambos os vínculos nascem em um só momento, partem de um único fato gerador assim que a existência do débito induz à da responsabilidade.

Não nos filiamos a essa teoria haja vista que nos parece de uma primeira vista um retrocesso à teoria monista, ainda que assuma contornos dualistas ao afirmar a existência de vínculos de natureza diversa.

(17)

Segundo porque, nos parece que a própria autora se contradiz, na medida em que ao afirmar que toda a obrigação contém dever e obrigação estaria excluindo aquelas hipóteses de que se valeu para se contrapor à teoria dualista, ou seja, não haveria obrigação pelo garantidor, porque lhe faltaria o dever ao passo em que não existiria a obrigação natural por não haver responsabilidade.

5. FONTES DASOBRIGAÇÕES.

A expressão fonte designa origem de um curso de água, e portanto, o nascedouro deste.

Em direito a expressão é usada em caráter metafórico, objetivando indicar o lugar se onde as obrigações se originam.

Constitui, portanto, o ato ou fato que dá ensejo ao dever de alguém em favor de outro, ou, como prefere Washington, seu elemento genético, o ato ou fato idôneo a criar obrigações em conformidade com o ordenamento jurídico.

Se diz em conformidade com o ordenamento jurídico porque, como vimos, aquilo que contrário ao ordenamento não gerará obrigação, por ser ilícito ou  juridicamente impossível.

Utiliza-se a expressão fonte em lugar de causa. Porque esta é mais tradicional e não conflita com a expressão causa enquanto elemento integrante das obrigações.

5.1. Obrigações no Direito Romano.

Segundo Gaio, nas Institutas de Justiniano se destaca a expressão omnis vero obligatio vel ex contractu nascitur vel ex delicto. De onde de extrai que as

fontes da obrigação seriam o contrato e o delito.

Todavia, no Digesto se destaca a expressão: “obligationis aut ex contractu nascuntur aut ex malefício aut proprio quodam iure ex variis causarum  figuris” acrescentando, assim novas causas para as obrigações além do contrato e

do delito peça expressãovariis causarum figuris.

Finalmente, em outro texto se destacou a expressão: “Obligatio ex contractu, quasi contractu, ex delicto quasi ex delicto”.

Segundo os estudiosos do direito romano, a expressão trazida por Gaio continha as fontes do direito em sua forma tradicional, originária, ao passo em que as demais eram resultantes de uma interpolação, ou seja, a tradução das reiterações dos entendimentos que se verificaram adiante.

(18)

Assim, as fontes das obrigações no direito romano seriam apenas o contrato e o delito, sendo as demais resultado de construção doutrinária pós-clássica.

De todo modo a forma mais difundida veio a ser a divisão quadripartida que incluía o quase-contrato e o quase-delito ao lado do contrato e do delito, como fontes do direito.

Assim, seriam as fontes das Obrigações:

a) Contrato: O acordo de Vontades, a convenção firmada entre as duas partes.

b) Quase-contrato: situações jurídicas assemelhadas aos contratos, atos

humanos lícitos, equiparáveis aos contratos.

Alguns autores afirmam que se tratavam de relações obrigacionais contratuais porém não chanceladas pelo direito romano, para outros tratavam-se de atos humanos lícitos mas em que ausente a convenção.

c)  Delito: o ato doloso, consciente da ilicitude, que causa prejuízo outrem.

d) Quase-delito: atos danosos ao direito de terceiro, porém de forma não

consciente. (ato ilícito culposo)

Destaque-se que a lei, autonomamente, não existia enquanto fonte das obrigações.

5.2. Obrigações no Direito Francês.

A divisão quadripartida do direito romano resistiu até o Século XIX, quando da Edição do Código de Napoleão.

Pothier, o autor do projeto não rejeita a divisão quadripartida romana, mas lhe acrescenta a Lei como fonte das obrigações.

5.3. Obrigações no Direito Italiano.

O Código Civil Italiano de 1865 absorve a concepção de Pothier, assumindo a Lei como fonte do direito.

Somente com a reforma do Código Civil Italiano em 1942 é que a divisão foi suprimida, quando passou a conceber a Lei como a única fonte das obrigações.

Afirmavam os autores do projeto que a validade de toda obrigação exige a chancela da Lei, ou seja, não haveria obrigação se o objeto fosse ilícito ou  juridicamente impossível.

(19)

5.4. Obrigações no Direito Brasileiro.

Orlando Gomes leciona que toda obrigação é uma relação jurídica e, em sendo assim, sua fonte há que ser necessariamente a lei.

Isto porque é o direito que confere validade ao à obrigação, segundo aquela concepção dada pelo Código italiano de 1942.

Desse modo se perderia no vazio qualquer indagação quanto às fontes porque em qualquer análise que se fizesse, se remeteria obrigatoriamente ao direito.

Portanto, afirmar que a lei é a fonte única do direito resulta inconcludente.

Assim, quando se interessa perquirir qual a fonte da obrigação, há que se buscar qual o fato jurídico previsto no ordenamento que lhe dá origem, ou seja, consoante a lição de Washignton: seu elemento genético, o ato ou fato idôneo a criar obrigações em conformidade com o ordenamento jurídico.

A solução da questão resulta em uma divisão que contemple os fatos ou atos geradores da obrigação sem excluir a lei como fonte primária.

Istpo porque há situações em que a obrigação não provem de qualquer ato mas unicamente da lei, e como na obrigação tributária, nas obrigações propter rem e até mesmo na obrigação alimentar.

Estabelece-se a divisão em fonte imediata e fonte mediata das obrigações.

5.4.1. Fonte Imediata:

Aquilo que Orlando Gomes chama também de   causa eficiente da

obrigação. Consiste naquele elemento fundamental, essencial à todas as obrigações, ou seja, a lei.

A Lei é a causa primaz, que impregna qualquer obrigação, que lhe confere validade, recepciona no mundo do direito e outroga o credor de provocar a Tutela do Estado para forçar o devedor ao seu cumprimento.

(20)

5.4.2. Fonte Mediata

Ou condição determinante, consiste no fato ou ato, a circunstância real

que dá ensejo à obrigação.

Há sempre um fato ou uma situação que a lei leva em conta para que surja a obrigação.

Assim, no caso do contrato, a obrigação existe porque a lei recepciona seu objeto enquanto lícito, admite a forma empregada e reconhece a personalidade e a capacidade das partes.

Mas a fonte mediata ou condição determinante será a vontade manifestada pelas partes.

Na obrigação tributaria, o direito do estado de exigir o comprimento da obrigação assenta na hipótese de incidência prevista na lei.

Ora, mas se a lei e a única fonte das obrigações, e é nela que origina a obrigação, com base no princípio da isonomia, se teria a obrigação tributária igual a todos.

Ou então a lei, neste e em outros casos em que a obrigação provém dela diretamente seria ao mesmo tempo fonte imediata e mediata.

Importaria em um retrocesso à forma do Código de Napoleão.

A própria legislação tributária resolve a questão quando remete a obrigação tributária ao implemento do fato gerador, que consiste na ocorrência de fato ou a prática de ato conforme a hipótese de incidência.

Assim a condição determinante da obrigação será o fato gerador.

A solução resulta na redução ao ato jurídico e à lei como fontes do direito, haja vista que o fato jurídico (strictu sensu) não gera obrigação dada a

ausência da intervenção humana. 5.4.3. Classificação Analítica

O Código Civil Italiano vigente, libertando-se das idéias romanescas acerca das fontes da obrigações como também rendendo-se à impossibilidade de classificação absoluta das obrigações, resume-se às categorias fundamentais, o contrato e o ato ilícito como fontes das obrigações, deixando àquilo que se

(21)

São eles: o contrato, a declaração unilateral de vontade, os atos coletivos, o pagamento indevido, o enriquecimento sem causa, o abuso de direito, o enriquecimento sem causa, o ato ilícito, o abuso de direito e certas situações de fato.

Todos essas figuras podem se considerar condição determinante para a geração de uma obrigação.

À exceção dos atos lícitos e os atos ilícitos as demais espécies estão enquadradas naquilo que Gaio chamou de variis causarum figurae.

5.4.4. Classificação Sintética.

Existem obrigações reconhecidas pela lei em razão da proteção jurídica dada à autonomia da vontade ao passo em que outros fatos humanos, materiais e materiais aos quais a lei também contempla eficácia, embora não estejam fundadas na manifestação de vontade.

Assim, essas condições determinantes seriam correspondentes aos fatos  jurídicos em sentido amplo, contemplando, assim tanto os fatos naturais quanto os

humanos.

Tendo em vista que os fatos naturais, embora provoquem modificação no mundo jurídico não poderão ser imputados à ninguém, resultará, como fonte da obrigação apenas aqueles que contém a conduta humana, atos voluntários.

No universo dos atos jurídicos voluntários estão os negócios jurídicos, os atos jurídicos em sentido estrito e os atos ilícitos.

Essa divisão, embora não esgote a classificação das fontes do direito, isolam aqueles acontecimentos que têm capacidade de gerar efeitos jurídicos, consoante a vontade em voluntários e involuntários.

Para a classificação sintética, importa isolar, definir os fatos voluntários que produzam efeitos conforme a vontade manifestada pelo agente, hipótese em que a capacidade do agente será relevante para a sua validade. Os demais, ainda que voluntários, como o efeito não decorre diretamente da vontade manifestada, o fator capacidade será irrelevante.

Desse modo as fontes da obrigações teriam duas categorias: a) Negócios Jurídicos:

Contratos, negócios unilaterais, promessas unilaterais e atos coletivos. b) Atos Jurídicos Não-negociais:

(22)

6. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES.

6.1. Classificação das Obrigações no Direito Romano.

O direito romano adotou classificação que toma por base apenas o objeto da prestação.

Assim sendo, classificou as obrigações em 3 (três) categorias:

a)  Dare: correspondia àquela prestação em que o devedor estava

comprometido à entrega de uma coisa ou valor, a transferir a propriedade ou outro direito real. (compra e venda, permuta, doação, dação em pagamento).

Entretanto não contemplava outros direitos reais que exigiam maior formalidade e não apenas a entrega da coisa, requerendo além da dação, a tradição que consiste na transferência da propriedade (tradiotionibus et  usucapionibus domina rerum, non nudis pactis transferentur ).

b)  Facere: todas as obrigações em que o devedor se comprometia a fazer

certo trabalho ou a cumprir certa tarefa em favor do credor, sem importar em transferência de propriedade ou de direito. Locação de serviço, mandado ou empreitada.

As obrigações de fazer compreendiam as obrigações de non facere.

c)  Praestare: não há uniformidade quando à conceituação dessa espécie de

obrigação, alguns autores afirmam tratar-se de obrigações que importavam, ao mesmo tempo, em dare e facere; outros afirmam que se tratavam de obrigações

ex-delicto; e finalmente a corrente que diz tratar-se de uma obrigação de

garantia quanto a uma indenização.

6.2. Classificação das Obrigações no Direito Brasileiro.

Inspirado totalmente do direito romano o Código Civil brasileiro adotou divisão semelhante, classificando as obrigações em 3 (três) grupos: dar, fazer e não fazer, sendo que somente quanto a esta última deixou de lado a formula romana, dada a sua imprecisão, para assumir a obrigação de não fazer como uma espécie autônoma.

Criticas que se fazem à essa divisão tricotômica se deve ao fato de esta colocar em um mesmo nível as obrigações de dar, fazer e não fazer, quando na verdade não se trataria de uma divisão dos objetos, de modo que seria mais adequado reparti-los em duas classes: obrigações positivas e obrigações negativas.

Afirmam esses doutrinadores que a metodologia empregada se revela imprecisa na medida em que a divisão tricotômica não é capaz de criar espécies

(23)

estanques, dada a existência de obrigações que podem a um só tempo compreender estanques, dada a existência de obrigações que podem a um só tempo compreender dar e fazer, ou dar e não fazer e assim por diante.

dar e fazer, ou dar e não fazer e assim por diante.

Tem-se adotado a divisão dual das obrigações, por ser esta capaz de Tem-se adotado a divisão dual das obrigações, por ser esta capaz de delimitar as espécies de obrigações.

delimitar as espécies de obrigações.

Conforme esta classificação, as obrigações positivas são as de dar e de Conforme esta classificação, as obrigações positivas são as de dar e de fazer, ao passo em que as negativas a obrigação de não fazer.

fazer, ao passo em que as negativas a obrigação de não fazer.

Porém a classificação tricotômica não perde sua importância pois tais Porém a classificação tricotômica não perde sua importância pois tais espécies compreendem todas as obrigações, nesse sentido a afirmação de espécies compreendem todas as obrigações, nesse sentido a afirmação de Washington de Barros Monteiro

Washington de Barros Monteiro66::

  “todas as obrigações que se constituam ou venham a se constituir na vida   “todas as obrigações que se constituam ou venham a se constituir na vida   jurídica, na sua infinita variedade, compreenderão sempre alguns desses   jurídica, na sua infinita variedade, compreenderão sempre alguns desses fatos, que resumem o invariável objeto da prestação: dar, fazer ou não fatos, que resumem o invariável objeto da prestação: dar, fazer ou não fazer.

fazer.

6.2.1.

6.2.1. Obrigação de Não Fazer Geral e Especial.Obrigação de Não Fazer Geral e Especial.

Importante diferenciar as obrigações de não fazer de caráter geral, das Importante diferenciar as obrigações de não fazer de caráter geral, das obrigações de não fazer de caráter especial.

obrigações de não fazer de caráter especial.

O ordenamento jurídico estabelece certas limitações à atividade do O ordenamento jurídico estabelece certas limitações à atividade do cidadão, que dizem respeito à

cidadão, que dizem respeito à toda coletividade indistintametoda coletividade indistintamente.nte.

Sendo assim, havendo vedação legal, todos estaremos obrigados à Sendo assim, havendo vedação legal, todos estaremos obrigados à abstenção daquela conduta, de tal modo que não existe elemento volitivo mas a abstenção daquela conduta, de tal modo que não existe elemento volitivo mas a obediência ao império da lei.

obediência ao império da lei.

Por outro lado, poderão as partes convencionar quanto à limitação da Por outro lado, poderão as partes convencionar quanto à limitação da atividade de uma ou de outra, ou

atividade de uma ou de outra, ou seja, a pessoa manifesta a vontade de abster-se daseja, a pessoa manifesta a vontade de abster-se da prática de um ato tolerado pela lei, um ato que, normalmente poderia praticar prática de um ato tolerado pela lei, um ato que, normalmente poderia praticar livremente.

livremente. 6.3.

6.3. Classificação Especial das Classificação Especial das ObrigaçõesObrigações

Antes de ingressar no estudo das obrigações de Dar, Fazer e não Fazer, a Antes de ingressar no estudo das obrigações de Dar, Fazer e não Fazer, a que alguns autores chamam de modalidades das obrigações a fim de diferenciá-la que alguns autores chamam de modalidades das obrigações a fim de diferenciá-la desta, convém trabalhar a assim chamada classificação especial.

desta, convém trabalhar a assim chamada classificação especial.

São várias as formas de se classificar as obrigações, não havendo São várias as formas de se classificar as obrigações, não havendo unanimidade dos autores quanto à sistemática.

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Orlando Gomes

Orlando Gomes77, classifica as obrigações quanto ao sujeito e quanto ao, classifica as obrigações quanto ao sujeito e quanto ao objeto.

objeto.

Washington da Barros Monteiro prefere uma sistemática mais direta, não Washington da Barros Monteiro prefere uma sistemática mais direta, não se atendo a uma divisão por categorias, ao passo em que Maria Helena Diniz se atendo a uma divisão por categorias, ao passo em que Maria Helena Diniz88 fazfaz uma sistematização mais ampla, classificando as obrigações quanto ao vínculo, uma sistematização mais ampla, classificando as obrigações quanto ao vínculo, objeto, modo de execução, tempo, elementos acidentais, sujeito e conteúdo.

objeto, modo de execução, tempo, elementos acidentais, sujeito e conteúdo.

Por razões didáticas, utilizaremos a sistemática adotada por Maria Por razões didáticas, utilizaremos a sistemática adotada por Maria Helena Diniz.

Helena Diniz. 6.3.1.

6.3.1. Quanto ao Vínculo.Quanto ao Vínculo.

6.3.1.1.

6.3.1.1. Obrigação Civil e Empresarial.Obrigação Civil e Empresarial. Obrigação Civil

Obrigação Civil é obrigação completa, ou seja, em que estão presentesé obrigação completa, ou seja, em que estão presentes todos os seus elementos, e portanto apta a cingir o devedor ao seu cumprimento, e todos os seus elementos, e portanto apta a cingir o devedor ao seu cumprimento, e dotada de potencialidade ao credor para lhe exigir o cumprimento.

dotada de potencialidade ao credor para lhe exigir o cumprimento.

É aquela obrigação em que o devedor se sente intimamente obrigado ao É aquela obrigação em que o devedor se sente intimamente obrigado ao cumprimento (

cumprimento (debitumdebitum, dever, shuld) e em que o credor poderá responsabilizá-lo, dever, shuld) e em que o credor poderá responsabilizá-lo

em caso se descumprimento (

em caso se descumprimento (obligatioobligatio, , responsabresponsabilidade, haftung).ilidade, haftung).

Obrigação Empresarial

Obrigação Empresarial é obrigação civil, porém dotada deé obrigação civil, porém dotada de características próprias da atividade mercantil.

características próprias da atividade mercantil. 6.3.1.2.

6.3.1.2. Obrigação Moral.Obrigação Moral.

Consiste em uma obrigação que se situa tão somente no foro íntimo do Consiste em uma obrigação que se situa tão somente no foro íntimo do devedor (shuld), porém não dotada de exigibilidade (haftung).

devedor (shuld), porém não dotada de exigibilidade (haftung). Falta-lhe, portanto, o vínculo

Falta-lhe, portanto, o vínculo obrigacionaobrigacional.l.

Se diz obrigação moral porque neste caso o débito não existe de direito, Se diz obrigação moral porque neste caso o débito não existe de direito, porém o agente se sente moralmente obrigado ao seu cumprimento e o faz por porém o agente se sente moralmente obrigado ao seu cumprimento e o faz por mera liberalidade, como no cumprimento de disposição de última vontade não mera liberalidade, como no cumprimento de disposição de última vontade não inscrita em

inscrita em testamento.testamento. Assim, em caso d

Assim, em caso de inadimplemento, não poderá o devedor ser e inadimplemento, não poderá o devedor ser compelidocompelido ao seu cumprimento, porque não é dotado de ação.

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Porém, se o

Porém, se o fizer, não poderá pretender a restituição da prestação, porquefizer, não poderá pretender a restituição da prestação, porque o direito confere ao beneficiário a

o direito confere ao beneficiário a soluti retentiosoluti retentio (solução de retenção)(solução de retenção)

Assenta no brocardo

Assenta no brocardo cuius per errorem dati repetitio est, eius consultocuius per errorem dati repetitio est, eius consulto dati donatio

dati donatio ou seja, a prestaçãou seja, a prestação consciente ou intencional de um indevido absolutoo consciente ou intencional de um indevido absoluto

não pode ser repetida, constituindo mera liberalidade. Porém, podendo o devedor não pode ser repetida, constituindo mera liberalidade. Porém, podendo o devedor provar que o fez em erro, poderá exigir-lhe a devolução.

provar que o fez em erro, poderá exigir-lhe a devolução. 6.3.1.3.

6.3.1.3. Obrigação Natural.Obrigação Natural.

Ocorre a obrigação natural quando existente o vínculo, porém perdeu o Ocorre a obrigação natural quando existente o vínculo, porém perdeu o credor o direito de ação.

credor o direito de ação.

É uma obrigação incompleta: existem o credor, o devedor e objeto, mas É uma obrigação incompleta: existem o credor, o devedor e objeto, mas falta ao credor a capacidade de exigir o seu cumprimento (haftung), por não haver falta ao credor a capacidade de exigir o seu cumprimento (haftung), por não haver meio para lhe exigir a execução forçada.

meio para lhe exigir a execução forçada. Também neste caso, havido o

Também neste caso, havido o pagamepagamento, torna-se irrepetível.nto, torna-se irrepetível.

Diferentemente da obrigação moral o pagamento, neste caso, não se Diferentemente da obrigação moral o pagamento, neste caso, não se considera mera liberalidade, mas efetivo cumprimento da obrigação, podendo, por considera mera liberalidade, mas efetivo cumprimento da obrigação, podendo, por isso, o credor reter a prestação a título de pagamento efetivo.

isso, o credor reter a prestação a título de pagamento efetivo.

Assim se conceitua a obrigação natural: “aquela em que o credor não Assim se conceitua a obrigação natural: “aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora, em caso de seu pode exigir do devedor uma certa prestação, embora, em caso de seu adimplemento espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento e não adimplemento espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento e não de liberalidade”.

de liberalidade”.

6.3.1.3.1.

6.3.1.3.1.Caracteres da Caracteres da Obrigação Natural.Obrigação Natural.

a)

a) não se trata de obrigação moral;não se trata de obrigação moral; b)

b) a prestação é inexigívela prestação é inexigível c)

c) cumprida espontaneamente por pessoa capaz, o pagamento é válido;cumprida espontaneamente por pessoa capaz, o pagamento é válido; d)

d) dado o pagamento válido, é dado o pagamento válido, é irrepetíveirrepetível;l; e)

e) seus efeitos dependem de previsão normativa.seus efeitos dependem de previsão normativa.

A validade do pagamento exige espontaneidade, isenta de vícios de A validade do pagamento exige espontaneidade, isenta de vícios de consentimento.

consentimento.

Não valerá o pagamento se obtido por dolo ou coação, como também não Não valerá o pagamento se obtido por dolo ou coação, como também não valerá se feito por incapaz, por se entender que este não pode consentir.

valerá se feito por incapaz, por se entender que este não pode consentir.

Igualmente não valerá o pagamento se feito por terceira pessoa, porém Igualmente não valerá o pagamento se feito por terceira pessoa, porém sem o consentimento do devedor.

(26)

Exige, portanto liberdade, espontaneidade e capacidade daquele que pagou.

No caso de pagamento parcial de obrigação natural, não se torna exigível o saldo remanescente que permanecerá incompleto.

6.3.1.3.2. Efeitos da Obrigação Natural.

a) É Irrepetível: o pagamento feito a título de obrigação natural poderá ser retido a título de pagamento efetivo.

b) Não enseja novação: o pagamento da obrigação natural não se constitui em um novo pacto, de modo que seu pagamento, ainda que parcial, não transforma a obrigação natural em obrigação civil bem assim que no caso de pagamento parcial de obrigação natural, não se torna exigível o saldo remanescente que permanecerá incompleto.

c) Não pode ser compensada: a compensação exige que as dívidas estejam vencidas e exigíveis, sendo inexigível a obrigação natural, impossível sua prática.

d) Não comporta fiança: se a obrigação não vale para o devedor principal, igualmente não poderá alcançar o fiador.

e) Não admite evicção ou vício redibitório: no caso de a coisa ter sido dada em pagamento de obrigação natural, ocorrendo evicção ou vício redibitório não poderá o credor exigir seus efeitos em relação ao devedor.

6.3.1.3.3. Obrigação Natural no Código Civil.

a) Doação a Título de Obrigação Natural. Art. 564. Não se revogam por ingratidão:

III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural

As doações poderão ser revogadas em caso de ato atentatório contra a pessoa do doador, pelo donatário. (art 555 e seguintes)

Contudo se a doação se fez a título de obrigação natural, não poderá ela ser revogada, ainda que em caso de ingratidão.

b) Dívida de Jogo.

Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.

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Porém, no caso do jogo, são ambos os apostadores delinqüentes, eis porque o pagamento é válido.

Igualmente não terá o direito de exigir o pagamento aquele que emprestou para favorecer ou permitir sua prática

Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar.

c) Dívida Prescrita.

Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.

A prescrição é a perda do direito de ação pelo credor, pelo que a dívida se torna inexigível. Atinge a ação e não o direito de crédito.

Assim porque o pagamento espontâneo dela é válido. d) Dação para Fim Ilícito.

Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.

e) Mútuo Feito a Menor.

Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

f) Gorjetas e Comissões Eventuais.

Baseada no direito consuetudinário, as gorjetas pagas as garçons e as comissões pagas a alguém que eventualmente intermédia um negócio caracterizam-se obrigações morais e por isso são irrepetíveis.

6.3.2. Quanto à Liquidez.

6.3.2.1. Obrigação Líquida

É certa quanto à sua existência e determinada quanto ao objeto9.

É, portanto obrigação cujo pagamento não requer qualquer apuração, e, sendo exigível, poderá ser reclamada por meio de execução forçada.

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6.3.2.2. Obrigação Ilíquida.

É aquela incerta quanto à quantidade.

A cobrança da obrigação ilíquida requer, antes, o procedimento de apuração do quantum debeatur .

6.3.3. Quanto ao Modo de Execução.

6.3.3.1. Obrigação Simples e Cumulativa (ou Conjunta)

6.3.3.1.1. Simples as obrigações quando o seu objeto consiste em uma só

coisa ou ato, singular ou coletivo.

6.3.3.1.2. Cumulativas: quando a obrigação recai sobre mais de um objeto,

podendo ser de classes diferentes e todas deverão ser cumpridas.

Consiste em um vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a realizar diversas prestações, de tal modo que não se considerará cumprida a obrigação até a execução de todas as prestações prometidas, sem exclusão de uma só.

6.3.3.2. Obrigação Alternativa (ou Disjuntiva)

Embora haja uma pluralidade de prestações, o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas.

É obrigação única, com prestação não individualizada, mas individualizável. 6.3.3.2.1. Características:

1. há dualidade ou multiplicidade de prestações heterogêneas;

2. ocorre a exoneração do devedor com a entrega de apenas uma delas. 6.3.3.2.2. Concentração do Débito.

Consiste na conversão da obrigação múltipla e indeterminada em obrigação simples e determinada.

Ocorre quando aquele a quem é dado o direito de eleger a prestação exerce esse direito, escolhendo uma, entre as alternativas existentes, para a quitação da

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É a disposição do art. 252 do Código Civil:

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

Feita a escolha estará o devedor obrigado a cumpri-la integralmente na forma eleita, mediante a expressa vedação do § 1º do art. 252.

Cabendo ao devedor a escolha esta se dará in solutione; cabendo ao credor

ocorre a escolha in petitione.

Diferem estas espécies em razão de que a escolha in solutione ocorre pala

simples manifestação de vontade do devedor, seguida da oferta do pagamento, ao passo em que a escolha in petitione exige que o devedor tome conhecimento da

mesma para que se dê a concentração.

Admite a lei que a escolha seja conferida a terceira pessoa, ou mesmo por sorteio.

Dada a concentração, esta se tornará obrigatória para ambas as partes não podendo qualquer delas pretender o pagamento de modo diverso.

Exceção à essa regra se encontra estampada no art. 252, § 2º, quando se tratar de obrigações periódicas, assistindo o direito de concentração a cada uma das prestações.

6.3.3.2.3.Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:

a) Inexequibilidade Superveniente decorrente de caso fortuito ou força Maior. Se após o estabelecimento do vínculo obrigacional uma das prestações se tornar impossível, sem culpa do devedor, remanescerá o débito quanto à outra, dando-se a concentração automática.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Se uma das prestações se tornar inexeqüível, porém ainda restarem outras ainda alternativas, subsistirá o direito de escolha quanto às formas remanescentes.

Contudo, se todas as prestações se tornarem inexeqüíveis, sem culpa do devedor e desde que este não esteja em mora, estará ele exonerado da obrigação.

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.

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força maior, salvo se provar que a mora não era culposa ou que o dano subsistiria ainda que houvesse o cumprimento pontual da prestação.

Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

b) Inexequibilidade por Culpa do Devedor

Se uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, e coubesse ao credor a escolha, aquele poderá exigir a prestação remanescente ou o valor da outra, acrescida de perdas e danos, pois a ele assistia o direito de escolha e o perecimento de uma consistiu em violação dessa faculdade.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

Contudo, se a escolha couber ao devedor, ocorre a concentração automática da obrigação assentada na prestação remanescente, que nesse caso se torna simples e determinada.

Se todas as prestações perecerem por culpa do devedor, e a escolha não coubesse ao credor, este ficará obrigado ao pagamento do valor correspondente àquela que se perdeu por último, porque antes de seu perecimento teria ocorrido a concentração automática da obrigação nesta, além das perdas e danos.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

Se a escolha coubesse ao credor, poderá este reclamar o valor correspondente a qualquer delas, além das perdas e danos.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

c) Inexequibilidade por Culpa do Credor

Não existe norma jurídica que trate da impossibilidade das obrigações alternativas por culpa do credo.

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pagamento por meio da outra, hipótese em que poderá exigir perdas e danos por parte do credor.

Se todas as prestações se tornarem impossíveis por culpa do credor, e ao devedor cabia a escolha, este poderá exigir o equivalente a qualquer uma delas, mais perdas e danos.

Finalmente, se a escolha fosse do credor, e por sua culpa uma das prestações se tornar impossível, estará o devedor desobrigado do pagamento, salvo se o credor preferir a outra, ou as perdas e danos.

6.3.3.3. Obrigação Facultativa.

A obrigação facultativa, não se encontra prevista no nosso Código Civil, porém encontra-se regulada no Código Civil argentino, em seu artigo 643.

Trata-se de obrigação que possui apenas uma espécie de prestação, porém que a lei ou o contrato permitem ao devedor substituí-la por outra para lhe facilitar o pagamento.

Diferencia das obrigações alternativas, na medida em que nesta a prestação facultativa não integra a relação jurídica, de modo que de modo algum poderá o credor lhe exigir o pagamento.

6.3.3.3.1.Conseqüências da Inexequibilidade da Obrigação:

a) Inexequibilidade decorrente de caso fortuito ou força maior.

Tendo o objeto da prestação se tornado impossível sem culpa do devedor, e sendo a prestação facultativa uma liberdade exclusiva do deste e que não integra a relação jurídica obrigacional, caso o devedor não queira prestá-la em lugar da que desapareceu, estará desonerado da obrigação.

b) Inexequibilidade por culpa do devedor.

Tornado impossível o objeto da obrigação, com culpa do devedor, poderá o credor exigir apenas o valor da que se perdeu, mais perdas e danos, salvo o devedor não queira entregar a prestação facultativa.

6.3.4. Quanto ao Tempo.

6.3.4.1. Instantâneas:

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O cumprimento da obrigação ocorre por sucessivos pagamentos periódicos e em um espaço razoável de tempo, ou seja, a prestação, que é simples, é fracionada e cumprida em parcelas.

Ocorre a quitação parcial da obrigação a cada pagamento, de modo que havendo o inadimplemento, o credor não poderá reclamar quanto às prestações pretéritas.

Essa classificação é fundamental quanto à aplicação da cláusula rebus sic standibus, baseada na teoria da imprevisão, que permite a modificação da

prestação em razão de fato superveniente, imprevisível e que importe em substancial desequilíbrio contratual, afetando o princípio do pacta sunt servanda.

6.3.5. Quanto aos Elementos Acidentais.

Trata-se das obrigações classificadas quanto aos elementos acidentais do negócio jurídico, ou seja, conforme as estipulações especiais do contrato que modificam os efeitos dos elementos naturais.

6.3.5.1. Elementos Constitutivos do Negócio Jurídico 6.3.5.1.1. Elementos Essenciais (essencialia negotii):

São aqueles elementos que pertencem à estrutura do negócio e sem os quais este não pode existir. Ex.: na compra e venda, a coisa, o preço e o consentimento.

6.3.5.1.2. Elementos Naturais:

São as conseqüências naturais elementares do negócio jurídico, que ocorrem independentemente de manifestação da vontade das partes, decorrendo. Em geral, da lei, Ex: Vício Redibitório e Evicção (perda total ou parcial da coisa adquirida em favor de terceiro, que tem direito anterior).

6.3.5.1.3. Elementos Acidentais:

São estipulações que facultativamente se adicionam ao contrato modificando suas conseqüências naturais: condição, termo, encargo ou a exclusão da responsabilidade pelo vício redibitório ou evicção.

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