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INFORMATIVIDADE E INTERPRETABILIDADE

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Academic year: 2021

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1 20/09/2010 Santo Amaro - BA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CAMPUS SANTO AMARO – BA

CURSO: LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO

Graduandos: Auricelia Bittencourt Rocha De Jesus, Haeckel Santos De Senna, Jeanderval Santos Do Carmo, Luan Gomes Das Neves, Marcelo Sales De Oliveira E Rodrigo Oliveira Magalhaes

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Informatividade

Em Leitura e visão de mundo: peças de um quebra-cabeça, Miguel Luiz Contani afirma que em grande número de situações, o ato da leitura depende da superação de um tipo especial de obstáculo: o da dificuldade causada pelo modo de construção do texto, sobretudo por seu nível de informatividade. Em seguida ele também afirmar que essa é uma das explicações, mas não a única razão para a desmotivação ou abandono da leitura de um livro.

Nas últimas décadas, importantes estudos realizados nos campos da Lingüística Textual e da Lingüística Aplicada têm mostrado que os elementos constituintes do texto, em especial os fatores de coerência, determinam e interferem na compreensão do texto. Alguns desses fatores são muito importantes na hora de fazer a distribuição das informações no texto.

No tocante ao assunto, Koch e Travaglia (1989, 1991) concluíram:

“O que vai determinar se um texto é ou não coerente é o grau de

conhecimento existente entre receptor e os conhecimentos veiculados pelo texto, ou seja, na recepção de um texto, o ouvinte ou o leitor pode vim a ter dificuldade de calcular o sentido simplesmente pelas informações serem óbvias para ele, por falta-lhe domínio do léxico e/ ou das estruturas ou por falta de conhecimento prévio do assunto.”

(Aparecida Clemilda Porto apud Koch e Travaglia)

Se tratando da informatividade, é interessante observar que ela não é entendida como uma característica do texto em si, mas é avaliada em função das expectativas e conhecimentos dos usuários. De acordo com Beaugrande e Dressler (1988), a informatividade tem a ver com grau de novidade e previsibilidade: quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado usuário. Nesse contexto é que eles apresentam três níveis de ocorrências informacionais, estabelecidos em certa gradação.

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Baixo grau de informatividade>> denominadas por Beaugrande e Dressler (1988) de “primeira ordem”. ocorre quando tiver apenas informações previsíveis ou redundantes. Textos construídos com este tipo de informação tornam-se pouco atrativos, desinteressantes mesmo, pois não manipulam as expectativas dos leitores. (exemplo (1)).

Contani e Panichi (2007, p.150) complementam que elementos com alta probabilidade de ocorrência:

“(...) são lugares-comuns que acabam por receber limitada importância: o leitor não os enxerga.”

(Thais Priscilla Papa Jerônimo Duarte e Edina Regina Pugas Panichi apud Contani e Panichi)

Alto grau de informatividade >> denominadas por Beaugrande e Dressler (1988) de “terceira ordem”. Ocorre quando as informações de um texto forem inesperadas, imprevisíveis ou até mesmo obsoletas ao leitor ou ouvinte. Esses tipos ocorrências exigem atenção, cuja elaboração requer recursos especiais. São ocorrências interessantes, que estimulam a atenção do leitor. (exemplos (2)).

A respeito da terceira ondem, Contani e Panichi (2007, p.150) complementam:

“Quando um conteúdo é composto de ocorrências incomuns (a um

determinado repertório) coloca pressão na necessidade de buscar comparações, efetuar alinhamentos por similaridade, repetir traços comuns que podem tanto motivar a persistir na leitura, como influir positivamente na captura da atenção.”

(Thais Priscilla Papa Jerônimo Duarte e Edina Regina Pugas Panichi apud Contani e Panichi)

Médio grau de informatividade >> Para se alcançar esse nível de informatividade é necessário que as informação do texto oscilem entre os diferentes grau de informatividade já citados. Segundo Beaugrande & Dressler (1981), um grau

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mediano de informatividade seria o mais confortável, porque permitiria ao recebedor apoiar-se no conhecido para processar o novo. Por outro lado, para os autores, funcionaria melhor um texto que alternasse zonas de baixa informatividade com zonas de alta informatividade, porque, no processamento desse texto, o recebedor teria que agir no sentido de alçar ou rebaixar informações, levando-as ao nível mediano. (exemplo (3)). Os seguintes exemplos foram retirados de Beaugrande & Dressler (1981):

(1) O oceano é água.

(2) O oceano é água. Mas ele se compõe, na verdade, de uma solução de gases. (3) O oceano não é água. Na verdade, ele é composto de uma solução de gases e sais.

Tanto o texto (1) como o (3) começam de forma estranha, um por ser excessivamente óbvio e o outro, por ser excessivamente informativo.

Nos textos (2) e (3), ocorre a estabilização das informações logo na sequência. Um por ré-valorização e o outro por rebaixamento, respectivamente.

A informatividade de um texto, como já foi dito antes, vai variar de acordo com o conhecimento de mundo do receptor a respeito das informações vinculadas pelo texto. Logo, texto que se utiliza muito do “senso comum” vai ser considerado de baixa informatividade.

Senso comum são argumentos aceitos universalmente, sem necessidade de comprovação. Por exemplos: “o homem depende do meio ambiente para viver” ou ainda “ a mulher de hoje ocupa um papel social diferentes da mulher do séculos XIX”. Informações como estas já foram comprovadas historicamente, não precisam de justificativas.

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O senso comum muitas vezes é confundido com “lugar comum”. Estas são informações obscuras, traduzidas em expressões como “o homem não chora”, “todo político é ladrão”, “mulheres dirigem mal”. Além de preconceituosas, não têm base científica. Empregadas dentro do texto dissertativo acaba por causar incoerência textual, já que não tomam como base a realidade.

Para que tais erros não ocorram e o receptor possa conseguir interpretar aquilo que o autor quer passar, é necessário a construção de um texto que contenha informações importantes para leitor, pesquisar e confrontar diversas fontes sobre a temática; afim de que o texto apresente argumentos suficientes à compreensão do leitor.

Análise da informatividade no ensino público

É interessante promover uma analise a respeito de que maneira, fatores sociais podem interferir na relação do receptor com informações veiculadas. Sujeito que apenas tiveram oportunidade de acesso a um ensino precário, que possibilita um nível de informação cientifica baixa, sem duvida, encontraram muitas dificuldades para compreender, até mesmo textos com grau médio de informatividade e tal realidade pode jamais ser sanada.

Esse grau baixo de informação cientifica certamente dificulta o acesso desses sujeitos às instituições de nível superior ou, ainda, tornar muito mais complexa a vida acadêmica dos que sofrem com esse obstáculo.

É necessário que haja investimentos nas escolas publicas e que os alunos sejam incentivados à leitura, a escrita e a pesquisa desde a alfabetização. Quanto ao responsável pela produção textual, cabe a adequação da linguagem utilizada ao seu público alvo.

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Interpretabilidade

“Para compreender melhor o fenômeno na produção de textos escritos, importa entender previamente o que caracteriza o texto, escrito ou oral, unidade lingüística, comunicativa básica, já que o que as pessoas tem para dizer uma às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos.” Segundo Maria das Graças Costa Val (pag. 3-16)

Quanto a interpretação textual, “Todo enunciado, toda sequência de enunciados, é linguisticamente descritível como uma serie de pontos de derivas possíveis, oferecendo lugar à interpretação.” (Pêcheux, apud Orland, Eni Puccinelli, 1942 p 203).

A interpretação textual não depende somente do autor, como também do receptor. O autor precisa fazer um texto coeso, coerente e não contraditório. Caso contrario, não há dúvidas em que o processo de interpretação fica prejudicado. Por outro lado não basta que o texto seja construído de forma coesa e coerente, se houver um distanciamento entre o leitor e o conteúdo, ele deve ter conhecimento prévio do texto. Fatores culturais ou ideológicos também podem prejudicar a interpretação, tendo em vista que tais fatores podem fazer com que o receptor se afaste demasiadamente da real intenção do autor. Por exemplo, um leitor afinado com a ideologia liberal pode não compreender o que há por trás de um texto vinculado à ideologia socialista, assim como o autor que venha a tratar de determinados aspectos culturais pode ser mau compreendido por um leitor que esteja inserido em uma cultura bastante distinta daquela apresentada no texto.

Na trilha do discurso a trilogia é essencial para a manifestação da linguagem, fundamentasse em: transparência, univocidade e regularidade.

• A transparência consiste em adequar a linguagem ao pensamento de forma que as idéias do texto sejam expressas de forma clara.

• A univocidade trata da sintonia entre forma e sentido, de maneira que haja uma correspondência perfeita entre as estruturas e suas interpretações.

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• A regularidade envolve a seqüência lógica com as quais as idéias são descridas no texto, transmitindo assim a completa informação pretendida pelo autor.

A respeito disso fica a seguinte passagem:

“Como não falamos, a não ser para nos fazer entender, eu queria que, no discurso, jamais houvesse ambigüidade ou equivoco; que tudo aí fosse claro e fácil, que lendo um livro compreendêssemos de inicio o que lemos, sem sermos, obrigados a ler duas vezes a mesma coisa para compreendê-la; que nada fosse difícil; e que cada palavra de um período fosse tão bem colocada, que não tivéssemos necessidade de interprete, nem mesmo de reflexão para deslindar o sentido.” (Boubours, apud Haroche, 1984:91)

Sabemos que cada receptor tem uma forma diferente de compreender uma produção textual, porém é necessário ressaltar que há limites. Textos literários, em sua maioria, deixam margens para interpretações amplas, no entanto, textos jornalísticos e científicos, por exemplo, são normalmente diretos e objetivos, não permitindo a fuga para outros entendimentos. Segundo o dicionário Michaelis, interpretação é : 1 Ato ou efeito de interpretar. 2 Modo de interpretar. 3 Tradução, versão. 4 Explicação. 5 Modo como atores desempenham os seus papéis numa composição dramática.

O ato de interpretar consiste em entender o que há por trás de um discurso, ou seja, devemos ir além do que está escrito. Fatores como figuras de linguagem e o contexto histórico no qual o autor está inserido são essenciais para o bom entendimento do receptor. O texto não consiste apenas em palavras escritas em um pedaço de papel, mas também este manifestasse em forma de som, vídeo, aromas, gestos e expressões faciais. Até mesmo uma obra de arte ao analisarmos minuciosamente seus elementos: a moldura, a luz, o ambiente, o local onde se encontra, compõem, junto com a tela, os efeitos de sentido que vão produzir num observador uma interpretação, assim é inegável a importância de estarmos aptos a interpretar todo e qualquer texto.

Para que possamos entender corretamente um texto escrito, necessitamos de técnicas adequadas. Sendo assim, se faz necessário que o leitor efetue uma leitura de reconhecimento e em seguida a de interpretação. A primeira consiste basicamente no

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reconhecimento do texto, ou seja, a leitura inicial serve para termos o primeiro contato com o tema e as idéias impostas pelo autor. Já a segunda, intenciona a descoberta do que há nas entrelinhas.

Obviamente, frases soltas têm sentidos, mas, jamais esqueça que a melhor forma de entendê-las se faz dentro de um contexto. Para exemplificar, vamos analisar a frase: “a porta esta aberta”, destacada pela professora Rafaela do curso Méritos. Observe o comportamento semântico nos dois contextos a seguir: 1. Imagine que há uma discussão entre um casal e uma das partes diz “a porta está aberta”. Isso significa um convite para sair. 2. No segundo caso, imagine que a amiga de sua irmã a está chamando e em um determinado momento você diz: “a porta esta aberta”. Obviamente que, isso é um convite para que ela entre. Dessa forma notamos o quanto é importante estudarmos o contexto.

Para que ocorra uma boa interpretação, além da utilização de técnicas como as citadas anteriormente, fatores externos também devem contribuir para o bom entendimento, ou seja, um ambiente silencioso, a concentração e principalmente o interesse no que se esta lendo.

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Bibliografia

Costa Val, Maria da Graça. (1991) Redação e textualidade,

São Paulo: Martins Fontes. p.3 - 16

Koch, Ingedore Grunfeld Villaça.

Desvendando os segredos do textos / Ingedore Grunfeld Villaça Koch - 6ª ed - São Paulo: Cortez, 2009

Marcuschi, Luis Antonio.

Produção Textual, Analise de Gêneros e Compreensão, 2ª ed - São Paulo - Parabola Editorial, 2008

Silva, Maria da Conceição Fonseca.

Questões de linguagem gramática, texto e discurso

Ensaios / Maria da Conceição Fonseca Silva - Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2001.

Aburre, Maria Luiza

Português: Língua, Literatura.

produção de texto:volume único / Maria Luiza Aburre, Marcela Nogueira Pontara, tatiane Fael. – 2 ed – São Paulo: Moderne, 2004

Dia 12 de Setembro de 2010 http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ http://www.youtube.com/watch?v=V7t4q-AMybs http://videolog.uol.com.br/video.php?id=440262 http://www.brasilescola.com/redacao/a-interpretacao-textual.htm Dia 18 de Setembro de 2010 http://michaelis.uol.com.br/

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10 20/09/2010 Santo Amaro - BA Apreciação do professor

Referências

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