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Melanoma oral maligno em cadela relato de caso

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Academic year: 2021

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Melanoma oral maligno em cadela

relato de caso

Silvio Henrique de Freitas Renata Gebara Sampaio Dória Marco Aurélio Molina Pires Fábio de Sousa Mendonça Lázaro Manoel de Camargo Joaquim Evêncio Neto RESUMO

Um melanoma oral maligno foi diagnosticado após exames clínico, radiográfico, biópsia e histopatologia em uma cadela de 10 anos de idade. Após 14 dias da exérese cirúrgica da massa tumoral houve recidiva e após eutanásia verificou-se metástase em vários órgãos.

Palavras-chave: Cão. Melanoma oral maligno. Metástase.

Malignant oral melanoma in a bitch – case report

ABSTRACT

A malignant oral melanoma was diagnosed after clinical, radiological, biopsy and histopathological exams in a 10 years old bitch. After 14 days of the tumoral mass surgical exeresis there was observed return and multifocal metastasis were found after euthanasia.

Key words: Dog. Oral malignant melanoma. Metastasis.

INTRODUÇÃO

Melanoma oral maligno é a neoplasia mais diagnosticada da cavidade bucal do cão (CHENIER, 1999), sendo a gengiva o local de maior incidência (JONES et al., 1997; SMITH, 1997; FONSSUM, 1997; RAMOS-VARA, 2000). Os tecidos ósseos adjacentes normalmente são infiltrados pelo tumor, resultando em lise e consequentemente perda

Silvio Henrique de Freitas é Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária da

Universidade de Cuiabá – UNIC.

Renata Gebara Sampaio Dória é Professora do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina

Veteri-nária da Universidade de Cuiabá – UNIC.

Marco Aurélio Molina Pires é Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária

da Universidade de Cuiabá – UNIC.

Fábio de Sousa Mendonça é Professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária

da Universidade de Cuiabá – UNIC.

Lázaro Manoel de Camargo é Professor do Departamento de Clínica da Faculdade de Medicina Veterinária

da Universidade de Cuiabá – UNIC.

Joaquim Evêncio Neto é Professor do Departamento de Morfologia e Fisiologia da Universidade Federal

Rural de Pernambuco – UFRPE.

Endereço para correspondência: Hospital Veterinário – UNIC. Rua Itália S/N. Cuiabá, MT. Bairro Jardim

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de dentes (SMITH, 1997; FONSSUM, 1997). Os melanomas orais malignos normalmente acometem animais de pequeno porte, do sexo masculino, adultos e principalmente os com mucosa bucal pigmentada (HOWARD, 1998; RAMOS-VARA, 2000). É uma neoplasia altamente metastática, com predileção pelos linfonodos regionais, pulmões e raramente em outros órgãos (LODDING et al., 1990; MACEWEN, 1990; SMITH, 1997; HOWARD, 1998; KLAUSNER e HARDY, 1998; MODIANO et al., 1999; RAMOS-VARA, 2000; FONSSUM, 1997; SPUGNINI et al., 2006). Apresenta coloração que pode variar do branco (melanoma amelanótico) ao marrom escuro, tendendo a preto (melanocítico), consistência firme e bastante vascularizado (SMITH, 1997; FONSSUM, 1997; SULAIMON e KITCHELL, 2001), sendo os diagnósticos diferenciais carcinoma, fibrossarcoma, sarcoma, linfoma e outros tumores osteogênicos (PATNAIK, 1986; NAKHLEH et al., 1990; HOWARD, 1998; KLAUSNER e HARDY, 1998; RAMOS-VARA, 2000). O exame histopatológico é fundamental para definir o diagnóstico e estabelecer o protocolo terapêutico (SMITH, 1997; RAMOS-VARA, 2000). A exérese cirúrgica continua sendo o tratamento eletivo (HOWARD, 1998; SMITH, 1997). O prognóstico do melanoma oral maligno é bastante desfavorável, sendo alta a taxa de mortalidade (HOWARD, 1998).

Relata-se a ocorrência de melanoma oral maligno em cadela, com recidiva e metástase em vários órgãos.

RELATO DE CASO

Uma cadela sem raça definida, 10 anos de idade, pesando 11,5 kg foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá/MT, apresentando inapetência e aumento de volume na região lateral esquerda da face. Ao exame físico da cavidade oral observou-se uma massa de coloração avermelhada, com áreas enegrecidas, de consistência firme, localizada na região da maxila esquerda (Fig. 1A). Após exame radiográfico do tórax, o animal foi submetido à biopsia incisional. O fragmento de tecido neoplásico foi encaminhado para exame histopatológico, que revelou melanoma oral maligno (Fig. 2). Decidiu-se pela exérese cirúrgica do tumor. No 14º dia do pós-cirúrgico, o proprietário informou que no local da cirurgia havia surgido um novo tecido, de coloração avermelhada e que o animal apresentava dificuldade de se alimentar. No 43º dia após a cirurgia, foi realizada eutanásia do animal. À necropsia, no exame macroscópico, notou-se aumento de volume na região maxilar esquerda, com massa esbranquiçada superficial, de consistência firme, formato irregular, coloração avermelhada com áreas acinzentadas e focos de necrose e que ao corte apresentava múltiplas áreas enegrecidas irregulares infiltrando estruturas ósseas adjacentes e áreas de necrose contendo material enegrecido. O tumor primário media aproximadamente 6,0 x 3,0 x 2,0 cm. Ao microscópio óptico, a neoplasia constituía-se de células extremamente pleomórficas, variando de fusiformes a células redondas. Também se observou uma variação na quantidade de melanina no citoplasma das células neoplásicas (fig. 2), onde se evidenciam células amelanóticas. A tonsila esquerda apresentava-se com múltiplos nódulos de aproximadamente 2,5 x 1,0 x 0,5 cm, com áreas esbranquiçadas

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e enegrecidas (Fig.1 B). Os pulmões apresentavam-se com múltiplos nódulos enegrecidos, variando de 0,5 a 1,5 cm de diâmetro na superfície pleural e que ao corte penetravam ao parênquima (Fig. 1C). O fígado apresentava-se também com múltiplas áreas brancas e enegrecidas com superfície irregular, que ao corte se aprofundavam no parênquima. Observou-se na superfície cortical do rim esquerdo uma massa enegrecida, circular, sólida, medindo aproximadamente 1,0 x 0,8 x 0,6 cm (Fig. 1D). O exame microscópico evidenciou a presença de melanócitos neoplásicos, exibindo figuras de mitoses atípicas, variação quanto à quantidade de melanina citoplasmática e pleomorfismo celular.

FIGURA 1 – Massa neoplásica sólida e de aspecto irregular do lado esquerdo da maxila (A); metástases sob a forma de neoplasias nodulares enegrecidas em tonsila esquerda (B); nódulos enegrecidos nos

pulmões (C) e nódulo na córtex renal (D).

FIGURA 2 – Fotomicrografia de corte histológico de melanoma maligno pouco diferenciado, mostrando melanócitos amelanocíticos, anaplásicos, exibindo algumas figuras de mitoses (H&E, 40X).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neoplasias malignas derivadas dos melanócitos da cavidade oral ocorrem comumente em cães, mas são raros em gatos (JONES et al., 2000). Os cães de raças Pointer, Weimaraner, Boxer e Cocker Spaniel possuem uma maior predisposição pelo melanoma oral maligno (GOLDSCHMIDT, 1985; DELVEDIER et al., 1991; RAMOS-VARA et al., 2000), porém animais sem raça defendida também podem ser acometidos, como no caso relatado.

Os animais geriátricos e os de mucosa oral pigmentada são mais susceptíveis ao melanoma oral maligno, que pode originar-se de vários locais da cavidade bucal, sendo a gengiva o local mais comum (SMITH, 1997; JONES et al., 1997; HOWARD, 1998; MERCHANT, 1999), como evidenciado no animal em estudo.

Neste relato de caso, no estágio em que a neoplasia foi notada pelo proprietário, já havia ocorrido infiltração dos tecidos adjacentes, lise de tecido ósseo e metástase (LUCAS et al., 1994; KLAUSNER & HARDY, 1998; CHENIER & DORE, 1999; NARDI, 2001, SULAIMON & KITCHELL, 2001). Embora no pré-operatório não tenha sido observada metástase pulmonar através de radiografia torácica, sabe-se que um resultado radiográfico negativo do tórax não elimina a possibilidade de disseminação tumoral, pois pequenos nódulos normalmente não são radiograficamente notados (KLAUSNER e HARDY, 1998).

No presente caso, o melanoma oral maligno, foi confirmado através de exame histopatológico do tecido neoplásico, onde foram observadas células tumorais características na massa oral, tonsila, fígado, pulmões e rim (NAKHLEH et al., 1990; SMITH, 1997; HOWARD, 1998; RAMOS-VARA, 2000). Scott et al. (1996) e Willensen (1998) relatam que nos melanomas as principais características histopatológicas são assimetria da arquitetura névica, margens irregulares, variação no tamanho, variação de pigmentação, apresentando tonalidades do preto ao castanho, vermelho e cinza e em certas ocasiões são observadas zonas de hipopigmentação. Jones et al. (2000) descreve que as células tumorais observadas nos melanomas podem conter tanta melanina no citoplasma, que todas as características microscópicas, tanto do núcleo quanto do citoplasma, ficam preenchidas ou podem ser amelanóticas.

É importante ressaltar que neste caso relatado, as metástases da tumoração amelanótica primária originaram tumores melanóticos, fato pouco relatado na literatura científica. Sendo assim, o aspecto microscópico pode variar de caso para caso e, no mesmo melanoma, de zona para zona (BRASILEIRO FILHO, 2006), portanto, tumores amelanóticos e melanóticos podem ser observados num mesmo animal (MARCELLINI et al., 2006).

Outro aspecto interessante, ao contrário do que foi observado no presente caso, os melanomas malignos, altamente agressivos e capazes de originar metástases, são com freqüência paradoxalmente pequena.

Em cães, o melanoma oral maligno geralmente apresenta um prognóstico mais sombrio do que os melanomas ocorrentes na pele (SMITH, 1997; HOWARD, 1998;

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LUCAS et al., 1994; MERCHANT,1999; JONES et al., 2000; SPUGNINI et al., 2006), sendo o tratamento mais efetivo a excisão cirúrgica, que deve ser realizada com margem de segurança durante a fase inicial, pois à medida que o tumor prolifera, aumenta seu poder metastásico (SULAIMON e KITCHELL, 2001), como pode ser observado no presente estudo onde ocorreu recidiva, infiltração, lise dos tecidos adjacentes e metástase em vários órgãos.

CONCLUSÃO

Os melanomas orais são neoplasias malignas de tratamento cirúrgico precoce fundamental por serem altamente invasivos, metastáticos e recidivantes.

REFERÊNCIAS

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