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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DOS BAIRROS JARDIM PÉROLA E ILHA DOS ARAÚJOS DE GOVERNADOR VALADARES/MG EM RELAÇÃO À ARBORIZAÇÃO URBANA

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Academic year: 2021

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES DOS BAIRROS

JARDIM PÉROLA E ILHA DOS ARAÚJOS DE GOVERNADOR

VALADARES/MG EM RELAÇÃO À ARBORIZAÇÃO URBANA

Luiza Mafra Nicolau – Aluna do 5º período do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares. E-mail: tga_luiza@hotmail.com

Luiz Fernando da Rocha Penna – Professor Mestre do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares.

Mariana Sarro Pereira de Oliveira – Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares.

RESUMO

Objetivou-se, com este estudo, analisar a percepção dos moradores dos bairros Jardim Pérola e Ilha dos Araújos, ambos do município de Governador Valadares/MG, no que se refere à arborização urbana. Para isso, foi realizada nos bairros uma pesquisa descritiva por uma amostragem aleatória simples, aplicando-se um questionário semiestruturado contendo 15 perguntas, totalizando 100 entrevistas. Com base nos resultados, apesar dos moradores reconhecerem as desvantagens do mau planejamento da arborização, a maior parte dos mesmos (98%), mostrou ser consciente da importância representada por esta em seus bairros. Muitos também apontaram grande insatisfação quanto ao manejo da arborização dentro do município. Por isso, faz-se necessário uma fiscalização quanto à maneira como as intervenções na arborização urbana estão sendo feitas e a realização de um trabalho de educação ambiental com a comunidade, a fim de minimizar ou extinguir muitos dos problemas identificados na pesquisa.

Palavras-chave: percepção; arborização urbana; manejo; educação ambiental.

ABSTRACT

It was intended, with this study, analyze the perceptions of neighborhoods residents in Jardim Pérola and Ilha dos Araújos, in Governador Valadares/MG city, with regard to urban arborization. For this, we performed a descriptive survey in the neighborhoods by simple random sampling, applying a semi-structured questionnaire containing 15 questions, totaling 100 interviews. Based

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2 on the results, despite residents recognize the disadvantages of poor planning

of trees, most of them (98%), showed to be aware of the importance represented by this in their neighborhoods. Many also showed great dissatisfaction with the management of trees within the municipality. Therefore, it is necessary oversight as to how the interventions in urban arborization are being made and conducting environmental education work with the community in order to reduce or extinguish many of the problems identified in the survey.

Keywords: perception, urban arborization, management, environmental education.

1.

INTRODUÇÃO

Atualmente, a maior parte da população mundial vive nos centros urbanos, que se caracterizam, principalmente, pela existência de áreas destinadas às funções mais básicas de sobrevivência, como moradia, trabalho, lazer, recreação e circulação. Como consequência disso, as sensações de conforto ou desconforto dos moradores estão inteiramente ligadas às alterações climáticas provocadas pelo meio em que estes vivem (CEMIG, 2011).

Tendo em vista as infinidades de problemas ocasionados por estas alterações, tornou-se necessário o planejamento urbano de modo que, as áreas cobertas de vegetação rasteira, arbustiva ou arbórea, possam, além de proporcionar a preservação ambiental, também contribuir para melhorar a estética da cidade, servir de atração e abrigo aos pássaros ou outros animais, e, principalmente, contribuir para a amenização do microclima e o controle da poluição urbana (BRANCO, 1991; CEMIG, 2011).

Com base nesse planejamento, a Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG (2011) adverte que “o plantio de árvores deve ser planejado, tanto para as áreas verdes, quanto para a arborização viária, pois, caso contrário, pode ocorrer uma série de problemas futuros”.

Seguindo essa linha, Gonçalves e Paiva (2006) mencionam que as árvores de vias públicas normalmente são contornadas por calçamento ou pavimentação e que, por isso, torna-se fundamental estabelecer um planejamento, de modo que, durante a implantação do projeto de arborização, possam ser deixadas áreas livres, ou também chamadas áreas de crescimento, ao redor das árvores, para auxiliar no

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3 desenvolvimento das espécies. Os autores ainda recomendam o espaçamento ideal de 1m² na maioria dos casos.

Além da área que precisa ser deixada ao redor das árvores e o manejo adequado das mesmas, a CEMIG (2011) também enfatiza que:

Alguns aspectos importantes devem ser considerados na implantação da arborização, tais como os culturais e históricos da localidade ou as necessidades e anseios da comunidade, já que a participação da população é uma condição importante para o sucesso de qualquer projeto de arborização urbana.

Rio e Oliveira (1999) endossam esta ideia ao afirmarem que, para se obter um melhor planejamento e compreensão do ambiente urbano, é preciso a realização de estudos que visem à percepção da população em relação ao meio ambiente, pois estes são os primeiros a notarem o impacto na qualidade ambiental, devido ao uso direto e constante de seus recursos.

Nesse sentido, Rosa e Silva (2002) definem a percepção ambiental pela maneira em que as pessoas interagem e compreendem o meio ambiente, também se considerando as influências ideológicas geradas por cada comunidade.

Deste modo, segundo Trigueiro (2003 apud ARAÚJO, 2010), “o estudo da percepção ambiental assume importância para a compreensão das inter-relações entre o homem e o ambiente, bem como suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas”.

Porém, de acordo com Berdague e Gomes (2006):

Ao se estudar então um determinado ambiente, admite-se que há não só a ação do indivíduo sobre este, mas de indivíduos que fazem parte de um grupo com características e percepções semelhantes. Esses grupos também podem fazer parte de um coletivo maior e que esteja sendo afetado pelas ações dos diversos grupos que o compõem. Surge então a necessidade de investigar a percepção desses diversos grupos, com fim de direcionar sua ação sobre o meio, visando a melhoria da qualidade de vida.

Entretanto, para efetuar um estudo com maior clareza e objetividade desses grupos, é preciso levar em consideração a forma em que o mesmo será realizado. Nesse sentido, Faggionato (2005) menciona que as imagens fotográficas, os questionários e os mapas estão entre as muitas formas de se analisar essa percepção ambiental. Além disso, o autor também destaca a existência de trabalhos neste sentido que, não só retratam o entendimento da percepção do indivíduo, como também promovem uma sensibilização por meio do desenvolvimento da percepção e compreensão do meio ambiente.

Assim, a participação pública e a aceitação das intervenções para melhoria do meio ambiente são resultados de um consenso na definição de qualidade do ambiente e da priorização das metas ambientais. O processo de planejamento não se deve ater apenas à coleta de dados e opiniões, mas

(4)

4

também deve buscar promover uma reaprendizagem ecológica (BERDAGUE; GOMES, 2006).

Outro problema relacionado à arborização está associado aos conflitos que estas apresentam com os elementos do ambiente urbano, como a iluminação, a rede elétrica, as edificações, e outros. A adoção de práticas de manutenção ou manejo das árvores é uma forma de garantir suas funcionalidades, ao mesmo tempo em que assegura sua adequação e vitalidade. Entre essas práticas existe a poda, que precisa ser conduzida por profissionais e orientada por conhecimentos técnico-científicos (MILANO; DALCIN, 2000 apud MARTINS et al., 2010).

Diante disso, Gonçalves e Paiva (2006) definem as podas como técnicas executadas periodicamente em centro urbanos que visam melhorar o desenvolvimento e o aspecto visual das árvores. Muitos tipos de podas estão sendo realizados atualmente. Entre estes, a poda de levantamento, que visa a “retirada de galhos baixos da copa da árvore a fim de propiciar espaço para edificações, trânsitos de pedestres e veículos e acesso visual à paisagem” (CEMIG, 2011); e a poda direcional, que “consiste na eliminação de galhos que tendem a crescer em direção ao obstáculo (serviços urbanos), permanecendo apenas os galhos que se desviam ou crescem em direção oposta (GONÇALVES; PAIVA, 2006)” (Figura 1).

Figura 1 - Poda direcional à esquerda e poda de levantamento à direita.

Fonte: Manual de Arborização da CEMIG (2011).

Por essas e outras razões, além de contribuir significavelmente para a melhoria e adequação de planos e projetos municipais, este trabalho torna-se imprescindível para analisar a percepção dos moradores em relação à arborização urbana, sendo estes os principais fiscalizadores dos serviços de manutenção da arborização local.

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5 Além do mais, ressalta-se que este trabalho também poderá contribuir para despertar o interesse e a participação coletiva da comunidade frente às questões ambientais uma vez que seja abordado o assunto com o morador.

Dessa maneira, o objetivo geral desse trabalho foi analisar a percepção dos moradores dos bairros Jardim Pérola e Ilha dos Araújos, ambos do município de Governador Valadares/MG, no que se refere à arborização urbana. E como objetivos específicos, realizar uma comparação entre as respostas dos entrevistados destes dois bairros e fornecer informações que possam ser úteis à gestão pública ou companhias que são, direta ou indiretamente, responsáveis pela manutenção da arborização local.

2.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O presente trabalho foi realizado em dois bairros distintos da cidade de Governador Valadares (Figura 2), que está situada no leste mineiro e possui uma população residente de, aproximadamente, 263.689 pessoas (IBGE, 2010).

Figura 2 - Localização dos bairros Jardim Pérola e Ilha dos Araújos em Governador Valadares/MG.

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6 Um destes bairros é o Jardim Pérola, localizado às margens da BR 116 e com número de moradores aproximado de 5.270 (IBGE, 2010). Este bairro teve o início de sua ocupação por volta dos anos 60 e é considerado hoje um bairro comercial e residencial. Um dos locais de maior importância histórica para o bairro e seus moradores é a Lagoa do Pérola, que é muito frequentada pela população local, sendo utilizada também para atividades relacionadas à prática de exercícios físicos, à pesca, ao contato com o meio ambiente e ao lazer.

O outro bairro é a Ilha dos Araújos com um número de moradores aproximado de 7.659 (IBGE, 2010) e que, por se tratar de um bairro residencial contornado pelo Rio Doce, também é ponto de prática de esportes, como caminhada, corrida e passeio de bicicleta por seu calçadão, que conta com 4,5km de extensão e uma intensa arborização (PMGV, 2012).

No intuito de relatar diferentes situações e pontos de vista, a escolha dos dois bairros se deu em função de que suas realidades atenderiam, plenamente, ao proposto pelo trabalho de pesquisa. O bairro Jardim Pérola situa-se numa área fora da região central do município, enquanto a Ilha dos Araújos já é um bairro mais central. Além disso, o primeiro apresenta, de uma forma geral, moradores considerados de uma classe social mediana, ao passo que o segundo é composto por moradores considerados de uma classe social mais elevada.

2.2. TIPO DE ESTUDO

A metodologia empregada na realização do presente trabalho baseou-se na revisão bibliográfica acerca do assunto abordado, que serviu de base na elaboração do mesmo. Também foram feitas pesquisas em órgãos públicos e empresas diretamente ligadas ao tema, como a Prefeitura Municipal e a CEMIG; e em sites especializados disponíveis na internet.

Foi elaborado um questionário semiestruturado para uma pesquisa do tipo descritiva que foi aplicado aos moradores de ambos os bairros sobre suas percepções quanto à arborização urbana. O questionário, composto por 15 perguntas, foi classificado em duas partes: a primeira, referente às informações básicas do entrevistado; e a segunda, que serviu para avaliar a percepção do morador. A aplicação destes questionários foi realizada por uma amostragem do tipo aleatória simples, sendo empregados em pelo menos 50 moradores de cada um dos bairros, totalizando 100 entrevistados.

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7 Respeitando os aspectos éticos e legais da pesquisa, também foi elaborado e utilizado, juntamente ao questionário, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como uma forma de assegurar os dados e as opiniões dos entrevistados. Esse termo continha duas vias no qual uma fora entregue ao entrevistado, enquanto a outra permaneceria com a pesquisadora.

Diante das respostas apresentadas pela pesquisa, foi feita a comparação e a análise dos dados através de gráficos, com o intuito de apontar a percepção dos moradores no que se refere ao tema abordado. E, com base nestes resultados, foi realizada uma entrevista com os representantes da CEMIG e da Gerência de Parques e Jardins da cidade, a fim de se obter informações sobre o manejo da arborização urbana municipal.

3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a pesquisa de campo, foram realizadas 100 entrevistas, sendo que, 64% dos entrevistados pertenciam ao sexo feminino enquanto apenas 36% pertenciam ao sexo masculino. A maior parte dos entrevistados (60%) apresentou idade superior a 40 anos (Figura 3), justificado pelo fato de que as entrevistas foram realizadas durante a semana e em horário comercial, ou seja, período em que grande parte dos moradores mais novos encontravam-se no trabalho.

Figura 3 – Faixa etária dos entrevistados.

5% 35% 60% 10% 38% 52% 0% 32% 68% menor de 20 anos entre 20 e 40 anos acima de 40 anos

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8 Quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados, pode-se perceber uma notável diferença entre os bairros escolhidos para a pesquisa. A maioria dos entrevistados do Jardim Pérola, relatou ter escolaridade entre o ensino fundamental incompleto (40%) e o ensino médio completo (30%). Já os entrevistados da Ilha dos Araújos indicaram, em sua maioria, ter escolaridade entre o ensino médio completo (50%) e o ensino superior ou mais (30%) (Figura 4).

Figura 4 - Grau de escolaridade dos entrevistados.

Apesar da diferença em relação ao nível de instrução existente nos dois bairros, apenas 2% dos entrevistados afirmaram que não consideram a arborização urbana importante. Os outros 98% dos entrevistados afirmaram que a arborização urbana é importante.

Quando perguntados sobre como classificariam a arborização dos bairros quanto ao número de espécies, foi possível confirmar a diferença entre estes em relação à demanda de árvores. No bairro Ilha dos Araújos, considerado um dos bairros mais arborizados da cidade, 54% dos entrevistados disseram que sua arborização é razoável, enquanto 38% afirmaram ser muito arborizado e apenas 8% de ser pouco. Já no bairro Jardim Pérola, 50% dos entrevistados também consideraram a

26% 6% 8% 40% 20% 40% 10% 10% 30% 10% 12% 2% 6% 50% 30%

ensino fundamental incompleto ensino fundamental completo ensino médio incompleto ensino médio completo ensino superior ou mais

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9 arborização razoável, porém, 42% afirmaram ser pouco arborizado, enquanto apenas 8% disseram ser muito (Figura 5).

Figura 5 – Indicação dos moradores quanto à classificação da arborização de seus bairros.

Dentre os benefícios gerados pela arborização urbana que foram citados pelos moradores, a proporcionalidade de sombra foi a que obteve maior destaque, sendo citado por 74% dos entrevistados, confirmando o que foi dito por Santos e Teixeira (2001), que “a disponibilidade de sombreamento, seja ao caminhar, nos veículos estacionados ou em ambientes construídos, faz parte das exigências de conforto dos cidadãos”.

Outros benefícios também foram citados durante a pesquisa (Figura 6). Entre estes a redução do calor com 65% dos entrevistados, e a melhoria na qualidade do ar, com 31%. Sobre estes aspectos, Santos e Teixeira (2001) ainda enfatizam que, mesmo que a arborização não consiga controlar totalmente as condições de desconforto térmico, ela pode, certamente, abrandar sua intensidade.

23% 52% 25% 8% 50% 42% 38% 54% 8% muito arborizada razoavelmente arborizada pouco arborizada

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10

Figura 6 - Vantagens da arborização citada pelos moradores de ambos os bairros.

Em relação às desvantagens observadas pelos moradores no que se refere à arborização de seus bairros, a sujeira das ruas e das calçadas acabou se tornando a mais comentada na pesquisa, sendo citada por 67% dos entrevistados, seguido da destruição parcial das calçadas, com 33%, e da redução da iluminação pública, com 13%. Esses resultados vão de encontro ao estudo de Branco (1991), onde muitas pessoas afirmaram detestar árvores em seus quintais ou mesmo em suas calçadas,

1% 1% 2% 3% 4% 4% 11% 11% 31% 65% 74% 2% 2% 2% 4% 0% 6% 2% 8% 38% 60% 78% 0% 0% 2% 2% 8% 2% 20% 14% 24% 70% 70% nenhuma ajuda na fixação do solo habitat de animais auxílio em chuvas redução da poluição sonora questão ambiental presença de flores e frutos estética melhoria na qualidade do ar redução do calor sombra

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11 por causa das folhas e flores que sujam o chão, das raízes que quebram calçamentos ou entopem encanamentos de esgotos, ou ainda, dos galhos que batem na fiação elétrica.

Além dessas desvantagens, outras também foram citadas durante a pesquisa (Figura 7). Porém, cabe salientar que 10% dos moradores entrevistados afirmaram que não existem desvantagens decorrentes da arborização urbana. Alguns ainda citaram que pequenos problemas, como as sujeiras no chão, são poucos se comparados às vantagens que as mesmas proporcionam.

Figura 7 - Desvantagens da arborização citada pelos moradores de ambos os bairros.

Quanto à colaboração dos entrevistados na manutenção da arborização de seus bairros, 51% disseram que não colaboram, mas que também não danificam as

2% 3% 3% 9% 10% 13% 33% 67% 2% 0% 4% 4% 14% 6% 20% 64% 2% 6% 2% 14% 6% 20% 46% 70%

quando são retiradas oiti inadequado risco de queda de galhos ou troncos problemas com rede elétrica ou telefônica nenhuma redução da iluminação pública destruição parcial de calçadas sujeira das ruas e calçadas

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12 árvores, e 39% afirmaram que já plantaram ou ainda plantam mudas de árvores em locais específicos, como em torno do calçadão da ilha ou ao redor da lagoa do Pérola. Ainda foram citados outros tipos de colaboração como: realização de algumas manutenções e podas (10%), limpeza ao redor das árvores (6%), ou ainda, cuidados com plantas em quintais e jardins próprios (2%) (Figura 8).

Figura 8 - Colaboração dos moradores com a arborização de seus bairros.

Quando questionados se as podas das árvores eram realizadas de forma correta, os moradores de ambos os bairros praticamente compartilharam da mesma opinião. Dos entrevistados, 66% responderam que essas podas eram feitas de forma incorreta, 15% disseram ser feitas da forma correta, 12% disseram que as podas eram parcialmente corretas, e 7% afirmaram não saber (Figura 9). Inclusive muitos moradores citaram que os responsáveis pela prestação deste tipo de serviço precisavam de um melhor acompanhamento técnico na execução do mesmo.

Segundo a Gerência de Parques e Jardins do município, dois tipos de poda são mais frequentes na cidade: as podas de levantamento, realizadas pela gerência em questão, e as podas direcionais, realizadas pela CEMIG. Entretanto, em contradição ao percebido pelos entrevistados, os representantes de ambas as partes afirmaram que estas podas estão sendo feitas corretamente e sob uma orientação técnica.

2% 6% 10% 39% 51% 4% 2% 6% 40% 50% 0% 10% 14% 38% 52%

cuidando de outras plantas limpando o arredor da árvore fazendo a manutenção e podando plantando árvores não colabora/ não danifica

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Figura 9 - Opinião dos moradores se as podas realizadas nos bairros são feitas de forma correta.

Em relação à frequência destas podas, a maior parte dos entrevistados respondeu que estas eram feitas com muito atraso (70%), alguns citaram que as mesmas eram realizadas frequentemente (17%) e outros afirmaram que as podas nunca eram feitas de fato (13%) (Figura 10).

Sobre essa frequência, tanto a CEMIG quanto a Gerência de Parques e Jardins informaram que, devido à demanda, essas podas são realizadas durante o ano inteiro. Porém, a CEMIG afirmou que todas as árvores de sua responsabilidade são podadas pelo menos uma vez ao ano, e que em alguns casos, pode até haver o retorno antes de completar este ciclo. Já a Gerência de Parques e Jardins afirmou que suas podas se baseiam nas solicitações dos moradores ou em casos emergenciais, mas que os prazos são devidamente cumpridos dentro das possibilidades. Entretanto, na literatura consultada, não se encontrou menção alguma em relação à época correta da realização das podas.

7% 12% 15% 66% 8% 10% 16% 66% 6% 14% 14% 66% não sei parcialmente sim não

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Figura 10 - Opinião dos moradores em relação à frequência das podas no bairro.

Outro questionamento realizado na pesquisa foi em relação ao que poderia ser feito para melhorar a arborização do bairro. Entre as respostas obtidas, 66% dos entrevistados da Ilha dos Araújos e 56% do Jardim Pérola citaram a realização da manutenção e das podas de forma adequada e em época correta.

É importante salientar também que 42% dos moradores do Jardim Pérola citaram que é preciso plantar mais árvores em seu bairro, remetendo-se ao resultado apresentado na classificação do bairro quanto à sua arborização onde, grande parte dos entrevistados, disseram que o bairro era pouco arborizado.

Outro ponto de grande destaque, foi que 38% dos entrevistados da Ilha dos Araújos e 30% do Jardim Pérola, disseram ser importante realizar um trabalho de conscientização ambiental com a comunidade sobre a arborização. Apesar de não ter sido questionado, muitos moradores da Ilha relataram que este trabalho de educação ambiental precisa ser feito, não somente com os próprios moradores do bairro, mas também com os turistas e moradores de outros bairros que por ali trafegam devido à grande ocorrência de casos de vandalismo.

Também foram citadas que devem ser feitas melhorias como: realizar uma limpeza adequada e plantar outras espécies de árvores diferentes do oiti (Licania

tomentosa), sendo esta, a espécie arbórea mais comum no município. Alguns ainda

disseram que não precisam ser feitas melhorias e outros admitiram que não faziam ideia do que poderia ser feito para melhorar a arborização do bairro (Figura 11).

13% 17% 70% 14% 24% 62% 12% 10% 78% nunca frequentemente com muito atraso

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15

Figura 11 - Opinião dos moradores em relação ao que poderia ser feito para melhorar a arborização do bairro.

Os entrevistados dos dois bairros, em sua maioria, discordaram do corte desnecessário de uma árvore localizada na calçada pública (93%) e autorizariam, se necessário, a prefeitura ou outro órgão competente de fazer o plantio de uma árvore na porta de suas residências (77%). Porém, muitos ressaltaram que não aceitariam o plantio da espécie oiti, mas sim de alguma outra espécie que pudesse atender tanto às necessidades de sombreamento, como que também pudesse gerar flores e não prejudicar o calçamento.

Quando questionados se eles saberiam informar qual é o tamanho da área livre que precisa ser deixada ao redor da árvore, 80% dos moradores do Jardim Pérola e 58% da Ilha dos Araújos disseram que não sabiam. Outros ainda responderam valores próximos a 0,5m², próximos ou exatos de 1m², ou também valores maiores que 1m² (Figura 12). 1% 1% 2% 14% 32% 34% 61% 0% 2% 0% 10% 42% 30% 56% 2% 0% 4% 18% 22% 38% 66%

realizar uma limpeza adequada não precisa não sei plantar outro tipo de árvore plantar mais árvores realizar um trabalho de conscientização ecológica sobre

a arborização

fazer manutenção e realizar podas de forma adequada e em época correta

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16

Figura 12 – Resposta dos moradores sobre o tamanho da área livre deixada para a árvore.

Por fim, foi interrogado aos moradores a quem eles encaminhariam, se necessário, as reclamações referentes à arborização urbana (Figura 13). A maioria dos entrevistados respondeu que procuraria a Prefeitura Municipal para tais queixas (90%). Dentre estes, alguns ainda citaram os órgãos públicos ou setores responsáveis como o Serviço Municipal de Obras e Viação - SEMOV (31%), a Gerência de Parques e Jardins (5%), o Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE (1%) e a Defesa Civil (1%). Outros responderam que procurariam por órgãos ou unidades voltados à área ambiental, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA (1%) e a Polícia Florestal (2%).

É importante destacar que 7% dos moradores afirmaram que, devido ao constante estresse e demora no atendimento de suas reclamações, prefeririam resolver os problemas por conta própria. Entretanto, segundo afirma Pires (2007), “uma poda mal executada pode desequilibrar completamente a árvore trazendo risco de queda”. 69% 7% 14% 10% 80% 10% 8% 2% 58% 4% 20% 18% não sei 0,5m² 1m² mais de 1m²

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17

Figura 13 - Opinião dos moradores sobre a quem encaminhar as reclamações referentes à arborização.

4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De uma forma geral, os resultados da pesquisa demonstraram que, em relação ao nível de percepção dos moradores sobre a arborização urbana, a maior parte dos mesmos, seja no Jardim Pérola ou na Ilha dos Araújos, apontaram ter conhecimento sobre o tema e serem conscientes da importância da arborização para seu bairro.

1% 1% 1% 2% 2% 3% 5% 7% 10% 31% 90% 0% 2% 2% 0% 2% 4% 8% 8% 12% 32% 82% 2% 0% 0% 4% 2% 2% 2% 6% 8% 30% 98% SAAE Defesa Civil IBAMA amigos Polícia Florestal depende do tipo de problema Gerência de Parques e Jardins resolvo por conta própria companhias responsáveis pela telefonia e/ou energia

elétrica

SEMOV Prefeitura Municipal

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18 Entretanto, com base nestes mesmos resultados, verifica-se a necessidade de se realizar um trabalho educativo com a comunidade, a fim de minimizar os problemas de plantio incorreto ou inadequado de espécies arbóreas em locais inapropriados, a falta de informação em relação ao tamanho ideal da área livre que precisa ser deixada para o bom desenvolvimento da árvore, fornecer orientações para solução de problemas referentes à arborização ou os riscos em se tentar resolvê-los por conta própria, e minimizar críticas à administração municipal quanto ao manejo da arborização urbana.

Segundo a Gerência de Parques e Jardins do município, o responsável pelo atendimento das reclamações referentes à arborização está vinculado ao tipo de problema que está ocorrendo. Por exemplo, em casos de conflito com a rede elétrica, procurar o órgão específico de fornecimento da mesma, ou em casos de conflito com a rede pluvial, procurar o órgão específico de atendimento deste último serviço.

Também foi possível notar o descontentamento dos moradores em relação à utilização da espécie oiti na arborização dos bairros. Diante deste fato, recomenda-se um estudo da viabilidade da troca dessa arbórea por outra espécie que evite conflitos com os elementos urbanos como a iluminação, a rede elétrica, as edificações, entre outros, e que também satisfaça aos anseios da comunidade.

Além disso, percebe-se também a grande insatisfação dos moradores no que se refere à manutenção e/ou manejo da arborização urbana. Tal descontentamento não está ligado a um órgão específico, mas sim à maneira geral de como este manejo está sendo gerenciado dentro do município. E em virtude destes resultados é indispensável a realização de uma fiscalização quanto à maneira como as intervenções na arborização urbana estão sendo feitas, a fim de esclarecer as contradições existentes entre as informações adquiridas com os responsáveis pelos serviços de podas no município e a percepção dos moradores. Os resultados dessa fiscalização devem ser divulgados aos moradores dos bairros analisados, a fim de orientá-los para o acompanhamento da execução destes serviços.

Portanto, conclui-se, por meio da realização do presente trabalho, que foi possível comprovar a importância do estudo da percepção ambiental dos moradores em relação à arborização de seus bairros. Através desta pesquisa, conseguiu-se obter ainda informações de grande relevância que podem auxiliar de muitas maneiras no gerenciamento ambiental do município no que tange à arborização. Além do mais, entende-se que a metodologia utilizada neste trabalho poderá subsidiar novos estudos com base na mesma temática.

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19

5.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERDAGUE, C.; GOMES, E. C. Percepção Ambiental: A cidade versus seu rio. In: FONTES, L. E. F. et al (Ed.). Recursos hídricos e percepção ambiental no

município de Viçosa, MG. Viçosa: Folha de Viçosa, 2006. p.61 - 73.

BRANCO, S. M. Ecologia na cidade. 15. ed. São Paulo: Editora Moderna, 1991. (Coleção Desafios) 56p.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS (CEMIG). Manual de Arborização. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2011. 111p.

FAGGIONATO, S. Percepção ambiental. Disponível em:

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GONÇALVES, W. PAIVA, H. N. Silvicultura Urbana: Implantação e manejo. Viçosa: Editora Aprenda Fácil, 2006. v.4, 203p.

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo de 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 24 jul. 2012.

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Referências

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