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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS CAMPUS CIDADE DE GOIÁS CURSO DE GRADUAÇÃO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS – CAMPUS CIDADE DE GOIÁS

CURSO DE GRADUAÇÃO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

DEBORA FAGUNDES DE OLIVEIRA GARCIA

EXPERIMENTAÇÕES EM GRAVURA PARA O ENSINO DE ARTE: MATRIZ EM E.V.A.

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DEBORA FAGUNDES DE OLIVEIRA GARCIA

EXPERIMENTAÇÕES EM GRAVURA PARA O ENSINO DE ARTE: MATRIZ EM E.V.A.

Trabalho de conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de Grau e conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Cidade de Goiás.

Orientadora: Prof. Miriam Helena Pires Coorientadora: Prof. Mª Flora Alves Ruiz

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Goiás – Campus Cidade de Goiás

306.85 S586c 760.28

G216e Garcia, Debora Fagundes de Oliveira.

Experimentações em gravura para o ensino de arte: matriz em E.V.A / Debora Fagundes de Oliveira Garcia; orientadora, Miriam Helena Pires; coorientadora, Flora Alves Ruiz – Cidade de Goiás, 2019.

62 p.

Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Cidade de Goiás, Departamento de Áreas Acadêmicas, Licenciatura em Artes Visuais.

1. Gravura - Técnica. 2. Ensino de arte. I. Pires, Miriam Helena, orientadora. II. Ruiz, Flora Alves, coorientadora. III. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. IV. Título.

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Dedicatória

Aos meus pais, Pedro e Maria Aparecida, in memoriam, por me ensinaram a fazer

o certo e nunca desistir de mim, pois sempre acreditaram no meu potencial!

Ao meu irmão Joabe Fagundes, minha tia-mãe, Vanda Leite, minha sobrinha

Isabelle Sophia e outros parentes, in memoriam, pelas importantes presenças em

minha vida!

Sofro com a ausência de vocês, mas tenho convicção de que ambos estão juntos ao

Senhor. Saudade eterna!

Aos meus irmãos Adaias, Danizete e Adenil, aos meus tios e sobrinhos, pelo

respeito e carinho com que me tratam!

Aos meus filhos Ana Luísa e Ítalo, que são tudo em minha vida!

Em especial ao meu companheiro Tiago, pela presença e apoio constante durante a

graduação e momentos de desanimo e de ansiedade1!

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Agradecimentos

Agradeço imensamente a Deus por conseguir chegar ao final dessa

caminhada, pois ele tem sido o meu sustento.

Aos servidores do Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia de

Goiás, campus Cidade de Goiás.

Aos meus colegas que aprendi amar verdadeiramente ao longo dessa jornada,

estarão sempre em meu coração, em especial Amisterline pelo apoio, conselhos,

parceria e por ser uma pessoa incrível e admirável.

Ao Colegiado do Curso de Artes Visuais, em especial aos docentes José

Rogério e Flávio, pessoas competentes e humanas, que conseguiram plantar uma

semente do amor em meu coração.

De forma muito carinhosa, meus agradecimentos para às minhas professoras

de gravura e orientadoras Flora e Miriam, as quais foram fundamentais para o

desenvolvimento deste trabalho, pois deram apoio e segurança para que pudesse

realizar com êxito este trabalho.

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Epigrafe

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7 RESUMO

A escolha do presente trabalho ocorreu por perceber a necessidade de ampliar o ensino de Arte com novas experiências para os estudantes, por meio da utilização da técnica de gravura com matriz de E.V.A. Diante dessa premissa, temos como objetivo central apresentar a possibilidade de desenvolver essa experiência como opção de material alternativo acessível, com utilização de tintas com baixa toxidade e equipamentos alternativos que possam proporcionar o desenvolvimento de um trabalho com maior segurança para o ensino de Arte no ambiente escolar, possibilitando o conhecimento sobre a prática da gravura. O estudo identifica artistas brasileiros que trabalham a gravura como forma de expressão. Foi realizado um levantamento das técnicas e materiais tradicionais e experimentais que são utilizados para a elaboração da matriz de gravura. Relatamos exemplos de experimentações pedagógicas aplicadas durante o período de estágio no Curso de Licenciatura em Artes Visuais. Concluindo, esse trabalho se justifica por disponibilizar a sociedade, futuros pesquisadores e, principalmente, aos professores de Artes uma alternativa pedagógica de expressão artística por meio da gravura para nossa realidade educacional. Despertando, possivelmente, o desejo de participação e interação dos estudantes nas aulas práticas de Artes, o que poderia levar a um aprofundamento do conhecimento e da troca ensino/aprendizagem. Abrindo, assim, um leque ao apresentar uma inovadora forma de abordar a técnica da gravura adaptada a educação como meio pedagógico para o ensino das Artes Visuais.

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8 RESUMEN

La elección del presente trabajo ha ocurrido por la detección de la necesidad de ampliar las posibilidades didácticas del enseño del Arte con nuevas experiencias para los estudiantes, por medio de la utilización de la técnica de grabado con matriz de E.V.A. Frente a esa premisa, tenemos como objetivo central presentar la posibilidad de desarrollar esa experiencia como opción de material alternativo accesible, con utilización de tintes con baja toxicad y equipamientos alternativos que puedan proporcionar el desarrollo de un trabajo con mayor seguridad para el enseño del Arte en el ambiente escolar, posibilitando el conocimiento respecto de la práctica del grabado. El estudio identifica artistas brasileños que trabajan el grabado como forma de expresión. Ha sido realizada una averiguación de las técnicas y materiales tradicionales y experimentales que son utilizados para la elaboración de matrices de grabado. Relatamos ejemplos de experimentaciones pedagógicas aplicadas durante el período de prácticas docente del Curso de Licenciatura en Bellas Artes. Concluyendo, ese trabajo se justifica por poner a disposición de la sociedad, de futuros investigadores y, principalmente, a los profesores de Artes una alternativa pedagógica de expresión artística por medio del grabado para nuestra realidad educacional. Despertando, posiblemente, el deseo de participación e interacción del alunado en las clases prácticas de Artes, el que podría llevar a un profundización del conocimiento y de la interacción entre enseño/aprendizaje. Abriendo, así, un abanico al presentar una innovadora forma de abordar la técnica del grabado adaptada a la educación como medio pedagógico para el enseño de Bellas Artes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Produção da matriz de xilogravura ... 16

Figura 2: Prensa de gravura ... 17

Figura 3: Artista gravando chapa metálica. ... 18

Figura 4: entintagem da Xilogravura ... 19

Figura 5: Prensamento de xilogravura ... 20

Figura 6:Hercules de Albrecht Dürer ... 21

Figura 7: Metalogravura de Evandro Carlos Jardim ... 22

Figura 8: Painel "Inconfidência Mineira" - Panteão Nacional de Brasília. ... 24

Figura 9: Litogravura ... 24

Figura 10: Marilyns – reproduzida em 1964 por Andy Warhol ... 25

Figura 11: Tintagem em técnica de serigrafia ... 26

Figura 12: Gravura/matriz de E.V.A. ... 28

Figura 13: Matriz de E.V.A. ... 28

Figura 14: Matriz de E.V.A. ... 48

Figura 15: Matriz de EVA ... 48

Figura 16: Matriz de EVA ... 50

Figura 17: Matriz de EVA ... 51

Figura 18: Matriz de EVA ... 51

Figura 19: Matriz de EVA ... 52

Figura 20: Matriz de EVA ... 52

Figura 21: Matriz de EVA ... 54

Figura 22: Matriz de EVA ... 55

Figura 23: Matriz de EVA ... 55

Figura 24: Matriz de EVA ... 57

Figura 25: Matriz de EVA ... 58

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 11

CAPITULO 1 - APONTAMENTOS SOBRE A GRAVURA. ... 15

1.1 Breve Histórico ... 17

1.2 Técnicas de gravura ... 19

1.2.1 Xilogravura ... 19

1.2.2 Calcogravura ou gravura em metal ... 20

1.2.3 Litogravura ... 23

1.2.4 Serigrafia ... 24

1.2.5 Matriz de plástico ... 26

CAPITULO 2 – OBSERVAÇÕES SOBRE O ENSINO DE ARTE ... 31

2.1 Reflexões sobre o ensino de Arte no Brasil... 33

2.2 O ensino de Arte no ambiente educacional ... 36

2.3 O ensino de gravura nas aulas de Artes ... 41

2.4 Experiências práticas com gravura em matriz de E.V.A. ... 44

1ª experiência - Estudantes de 1º ano do ensino médio ... 45

2ª experiência – Oficina em evento de Ciência e Tecnologia - Secitec ... 46

3ª experiência - Jovens inseridos no CRAS Goiás ... 48

4ª experiência – Estudantes de 2º ano do ensino médio. ... 52

5ª experiência – Estudantes de 1º ano do ensino médio. ... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 58

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APRESENTAÇÃO

Durante minha vivencia na Licenciatura em Artes Visuais, em especial nas disciplinas práticas realizadas nos laboratórios de artes, foi despertado em mim um especial interesse pelas técnicas de gravura. Na sequência, durante as atividades de estágio no colégio para o qual fui designada, observei que o professor de Artes da instituição ministrou uma aula teórica sobre gravura e que ao final da apresentação expositiva e imagética os estudantes ficaram ávidos pela realização de praticar a técnica de gravura naquele momento. Entretanto a possibilidade de realização de tal pratica foi negada causando grande frustração a turma. O professor justificou que “para realização da técnica de gravura é necessário a utilização de ferramentas cortantes e insumos químicos perigosos por serem tóxicos e, em consequência disso, sua utilização é proibida pela instituição, além disso, a escola não dispõe de espaço apropriado nem equipamentos adequados como por exemplo, a prensa de gravura. Citou ainda que devido à falta de reconhecimento do grau de importância das aulas de Artes na matriz curricular para a formação do indivíduo como um ser total e único, a escola não prioriza a aquisição de equipamentos e materiais adequados”. Na verdade observo que, a maioria das instituições de ensino não priorizam o componente Artes, mesmo porque, não tem como meta a formação do ser total e único, mas sim o cumprimento de conteúdos individualizados considerados de maior importância para a sociedade atual. Fica evidente que não existe interesse, por parte dos administradores da instituição, em resolver questões como essas.

Nesse momento, relembrei imediatamente de vários aspectos que permearam minha experiência prática nas aulas de gravura, identificando assim, uma realidade totalmente diferente e com possibilidades de adaptação da técnica para aplicação no ensino fundamental ou médio, adequando assim, a realidade educacional quanto ao ponto de vista financeiro, temporal, espaço físico, com utilização de insumos e equipamentos alternativos e neutralizando a periculosidade aos estudantes. O aprendizado acadêmico adquirido aponta diversas possibilidades de produção de matrizes de gravura com materiais alternativos como isopor, E.V.A., entre outros e produzidas por meio de objetos

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12 de uso cotidiano como lápis, canetas, colheres de madeira, tintas com baixo teor toxico e disponíveis em praticamente todas as instituições de ensino, como por exemplo a tinta guache.

Consequentemente me deparei com o seguinte questionamento: de que forma instaurar nas aulas de Artes as possibilidades de produção de matrizes de gravura com materiais alternativos como isopor, EVA, entre outros e produzidas por meio de objetos de uso cotidiano como lápis, canetas, colheres de madeira, tintas com baixo teor toxico e disponíveis em praticamente todas as instituições de ensino?

Assim, a escolha do presente trabalho ocorreu pela percepção da necessidade de ampliar o ensino de Arte com novas experiências para o estudante por meio da utilização da técnica de gravura em E.V.A para que este estudante conheça novos materiais e procedimentos artísticos, de modo a produzir trabalhos no contexto de seu cotidiano, valorizando assim sua própria cultura, socializando as suas vivências e desenvolvendo sua capacidade de comunicação artística. A hipótese de aplicação da pratica metodológica sugerida poderá sanar essa limitação nas aulas de Artes, transformando o desejo do estudante, de realização da pratica da técnica de gravura, em realidade possível.

Diante dessa premissa, concebemos que o objetivo central deste estudo apresentar a possibilidade de desenvolver a técnica de produção de gravura por meio de matriz em E.V.A. como opção de material alternativo acessível, com utilização de tintas com baixa toxidade e equipamentos alternativos que possam proporcionar a aplicação da técnica com maior segurança para o ensino de Arte no ambiente escolar, possibilitando o conhecimento sobre a gravura e seu desenvolvimento; identificando artistas Brasileiros que trabalham com essa forma de expressão; reconhecer as técnicas e materiais tradicionais e experimentais para a elaboração da matriz de gravura; apontar exemplos da aplicação dessas técnicas alternativas na educação e por último documentar com imagens e relato de pequenas experimentações de práticas docentes realizadas durante o período de estágio da Licenciatura em Artes.

A metodologia utilizada para a realização desse trabalho tem como fundamentação básica pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo com

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13 abordagem qualitativa com observação in loco nas aulas de Artes no ensino fundamental e médio. Além da aplicação pratica da técnica sugerida durante o estágio para os estudantes do segundo ano do ensino médio do IFG, com faixa etária entre quatorze e dezoito anos.

A Pesquisa de campo de abordagem qualitativa foi dividida em duas etapas: na primeira realizou-se a observação e registros fotográficos das aulas de Artes e da oficina de gravura; a segunda etapa compreende a compilação dos dados coletados.

Em relação à pesquisa bibliográfica, mesmo com incansável busca, houve grande dificuldade em encontrar autores que trabalhem com a técnica de gravura com utilização de materiais alternativos e acessíveis. A obra encontrada mais adequada à pesquisa foi o livro “Gravura em Matriz de Plástico” de CLIMACO, José César Teatine de Souza, que trata especificamente do assunto em questão. Ainda do mesmo autor “De gravuras e cidades” por abordar processos de gravura como litografia, serigrafia, monotipia e linóleo, além de fazer considerações sobre o conceito pessoal de gravura que desenvolveu em sua trajetória profissional. BUTI, Marco; LETYCIA, Anna (Orgs) com a obra “Gravura em Metal” por trazer textos de diversos autores relacionados a técnica de gravura. AMARAL, Aracy A., com a obra “Projeto Construtivo Brasileiro na Arte” por abordar diversidade de obras artísticas relevantes que podem ser utilizadas como releitura na criação de matrizes em EVA para gravura. BARBOSA, Ana Mae, “Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós modernismo” por abordar o ensino de Arte associado ao desenvolvimento cognitivo e imaginação criadora.

Diante dessa premissa convém salientar que este estudo foi estruturado em dois capítulos o primeiro capítulo traz um breve histórico da gravura e das técnicas tradicionais de produção, bem como o desenvolvimento da técnica da matriz produzida com materiais diversificados e o segundo aborda o ensino de Artes em ambiente educacional e o ensino de gravura nas aulas de Artes. Além disso, trazemos relatos de cinco experimentos sobre a implantação dessas técnicas em sala de aula e outros espaços educacionais.

As técnicas de produção de matriz de gravura, geralmente, são produzidas com objetos cortantes ou substâncias químicas podendo causar os

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14 mais variados acidentes. Trabalhar de diversos modos e procedimentos, experimentar novos materiais, utilizados com a finalidade de realizar gravações de várias modalidades de gravura incorporando a elas o princípio da sustentabilidade é de suma importância para obter novas técnicas e tecnologias de ensino de Arte. Com a escolha de métodos alternativos e não tóxicos para a gravação de imagens, procuramos eliminar os danos à nossa saúde, dos estudantes e dos artistas gravadores quanto ao meio ambiente em que estão inseridos.

Deste modo, acrescentamos aqui, que este trabalho é uma auto reflexão sobre quando estivemos em contato com estudantes do Ensino Fundamental, durante a disciplina de Estágio Supervisionado I. Assim, estes procedimentos são justificados por correlacionar a observação feita durante as aulas de Arte e oficinas de gravura em E.V.A, bem como, a produção dos estudantes.

Além disso, é pertinente dizer que os dados obtidos por meio das oficinas resultaram no material coletado para compilação dos dados a partir do acompanhamento e registro das ações. Entre eles o mais inquietante, o desenvolvimento da técnica de produção de gravura por meio de matriz em E.V.A. por ser uma técnica que utiliza como opção de material alternativo acessível, podendo despertar o interesse dos estudantes pelas aulas de Arte.

Concluindo, esse trabalho se justifica por disponibilizar a sociedade, futuros pesquisadores e, principalmente, professores de Artes um tema que estando presente poderia propiciar outra alternativa de expressão artística na realidade educacional. Despertando, possivelmente, desejo de participação e interação dos estudantes nas aulas práticas de Artes, o que poderia levar a um aprofundamento do conhecimento e da troca ensino/aprendizagem. Abrindo um leque ao apresentar novas possibilidades de desenvolver a técnica da gravura com a utilização de materiais alternativos e acessíveis sem uso de produtos químicos e instrumentos cortantes, adaptando a técnica a educação como meio pedagógico para o ensino das Artes Visuais.

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CAPITULO 1 - APONTAMENTOS SOBRE A GRAVURA.

A gravura se conceitua como uma imagem obtida através da impressão de uma matriz artesanal. O material da matriz pode variar, e classifica o tipo da gravura: xilogravura, produzida com matriz de madeira; litogravura, matriz em pedra; calcogravura, com matriz de metal; serigrafia, matriz em tela serigráfica; linoleogravura, matriz de linóleo; e outros materiais alternativos, mais acessíveis que tem surgido como o caso da matriz de E.V.A., entre outros. A gravação da imagem é proveniente de um processo de incisão formando o desenho desejado por meio de sulcos em baixo e alto-relevo sobre determinada superfície ou material, madeira, metal, pedra, plástico, que, ao ser finalizada, se tornará a matriz da gravura. O resultado de uma ou mais técnicas de impressão, consiste na transferência da “imagem” da matriz para outro tipo de suporte, como papel, madeira, tecido, estrutura arquitetônica, entre outros.

No universo da gravura, destacam-se quatro grandes grupos quanto à maneira como são produzidas as imagens, são eles: a xilogravura, feita a partir da madeira, a litografia, feita em matriz de pedra, a gravura em metal e pôr fim a serigrafia, feita a partir de uma tela (FAJARDO; SUSSEKIND; VALE, 1999.p.15).

Diferente de outras expressões artísticas, como a pintura, o desenho, a escultura, nas quais o suporte/matéria prima de criação se torna a própria obra, na gravura o suporte da criação é a matriz, ou seja, a matriz é um veículo que possibilitará a transferência da criação para o suporte final, e este sim será a obra finalizada. Sendo assim, por meio dessa técnica o artista poderá criar uma única matriz e utilizar para reprodução em série do número de obras que considerar viável. A quantidade estipulada, denominada de tiragem, não é aleatória, pois dependerá das possiblidades e resistência do material com o qual foi produzida a matriz. Ou seja, cada matriz, a depender da resistência de seu material de origem e da técnica utilizada pelo artista, possibilitará determinado número de cópias até que se torne deteriorada, podendo causar deformações na qualidade das impressões a partir de determinada tiragem.

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16 Uma matriz de plástico, por exemplo, não terá a mesma durabilidade que uma matriz de madeira ou metal. Isto significa que o artista concretiza seu ato criador em um suporte, que se constitui ao mesmo tempo em uma matriz para a sua reprodução e não em sua obra final. Em palavras mais acessíveis aos leigos, podíamos definir a gravura como uma espécie de carimbo, pois a partir dessa matriz é possível imprimir várias cópias de uma imagem.

N

Neste sentido, salientamos que o desenvolvimento da gravura no mundo ocidental ocorreu depois do aparecimento do papel na Europa, que proporcionou uma grande difusão da técnica e consequentemente acessibilidade a popularização. Nessa época tinha poucos livros e estes por sua vez eram escritos à mão pelo pergaminho e o tipo de folhas utilizadas para escrever era confeccionadas a partir de peles de animais e pertenciam exclusivamente aos cuidados da igreja como podemos observar.

Figura 1: Produção da matriz de xilogravura Fonte:nstitutonetclaroembratel.org.br

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17 1.1 Breve Histórico

A história da gravura tem início o século II. Existem registros sobre a produção de matrizes de gravura em pedra e madeira e impressão dessas imagens em pergaminhos e tecidos nas culturas egípcias e chinesas. Em meados do sec. XIV, na Europa, a xilogravura passa a cumprir o papel de veículo propagador de imagens e textos. Foi usada inicialmente para corresponder aos interesses e anseios da sociedade daquela época, que estava vinculado aos interesses religiosos. A Igreja com seu poder buscava atingir um maior número de fiéis, utilizando a impressão para divulgação como instrumento de catequização da comunidade. As imagens de santos eram reproduzidas como estampas de materiais individuais e por meio dos livros, como por exemplo a bíblia, primeiro livro a ser impresso. Foi uma forma de possibilitar a divulgação do conhecimento desse período.

As pessoas que se dedicavam à vida religiosa tinham, portanto, o privilégio de poder ler as Sagradas Escrituras. [...] no final do século XIV, fim da Idade Média, surgem as primeiras manifestações de gravura na Europa. E a xilogravura era a única forma conhecida na época. Gravava-se numa matriz de madeira, deixando o desenho a ser impresso em relevo. A imprensa, impressão de escritos e livros era toda feita em xilogravura. [...] A primeira xilogravura é datada de 1423. É uma imagem de São Cristóvão conservada até hoje em Manchester, Inglaterra (FAJARDO; SUSSEKIND; 1999, p. 12-13)

Figura 2: Prensa de gravura

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Na metade do século XV surge a inserção da prensa no processo de reprodução a partir de uma matriz, esse início esteve diretamente relacionado com os profissionais que trabalhavam com joias ou ourives.

Já no ano de 1513, segundo Fajardo et all (1999), foi descoberto a “água forte” por Urs Graf, uma técnica que criada a partir uma chapa metálica, que seu procedimento técnico consistia em cobrir essa chapa com um verniz impermeabilizante, e desenhar utilizando uma ponta de metal fina como uma agulha, assim esse processo permitia que o desenho fosse feito diretamente na chapa metálica, onde o traço efetuado com essa ponta fina ia retirando o verniz para permitir que fosse efetuada a gravação por meio de ácidos como expõe ”(FAJARDO et all 1999,p.14). “[...mergulhada num ácido que ataca a parte exposta pelo traçado gravando assim o desenho]”

Figura 3: Artista gravando chapa metálica. Fonte: Valeriy Kondratenko / Shutterstock.com

O grafismo foi uma forma de Arte muito valorizada na Alemanha inclusive surgiram feiras de gravuras alemãs no Países Baixos e na Itália porque existia a possibilidade de comercializar as obras a preços módicos ou acessíveis.

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1.2 Técnicas de gravura

1.2.1 Xilogravura

A xilogravura foi a técnica primogênita, a mais antiga na história da gravura, seu processo é realizado por uma técnica simples, onde utilizamos a madeira para fazer a matriz. Existem vários tipos de madeiras adequadas para o desenvolvimento dessa técnica, tais como, a peroba rosa e a peroba do campo, entre outras. Nas xilogravuras realizadas como estudante de Licenciatura em Artes Visuais utilizamos o Cedrinho. Com a madeira preparada plana e lisa, o artista, por meio de ferramentas de corte e entalhe, denominadas goivas, retira partes da madeira, formando sulcos que seguem o a forma do desenho escolhido, assim, o desenho na matriz será formado por baixo e alto relevo. Ao entintar a matriz, colocar a mesma sobre o suporte e aplicar pressão, com uma prensa¹1 ou mesmo com uma simples colher de madeira, a imagem é transferida para o suporte.

1 Prensa móvel, é um dispositivo que aplica pressão numa superfície com tinta, transferindo-a

para uma superfície de impressão, geralmente papel ou tecido.

Figura 4: entintagem da Xilogravura

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As partes da matriz que estiverem em alto relevo terão maior contato com o suporte transferindo a tinta de forma intensificada, os sulcos criados em baixo relevo não terão contato com o suporte, sendo assim, não haverá transferência de tinta, enquanto que aqueles que estiverem e uma altura média, transferirão pouca tinta ao suporte, esse processo resultará em uma gama maior de tonalidades. Após aplicar tinta na superfície, o suporte e colocado sobre a mesma e prensado.

1.2.2 Calcogravura ou gravura em metal

A calcogravura ou calcografia, conhecida também como gravura em metal é o processo de gravura feito com a matriz de metal. O metal mais utilizado é o

cobre, no entanto podemos utilizar o alumínio, aço, ferro ou latão amarelo. As ferramentas mais comuns usadas para gravar uma imagem na matriz são a

ponta seca e o buril. Existem ainda técnicas nas quais são utilizados produtos químicos, como a água-forte e a água tinta.

A gravura em metal é uma das mais antigas técnicas de gravura. Existem obras nesta técnica datadas de 1500, produzidas por vários gênios da Renascença, como o alemão Albrecht Dürer. A gravação em metal foi ligada ao

Figura 5: Prensamento de xilogravura

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21 trabalho de ourivesaria, como obra de entalhe e portanto voltada à ornamentação.

Figura 6:Hercules de Albrecht Dürer

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/albrecht-durer.htm

O desenvolvimento de processos gráficos, a partir do século XV, e as novas necessidades na realização de imagens impressas motivaram a procura de técnicas que permitissem um trabalho gráfico de alta qualidade da imagem impressa, além de resistência às grandes tiragens e edições. O emprego de matrizes de metal, antes restrito à ourivesaria, possibilitou o surgimento das técnicas da gravura em metal. A gravura em encavo, assim denominada como oposição à gravura em relevo, deposita a tinta nos sulcos realizados pela gravação.

A técnica do metal consiste na gravação de uma imagem sobre uma chapa de cobre. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos; cada artista desenvolve seu procedimento pessoal no trato com o cobre.

A maneira mais direta de fazer uma gravura em metal é com ferramentas, como a ponta seca - um instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de "caneta ou lápis". A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície

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22 polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida por meio de uma grande pressão, ao passar por uma prensa de cilindro conhecida como prensa calcográfica, imprimindo assim, a imagem no papel. A impressão da imagem gravada em encavo baseia-se na retirada da tinta que se encontra nos sulcos gravados, o que exige uma considerável pressão mecânica e portanto equipamento adequado, que difere do tipográfico ou da impressão manual, empregada na xilogravura. Além de ferir a chapa de cobre com a ponta seca, obtendo o desenho, a chapa também pode receber outras ferramentas diretas, como o buril e o roulette.

Nos meios indiretos, água-forte e água-tinta os produtos químicos conhecidos por mordentes (ácido nítrico, percloreto de ferro etc.) atacam as áreas da matriz que não foram isoladas com verniz, criando assim outro tipo de concavidades, e consequentemente, efeitos visuais. Desta forma, o artista obtém gradações de tom e uma infinidade de texturas visuais. Consegue-se uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro.

Figura 7: Metalogravura de Evandro Carlos Jardim

Fonte: http://perlocutorio.blogspot.com/2010/12/evandro-carlos-jardim-gravuras

Para Costela (2006), a gravação em metal pode ser realizada de maneira direta, fazendo incisões através do uso de instrumentos, sobre o metal, ou com o uso de ácidos. O processo de entitamento “é mais delicado do que na

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23 gravura em relevo, pois a tinta deve penetrar todos os sulcos, a tinta deve ser retirada do alto relevo da matriz antes da transferência da imagem” (COSTELLA,2006, p.56.).

1.2.3 Litogravura

A litografia consiste em uma técnica mais complexa do que a xilogravura. Para sua produção são utilizadas pedras calcárias para sua realização da matriz, as pedras de placas retangulares de diferentes dimensões, e na maioria das vezes possuem origem da Alemanha e da Rússia, podemos encontrar diferentes tipos de pedras e de qualidades distintas:

Dependendo do tom da pedra podemos avaliar sua qualidade, a pedra cinza possui granulação mais suave que a amarela possibilitando a realização de trabalhos delicados, com variações de tons. O processo de gravação acontece por reação química, o lápis gorduroso grava as imagens na pedra. (FAJARDO; SUSSEKIND; VALE, 1999, p.15).

O princípio da litografia consiste na incompatibilidade entre gordura e água. Segundo Senefelder (2011), após diversas experimentações procurando uma pedra ideal, foi encontrada uma espécie composta por calcário poroso e quebradiço na Baviera Alemã, a região estava repleta de depósitos naturais, essas pedras eram lixadas até a superfície ficar completamente lisa, o desenho escolhido é traçado diretamente na pedra com um lápis gorduroso, a pedra passa então, por um processo químico e recebe acidulações. Esse processo funciona para conservar as áreas sem desenho, preparando a imagem para repelir a água utilizada e receber a tinta gordurosa, a seguir é aplicada a tintagem com um rolo especifico para gravura. Com a acidulação é formado uma fina película que é fixada nos poros da pedra e a imagem é finalizada. Após essa etapa, a pedra já pode imprimir e reproduzir de acordo com a tiragem desejada.

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24 Figura 8: Painel "Inconfidência Mineira" - Panteão Nacional de Brasília.

Fonte: João Câmara2/Reprodução

Figura 9: Litogravura

Fonte: http://www.impressora.blog.br/como-funciona-o-processo-litografico

1.2.4 Serigrafia

A serigrafia é uma técnica da Gravura resultante da evolução da técnica de estêncil, popularmente conhecido como molde vazado, técnica de pintura que consiste em passar tinta com um rolo sobre uma matriz que contém um desenho recortado, vazado. Essa técnica atravessou séculos, pesquisas indicam que as primeiras experiências serigráficas aludem à Dinastia Song (China, 960 – 1279). A serigrafia é um processo de expressão plástica amplamente dinâmico que permite a criação ou reprodução de um original, uma obra artística, absorvendo em simultâneo todos os nossos sentidos, na obtenção da cor com as suas inúmeras tonalidades, na obtenção de traços, linhas e formas com as mais

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25 imprevisíveis texturas. Os resultados visuais são de tal forma ilimitados e empolgantes que fazem desta modalidade artística uma linguagem autónoma e singular, permitindo a criação de múltiplos objetos numerados, datados e autenticados pelo autor. Deste modo é possível reproduzir, de forma criteriosa e responsável um original sem adulterar a sua essência de peça única. A serigrafia se instaurou nos EUA a partir dos anos 30, mas no meio artístico entrou para a história da Arte a partir da POP ART com Andy Warhol (1928 - 1987) e Roy Fox Lichtenstein (1923 - 1997). Esses artistas apropriaram-se do conceito da técnica da serigrafia, utilizando como linguagem para popularizar suas reproduções artísticas. Em meados dos anos 1950 surge o movimento artístico da Pop Art, abreviatura em inglês de Popular Art ("Arte Popular", em português), com o objetivo de "abraçar" e desconstruir imagens pertencentes às culturas de massa, a chamada "cultura pop", criada para as grandes multidões. Estados Unidos e Inglaterra foram países pioneiros no surgimento da Pop Art, movimento que foi batizado com este nome em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, referindo-se a todo o tipo de produção massificada que era criada e consumida no Ocidente. Inspirando-se em imagens e personalidade da cultura de massas, os artistas da Pop Art buscam ironizar a vida cotidiana materialista e consumista das pessoas.

Figura 10: Marilyns – reproduzida em 1964 por Andy Warhol Fonte: https://www.culturagenial.com/obras-andy-warhol/

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26 A matriz utilizada para a serigrafia é uma tela esticada em um bastidor ou em um chassi de madeira. Inicialmente usou-se a seda, depois passou a ser utilizado o organdi, poliéster, nylon e outros sintéticos, e ainda o metal. Tem como base a fotografia original e respectiva separação de cores/manchas, que após identificadas gerarão uma matriz específica para cada cor. A tela é colocada sobre o suporte e recebe grande quantidade de tinta que é arrastada com uma espécie de rodo de borracha que desliza sobre a tela, dessa forma a tinta será transferida para o suporte.

Figura 11: Tintagem em técnica de serigrafia

Fonte: http://vision-digital.com.mx/2017/11/01/la-serigrafia

Também conhecida como silkscreen, se tornou muito popular devido ao baixo custo, acessibilidade, facilidade de produção, além disso, o fato de que uma única matriz possibilita a tiragem de até um milhão de cópias com a mesma qualidade, seu uso se tornou comum na reprodução em camisetas e bonés com objetivo publicitario, “[...] ao processo silkscreen, técnica hoje intensamente utilizada em trabalhos comerciais, publicitários e artísticos” (MARTINS, 1987).

1.2.5 Matriz de plástico

A obra mais adequada encontrada na pesquisa sobre matriz de plástico foi a publicação “A gravura em matrizes de plástico”, resultante da tese de

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27 doutorado, o professor da Universidade Federal de Goiás, José César Teatini de Souza Clímaco, “Las matrices de plástico para grabado y su estampacion”, realizada na Universidad Complutense de Madrid, U.C.M., Espanha. Sua pesquisa aborda as possibilidades de utilização de materiais plásticos ou polímeros, para a produção de matrizes de gravura.

Na obra o autor apresenta sete tipos de plásticos possiveis e acessiveis: o PVC, o PVC expandido, o poliestireno, o acrílico, o policarbonato, o polipropileno e o polietileno. O autor Clímaco, sistematizou processos e materiais e propiciou um campo sugestivo para experimentações poéticas, que alicerssou essa produção, trazendo segurança para desenvolvimento desse trabalho, uma ves que, sendo um novo território da pesquisa, existen poucas publicações a respeito.

A gravura em plástico tem como principais características permitir a gravação tanto por subtração como por adição de materiais, não utlização de productos químicos abrasivos, possibilidade de varias reproduções, acessibilidade do produto, possibilita a utilização de métodos de deformação no volume por meio de calor ou queima, além da facilidade de manipulação (CLÍMACO,2004, p.9). Conforme o autor, comparados aos metais, os plásticos possuem um a resistência mecânica menor,

[...] densidade mais baixa, maior elasticidade e menor rigidez. Os termoplásticos, particularmente, são mais dependentes da temperatura, mais sensíveis ao impacto e ao entalhe, podendo ser riscados com relativa facilidade. No entanto, os termoplásticos apresentam grandes diferenças entre si: eles são quebradiços, como o poliestireno, ou mais resistentes, como o policarbonato. (CLÍMACO, 2004, p.21)

Nessa perspectiva este estudioso, comenta ainda que as incisões em matrizes de plástico são feitas com as mesmas ferramentas utilizadas para outras técnicas tradicionais de gravura, ponta-seca, buris, roletas, raspadores, além de “outros utensílios são utilizados com o intuito de ferir sua superfície, riscar, manchar, etc. como lixas, furadeiras, soldadores e pirógrafos”. (CLÍMACO, 2004, p.21). Visualmente os plásticos são muito parecidos, no entanto, existem diferenças químicas não visíveis que propiciarão diferentes efeitos, tanto na produção da matriz quanto nos resultados finais da obra impressa. A proposta aqui apresentada tem como foco a utilização de placas de

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28 E.V.A., material plástico emborrachado e geralmente disponível na rede de ensino.

A sigla E.V.A. é proveniente de um processo tecnológico envolvendo três componentes químicos: Etil, Vinil e Acetato (E.V.A.). Além da mistura, o E.V.A.

conta também com agentes de expansão, ativadores, cargas, resinas, pigmentos, auxiliares de processo, polímeros, borracha ou termoplásticos em sua composição. Como resultado dessa mistura química, são placas emborrachadas coloridas com valor de mercado acessível e muito comum nos estoques de materiais das instituições de educação. O E.V.A. é um material que apresenta boa densidade, abrasão e dureza, além de diversidade de gramatura, possibilitando a produção de matrizes para produção de gravura no ambiente educacional. O material é atóxico (não prejudica a saúde) de fácil limpeza, aderente (antiderrapante), resistente e de fácil manuseio.

Figura 13: Matriz de E.V.A.

Fonte: Miriam Pires Figura 12: Gravura com matriz de E.V.A

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29 Para produção dos relevos e escavações na matriz em E.V.A. podem ser usadas como ferramentas, materiais simples e de fácil acesso como lápis duro, canetas esferográficas sem tinta, tampas de canetas colheres e outros objetos em substituição as ferramentas profissionais. A tinta de gravura pode ser substituída por guache escolar e a prensa por uma colher de pau ou a própria força da mão.

Desde o surgimento das técnicas de gravura, em diversas culturas e épocas, Alvarez (2017) salienta que a estampa esteve sempre vinculada à reprodutibilidade, viabilizando dessa maneira a difusão e a ilustração das ideias dos livros, fatos da atualidade “a folha volante – a xilo de cordel –, a imprensa escrita, cartazes, gravuras comemorativas), mercadorias (anúncios, cartazes, etiquetas e papel moeda” (ALVAREZ,2017, p.7).

No entendimento deste autor, poderíamos inclusive dizer que a invenção da maioria das diversas técnicas da gravura esteve vinculada ao mercado, uma vez que visava produzir tiragens cada vez maiores e com uma qualidade técnica visível.

No campo das artes visuais, a imagem impressa sempre ocupou uma posição de destaque, mesmo que de forma intermitente. Por outro lado, a gravura tem sido associada, desde os primórdios das artes, ao desenho, já que tanto o suporte definitivo, tradicionalmente o papel, como as especificidades do caráter gráfico – a gestualidade do traço, as hachuras – aproximam as narrativas dessas duas manifestações artísticas. (ALVAREZ,2017, p.7).

Reprodução de obra de Arte por meio da técnica da gravura permitiu acessibilidade a obras de Arte inéditas pertencentes a museus e coleções particulares, as quais não chegariam a população de maneira geral, muitas vezes nem para serem vistas. Ficando restritas a um pequeno público elitista.

[...] gravura de reprodução, o realizador-gravador transcreve obras existentes no campo das artes, visando a reproduzi-las o mais fielmente possível. Permitindo, acrescentamos, a multiplicação de

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30 aqueles originais guardados em coleções privadas e museus, numa época em que as distâncias eram enormes. Contribuindo também para tornar o custo da obra de arte mais acessível, uma vez que, era mais barato vender uma gravura do que um original. (ALVAREZ,2017, p.8).

Além disso, fazendo referência a gravura original, o estudioso afirma que a gravura original guarda a identidade do artista, bem como dos procedimentos e técnicas utilizados por ele, sem haver diferença em que sobre em que tempo foi produzida.

[...] os picos de criatividade numa determinada técnica da gravura, independentemente da época, estão quase sempre vinculados à identificação do sujeito criador, tanto com os procedimentos técnicos quanto com os materiais e as ferramentas inerentes à referida técnica. (ALVAREZ,2017, p.8).

Com isso, concluímos que no cenário contemporâneo das Artes observamos a gravura como uma forma de Arte multifacetada, na qual coexistem uma série de tecnologias antigas e novas, ou seja, por mais antiga que seja a técnica de gravura continua sendo um método utilizado na contemporaneidade sem prejuízo ao resultado final da obra. As novas tecnologias podem ser inseridas as técnicas mais antigas sem o menor problema.

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CAPITULO 2 – OBSERVAÇÕES SOBRE O ENSINO DE ARTE

A Arte foi a primeira forma de expressão do homem. Isso pode ser constatado nos desenhos e pinturas deixados nas cavernas por nossos ancestrais. Cenas do cotidiano das sociedades primitivas foram registradas nos rochedos internos das cavernas. Os materiais utilizados foram muito diversificados como pigmentos, minérios, seivas de plantas, sangue, ovos e até excrementos de animais. Foi a forma que aqueles seres encontraram de expressar suas emoções, sua história e sua cultura. Essa representação abarca valores estéticos como beleza, harmonia, equilíbrio, entre outros, conforme Souza (2014).

Esses desenhos feitos pelo homem primitivo nas cavernas chegam aos dias atuais chamados por nós de imagens artísticas. Essa manifestação se estendeu ao longo do tempo e foi se direcionando para uma perspectiva mais ampla em torno do sentido da arte, onde historicamente a mesma foi ganhando uma infinidade de definições. (SOUZA,2014, p.4)

Dessa maneira, concebe-se que a Arte e o homem se integram desde o início da história da humanidade, pois desde a pré-história o homem já realizava a manipulação de cores, formas, gestos, superfícies, movimentos e luzes com a intenção de se comunicar com o seu semelhante.

Concebe-se que de acordo com Souza (2014), a Arte sempre esteve presente em todas as formações culturais na vida humana desde os tempos mais remotos. No entanto, para essa autora as discussões sobre a Arte no campo escolar possuem uma trajetória recente, pois estas veem de encontro com o momento de grandes transformações educacionais que permeiam o século XX.

A Arte pode ser representada em linguagens como música, dança, teatro, cinema e Artes visuais que abrange o desenho, a pintura, a escultura, as midiáticas, realizadas por meio de computadores e outros equipamentos eletrônicos, a gravura e muitas outas formas de expressão. A Arte possibilita o contato do ser consigo mesmo, de si com o outro e com a humanidade de

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expressar suas emoções e seus sentimentos. Sendo assim, uma mesma emoção poderá ser manifestada de diversas formas artísticas por pessoas diferentes.

Para que possamos compreender um pouco sobre os sentidos atribuídos à Arte e ao seu ensino nos dias atuais é preciso que se faça uma busca nos recortes temporais, para Barbosa (2013), uma grande defensora do ensino de Arte numa perspectiva pós-moderna, a função da história é explicar o presente. Assim, de acordo com essa reflexão o objetivo central deste capitulo é discorrer justamente sobre as concepções histórica do ensino de Arte, a contribuição da Arte na educação humana e o conceito de Arte na atualidade.

Conforme Brandão (2002) as Artes Visuais podem ser um meio para a criança expressar sua visão de mundo e com isso desenvolver afetivamente, motoramente e cognitivamente, utilizando diferentes meios de expressão artística. Além disso, possibilita que o discente construa, crie, recrie e invente novas formas de Arte, possibilitando a formação de um sujeito ativo e crítico na sociedade.

Neste sentido, o autor cita que a gravura tem aparecido na escola de maneira tímida, concordando com o autor percebemos nessa afirmação uma lacuna sugestiva para desenvolver um trabalho de gravura possível e acessível a qualquer ambiente educacional, objeto de estudo dessa pesquisa.

O conhecimento gerado por meio das técnicas de gravura, tanto tradicionais quanto as alternativas, essa com maior possibilidade de implantação devido ao baixo custo e utilização de materiais acessíveis, podem possibilitar o ensino das Artes Visuais na Educação Básica, e Fundamental. Diante disso, o presente capitulo tem por intenção falar da figura como difusora da Arte, realizar um breve histórico da mesma no mundo, bem como a sua importância para o ensino de Arte na escola.

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33 2.1 Reflexões sobre o ensino de Arte no Brasil

O ensino de Arte no Brasil originou-se com a presença dos jesuítas, tendo por objetivo a catequização dos povos da terra nova. Apesar de, nessa época, a educação ter como objetivo principal a catequização dos povos indígenas e ensino da língua portuguesa, a presença da Arte constante e evidente por meio da produção de desenhos, pinturas e esculturas em diversos materiais como madeira, pedra, entre outros. Em 1816, com a chegada da Missão Artística Francesa ao Brasil e a construção da Academia Imperial de Belas Artes o ensino jesuítico se retira da nação dando espaço a introdução do Neoclassicismo. Nessa época era o que havia de mais atualizado quanto ao ensino de Artes, iniciando, assim o ensino formal do componente Artes no Brasil baseado nas rígidas normas europeias para a produção do desenho, pintura, escultura entre outros.

Todavia, originou-se na educação formal, a partir de 1816, com a chegada da Missão Francesa e, consequentemente, a instalação da Academia de Belas Artes. Assim, o modo de ensinar correspondia a exercícios formais de figuras, desenhos de modelo vivo e do retrato, mediante o surgimento de rígidas regras. (SOUZA, 2014, p.4)

O modelo tradicional do ensino de Arte no Brasil passou por diversas transformações, entre elas, a primeira reforma educacional, que por sua vez obteve inspiração nos princípios liberais que determinaram o ensino do desenho nas instituições escolares primárias e secundárias, os quais tinham como objetivo o desenvolvimento do raciocínio e preparar o estudante para o trabalho. O professor era visto como o único detentor dos saberes que deveria ser absorvido pelos alunos como um conhecimento pronto e acabado. Neste seguimento convém acrescentar que diferentes fatores contribuíram para o surgimento de uma concepção modernista do ensino de Arte como por exemplo os estudos da psicologia, pedagogia e desenvolvimento dos movimentos artísticos, entre outros.

[...]as descobertas no ramo da Psicologia, trazendo uma nova maneira de ver a criança, valorizando o desenho infantil como forma de expressão. Entretanto, só após o contato com as correntes artísticas (expressionistas, futuristas e dadaístas), difundidas na Semana da Arte

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34 Moderna de 1922, as produções de arte desenvolvidas pelas crianças passaram a ser reconhecidas como produtos estéticos. (SOUZA,2014, p.5)

Diante dessa citação concebe-se que o ensino de Arte teve um desenvolvimento lento, mas gradativo, e esteve sempre presente. Com o surgimento do movimento Escola Nova, na década de trinta, o interesse dos educandos passa a ser o eixo norteador do processo educativo, “[...] nova concepção infantil, na qual a criança passaria a ser valorizada em contexto com sua maneira própria de agir e pensar, e não mais como adulto em miniatura” (SOUZA,2014, p.6).

Assim, na tentativa de desenvolver e ampliar a auto expressão, Araújo; Silva (2007) salientam que surgiu em 1948, a Escolinha de Arte do Brasil, que foi desencadeada mais à frente sob forma de “Movimento Escolinhas de Arte”. Sua metodologia tinha como objetivo principal o reconhecimento do potencial criativo criança para produzir, mas por outro, alegava-se que o contato com a arte produzida pelo adulto inibia fortemente a espontaneidade e criatividade para a produção artística. E isso, nos faz perceber que “[...] o ensino de Arte modernista tem percurso curto se comparado à concepção pré-modernista, porém deixou marcas na forma de ensinar Arte na escola” (ARAÚJO; SILVA,2007, p.7).

Ainda de acordo com esses estudiosos, a concepção pós-modernista ou contemporânea de ensino de Arte surgiu no início da década de 60, pois ocorreu reflexões de alguns estudiosos a respeito da função da Arte na educação e seus métodos de ensino.

[...]no Brasil, foi com a redemocratização do País (década de 80) que passou a existir o binômio arte-educadores, estes engajados na luta para garantir a presença da arte no currículo escolar, como área de conhecimento, e não mera atividade, uma vez que, em várias versões da Constituição Brasileira de 1988, a obrigatoriedade do ensino de Arte nas escolas tinha sido retirada” (ARAÚJO; SILVA,2007,p.7)

Nesse contexto de luta, os autores afirmam que apenas no ano de 1996, ocorreu uma grande conquista frente a obrigatoriedade do ensino de Arte, no que concerne à Educação Básica, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de nº 9.394, que por sua vez descreve no parágrafo II do artigo 26, que “O ensino de Arte constituirá componente curricular

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35 obrigatório, nos diversos níveis da educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (ARAÚJO; SILVA,2007,p.7).

Assim, nota-se que a partir da LDB 9.394/96, houve a oficialização da concepção de ensino da Arte como conhecimento. Nesse contexto Barbosa (2013) salienta que se apresenta defesa da valorização tanto do produto quanto dos processos desencadeados no ensino de Arte na sociedade. Para Ana Mae Barbosa é fundamental a recuperação histórica do ensino de Arte para que se perceber as realidades pessoais e sociais, de cada indivíduo e o modo como este lida com ela em seu convívio social.

Diante da nova Lei as escolas públicas e privadas receberam o prazo de dez anos para a adequação a norma, no entanto, até os dias atuais, ainda é observado que nem todas cumprem com a LDB. Ou seja, nem todas as escolas inseriram o ensino de Artes em seus currículos. Algumas inseriram com bastante fragilidade, dedicando o mínimo de tempo possível a disciplina, normalmente cinquenta minutos por semana e em apenas uma das séries de cada nível de ensino. Nesse sentido, consideramos que o texto da LDB deixa brecha para que o componente não seja incluído em todas as séries de cada nível de ensino da Educação Básica. Além disso, em muitas instituições o componente Artes é ministrado por professores com formação em outras áreas de ensino. Raramente esses estabelecimentos possuem laboratórios, equipamentos e materiais adequados. Fatores que fragilizam e comprometem o bom desempenho da disciplina, pois somente a formação superior em Artes poderá capacitar o professor para a preparação de aulas com conteúdo específico da área.

É necessário que o professor faça um planejamento dentro do programa curricular para ministrar as artes com conteúdo específico do componente, uma vez que tais conteúdos têm objetivos próprios, a Arte é um conhecimento com a mesma equivalência dos demais, ou seja, a arte não deve ser uma auxiliar nas aulas de geografia, de história, línguas, ou mesmo nas exatas. (RIBEIRO,2013, p.20).

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36 2.2 O ensino de Arte no ambiente educacional

Após essas reflexões, torna-se possível entender que ao longo dos anos, diferentes concepções delinearam as formas de ensino de Arte nas escolas. Atualmente, pode-se afirmar que o seu ensino como qualquer outro componente ministrado dentro do contexto educacional é importante no processo de aprendizagem do estudante.

Reduzir a arte a conceito seria ignorar sua essência, ou seja, a liberdade independentemente do tempo, das civilizações, do espaço e da matéria. Por outro lado, de acordo com o momento histórico, as correntes de pensamento, e os objetivos, a arte pode ser interpretada de maneira diversa. No que se refere ao ensino da arte, vários pensadores baseados em estudos e pesquisas definiram a arte segundo sua linha de raciocínio. (ARAÚJO; SILVA,2007, p.8).

Mesmo com estudiosos de renome comprovando que a Arte é parte integrante da realidade social, pois se materializa de acordo com a estrutura da sociedade expressando a prática social e espiritual do homem, sua integração no ambiente educacional continua deixando a desejar. Fusari; Ferraz (2009), afirmam que a Arte age como formadora de mentes pensantes, sendo assim, qualquer pessoa que tenha acesso ou exerça alguma pratica artística, por conseguinte, consegue observar e analisar profundamente os fatos de situações coletivas ou individuais, mostrando, dessa maneira, a relevância que cada pessoa pode configurar dentro da sociedade. Para estes autores, o ensino de Arte traz, sobretudo, uma contribuição ao âmbito social das pessoas possibilitando a compreensão do ambiente em que se encontram na sociedade. Para Fusari; Ferraz (2009) a produção artística é algo natural do ser humano, nasce com ele, o homem está sempre criando novas possibilidades e formas de expressar seus mais intensos e secretos sentimentos e angustias, criando assim novos caminhos, novas formas de ver a vida que podem contribuir para o equilíbrio emocional e social.

Todo ser humano é artista, está sempre a criar novas formas para expressar o mundo e abrindo novos caminhos. Para ele a solução única, óbvia, não satisfaz. Ele vai usar sua possibilidade natural de explorar o mundo, o pensamento divergente. Ele necessita marcar como cada ação e está sempre pronto e atento às possibilidades de renovação, renovando-se a cada instante. É sua forma de participar do

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37 movimento do universo, movendo-se ele próprio e, muitas vezes, contribuindo para orientar o movimento (FERRAZ; FUSSARI, 2009, p. 89).

Assim, a Arte no entendimento dessas autoras possibilita aos indivíduos novas maneiras de aprendizado e aquisição de conhecimento em suas relações diárias. Logo, entende-se que, a Arte é essencial na vida humana não apenas no processo de aprendizagem, mas para o desenvolvimento integral, cognitivo e criador de cada pessoa. Durante as últimas décadas vem se discutindo a incorporação da cultura no processo de ensino-aprendizagem, alguns educadores e movimentos sociais, lutam para que suas culturas sejam legitimadas como essências e co-participante no processo de ensino. A Arte é um elemento que nutre todo o processo cultural e educacional e que tem um papel de suma importância na formação de um indivíduo crítico e socializado.

Fazendo referência a presença da Arte no contexto educacional Fusari; Ferraz (2009), observam que a educação através da Arte é, na realidade um movimento

[...]um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. “Valorizando no ser humano os aspectos intelectuais, morais e estéticos, procurando despertar sua consciência individual, harmonizada ao grupo social ao qual pertence (FERRAZ; FUSSARI, 2009, p. 89).

Com isso, estes estudiosos assinalam que por meio da Arte o ser humano consegue expressar os seus sentimentos e ideias, colocar a criatividade em prática, para que o seu lado afetivo seja realçado. Desse modo, a Arte nunca deveria ser excluída dos currículos educacionais, muito pelo contrário, deveria ser trabalhada na escola de forma mais efetiva e em todas as series de todos os níveis educacionais, pois a mesma amplia o conhecimento e a criticidade dos alunos em relação a diversas situações cotidianas.

A definição ou o conceito da Arte vão além das possibilidades de manifestação, de expressão e de superação que esta apresentou durante no decorrer da sua trajetória. A Arte faz parte da realidade humana e é reflexo dos aspectos cotidianos, independentemente de ser produzida como expressão de

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38 um sentimento, representação de realidade, crítica às situações mais diversas ou outras representações que o artista queira manifestar. Barbosa (2013) afirma que o contato com a Arte em diversos momentos históricos amplia a visão de mundo e ao mesmo enriquece o repertório estético e propicia uma cultura de tolerância, de valorização da diversidade, de respeito mútuo entre diversas instâncias inclusive no âmbito escolar.

A arte se dá pelos sentidos, buscando o prazer sensual e as emoções causadas pela percepção destes, em forma de representação a partir de experiências do fazer, do representar e do apreciar, contribui para uma constante reflexão, transformando as pessoas em pesquisadoras de si mesmas, do outro e das manifestações culturais expostas em todo o mundo. (BARBOSA,2013, p.90)

Barbosa (2013) salienta que através da Arte o educando possui a oportunidade de fazer, representar e de apreciar as diversidades encontradas nas linguagens artísticas, ampliando dessa maneira o desenvolvimento intelectual ganhando a possibilidade de perceber com eficiência o mundo a sua volta. Dessa forma, concluímos que a Arte se configura como cultura, e, portanto, a mesma é fruto de sujeitos que expressam sua visão de mundo, visão esta que se manifesta nas diversas concepções, princípios, espaços, tempos, vivências e valores e relações individuais e sociais.

Conforme assinala Barbosa (2013), o ensino de Arte desenvolve a capacidade cognitiva do envolvido, ampliando suas ideias, pensamentos e sentimentos em diversos contextos. Ou seja colabora com o desenvolvimento expressivo do discente, pois explora a sua criatividade, tornando-a um indivíduo mais sensível e que vê o mundo com outro olhar.

A arte na educação constitui, pois, meios para a construção da aprendizagem, uma vez que a abordagem contemporânea da arte na educação está associada ao desenvolvimento cognitivo imaginação criadora, integrando as linguagens artísticas nas atividades, como a música, as artes cênicas, as artes visuais e a expressão corporal. (BARBOSA, 2013.p.8)

Diante da colocação de Barbosa (2013), concluímos que o estudante deve ser incentivado a observar, a criar e a conduzir seu olhar para novas

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39 experiências que o levem à pesquisa e ao conhecimento como base necessária para seu pleno desenvolvimento cognitivo e social. Embora a presença da Arte na educação se constitui positivamente como mecanismo de aprendizado, conforme Larrosa (2003), em muitas instituições está sendo desvalorizada e colocada apenas como momento de repouso das outras disciplinas que são consideradas mais importantes, ou como um mero recurso para enfeitarem datas comemorativas no decorrer do ano letivo.

Compreendemos a escola como uma instituição social de extrema relevância na sociedade, pois a mesma possui o papel social de fornecer preparação intelectual e moral aos alunos e inseri-los na sociedade. Diante disso, Martins (2000), observa que na escola é onde os indivíduos começam a ter as relações para além da família, ou seja, passa a conviver com pessoas de diferentes raças, cor, etnia, religião, cultura e a se constituir socialmente.

Frente a isso, entendemos que a Arte possibilita justamente que o indivíduo amplie o seu conhecimento frente a diversas instâncias sociais. Logo, conforme Libâneo,(2009),

A escola é uma organização em que tanto seus objetivos e resultados quanto seus processos e meios são relacionados com a formação humana, ganhando relevância, portanto, o fortalecimento das relações sociais, culturais e afetivas que nela têm lugar. (LIBÂNEO,2009, p.45).

Conforme esse autor a escola é um espaço a pelo qual uma sociedade molda os indivíduos que a constituem dando lhes novas significações, valores, saberes e interpretações do mundo. Além disso, para esse estudioso, a organização desta se constituem através do conjunto das normas, condições e dos meios utilizados para assegurar o seu bom funcionamento de modo que alcance os objetivos educacionais esperados.

Neste contexto, frente a importância da escola como agente transformadora na vida dos indivíduos Martins (2000) salienta-nos que o ensino de Arte precisa ver valorizado e ensinado com eficiência. O ensino de gravura, por exemplo, proporciona um vasto campo de estudos e contribui para a integração entre a escola e a sociedade, através da constituição do trabalho individual bem como do de equipe.

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40 Além disso, o autor salienta que até hoje, a educação de Arte no Brasil sempre está em constante transformação. Desse modo, é necessário que professor de Arte tenha um bom desempenho nas aulas ministradas para garantir o interesse dos discentes e ampliar o seu processo de ensino aprendizagem, mas para isso é “preciso estimular principalmente porque as escolas precisam de professores de Arte habilitados no ensino fundamental das series finais, médio e ensino de jovens e adultos” (MARTINS,2000, p. 200).

Neste sentido, o autor segue afirmando que quando o professor não demostra interesse nas atividades realizadas muitos estudantes também terão tendência de ficar desestimulados, pois suas aulas não chamam atenção, e nem são motivadoras.

Em sala de aula muitos estudantes quando vão fazer uma atividade de desenho, por exemplo, falam logo que não sabem desenhar e que seus desenhos são feios, essas e outras desculpas, que observamos seriam só uma falta de motivação. A rotina nas aulas as vezes se tornam cansativas, sabemos que no ensino fundamental os adolescentes gostam de desafios, cujo este é proposto pelo professor de artes. (MARTINS,2000, p. 202).

Dessa forma,observa-se que ne os professores de Arte precisão trazer aos estudantes atividade pedagógicas mais significativas, as quais realmente estimule o seu interesse e participação nas aulas dando lhes autonomia e liberdade de expressão.

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41 2.3 O ensino de gravura nas aulas de Artes

Reconhece-se no cenário atual que para realizar uma proposta pedagógica sobre o ensino de gravura existe a necessidade de resgatar inicialmente alguns apontamentos da história da gravura, para propiciar aos estudantes uma melhor compreensão da linguagem empregada e adaptada a esse ambiente escolar e como se manifesta a sua dimensão histórica. Gravar é uma atividade utilizada desde a antiguidade, em praticamente todas as culturas. Desde a pré-história, era presente a ideia de produção de riscos, ranhuras e incisões.

De um modo geral, pode-se dizer que a gravura nasceu na caverna do homem da pedra, avançou na escuridão dos tempos pré-históricos, decorou palácios do velho Egito e templos dedicados aos mais variados deuses. Historicamente, a origem da gravura se confunde com as origens da impressão. A gravação em pedra ou madeira usando uma matriz para a impressão é conhecida pelos chineses desde o século II (FAJARDO; SUSSEKIND; VALE,1999, p. 11-12)

Quando o estudante/artista escolhe uma técnica, seus resultados estão vinculados diretamente a produção da obra de Arte. Nessa perspectiva, podemos observar que na construção de uma gravura têm um embate entre a matéria e a ideia, o qual proporciona um rico universo para a criação artística.

A elaboração de uma gravura, assim como de qualquer obra de arte, é acompanhada de uma intensa atividade mental. À manifestação no plano material corresponde uma rede de associações, influências, memórias, anseios, conhecimentos, reflexões que, justamente ao realizar-se, atinge a máxima concentração e exigência: torna-se forma. É um processo vivo, cuja consequência é a própria obra. (TORRES,2013, p.3)

Além disso, o estudioso segue salientando que o processo de criação de uma obra de Arte se configura em um processo de grande complexidade, uma vez que, este começa por uma ideia inicial, onde intensifica uma atividade mental influenciado pelas suas vivencias e experiências para chegar a materialização existe muita reflexão onde ele acessa e rebusca em suas memórias para formular seu desejo, essas associações internas principia sua

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42 exteriorização com diversos esboços que são plasmados na preparação da matriz, pela elaboração da imagem representativa da ideia formulada, por meio do material e ferramentas adequadas, finalizando com a entintagem, escolha do papel e impressão, percebemos então, que existe a possibilidade do aluno/artista criar de maneira convencional ou de subverter a maneira tradicional de fazer gravura, como observamos em palavras de Torres que expressa a misterioso embate que ocorre no processo de execução da Gravura entre a ideia que tem com veículo as mãos, que representam o domínio técnico sobre a matéria:

A gravura, mais do que qualquer outro poema, remete-nos ao processo de criação. O mistério da luta entre mão e matéria acompanha essa vontade do gravador em ir ao minúsculo das coisas, provocando a competição da matéria negra e da matéria branca, entre o sim e o não, entre a luz e a cor. (TORRES,2013, p.3)

Nessa perspectiva, existem considerações importantes de outros autores, para Costella (2006), a palavra gravar está extremamente relacionada com a gravura, pois gravar é uma denominação genérica que engloba uma infinidade de ações, por exemplo “quando se grava pode-se fazê-lo de modo que o objeto gravado seja ele mesmo a obra final” (COSTELLA, 2006, p.18).

Neste caso o objeto gravado não representa o momento final do processo. Quando se finaliza a gravação do objeto, na verdade se obtém uma matriz, isto é algo que dará nascimento as cópias. (COSTELLA,2006, p.18).

É possível trabalhar a gravura na escola valendo-se das discussões sobre metodologias de ensino da Arte, tendo em vista que os professores devem estar sempre atentos as novas práticas de perspectivas de ensino.

Além disso, o autor defende a ideia de que a vivência dos processos artísticos depende da forma de orientação dos profissionais que atuam nas áreas especificas. Sendo que o professor de Arte, deve habilitado na área especifica de formação, isso facilitará para que consiga favorecer os saberes práticos e teóricos para os estudantes nas aulas de Artes como é o caso do uso da gravura em sala. Assim, para montar uma oficina de gravura Martins (2000)

Referências

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