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Nunca tive habilidade para escrever. Tenho esta página

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Academic year: 2021

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EDITORIAL

Manoel Canuto

N

unca tive habilidade para escrever. Tenho esta página para colocar alguns dos meus pensamentos e os colo-co sempre preocupado em ser bíblicolo-co e colo-confessional, pois subscrevo os padrões de fé de Westminster e amo as Três Formas de Unidade das Igrejas Reformadas. Mesmo sem muito “jeito” para escrever tenho me mantido dentro de uma “teimosia” talvez herdada de meus pais, porém muito mais por ser lembrado e cobrado constantemente pela Palavra de Deus. Na verdade acho que posso ainda dar uma mui pe-quena participação no crescimento do reino de Deus, mesmo tendo algumas vezes pensado em desistir e outras vezes de-safiado a continuar. Desistir do quê, e dede-safiado a continuar o quê? A continuar com este periódico e com a realização do Simpósio anual “Os Puritanos”, a conversar e aconselhar os mais jovens, a compartilhar e aprender com os mais velhos e experientes; continuar a conclamar os crentes a reverem seus caminhos e suas práticas cristãs, sua vida; continuar a estu-dar a doutrina santa da Palavra de Deus numa perspectiva bíblico-confessional, olhando para nossos guias do passado, para os reformadores, e principalmente para Jesus o autor consumador de nossa fé. Hoje tenho visto muitos buscarem o conhecimento e se deleitarem nas pesquisas e na leitura de bons livros de autores reformados, de pensadores calvinistas, de sites e blogs que procuram disseminar (mesmo que com vaidade pessoal a legítima fé reformada. Mas tenho ficado triste com algumas atitudes evidenciadas naqueles que lutam por uma reforma na Igreja:

1. Desprezo pelas Confissões Reformadas 2. Desprezo pela fé experimental

3. Desprezo por uma disciplina de vida (cristã. 4. Desprezo por santidade e vida de pureza 5. Postura hipercrítica e soberba

6. Orgulho intelectual

7. Mundanismo na vida, no lar e na Igreja

8. Anseio por novidades teológicas, não confessionais 9. Falta de temor a Deus

10. Falta de unidade e comunhão

Fico muito triste quando hoje começa a aparecer aqueles influenciados por pensamentos hiper-calvinistas, hiper-pactu-antes, contrários à livre oferta do evangelho; alguns poucos neo-calvinistas ligados aos pensamentos de filósofos como Dooyeweerd. Aqueles que são contra os princípios reforma-dos sobre a adoração bíblica, sobre Dia do Senhor; aqueles que são contra as posições confessionais acerca do divórcio e novo

casamento; os que são contra a posição da tradição reforma-da com respeito à participação reforma-da mulher na igreja e outras coisas mais que dividem os reformados e a Igreja de Cristo.

No entanto, o que mais me tem preocupado é o mundanis-mo latente em nossas igrejas. Quando falo sobre isso me lem-bro de uma amigo e pastor americano reformado que em uma de suas palestras afirmou que era necessário termos hábitos santos. Ele falava de uma vida piedosa. O que me incomodava era a palavra “hábito”. O que me vinha sempre à cabeça era que não podemos e não devemos ter hábitos, mas vida san-ta. Sempre achava que ter hábito era ser fariseu e hipócrisan-ta. Mas agora entendi que os santos devem ter disciplina de vida, costumes puros de mente e coração que se manifestam na vida cristã sadia — hábitos santos. Temos de confessar que a nossa cultura evangélica não tem hábitos e costumes cristãos e sim mundanos. A comunidade protestante não sabe o que é hábito de fazer culto doméstico com regularidade, não sabe o que é ter hábito de guardar o dia do Senhor, hábito de orar e ler a Palavra regularmente, hábito de memorizar as Escrituras, hábito de se vestir como um cristão, de falar como um cristão, de ser disciplinado naquilo que vê (TV, cinema. a ser puro no namoro, hábito de dizer “não” quando é tentado a dizer “sim”, hábito de chegar casto ao casamento. Com vergonha digo isso e mais ainda me envergonho quando cobramos isso dos mem-bros de nossas igrejas, quando não as praticamos.

Mas Paulo diz que o evangelho é educativo, pedagógico (“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensa-ta, justa e piedosamente” – Tito 2:11-12.; o Evangelho ensina, não somente por meio de informação e instrução, como um professor faz com seus alunos, mas por meio de preceitos e ordenanças, como um Rei que dá as leis aos seus súditos. Ele orienta sobre o que se deve fazer e o que não se deve fazer. O Evangelho não é uma mera especulação, mas é algo experi-mental para ser vivenciado, e nos traz orientação correta para a vida. O Evangelho nos ensina a que? A renegar “a impiedade e as paixões mundanas”, e viver “no presente século, sensata, justa e piedosamente”.

O evangelho nos ensina não so mente a crer e esperar de maneira saudável, mas tam bém a viver de maneira saudável e pura neste presente século — com o hábito de ser puro!

Boa leitura.

Hábito de Ser Puro

REVISTA OS PURITANOS

Ano XVIII - Número 1 - 2010

Editor Manoel Canuto mscanuto@uol.com.br Conselho Editorial

Josafá Vasconcelos e Manoel Canuto

Revisores

Manoel Canuto; Linda Oliveira Tradutores

Linda Oliveira; Marcos Vasconcelos, Márcio Dória, Josafá Vasconcelos

Projeto Gráfico e Capa Heraldo F. de Almeida Impressão

Facioli Gráfica e Editora Ltda. Fone: 11- 6957-5111 — São Paulo-SP

OS PURITANOS é uma publicação trimestral da CLIRE — Centro de Literatura Reformada

R. São João, 473 - São José, Recife-PE, CEP 52020-120 Fone/Fax: (81) 3223-3642

E-mail: ospuritanos@gmail.com

DIRETORIA CLIRE: Ademir Silva, Adriano Gama, Waldemir Magalhães.

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Pureza em uma

Época de Impureza

“Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem

mácula” (Hb 13:4)

Rev. Michael Ives

E

u quero abordar um tópico bastante delicado. Espero que vocês sejam respeitosos e maduros quanto a este assunto, porque ele não é em nada uma matéria para nos fazer sorrir. É um assunto muito sério que a igreja deve abordar se for fiel a Cristo, seu Senhor e Salvador.

O que eu desejo falar é sobre o problema bem ver-dadeiro de se preservar puro, corpo e alma, das tenta-ções sexuais. Eu vou usar o termo “intimidade marital” ao invés de “sexo” porque muitos empregam a palavra “sexo” hoje em dia de um modo que é muito distanciado do sagrado matrimônio, que é o único lugar que Deus planejou para o sexo acontecer e ser celebrado. Mui-tos pensam que podem retirar esta rosa do canteiro matrimonial, colocá-la em qualquer lugar que desejem, e esperar que ela floresça e permaneça sempre bela e fragrante. Eu, porém, não posso falar deste tópico de uma maneira estéril e fria. No momento em que você corta esta rosa da intimidade marital do seu canteiro e a coloca em qualquer outro lugar, sua beleza e graça fenecem. Isto é trágico, jovens, e vocês e eu não deverí-amos querer qualquer parte dela.

Intimidade é uma palavra compreensiva que envolve as coisas iniciais mais simples tais como envolvimento emocional e exibição pública de afeição; é todo um ca-minho para aquilo que chamamos consumação. O ideal do casamento é muito mais do que aquilo que acontece na noite de núpcias. Se não há intimidade mais ampla no casamento, você pode ter certeza de que a mera união física não manterá o casamento intacto.

Assim, qual é o problema? O problema é que a in-timidade marital é abusada em nossa cultura sensual, e vocês e eu estamos correndo o perigo de cairmos presas desse abuso. A intimidade marital é abusada quando ela tem lugar antes do casamento, fora do ca-samento, com múltiplos parceiros, ou com alguém do

mesmo gênero. Ela não é abusada apenas quando nós fazemos coisas sujas com outros, mas também quando as fazemos através do uso de imagens publicadas, ou na tela, ou mesmo no teatro dos nossos próprios corações. Certamente vocês não são máquinas frias, são? Alguns de vocês têm sentimentos e desejos fortes. Vocês co-nhecem o seu lado escuro, o que passa pela sua mente quando ninguém, a não ser vocês e Deus, estão presen-tes. Alguns de vocês não ousam mencionar certas coisas para ninguém porque ficariam muito envergonhados e embaraçados.

Mas, a resposta não é ignorar o problema, é? Há um “elefante na sala”, como se diz, e nós não podemos admitir que não esteja lá. A Bíblia aborda este problema diretamente em muitos e muitos lugares. E, por quê? Porque Deus fala dos nossos problemas.

Nem é a solução dizer que a própria intimidade não é algo normal ou natural e que deve ser desprezado. Não. Deus fez a intimidade matrimonial e tudo o que ela envolve. No princípio Ele fez macho e fêmea; Ele os fez complementares um do outro de todos os modos! Deus planejou que eles deixariam seu pai e sua mãe, se junta-riam um com o outro e se tornajunta-riam uma só carne. Ele designou nossos corpos para terem filhos. Deus disse: “Regozija-te com a mulher da tua mocidade” e “embriaga-te sempre com as suas carícias” (Pv. 5:18,19). Ele dis-se: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula” (Hb 13:4). Assim não vamos tentar ser mais santos do que Deus. O problema não é ter sentimentos, desejos e ímpetos; nem é problema o buscar satisfazê-los. O problema é fazer mau uso deles, satisfazendo-os por meios errado e em ocasiões erradas. Assim eu quero tratar das soluções. Comecemos com o mais importante e caminhemos de lá para o próximo e o próximo, e assim por diante. Se eu tentar me fixar nos problemas do telhado quando é o alicerce que realmente necessita de reparos, eu estou trabalhando de trás para frente. Assim vamos iniciar onde é mais importante.

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Rev. Michael ives

Novo Nascimento

→ Eu desejo

co-meçar com o novo nascimento. Veja, o seu maior problema não é ter desejos. Deus fez os hormônios e Deus não faz coisas ruins! Porém nosso problema é nossa corrupção espiritual que torce e distorce estas boas coisas. O âmago do nosso problema é interior. O problema do coração é o coração do problema. Jesus disse em Mateus 15:19,20, que o coração humano é um esgoto de lixo e sujeira: “Porque do coração proce-dem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, fornicações, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias; são estas coi-sas que contaminam o homem” (Mateus 15:19,20). Jovens, vocês não serão ca-pazes de esperar, de ter paciência, de resistir à tentação e seguir a vontade de Deus no que diz respeito à pureza, até que vocês sejam novas criaturas. E ain-da que sejam capazes de controlar-se exteriormente, isso será desagradável a Deus porque não é feito com um desejo verdadeiro de glorificá-lo. No último dia ele exporá e punirá todos aqueles que apenas externamente forem limpos, mas internamente estiverem “cheios de ossos de homens mortos”. Deus co-nhece os seus corações, não coco-nhece?

Talvez você seja jovem e vivo e cheio de vida. Você é saudável, você é ativo nos esportes. Você tem troféus e me-dalhas para mostrar. Pode parecer-lhe que viverá para sempre. Mas, você está novo interiormente? Você tem um co-ração que é sensível ao Senhor como o rei Josias? Como Samuel você tem um coração que responde quando Deus fala? Como José, você tem um cora-ção que se preocupa com o que Deus vê, mesmo quando ninguém mais está olhando? Não? Então você está “morto em vida”. Seu coração é velho e deca-dente. Está endurecido no pecado. Seu coração físico bate com vigor, sim, mas seu coração espiritual está tão sem vida como uma pedra! É de surpreender, en-tão, que seu coração e sua vida estejam

tão cheios de sujeira? É de surpreen-der que você corrompa o plano de Deus para a intimidade marital? Deus não vê aparências, mas, ele vê o coração.

Deus pode dar-lhe um coração novo. Você próprio não pode fazer isso, pode? Talvez você tenha tentado e falhado. Você falhará sempre, se tentar. Mas, o que poderá fazer? Traga para Jesus seu coração morto, sujo, e diga: “Senhor, se queres, podes me tornar limpo”. Tenha coragem. Jesus diz: “Aquele que vem a mim de modo algum lançarei fora”. Assim, se você vier hoje, Jesus diz a você e ao seu coração sujo: “Eu quero, sê limpo!”. Isso, meus amigos, é o cerne da solução.

Solução Natural — Casamento

Mas, deixe-me dizer algo mais. A solu-ção imediata para o problema das nos-sas tentações de usar maI os nossos corações e corpos é aquela que é mui-to natural: o casamenmui-to. Se a solução primária é um coração novo, a “solu-ção secundária” é a ordenança visível que Deus fez em parte para aliviar as pessoas destas pressões. O casamento é a válvula de escape natural para a energia que se forma dentro de nós. O apóstolo Paulo escreveu em 1 Coríntios 7: 1,2: “Quanto ao que me escrevestes”, ― note que havia um problema óbvio na igreja de Coríntio, ou eles não es-tariam pedindo a opinião do apóstolo ― “é bom que o homem não toque em mulher”. Ou seja, bom é permanecer solteiro para servir ao senhor, como Paulo fez. “Contudo”, ele diz, “cada um tenha sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”. Se alguém “não pode dominar” seus desejos, ele diz no verso 9 “que se case”. Por que? Porque “é melhor casar do que viver abrasado”. Resumindo, esse é o remédio de Paulo. Você está ardendo e não pode perma-necer celibatário? Então, de qualquer forma, case-se!

Eu quero que vocês pensem um pou-co sobre isto, jovens. Deus não é tirano cruel, tendo prazer na tortura das suas

criaturas. Ele não nos criou com desejos e sentimentos, apenas para termos que negá-los e reprimi-los. Por que Ele nos daria uma função que jamais pretendeu que a usássemos? É como dizer: “Este veículo foi projetado com capacidade para quatro rodas. Oh, mas você não pode jamais usá-lo assim!”.

Agora, alguns de vocês podem ter sido chamados por Ele para uma vida de celibato. Isso, porém é um dom, e nem todo mundo o tem. ‘Verdade que alguns de vocês encontrarão a capaci-dade de controlar seus desejos de tal modo que não acharão o casamento necessário. Assim você pode estar apto a servir a Deus mais diretamente, como fez o apóstolo. Mas lembre-se, contudo, que isto é uma exceção à regra. O pa-drão normal é encontrado em Gênesis 2:24: “Por isso, deixa o homem seu pai e sua mãe e se une à sua mulher, tomando-se os dois uma só carne”.

O casamento é designado para o alívio das nossas paixões, como disse Paulo, mas não é a droga milagrosa que faz desaparecer todas as impurezas do coração. Se fosse, não haveria adultério ou divórcio neste mundo. Assim jovem, busque primeiro o seu Deus, e então busque a sua esposa. E deixe-me enco-rajá-lo; você será abençoado se colocar Deus em primeiro lugar. O Salmo 37:4 promete a você: “Agrada-te do Senhor e Ele satisfará os desejos do teu coração”.

Talvez isto levante mais interroga-ções para você. Como farei para en-contrar um esposo ou esposa apropria-dos? Como me manterei puro diante de Deus enquanto espero que venha esse alguém especial? Ou, como recobra-rei a pureza depois que tiver pecado? Deixe-me pelo menos tentar começar a responder estas perguntas incômodas. E esteja certo de que não é o primeiro a fazê-las.

O que fazer?

→ Assim, primeiro como

vou encontrar uma esposa ou um mari-do? Quero dar-lhe umas poucas linhas

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PuRezaeMuMa ÉPOcade iMPuReza

de conselho. Ponha primeiro as primei-ras coisas. Se você é uma nova criatu-ra em Cristo, Cristo deve ser primeiro. Busque primeiro Seu reino e Sua justiça, e todas estas coisas serão acrescenta-das a você.

a) Porém há um lado muito prático à esta regra, também. Ponha primeiro as primeiras coisas ― em sua vida. Ca-samento requer maturidade. Muitíssi-mas pessoas pulam direto para dentro do casamento sem a maturidade que ele requer. Também poucos jovens se perguntam: como vou prover uma es-posa e filhos? Que nível de educação eu necessito? Que tipo de emprego é mais apropriado às minhas habilidades para ganhar uma vida decente? Posso real-mente manter um casamento neste pon-to da minha vida se ainda preciso da aju-da financeira de papai e mamãe? Muito poucas jovens perguntam a si mesmas: tenho realmente um plano para pagar todo custo escolar? Posso ter uma car-reira durante vinte anos com mais de um filho para cuidar? Poucas jovens têm realmente a maturidade para responder e muito menos para perguntar-se sobre estas questões. E, entristece -me dizer, tudo isto é muito comum na igreja.

Desejo pergunta-lhes se vocês são res-ponsáveis o bastante para o casamento? Responsabilidade para o casamento não significa ter todas as respostas. O matri-mônio é uma experiência de aprendizado. Contudo, ela requer um bom plano bem idealizado, baseado em princípios de sabedoria e experiência, que o habilitará a ser financeiramente independente dos outros (tanto seus pais quanto o estado), ter o sustento para vocês mesmos e para quaisquer crianças que Deus possa dar-lhes, e serem maduros o suficiente para se firmarem juntos através dos bons ou maus momentos. Você está pronto para esta responsabilidade, meu jovem ami-go? Se não, não se case ― prepare-se! Você precisa de sabedoria e Deus a tem em abundância; Ele a dará se você pedir.

Se o que eu estou dizendo faz sen-tido, então eu sugiro que você não deve se envolver em namoros casuais (“ficar”). Namoro casual é “a escrita na parede”1 para muitos jovens, incluindo

jovens de círculos cristãos conservado-res. Nos namoros casuais não há com-promisso firme, nenhum objetivo firme e nenhuma linha firme de conduta. As pessoas entram e saem destes relacio-namentos com várias

pessoas. Mas não é nestes namoros ca-suais que se busca e encontra um cônjuge para toda uma vida! Se você não está pre-parado para comprar um anel de noivado e estabelecer uma data de casamento, por que iniciar o cami-nho? E especialmen-te, rapaz, se você não está pronto para sus-tentar uma outra pes-soa e ter filhos, você não está “pronto para comprar”. Então, por que vai “às compras?”.

Por que, em lugar disso, não cultiva ami-zades inocentes, amiami-zades que possam ser “revisitadas” com seriedade logo que estiver numa boa posição? Assim, para recapitular, ponha as primeiras coisas, primeiro.

b) Segundo, envolva seus pais. Eles não são seus inimigos, mas seus ami-gos. Eles já passaram por isso antes. Se você não respeita os seus pais, não os envolva no seu “arranjo” de buscar um parceiro, ou na escolha desse parceiro. Você irá sozinho e provavelmente “dará de cara no chão”. Rapazes, vocês vão ser movidos por uma moça atraente que é desprovida de santidade. Senhoritas, vocês ficarão muito impressionadas por aquele tipo “alto, moreno, simpático” e dissimularão seu mau temperamento,

sua irresponsabilidade e o seu verdadei-ro pverdadei-ropósito ao desejar ter um encontverdadei-ro com vocês. Claramente falando, se vocês deixarem seus pais “de fora”, vocês serão os perdedores no final de tudo. Honra teu pai e tua mãe para que os teus dias sejam prolongados ― e felizes.

c) Por último, levante alto o seu estan-darte. O casamento é uma daquelas pou-cas e maiores decisões na vida, da qual você não pode mudar uma vez realizada, e que tem um impacto maior sobre todas as demais coisas. Leia a Bíblia para desco-brir que espécie de cônjuge deve buscar. E não negue o óbvio apenas porque dese-ja tanto que tudo dê certo. Você vai sentir muito se o fizer.

Como permanecer

puro(a)?

→ Agora,

vamos voltar para a próxima grande questão. Como per-maneço puro(a) se tenho que esperar? É tão difícil esperar!

Apegue-se aos maiores meio de gra-ça. Leiam e estudem suas Bíblias regu-larmente e no decorrer do dia orem ao Senhor ― “Não nos deixes cair em ten-tação, mas livrai-nos do mal”. Faça sem-pre questão de estar na igreja, para ser alimentado (a) pelo Pão da vida. Seus pais podem não estar por perto para as-segurar-se de que você levantou-se da cama na manhã do domingo. Mas você deve! Se não o fizer, estará deixando sua alma definhar e tornar-se susceptível até mesmo às menores tentações.

E há algumas poucas coisas que vocês não devem fazer se querem permanecer puros enquanto esperam por aquele al-guém especial. Não sejam descuidados a respeito daquilo que observam, olham

...se você vier

hoje, Jesus diz

a você e ao seu

coração sujo: “Eu

quero, sê limpo!”

Isso é o cerne

da solução.

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e ouvem. “Lixo dentro, lixo fora”, como se diz. Se vocês olham para as coisas sujas, vão piorar o problema que vocês já têm. Não lhes dêem acolhida porque elas o destruirão ― “Levantai-vos e ide-vos embora, porque não é lugar aqui de descanso; ide-vos por causa da imundícia que destrói, sim, que destrói dolorosa-mente” (Miquéias 2:10)! Uma olhadinha tornar-se-á num olhar mais longo, e um olhar mais longo se transformará num hábito ― e, antes que percebam, estarão escravizados. Não vivam na beirinha do precipício ou cairão. Façam um voto a Deus como Davi no Salmo 101: 3: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos”. Não sejam descuidados.

Não atraiam o tipo errado de pes-soa ― ou o tipo errado de respostas no tipo certo de pessoa ― pelo modo como vocês agem e se vestem. Em outras palavras, observem os sinais que estão dando aos outros, porque os outros es-tão observando.

Não sejam preguiçosos. A ociosidade é solo fértil para a sujeira (2 Sm 11:1,2). Deus os chama para trabalhar com as suas mãos no que é bom de modo a te-rem algo para dar a qualquer um que esteja necessitado. Sejam diligentes nos seus estudos. Se têm algum emprego, trabalhem bem. Economizem. Desen-volvam hábitos sólidos de trabalho vi-goroso. Não fiquem acordados até tarde toda noite. Noite alta é esconderijo de tentações. Vá para cama, levantem-se num horário conveniente, e ocupem -se.

Não se isolem. Desenvolvam boas amizades com cristãos sérios, jovens do mesmo sexo. Se vocês têm um amigo ín-timo, peçam-lhe para orar por vocês, por contenção, paciência e pureza enquanto vocês esperam por uma esposa.

E por favor, não enveredem pelo cami-nho da intimidade física com alguém. Isto tem sido a triste experiência de alguns que começaram algo que não puderam controlar. Não se façam de bobos, é duro controlar a intimidade. E se não tiverem

cuidado podem ser deixados com cicatri-zes que durarão pelo resto das suas vidas.

Ao mesmo tempo, quero dizer tam-bém, não adiem desnecessariamente o casamento. Talvez alguns de vocês te-nham altos e soberbos planos para si mesmos. Vocês desejem seu diploma e sua profissão em posição bem estrutura-da. Mas vocês estarão também lutando com sérias tentações. Talvez exista uma amiga especial em sua vida que deva ajudar e isto pode significar mudança de direções e não conclusão daquele grau de Máster ou talvez não o consiga absolutamente.

Não pretendo responder todas as suas perguntas específicas ― para isto é que você tem pais, pastores, diáconos e amigos confiáveis.Mas, não seja irre-alista consigo mesmo. É “melhor casar do que abrasar”.

A última pergunta que devo respon-der é como recobrar minha pureza de-pois de pecar? Eu estou pensando espe-cialmente naqueles que caíram em sérios pecados da carne. Talvez você tenha feito o que jamais sonhou que faria. Você está tão envergonhado e está com medo de quem poderá descobrir. Talvez haja uma gravidez envolvida. Mas enquanto sua vida foi virada de cabeça para baixo por um momento de fraqueza, ainda há es-perança. Há esperança para você. Paulo diz em 1 Timóteo 1: 15: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Se Deus pode salvar o pior dos pecadores, ele pode salvar você. Ele pode perdoar, lavar, e limpar você daquela sujeira, da imun-dície que se agarrou à sua alma. Jesus não derramou seu sangue por pessoas limpas, mas pelas sujas. Oh, seu sangue, o seu precioso sangue, pode lavá-Io! Olhe meu amigo, olhe para o sangue daquele inocente Cordeiro de Deus.

Ó agora eu vejo a onda que limpa, A fonte profunda e vasta! Jesus, meu Senhor, com poder eficaz para salvar,

Aponta para o seu lado ferido. A corrente que limpa, eu vejo, eu vejo! Eu mergulho e Oh! Ela me lava!

Eis o cordeiro que tira o pecado de mundo ― e Ele pode remover o seu hoje. Não há apenas esperança de perdão, mas também esperança de mudança. Em 2 Coríntios 5: 17, lemos: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. Seu espírito renova tudo. O novo nascimento é um começo novo, e você pode pôr-se em marcha. Sim, você pode começar hoje pela graça de Deus. Se algumas destas coisas tocaram o seu coração vá e não peque mais. Mas se você recebeu esse sangue e Espírito, você deve fazer as coisas boas. Isto não será fácil, mas será bom para você, para o seu amigo, e para os outros. Você deve confessar os seus pecados.

Nós lemos sobre aqueles pecadores arrependidos vindo para João Batista, e eles “eram batizados por ele no Jordão, confessando os seus pecados” (Mt. 3:6). Certamente seus pais devem saber. Em Provérbios 28:13, nós lemos: “O que en-cobre as suas transgressões jamais pros-perará; mas o que as confessa e deixa al-cançará misericórdia”. Há misericórdia para aqueles que confessam seus peca-dos e os deixam. Oh, há misericórdia. E asseguro-lhe que o fardo cairá dos seus ombros se você se ajoelhar, pedir per-dão àqueles a quem ofendeu, e procu-re fazer as coisas boas. Mas mesmo se ― Deus o livre! ― eles não perdoarem,

saiba com certeza que Ele perdoa você e não mais se recordará desses pecados.

Para resumir, todo este assunto é duro. Mas a graça de Deus é maior. Onde abunda o pecado, superabunda à graça. Olhe para essa graça e você será santo e feliz agora e a eternidade.

O Rev. Michael Ives é um missionário da Igreja Presbiteriana Reformada de Rhode Island e um gra-duado de PRTS (2005). Ele e sua esposa, Aubrey, são abençoados com quatro filhos.

1Referência à mensagem de juízo contra o rei

Belsa-zar – “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM” Rev. Michael ives

(7)

Disciplina da Pureza

“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em

piedade” (I Timóteo 4:7)

Disciplina da Pureza

B

asta ligar a televisão por alguns minutos para se sentir o calor da opressiva sensualidade de nossos dias. A maior parte da opressão é grosseira. Um ro-tineiro passeio pelos canais de TV revela invariavelmente pelo menos um casal embrulhado em lençois e muito ape-lo erótico. Mas o caape-lor torna-se crescentemente ardiape-loso, especialmente quando seu objetivo é vender. O foco da câ-mera mostra um close em preto e branco num rosto mas-culino cheio de lascívia, sobre o qual é sobreposto um bri-lho âmbar, que então se transforma num reluzente frasco de Obsessão, de Calvin Klein, enquanto o rosto entoa seu desejo. Spots mais recentes exibem imagens cinematográ-ficas com prosa de D. H. Lawrence ― “... para conhecê-lo, para amarrá-lo...” – e Madame Bovary de Flauber passe-ando pelo quarto do seu amante.1 A fumaça sufocante de

sensualidade penetra tudo em nosso mundo!

Apesar de tudo, os sensualistas querem mais. O pro-fessor David A. J. Richard, da New York University Law School (“Faculdade de Direito da Universidade de Nova Iorque), que defende a liberdade para a pornografia mais agressiva, argumenta que “a pornografia pode ser vista como o único meio de sexualidade, a ‘pornotopia’ ― numa versão de deleite sensual em celebração erótica do corpo, um conceito de liberdade fácil, sem consequências, uma fantasia de infinita indulgência repetitiva”.2 Pornotopia?

Agora há uma palavra! Soa como uma nova atração da Disneylândia. Autotopia... Pornotopia... Mundo da Fantasia. “Absurdo!”, pensamos, e é, mas com tristeza constatamos que os argumentos de Richard estão ganhando peso. Não é de admirar que vivamos numa sociedade que transpira sensualidade por todos os poros!

A Igreja não escapou, já que muitas das igrejas de hoje murcharam sob o calor. Recentemente, a revista Leader-ship (“Liderança”) selecionou uma lista de mil pastores. Doze por cento deles haviam cometido adultério, enquanto no ministério – um em cada oito pastores! – e 23 por

cen-to haviam praticado algo que consideravam sexualmente impóprio.3 Christianity Today (Cristianismo Hoje), fez uma

pesquisa entre seus leitores que não eram pastores e des-cobriu que is números dobravam, com 23 por cento decla-rando que tinham relações extraconjugais e 45 por cento indicando que haviam feito algo que julgavam sexualmen-te impróprio.4 Um entre quatro homens cristãos é infiel e

quase metade se comportou de forma inconveniente! Es-tatística chocante! Especialmente quando nos lembramos que os leitores de Christianity Today tendem a ser pessoas instruídas, líderes nas igrejas, presbíteros, diáconos, supe-rintendentes de escolas dominicais e professores. Se isto é verdadeiro na liderança da igreja, quanto mais podemos esperar entre os membros da congregação? Só Deus sabe!

Isto nos leva a uma conclusão da qual não podemos nos desviar: a igreja evangélica, vista com amplitude, é “coríntia” até o âmago. Está sendo cozida no molho de sua própria sensualidade, de modo que: não é de admirar que a igreja tenha perdido suas garras na santidade; que seja tão lenta em disciplinar os seus membros; que seja rejeitada pelo mundo, como sendo irrelevante; que tantos de seus filhos a rejeitem; que tenha perdido sua força em muitos lugares ― e que o islamismo e outras falsas religiões este-jam conseguindo fazer tantos convertidos.

A sensualidade é facilmente o maior obstáculo para a piedade entre os homens hoje, e está se saciando com a devastação na igreja. Piedade e sensualidade se excluem mutuamente, e os que estão em busca de sensualidade nunca poderão se dedicar à piedade enquanto não esti-verem suas garras suadas. Se estamos dispostos a “[nos] disciplinar com o fim de atingirmos a santidade” (1 Tm 4:7), comecemos pela disciplina da pureza. É preciso que haja calor e suor santos.

R. Kent Hugues é pastor da College Church em Wheaton, Illinois. D.Min no Trinity Evangelical Divinity School. Autor de vários livros. 1Mike Singletarry

com Armen Keteyan, Calling the Shots (Chicago/Nova Iorque: Contempora-ry Books, 1986, p. 57). 2 Paul Johnson, Intellectuals (N. Iorque: Harper & Row,

1988, pp. 168 e 169. 3 Leland Riken, The Liberated Imagination (Portland:

Multnomah, 1989), p. 76. 4 MD, “Scriveners’ Stances”, vol. 13, n° 7 (julho de

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A Disciplina da Mente

A disciplina da mente e, obviamente, um dos maiores desafios. E as

Escrituras apresentam-na regularmente como a disciplina dos olhos.

É impossível manter uma mente pura, se você é um “televiciado”. Em

uma semana, você terá visto mais assassinatos, adultérios e perversões

do que seu avô em toda sua vida.

É nesse ponto que a ação mais radical se faz necessária. Disse Jesus: “E

se um de teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrar no reino

de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado

no inferno” (Mc 9:47). Não há homem que permita a podridão de vídeos

proibidos para menores e revistas pornográficas circular em sua casa e

escape da sensualidade.

Jó traz sabedoria para os nossos dias: “Fiz aliança com meus olhos;

como pois, os fixaria numa donzela? (Jó 31:1).Como você acha que Jó

viveria no meio de nosso ambiente cultural hoje? Ele captou a

sabedo-ria de Pv 6.27: “Tomará alguém fogo no seio, sem que as suas vestes

se incendeiem?”. A aliança de Jó proíbe uma segunda olhada. Significa

tratar as mulheres com dignidade ― vendo-as ― com respeito. Se sua

roupa é imprópria, olhe-a nos okhos apenas, e afaste-se o mais rápido

que puder!

A mente também cinge a língua, pois como Jesus também disse:

“Por-que a boca fala do “Por-que está cheio o coração” (Mt 12:34). Paulo é

incisi-vo: “Mas impudicícia e toda sorte de impurezas, ou cobiça, nem sequer

se nomeie entre vós, como convém a santos; nem conversação torpe,

nem palavras vãs, ou chocarrice, cousas essas inconvenientes, antes,

pelo contrário, ações de graça” (Ef. 5:3,4). Não deve haver humor sexual,

vulgaridades e grosserias, como fazem muitos cristãos, para provar que

não estão “por fora”.

R. Kent Hugues é pastor da College Church em Wheaton, Illinois. D.Min no Trinity Evangelical Divinity School. Autor de numerosos livros.

(9)

A Televisão e

Nossas Famílias

Por Rev. J. Lewis

Introdução

N

os idos de 1930 David Saronoff, o presidente da RCA, teve a perspicácia empresarial de inves-tir dinheiro num projeto louco e extravagante chamado televisão. Para dirigir este empenho, a RCA contratou um cientista natural da Rússia chamado Vla-dimir Kosma Zrvorykin e investiu 50 milhões de dóla-res de modo que em 1939 a RCA pode televisionar a abertura da feira mundial de Nova York. Mais tarde naquele ano, a RCA adquiriu a licença para patentear a televisão e começou vendendo aparelhos de televisão aos que eram muito ricos. Antes de 1947 o número de lares com TV poderia ser medido em milhares.

Por volta do final do século XX, 98% dos lares dos Estados Unidos tinham, pelo menos, um aparelho da televisão (Gordman, p. 2). A televisão está aqui para ficar. Qual então deveria ser e reação dos cristãos à te-levisão? Ela é inerentemente má? É um pecado assistir até mesmo os noticiários da TV? Quanto tempo deve um cristão gastar assistindo televisão? Estas são algumas das perguntas que deveriam levantar-se na mente de qualquer cristão consciencioso e piedoso. Meu ponto de vista não é que a TV está completamente errada, como também o rádio e a internet. Contudo, parece-me que estar no mundo, mas não ser do mundo, perdeu sua distinção em muitos lares cristãos de hoje por relaxar a oposição com o mundo (1 Jo. 2:15). “Não ameis o mundo, nem as coisas que estão no mundo. Se algum homem ama o mundo, a amor do Pai não está nele”.

Portão – Olho, Portão – Ouvido.

No livro–alegórico, Guerra Santa, de Bunyan, somos ensinados que a cidade da alma do Homem (que sim-boliza o coração do homem) ficou mais vulnerável pelas entradas do Portão-Olho e Portão-Ouvido (sen-tidos da vista e do som) (p.10). A alma do homem foi

“Não ameis o mundo, nem as coisas que estão no mundo. Se algum homem

ama o mundo, a amor do Pai não está nele” (1 Jo. 2:15)

eventualmente penetrada pelo diabo e seus comparsas através destes dois portões. Assim é conosco. Para sa-lientar isto não é necessário olhar mais longe do que as indústrias de bilhões de dólares de Hollywood e MTV, onde tudo é de uma certa qualidade visual nos acenan-do para “vir e comprar”. Mas o que eles estão venden-do? É moralidade e castidade e os frutos do Espírito? Ou são as mercadorias deste mundo?

Isto, então, presenteia o Cristão com um dilema interessante à medida em que ele vive na cultura vi-gente. Quando a TV é muito? Não acho que exista um número sagrado ou uma resposta precisa que não viole a liberdade do Cristão. Contudo, Jacques Ellul aponta corretamente que “televisão age menos pela criação de noções claras e opiniões precisas e mais por nos envol-ver em uma neblina” (p. 336). David F. Wells diz com respeito aos perigos da televisão que “A televisão abre para nós o mundo inteiro, legando-nos uma onisciên-cia virtual” (p. 230). Através da mídia da televisão nós somos encorajados a ter uma espécie de colonização de experiência onde os pecados e virtudes dos outros são incorporadas dentro de nós. Por meio dos nossos olhos e ouvidos somos incitados a partilhar do pecado dos outros, uma vez removido nosso senso de realidade. O que nós próprios jamais faríamos, prontamente vemos com os nossos olhos e ouvimos com os nossos ouvidos. A. W. Tozer disse certa vez com relação ao Cristão e à cultura mundial:

Por séculos a Igreja permaneceu solidamente contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que ele era — um artifício para gastar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isto ela tornou-se redondamente insultada pelos filhos deste mundo. Mas, ultimamente, ela tornou-se cansada do abuso e desistiu do esforço. Ela parece ter decidido que se não pode conquistar o grande deus Diversão, ela pode igualmente juntar forças com ele e fazer dele o uso que puder dos seus poderes (p. 84).

(10)

Rev. J. lewes

É bem possível que tenhamos nos tornado acostumados a pecar vica-riamente através daquelas coisas que vemos e ouvimos. Porque o homem é corrupto por natureza, nós naturalmen-te queremos ver quão perto podemos chegar do pecado sem realmente tomar parte nele. Dr. Joel Beeke colocou desta maneira: “Por natureza nossa pergunta é: ‘Até onde eu posso ir sem pecar?’ ao invés de ‘Até onde eu posso fugir do pecado e evitar a própria presença do mal?’. No nosso coração mesmo e no centro do nosso espírito de passatem-po, fica a TELEVISÃO. Este é um fato óbvio. Os aparelhos de televisão estão nos lares de 97% dos Americanos hoje e 91% de todo o tempo de televisão é dedicado unicamente ao propósito de entretenimento”.

Enquanto o mundo acena ao Cris-tão para juntar-se ao mal, e Escritura nos diz para “Abstermo-nos de toda aparência do mal” (1 Ts. 5:22). Dr. Joel Beeke dá algumas estatísticas surpre-endentes em seu ensaio literário, É a TV Realmente Tão Má?, mostrando como a TV em geral encoraja o telespectador a ver atentamente as pessoas quebrarem cada um dos Dez Mandamentos.

Dr. Beeke diz:

“Um estudo chegou à conclusão que duran-te o duran-tempo transcorrido até uma criança chegar aos 14 anos, pelo menos 18.000 assaltos e assassinatos violentos aconte-cem diante dos seus olhos. Um outro es-tudo confirmou que a criança média entre cinco e treze anos de idade embebedam-se em 1.300 assassinatos cada ano, de modo que violência, assaltos e assassinatos não mais falam a mensagem do pecado ou as suas consequências. Assassinatos, ódios, ações e palavras violentas assumem o papel de comportamento normal. A mé-dia dos programas para crianças contem trinta e oito atos de violência por hora (programa para adultos: vinte)”.

Ele continua a dizer:

“Nos lares americanos 35% dos horários da refeição são gastos na frente do apa-relho de TV. Cada noite, centenas de pais percebem que os programas que surgem são desmoralizantes e prejudiciais para seus filhos, contudo eles mesmos estão tão famintos para deleitar-se no pecado que estes programas conteem que fre-quentemente deixam seus filhos assisti-los também, não tendo qualquer poder de controle”.

Desta forma a TV é um mal e deve ser evitado.

Um Bom Uso da TV

→ Muitos teem

feito objeção ao conteúdo dos progra-mas de televisão (muita violência, sexo, etc) mas, e a própria tecnologia? Foi Marshall McLuhan quem disse com re-ferência a TV: “o meio é a mensagem” (p. 7-21). Não é isto em parte verdade? A televisão acentua as imagens que se movem em contraste com a linguagem escrita e falada (o resultado mais tan-gível da nossa era pós-moderna). Como uma mídia fundamentada na imagem, a TV não deixa a imaginação da pessoa pintar qualquer quadro na tela de sua mente mas, ao invés, é a TV que pinta a imagem para você (Myers, p. 117).

Na realidade, nos está sendo ditado, de um modo bem atormentador e sub-versivo, o que pensar sobre qualquer tipo de problema moral. Além disso, criatividade, pensamento independen-te e ingenuidade são todos descartados, para se criar uma enorme coleção de da-dos armazenada-dos num sistema de com-putador, de tal modo que pode ser facil-mente localizado pelo usuário (assistiu à TV à noite passada? Aquilo não foi um grande show!?). Os únicos visionários num show de TV são os produtores e diretores que decidem para a audiência o que lhes será ou não processado. Não pense nem por um momento que eles não estão enviando uma mensagem por meio do que produzem.

Além disso, o pensamento paralelo é raramente usado pelo telespectador porque o período de tempo que alguém deseja para analisar o que está sendo exibido num modo lógico/racional, e o programa logo passa para suas próxi-ma sequência de acontecimentos visu-ais. Kenneth Myers diz com relação a isto: “Uma cultura que é enraizada mais em imagens do que em palavras achará cada vez mais difícil sustentar qualquer compromisso com alguma verdade, desde que verdade é uma abstração que requer linguagem” (p. 164).

Isto ajuda a facilitar com que ho-mens, mulheres e crianças sentem em frente da TV como um escape da rea-lidade. O tempo de lazer da TV devora rapidamente o tempo de adoração da família, o tempo de leitura piedosa, o tempo de brincar com os seus filhos e um tempo pessoal de quietude. Alguém pode dizer: “Mas eu posso controlar a minha TV e o meu tempo”. A réplica do Dr. Beeke é: “As pessoas que dizem que podem controlar a TV estão usu-almente falando idealisticamente, não realisticamente” (Beeke).

Cristo é Contra a Cultura?

→ Assim

então, o nosso Salvador e Senhor é contra a tecnologia e a cultura? Absolutamen-te não! Leia Dr. Leland Ryken “Worldly Saints” e veja como mesmo os puritanos foram proponentes de libertar a cultura. Mas quando a mídia pela qual a cultura vem, nos torna culpados dos pecados de outras pessoas, quando ela rouba tempo valiosos de outras coisas importantes e desafia os padrões bíblicos do certo e do errado, talvez devêssemos dar um passo atrás e examinar o valor atual da própria mídia. As palavras de Paulo poderiam vir à tona aqui. “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convém; todas são lícitas, mas nem todas edificam” (1 Co. 10:23).

Richard Sibbes o diz assim, “Tudo o que exterioriza as boas coisas que te-mos, deveríamos usar de uma

(11)

manei-a televisãOe nOssas FaMílias

ra reverente, sabendo que a liberdade que temos para usufruí-las é comprada com o sangue de Cristo. Como Davi que quando teve sede das águas de Bethlehem e disse que não as beberia, porque significava o sangue dos três valentes, assim também, embora te-nhamos o livre uso das coisas criadas, contudo devemos ser cuidadosos para usá-las com moderação e reverência e tudo para a Glória de Deus.

Conclusão

→ Finalmente, irmãos,

tudo o que é verdade, tudo o que é res-peitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é da boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp. 4:8). Dr. Martin Lloyd-Jones comenta este verso e diz:

O problema que é proposto a nós por este particular texto é todo o problema de relacionamento entre o cristianismo e a cultura. Agora eu tenho certeza que muitos, senão a maioria do povo cristão, está interessada nessa questão, porque

ela é de real significado e importância... Em vista de tudo isto, eu sugeriria a você, o que Paulo estava dizendo aos filipenses: Todo o seu pensamento e to-das as suas ações devem ser controla-dos pelo evangelho... Todo pensamento deve ser trazido em sujeição a ele. Que toda a nossa vida seja um tributo e um testemunho ao louvor do nosso Reden-tor (págs. 181-189).

Isto seria nossa motivação em cada área da cultura. O Senhor está nos di-zendo que nós somos os guarda-portões das nossas próprias almas. Existe então alguma vantagem em assistir TV? Tal-vez exista. Programas informativos, do-cumentários e alguns (embora poucos) programas de passatempo podem ser de benefício e utilizados para o avanço do reino (muitos como a internet). Mas, o tempo é curto. Como cristãos refor-mados estamos obedecendo ao Senhor e remindo o tempo (Ef.5:16)?

As palavras de Samuel Rutherford são boas para concluir, quando ele diz: “Quando a corrida terminar e o jogo es-tiver ganho ou perdido e você eses-tiver

na última volta e no limite do tempo, e colocar seu pé dentro da marca da eter-nidade, todas as boas coisas do seu cur-to sonho noturno lhe parecerão como cinzas de uma fogueira de espinhos e palha” (L. D. E. Thomas).

“Remindo o tempo porque os dias são maus”. Ef. 5:16.

O Rev. J. Lewis é o pastor da Igreja Reformada Livre de Lacombe, Alberta, Canadá.

Trabalhos citados: Beeke. Joel. “Fair Dinkum.” Free Australians Magazine. issue 52. File retrieved on Friday June 12. 20m from www.thedinkum.comliss. htm.

Bunyan. John. The Holv War. Choteau: Old Paths Gospel Press. 1999.

Jacques Ellul. The Technological Bluff Grand Rapids: Eerdmans, 1990.

Grodman. Tom. Television: Glorious Past, Uncertain Future. Analytical Paper Series. 1996. PDF file retrie-ved on Friday June 12. 203 from www.statcan.ca-Jcgi-bin/downpub/listpub.cgi?catno=63FD002XIB 1995006.

Marshall McL.uhan, Understanding Media: The Ex-tensions of Man. Cambridge: MIT Press, reprint 1994. Myers, Kenneth. AI! God’s Children and Blue Suede Shoes. Christians and Popular Cu1ture. Westches-ter: Crossway, 1989.

Thomas. I.D.E. A Puritan Golden Treasury. Banner of Truth. 1989.

Tozer. AW The Root of the Righteous. Harrisburg. PA: Christian Publications, 1955.

Sibbes, Richard. Works of Richard Sibbes. Banner of Truth, 1990.

Wells. David F. The Present Evangelical Crisis. Whe-aton: Crossway Books, 1998

Confissão de Fé de Westminster

Capítulo XIII →

Da Santificação

I. Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espí-rito, que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais é mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadores, para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.

II. Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne.

III. Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.

I - Ref. I Cor. 1:30; At. 20:32; Fil. 3:10; Rom. 6:5-6; João 17:17, 19; Ef. 5-26; II Tess. 2:13; Rom. 6:6, 14; Gal. 5:24; Col., 1:10-11; Ef. 3:16-19; II Cor. 7:1; Col. 1:28, e 4:12; Heb. 12:14. ; II - Ref. I Tess. 5:23; I João 1:10; Fil. 3:12; Gal. 5:17; I Ped.2:11; III - Ref. Rom. 7:23, e 6:14; I João 5:4; Ef. 4:15-16; II Ped. 3:18; II Cor. 3:18, e 7: 1.

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“Por Causa de Um Beijo!?”

Seja Coerente e Consequente!

“O espírito de Sodoma e Gomorra se manifestou na globo. Dia 13, no BBB 10! Homem beija outro homem na boca, em programa de maior audiência da rede Globo de televisão BIG BHOTHER BRASIL!!.”

Um bem intencionado evangélico enviou este e-mail (apenas uma parte dele) convocando toda comunidade evan-gélica do Brasil a se manifestar contra a Rede Globo de Televisão. Para isso conclamava:

“O que você pode fazer? VAMOS PARAR DE ASSITIR O BBB.10. E MOSTRAR QUE A COMUNIDADE EVANGÉLICA NÃO É OMISSA, NEM ESTÁ DOMINADA PELO ESPIRÍTO DE SODOMA E GOMORRA. Envie esse e-mail para todo crente verdadeiro, que você conhecer e vamos mostrar que não somos omissos. Diga não à GLOBO e à essa imoralidade!”.

Bem, um pastor Reformado* recebeu esta convocação, pensou... e respondeu: Parar de assistir BBB,por causa de um beijo? Você está brincando?!

E o que dizer de todos estes anos em que o BBB sempre esteve cheio de todo tipo de imoralidade “heterossexual”? E todos estes anos, que a GLOBO e as demais emissoras estão jorrando para dentro da sua casa incontáveis horas de adultério, ódio, mentira, blasfêmia, sensualidade, assassinato, infidelidade, cobiça, imodéstia, imoralidade, avareza, ociosidade, tolice, imundice, irreligiosidade, e tantas coisas semelhantes?

Você engole tudo isto, e depois, por causa de um beijo, vai parar de assistir UM programa? Que Cristianismo radical! Que santidade impressionante! Quem somos nós para concluir que assistir dois homens se beijando é algo nojento, enquanto assistimos com a maior calma e prazer as novelas e os filmes nos quais quase todos estão fornicando com todo o mundo, ou vivendo em adultério, promiscuidade e eu não sei quantos pecados mais?

Meu irmão, não é tempo para a comunidade “evangélica” apenas parar de assistir a GLOBO. É tempo para a co-munidade “evangélica” confessar a Deus o seu mundanismo; é tempo para a coco-munidade evangélica aprender o que é a verdadeira conversão, o verdadeiro arrependimento, a verdadeira busca pela santidade, o verdadeiro anseio pela pureza e santificação que só o Espírito Santo concede. É o tempo para a comunidade evangélica constatar, com vergonha e horror, que nosso hábito de assistir televisão não é diferentes em quase nada dos hábitos daqueles que em suas práticas estão indo para o inferno. É tempo para a comunidade evangélica aprender com o fiel Jó a fazer uma aliança com os seus olhos. Precisamos fazer uma aliança com os nossos olhos, para não olharmos o pecado nem aquilo que nos induza ao pecado.

Um bom início seria mudar radicalmente os nossos hábitos quanto a assistir televisão. Seria bom selecionarmos a dedo aquilo que passa em nossa tela, talvez fazendo uso de DVDs cuidadosamente selecionados. E, falando de DVDs, se nós evangélicos temos DVDs pirateados em nossa prateleira, como é possível ficarmos tão chocados com um beijo homossexual? O apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 6: 9-10, nos diz que os que vivem no pecado de homossexualismo não herdarão o reino de Deus. Mas no versículo seguinte, ele também nos ensina que os ladrões e roubadores igual-mente ficarão fora: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus”.

Quando é que a Igreja vai aprender que o pecado é, por definição, algo que ofende a santidade de DEUS, e não deve ser avaliado conforme o grau de repúdio que causa em nós, pecadores? Pois este DVD pirateado, que jaz na prateleira de muitos evangélicos é tão nojento e abominável a Deus quanto um beijo homossexual.

Estes dois homens que se beijaram, estão vivendo conforme a crença e “fé” deles. Seria tão bom se nós Cristãos aprendêssemos a fazer o mesmo: viver conforme a nossa crença e fé, aplicando-a de uma forma coerente e conse-quente em nossas vidas.

*Kenneth Edward Wieske, VDM. Pr. Kenneth Wieske é missionário das Igrejas Reformadas do Canadá e serve às Igrejas Reformadas do Grande Recife

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Um Cristianismo

a Ser Aplicado

“Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe,..., não pode ser meu

discípulo” (Lc 14.26).

J. Gresham Machen

A

ssim é a vida cristã ― uma vida de conflito, mas também de esperança. Ela vê este mundo sob o aspecto da eternidade; passado o costume deste mundo e todos deverão encontrar-se diante do trono de julgamento de Cristo.

O “programa” da igreja liberal moderna é muito di-ferente. Neste programa, o céu tem pouco lugar, e este mundo é realmente tudo em todos. A rejeição da esperan-ça cristã não é sempre absoluta ou consciente; às vezes, o pregador liberal tenta manter a crença na imortalidade da alma. Mas a base real da crença na imortalidade foi abandonada através da rejeição do relato do Novo Tes-tamento quanto à ressurreição de Cristo. E o pregador liberal tem praticamente muito pouco a dizer sobre o outro mundo. Este mundo é realmente o centro de todos os seus pensamentos; a própria religião, e até mesmo Deus, se torna meramente um meio para a melhoria das condições nesta terra.

Desta forma, a religião tem se tornado uma simples função da comunidade ou do estado. Assim é vista pelos homens dos dias de hoje. Até mesmo os astutos homens de negócio e políticos tem se convencido de que a reli-gião é necessária. Mas é considerada necessária simples-mente como um meio para um fim. Já tentamos avançar sem religião, é dito, mas o experimento foi um fracasso e, agora, a religião pode ser convidada a ajudar.

Por exemplo, há o problema dos imigrantes; grandes populações tem encontrado um lugar em nosso país; eles não falam nossa língua ou conhecem nossos costumes; e não sabemos o que fazer com eles. Nós os temos ataca-do através de uma legislação opressiva ou propostas de legislação, mas estas medidas não têm sido totalmente eficazes. De algum modo, estas pessoas mostram uma ligação perversa com a língua que aprenderam nos jo-elhos de suas mães. Pode ser estranho que um homem ame a língua que aprendeu com sua mãe, mas estas

pes-soas a amam, e estamos perplexos em nossos esforços para produzir um povo americano unificado. Neste caso, a religião é convidada a ajudar; somos inclinados a pro-ceder contra os imigrantes agora com a Bíblia em uma mão e um taco na outra, lhes oferecendo as bênçãos da liberdade. Isto é o que, às vezes, se pretende dizer por “Americanização cristã.”

Outro problema surpreendente é o dos relaciona-mentos industriais. O interesse próprio fala alto aqui; as vantagens comerciais claras da conciliação tem sido apontadas para empregados e empregadores. Mas tudo sem propósito algum. Classes ainda confrontam-se con-tra classes na destruição da guerra industrial. E, às vezes, a falsa doutrina provê uma base para a prática falsa; o perigo do Bolchevismo ainda está no ar. Aqui, novamente, medidas repressivas tem sido tentadas sem resultados; a liberdade de expressão e da imprensa tem sido radi-calmente cortadas. Mas a legislação repressiva parece incapaz de controlar a marcha das ideias. Talvez, então, a religião deva ser invocada nestas questões também.

O mundo moderno ainda enfrenta outro problema ― o da paz internacional. Certa vez, este problema pare-ceu quase resolvido; o interesse próprio provavelmente parecia ser suficiente; houve muitos que pensaram que os banqueiros iriam prevenir outra guerra europeia. Mas todas estas esperanças foram cruelmente destruídas em 1913, e não há nem uma pitada de evidência de que sejam melhor fundamentadas agora do que eram então. Aqui novamente, então, o interesse próprio é insuficien-te; e a religião deve ser convidada a ajudar.

Estas considerações tem proporcionado um interes-se público renovado no assunto da religião; depois de tudo, tem-se descoberto que a religião é algo útil. Mas o problema é que, ao ser utilizada, a religião também está sendo degradada e destruída. Ela está sendo considerada mais e mais como um mero meio a um fim mais eleva-do. A mudança pode ser detectada com especial clareza no modo em que os missionários recomendam sua

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cau-J. GReshaM Machen

sa. Há cinquenta anos, os missionários faziam seu apelo à luz da eternidade. “Milhões de homens”, acostumaram-se

a dizer, “estão indo para a destruição eterna; Jesus é um Salvador suficiente para todos; nos enviem, portanto, com a mensagem da salvação enquanto ainda há tempo”. Alguns missionários, graças a Deus, ainda falam deste modo. Mas muitos missionários fazem um apelo completamente diferente. “Somos mis-sionários para a Índia”, dizem eles. “A Índia agora está fermentando; o Bolche-vismo está infiltrando; enviem-nos à Ín-dia para que a ameaça seja controlada”. Ou então, dizem: “Somos missionários ao Japão: o Japão será dominado pelo militarismo a não ser que os princípios de Jesus tenham influência; enviem-nos para lá, então, para prevenirmos a cala-midade da guerra”.

Vida Comunitária

→ A mesma grande

mudança aparece na vida comunitária. Uma nova comunidade, digamos, tem sido formada. Ela possui muitas coisas que pertencem naturalmente a uma co-munidade bem dirigida; tem uma farmá-cia, um clube e uma escola. “Mas há algo”, seus habitantes dizem para si mesmos, “que ainda está faltando; não temos

igre-ja. Mas uma igreja é uma parte reconhe-cida e necessária de cada comunidade sadia. Então, devemos ter uma igreja”. E, assim, um perito em construção de igreja de comunidade é convocado para tomar os passos necessários. As pesso-as que falam deste modo, normalmente tem pouco interesse em religião por sua própria causa; não lhes ocorreu entrar em um lugar secreto de comunhão com o Deus santo. Mas a religião é tida como necessária para uma comunidade sadia; e, então, por causa da comunidade, elas desejam ter uma igreja.

Seja o que for pensado desta atitude com relação à religião, é perfeitamente claro que a religião cristã não pode ser tratada desta forma. Porque se uma

coi-sa é clara, é que o Cristianismo se recu-sa a ser considerado um simples meio para um fim mais elevado. Nosso Senhor deixou isso perfeitamente claro quando disse: “Se alguém vem a mim e não abor-rece a seu pai, e mãe,..., não pode ser meu discípulo” (Lc 14.26). O que mais estas palavras estupendas podem significar, elas certamente significam que o rela-cionamento com Cristo precede todos os outros relacionamentos, até mesmo os mais santos como o que existe entre marido e esposa e pais e filhos. Estes ou-tros relacionamentos existem por causa do Cristianismo e não o Cristianismo por causa deles. O Cristianismo, de fato, al-cançará muitas coisas úteis neste mun-do, mas se for aceito a fim de alcançar estas coisas úteis, não é Cristianismo. O Cristianismo combaterá o Bolchevismo; mas se for aceito a fim de combater o Bolchevismo, não é Cristianismo. O Cris-tianismo produzirá uma nação unifica-da de uma forma lenta, mas satisfatória; mas se for aceito a fim de produzir uma nação unificada, não é Cristianismo. O Cristianismo produzirá uma comuni-dade sadia; mas se for aceito a fim de produzir uma comunidade sadia, não é Cristianismo. O Cristianismo promove-rá a paz internacional; mas se for aceito a fim de promover a paz internacional, não é Cristianismo. Nosso Senhor disse: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coi-sas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Mas se você buscar, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua justiça com o propósito de que todas as coisas lhe se-jam acrescentadas, você perderá tanto as coisas quanto o Reino de Deus.

Evangelismo Moderno X

Evangelis-mo Antigo

→ Mas se o Cristianismo for conduzido em direção ao outro mundo, se for um modo pelo qual os indivíduos podem escapar da má presente era para um país melhor, o que será do “evange-lho social”? Neste ponto é detectado uma

das linhas mais óbvias de segmentação entre o Cristianismo e a igreja liberal. O antigo evangelismo, diz o pregador libe-ral moderno, buscava resgatar indivídu-os, enquanto o evangelismo moderno busca transformar todo o organismo da sociedade: o evangelismo antigo era individual; o moderno é social.

Esta formulação da questão não é inteiramente correta, mas contém um elemento de verdade. É verdade que o Cristianismo histórico está em conflito, em muitos pontos, com a visão coletiva dos dias de hoje; ele enfatiza, contra as alegações da sociedade, o valor da alma individual. Ele provê para o indivíduo um refúgio de todas as correntes flutu-antes da opinião humana, um lugar se-creto de meditação onde o homem pode chegar sozinho na presença de Deus. Ele dá ao homem coragem para colocar-se, se necessário, contra o mundo; ele re-solutamente recusa fazer do indivíduo um mero meio para um fim, um mero elemento na composição da sociedade. Ele rejeita completamente qualquer meio de salvação que lida com homens em multidão; ele traz o indivíduo face à face com Deus. Neste sentido, é verdade que o Cristianismo é individualista e não social.

Mas, embora o cristianismo seja in-dividualista, não é apenas individualista. Ele cuida totalmente das necessidades sociais do homem.

Em primeiro lugar, até mesmo a co-munhão do homem individual com Deus não é realmente individualista, mas so-cial. Um homem não é isolado quando está em comunhão com Deus; ele pode ser considerado isolado apenas por alguém que esquece a existência real da Pessoa suprema. Aqui, novamente, assim como em outros lugares, a linha de segmentação entre o liberalismo e o cristianismo realmente reduz-se a uma profunda diferença no conceito de Deus. O cristianismo é ardentemente teísta; o liberalismo é, na melhor das hipóteses,

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uM cRistianisMOa seR aPlicadO

apenas indiferente. Se um homem vem a crer em um Deus pessoal, então a ado-ração a Ele não será considerada como um isolamento egoísta, mas como o fim principal do homem. Isto não significa que, na visão cristã, a adoração a Deus deva ser sempre conduzida à negligên-cia do serviço cedido ao próximo ― “aquele que não ama a seu irmão, a quem

vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1Jo 4.20) ― mas isto significa que a adoração a Deus tem um valor próprio. A doutrina prevalecente do liberalismo moderno é muito diferente. De acordo com a crença cristã, o homem existe por causa de Deus; de acordo com a igreja liberal, na prática se não na teoria, Deus existe por causa do homem.

Mas o elemento social no cristia-nismo é encontrado não apenas na co-munhão entre o homem e Deus, mas também na comunhão que as pessoas mantêm entre si. Essa comunhão apare-ce até mesmo nas instituições que não são especificamente cristãs.

A Família X A Intrusão do Estado

→ A

mais importante dessas instituições, de acordo com o ensino cristão, é a família. E essa instituição está sendo mais e mais empurrada para o fundo do poço. Está sendo soterrada por intrusões indevidas da comunidade e do estado. A vida mo-derna está tendendo cada vez mais para ser contrária à esfera do controle e da influência dos pais. A escolha das esco-las está sendo colocada sob o poder do estado; a “comunidade” está dominando a recreação e as atividades sociais. Pode se questionar até onde estas atividades sociais são responsáveis pelo colapso moderno do lar; muito possivelmente, estão apenas tentando preencher um vazio que, mesmo à parte delas, já havia aparecido. Mas, de qualquer modo, o re-sultado é claro ― a vida das crianças não está mais rodeada pela atmosfera amo-rosa do lar cristão, mas pelo utilitarismo do estado. Uma restauração da religião

cristã ocasionaria, inquestionavelmen-te, o reverso do processo; a família, em oposição a todas as outras instituições sociais, alcançaria os seus direitos, no-vamente.

Mas o estado, mesmo quando redu-zido a seus limites apropriados, tem um amplo lugar na vida humana, e na posse deste lugar, é apoiado pelo cristianismo. Além disso, esse apoio independe do ca-ráter cristão ou não cristão do estado; foi no Império Romano sob Nero que Paulo disse, “não há autoridade que não pro-ceda de Deus” (Rm 13.1). O cristianismo não assume uma atitude negativa, então, com relação ao estado, mas reconhece, sob condições existentes, a necessidade do governo.

Enfrentando a Batalha

→ O caso é

si-milar com relação aos aspectos amplos da vida humana que estão associados à industrialização. O “mundo vindouro” do cristianismo não envolve a retirada da batalha deste mundo; nosso próprio Senhor, com Sua missão estupenda, vi-veu no meio da vida da multidão. Cla-ramente, então, o homem cristão não pode simplificar seu problema retiran-do-se dos negócios do mundo, mas deve aprender a aplicar os princípios de Jesus até mesmo nos complexos problemas da vida moderna. Neste ponto, o ensi-no cristão está em concordância total com a igreja liberal moderna; o cristão evangélico não é fiel à sua profissão se deixa o seu cristianismo para trás, na segunda de manhã. Ao contrário, toda a vida, incluindo os negócios e todos os re-lacionamentos sociais, devem se tornar obedientes à lei do amor. Certamente, o homem cristão não deveria mostrar falta de interesse no “cristianismo aplicado”.

Só que ― e aqui emerge a enorme diferença de opinião ― o homem cris-tão crê que não pode haver cristianismo aplicado a não ser que haja “um cristia-nismo a ser aplicado”. Aí é onde o cris-tão difere do liberal moderno. O liberal

crê que o cristianismo aplicado é tudo o existe de cristianismo, o cristianismo sendo simplesmente um modo de vida; o cristão crê que o cristianismo aplicado é o resultado de um ato inicial de Deus. Assim, há uma enorme diferença entre o liberal moderno e o cristão com rela-ção às instituições humanas, como a co-munidade e o estado, e com relação aos esforços humanos de aplicar a Regra de Ouro nos relacionamentos trabalhistas. O liberal moderno é otimista com rela-ção a essas instituições; o cristão é pes-simista ― a não ser que as instituições sejam equipadas com homens cristãos. O liberal moderno crê que a natureza humana, conforme constituída no pre-sente, pode ser moldada pelos princípios de Jesus; o cristão crê que o mal só pode ser parado e não destruído pelas insti-tuições humanas, e que deve haver uma transformação dos materiais humanos antes que qualquer nova construção possa ser produzida. Esta diferença não é uma simples diferença na teoria, mas faz-se sentida, na prática, em todos os lu-gares. Ela é particularmente evidente no campo missionário. O missionário do li-beralismo busca espalhar as bênçãos da civilização cristã (quaisquer que sejam), e não está particularmente interessado em conduzir indivíduos a abandonarem suas crenças pagãs. O missionário cris-tão, por outro lado, considera a satisfa-ção com uma simples influência da civi-lização cristã como um obstáculo em vez de ajuda; seu negócio principal, ele crê, é a salvação de almas, e almas não são salvas pelos princípios éticos simples de Jesus, mas sim por Sua obra redentora. O missionário cristão, em outras palavras, e o obreiro cristão tanto em casa quanto fora do país, diferentemente do apóstolo do liberalismo, diz a todos os homens em todos os lugares: “A bondade humana não beneficia em nada a alma; importa-vos nascer de novo”.

Extraído do livro Cristianismo e Liberalismo de J. Gresham Machen, Editora Os Puritanos, pag. 146-153.

(16)

Viveu na Fé e Morreu na Fé

John Knox morreu em 1572 após doença prolongada e debilidade

pro-funda. Seus últimos dias foram passados pedindo às pessoas que lhe

lessem continuamente João 17, Isaías 53, os Salmos de Davi e os

ser-mões de Calvino sobre Efésios. Só para dar uma idéia de alguns de seus

últimos pensamentos e declarações, considere as palavras seguintes,

proferidas no seu leito de morte:

“No começo, suportei verdadeiramente muitas lutas nesta vida frágil

e muitos ataques de Satanás; mas agora esse leão rugidor tem-me

atacado com a máxima fúria e empregado todo seu poder para me

devorar e me aniquilar imediatamente. Antes, ele sempre punha

meus pecados diante de meus olhos; sempre tentava-me ao

de-sespero; sempre se esforçava para me enlaçar com as seduções do

mundo; mas com essas armas, destroçadas pela espada do Espírito,

a Espada de Deus, ele nada pôde fazer. Agora, porém, ele tem-me

atacado de outra maneira, pois a serpente astuciosa empenha-se

para me persuadir de que mereço o próprio céu pelo fiel

desempe-nho do meu ministério. Todavia, bendito seja Deus, que me sugeriu

as passagens da Escritura com as quais pude entrar em luta com ele

e extinguir esse dardo inflamado. Dentre elas estavam estas: “que

tens tu que não tenhas recebido?” [1Co 4.7] e “pela graça de Deus,

sou o que sou” [1Co 15.10]. E assim derrotado, foi-se Satanás. Por

isso dei graças ao meu Deus por Jesus Cristo, que se agradou em me

conceder a vitória, e tenho a firme convicção que o inimigo não me

atacará mais, mas que, em breve, sem nenhuma grande dor física e

nenhuma aflição mental, trocarei esta vida mortal e miserável por

uma vida imortal e bendita mediante Jesus Cristo”.

Assim ele viveu na fé e assim ele morreu na fé.

Referências

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