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Apostila Licenciamento Ambiental e Estudo de Impacto Ambiental

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UNESP

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Apostila 5 – LicenciamentoAmbiental,

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) E

Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA)

Material elaborado para servir de instrumento de apoio aos alunos do curso de “Biologia Marinha” e de “Gerenciamento Costeiro” do Campus Experimental do

Litoral Paulista da UNESP

Elaborado por: Denis Domingues Hermida

Adquirido da fonte: http://ebookbrowse.com/apostila-5-licenciamento-ambiental-e-estudo-de-impacto-ambiental-doc-d140742897 em 12/07/2011

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ÍNDICE

I – Introdução...3

II- Licenciamento Ambiental e Licença Ambiental...5

1) Conceitos de Licenciamento Ambiental e de Licença Ambiental...5

2) Licenciamento e os Princípios do Direito Ambiental...7

3) Licenciamento Ambiental e a Constituição Federal...8

4) Competência legislativa em matéria de Licenciamento Ambiental...8

5) Da competência para o licenciamento ambiental...9

6) Normas Gerais a respeito de Licenciamento Ambiental...10

7) Dos empreendimentos e atividades de licenciamento obrigatório...10

8) Espécies de Licenciamento Ambiental...14

9) Procedimento de Licenciamento Ambiental...14

10) Consequências do descumprimento da Licença Ambiental...16

II- Estudo de Impacto Ambiental (EIA)...17

1) Conceito...17

2) Fundamento e Previsão Legal...17

3) Hipóteses de obrigatoriedade do EIA...18

4) Conteúdo Obrigatório...20

5) Diretrizes gerais do Estudo de Impacto Ambiental...21

6) Responsabilidade pela elaboração...22

7) Custos e despesas oriundas da elaboração...22

8) Responsabilidade administrativa, criminal, civil e ética dos responsáveis pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental...23

9) Análise do EIA no procedimento de Licenciamento Ambiental...26

10) Conseqüência da ausência de EIA ou da inobservância de seu conteúdo mínimo obrigatório...26

III- Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA)...28

1) Conceito...28

2) Fundamento e Previsão Legal...28

3) Conteúdo Mínimo...29

IV- Publicidade do EIA e do RIMA...31

ANEXO 1 – Modelos de Licença Ambiental...32

I – INTRODUÇÃO

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Na forma do artigo 225, caput, da Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. A responsabilidade pela manutenção do equilíbrio ambiental cabe tanto ao Poder Público (que necessariamente deverá intervir nas relações jurídicas capazes de gerar prejuízo ao meio ambiente), como também ao coletividade em geral, isto é, a cada um dos membros constituintes da sociedade, seja individualmente, seja coletivamente através de pessoas jurídicas (associações, fundações, sociedades etc).

A manutenção de meio ambiente ecologicamente equilibrado é feita pelo direito positivo brasileiro não só através de medidas de natureza reparatória/indenizatória (como expressamente previsto nos parágrafos 2º e 3º do artigo 225 da Constituição Federal), isto é, de medidas de natureza de restauração do dano ambiental causado, como também através de medidas de natureza preventiva, como a previsão de sanções administrativas e penais para condutas de afronta ao meio ambiente (o que consta do §3º do artigo 225 da Constituição Federal) e a necessidade de prévia autorização estatal para a realização de atividade ou empreendimento com potencial de degradação do meio ambiente (como consta do artigo 225, §1º, IV, da Constituição Federal).

Constituição Federal. Artigo 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. §1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...)

IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;” (...) §2º. Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (...)

Ao tratar do tema “medidas para a existência de meio ambiente ecologicamente equilibrado” verificamos, como apontado no parágrafo acima, a existência de medidas preventivas e repressivas. Durante muito tempo o direito brasileiro, de forma geral, deu mais importância à indenização do dano do que à

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prática de atos preventivos capazes de afastar a ocorrência do dano. Tal tendência modificou-se, sendo que o direito ambiental pode ser apontado como um dos primeiros ramos do direito a trilhar a valorização de atos preventivos que efetivamente sejam postos em prática com a oportunidade necessária a evitar a ocorrência do dano.

Ante as peculiaridades do meio ambiente, não é difícil compreender que grande parte dos danos ambientais são de natureza irrecuperável (isto é, por mais que sejam praticados atos voltados à recuperação ambiental, dificilmente se alcança o padrão ambiental existente antes do ato danoso), além de que a indenização, se de um lado “pune financeiramente” o causador do dano ambiental, de outro lado não reintegra à humanidade a parcela do meio ambiente degradada. O próprio caput do artigo 225 da Constituição Federal impõe, em relação ao meio ambiente, ao Poder Público e à Coletividade o dever de “defendê-lo e preservá-lo” para as presentes e futuras gerações, apresentando clara intenção do caráter preventivo dos atos estatais.

Se nas apostilas “3” e “4” dedicamo-nos ao estudo do sistema jurídico brasileiro no que se refere à responsabilização administrativa, civil e penal do infrator de normas de proteção ao meio ambiente, nesta apostila nos debruçaremos à leitura dos institutos jurídicos de prevenção aos danos ambientais, em especial o “Licenciamento Ambiental” e o “Estudo de Impacto Ambiental”.

A melhor forma de prevenir a ocorrência de dano ambiental é antever a possibilidade de sua ocorrência e realizar as atividades necessárias à redução, ao máximo possível, do risco de consumação da degradação ambiental, além de impor a manutenção dos instrumentos necessários a que, na hipótese de incapacidade das medidas preventivas de ocorrência da degradação, seja minorada ao máximo possível a extensão do dano.

Tal prevenção imposta pelo Poder Público no exercício de sua “obrigação constitucional” é realizada através da imposição de expressa autorização condicional estatal para a prática lícita de atividades e obras que tenham potencial de causar significativa degradação do meio ambiente, daí a existência da figura jurídica da “Licença Ambiental” que é concedida após um procedimentos denominado “Licenciamento Ambiental”, cujo um dos requisitos é, regra geral, a apresentação de “Estudo de Impacto Ambiental - EIA” e do “Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - RIMA”.

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II- LICENCIAMENTO AMBIENTAL E LICENÇA

AMBIENTAL

Importante, logo de início, apontar que o estudo do Licenciamento Ambiental é requisito prévio para a absorção do objetivo da realização, num determinado caso concreto, da realização de “Estudo de Impacto Ambiental – EIA”. Referido Estudo não tem um fim em si mesmo, mas é meio necessário para a obtenção de informações relevantes, em especial acerca da viabilidade ambiental de certa atividade, obra ou empreendimento, que desaguarão na concessão ou não de Licença Ambiental (mais especificamente da Licença Prévia Ambiental”.

Não Concessão de Licença Ambiental

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Concessão de LICENÇA AMBIENTAL

Requisitos: ... Estudo de Impacto Ambiental

1) Conceitos de Licenciamento Ambiental e de Licença Ambiental

O conceito de “Licenciamento Ambiental” consta da Resolução Conama no. 237/97 mais especificamente do inciso I de seu artigo 1º no sentido de que trata-se de “procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente

licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”.

É importante, para efetiva compreensão do instituto em análise, dissecarmos o conteúdo do texto normativo acima exposto. Sendo o Licenciamento Ambiental um procedimento administrativo, tem-se que se trata de um conjunto de atos administrativos (praticados pela Administração Pública, e mais especificamente pelo órgão ambiental competente) voltados a um determinado fim, que é a concessão ou não de Licença Ambiental (o resultado do procedimento pode ser pelo deferimento do pedido de concessão da Licença Ambiental necessária ou, obviamente, pelo seu indeferimento).

A prática do Licenciamento Ambiental deve ser realizada pelo órgão público competente para a realização do mesmo, na forma determinada em Lei (isto é, lei especificará o órgão competente para a realização do Licenciamento Ambiental).

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O objeto do Licenciamento Ambiental é licenciar (autorizar) o requerente a localizar (fixar a o lugar de realização), instalação(colocação/construção da estrutura necessária à realização), ampliação (alargamento, ampliação da estrutura necessária à realização de um atividade ou até mesmo o aumento da extensão da atividade até então realizada) e operação (prática de atos necessários ao alcance dos resultados de determinado empreendimento ou de determinada atividade) de empreendimento e atividades utilizadoras de recursos ambientais potencialmente poluidores ou causadores de degradação ambiental.

No que se refere às condutas cuja realização lícita dependem de prévio licenciamento ambiental, tem-se empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais potencialmente poluidores ou causadores de degradação ambiental. Primeiramente, a expressão “empreendimentos e atividades” envolve não só obras ou criação material de estruturas (como a construção de estradas de rodagem, ferrovias, obras hidráulicas etc), mas também a prática de condutas diversas da construção) como, por exemplo, a exploração de petróleo, a extração de minério etc), já a qualificação “utilizadoras de recursos ambientais” relaciona-se ao uso, de alguma forma, da atmosfera (camada de garelaciona-ses que envolve a Terra), de águas interiores(mares completamente fechados, os lagos os rios bem como as águas no interior da linha de base do mar territorial), águas superficiais (água que se encontra logo abaixo da superfície da terra, nas formas sólida, líquida ou gasosa) e águas subterrâneas (é aquela proveniente do subsolo, que preenche os poros e fraturas das rochas), do mar territorial (faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas náuticas (22 quilômetros) a partir do litoral de um Estado que são consideradas parte do território soberano daquele Estado (excetuados os acordos com Estados vizinhos cujas costas distem menos de 24 milhas náuticas). A largura do mar territorial é contada a partir da linha de base, isto é, a linha de baixa-mar ao longo da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala reconhecidas oficialmente pelo Estado costeiro) , do subsolo (camada mais profunda do solo, que fica imediatamente abaixo da camada arável) e de elementos da biosfera (conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida, e que abrange regiões da litosfera, da hidrosfera e da atmosfera).

No que tange à “poluição”, dirigimo-nos ao inciso III do artigo 3º da Lei 6.938/81 ao consta o seguinte conceito de poluição “degradação da qualidade

ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota (conjunto de todos os seres vivos de uma região), afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, bem como lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. Em relação à “degradação ambiental” tem-se,

conforme inciso II do artigo 3º da Lei 6.38/81, “a alteração adversa das

características do meio ambiente”.

Já o conceito de “Licença Ambiental” consta do inciso II do artigo 1º da Resolução Conama 237/97, no sentido de ser “ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física

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ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental”. Em linguagem mais simples, podemos concluir que a licença ambiental é o produto de um resultado positivo do procedimento denominado “Licenciamento Ambiental”, consubstanciando-se num ato do órgão público ambiental competente de autorização da prática de um determinado comportamento (potencialmente agressivo ao meio ambiente) mediante condições (limites), restrições (proibições) e medidas de controle ambiental (instrumentos de medição dos índices de qualidade ambiental). Para ilustração do conceito acima apresentado, importante a leitura dos “modelos de Licença Ambiental” constantes do Anexo I desta Apostila.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL LICENÇA AMBIENTAL

Procedimento administrativo que Ato administrativo que autoriza o Objetiva a apreciação de um reque- Licenciado a prática de determina-rimento de concessão de Licença do ato (viabilização, implantação e

Ambiental operação de empreendimento ou

atividade potencialmente poluidores ou degradadores da qualidade tal

2) Licenciamento e os Princípios do Direito Ambiental

A imposição legal de prévia autorização para a prática de empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou de degradação da qualidade ambiental encontra-se perfeitamente em consonância com o “princípio da prevenção” no sentido de que se trata do dever de evitar a consumação de danos ao meio ambiente, mediante a utilização de meios que podem variar conforme o desenvolvimento de um país ou das opções tecnológicas. A prevenção não é estática e, assim, tem-se que atualizar e fazer reavaliações, para poder influenciar a formulação de novas políticas ambientais, das ações dos empreendedores e das atividades da Administração Pública, dos legisladores e do Judiciário1.

Exatamente em razão do constante desenvolvimento, pela ciência, de técnicas de prevenção de danos ambientais é que o direito brasileiro prevê a hipótese, mesmo após a concessão de Licença Ambiental, de sua modificação quando, por exemplo, “ocorrer inadequação de quaisquer

1 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 18ª edição. São Paulo: Malheiros

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condicionantes ou normas legais” ou “superveniência de graves riscos ambientais e de saúde”, como consta do artigo 19 da Resolução Conama 237/97. É se se acrescentar, ainda, que o inciso IV do artigo 9º da Lei 6.938/81 prevê como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente “o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”.

3) Licenciamento Ambiental e a Constituição Federal

A despeito do artigo 225 da Constituição Federal não tratar específica e expressamente do instituto do “licenciamento ambiental”, tem-se que o mesmo é instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, na forma do inciso IV do artigo 9º da Lei 6.938/81 (“São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: ...IV- o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;”) objetivando o exercício da obrigação contida no

caput do artigo 225 do CPC no sentido do Poder Público defender e preservar o

meio ambiente para as presentes e futuras gerações.

4) Competência legislativa em matéria de Licenciamento Ambiental Na forma do artigo 24, inciso VI, da Constituição Federal, cabe à União, aos Estados e ao Distrito Federal a competência legislativa concorrente no que se refere ao tema “florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”. E mais, cabe à União, na forma do §1º do artigo 24 da Lei Maior, a produção de normas gerais a respeito dos temas inseridos no inciso VI do mesmo artigo e aos Estados e Distrito Federal a produção de normas específicas.

Assim, no exercício da sua competência legislativa a União normatizou o “licenciamento ambiental” através da Lei 6.938/81, não só impondo tal instituto como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º, IV, Lei 6.938.81), como também determinando competência ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) para a criação, mediante proposta do IBAMA, de normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (conforme art. 8º, I, Lei 6.938/81).

Lei 6.938/81. “Art. 8º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser concedido pelos Estados e

supervisionado pelo IBAMA. (...)”

Lei 6.938/81. “Art. 9º - São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;”

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Na forma do §2º do artigo 24 da Constituição Federal e do § 1º do artigo 6º da Lei 6.938/81, podem os Estados suplementar a legislação federal em relação ao licenciamento ambiental, desde que observadas as normas gerais fixadas pelo Conama. Poder suplementar nessa matéria também cabe aos Municípios na forma do inciso II do artigo 30 da Constituição Federal e do artigo 6º, §2º, da Lei 6.938/81.

Lei 6.938/81. Art. 6º. (...)

§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaboração normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.

5) Da competência para o Licenciamento Ambiental

Na forma do artigo 8º, I, parte final, da Lei 6.938/81, a licença ambiental é concedida “pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”, sendo certo que, na inércia dos Estados, atuará supletivamente o IBAMA na apreciação dos requerimentos de licença ambiental, conforme artigo 10, caput, da Lei 6.938/81.

Ainda em relação à competência para o licenciamento ambiental, o artigo 10, §4º, da Lei 6.938/81 prevê a competência exclusiva do IBAMA para o licenciamento ambiental no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, nacional ou regional.

Lei 6.938/81. Art. 8º Compete ao CONAMA:

I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;

Lei 6.938/81 Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

§ 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação.

§ 2º Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, o licenciamento de que trata este artigo dependerá de homologação da IBAMA.

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§ 3º O órgão estadual do meio ambiente e IBAMA, esta em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido.

§ 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional.

Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização do licenciamento previsto no artigo anterior, além das que forem oriundas do próprio CONAMA.”

Apesar da existência de entendimentos contrários, entendemos não ser possível ao Município a concessão de licença ambiental, tendo em vista os exatos termos do artigo 10 da Lei 6.938/81, sendo, na nossa visão, ILEGAL o conteúdo inicial do artigo 6º da Resolução Conama 237/97 ao prever competência a “órgão ambiental municipal” o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.

5) Normas Gerais a respeito de Licenciamento Ambiental

Em relação às normas gerais sobre Licenciamento Ambiental, citamos não só a Lei 6.938/81 cujo conteúdo relacionado ao tema já fora explorado no item anterior, como também a Resolução 237/97 do Conama (que dispõe sobre os procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental) e a Resolução 01/86 do Conama (que dispõe dos critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental).

6) Dos empreendimentos e atividades de licenciamento ambiental obrigatório

Na forma do §1º do artigo 2º da Resolução Conama 237/97 e do anexo I da mesma, a sujeição ao licenciamento ambiental dos seguintes empreendimentos e atividades:

a) Extração e tratamento de minerais: - pesquisa mineral com guia de utilização

- lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou sem beneficiamento - lavra subterrânea com ou sem beneficiamento

- lavra garimpeira

- perfuração de poços e produção de petróleo e gás natural Indústria de produtos minerais não metálicos

- beneficiamento de minerais não metálicos, não associados à extração - fabricação e elaboração de produtos minerais não metálicos tais como: produção de material cerâmico, cimento, gesso, amianto e vidro, entre outros.

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Indústria metalúrgica

- fabricação de aço e de produtos siderúrgicos

- produção de fundidos de ferro e aço / forjados / arames / relaminados com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

- metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas primárias e secundárias, inclusive ouro

- produção de laminados / ligas / artefatos de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

- relaminação de metais não-ferrosos , inclusive ligas - produção de soldas e anodos

- metalurgia de metais preciosos

- metalurgia do pó, inclusive peças moldadas

- fabricação de estruturas metálicas com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

- fabricação de artefatos de ferro / aço e de metais não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia

- têmpera e cementação de aço, recozimento de arames, tratamento de superfície b) Indústria mecânica

- fabricação de máquinas, aparelhos, peças, utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico e/ou de superfície

c) Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações - fabricação de pilhas, baterias e outros acumuladores

- fabricação de material elétrico, eletrônico e equipamentos para telecomunicação e informática

- fabricação de aparelhos elétricos e eletrodomésticos Indústria de material de transporte

- fabricação e montagem de veículos rodoviários e ferroviários, peças e acessórios

- fabricação e montagem de aeronaves

- fabricação e reparo de embarcações e estruturas flutuantes d) Indústria de madeira

- serraria e desdobramento de madeira - preservação de madeira

- fabricação de chapas, placas de madeira aglomerada, prensada e compensada - fabricação de estruturas de madeira e de móveis

e) Indústria de papel e celulose

- fabricação de celulose e pasta mecânica - fabricação de papel e papelão

- fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina, cartão e fibra prensada f) Indústria de borracha

- beneficiamento de borracha natural

- fabricação de câmara de ar e fabricação e recondicionamento de pneumáticos - fabricação de laminados e fios de borracha

- fabricação de espuma de borracha e de artefatos de espuma de borracha , inclusive látex

g) Indústria de couros e peles - secagem e salga de couros e peles

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- curtimento e outras preparações de couros e peles - fabricação de artefatos diversos de couros e peles - fabricação de cola animal

h) Indústria química

- produção de substâncias e fabricação de produtos químicos

- fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira

- fabricação de combustíveis não derivados de petróleo

- produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos da destilação da madeira

- fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e sintéticos e de borracha e látex sintéticos

- fabricação de pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos

- recuperação e refino de solventes, óleos minerais, vegetais e animais - fabricação de concentrados aromáticos naturais, artificiais e sintéticos

- fabricação de preparados para limpeza e polimento, desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas

- fabricação de tintas, esmaltes, lacas , vernizes, impermeabilizantes, solventes e secantes

- fabricação de fertilizantes e agroquímicos

- fabricação de produtos farmacêuticos e veterinários - fabricação de sabões, detergentes e velas

- fabricação de perfumarias e cosméticos

- produção de álcool etílico, metanol e similares i) Indústria de produtos de matéria plástica - fabricação de laminados plásticos

- fabricação de artefatos de material plástico

j) Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos

- beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de origem animal e sintéticos - fabricação e acabamento de fios e tecidos

- tingimento, estamparia e outros acabamentos em peças do vestuário e artigos diversos de tecidos

- fabricação de calçados e componentes para calçados k) Indústria de produtos alimentares e bebidas

- beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação de produtos alimentares - matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas e derivados de origem animal

- fabricação de conservas

- preparação de pescados e fabricação de conservas de pescados - preparação , beneficiamento e industrialização de leite e derivados - fabricação e refinação de açúcar

- refino / preparação de óleo e gorduras vegetais

- produção de manteiga, cacau, gorduras de origem animal para alimentação - fabricação de fermentos e leveduras

- fabricação de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais - fabricação de vinhos e vinagre

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- fabricação de cervejas, chopes e maltes

- fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como engarrafamento e gaseificação de águas minerais

- fabricação de bebidas alcoólicas l) Indústria de fumo

- fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras atividades de beneficiamento do fumo

m) Indústrias diversas

- usinas de produção de concreto - usinas de asfalto

- serviços de galvanoplastia n) Obras civis

- rodovias, ferrovias, hidrovias , metropolitanos - barragens e diques

- canais para drenagem - retificação de curso de água

- abertura de barras, embocaduras e canais - transposição de bacias hidrográficas - outras obras de arte

o) Serviços de utilidade

- produção de energia termoelétrica -transmissão de energia elétrica - estações de tratamento de água

- interceptores, emissários, estação elevatória e tratamento de esgoto sanitário - tratamento e destinação de resíduos industriais (líquidos e sólidos)

- tratamento/disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de saúde, entre outros

- tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas

- dragagem e derrocamentos em corpos d'água - recuperação de áreas contaminadas ou degradadas p) Transporte, terminais e depósitos

- transporte de cargas perigosas - transporte por dutos

- marinas, portos e aeroportos

- terminais de minério, petróleo e derivados e produtos químicos - depósitos de produtos químicos e produtos perigosos

q) Turismo

- complexos turísticos e de lazer, inclusive parques temáticos e autódromos r)Atividades diversas

- parcelamento do solo - distrito e pólo industrial s) Atividades agropecuárias - projeto agrícola

- criação de animais

- projetos de assentamentos e de colonização t)Uso de recursos naturais

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- silvicultura

- exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais - atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre - utilização do patrimônio genético natural

- manejo de recursos aquáticos vivos

- introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas - uso da diversidade biológica pela biotecnologia.

7) Espécies de Licenciamento Ambiental

Na forma do artigo 8º da Resolução 237/97 do Conama, há a previsão de 3(três) espécies de licenças, quais sejam: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

A “Licença Prévia”(LP) é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implantação. É exatamente na fase de requerimento da Licença Prévia que é apresentado o Estudo de Impacto Ambiental.

A “Licença de Instalação” (LI) autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes da qual constituem motivo determinante.

A “Licença de Operação”(LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Nessa fase, o órgão ambiental deve vistoriar a atividade e verificar se todas as exigências de natureza técnica previstas nas fases anteriores foram implementadas.

Na forma do parágrafo único do artigo 8º da Resolução 237/97, as licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.

Todas as fases do licenciamento ambiental (licença prévia, licença de instalação e licença de operação) são obrigatórias, não podendo qualquer delas ser suprimida, sob pena da ilicitude no exercício da atividade.

8) Procedimento de Licenciamento Ambiental

O procedimento de licenciamento ambiental deve obedecer, na forma do artigo 10 da Resolução 237/97 do Conama, as seguintes fases:

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a) Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida b) Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;

c) Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA , dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

d) Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

e) Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente. Na forma da Resolução Conama 09/87, será convocada Audiência Pública nas seguintes hipóteses:

- quando o Órgão Público Ambiental julgar necessário; - quando houver solicitação do Ministério Público; - quando houver solicitação de entidade civil; - quando houver solicitação de 50 ou mais cidadãos

Ainda segundo a Resolução 9/87, o órgão competente publicará na imprensa local a abertura de prazo de 45 dias para a solicitação de audiência pública para discussão do empreendimento.

f) Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

g) Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; h) Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

Na forma do parágrafo 1º do artigo 10 da Resolução 237, no procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes.

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8) Consequências do descumprimento da Licença Ambiental ou da prática de empreendimento ou atividade de licenciamento obrigatório sem possuir a necessária licença

O descumprimento do quanto constante de Licença Ambiental poderá gerar a suspensão ou cancelamento da licença expedida, na forma do artigo 19 da Resolução Conama 237/97.

Também não podemos nos esquecer que a Lei 9.605/98, em seu artigo 70, considerainfração administrativa ambiental “toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”, incluindo-se nessa descrição o descumprimento do contido na Licença Ambiental, sujeitando o infrator, na forma do artigo 72 da mesma lei, às seguintes sanções administrativas: advertência; multa simples; multa diária; apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração, destruição ou inutilização do produto, suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou atividade, demolição de obra, suspensão parcial ou total de atividades, restrição de direitos.

Do ponto de vista penal, a Lei 9.605/98 constitui tipo penal “Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes”, sujeitando o infrator à pena de detenção, de um a seis meses, ou a multa, ou a ambas as penas cumulativamente.

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III- O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)

Como já apontado anteriormente, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é requisito para o requerimento de licença ambiental prévia, nas situações em que a obra ou a atividade tem potencial de significativa degradação do meio.

Importante acentuar que a Resolução 237/97 do Conama, no seu artigo 12, em especial no respectivo §1º determina que “Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental,m que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio ambiente”, sendo certo que tais “procedimentos simplificados” não se aplicam a situações de potencial de significativo impacto ambiental quando, então, não poderá ser dispensado, sob pena de inconstitucionalidade, o efetivo “Estudo de Impacto Ambiental (EIA)” cujo conteúdo é detalhadamente fixado na Resolução 01/86 do Conama e em relação ao qual passamos a apresentar considerações de efetiva importância.

1)Conceito

Tem-se como “Estudo de Impacto Ambiental”(EIA) o documento resultante da atividade analítico-científica de cunho multidisciplinar cujo objetivo é a prevenção da ocorrência de significativo impacto ambiental (entendido, na forma do artigo 1º da Resolução 1/86 do Conama, como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais), mediante diagnóstico ambiental da área de influência do projeto (com a descrição da situação ambiental da área antes da implantação do projeto) e análise dos impactos ambientais do projeto e eventuais alternativas para o empreendimento, especificação de medidas mitigadoras (medidas destinadas a impedir, suprimir ou diminuir as conseqüências desfavoráveis da atividade, com a avaliação da eficiência dessas medidas) e elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento a ser efetivado após a implantação do projeto.

2)Fundamento e Previsão Legal

A imposição de realização de Estudo de Impacto Ambiental se faz em razão de exigência legal-constitucional cujo fundamento é o exercício do princípio da prevenção, objetivando impedir que alterações dos fatores que compõem o meio ambiente venham a gerar prejuízos seja à sociedade (no que tange à saúde, ao bem-estar e à segurança da população), seja à biota, ou às

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condições estéticas e sanitárias do meio ambiente ou à qualidade dos recursos ambientais.

Não só a Constituição Federal contém norma jurídica no sentido de “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” (art. 225, §1º, IV, da

CF/88)como também a legislação infraconstitucional, em especial a Lei 6.938/81, que impõe, no seu artigo 9º, inciso III, a “avaliação do impacto ambiental” como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

Em realidade, a Lei 6.938/81, a despeito de anterior à Constituição Federal de 1988 (não se podendo, entretanto, deixar de registrar as diversas alterações legislativas já sofridas pela citada Lei), serve de instrumento de regulamentação do dispositivo constitucional de proteção ambiental.

A Lei 6.938/81 delega, no inciso I de seu artigo 8º, ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) a competência de “estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”, normatizando, de forma específica, o conteúdo do “Estudo de Impacto Ambiental”(EIA), o que é desenvolvido efetivamente pelo CONAMA através de sua Resolução 1/86.

3) Hipóteses de obrigatoriedade do EIA

Constitucionalmente, a imposição do “Estudo de Impacto Ambiental” se faz quando da existência de potencial “significativa degradação do meio ambiente” pelo empreendimento ou pela atividade a ser realizada. A efetiva dificuldade, até mesmo para mensurar-se a constitucionalidade ou não das normas infraconstitucionais que instrumentalizam o artigo 225,§1º, IV, da Constituição Federal, é extrair-se o real conteúdo do adjetivo “significativa” que é dada à potencia degradação ambiental para fins de exigibilidade constitucional de “estudo prévio de impacto ambiental”.

Na forma do magistério de Paulo Affonso Leme Machado tem-se que o qualificador significativo incidente sobre o substantivo impacto ambiental “é o contrário de insignificante, podendo-se entender como agressão ambiental provável que possa causar dano sensível, ainda que não seja excepcional ou excessivo”2. Nesse sentido, parece-nos que pode servir como referência, para a compreensão de “significativa degradação do meio ambiente”, o conteúdo dos incisos do artigo 1º da Resolução 1/86 do Conama, no sentido do potencial mal gerado pelo futuro ou incerto impacto ambiental, qual seja, a afetação direta ou indireta:

- da saúde, da segurança e do bem-estar da população; - das atividades sociais e econômicas;

- da biota;

- das condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e/ou

2 MACHADO, Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental Brasileiro. 6ª edição, São Paulo:

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- da qualidade dos recursos ambientais

Objetivando dar maior segurança jurídica, o Conama, no artigo 2º da Resolução 1/86, especifica os empreendimentos e atividades que se encontram sujeitos ao “Estudo de Impacto Ambiental”, quais sejam:

- Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; - Ferrovias;

- Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; - Aeroportos;

- Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários;

- Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV;

- Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’àgua, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

- Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

- Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10 MW;

- Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios); - Distritos industriais e zonas estritamente industriais-ZEI;

- Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

- Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos estaduais ou municipais;

- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;

- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;

- Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000ha, ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental;

- Empreendimentos potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológico nacional;

Outras legislações infraconstitucionais também impõe a realização de “Estudo de Impacto Ambiental”(EIA), como, por exemplo:

- Lei 7.661/88 (que trata do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro) : no seu artigo 6º impõe: “Art. 6º. O licenciamento para parcelamento e remembramento do solo, construção, instalação, funcionamento e ampliação de atividades, com alterações das características naturais da Zona Costeira, deverá observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas específicas federais, estaduais e municipais, respeitando as diretrizes dos Planos de Gerenciamento Costeiro. § 1º. A falta ou o descumprimento, mesmo parcial, das condições do licenciamento previsto neste artigo serão sancionados com interdição, embargo ou demolição, sem prejuízo da cominação de outras penalidades previstas em lei. § 2º Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela atividade a elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, devidamente aprovado, na forma da lei.”

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- Lei 6.803/80 (que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição e dá outras providências);

- Lei 11.428/06 (que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do bioma da Mata Atlântica):

- Lei 11.105/05 (que trata de organismos geneticamente modificados) - Resolução Conama 6/87 (que trata de obras de grande porte)

- Resolução Conama 9/90 e 10/90 (que trata de atividades minerarias) - Resolução Conama 23/94 (que trata de exploração e produção de petróleo) - Resolução Conama 279/01 (que trata de empreendimento de oferta de energia elétrica)

- Resolução Conama 289/01 (que trata de assentamentos de reforma agrária) - Resolução Conama 308/02 (que trata de resíduos sólidos urbanos em Municípios de Pequeno Porte)

- Resolução Conama 312/02 (trata de carcinicultura em zona costeira)

Importante destacar que o rol contido no artigo 2º da Resolução Conama 01/86 é exemplificativo, podendo outras atividades e/ou empreendimentos de potencial significativo impacto ambiental serem objeto de exigência de Estudo de Impacto Ambiental.

4)Conteúdo Obrigatório

O conteúdo obrigatório de um “Estudo de Impacto Ambiental” consta do artigo 6º da Resolução Conama 1/86, qual seja:

A)DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO PROJETO

Descrição completa e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando

- o meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas e as correntes atmosféricas;

- o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

- o meio econômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

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B) ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO PROJETO E DE SUAS ALTERNATIVAS

Identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando:

- os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos) diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes;

- seu grau de reversibilidade;

- suas propriedades cumulativas e sinérgicas e - distribuição do ônus e benefícios sociais

C) DEFINIÇÃO DAS MEDIDAS MITIGADORAS DOS IMPACTOS NEGATIVOS

Fixação das medidas capazes de impedir, suprimir ou diminuir as conseqüências desfavoráveis da atividade/empreendimento, definindo-se, inclusive, os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma das medidas mitigadoras.

D) ELABORAÇÃO DO PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS POSITIVOS E NEGATIVOS,

INDICANDO OS FATORES E PARÂMETROS A SEREM CONSIDERADOS

Com o objetivo de acompanhar e monitorar os impactos ambientais, deverá o Estudo de Impacto Ambiental estabelecer procedimento de acompanhamento e monitoramento das alteração do meio ambiente, sejam as alterações positivas (benéficas) sejam as negativas com vista a mensurar o sucesso ou insucesso das medidas mitigadoras.

5) Diretrizes gerais do Estudo de Impacto Ambiental

Além do conteúdo mínimo obrigatório fixado no artigo 6º da Resolução Conama 1/86, são impostas também diretrizes gerais a serem obedecidas pelo Estudo, contidas no artigo 5º da mesma resolução, quais sejam: - contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a hipóteses de não execução do projeto;

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- identificar e avaliar sistematicamente os impactos gerados nas fases de implantação e operação da atividade;

- definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

- considerar os planos e programas governamentais propostos e em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

6) Responsabilidade pela elaboração

A despeito de não constar dispositivo expresso impondo as carcterísticas da formação do grupo responsável pela elaboração do EIA, ante o próprio conteúdo mínimo obrigatório imposto pelo artigo 6º da Resolução Conama 1/86, não se tem dúvida de que somente contando com um grupo multidisciplinar de profissionais (composto por biólogos, sociólogos, economistas, juristas, antropólogos etc) será possível uma bem sucedida realização de estudo de impacto ambiental. Importante acentuar que as informações e análises impostas no EIA envolvem não se limitam às ciências biológicas, apesar de, sem sombra de dúvida, o principal enfoque terá natureza biológica.

A necessária pluralidade de profissionais envolvidos na elaboração do EIA bem como a necessária habilitação dos mesmos é destacada no caput do artigo 11 da Resolução Conama 237/97, onde consta:

Res. Conama 237/97. Art. 11. Os estudos necessários ao processo de licenciamento serão realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor (...)”

No conceito de “habilitação” há de se incluir não só o título acadêmico, como também o prévio cadastramento do profissional no “Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental”, previsto no artigo 17, I, da Lei 6.938/81, mantido pelo IBAMA, e a que se obrigam “as pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras”

7) Custos e despesas oriundas da elaboração

É de incumbência do Empreendedor que objetiva desenvolver um projeto com potencial de produção de significativa degradação ambiental os custos e as despesas oriundas da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, cabendo ao mesmo, inclusive, a contratação da equipe técnica necessária, como constam não

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só do artigo 11 da Resolução Conama 237/97, como também do artigo 8º da Resolução Conama 01/86, abaixo transcritos:

Resolução 237/97. Art. 11. Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.

Parágrafo único. O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.”

Resolução 01/86. Art. 8º. Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5(cinco) cópias.”

8)Responsabilidade administrativa, criminal, civil e ética dos responsáveis pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental

O fato do Empreendedor arcar com as despesas oriundas da contratação dos profissionais habilitados à realização do Estudo de Impacto Ambiental pode levar a dúvidas quanto à idoneidade do estudo apresentado, em especial no que se refere à eventual parcialidade na elaboração do mesmo objetivando a proteção dos interesses do Empreendedor-Contratante em prejuízo à efetiva proteção ambiental, que é buscada com o Estudo. Alguns países, com o objetivo de afastar o risco de inidoneidade do “Estudo de Impacto Ambiental” sujeitam ao “Estado” a realização do Estudo, como nos Estados Unidos da América e em vários países europeus.

É certo, entretanto, que o direito brasileiro, objetivando afastar a parcialidade da produção do EIA, impôs responsabilidade administrativa, civil e criminal àqueles que prestam informações falsas nos citados estudos. Vejamos: No campo penal, o artigo 69-A da Lei 9.605/98 prevê como tipo penal a elaboração ou apresentação, no licenciamento, na concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental falso ou enganoso, total ou parcialmente. Transcrevamos tal artigo:

Lei 9.605/98. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1o Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao

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Do ponto de vista administrativo, a mesma Lei 9.605/98, no seu artigo 70 considera infração administrativa ambiental qualquer ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, sendo certo que entendemos que a elaboração de EIA falso ou enganoso enquadra-se como “omissão ou violação que viola regras jurídicas de proteção do meio ambiente”, estando, assim, sujeitos os Responsáveis às sanções administrativas previstas no artigo 72, caput, da Lei 9.605/98, conforme transcrição abaixo:

Lei. 9.605/98. Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.(...)”

Lei 9.605/98. Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência; II - multa simples; III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto; VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades; X – (vetado)

XI - restritiva de direitos.

Na esfera civil, o dever de indenizar daquele que participa de ato de produção de EIA falso ou enganoso gerando efetivo dano ambiental, enquadra-se não só na genérica hipótese do artigo 927 do Código Civil, como também na específica norma do §1º do artigo 14 da Lei 6.938/81, abaixo transcrito

Código Civil. Art. 927. ”Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica

obrigado a repará-lo. (...)”

Lei 6.938/81. Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual

e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores (...)

§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (...)”

Na esfera ético-disciplinar corporativa, vale citar que tal conduta (produção de estudo de impacto ambiental falso ou enganoso) é considerada afronta ética frente aos termos genéricos dos incisos I, III, VII, VIII e XIII do

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artigo 6º do Código de Ética do Biólogo (aprovado através da Resolução no. 2, de 05/03/2002, do Conselho Federal de Biologia), como também das normas específicas contidas nos artigos 11 e 13 do mesmo Código, levando à aplicação de penas disciplinares previstas no §2º do artigo 31 do Código de Ética do Biólogo (que envolve, inclusive, a suspensão e o cancelamento do registro profissional), como abaixo transcrito:

Código de Ética do Biólogo. Art. 6º - “São deveres profissionais do Biólogo:

I - Cumprir e fazer cumprir este Código, bem como os atos e normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Biologia; (...)

III - Exercer sua atividade profissional com dedicação, responsabilidade, diligência, austeridade e seriedade, somente assumindo responsabilidades para as quais esteja capacitado, não se associando a empreendimento ou atividade que não se coadune com os princípios de ética deste Código e não praticando nem permitindo a prática de atos que comprometam a dignidade profissional; (...)

VII - Não ser conivente com os empreendimentos ou atividades que possam levar a riscos, efetivos ou potenciais, de prejuízos sociais, de danos à saúde ou ao meio ambiente, denunciando o fato, formalmente, mediante representação ao CRBio de sua região e/ou aos órgãos competentes, com discrição e fundamentação;

VIII - Os Biólogos, no exercício de suas atividades profissionais, inclusive em cargos eletivos e comissionados, devem se pautar pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, probidade, eficiência e ética no desempenho de suas funções; (...)

XIII - Fornecer, quando solicitado, informações fidedignas sobre o exercício de suas atividades profissionais;(...)”

Art. 11 – “O Biólogo deve atuar com absoluta isenção, diligência e presteza, quando emitir laudos, pareceres, realizar perícias, pesquisas, consultorias, prestação de serviços e outras atividades profissionais, não ultrapassando os limites de suas atribuições e de sua competência.”

Art. 12 – “O Biólogo não pode alterar, falsear, deturpar a interpretação, ser conivente ou permitir que sejam alterados os resultados de suas atividades profissionais ou de outro profissional que esteja no exercício legal da profissão.” (...)

Art. 31 – “Os infratores das disposições deste Código estão sujeitos às penalidades

previstas no Art. 25 da Lei 6.684, de 03 de setembro de 1979 e demais normas sem prejuízo de outras combinações legais aplicáveis.

§ 1º - As faltas e infrações serão apuradas levando-se em consideração a natureza do ato e as circunstâncias de cada caso.

§ 2º - As penalidades previstas são as seguintes: I - advertência;

II - repreensão;

III - multa equivalente a até 10(dez) vezes o valor da anuidade;

IV - suspensão do exercício profissional pelo prazo de até 3(três) anos, ressalvada a hipótese prevista no § 7º do Art. 25 da Lei nº 6.684/79;

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9) Análise do EIA no procedimento de Licenciamento Ambiental

Como já exaustivamente apontado não só neste Capítulo, como também quando da análise do “licenciamento ambiental”, a análise do Estudo de Impacto

Ambiental (EIA) faz parte do processo de licenciamento prévio, em especial

servindo como um dos pré-requisitos para a concessão da Licença Ambiental Prévia (LAP).

A análise do Estudo cabe, em regra, ao órgão estadual de competência ambiental, conforme §1º do artigo 6º da Lei 6.938/81 e, excepcionalmente, ao IBAMA nas hipóteses de apreciação supletiva (quando da inércia do órgão estadual competente) e na situação de empreendimento ou atividade com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional (artigo 10, §4º, da Lei 6.938/81).

Importante assinalar que o EIA não vincula o órgão administrativo ambiental competente pelo Licenciamento Ambiental, sendo certo que sempre que decidir contrariamente ao EIA, caberá ao Órgão competente fundamentar a sua decisão.

10) Conseqüência da ausência de Estudo de Impacto Ambiental ou inobservância do conteúdo mínimo obrigatório

A realização de empreendimento ou atividade com potencial de significativa degradação ambiental sem a apresentação do devido EIA ou com a apresentação de EIA sem o conteúdo mínimo obrigatório imposto pelo artigo 6º da Resolução Conama 01/86 é capaz de gerar a invalidação de todo o processo de licenciamento, esteja este em andamento ou já concluído e, conseqüentemente, a ilicitude da instalação, da entrada em operação e do prosseguimento da obra ou atividade licenciada.

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III- RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA)

Objetivando a participação popular nos procedimentos de licenciamento ambiental e, por conseqüência, de análise de Estudos de Impacto Ambiental, além de impor a ampla publicidade do EIA (conforme art. 10, §1º, da Lei 6.938/83, art. 225, §1º da Constituição Federal, Resolução Conama no. 9/87 e artigo 11 da Resolução Conama no. 1/86), a legislação ambiental brasileira impõe também a elaboração do RIMA, conforme artigos 8º e 9º da Resolução Conama 01/86, abaixo transcritos:

Resolução Conama 1/86. Art. 8º. Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5(cinco) cópias.”

Resolução Conama 1/86. “Art. 9º. O relatório de impacto ambiental – RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: I- Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as

políticas setoriais, planos e programas governamentais;

II- A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III- A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência;

IV- A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;

V- A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

VI- A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado;

VII- O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

VIII- Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).

Parágrafo único. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implantação.”

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Busca-se, assim, no RIMA, um documento que seja capaz de apresentar o

Estudo de Impacto Ambiental de maneira mais clara e concisa à população,

através de linguagem facilmente acessível e ilustrada, mas que seja capaz de levar à população leiga as vantagens e desvantagens do projeto, além de informar a respeito das conseqüências ambientais de sua implantação.

1) Conceito

Conceituamos Relatório de Impacto Ambiental - RIMA como sendo documento formal (em razão de dever seguir a estrutura e o conteúdo mínimo impostos pela legislação pertinente) que contém, em linguagem clara, acessível, menos técnica e ilustrada, o retrato fidedigno do conteúdo do Estudo de Impacto

Ambiental-EIA, permitindo dessa forma “tornar compreensível para o público o

conteúdo do EIA, porquanto este é elaborado segundo critérios técnicos. Assim, em respeito ao princípio da informação ambiental, o RIMA deve ser claro e acessível”3.

2)Fundamento e Previsão Legal

O RIMA não é exigido pela Constituição Federal, como se absorve da leitura do artigo 225 da mesma. No entanto, não temos dúvida de que tal documento formal certamente serve de instrumento, criado pela legislação infraconstitucional, para o alcance de uma série de mandamentos constitucionais de natureza ambiental, mais especificamente nos seguintes pontos:

- o inciso IV do §1 do artigo 225 da CF/88 impõe não só a realização de estudo prévio de impacto ambiental antes da instalação de obra ou empreendimento potencialmente causador de significativa degradação ao meio ambiente, como também exige que a esse estudo “se dará publicidade”. De nada adiantaria, no que tange à efetiva participação da sociedade nas decisões de cunho ambiental, a “publicidade” do estudo de impacto ambiental em linguagem que fosse inacessível aos não-técnicos.

- o caput do artigo 225 da CF determina que a defesa e a preservação do meio ambiente é um dever não só do Poder Público, mas da coletividade. Partindo-se do princípio de que grande parte dos indivíduos que compõem a coletividade não são detentores de profundo conhecimento técnico-ambiental, a existência de documento capaz de traduzir em linguagem simples, clara e objetiva o conteúdo do Estudo de Impacto Ambiental-EIA a que se refere o citado documento é essencial para que a coletividade, tomando efetivo conhecimento do conteúdo do EIA através do RIMA, possa, com sucesso, exercer o seu dever constitucional de preservação e defesa ambiental.

3 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 11ª

Referências

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