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III-057 CONCRETO COM CINZA DE CASCA DE ARROZ CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

III-057 – CONCRETO COM CINZA DE CASCA DE ARROZ – CONTRIBUIÇÃO

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Antônio Luiz Guerra Gastaldini(1)

Arquiteto pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP.

Geraldo Cechella Isaia

Engenheiro Civil pela UFRGS. Doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP.

Endereço(1): Rua Appel, 655 – Centro – Santa Maria - RS - CEP: 97015-030- Brasil - Tel: (55) 3220-8144 - e-mail: gastaldn@ct.ufsm.br – gastaldini@terra.com.br

RESUMO

A utilização de resíduos industriais ou agrícolas torna-se imperioso nos dias atuais devido ao impacto ambiental que causam. Neste particular o concreto de cimento portland tem sido um bom repositório. Vários destes resíduos proporcionam melhoria das condições técnicas além de proporcionar conservação de recursos naturais, de energia e, sobretudo, de possibilitar uma destinação nobre a esses resíduos poluidores ambientais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Este trabalho teve por objetivo demonstrar o efeito benéfico da substituição parcial do cimento por cinza de casca de arroz (20%) em aspectos ligados à durabilidade do concreto. Foram moldados traços com relações água/aglomerante 0,35, 0,50, 0,65 sem e com ativadores químicos, Na2SO4, K2SO4, Na2SiO3. Os resultados obtidos mostram uma diminuição significativa na absorção

capilar e na penetração de íons cloretos, devido provavelmente a alterações que promovem na estrutura de poros e na composição da solução dos poros. A utilização de ativador químico mostrou-se vantajoso nos incrementos de resistência à compressão nas idades iniciais como também nos aspectos ligados à durabilidade. A mistura composta de 20% de cinza de casca de arroz e 1% de K2SO4 como ativador apresentou coeficientes

de carbonatação inferiores àqueles da mistura de referência.

PALAVRAS-CHAVE: Cinza de Casca de Arroz, Concreto, Penetração de cloretos, Absorção Capilar, Carbonatação.

INTRODUÇÃO

O modelo de desenvolvimento até pouco tempo vigente tem primado por um uso intensivo de recursos naturais sem levar em conta o impacto ambiental. Isto tem resultado num volume cada vez maior de resíduos, acarretando uma degradação das condições ambientais. Segundo Hawken et al, apud Laranjeiras (2002), apenas 6% do total de matérias primas extraídas da natureza, cerca de 500 bilhões de toneladas anuais, chegam ao produto final desejado, sendo o restante devolvido ao meio ambiente na forma de resíduos danosos (sólidos, líquidos e gasosos).

O concreto, segundo material mais consumido pelo homem Mehta (1994), tem como constituinte principal o cimento portland, responsável por grande emissão de CO2. Entretanto, tem sido constatado que para garantir a vida útil de projeto às estruturas de concreto, devido a vários processos de deterioração, tem sido vantajoso a incorporação de sub-produtos agro-industriais, cinza de casca de arroz, cinza volante, escória de alto forno ou mesmo sílica ativa, conjugando à melhoria técnica , ALVES (2001), CERVO (2002), DAL RI (2003), GOMES (2003), SPERB (2003), MISSAU (2004)a conservação de recursos naturais, a conservação de energia e sobretudo a destinação nobre de resíduos poluidores ambientais, contribuindo também para o que pode ser denominado de engenharia sustentável.

O arroz é considerado o cereal mais cultivado no mundo, dados da (FAO) – “Food and Agriculture Organization” estimam que sua produção mundial para 2004 é de 612,8 milhões de toneladas cabendo ao Brasil 12,5 milhões de toneladas. Destes, 47% foram produzidos no RS, 5,73 milhões de toneladas, IBGE (2004).

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Segundo MEHTA (1994), cada tonelada de arroz produz cerca de 200 kg de casca, resultando em aproximadamente 40 kg de cinza, ou seja, 20% da casca quando sofre combustão é convertida em cinza. Pela projeção de produção de arroz do estado do Rio Grande do Sul, aproximadamente 5,73 milhões de toneladas, resultarm cerca de 1,73 milhões de toneladas de resíduos (casca) oriundos somente desta safra de 2004. Assim, é valida a soma de esforços para o aproveitamento de pelo menos parte destes resíduos de modo a diminuir o sério problema ambiental gerado.

As alterações no concreto promovidas pela utilização da cinza de casca de arroz, seja como adição ou substituição de material cimentício, está condicionada a suas características físicas, químicas e história térmica. Sabe-se que o tempo de moagem e a temperatura de queima exercem influência significativa na melhoria do comportamento do concreto, tanto do ponto de vista de resistência mecânica quanto dos aspectos ligados a durabilidade.

A cinza de casca de arroz obtida a partir de queima controlada apresenta boa reatividade e pode ser utilizada como adição ou substituição de parte do cimento. Entretanto, aumentar a velocidade das reações pozolânicas, de forma a elevar a resistência sem prejuízos de outras propriedades do concreto, representa um grande avanço para aplicação deste material em escala maior.

Este trabalho objetivou verificar o efeito da substituição da parcial do cimento por cinza de casca de arroz na resistência à compressão axial e em aspectos ligados a durabilidade: penetração de cloretos, carbonatação e absorção capilar. Foi também investigada a influência da ativação química nas propriedades citadas.

MATERIAIS E MÉTODOS Materiais utilizados

Foi utilizado um cimento portland de alta resistência inicial, cinza de casca de arroz obtida por queima controlada, proveniente de central termoelétrica e ativadores químicos: K2SO4, Na2SO4, Na2SiO3 em teor de

1% da massa de aglomerante. Na tabela 1 é apresentada a composição química do cimento e da cinza de casca de arroz.

O agregado miúdo utilizado foi areia natural com dimensão máxima característica de 1,2mm e módulo de finura 2,02.Como agregado graúdo foi utilizado pedra britada, de rocha diabásica, com dimensão máxima característica de 19 mm e módulo de finura 6,97.

A consistência do concreto nos diversos traços foi fixada em 70±10mm, atingida através do emprego de aditivo superplastificante à base de éter carboxílico modificado.

Ensaios

Adotou-se relações água/aglomerante de 0,35, 0,50 e 0,65 e relação aglomerante /agregado 1:3,75, 1:5,25 e 1:6,9. O teor de argamassa em volume seco foi definido em 51%. Foi estudada uma mistura composta só com cimento, estabelecida como referência (REF)e uma binária constituída de 20% de cinza de casca de arroz (20A1)e ativadores químicos, 20A2 ( 1% Na2SO4), 20A3 (1% K2SO4) e 20A4 (1% Na2SiO3).

Os ensaios de resistência à compressão axial foram realizados em c.p. 10x20cm segundo prescrições da NBR 5738 e 5739.

A absorção capilar foi determinada de acordo com a recomendação RILEM TC 116-PCD (9) e a penetração de cloretos segundo o método de ensaio ASTM C 1202 (2).

Para o ensaio de carbonatação, os corpos de prova foram cortados com disco diamantado e passaram por um processo de pré-condicionamento, segundo a recomendação RILEM TC 116-PCD (9), consistindo na distribuição uniforme da umidade e temperatura dos corpos de prova conforme as condições exigidas pelo ensaio.

Foi utilizada câmara climatizada, o que permitiu um controle efetivo da concentração de CO2, temperatura

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da profundidade de carbonatação após 4, 8 e 12 semanas, sendo a espessura da camada carbonatada determinada com aspersão de solução de fenolftaleína.

TABELA 1 – Características físicas e químicas do cimento e da cinza de casca de arroz Composição química CPV - ARI Cinza de Casca de

Arroz

Massa específica (kg/m3) 3,11 2,17

Sup. esp. BET (m2/Kg) 1,48 40,00

Perda Fogo 2,09 5,0 SiO2 19,59 90,00 Al2O3 4,79 0,28 Fe2O3 3,07 0,14 CaO 64,35 0,45 MgO 1,69 0,28 SO3 2,75 0,02 Na2O 0,07 0,08 K2O 0,98 1,55

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Os resultados de resistência à compressão axial aos 7, 28 e 91 dias das misturas aglomerantes investigadas são apresentados na tabela 2 e figura 1.

TABELA 2 -Resultados de resistência à compressão, penetração de cloretos e absorção de água.

Resistência à Compressão - (MPa) Penetração Cloretos (C) Quantidade de Água Absorvida (g/m2) Quant. Média de Água Absorvida (g/m2) Mistura a/agl 7 dias 28 dias 91 dias 28 dias 91 dias REF 0,35 0,50 0,65 58,3 36,4 24,6 64,2 47,7 28,0 76,1 53,5 31,9 1727 3166 3681 1288 2136 2866 1093,33 2393,51 5034,70 2840,51 20 A1 0,35 0,50 0,65 54,2 36,4 17,7 80,3 48,1 27,0 83,4 53,9 33,6 999 1557 2677 452 692 1176 406,75 1215,72 2301,94 1308,14 20 A2 1%Na2SO4 0,35 0,50 0,65 59,2 39,5 25,3 73,3 50,7 36,8 82,8 56,5 42,5 933 1393 2004 515 630 760 360,02 814,33 1365,16 846,50 20 A3 1%K2SO4 0,35 0,50 0,65 65,9 47,2 28,9 77,4 54,3 38,9 91,0 71,8 48,3 820 1312 2242 326 552 818 663,93 1096,55 1429,07 1063,18 20 A4 1%Na2SiO3 0,35 0,50 0,65 54,2 37,4 29,1 74,4 48,7 40,3 77,5 53,8 45,1 704 914 1470 342 578 732 417,54 749,89 1781,92 983,12

Como era esperado, ocorreram acréscimos na resistência à compressão com o aumento do grau de hidratação e com a diminuição da relação a/agl.

Para melhor análise do comportamento das misturas aglomerantes investigadas adotou-se um índice de resistência que consiste na relação entre a resistência do concreto com adição dividida pela resistência do concreto de referência (100% de cimento), para a mesma relação a/agl e idade de ensaio (fc adição/ fc

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referência). Assim, aos 7 dias de idade, para as três relações a/agl, 0,35 , 0,50 e 0,65, os índices foram : 0,93, 1 e 0,72. Aos 28 dias foram 1,25, 1,01 e 0,96; e aos 91 dias foram de 1,1, 1 e 1,05.

Com a adição de ativadores químicos à mistura composta com 20% de cinza de casca de arroz, constata-se modificações no comportamento mecânico. Dessa forma, confrontando-se os valores de resistência à compressão das misturas ativadas com aqueles obtidos da mistura sem ativador, para uma mesma idade e relação a/agl, verifica-se comportamento variável em função do tipo de ativador.

Na mistura ativada com 1% de Na2SO4 observa-se variações nos valores de resistência à compressão para as

três relações a/agl de 9%, 8,5% e 43% aos 7 dias, -9%, 5% e 36% aos 28 dias e -2 %, 4,8% e 26,4 % aos 91 dias.

Para as misturas ativadas com 1% de K2SO4 em relação a mesma mistura sem ativador, para as mesmas idades

e relações a/agl, as variações nos valores de resistência foram de 21,6%, 29,7% e 63,3% aos 7 dias, -4%, 13% e 44% aos 28 dias e 9%, 33% e 44% aos 91 dias.

Nas misturas ativadas com 1% de Na2SiO3 confrontadas com aquela sem ativador as variações de resistência

foram de 0%, 3% e 64% aos 7 dias, -7%, 1% e 49% aos 28 dias e -7%, 0% e 34% aos 91 dias.

A figura 1 apresenta a evolução da resistência à compressão axial das misturas investigadas mostrando a influência da substituição parcial do cimento pela cinza de casca de arroz e também da ativação química.

(A) 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 dias Fc ( M p a ) REF 20A 20A K2SO4 1% 20A Na2SO4 1% 20A Na2SiO3 1% (B) 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 dias Fc ( M p a ) REF 20A 20A K2SO4 1% 20A Na2SO4 1% 20A Na2SiO3 1% (C) 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 dias Fc ( M p a ) REF 20A 20A K2SO4 1% 20A Na2SO4 1% 20A Na2SiO3 1%

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PENETRAÇÃO DE CLORETOS

Os resultados dos ensaios de penetração de cloretos, segundo a ASTM C 1202, são apresentados na tabela 2 e na figura 2. Em todas as misturas estudadas o aumento do grau de hidratação e a diminuição da relação a/agl tornaram o concreto mais compacto e, portanto, mais resistente à penetração de cloretos. Analogamente, o uso de cinza de casca de arroz (em substituição parcial do cimento Portland) e ativadores químicos, também contribuíram para elevar a durabilidade dos concretos.

A mistura de referência apresentou as menores taxas de crescimento de resistência à penetração de cloretos com o aumento do tempo de cura. De 28 para 91 dias, a carga passante sofreu decréscimos de 25%, 33% e 22% para as três relações a/agl: 0,35; 0,50 e 0,65, respectivamente.

Para a mistura composta com 20% de cinza de casca de arroz os decréscimos na penetração de cloretos, de 28 para 91 dias, para as mesmas relações a/agl, foram de 55%, 55% e 56%.

Essa mesma mistura quando ativada com 1% de Na2SO4 apresentou decréscimos de 45%, 55% e 62%; para o

ativador K2SO4 os decréscimos foram de 60%, 58%, 64% e para o ativador Na2SiO3 os decréscimos foram de

51%, 37% e 50%.

Em igualdade de relação a/agl e idade, as misturas contendo cinza de casca de arroz, sem e com ativadores apresentaram desempenho superior à da mistura de referência. Assim, a mistura composta com 20% de cinza de casca de arroz sem ativador quando comparada à de referência, para mesma idade e relação a/agl apresentou decréscimos na penetração de cloretos de 42%, 51% e 27% aos 28 dias e 65%, 68% e 59% aos 91 dias.

A mesma mistura quando ativada com 1% de Na2SO4 apresentou decréscimos na penetração de cloretos de

46%, 56% e 46% aos 28 dias e 60%, 70% e 73% aos 91 dias.

Quando foi utilizado como ativador o K2SO4 (1%), os decréscimos foram de 53%, 58% e 39% aos 28 dias e

75%, 74% e 71% aos 91 dias.

Para o ativador Na2SiO3 (1%) os decréscimos foram de 59%, 71% e 60% aos 28 dias 73%, 73% e 74% aos 91

dias.. 0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000 P enet raç ão de C lor e tos ( C ) REF 28dias 20A1 28dias 20A2 28dias 20A3 28dias 20A4 28dias REF 91dias 20A1 91dias 20A2 91dias 20A3 91dias 20A4 91dias 0,65 0,50 0,35 Misturas Idade de Cura Relação a/agl

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CARBONATAÇÃO ACELERADA

Os coeficientes de carbonatação acelerada Kc de cada relação a/agl foram obtidos através de regressão linear das espessuras carbonatadas nas idades de 0, 4, 8 e 12 semanas. Para efeito de cálculo, o período de cura e pré-condicionamento dos corpos de prova foi desprezado, sendo a carbonatação inicial considerada nula para fins práticos para todas as misturas e relações a/agl.

As profundidades médias carbonatadas e os coeficientes de carbonatação são apresentados na Tabela 3, sendo o coeficiente de carbonatação médio a média dos coeficientes de carbonatação das relações a/agl para a mesma mistura.

Os resultados do ensaio de carbonatação demonstraram a maior profundidade média carbonatada das misturas contendo ativadores em alguns casos. Isso pode ser explicado pelo aumento da velocidade das reações pozolânicas e conseqüente consumo de hidróxido de cálcio causado pelos ativadores químicos. Nos casos onde houve redução da área carbonatada, creditou-se o fato a um possível aumento da compacidade da pasta associada ao aumento da alcalinidade provocado pelo ativador, já que a quantidade de ativadores empregada nas misturas deve ter resultado em aumento do pH do concreto.

TABELA 3 – Resultados dos ensaios de carbonatação acelerada Profundidade Carbonatada

(mm) Tipo da Mistura a/ag

4 sem 8 sem 12 sem

KCO2 (mm/sem0,5) KCO2 médio (mm/sem0,5) 0,35 0,00 0,00 0,00 0,100* 0,50 11,13 14,99 19,25 5,473 REF 0,65 30,70 46,22 TC 16,010 7,194 0,35 0,00 0,00 0,00 0,100* 0,50 16,11 21,35 25,21 7,497 20A 0,65 26,09 41,53 TC 14,138 7,245 0,35 0,00 0,00 0,00 0,100* 0,50 6,81 14,21 16,98 4,693 20A K2SO4 1% 0,65 18,58 30,99 37,94 10,676 5,156 0,35 9,95 11,45 14,40 4,257 0,50 15,00 21,69 25,01 7,417 20A Na2SO4 1% 0,65 22,96 30,31 36,33 10,729 7,468 0,35 0,00 0,00 0,00 0,100* 0,50 17,11 20,20 24,86 7,395 20A Na2SiO3 1% 0,65 22,96 TC TC 15,611 7,702

* casos onde não se constatou profundidade de carbonatação pela aspersão de fenolftaleína, o que levou os coeficientes a serem considerados 0,100 para possibilitar a regressão de potência.

A mistura 20A com 1% de K2SO4 apresentou o menor coeficiente de carbonatação dentre todas as

investigadas. O coeficiente de carbonatação desse traço foi considerado des´rezível para a relação a/agl 0,35 e consideravelmente inferior aos da mistura de referência para as relações a/agl 0,50 e 0,65. Em relação à mesma mistura sem ativador, os coeficientes de carbonatação do traço contendo 1% K2SO4 passaram de 7,50

para 4,70 mm/√semana para a relação a/agl 0,50 e de 14,14 para 10,68 mm/√semana para a relação a/agl 0,65. Ainda para a mistura com 20% de substituição por cinza de casca de arroz, o ativador composto de 1% de Na2SO4 apresentou coeficiente de carbonatação inferior ao do traço de referência, maas apenas para a relação

a/agl 0,65 onde o coeficiente encontrado foi de 10,73 mm/√semana.

Os coeficientes de carbonatação, como esperado, apresentaram-se sempre diretamente proporcionais às relações a/agl, contudo, a influência dos ativadores químicos parece depender da relação a/agl empregada. O desenvolvimento da carbonatação em função da relação a/agl está apresentado na Figura 3.

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0 5 10 15 20 25 30 0,20 0,35 0,50 0,65 0,80 a/ag K c (mm/se ma na 0, 5 ) REF 20A 20A K2SO4 1% 20A Na2SO4 1% 20A Na2SiO3 1%

FIGURA 3 – Gráficos dos coeficientes de carbonatação x a/ag para as misturas ensaiadas

ABSORÇÃO CAPILAR

Na Tabela 2 e Figura 4 são apresentados os resultados de absorção capilar em vinte e quatro horas para os traços e relações a/agl investigados. Os resultados aqui expressados consistem na média das três verificações realizadas no caso de desvio relativo inferior a 10,0 % e no valor que mais se adequava na regressão de potência do gráfico de absorção capilar em função da relação a/agl no caso de desvio relativo superior. Para fins comparativos considerou-se a quantidade média de água absorvida como a média dos resultados de absorção capilar das três relações a/agl estudadas.

0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200 3600 4000 Abso rção Ág ua ( g/m 2) REF 20 A1 20 A2 20 A3 20 A4 0,65 0,50 0,35 Misturas Relação a/agl

Figura 4 – Resultados de absorçãocapilar das misturas ensaiadas

Todas as misturas com ou sem ativadores obtiveram valores de absorção capilar inferiores à da mistura de referência. Quando comparados pela média dos resultados, observou-se que a presença dos ativadores

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diminuiu as quantidades de água absorvida entre 19% e 35% para a mistura contendo 20% de cinza de casca de arroz.

Nos traços compostos com 20% de cinza de casca de arroz a ordem de absorção capilar para os ativadores na relação a/agl 0,35 foi Na2SO4<20A<Na2SiO3<K2SO4. Nas relações a/agl 0,50 e 0,65 as misturas contendo

ativadores apresentaram menor absorção capilar do que as misturas equivalentes sem ativador. A ordem de absorção capilar para os ativadores foi Na2SiO3< Na2SO4< K2SO4 para a relação a/agl 0,50 e Na2SO4<

K2SO4<Na2SiO3 para a relação a/agl 0,65.

Quando se compara as diversas misturas nos gráficos de absorção capilar em função da relação a/agl, Figura 5, visualiza-se claramente o benefício do emprego da cinza de casca de arroz para a redução da absorção capilar do concreto, entretanto, delinear conclusões quanto a influência dos ativadores químicos na absorção capilar mostra-se uma tarefa mais cmplexa.

A variação dos resultados apresentaram a tendência de redução da quantidade de água absorvida nas relações a/agl mais elevadas nas misturas com cinza de casca de arroz e ativadores químicos presentes em relação à mistura sem ativador,enquanto que nas relações a/agl mais baixas o efeito foi contrário.

Absorção capilar aos 91 dias - cca

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 REF 20A 20A II 20A III 20A VII

Figura 5 – Absorção capilar em função da relação a/agl das misturas ensaiadas

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos mostram que efetivamente os ativadores químicos contribuem para o aumento das resistências iniciais. Os melhores resultados, comparativamente à mistura de referência, foram obtidos com a mistura 20A3 (1% K2SO4 ).

Em igualdade de relação a/agl e idade, as misturas contendo cinza de casca de arroz, sem e com ativadores apresentaram desempenho quanto à penetração de cloretos superior à da mistura de referência.

A mistura composta com 20% de cinza de casca de arroz e 1% de K2SO4 apresentou o menor coeficiente de carbonatação dentre todas investigadas. O coeficiente de carbonatação desse traço foi considerado desprezível para a relação a/agl 0,35 e consideravelmente inferior aos da mistura de referência para as relações a/agl 0,50 e 0,65.

Observa-se a tendência de redução da quantidade de água absorvida nas relações a/ag mais elevadas nas misturas com cinza de casca de arroz e ativadores presentes em relação à mistura sem ativador, enquanto que nas relações a/agl mais baixas o efeito foi contrário.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos alunos bolsistas de iniciação científica André Lübeck, Henrique C. Siqueira, Eder Claro Pedroso pela ajuda nos ensaios. Ao CNPq, CAPES, FAPERGS e FIPE, pelos recursos e bolsas concedidas; e as empresas BK Energia e MBT pelos materiais cedidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALVES, A. S. Efeitos físicos e químicos de misturas pozolânicas na carbonatação e penetrabilidade à água em concretos de alto desempenho. Santa Maria,2000, 117p.Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,2000.

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3. CERVO, T. C. Influência da finura e do teor de pozolanas na penetração de cloretos e na solução aquosa dos poros do concreto. Santa Maria,2001, 123p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,2001.

4. DAL RI, M. Efeitos da adição da cal hidratada em concretos com altos teores de adição mineral na penetração de cloretos e na solução aquosa dos poros do concreto. Santa Maria,2002, 103p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,2002.

5. GOMES, N. S. Influência de ativadores químicos na penetração de cloretos em concretos de misturas binárias e ternárias. Santa Maria, 2003, 182p.Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,2003.

6. LARANJEIRAS, A. C. R. Estruturas de Concretos Duráveis – Uma Chave para o Sucesso do Desenvolvimento Sustentável. In: Simpósio Comemorativo IBRACON 30 anos. São Paulo: Revista IBRACON, julho/setembro de 2002.

7. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura , propriedades e materiais. São Paulo:Pini, 1994. 8. MISSAU, F. Penetração de cloretos em concretos contendo diferentes teores de cinza de casca de arroz.

Santa Maria, 2004, 129p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria,2004.

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