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Avaliação dos impactos socioambientais de um aterro sanitário no município de Salgueiro-PE

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Academic year: 2021

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Avaliação dos impactos socioambientais de um aterro sanitário no

município de Salgueiro-PE

FARIAS, Lucas Rosendo dos Santos*; GALVÃO, Daniely Inácio; SANTOS, Tayanara Menezes

Colegiado de Engenharia de Produção, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Salgueiro – UNIVASF;

* Autor de correspondência. E-mail: lucas.sfarias@discente.univasf.edu.br

R E S U M O

Devido aos altos índices de poluição e degradação ambiental, o Brasil tenta pôr em prática uma política ambiental que possa reduzir os danos causados por estas. A geração de resíduos sólidos é um dos fatores que mais tem impactado negativamente o meio ambiente, devido ao descarte inadequado que tem sido dado por grande parte dos municípios. No país, os aterros controlados e lixões, considerados ambientalmente inadequados para o descarte do lixo, têm causado grande impacto ambiental por receberem variados tipos de resíduos, sem nenhum arranjo para evitar danos socioambientais. Assim, o aterro sanitário, dito como mais ambientalmente correto, surgiu como uma alternativa para o descarte de resíduos sólidos. No ano de 2005, em Salgueiro, Pernambuco, foi instalado um aterro sanitário no município, que hoje atende a outros municípios da região do sertão central. Na literatura, poucos estudos científicos se propuseram a avaliar os impactos da instalação deste aterro na região. O presente trabalho é um estudo de caso, e tem como objetivo analisar os impactos socioambientais causados pela implantação deste aterro sanitário, comparando com o período no qual a destinação final dos resíduos era um lixão a céu aberto.

Palavras-chave: Aterros sanitários; Lixões; Impactos socioambientais; Resíduos sólidos.

Evaluation of the social and environmental impacts of a sanitary filler in

the city of Salgueiro-PE

A B S T R A C T

Due to high levels of pollution and environmental degradation, Brazil tries to implement an environmental policy that can reduce the damage caused by it. The generation of solid waste is one of the factors that has most negatively impacted the environment, due to the inadequate disposal that has been given by most municipalities. In Brazil, controlled landfills and dumps, considered environmentally unsuitable for waste disposal, have caused a great environmental impact because they receive various types of waste, without any arrangement to avoid social and environmental damage. Thus, the landfill, said to be more environmentally friendly, has emerged as an alternative for solid waste disposal. In 2005, in Salgueiro, Pernambuco, a landfill was installed in the municipality, which today serves other municipalities in the central backwoods region. In the literature, few scientific studies have proposed to evaluate the impacts of the installation of this landfill in the region. Thus, this paper aims to analyze the social and environmental impacts caused by the implementation of this landfill, comparing with the period in which the final disposal of the waste was an open dump.

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1 Introdução

Segundo Mucelin e Bellini (2008) a crescente ampliação das áreas urbanas tem beneficiado para o crescimento de impactos ambientais negativos. O alto consumo de produtos industrializados, bens e serviços têm gerado uma grande quantidade de resíduos sólidos nos espaços urbanos, e todas essas ações influenciam o ambiente.

O inadequado tratamento de resíduos sólidos no espaço geográfico tem provocado sérios problemas socioambientais que afetam comunidades inteiras e as colocam em situações de risco e vulnerabilidade. A tipologia dos riscos é vasta, podendo caracterizar-se como risco ambiental, alimentar, econômico, geopolítico, social, entre outros (Duarte, 2018).

A geração de resíduos sólidos e industriais é um dos maiores causadores de problemas ambientais, e o processo de descarte é um grande desafio para os municípios, que são os responsáveis por esse processo. Muitos dos municípios brasileiros ainda os destinam para os lixões, e isso causa impactos negativos para as populações que vivem no entorno desses locais. Além do transtorno que essa destinação final do lixo causa a população do entorno, ela traz também grandes impactos ao meio ambiente, como a contaminação da água e do solo. Segundo dados divulgados no ano de 2016 pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), dos 5.570 municípios brasileiros, 3.331 ainda tem como destino final para os refugos, os lixões ou aterros controlados, que é diferente de aterros sanitários.

Assim sendo, há uma preocupação gerada diante da destinação que está sendo dada a esses resíduos, visto que os lixões e aterros controlados não são ambientalmente corretos. No entanto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei nº 12.305/10), estipulou um prazo para que até o ano de 2014 os municípios extinguissem os lixões e destinassem os resíduos para aterros sanitários, porém uma grande quantidade de municípios ainda não se adequou a PNRS.

Segundo Kohn et al, (2007), a disposição inadequada dos resíduos sólidos deve ser evitada, porque promove a contaminação do solo, do ar e das águas superficiais e subterrâneas, e além disto, causam a proliferação de vetores de doenças, como ratos, moscas, baratas e outros tipos de insetos ou animais, influenciando de forma negativa o meio ambiente e a saúde da população. Os autores falam ainda de outro problema causado por essa disposição inadequada, que é a geração de um líquido altamente poluente denominado chorume, produzido devido a decomposição química e microbiológica dos resíduos, o líquido possui uma coloração escura, é viscoso e possui um cheiro forte

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Uma alternativa que tem sido adotada para o tratamento de resíduos sólidos, e que causa menos impactos negativos, é a implantação de aterro sanitário.

No geral, uma das maiores dificuldades para os municípios se adequarem a PNRS é a financeira, pois há um custo para se implantar e manter um aterro sanitário, e diante desta dificuldade a maioria ainda utiliza os lixões, alternativa que não demanda os mesmos investimentos financeiros necessários que um aterro sanitário (ALBERTE et al., 2005). Este era o caso do município de Salgueiro até o ano de 2005, quando destinava todo o lixo produzido e coletado na cidade para um lixão que ficava localizado próximo a zona urbana, colocando assim em risco a saúde da população e o meio ambiente.

Salgueiro é um município localizado no sertão central pernambucano, distando cerca de 513 km de Recife, capital do estado, possui uma população estimada em 60.423 habitantes (IBGE, 2017). No município existe um aterro sanitário desde o ano de 2005, que fica localizado a 6 km do perímetro urbano. Sua contribuição à sociedade, no entanto, tem sido pouco discutida.

O presente trabalho tem então como objetivo geral fazer um estudo de caso sobre os impactos socioambientais causados pela implantação do aterro sanitário no município de Salgueiro, comparando com os impactos causados ainda na época que a destinação final dos resíduos era no lixão municipal.

2 Metodologia

Por se dirigir especificamente ao aterro sanitário do município de Salgueiro, o presente trabalho pode ser definido como um estudo de caso, tendo como objetivo principal analisar quais os impactos socioambientais causados com a implantação deste aterro, bem como comparar com os impactos causados na época em que os resíduos eram depositados no lixão, e assim mostrar quais as melhorias trazidas pela implantação do aterro.

Na etapa inicial da realização do trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Segundo Köche (2015), pesquisa bibliográfica é a que se desenvolve tentando explicar um problema utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres. É uma etapa em que o pesquisador levanta conhecimento já disponível na área para auxiliar na compreensão e/ou explicação do problema investigado ou para ampliar o grau de conhecimento na determinada área de estudo.

O trabalho pode ser classificado como uma pesquisa qualitativa, pois o que se busca obter em relação ao tema investigado são informações sobre: como os lixões e aterros sanitários impactam o meio ambiente, e quais os benefícios de se instalar um aterro sanitário em

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substituição aos lixões, tendo como objeto de estudo o aterro sanitário do município de Salgueiro-PE. A pesquisa pode ser caracterizada também como documental, pois estão realizadas buscas em documentos disponibilizados pelo poder público municipal e outros órgãos, para coletar dados sobre o aterro municipal de Salgueiro.

Ainda é esperado como trabalho futuro realizar visitas de campo ao local, bem como organizar entrevistas estruturadas com profissionais responsáveis pela operação do aterro, para assim realizar uma melhor análise da situação em que se encontra o aterro, e se cumpre todas as normas ambientais.

3 Fundamentação teórica

Segundo Elk (2007) lixão é a forma inadequada de dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo, sem nenhuma impermeabilização, sem sistema de drenagem de lixiviados e de gases e sem cobertura diária do lixo, causando impactos à saúde pública e ao meio ambiente. Nesses locais é frequente a presença de pessoas excluídas socioeconomicamente, como idosos e crianças que trabalham como catadores, em condições precárias e insalubres, pondo assim a saúde em risco.

Betio e Santos (2016) definem lixões como locais desprovidos de quaisquer critérios técnico-científicos e ecológicos, e são áreas nas quais não há controle dos poluentes gerados pelo processo de decomposição da matéria orgânica. O solo do local não tem nenhum tipo de preparação para receber os resíduos, por isso o alto índice de contaminação do solo e de águas superficiais e subterrâneas onde há lixão.

Os impactos ambientais e sociais que esse tipo de destinação final pode causar são diversos. Segundo Rouquayrol e Almeida Filho (1999), entre os impactos está a proliferação de mosquitos, moscas, baratas e ratos, que são vetores de transmissão de doenças, como desinterias, febre tifoide e outras infecções. Há ainda a presença de animais domésticos, que podem transmitir outros tipos de doenças. Isto se agrava principalmente quando está localizado em zona urbana, onde habita a maioria da população. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), cerca de 84% da população brasileira vive em área urbana, e é parte dessa população que sofre mais impactos com a destinação irregular dos resíduos, pois é onde ocorre maior consumo, por conseguinte, descarte de resíduos.

O Aterro controlado foi uma solução rápida encontrada para dar resposta à imensa quantidade de resíduos gerados nas cidades (MACHADO, 2013).

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Os aterros controlados são considerados menos poluentes que os lixões, entretanto, não têm a mesma eficiência dos aterros sanitários. O aterro controlado utiliza algumas técnicas de engenharia para isolar os resíduos descartados, cobrindo-os com argila, terra e grama, impedindo que o lixo fique exposto e favoreça a proliferação de doenças. Este tipo de tratamento também ameniza o cheiro do lixo e a consequente proliferação de insetos e animais que buscam alimentos nos lixões. Sendo assim, esse tipo de destinação final ameniza apenas impactos relacionados à poluição do ar e ao contato das pessoas com produtos que representam riscos à saúde, o solo e as águas continuam sendo poluídos (NBR 8849, 1985 ABNT).

O aterro sanitário, por sua vez, é uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição dos resíduos sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. É considerado uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação de resíduos sólidos, pois permite um controle eficiente e seguro do processo e quase sempre apresenta a melhor relação custo-benefício. Pode receber e acomodar vários tipos de resíduos, em diferentes quantidades, e é adaptável a qualquer tipo de comunidade, independentemente do tamanho (ELK, 2007).

Para que o aterro sanitário atenda de forma segura a disposição dos rejeitos, alguns critérios devem ser observados, como: constar sistema de impermeabilização da base e laterais, sistema de drenagem e tratamento do chorume, de águas pluviais e de gases, bem como o monitoramento ambiental e plano de encerramento (NBR 8419, 1992 ABNT). Seguindo esses critérios, os aterros sanitários são atualmente considerados a destinação ambientalmente correta mais aceita, por ser a que gera menos impactos negativos ao meio ambiente e a saúde pública. Mas são poucas as cidades que se adequaram a PNRS e instalaram aterro sanitário, a maioria ainda destina seu lixo para os lixões a céu aberto ou aterros controlados.

Os aterros sanitários devem obedecer vários critérios e normas ambientais, têm o objetivo de diminuir ao máximo os danos ao meio ambiente, e também de não causar riscos à saúde pública. A impermeabilização no solo é feita com materiais como argila e polietileno, que é um tipo de polímero. Os aterros sanitários possuem um sistema de drenagem para fazer a captação de águas pluviais e um sistema de drenagem que faz a captação e condução de líquidos percolados (chorume) até o local onde é feito seu tratamento. Para que o terreno não fique sujeito a explosões ou deslizamentos, existe também um sistema para captação dos gases gerados (FALCÃO; ARAÚJO, 2005).

A lei nº 12.305/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou simplesmente PNRS é uma lei que foi criada como forma de instrumento para ajudar na preservação ambiental, e como

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uma frente de combate a um dos maiores problemas ambientais do Brasil, a poluição advinda do descarte incorreto dos resíduos sólidos. Este é um problema que afeta o país não apenas de forma ambiental, mas também em aspectos econômicos e sociais, e daí surge uma necessidade mais que urgente de se resolver este problema.

A lei prevê uma redução considerável na geração de resíduos, através da implantação de consumismo sustentável, na reciclagem e reutilização de produtos. Outro objetivo é garantir a destinação correta para aqueles produtos que não podem ser reciclados ou reutilizados, e é nesta parte em específico que se é tratado a questão de os municípios instalarem um aterro sanitário e desinstalarem os lixões a céu aberto.

Nessa questão entra um tema importante dentro da engenharia de produção, que é a logística reversa. Para Leite (2003), a logística reversa é um termo bastante genérico e significa em seu sentido mais amplo, todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais, englobando todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usadas a fim de assegurar uma recuperação sustentável.

Pode ser visto a importância da logística reversa nesse processo por estar ligada a atividades de reciclagem e reutilização dos produtos e bens industriais, que são o que geram a maior quantidade de resíduos sólidos. Diante disto, é possível notar que os profissionais da Engenharia de Produção e da Administração ocupam um papel muito importante no que se diz respeito ao tratamento que deve ser dado aos resíduos sólidos.

4 Resultados e discussão

Um benefício é que, da forma que são operados, os aterros sanitários não causam poluição do ar, pois os resíduos são cobertos com uma camada de solo e impermeabilizados, extinguindo a presença de vetores de doenças, como alguns tipos de animais e insetos. Acabam também com a presença de catadores, por serem locais normalmente controlados, onde há uma guarita e constante vigilância, e com isto evita o contato dessas pessoas com o lixo contaminando, preservando assim a saúde dos mesmos.

No caso de Salgueiro, mesmo já estando há vários anos em funcionamento, o aterro só ganhou a licenciamento ambiental de acordo com a lei 12.305/10 em 21 de dezembro de 2017, quando conseguiu se adequar a todos os procedimentos ambientais necessários, segundo informações do site da prefeitura municipal. O licenciamento foi obtido por meio da Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), com o Nº 03.17.12.004233-0, e somente após o licenciamento é que o município se tornou apto a receber recursos do ICMS

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Socioambiental, para aplicar na gestão do aterro e aumentando consequentemente a arrecadação do município.

Até o ano de 2011, o aterro recebia em média cerca de 30 toneladas de lixo diariamente, atualmente esse valor é de 82 toneladas, tanto devido ao crescimento populacional como também devido aos recentes convênios que a prefeitura firmou com alguns municípios cedendo o uso do aterro, isto em troca de recebimento de taxas por cada tonelada de resíduos depositadas no local. Esta iniciativa além de gerar faturamento para o município, traz benefícios para a região, o aterro sanitário em Salgueiro impactou na eliminação dos lixões e da disposição inadequada do lixo nos municípios que firmaram o convênio, que são Santa Cruz da Baixa Verde, que iniciou a disposição em fevereiro de 2019 e São José do Belmonte, que iniciou um pouco antes, em dezembro de 2018. Estão em negociação ainda outros dois municípios, Verdejante e Terra Nova.

O aterro de Salgueiro opera dentro dos padrões exigidos, quando os resíduos chegam no local passam primeiro por uma pesagem, após este processo o lixo é espalhado por um trator e passa por um tipo de triagem, na qual são separados os de origem doméstica, industrial de construção e hospitalar, e depois são compactados e cobertos por uma argila. No local existem dois drenos, um serve para fazer a drenagem do chorume, ou liquido percolado, este é o chamado de “dreno liso” e tem o “dreno com furos” que serve para eliminar gases do solo e assim evitar a ocorrência de explosões. O lixo hospitalar tem um tratamento mais rigoroso, pois existe uma empresa especializada que o recolhe no local e faz a incineração de forma segura.

A instalação do aterro trouxe vários benefícios para o município de Salgueiro, tanto ambientais como também econômicos. Um aterro sanitário que esteja dentro das normas evita a contaminação das águas subterrâneas pelo chorume proveniente da decomposição da matéria orgânica, bem como o acúmulo de biogás. Com o fim do lixo a céu aberto há também a diminuição da presença de catadores de materiais recicláveis, que ficavam nos lixões expostos a doenças, em busca de algo que possa gerar alguma renda. As cidades de São José do Belmonte e Santa Cruz da Baixa Verde também se beneficiam, pois com o convênio feito com a prefeitura municipal de Salgueiro puderam dá fim a seus lixões e assim evitar mais danos ambientais no solo e nas águas subterrâneas, e serem uns dos poucos municípios do estado a estarem adequados a PNRS.

Em termos econômicos Salgueiro é o município mais beneficiado, pois houve o aumento da arrecadação com a venda do serviço aos municípios vizinhos. O custo operacional por tonelada é de R$ 27,60, mas a prefeitura cobra aos depositantes de resíduos o valor de R$ 60,00

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por tonelada, além disso, o município recebe recursos do ICMS Ambiental, para aplicação na gestão do aterro, como já mencionado.

Os benefícios são visíveis para a população salgueirense, principalmente para os moradores dos bairros localizados no entorno de onde se localizava o lixão.

O forte odor que existia no local é um dos maiores indicadores da presença de um lixão, acompanhado disso vem a presença de animais e insetos, como urubus, moscas, baratas e etc., que causavam doenças a população, e houve a diminuição de tudo isso. A queima de lixo no local era outro ponto negativo que afetava a população, e causava também a poluição do ar, e a eliminação de tudo isto é um benefício tanto para a comunidade local, como também para o meio ambiente, que sofria com os impactos dessa ação, com a degradação da área e também com a poluição visual.

A implantação de um aterro traz consequentemente a geração de empregos formais na região em que ele está instalado, trazendo assim benefícios econômicos para a cidade.

Dentro de um aterro o lixo passa por um tratamento, para assim amenizar os possíveis impactos ambientais. O chorume passa por um processo de drenagem para evitar que se infiltre no solo e contamine as águas superficiais e subterrâneas, comprometendo a qualidade do lençol freático. Após o processo de drenagem, o chorume segue para um tratamento e é depositado em um tipo de lagoa que existe dentro dos limites do aterro. Antes de se depositar o lixo, a camada do solo passa por um processo de impermeabilização, impedindo o vazamento do chorume e de outros líquidos para o solo e para o lençol freático. Já em um lixão não há nenhum controle, os resíduos não passam por triagem, o solo não passa por processo de impermeabilização, não é realizada drenagem do chorume e nem dos gases.

Uma das maiores dificuldades para que os municípios acabem com seus lixões e implantem aterros sanitários, seguindo a PNRS, é em relação a limitações orçamentárias, pois há um custo para a implantação de um aterro, além dos custos mensais para manter todas as atividades funcionando de acordo com as legislações ambientais e sem agredir ao meio ambiente ou causar riscos à saúde pública. Uma alternativa seria adotar ações como a que a prefeitura de Salgueiro e de outras cidades têm tomado, a de fazer convênios e ceder o espaço do aterro a outras cidades, uma gestão compartilhada, onde os custos para manutenção são divididos.

Este foi apenas um trabalho inicial, em breve será feito um trabalho mais aprofundado sobre o assunto, com visitas ao local e coleta de dados mais exatos em relação a operação do aterro e se está cumprindo todas as normas ambientais. O objetivo é aprofundar a pesquisa e

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acompanhar de perto os efeitos do aterro em Salgueiro, inclusive por meio de análises quantitativas.

Figura 1 – Aterro sanitário do município de Salgueiro-PE

Fonte: Site da Prefeitura Municipal

5 Conclusão

Salgueiro é uma das poucas cidades do sertão pernambucano em processo de adequação a PNRS, construiu um aterro sanitário que segue todos os requisitos exigidos, dentro das legislações ambientais necessárias. Por mais que já esteja funcionando desde o ano de 2005, o aterro esteve por muito tempo fora das exigências que os órgãos ambientais exigem, e esteve por um tempo atendendo a essas normas, porém foram atualizadas, e só no final do ano de 2017 é que o município conseguiu o licenciamento ambiental. A possibilidade de se fazer convênio com outros municípios da região irá aumentar esse índice de cidades que estão acabando com seus lixões, e trazer benefícios ambientais e sociais para o sertão. A ideia de uma gestão compartilhada deveria ser melhor difundida entre os outros municípios, é uma maneira de se adequar com menores dificuldades e gastos financeiros.

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