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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA ACÓRDÃO

APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA N° 200.2011.027640-5/001. ORIGEM : 6 Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital.

RELATOR : Dr. Wolfram da Cunha Ramos, Juiz convocado para substituir o Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira.

APELANTE : Estado da Paraíba. PROCURADOR: Alessandra Ferreira Aragão. APELADO : Município de Jacaraú.

ADVOGADO : Francisco Carlos Meira da Silva.

EMENTA: APELAÇÃO E REMESSA NECESSÁRIA. COBRANÇA.

ARRECDAÇÃO DO ICMS — IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. REPASSE INTEGRAL PELO ESTADO AOS MUNICÍPIOS. COTA-PARTE DE VINTE E CINCO POR CENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 158, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. VEDAÇÃO DE DEDUÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS. PRECEDENTES DO STF E DESTE TRIBUNAL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO DA REMESSA E DO RECURSO VOLUNTÁRIO.

O repasse de parcela do ICMS devida aos Municípios não pode ficar sujeita aos planos de incentivo fiscal do Estado, sob pena de violar o sistema constitucional de repartição de receitas. (Precedentes do STF)

VISTO, relatado e discutido o presente procedimento referente à Remessa Necessária e à Apelação n° 200.2011.027640-5/001, em que figuram como partes o Estado da Paraíba e o Município de Jacaraú.

ACORDAM os eminentes Desembargadores integrantes da Egrégia Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, acompanhando o Relator, conhecer da Remessa Necessária e do Recurso Voluntário,

e negar-lhes

provimento.

VOTO.

O Município de Jacaraú intentou, perante o Juízo da 6' Vara da Fazenda Pública da Comarca desta Capital, Ação de Cobrança, processo n° 200.2011.027640-5,

em face do Estado da Paraíba.

Alegou na sua Inicial (1) que estaria sendo prejudicado no repasse dos valores referentes ao ICMS que lhe pertence, porquanto o Apelante/Réu efetua o repasse com dedução dos incentivos e isenções fiscais que conCede disc cionariamente, contrariando o disposto no art. 158 da CF; e, (2) que os benefic> concedidos pelo Apelante/Réu devem ser deduzidos do percentual que lhe pert não do montante a

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ser repassado aos municípios.

Requereu a antecipação dos efeitos da tutela para determinar que o Réu utilizasse para o cálculo da cota-parte do ICMS repassado aos municípios a alíquota de 25% do produto da arrecadação, sem haver a exclusão dos valores de todos os benefícios, isenções e incentivos fiscais concedidos, sob pena de aplicação de multa diária não inferior a R$ 10.000,00, e, no mérito, pediu a confirmação em definitivo da tutela antecipada, com a devolução dos valores das quantias não repassadas nos últimos cinco anos, devidamente corrigidos e com a incidência de juros de mora.

Na Contestação, f. 139/151, o Réu alegou (1) que o Autor requereu o repasse do ICMS previsto no art. 158 da CF, com inclusão de valores que não foram arrecadados por ele, porquanto, decorrentes de mercadorias amparadas por isenção, base de cálculo reduzida, ou qualquer outro tipo de benefício ou incentivo fiscal, fundamentando seu pedido no caso do PRODEC — Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense, julgado pelo STF, mas que é completamente diferente do caso em análise, tendo em vista que na hipótese o Estado de Santa Catarina efetivamente arrecadava o ICMS, e não o repassava aos municípios; e, (2) que o Autor não tem competência para dispor dos aspectos tributários do ICMS, tendo em vista que ao pretender interferir nos efeitos das isenções e dos incentivos fiscais concedidos por ele sobre o ICMS, atenta contra a ordem constitucional, posto que não é por acaso que o art. 158, IV, da CF, utiliza o termo "produto da arrecadação", significando que somente cabe o repasse do ICMS efetivamente arrecadado, sendo este o entendimento adotado pelo STF.

Requereu a improcedência do pedido.

Sentenciando fl 175/180, o Juízo, ao argumento de que o repasse da parcela do ICMS devida aos municípios deve ser integral, não podendo sofrer deduções provenientes de quaisquer planos de incentivo fiscal do Estado, sob pena de violação ao

sistema constitucional de repartição de receitas tributárias, julgou procedente o pedido para determinar que o Réu repasse ao Autor a parcela integral do ICMS, sem a realização de qualquer dedução à título de incentivo fiscal, e para restituir a diferença de valores não repassados referentes ao quinquênio anterior à data do ajuizamento da ação, devidamente atualizados pela TR (Taxa Referencial) mais 0,5% a partir da citação, a serem apurados em liquidação de sentença, condenando-o, ainda, ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação.

Determinou a remessa dos autos a esta Superior Instância, em face do Reexame Necessário, consoante determinação contida no art. 475, caput, I, do CPC.

O Réu interpôs Apelação, f. 183/197, repisando os mesmos argumentos de sua peça contestatória, e alegando que os honorários advocatícios foram fixados em valor exorbitante, em desrespeito ao disposto no art. 20, §4°, do CPC.

Pugnou pelo provimento do Recurso para julgar improcedentv' pedido, e inverter os ônus da sucumbência, e, subsidiariamente, que fossem inorados os honorários advocatícios.

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Recurso, repisando os mesmos argumentos de sua peça de ingresso.

Desnecessária a intervenção Ministerial no feito, por não se configurarem quaisquer das hipóteses do art. 82, I a III, do CPC.

É o relatório.

Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da Remessa Necessária e da Apelação.

O art. 158, IV, da Constituição Federal garante aos municípios a repartição das receitas tributárias, conforme transcrição abaixo:

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

IV — vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e interrnunicipal e de comunicação.

Observa-se que o texto constitucional não faz referência à isenção do ICMS concedido pelo ente público à iniciativa privada, conforme bem retratado pelo Juízo.

Tem-se, portanto, que o repasse da parcela do ICMS - Imposto Sobre Circulação

de Mercadorias e

Serviços devida aos municípios, não pode sofrer deduções decorrentes de incentivos e isenções fiscais de quaisquer natureza, concedidos discricionariamente pelo Estado, sob pena de violação ao pacto federativo, corroborando com este entendimento, transcrevo ementas de julgados do Supremo

Tribunal Federal:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO DO ICMS. RETENÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE, 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 572.762, da relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, decidiu que o repasse de parcela do tributo devida aos Municípios não pode ficar sujeito aos planos de incentivo fiscal do ente maior, no caso, o Estado, sob pena de ferir o sistema constitucional de repartição de receitas. 2. Agravo regimental desprovido. (RE 535135 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 16/08/2011, DJe-200 DIVULG 17-10-2011 PUBLIC 18-10-2011 EMENT VOL-02609-01 PP-00096)

EMENTA: 1. TRIBUTO. Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS. Programa de incentivo fiscal estadual. Concessão de crédito presumido sobre a parte pertencente aos municípios. Burla à sistemática constitucional de repasse das cotas municipais. Inadmissibilidade. Suspensão de tutela antecipada rejeitada. Agravo regimental improvido. Precedente. A concessão, pelos estados, de crédito presumido sobre ICMS não pode alcançar a cota constitucional de 25% que pertence aos municípios. 2. SUSPENSÃO DE TUTELA ANTECIPADA. Agrave

Ausência de impugnação de todos os fundamentos da decisão agra) n. Aplicação da súmula 283. Agravo improvido. Não colhe recurso que não ataca os fundamentos

autônomos da decisão recorrida. (STA 451 AgR, Relator(a): CEZAR PELUSO PUBLIC 02-06-2011 EMENT VOL-02535-01 -00218- PP-00020) (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 18/0512011, DJe-1 IVULG 01-06-2011

PP-00013

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AGRAVO INTERNO. REPARTIÇÃO DA RECEITA TRIBUTÁRIA. ICMS. ART. 158, IV DA CF. BASE DE CÁLCULO DA PARTILHA DO IMPOSTO PRODUTO DA ARRECADAÇÃO. CONCEITO FIRMADO PELA JURISPRUDÊNCIA DO STF. DESPROVIMENTO. Por ocasião do julgamento do RE 572.762 rel. min. Ricardo Lewandowski, o Tribunal Pleno DJe publicado em 05.09.2008, decidiu que o repasse de parcela do ICMS devida aos Municípios não pode ficar sujeita aos planos de incentivo fiscal do Estado, sob pena de violar o sistema constitucional de repartição de receitas. RE 531566 AgR, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, DJe 01-07-2009. TJPB - Acórdão do processo n° 20020110212327001 - Órgão (3' CÂMARA CIVEL) - Relator DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS - j. Em 21/08/2012

RECURSO OFICIAL E APELAÇÃO. AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. ARRECADAÇÃO DO ICMS - IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. REPASSE AOS MUNICÍPIOS. INTELIGÊNCIA DO ART. 158, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS. RESTITUIÇÃO DOS VALORES NÃO REPASSADOS. OBSERVÂNCIA DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. IRRESIGNAÇÃO. MAL INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO REFERENTE À DISTRIBUIÇÃO DE RECEITAS. DIVISÃO DO VALOR ARRECADADO. DESACOLHIMENTO DA TESE RECURSAL. MATÉRIA ASSENTADA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA. MUNICÍPIOS. NÃO SUJEIÇÃO AOS PLANOS DE INCENTIVO FISCAL DO ESTADO. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. Os municípios não devem se sujeitar, no tocante a repartição de receitas, aos programas de incentivo propostos pelos Estados-membros, por ofender o art. 158, IV, do Código de Processo Civil. Deixando a

Fazenda Pública Estadual de demonstrar que repassou ao município os valores devidos relativos a parcela do ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, sem dedução de incentivos fiscais, a restituição da diferença da quantia é medida que se impõe, devendo ser respeitada, contudo, a prescrição quinquenal. TJPB - Acórdão do processo n° 20020110255979001 - Órgão (4 CAMARA CIVEL) - Relator DES FREDERICO MARTINHO DA NÓBREGA COUTINHO - j. Em 19/07/2012

Agravo Interno. Recurso contra decisão que negou seguimento ao Agravo de Instrumento. Irresignação. Repasse da cota de ICMS a município. Repartição da receita. Inteligência do art. 158, IV, da Constituição Federal. Precedentes do STJ e desta Corte. Presença dos requisitos para a concessão da antecipação de tutela. Manutenção da decisão monocrática. Recurso desprovido. No cálculo da parcela do ICMS a ser repassada aos municípios art. 158, IV, da Constituição Federal, não pode haver a incidência dos beneficias fiscais concedidos pelos Estados, porquanto se consubstanciaria em isenção heterônoina. TJPB - Acórdão do processo n° 20020110195985001 - Órgão (1 CAMARA CIVEL) - Relator DES. JOSE DI LORENZO SERPA -j. em 12/07/2012

É entendimento pacificado, portanto, que o Estado só poderá instituir benefícios tributários dentro do limite dos % (três quartos), ou seja, 70% (setenta por cento) da arrecadação que lhe cabe, mantendo na integralidade a parcela a ser repassada aos municípios, como bem retratado na Sentença.

Sendo assim, correta a determinação do Juízo para que o Ape".1 e/Réu repasse ao Apelado/Autor a parcela integral do 1CMS, sem a realização de me.. lquer dedução à título de incentivo fiscal, e para restituir a diferença de •va ffs não repassados referentes ao quinquênio anterior à data do ajuizamento da a

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Posto isso, conhecida a Remessa Necessária e o Recurso de Apelação,

nego-lhes provimento, mantendo a Sentença em todos os seus termos.

É o voto.

Presidiu o julgamento, realizado na Sessão Ordinária desta Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, no dia 08 de janeiro de 2013, conforme Certidão de Julgamento, o Exmo. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira, dele participando além deste Relator, a Exma. Desa. Maria das Graças Morais Guedes e o Exmo. Dr. Onaldo Rocha de Queiroga, Juiz de Direito Convocado para substituir o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nábrega Coutinho. resente sess o, o Exmo. Sr. Dr. José Raimundo de Lima, Procurador de Justiça.

Gabinete no TJ/PB em João neiro de 2013.

Dr. Wolfra amos — Juiz Convocado

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Diretoria

Judiriá.la Registrado ef7y.€0

Referências

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