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O ENSINO DE ARTE NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PRESIDENTE PRUDENTE APÓS A LDB 9394/96.

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O ENSINO DE ARTE NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PRESIDENTE PRUDENTE APÓS A LDB 9394/96.

Denise Penna Quintanilha Faculdade de Ciências e Tecnologia, Unesp Univ. Estadual Paulista Programa de Pós-graduação em Educação – Mestrado Agência de fomento: FAPESP Eixo 1: Pesquisa em Pós-Graduação em Educação e Práticas Pedagógicas Categoria : Pôster

RESUMO

Esta pesquisa, vinculada a linha de pesquisa Políticas Públicas, Organização Escolar e Formação de Professores, tem como objetivo principal: analisar a situação atual do ensino de Arte nas escolas municipais de 1º ao 5º ano de Presidente Prudente, em relação à ação docente. A atual Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 institui a Arte como componente curricular obrigatório e integrante da formação básica do cidadão, porém sua aplicação tem sido feita de maneira diferente nos diversos sistemas de ensino. Para o desenvolvimento desta pesquisa adotamos a abordagem qualitativa com triangulação de procedimentos. Iniciamos com uma pesquisa documental sobre a Legislação Federal, Estadual e Municipal sobre o ensino de Arte, juntamente com um levantamento sobre as dissertações e teses realizadas entre 1999 e 2008 junto ao banco de teses da Capes. Posteriormente será aplicado um questionário junto aos professores da rede municipal de ensino de Presidente Prudente e equipe gestora, para identificarmos as orientações e práticas adotadas pelos professores em relação a esta disciplina. Após a análise dos questionários, será realizada uma entrevista semi-estruturada com um grupo menor de professores a fim de se aprofundar os principais pontos levantados no questionário. A pesquisa encontra-se na fase de elaboração da fundamentação teórica e elaboração do questionário.

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INTRODUÇÃO

O ensino de Arte1 na escola tem sido diretamente influenciado pela filosofia que divide a escolarização em corpo e mente, cognitivo e não cognitivo. Segundo Efland, (2005, p. 343) a maior consequência dessa filosofia é a crença de que “se o pensar é cognitivo, então seu contrário, sentir, não é cognitivo”. Isso acarreta numa desvalorização do ensino da arte dentro do espaço escolar não só pelos professores, mas pelos próprios alunos que não compreendem seu valor de potencializador das capacidades cognitivas.

Ana Mae Barbosa (2007, p. 33) afirma que “sem conhecimento de arte e história não é possível a consciência da identidade nacional” e que a escola pode favorecer a integração entre os diferentes códigos culturais existentes através do acesso à informação e a formação estética de todas as classes sociais. Nesta perspectiva, a escola torna-se um dos lugares possíveis de formação e acesso ao saber cultural, contribuindo de maneira fundamental para a formação da cidadania e da consciência democrática.

Barbosa (2007, p. 5) defende a presença da Arte na escola como necessária à formação para cidadania e como meio de transformação da realidade:

Sabemos que arte não é apenas socialmente desejável, mas socialmente necessária. Não é possível uma educação intelectual [...] sem arte, porque é impossível o desenvolvimento integral da inteligência sem o desenvolvimento do pensamento divergente, do pensamento visual e do conhecimento presentacional que caracterizam a arte.

Se pretendemos uma educação não apenas intelectual, mas principalmente humanizadora, a necessidade da arte é ainda mais crucial para desenvolver a percepção e a imaginação, para captar a realidade circundante e desenvolver a capacidade criadora necessária à modificação desta realidade.

É importante lembrar que o ensino de Arte proposto pela LDB 9394/96 abrange não só as artes plásticas, como comumente lembrada, mas as quatro linguagens artísticas: Artes visuais, Teatro, Música e Dança.

1Neste documento, o termo “arte” apresenta-se grafado com letra minúscula quando se refere à área de

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Seu conteúdo e importância, mais amplos do que o simples “fazer artístico”, mas considerados como fator de desenvolvimento da consciência e da cidadania, são destacados nos Parâmetros Curriculares Nacionais2 (BRASIL, 1997. p. 15 e 21):

A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas. [...]

O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências a cada momento, ser flexível.

Mais uma vez, Barbosa (2007, p.32) define a nova visão do ensino de Arte ao dizer:

Sabemos que a arte na escola não tem como objetivo formar artistas, como matemática não tem como objetivo formar matemáticos [...] o que a Arte na escola principalmente pretende é formar o conhecedor, fruidor, decodificador da obra de arte. Uma sociedade só é artisticamente desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público.

A atual Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 institui a Arte como componente curricular obrigatório e integrante da formação básica do cidadão, porém sua aplicação tem sido feita de maneira diferente nos diversos sistemas de ensino.

Como são raras as pesquisas que tem como foco principal a ação do professor na disciplina Arte nos anos iniciais do ensino fundamental e considerando-se que o estudo sobre este tema poderá contribuir muito para a valorização da Arte dentro da escola e para uma melhor relação dos professores com esta disciplina, inclusive do professor polivalente, a pesquisa apresentada torna-se extremamente importante e relevante.

Nesse estudo, a questão norteadora é: Como o ensino de Arte vem sendo trabalhado pelos professores nos anos iniciais do ensino fundamental nas escolas de Presidente Prudente? Nossa proposta é de identificar não somente as falhas e sucessos do trabalho realizado, mas as dificuldades encontradas pelos professores em relação a esta disciplina. Para isso, temos como objetivo geral: analisar a situação atual do ensino de Arte nas escolas

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PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo MEC em 1997, como instrumento de apoio às práticas educativas.

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municipais de 1º ao 5º ano de Presidente Prudente, em relação à ação docente e como objetivos específicos: analisar as políticas educativas municipais em relação ao ensino da Arte, especificamente na orientação dada aos professores pela equipe gestora municipal; relacionar a prática pedagógica atual dos professores do ensino fundamental das escolas municipais de Presidente Prudente com a orientação dada ao ensino da Arte; identificar as expectativas e dificuldades dos professores em relação ao ensino da disciplina Arte.

A pesquisa encontra-se na fase de elaboração da fundamentação teórica e na construção dos instrumentos de coleta de dados.

METODOLOGIA

A metodologia escolhida foi a abordagem qualitativa com triangulação de procedimentos. Para tanto, serão usados como instrumentos: a análise documental, o questionário e a entrevista.

A escolha da abordagem qualitativa como análise final dos resultados deriva da idéia de Lüdke e André (1986 ) onde alertam que o uso somente da análise quantitativa pode simplificar a complexa realidade do fenômeno educacional.

Também consideramos, para a escolha da abordagem qualitativa, os aspectos apontados por Bogdan e Bicklen (1994 ) onde existe uma relação entre o mundo objetivo e subjetivo do sujeito que não pode ser traduzido em números e que há a necessidade de interpretação e atribuição de significados no processo da pesquisa e na análise dos dados.

Como primeira fase da triangulação de procedimentos, está sendo realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a importância do ensino de Arte nas escolas, seguida de uma análise documental sobre a legislação Federal, Estadual e Municipal, a fim de se identificar como a disciplina Arte tem sido abordada pelas políticas educacionais nas diferentes instâncias da educação fundamental. Essa análise será um importante ponto de partida, pois segundo Caulley (1981 apud LÜDKE, 1986, p.38) “[...] a análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse”.

A coleta de dados será realizada através de questionário, junto aos professores e a equipe gestora dos anos iniciais das escolas municipais de Presidente Prudente, sendo que o objetivo será a caracterização do perfil profissional dos docentes, o tratamento dado à disciplina Arte nos planejamentos e no desenvolvimento das atividades além de identificar as principais dificuldades e expectativas desses professores sobre o assunto Arte, questões essas que serão aprofundadas na fase das entrevistas.

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Segundo Biasoli-Alves (1998, apud ROSA, 2006, p. 63), durante a análise quantitativa “o pesquisador amadurece o seu problema de pesquisa, trabalha seus dados com maior intimidade e percebe que pode extrair deles mais informações do que as já obtidas se for em busca dos seus significados”. Concordando-se com esta idéia, os questionários serão analisados quantitativamente para podermos identificar as questões que deverão ser aprofundadas nas entrevistas. Em seguida, entrevistas semi-estruturadas serão realizadas com um grupo menor de professores a fim de se esclarecer os principais pontos identificados nos questionários sobre as expectativas e dificuldades enfrentadas por eles no trabalho diário junto aos alunos, referentes ao ensino de Arte.

A escolha deste tipo de entrevista está no fato de que, seguindo uma formulação mais flexível, permite que o entrevistado discorra e verbalize pensamentos, tendências e reflexões sobre os temas apresentados (ROSA, 2006, p.30). Dessa forma, dando-se oportunidade para que os professores expressem suas opiniões e sugestões, poderemos elucidar questões e dificuldades levantadas na primeira fase da coleta de dados.

Concordando-se com Rosa (2006. p. 65) quando ressalta que a análise qualitativa busca não só os dados estatísticos, mas significados e sentimentos nas falas e expressões dos entrevistados, a análise final levará em conta as condições subjetivas abordadas pelos professores durante as entrevistas. Buscaremos, na análise do conteúdo das mensagens, esclarecer os motivos e o contexto das ações referentes ao ensino de Arte dentro das escolas pesquisadas.

RESULTADOS PARCIAIS

A pesquisa traz como embasamento teórico 3 capítulos: “A arte através dos tempos” e “A história da educação no Brasil e do ensino de Arte até 1996” e “ O ensino de Arte na política educacional atual”

O primeiro capítulo percorre a história da humanidade analisando a arte na vida do homem. Destaca as principais características de cada período artístico desde a pré-história até a atualidade, buscando compreender a idéia tão forte ainda hoje entre os professores, de valorização da arte apenas como reprodução da realidade.

O segundo capítulo traça o percurso da história da educação e da história da Arte-Educação no Brasil até 1996. Identifica as influências políticas sofridas pelo ensino de Arte e a causa de sua desvalorização dentro da escola, tanto por parte dos alunos como por parte dos professores e da equipe gestora.

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O terceiro capítulo, ainda em elaboração, analisará a Legislação Federal, Estadual e Municipal para o ensino de Arte, desde a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 até hoje e as orientações trazidas pelo Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs.

Oficialmente, o termo Educação Artística aparece pela primeira vez como integrante do currículo pleno de maneira específica no Art. 7º da Lei 5.692/71. Porém, o Parecer 853/71, do Conselho Federal de Educação separou os conteúdos do currículo em “atividade”, “áreas de estudo” e “disciplina”. A Educação Artística foi classificada como “atividade” no item 2 do mesmo relatório (FRÓES;CAMPOS, p. 167). Ao ser classificada apenas como atividade, a Educação Artística foi colocada numa espécie de “limbo educacional”, valorizada, mas sem espaço efetivo dentro da escola.

O resultado dessa visão sobre o ensino de Arte foi o desaparecimento do professor de Educação Artística em muitos sistemas de ensino e a crença de que a aula de Educação Artística era uma aula sem importância, regulamentos ou disciplina. Um amontoado de atividades que se sucediam sem um objetivo aparente. Apenas o “fazer por fazer”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação em vigor, LDB9394/96 traz a Arte como componente curricular, igualando-se aos demais componentes do currículo obrigatório. Muda a denominação Educação Artística para Arte, na qualidade de área curricular e não mais como atividade.

Considerando-se que esta nova proposta do ensino de Arte, trazida pela Lei 9394/96, já está em vigor há quase quinze anos, buscamos fazer uma análise de como esse tema vem sendo abordado nas pesquisas de mestrado e doutorado nos últimos anos.

Durante o ano de 2009 realizamos um levantamento no Banco de Teses da Capes em doze programas de Pós-Graduação em Educação, a fim de se observar quantas pesquisas tratavam do assunto Arte. Os programas investigados foram os avaliados com notas 6 e 5, abrangendo o período compreendido entre os anos de 2000 e 2009.

Observamos que das 11663 pesquisas encontradas, 249 referiam-se ao tema Arte e somente 3 referiam-se a arte como componente curricular no ensino fundamental. Sendo que a primeira enfoca as potencialidades e silenciamentos no campo do multiculturalismo e da arte local dentro da sala de aula, a segunda analisa a divergência das orientações dos PCNs com a realidade das escolas e a falta de um quadro de referências conceituais e metodológicas por parte dos professores e a terceira trata da constituição da carreira docente dos professores de Arte habilitadas em Artes Visuais. Nenhuma delas analisa a relação do ensino de Arte com os professores polivalentes dos anos iniciais do ensino fundamental e o espaço ocupado pela disciplina dentro da escola.

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Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para uma melhor atuação dos professores junto ao Ensino de Arte nos anos iniciais do ensino fundamental, e também para a valorização da própria disciplina dentro do universo curricular adotado pelas escolas atualmente.

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REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2007

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm> . Acesso em: 22/09/2010

BRASIL, Presidência da República. Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm> . Acesso em: 30/09/2010

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte. Brasília:MEC/SEF,1997.

BOGDAN, Robert C.; BIKLEN Sari Knopp. Investigação qualitativa e educação. Porto: Porto, 1994

EFLAND, Arthur D. Imaginação na cognição: o propósito da arte. In Barbosa, Ana Mae (org.) Arte/Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais.São Paulo: Cortez, 2005. Cap. 2, p.318-345.

FRÓES, Oswaldo; CAMPOS, Odécio. Parecer 853/71, do Conselho Federal de Educação, Câmara do ensino de 1º e 2º graus - Regimento e administração escolar. São Paulo: Dinâmica Educacional, 1981.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

ROSA, Maria Virgínia de Figueiredo Pereira do Couto; ARNOLDI, Marlene Aparecida Gonzales Colombo. A entrevista na pesquisa qualitativa: mecanismos para validação dos resultados. Belo Horizonte: Autêntica, 2006

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