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AVALIAÇÃO HÍDRICA SUBTERRÂNEA DO AQÜÍFERO CRISTALINO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR

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AVALIAÇÃO HÍDRICA SUBTERRÂNEA DO AQÜÍFERO CRISTALINO NA

REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR

Edison Archela1 & Jorge Kazuo Yamamoto2

RESUMO --- A população da Região Metropolitana de Curitiba tem enfrentado muitas dificuldades no que se refere ao abastecimento de água potável. Os mananciais hídricos fluviais, geralmente escassos, encontram-se totalmente captados, quando ainda oferecem água com relativa qualidade para o consumo humano. O presente trabalho apresenta uma avaliação parcial e preliminar dos recursos hídricos subterrâneos da região, como uma alternativa à escassez hídrica local. Além de pouco onerosa e de rápida execução, em seu aspecto logístico-financeiro, os recursos hídricos subterrâneos constituem-se, comumente, em mananciais de boa qualidade. O tratamento geoestatístico de dados hidrogeológicos, provenientes de 276 poços tubulares profundos existentes na área de estudo, possibilitaram o mapeamento das disponibilidades hídricas para o Aqüífero Cristalino, subjacente aos sedimentos da Formação Guabirotuba ou aflorante no entorno destes. O mapa de vazões revelou que as maiores vazões estão intimamente associadas às zonas de fratura e contatos litológicos do Embasamento Cristalino, preferencialmente junto ao eixo coincidente à borda noroeste da bacia, segundo a direção NNE-SSW. Essa região encontra-se sob vários lineamentos estruturais importantes, cujos deslocamentos, através de falhas normais, são os principais movimentos responsáveis pela estruturação tectônica da bacia. A maior vazão encontrada foi de 44m3/hora, sendo que a média das vazões corresponde a 5,94m3/hora.

ABSTRACT --- The population of the metropolitan region of Curitiba has faced many difficulties as regards the supply of drinking water. The river springs water, usually scarce, are fully captured, while still offering relatively water quality for human consumption. This paper presents a partial and preliminary evaluation of groundwater resources of the region, as an alternative to local water shortages. In addition to inexpensive and rapid implementation in its logistical and financial aspect, the groundwater resources are up, usually in water of good quality. The geostatistical processing of hydrogeological data from 276 deep tube wells allowed the mapping of water availability for the Crystalline Aquifer, the underlying sediments Guabirotuba or in these surroundings. The map of flow showed that the largest flows are closely associated with zones of fracture and the lithological boundaries, preferably along the axis coincident with northwest edge of the basin, according to the NNE-SSW direction. This region is under several major structural lineaments, which shifts by normal faults, are the main tectonic movements responsible for the structuring of the basin. The largest flow was found 44m³/h, and the average flow is 5.94 m³/h.

Palavras-chave: Hidrogeologia, Aqüífero Cristalino; Região Metropolitana de Curitiba.

1 Departamento de Geociências do Centro de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: archela@uel.br 2 Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo.

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1. INTRODUÇÃO

É de conhecimento público as dificuldades que os grandes centros populacionais enfrentam no tocante ao abastecimento de água potável. Os mananciais hídricos fluviais, geralmente escassos, encontram-se totalmente captados, quando ainda oferecem água com relativa qualidade para o consumo humano. Na maioria das vezes, porém, estes se apresentam impróprios ao consumo, devido aos estágios críticos de poluição ambiental a que foram submetidos. As alternativas que normalmente são postas em prática, por parte das empresas responsáveis pelos serviços de abastecimento são, via de regra, a exploração de mananciais circunvizinhos, por vezes muito distantes do centro consumidor, encarecendo o produto.

A Região Metropolitana de Curitiba não foge à regra. Os graves problemas com o abastecimento de água, causados pelo grande crescimento populacional, levaram à busca de novas fontes fora dos limites urbanos. Segundo Rosa Filho et al. (1996), os mananciais captados na Serra do Mar vieram contribuir com cerca de 120 litros d’água por segundo, mas foram suficientes para suprir a demanda apenas até o ano de 1945; quando a população era de apenas 150.000 habitantes. Com o crescente aumento da população, o abastecimento passou a contar com a captação do rio Irai (800 l/s), e posteriormente com a captação do rio Iguaçu (3000 l/s). No final dos anos 80, foi incorporada a contribuição das águas represadas do rio Passaúna, aumentando a oferta d’água em 5800 l/s. Em 1995 a Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) já admitia um déficit de 20% no abastecimento público.

O gerenciamento da distribuição de água na região de Curitiba tem sido feito através de programas de conscientização da população, quanto ao uso racional, e às vezes através do racionamento. Propostas oficiais para atender a crescente demanda apontaram para a construção de barragens, cada vez mais distantes dos centros consumidores, como aquelas localizadas nos rios Irai, Piraquara II, Pequeno, Miringuava e Cotia, todas já concluídas e em operação; além da perfuração de poços tubulares profundos visando a explotação de mananciais cavernículos na região de Campo Largo a Colombo.

Neste contexto, a exploração dos recursos hídricos subterrâneos locais vislumbra-se como uma alternativa muito interessante, pois além de pouco onerosa e de rápida execução, constitui-se, via de regra, num manancial de boa qualidade.

O presente trabalho objetiva contribuir, nesse sentido, para a solução da problemática exposta, ainda que parcialmente, através do estudo dos mananciais hídricos subterrâneos locais. O tratamento geoestatístico de dados hidrogeológicos, provenientes de 276 poços tubulares profundos existentes na área de estudo, possibilitou o mapeamento da disponibilidade hídrica no Embasamento Cristalino na Região Metropolitana de Curitiba.

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Em termos práticos, espera-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para uma melhor orientação nas políticas oficiais, no que tange o abastecimento público, dispondo-se dos mananciais hídricos subsuperficiais para a região estudada. Ao mesmo tempo, estamos disponibilizando essas informações à comunidade em geral – indústrias, empresas prestadoras de serviços, clubes esportivos e de recreação, e condomínios residenciais – dotando-a de elementos que lhes permita visualizar as perspectivas de obtenção de água nos domínios de suas propriedades, com previsões estatísticas de profundidade de perfuração e vazão d’água, o que pode ser traduzido em redução de custos e otimização do investimento.

2. LOCALIZAÇÃO, GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E HIDROGEOLOGIA

A localização geográfica da região pesquisada enquadra-se numa área retangular compreendida entre as longitudes 49º00’ e 49º30’ a oeste de Greenwich, e latitudes 25º15’ e 25º45’ a sul do Equador; ou mais precisamente entre 655 e 705 quilômetros E e 7155 e 7200 quilômetros N na Unidade Transversa de Mercator (UTM) (Figura 1).

Geologicamente, a área estudada compreende terrenos com litologias e idades bem distintas, ou seja: predominância de metamorfitos pré-cambrianos - que constituem o embasamento cristalino de toda a área; e os sedimentos inconsolidados (ARCHELA, 2004), com idades provavelmente miocênicas a pleistocênicas (COIMBRA & RICCOMINI, 1985; RICCOMINI, 1988; ARCHELA, 1989, 1990, 2004 e 2006; ARCHELA & COIMBRA, 2006), constituindo os domínios da Bacia Sedimentar de Curitiba.

A evolução das pesquisas tem apontado que o arcabouço estrutural, onde se localiza a Bacia Sedimentar de Curitiba, faz parte de um contexto mais amplo, no tempo e no espaço, abrangendo a gênese e evolução de toda a margem continental do sudeste do Brasil; e que, portanto, para sua melhor compreensão, deve ser estudado à luz do arcabouço tectono-deposicional das principais bacias sedimentares com idade terciária, tais como: São Paulo (SP), Taubaté (SP), Resende (RJ) e Volta Redonda (RJ) (ALMEIDA, 1976; ARCHELA, 1989, 1990, 2004 e 2006; COIMBRA et al., 1989; MELO et al., 1985; COIMBRA & RICCOMINI, 1985; RICCOMINI, 1988).

Em termos geomorfológicos, os domínios são muito maiores, desdobrando-se até o limite a leste, representado pela escarpa da Serra do Mar, a oeste pela escarpa Serrinha - São Luiz do Purunã, ao norte pelos rios Ribeira do Iguape, Açungui, São Miguel, Uberaba, Piedade e Serra da Antagorda, e ao sul pelos rios da Várzea e Capivari (AB'SABER & BIGARELLA, 1961; ARCHELA, 2004; MAACK, 1968; SALVI, 2002).

Trabalhos voltados para a pesquisa das potencialidades hídricas subterrâneas, na área enfocada, são relativamente escassos na literatura acadêmica. As poucas informações disponíveis

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fazem parte de relatórios internos das empresas que atuam no campo da prospecção e explotação de águas subterrâneas e daqueles órgãos responsáveis pelo abastecimento público.

Figura 1 – Mapa destacando a Região Metropolitana de Curitiba. Fonte: modificado e adaptado a partir de IBGE (1999) e Guia Geográfico (2003).

Sendo assim, entre os poucos trabalhos publicados, podemos apontar o de Nogueira Filho (1997) que estudou, especificamente, a hidrogeologia na área de abrangência de toda a Bacia Sedimentar de Curitiba. Ele observou uma íntima relação entre a disposição dos sedimentos e a estruturação regional cristalina, que também refletiu no comportamento hidrogeológico da área em apreço.

Ainda nessa linha, Rosa Filho e Archela, têm procurado ressaltar as potencialidades hídricas subterrâneas, alertando para sua real contribuição como manancial hídrico alternativo para fazer frente à crescente escassez de água potável na Região Metropolitana de Curitiba (ARCHELA, 2004

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e 2006; ROSA FILHO, 1993 e 1997; GIRÃO NERY & ROSA FILHO, 1994; ROSA FILHO et al., 1996).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

As informações geológicas e hidrogeológicas de subsuperfície foram obtidas a partir da análise dos relatórios técnicos de obras de perfuração e construção de mais de 600 poços tubulares profundos para exploração de água subterrânea na área de interesse. Apesar desse volume inicial de dados disponibilizados, e após rigorosa triagem, optou-se por trabalhar com 276 poços, cujas localizações e informações técnicas são, relativamente, mais completas e de qualidade.

Todos os relatórios mencionados fazem parte do Cadastro Geral de Poços do Estado do Paraná, acervado pela Superintendência do Desenvolvimento dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA), e gentilmente disponibilizados para nossa pesquisa.

De posse dos relatórios, previamente selecionados, passamos a construir uma planilha com as seguintes informações: número do poço, localização precisa em coordenadas UTM, cota altimétrica da “boca” do poço, profundidade do Embasamento Cristalino em cota altimétrica, profundidade total do poço; e vazão de teste. Vale ressaltar que a maioria dos poços não possuíam informações georreferenciadas; portanto, concomitantemente à elaboração da planilha, foi realizada a plotagem manual de todos os poços, em seus respectivos endereços, em carta base dotada de malha urbana viária, hidrografia e linhas de altimetria, na escala 1:20.000.

Com a planilha de poços elaborada e os dados georeferenciados, passamos para a fase de elaboração de uma planilha eletrônica, a fim de se alimentar o banco de dados dos programas computacionais utilizados nesse trabalho.

Sabemos que a distribuição dos poços na área estudada não é regular. Há uma concentração nas áreas centrais da capital curitibana e em outros centros urbanizados dos demais municípios que compõem a Região Metropolitana de Curitiba, em detrimento de zonas pouco urbanizadas ou rurais. Sendo assim, haverá necessidade de se pesquisar qual o melhor ajuste e conseqüente método de interpolação para a adequada modelagem geoestatística dos dados.

Sabemos que as áreas com pouca ou nenhuma amostragem são regiões de incertezas; porém, a geoestatística baseia-se em modelos probabilísticos que levam em conta essas incertezas, extrapolando e interpolando os valores conhecidos para as áreas onde são desconhecidos. A fidelidade dos resultados dependerá, muito, da qualidade das informações numéricas trabalhadas e do conhecimento, prévio, do contexto geológico.

A geoestatística parte da premissa de que dois dados numéricos possuem valores cada vez mais semelhantes quanto mais os dois estiverem próximos no espaço (inferência Bayesiana). Por conseqüência, quanto mais distantes estiverem, um do outro, dependendo das características

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ambientais, maior será a discrepância, sendo que a partir de certa distância, os valores podem ser totalmente discrepantes, ou seja, aleatórios. Nesse sentido, a geoestatística propõe, através de um conjunto de ferramentas apropriadas, trabalhar a aparente aleatoriedade dos dados (variáveis regionalizadas), tornando possível uma estruturação espacial. É estabelecida, desse modo, uma função para a correlação espacial (variograma). Esta função representa a base da estimativa da variabilidade espacial em geoestatística.

Em outras palavras, o variograma é uma ferramenta básica para se caracterizar a correlação espacial entre as variáveis regionalizadas (HUIJBREGTS, 1975, in YAMAMOTO, 2001).

Supondo que Z(x) represente o valor de uma variável para um local x, onde x é o vetor (x,y); e que Z(x+h) represente o valor da mesma variável para uma determinada distância h, em qualquer direção. O variograma resume a continuidade espacial para todos os pareamentos (comparação de dois valores) e para todos os h significativos.

A dependência espacial é analisada, segundo Isaaks & Srivastava (1989, in YAMAMOTO, 2006), pela função:

onde:

2J(h) é a função variograma; n é o número de pares de pontos separados por uma distância h;

Z(x+h) é o valor da variável regionalizada no ponto (x+h); Z(x) é o valor da variável regionalizada no ponto x.

Ou pela simplificação da função:

¦





˜

J

n 1 i 2

)]

x

(

Z

)

h

x

(

Z

[

n

1

)

h

(

2

X Y h Z(x) Z(x+h)

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onde:

J (h) é o valor do semivariograma estimado para a distância h; x é a medida de posição;

h é a distância entre medições.

O modelo de semivariograma representa a estrutura de correlação espacial que será usada nos procedimentos de krigagem e simulação.

Denomina-se de Analise Estrutural à análise e ajuste de um semivariograma experimental a um teórico, o qual pode ser representado pelo gráfico a seguir:

onde:

J(h) é a semivariância; Co é o efeito pepita;

C é a semivariância estrutural ou espacial; C+Co é o patamar ou soleira;

A é o alcance.

O “efeito pepita” (Co) corresponde à cota do ponto onde o semivariograma corta o eixo das

ordenadas. Esse ponto reflete as microestruturas não captadas pela menor escala da amostragem, erros de amostragem, de análises laboratoriais, etc.

O “alcance” (A) corresponde ao conceito da “Zona de Influência” ou de “Dependência Espacial” de uma amostra, marcando a distância a partir da qual as amostras tornam-se independentes.

>

@

¦





J

) h ( N 1 i 2 i i

)

Z

(

x

h

)

x

(

Z

)

h

(

N

2

1

)

h

(

(8)

O “patamar” (C+Co) corresponde ao ponto onde toda semivariância da amostra é de

influência aleatória.

Quando o “efeito pepita” (Co) for aproximadamente igual ao patamar (C+Co), denominamos

de “efeito pepita puro”, e a amostra não recebe influência espacial.

A técnica da confecção dos mapas de isolinhas, onde são geradas estimativas de dados de pontos não amostrados a partir de pontos amostrados, é denominada de interpolação de dados. A Krigagem constitui-se num excelente método de interpolação de dados, pois, faz uma descrição mais acurada da estrutura espacial dos dados e produz valiosa informação sobre a distribuição da estimativa do erro.

Landim (1998) descreve a Krigagem como uma série de técnicas de análise de regressão que procura minimizar a variância estimada, a partir de um modelo prévio, que leva em conta a dependência estocástica entre os dados distribuídos no espaço.

Rossi et al. (1994, in ZIMBACK, 2003), destaca três características que distinguem a Krigagem dos outros métodos de interpolação: 1ª) a Krigagem pode fornecer uma estimativa que é maior ou menor do que os valores da amostra, sendo que as técnicas tradicionais estão restritas à faixa de variação das amostras; 2ª) enquanto os métodos tradicionais usam distâncias Euclidianas para avaliar as amostras, a Krigagem tem a vantagem de usar a distância e a geometria (relação de anisotropia) entre as amostras; 3ª) diferente dos demais métodos, a Krigagem leva em conta a minimização da variância do erro esperado, por meio de um modelo empírico da continuidade espacial existente ou do grau de dependência espacial com a distância ou direção, isto é, através do variograma, covariograma ou correlograma.

A Krigagem Ordinária, que é a variação mais utilizada da Krigagem simples, é descrita como sendo o valor interpolado

0

^

x

Z de uma variável regionalizada Z, num local x

o; podendo ser determinada por: onde:

0 ^ x

Z é o valor estimado para o local x

o não amostrado;

Z

x

i é o valor obtido por amostragem no campo; n é o número de amostras vizinhas;

¦ O

«¬ª ˜

»¼º n 1 i i 0 ^

Z

x

i x Z

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O

i são pesos aplicados em cada

Z

x

i, ou seja, ponderadores obtidos pela resolução do sistema linear de equações.

O sistema de Krigagem Ordinária tem solução única se o modelo de variograma for válido. A Krigagem, além de ser um estimador não tendencioso, é um interpolador exato, isto é, se o ponto a ser estimado coincidir com um dos pontos amostrados, o valor estimado deverá ser igual ao valor amostrado (YAMAMOTO, 2000).

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O mapa que sintetiza as informações geológicas da área em estudo encontra-se na figura 2. A delineação dos domínios das exposições dos sedimentos, com seus contornos irregulares, está relativamente prejudicada devido à escala para impressão. Quanto às litologias pertencentes ao Pré-Cambriano e cambro-ordovicianas, as mesmas foram objeto de checagem no campo; porém, seus limites foram compilados de Biondi (1983). Com relação aos lineamentos estruturais, os mesmos foram refeitos a partir da interpretação de fotografias aéreas e observações em campo. Dessa forma, obtivemos uma representação cartográfica mais densa, tanto para aquelas estruturas inferidas e/ou observadas nos domínios dos sedimentos, quanto aquelas inferidas e/ou observadas nos domínios do Embasamento Cristalino.

A observação do mapa geológico permite notar que as drenagens encaixam-se em importantes alinhamentos estruturais do Embasamento Cristalino, num imbrincamento de grandes blocos cujas porções mais deprimidas encontram-se nas porções centrais da Bacia Sedimentar de Curitiba; o que sugere que as atuais principais redes de drenagens não diferem, em essência, daquelas contemporâneas à gênese da bacia.

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Figura 2 – Mapa geológico da área centro-sul da Região Metropolitana de Curitiba. Fonte: Archela (2004).

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Para a elaboração do mapa de vazões hídricas, na área de estudo, procedemos a uma meticulosa análise das informações geológicas e hidrogeológicas para cada poço tubular profundo, selecionando apenas aqueles poços cujos dados fossem representativos; ou seja, cujas “entradas” d’água provinham exclusivamente do Aqüífero Embasamento Cristalino (Figura 3).

Figura 3 – Mapa de localização dos poços tubulares profundos.

O mapa de vazões para o Embasamento Cristalino (Figura 4) elaborado por krigagem revelou uma tendência geral de aumento das vazões, preferencialmente, junto ao eixo coincidente à borda noroeste da bacia, segundo a direção NNE-SSW.

Essa região encontra-se sob vários lineamentos estruturais importantes, cujos deslocamentos, através de falhas normais, são os principais movimentos responsáveis pela estruturação tectônica da bacia. Como em meios não porosos, as águas subterrâneas circulam através das descontinuidades, já era previsto que as maiores vazões estariam relacionadas a essas zonas de cisalhamentos.

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Figura 4 – Mapa de vazões do Aqüífero Embasamento Cristalino.

Mesmo aqueles núcleos de maiores vazões localizados sobre os sedimentos, na região centro-oeste da Bacia Sedimentar de Curitiba, estão associados a lineamentos de falha ou fratura inferidas.

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Nessa mesma região, já sobre o Embasamento Cristalino, pode-se observar um importante setor com altas vazões que estão associadas a lineamentos e contato litológico entre migmatitos embrechíticos epibolíticos e migmatitos estromáticos.

A maior vazão encontrada foi de 44m3/hora; porém, a média das vazões corresponde a 5,94m3/hora. Essa discrepância pode ser explicada devido a grande parte dos poços terem sido perfurados em locais estruturalmente sem descontinuidades; ou seja, fora das zonas de fraturamento ou cisalhamento. Nessas regiões “impróprias” os poços normalmente apresentam baixas vazões, o que faz diminuir a média geral.

5. CONCLUSÕES

A elaboração do mapa das vazões hídricas do Embasamento Cristalino, sobreposto ao mapa geológico da região enfocada permitiu observar que as drenagens atuais encaixam-se em importantes alinhamentos estruturais do Embasamento Cristalino. Esses alinhamentos constituem-se em limites de imbrincamentos de grandes blocos cujas porções mais deprimidas encontram-constituem-se nas porções centrais da Bacia Sedimentar de Curitiba, sugerindo que as atuais principais redes de drenagens não diferem, em essência, daquelas contemporâneas à gênese da bacia.

A conformação geomorfológica também explica a mudança de regime hídrico observada para o rio Iguaçu, onde o basculamento de blocos tectônicos propiciou, já nos primórdios genéticos da estruturação da bacia, centros de represamentos mais profundos para as águas de drenagens que provinham dos altos estruturais tectônicos, hoje parcialmente expostos no entorno.

O mapa de vazões do Aqüífero Embasamento Cristalino revelou que as maiores vazões estão intimamente associadas às zonas de fratura e contatos litológicos, preferencialmente junto ao eixo coincidente à borda noroeste da bacia, segundo a direção NNE-SSW. Essa região encontra-se sob vários lineamentos estruturais importantes, cujos deslocamentos, através de falhas normais, são os principais movimentos responsáveis pela estruturação tectônica da bacia. Mesmo aqueles núcleos de maiores vazões localizados sobre os sedimentos, na região centro-oeste da Bacia Sedimentar de Curitiba, estão associados a lineamentos de falha ou fratura inferidas.

A maior vazão encontrada foi de 44m3/hora; porém, a média das vazões corresponde a 5,94m3/hora. Essa baixa média é reflexo das vazões nulas ou das baixas vazões obtidas em grande parte dos poços, cujas locações sem critérios técnicos, ocorreram em locais estruturalmente sem descontinuidades; ou seja, fora das zonas de fraturamento ou cisalhamento.

6. REFERÊNCIAS

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