CIRLANE MARA NATAL MESTRE EM EDUCAÇÃO – PPGE/UFES 2013
LEGISLAÇÃO E NORMA
LEGISLAÇÃO – GENERALIDADE – PRINCÍPIOS; NORMA – ESPECIFICIDADE – REGRAS;
CONSELHO DE EDUCAÇÃO:
- CONTROLE SOBRE O CUMPRIMENTO DA LEI;
- NORMATIZADOR DAS CONDUTAS QUE SÃO NECESSÁRIAS AO CUMPRIMENTO DA LEI.
MARCOS LEGAIS DA CRIAÇÃO DOS
CONSELHOS
Decreto nº 10. 850 de 1931 – Criação do Conselho
Nacional de Educação (CNE):
- O início efetivo de funcionamento de Conselhos de Educação no Brasil ocorreu em 1911 com a criação do Conselho Superior de Ensino, transformado em 1925 em Conselho Nacional de Ensino. Em 1931, no contexto da criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, foi criado o Conselho Nacional de Educação em substituição ao Conselho Nacional de Ensino.
Constituição de 1934 – Instituição dos Conselhos
Estaduais de Educação:
- A constituição de 1934 instituiu os Sistemas de Ensino Federal e Estaduais, e os respectivos conselhos de educação. Os conselhos estaduais, no entanto, só foram efetivamente criados pela primeira LDB (Lei n. 4.024/61), fruto da Constituição de 1946, que manteve os dispositivos da Lei de 1934, relativos aos Conselhos de Educação e sistemas de ensino;
LDB de 1961 – Criação do Conselho Federal de
Educação; criado no espírito da redemocratização do país, que demandava descentralização, foi marcante sua articulação e apoio na constituição dos Conselhos Estaduais de Educação.
Constituição de 1988 – Estabelecimento de sistemas
municipais de ensino e incentivo à criação dos Conselhos Municipais.
- A Constituição de 1988 instituiu os Sistemas Municipais de Ensino. Antes da LDB de 1961 e da Constituição de 1988, iniciativas esparsas de Estados e Municípios haviam constituído Conselhos Estaduais e Municipais (Conselho Estadual da Bahia, Conselhos Municipais em cidades do Rio Grande do Sul, Conselho Municipal de Vitória/ES);
Embora previstos na Lei n. 5.692/71, com funções a serem delegadas pelos respectivos conselhos estaduais, os Conselhos Municipais de Educação passaram a se organizar efetivamente a partir da Constituição de 1988, que delegou autonomia aos municípios, permitindo a estes a criação de seus Sistemas de Ensino.
NATUREZA DOS CONSELHOS
O Conselho Municipal de Educação (CME) é órgãofundamental para o fortalecimento dos processos educacionais realizados nos Municípios;
Os Conselhos têm fundamento no princípio da gestão democrática (autonomia e participação);
A natureza dos Conselhos está intrinsecamente associada à
estrutura federativa do país e à autonomia das unidades
federadas dos respectivos sistemas de ensino;
Os Sistemas de Ensino se fundamentam no regime
federativo e se caracterizam por competências próprias na
CARACTERÍSTICAS GERAIS COMO
ÓRGÃO DO PODER EXECUTIVO
“Órgãos públicos são unidades da estrutura de uma mesma pessoa jurídica nas quais são agrupadas competências a serem exercidas por meio de agentes públicos. Como se vê, órgãos são meros conjuntos de competências, sem personalidade jurídica própria; são resultado da técnica de organização administrativa conhecida como ‘desconcentração’ [...]” (ALEXANDRINO, 2011).
Os Conselhos Municipais de Educação são criados por lei específica e integram, juntamente com as Secretarias Municipais de Educação, os órgãos que compõe a Gestão da Educação do Município;
São considerados órgãos com relativa autonomia, pois, apesar de poderem gozar de autonomia administrativa, não possuem autonomia financeira; Além disso, seus atos são considerados “Atos Compostos”, pois necessitam da homologação da Secretaria Municipal de Educação para serem publicados;
São órgãos colegiados, pois atuam e decidem pela manifestação conjunta e majoritária da vontade de
AUTONOMIA?
Autonomia e Participação – princípios da Gestão Democrática;
“A autonomia é uma forma de relacionamento que pressupõe interdependência entre entes vinculados pela natureza de suas funções, pela complementação de atribuições e pela capacidade de cooperação que forem capazes de desenvolver.” (BALZANO & ZANCHET, 2009);
Sistema Federativo – CF, artigo 211 – Sistemas de ensino autônomos nos três níveis da Federação;
A autonomia do CME em relação à Secretaria de Educação admite interdependência de ações, contrapondo-se a qualquer tipo de tutela;
Autonomia financeira – dotação de recursos
específicos no orçamento da educação que poderão ser gerenciados pelo próprio Conselho, resguardadas as normas de direito financeiro público;
Autonomia administrativa – questão da homologação dos Atos do Conselho pelo/a Secretário/a de Educação.
Homologação: restrição ou validação?
Atos compostos – o órgão responsável pelo cumprimento e execução dos Atos pode recusar-se a fazê-lo, desde que essa recusa caracterize a necessidade de reavaliação da decisão em função da impossibilidade legal de cumpri-la.
QUE FUNÇÕES TEM O CONSELHO NO
CONTEXTO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO
ENSINO PÚBLICO?
Consultiva: Trata-se de responder a consultas sobre
questões que lhe são submetidas pelas escolas, pela Secretaria de Educação, pela Câmara de Vereadores, pelo Ministério Público, pelas Universidades, pelos sindicados e por outras entidades representativas de segmentos sociais, assim como por qualquer cidadão ou grupo de cidadão, de acordo com a Lei.
Propositiva: Quando o Conselho toma a iniciativa de
participar, emitir opinião e/ou oferecer sugestões às discussões e definição das políticas e ao planejamento educacional.
Mobilizadora: É uma função nova para os Conselhos.
Nasce na perspectiva da democracia participativa em que os colegiados de educação, concebidos como conselhos sociais, têm função de estimular a participação da sociedade no acompanhamento e no controle da oferta de serviços educacionais;
Deliberativa: É desempenhada pelo CME em relação
à matéria sobre a qual tem poder de decisão, definida em sua Lei de criação;
Normativa: Restrita aos Conselhos quando órgãos
normativos dos sistemas de ensino, pois, de acordo com a LDBN (1996), artigo II e III, compete ao Município baixar normas complementares para o seu sistema de ensino. As normas complementares limitam-se à abrangência ou jurisdição do sistema.
Acompanhamento e de Controle Social: Referem-se ao
acompanhamento da execução das políticas públicas e à verificação do cumprimento da Legislação.
Função fiscalizadora: poderá aplicar sanções, previstas
em Lei, em caso de descumprimento, como, por exemplo, suspender matrículas novas em estabelecimento de ensino, determinar a cessação de cursos irregulares, desautorizar o funcionamento de instituições privadas de educação infantil, etc.
Função de Controle Social: Constatadas irregularidades
ou o descumprimento da Legislação pelo poder público, o Conselho poderá pronunciar-se solicitando esclarecimento dos responsáveis ou denunciando aos órgãos fiscalizadores, como a Câmara de Vereadores, o Tribunal de Contas ou o Ministério Público.
Normas Educacionais – função deliberativa;
Políticas Educacionais e Planejamento – funções
propositiva e consultiva;
A função fiscalizadora é exercida somente pelos Conselhos normativos, pois se refere à verificação do cumprimento da Legislação e das normas educacionais pelo Poder Executivo e por instituições do Sistema de Ensino;
Execução do Planejamento: função de acompanhamento
e controle social das ações do executivo;
Relação com a sociedade – função mobilizadora;
Órgão de controle social – participação nos processos de
avaliação institucional desenvolvidos no Município em relação aos quais será propositivo e consultivo.
ATRIBUIÇÕES DOS CONSELHOS
As atribuições de um Conselho de Educação de acordo com sua natureza podem ser classificadas em duas categorias: Técnico-pedagógicas e de participação social.
As atribuições vão se definir de acordo com as funções que o Conselho deve exercer, conforme previsto em Legislação própria.
Exercício da função normativa
Atos normativos/deliberativos: Instruções normativas; Pareceres;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRINO, Marcelo; VICENTE, Paulo. Resumo de direitoadministrativo descomplicado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
BALZANO, Sônia; ZANCHET, Vera. Organização dos Conselhos Municipais de Educação. In: Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação Pró-Conselho. Caderno 1 – Concepção, Estrutura e Funcionamento. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica/Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
BORDIGNON, Genuíno. Gestão da educação no município: sistema, conselho e plano. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.
BRASIL. Lei Federal n. 9.394 de dezembro de 1996, que estabelece diretrizes e bases da educação nacional.
. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1988. 168 p. Promulgada em 05 de outubro de 1988.