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Tradução especializada acessível (TEA) : revisão do tema e proposta de disciplina para cursos de graduação em tradução

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LIANA BRAGA PARAGUASSU

TRADUÇÃO ESPECIALIZADA ACESSÍVEL (TEA): REVISÃO DO TEMA E PROPOSTA DE DISCIPLINA PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO

EM TRADUÇÃO.

Porto Alegre 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE LETRAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS ESTUDOS DA LINGUAGEM

LEXICOGRAFIA, TERMINOLOGIA E TRADUÇÃO: RELAÇÕES TEXTUAIS

LIANA BRAGA PARAGUASSU

TRADUÇÃO ESPECIALIZADA ACESSÍVEL (TEA): REVISÃO DO TEMA E PROPOSTA DE DISCIPLINA PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO

EM TRADUÇÃO.

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Área: Estudos de Linguagem. Linha de Pesquisa: Lexicografia, Terminologia e Tradução: Relações Textuais.

Orientadora: Profª. Drª. Maria José Bocorny Finatto

ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria José Bocorny Finatto

Porto Alegre 2018

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

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LIANA BRAGA PARAGUASSU

TRADUÇÃO ESPECIALIZADA ACESSÍVEL (TEA): REVISÃO DO TEMA E PROPOSTA DE DISCIPLINA PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TRADUÇÃO.

Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Área: Estudos de Linguagem. Linha de pesquisa – Lexicografia, Terminologia e Tradução: Relações Textuais.

Aprovada pela banca examinadora em 29/11/18

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________ Profª. Drª. Maria José Bocorny Finatto (Orientadora)

___________________________________________________________________ Profª. Drª. Rozane Rodrigues Rebechi

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Guilherme Fromm

___________________________________________________________________ Profª. Drª. Andrea Jessica Borges Monzon

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha orientadora Profa. Dra. Maria José Bocorny Finatto pelo acolhimento, pela admirável paciência, por todas as oportunidades e por ter acreditado em mim e que eu poderia contribuir com a sua pesquisa tão valiosa no âmbito da Acessibilidade Textual e Terminológica.

Um agradecimento especial à Profa. Dra. Anna Maciel por ter acreditado no meu potencial e ter sido a primeira pessoa a entender que um mundo tão técnico quanto o dos maquinários agrícolas poderia fazer parte de uma pesquisa em Letras.

Agradeço à Profa. Dra. Rozane Rebechi pelas portas sempre abertas, pela parceria na pesquisa da SEAD/UFRGS Edital 24 sobre Complexidade Textual. Sem a tua ajuda a pesquisa não teria sido possível.

Agradeço ao Prof. Marcos pela oportunidade de trabalhar com suas turmas de Terminologia durante a pesquisa da SEAD/UFRGS Edital 25 sobre Complexidade e Simplificação Textual.

Agradeço à SEAD/UFRGS pela possibilidade de realizar as pesquisas que subsidiaram esta dissertação.

Agradeço aos membros da banca examinadora por se disporem a ler este trabalho e trazerem contribuições valiosas para enriquecê-lo.

Agradeço aos mestres que contribuíram muito para a minha formação como pesquisadora e tradutora e pelos valiosos ensinamentos durante o Mestrado: Profa. Dra. Cleci Bevilacqua, Profa. Dra. Patrícia Reuillard, Profa. Dra. Sabrina Abreu e Prof. Dr. Félix Bugueño.

Agradeço aos meus colegas e parceiros de jornada Asafe Cortina, Carolina Ourique e Mauren Cereser. A amizade de vocês tornou o caminho até aqui muito mais fácil e prazeroso.

Agradeço ao meu marido, Ricardo Eizerik Machado, pelo suporte, pela compreensão pelas tantas horas que precisei estar ausente do convívio familiar para que o meu grande objetivo pudesse ser cumprido. Agradeço ainda os momentos de consultoria médica que foram tão valiosos neste trabalho e por estar sempre pronto para me ajudar.

Agradeço com todo o meu coração à minha filha Júlia por sua maturidade e entendimento e por, apesar de ter muitas vezes chamado a dissertação da mamãe de “desertação”, ter compreendido os momentos de ausência. Espero que o teu orgulho por eu ter atingido o meu objetivo supere os momentos que a mamãe não pode estar contigo.

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Agradeço aos meus pais Sandra e Luiz Carlos Paraguassu pelo suporte sempre que precisei e por acreditarem em mim.

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Dedico esta dissertação a você, filha, pois em tudo que faço está sempre presente o desejo de ser um exemplo para ti.

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RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo estabelecer as bases de uma nova disciplina, intitulada Tradução Especializada Acessível (TEA), a ser proposta para os cursos de Letras, principalmente Bacharelado, e Tradução no Brasil. Para que pudéssemos desenhar uma disciplina que melhor se adequasse às necessidades do tradutor em formação, partimos dos achados e resultados de duas pesquisas em Educação a Distância (EaD) financiadas pela SEAD/UFRGS intituladas “Complexidade textual em contraste português-inglês: bases para elaboração de atividades EaD para a formação de tradutores na UFRGS” e “Complexidade e simplificação textual em contrastes multilíngues: melhores atividades EaD para a formação de tradutores profissionais na UFRGS”. As pesquisas trataram dos temas da complexidade textual (CT), da simplificação textual (ST) e da Acessibilidade Textual (AT), visando a subsidiar atividades didáticas no curso de Letras/Tradução da UFRGS. Estes projetos buscaram estender as propostas de atividades já verificadas para disciplinas específicas que tratam de terminologias técnico-científicas, mas que tratam, simultaneamente, de textos especializados, primeiramente em inglês e português e, posteriormente, em diferentes idiomas em um cenário multilíngue de formação. A partir dos projetos mencionados, pudemos estabelecer as bases do trinômio CT, ST e AT a serem trabalhadas na TEA e o que perfaz a TEA, juntamente com noções de Tradução, como a Teoria Funcionalista da Tradução proposta por Christiane Nord (1996), e as noções de Tradução Intralinguística propostas por Jakobson (1975), e de Terminologia, como a TCT de Cabré (1999) e a Terminologia de uma perspectiva textual apresentada por Finatto (2004). Assim, a partir de uma revisão sobre o mundo da Tradução hoje e de noções e teorias que viriam a subsidiar a proposta da TEA, partimos para o desenho de uma nova disciplina que surge para agregar valor à formação do tradutor de hoje e dos cursos de Tradução no Brasil.

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ABSTRACT

This master’s research aims at establishing the bases of a new discipline called Accessible Specialized Translation (AST) to be proposed in the Undergraduate Language and Translation courses in Brazil. In order to design a course that best meets the needs of undergraduate translators, we start with the findings and results of two studies in Distance Learning (DL) funded by SEAD/UFRGS called "Text Complexity in Portuguese-English Contrast: bases for designing DL activities for the training of translators at UFRGS” and "Text Complexity and Simplification in Multilingual Contrasts: best DL activities for the training of professional translators at UFRGS ". The researches addressed Text Complexity (TC), Text Simplification (TS) and Text Accessibility (TA), aiming to subsidize didactic activities in the Languages/Translation courses taught at Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). These projects sought to extend the activities already verified to specific disciplines dealing with technical-scientific terminologies, but which deal simultaneously with specialized texts, firstly in English and Portuguese and later in different languages in a multilingual training scenario. From the above-mentioned projects, we were able to establish the bases for the triad TC, TS and TA provided in AST, and what constitutes the AST, as well as notions on Translation, such as the Functionalist Approach proposed by Christiane Nord (1996), and the Intralinguistic translation notions provided by Jakobson (1975), in addition to Terminology theories, such as the TCT by Cabré (1999) and Terminology from a textual perspective presented by Finatto (2004). Thus, based on a review of the world of Translation today and the notions and theories that supported the proposal of AST, we set out to design a new discipline that arises to add value to the training of today's translator and the Translation courses in Brazil.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A tradução como produto ... 41

Figura 2: Classificações Brasileiras de Ocupação... 42

Figura 3: O mercado de traduções mundial por receita líquida de vendas ... 44

Figura 4: Segundo a Nimdzi, 39% das empresas de tradução do mundo estão localizadas nos Estados Unidos ... 46

Figura 5: Algumas modalidades de tradução versus oportunidades de trabalho ... 47

Figura 6: Oportunidade de trabalho no site ProZ ... 52

Figura 7: Diversidade de ferramentas de tradução mapeadas pela empresa de consultoria linguística Nimdzi ... 55

Figura 8: Exemplo de especialização e suas subespecialidades ... 57

Figura 9: Modelo de categorização do texto em 4 níveis de Ciapuscio ... 74

Figura 10: Modelo de características linguísticas e extralinguísticas ... 75

Figura 11: Os diferentes interlocutores da comunicação especializada ... 79

Figura 12: As cinco questões da tradução especializada acessível de acordo com a teoria funcionalista ... 84

Figura 13: Esquema do processo TEA ... 89

Figura 14: Modelo de competência tradutória elaborado pelo PACTE (2002) ... 94

Figura 15: Esquema de subcompetências da Tradução Especializada Acessível (TEA)97 Figura 16: Tabela com as competências científicas ... 113

Figura 17: Tabela com os níveis de escala de proficiência científica conforme o ILC114 Figura 18: Letramento em Saúde – Quando paciente e profissionais de saúde realmente se entendem ... 115

Figura 19: Dicionário médico de linguagem acessível ... 117

Figura 20: Capa do livro infantil, Vovó agora é cavaleiro, sobre DP e do livro Terminologia Médica para Leigos ... 119

Figura 21: Exemplo de cálculo do Índice Flesch em Português ... 123

Figura 22: A CT como forma de análise textual ... 127

Figura 23: Análise parcial de um texto sobre a Doença de Parkinson realizada no Coh-metrix-Port ... 135

Figura 24: Análise do texto em inglês “Little Red Riding Hood” realizada no Word 136 Figura 25: A Simplificação Textual como processo ... 144 Figura 26: Pesquisa realizada no Linguee com a temática de nossa pesquisa em DP 148

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Figura 27: Pesquisa sobre a frequência do termo ‘patologia’ no corpus geral on-line

BYU-Português ... 150

Figura 28: Contexto do termo ‘patologia’ no corpus BYU-Português ... 150

Figura 29: Pesquisa do termo patologia no corpus PtTenTen11 na ferramenta Sketch Engine ... 151

Figura 30: Consulta ao termo ‘patologia’ no dicionário on-line ... 152

Figura 31: Pesquisa sobre a frequência do termo ‘doença’ no corpus geral on-line BYU-Português ... 153

Figura 32: Consulta ao contexto de patologia no corpus geral on-line BYU-Português .. ... 153

Figura 33: Teste de simplificação no Cohmetrix-Port ... 155

Figura 34: Fragmento do Corpus Simplext com frase original e simplificada ... 164

Figura 35: Simplext Teste 1 – Texto técnico-científico ... 167

Figura 36: Simplext Teste 2 – Texto jornalístico ... 167

Figura 37: Os tipos de simplificação do Simplifica: léxica e sintática ... 168

Figura 38: A simplificação léxica no Simplifica ... 169

Figura 39: A simplificação sintática no Simplifica ... 169

Figura 40: Editor do Simplifica com simplificação lexical e sintática ... 171

Figura 41: Editor do Simplifica com opções de sinônimos para o termo ‘depressão’ 171 Figura 42: O editor do Simplifica não conseguiu realizar a simplificação sintática ... 172

Figura 43: Editor Simplifica com os candidatos a sinônimos para ‘Habitação’ ... 173

Figura 44: Editor Simplifica sem candidatos a sinônimos para ‘envelhecimento ... 173

Figura 45: Editor Simplifica com o resultado da simplificação sintática, que, na prática, não realizou nenhuma alteração ... 174

Figura 46: Página inicial do CorPop onde o usuário seleciona com quais corpora quer trabalhar ... 177

Figura 47: Pesquisa do termo ‘patologia’ realizada no CorPop ... 178

Figura 48: Resultado da pesquisa por ‘patologia’ no concordanciador do CorPop .... 178

Figura 49: Resultado da pesquisa por ‘doença’ no concordanciador do CorPop ... 179

Figura 50: Acessibilidade Textual como produto ... 180

Figura 51: O mapa da Acessibilidade ... 182

Figura 52: Tela de pesquisa realizada no Sketch Engine – Mal... 190

Figura 53: Tela de pesquisa realizada no Sketch Engine – Doença ... 191

(12)

Figura 55: Apresentação em PPT realizada em sala de aula sobre a temática da

Complexidade Textual ... 194 Figura 56: Apresentação em PPT realizada em sala de aula: o processo de simplificação ... 194 Figura 57: Apresentação em PPT realizada em sala de aula: o objetivo da Acessibilidade Textual ... 195 Figura 58: Questionário sobre Acessibilidade Textual para os alunos participantes do projeto ... 200 Figura 59: Pergunta sobre a relevância da Acessibilidade Textual para os alunos da graduação em Letras ... 201 Figura 60: Pergunta sobre o entendimento dos conceitos de AT apresentados em sala de aula ... 201 Figura 61: Pergunta sobre os exercícios propostos durante o projeto e o grau de dificuldade ... 202 Figura 62: Pergunta sobre a relevância das atividades práticas ... 202 Figura 63: Pergunta sobre as atividades de Acessibilidade Textual em EaD ... 203 Figura 64: Gráfico comparativo entre as turmas de TRAD III (azul) e TRAD I (laranja) ... 204 Figura 65: Exemplo 1 de estratégias bem-sucedidas de simplificação, ano de 2017 .. 207 Figura 66: Exemplo 2 de estratégias bem-sucedidas de simplificação ... 208 Figura 67: Figura ilustrativa do vídeo sobre Linguagem Acessível... 210

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LISTA DE QUADROS E TABELA

Quadro 1- As dez maiores empresas de tradução do mundo por receita líquida ... 45

Quadro 2- Cálculo por população versus margem de erro ... 61

Quadro 3- Exemplos de texto sobre a DP ... 76

Quadro 4 - Análise classificatória de textos sobre a DP ... 77

Quadro 5 - Modelo pré-translativo de Nord (2012) ... 87

Quadro 6 - Exemplo de simplicação do projeto Complexidade Textual ... 92

Quadro 7 - Índice Flesch e grau de dificuldade de leitura (em português) ... 131

Quadro 8 - Índice Flesch-Kincaid por grau de escolaridade ... 131

Quadro 9 - Comparativo dos índices de inteligibilidade (complexidade) de três tipos distintos de texto ... 139

Quadro 10 - Métricas e estratégias simplificadoras ... 145

Quadro 11 - Teste de simplificação textual realizado no Simplext... 165

Quadro 12- Teste de simplificação no Simplext com texto jornalístico ... 166

Quadro 13 - Critérios utilizados na avaliação do primeiro exercício de simplificação e percentual dos alunos que atingiram os critérios ... 197

Quadro 14 - : Critérios de avaliação trabalho final TRAD III e percentual de alunos que atingiram o objetivo ... 199

Quadro 15 - Critérios de avaliação trabalho final TRAD I e percentual de alunos que atingiram o objetivo ... 199

Quadro 16 - Resultados da pesquisa realizada com os alunos pós-projeto ... 205

Tabela 1 - Tabela com as respostas dos entrevistados no grupo Tradutores, Intérpretes e Curiosos. ... 621

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AF Analfabetos Funcionais

AICC Associação Internacional de Congressos e Convenções API Application Programming Interface

AT Acessibilidade Textual

ATT Acessibilidade Textual e Terminológica

CAT Tool Computer Assisted Translation Tool ou Computer-Aided Tool CFM Conselho Federal de Medicina

CT Complexidade Textual CTr Competência Tradutória DP Doença de Parkinson

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBM International Business Machines

ILC Indicador de Letramento Científico Inaf Indicador de Alfabetismo Funcional INTRA Tradução Intralinguística

LA Linguagem Acessível LDB Lei de Diretrizes e Bases LSP Language Server Protocol

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NILC Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional NMT Neural Machine Translation

NPL Natural Processing Language OMC Organização Mundial de Comércio

PISA Program for International Student Assessment PorSimples Português Simples

SEAD Secretaria de Ensino a Distância SMT Statistical Machine Translation ST Simplificação Textual

TCT Teoria Comunicativa da Terminologia TEA Tradução Especializada Acessível TGT Teoria Geral da Terminologia TI Tecnologia da Informação TM Translation Memory

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul USP Universidade de São Paulo

(15)

SUMÁRIO

PARTE 1

INTRODUÇÃO ... 18

1 A ORIGEM DO TRABALHO, TEMA E OBJETIVOS ... 20

1.1 QUESTÕES NORTEADORAS E QUESTÕES ESPECÍFICAS DE PESQUISA .. 22

1.2 ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO ... 23

2 BASES TEÓRICAS E POSICIONAMENTO DO TRABALHO ... 25

2.1 TRABALHOS PIONEIROS, TRABALHOS DO NOSSO GRUPO DE PESQUISA E ESTUDOS RELACIONADOS ... 25

2.1.1 Outros trabalhos importantes ... 32

2. 1. 2 Bases teóricas gerais ... 34

2. 1. 3 Síntese do posicionamento geral deste trabalho ... 36

3 A TRADUÇÃO E O TRADUTOR NO BRASIL E NO MUNDO: Uma revisão 38 3.1 REFLEXÕES SOBRE A TRADUÇÃO E O TRADUTOR NO BRASIL: MERCADO E PROFISSÃO ... 40

3.1.1 O cenário brasileiro da Tradução ... 48

3.1. 2 Os requisitos do tradutor de hoje ... 50

3.2 O TRADUTOR EM FORMAÇÃO ... 58

3.2.1 Os cursos de Tradução no Brasil e a regulamentação da profissão ... 58

3.2.2 A formação do tradutor brasileiro ... 60

3.2.3 A formação de Tradutor-Intérprete, Letras Bacharelado na UFRGS: um relato pessoal ... 65

3.3 O PAPEL DO TRADUTOR NO ACESSO AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO67 4 A ACESSIBILIDADE NA TRADUÇÃO ESPECIALIZADA... 70

4.1 OS TIPOS DE TRADUÇÃO: A TRADUÇÃO DE TEXTOS ESPECIALIZADOS70 4.2 INTERLINGUÍSTICA OU INTRALINGUÍSTICA? A SIMPLIFICAÇÃO TEXTUAL (ST) COMO TRADUÇÃO INTRALINGUÍSTICA ... 79

(16)

4.3 A TRADUÇÃO ESPECIALIZADA ACESSÍVEL (TEA) DE UMA PERSPECTIVA

FUNCIONALISTA ... 81

4.3.1 A fidelidade na Tradução Especializada Acessível (TEA) ... 90

4.4 AS COMPETÊNCIAS DO TRADUTOR DE TEXTOS ESPECIALIZADOS ACESSÍVEIS ... 93

5 A LINGUAGEM ACESSÍVEL (LA) ... 98

5.1 PLAIN LANGUAGE (PL) OU LINGUAGEM ACESSÍVEL (LA) ... 98

5.1.1 Movimentos em prol da Acessibilidade do Texto ... 101

5.1.2 Para quem a Linguagem Acessível (LA) é dirigida: conhecendo o seu público………...104

5.2. ACESSO À INFORMAÇÃO VERSUS ACESSIBILIDADE DA INFORMAÇÃO106 5.2.1 Letramento ... 109

5.2.2Letramento científico ... 112

5.2.3 Letramento em Saúde (Health Literacy) ... 115

5.2.4 A comunicação em Saúde... 116

5.2.5 Letramento digital... 120

5.3 NOVAS E VELHAS CRÍTICAS AO PLAIN LANGUAGE ... 121

6 COMPLEXIDADE TEXTUAL ... 127

6.1 READABILITY FORMULAS: A INTELIGIBILIDADE DE UM TEXTO COMO PONTO DE PARTIDA ... 129

6.2 A VISÃO MACRO DO TEXTO E AS MÉTRICAS DE COMPLEXIDADE TEXTUAL ... 132

6.3 AS FERRAMENTAS AUTOMÁTICAS DE ANÁLISE DA COMPLEXIDADE DE UM TEXTO ... 134

6.4 OS DIFERENTES GRAUS DE COMPLEXIDADE CONFORME O PÚBLICO LEITOR ... 136

6.5 A COMPLEXIDADE TEXTUAL NOS TEXTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS E EM OUTROS TEXTOS ... 137

(17)

7 O PROCESSO DE SIMPLIFICAÇÃO TEXTUAL ... 142

7.1 MEDIDAS E ESTRATÉGIAS POTENCIALMENTE SIMPLIFICADORAS ... 145

7.1.1 Medidas e estratégias de ordem lexical: por substituição ... 146

7.1.2 As medidas e estratégias simplificadoras de ordem lexical: por explicação 153 7.1.3 Medidas e estratégias simplificadoras de ordem sintática ... 155

7.1.4 Medidas e estratégias simplificadoras por conteúdo ... 157

7.1.5 Outros recursos de simplificação: recursos gráficos, organizadores textuais e outros ... 158

7.2 A SIMPLIFICAÇÃO TEXTUAL (ST) E A LINGUÍSTICA COMPUTACIONAL/PLN ... 162

7.2.1 A Simplificação Textual (ST) no PSET ... 163

7.2.2 A Simplificação Textual (ST) no Simplext ... 164

7.2.3 A Simplificação Textual (ST) no PorSimples ... 168

7.2.4 A Simplificação Textual em corpora: Wikipedia e Corpop ... 175

8 ACESSIBILIDADE TEXTUAL: Texto e Tradução ... 180

8.1 A ACESSIBILIDADE TEXTUAL (AT) NOS ESTUDOS DE TRADUÇÃO ... 183

8.2 A ACESSIBILIDADE TEXTUAL (AT) NOS ESTUDOS DE TERMINOLOGIA………184

PARTE 2 9 UM EXPERIMENTO EM SALA DE AULA: o Projeto ... 187

9.1. AS BASES DO PROJETO: COLETA DE DADOS ... 187

9.1.1 A primeira fase do projeto e a compilação do corpus de pesquisa ... 188

9.1.2 O cenário da pesquisa e a apresentação da temática da CT, ST e AT ... 192

9.1.3 Os exercícios de simplificação realizados em sala de aula ... 195

9.1.4 O trabalho final ... 197

9.1.5 O questionário pós-tarefas ... 200

9.2 ANÁLISE E CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DADOS COLETADOS ... 203 9.2.1 A competência tradutória no processo de aprendizado do trinômio CT, ST e AT206

(18)

9.3 PROJETOS EM ANDAMENTO E PERSPECTIVAS FUTURAS ... 208 PARTE 3

10 TRADUÇÃO ESPECIALIZADA ACESSÍVEL (TEA): uma proposta de disciplina nos cursos de Tradução ... 211 11 RETOMADA DAS QUESTÕES DE PESQUISA E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 217 REFERÊNCIAS ... 220 ANEXO A: PESQUISA SOBRE A FORMAÇÃO DE TRADUTORES NO BRASIL REALIZADA NO GRUPO ‘TRADUTORES, INTÉRPRETES E CURIOSOS’. 229

ANEXO B: LISTA DE UNIVERSIDADES BRASILEIRAS QUE OFERECEM CURSO DE GRADUAÇÃO NA ÁREA DE TRADUÇÃO E/OU INTERPRETAÇÃO. ... 232 ANEXO C: VERBETE DA WIKIPEDIA SOBRE A DP (PD) EM INGLÊS ... 233 ANEXO D: EXERCÍCIO DE TRADUÇÃO SIMPLIFICADA REALIZADO EM SALA DE AULA ... 235 ANEXO E: ORIENTAÇÕES PARA A ENTREGA DO TRABALHO FINAL DAS DISCIPLINAS DE TRADUÇÃO: TRADUÇÃO SIMPLIFICADA COMENTADA237 ANEXO F: PERFIL DO LEITOR DO TEXTO A SER SIMPLIFICADO ... 241 ANEXO G: TEXTO APRESENTADO ÀS TURMAS DE TRADUÇÃO I PARA A TAREFA DE TRADUÇÃO SIMPLIFICADA ... 242 ANEXO H: TEXTO APRESENTADO ÀS TURMAS DE TRADUÇÃO III PARA A TAREFA DE TRADUÇÃO SIMPLIFICADA ... 246 ANEXO I: TRADUÇÃO SIMPLIFICADA REALIZADA POR ALUNO DO CURSO DE LETRAS BACHARELADO, ÊNFASE INGLÊS, PARA O TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA DE TRAD III COMO EXEMPLO DE UMA SIMPLIFICAÇÃO BEM SUCEDIDA ... 250 ANEXO J: GUIA RÁPIDO DE SIMPLIFICAÇÃO TEXTUAL ... 266 ANEXO K: DA PROPOSTA DE DISCIPLINA - GUIA DE NOÇÕES PARA USAR NA DISCIPLINA ... 272

(19)

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa se ocupa de revisar e de situar o tema da Acessibilidade Textual (AT) no âmbito da Tradução e dos estudos de Terminologia, em suas perspectivas teóricas e de formação profissional. Tal acessibilidade é tratada em termos da estrutura linguística e terminológica do texto escrito considerando um possível favorecimento de sua compreensão de leitura para adultos que possuam escolaridade mais ou menos limitada e pouca experiência de leitura. A partir da revisão e reconhecimento do Estado da Arte no tema e de uma experiência em sala de aula com estudantes de Tradução da UFRGS, é trazida uma proposta de disciplina – que é uma unidade de estudos - para implementação futura em cursos de graduação ou especialização em tradução no par de línguas inglês-português. Essa proposta de unidade de ensino, com 60h-aula, visa a que se possa incluir esse tema no âmbito da formação profissional em Tradução.

Esta dissertação de mestrado, assim, tem como objetivo principal revisar, apresentar e discutir a relevância do trinômio Complexidade Textual (CT), Simplificação Textual (ST) e Acessibilidade Textual (AT) no âmbito da formação universitária de tradutores. Com base nessa discussão, modelamos uma proposta didática que será contextualizada tendo-se em mente o cenário do nosso curso de Letras Bacharelado da UFRGS – habilitação Tradutor. O profissional egresso desse curso desempenha funções associadas à tradução, revisão de tradução, revisão de textos em geral e/ou redação “técnica”1.

A proposta de disciplina, com as devidas adaptações, presta-se a um modelo de unidade de ensino envolvendo outros pares de línguas e outros cursos de Graduação em Tradução, de diferentes Universidades do Brasil. Ela pode também ser aproveitada em cursos de Especialização, com as devidas modificações necessárias.

Esta pesquisa visa, ainda, a contribuir com o tradutor em formação ou com aquele que já atua profissionalmente, apresentando-lhe uma sistematização e uma revisão de informações sobre o tema da Acessibilidade Textual - além de dados atualizados e reflexões - sobre a

1 Faz-se aqui a distinção entre textos em geral, do texto jornalístico à prosa, e textos técnicos, situando-os entre

os relacionados à comunicação profissional que têm o propósito de proporcionar ao seu leitor um saber ou saber-fazer. Essa distinção, naturalmente, é teoricamente complexa. Não é objetivo aqui desenvolver a discussão sobre o gênero textual ou discursivo envolvido.

(20)

Tradução e o Tradutor no Brasil e no mundo, no que tange a aspectos como formação, oportunidades de atuação e profissão.

(21)

A minha formação no curso de Letras-Bacharelado da UFRGS, ênfase Inglês Português, no ano de 2007, e os mais de 20 anos atuando como tradutora de textos técnicos, no Brasil e nos Estados Unidos, foram grandes motivadores deste trabalho. No meu tempo de graduação, costumava escutar de meus colegas de faculdade que o curso de Letras Bacharelado em Tradução não era um curso “prático” e que não formava o tradutor para atuar no mercado de trabalho. Muito se avançou desde então, com as modificações do currículo do curso. Contudo, acredito que ainda há espaço para novas contribuições para o curso e para a formação do tradutor e profissional do texto, o qual atuará em um mercado de trabalho cada vez mais exigente e que demanda tradutores cada vez mais especializados.

Além dos anos como aluna da graduação de Letras e trabalhando como tradutora, tenho, mais recentemente, atuado em pesquisas em Educação a Distância (EaD). Nelas participo como bolsista, em paralelo ao curso de mestrado, contando com o apoio da Secretaria de Educação a Distância da UFRGS (SEAD/UFRGS). Nessas pesquisas, temos tratado das disciplinas de graduação do curso de Letras Bacharelado da UFRGS, buscando verificar que tipos de atividades EaD poderiam ser mais viáveis para apoiar situação de ensino presencial. As pesquisas em que participei e participo intitulam-se:

a) Complexidade textual em contraste inglês-português: bases para a elaboração de atividade EaD para a formação de tradutores na UFRGS; e,

b) Complexidade e simplificação textual em contrastes multilíngues: melhores atividades EaD para a formação de tradutores profissionais na UFRGS.

Ambas as pesquisas serviram de base para o desenho da parte aplicada deste trabalho de mestrado. Como seus títulos já evocam, seu principal objetivo foi tratar do tema da Complexidade Textual em contraste, nos pares de idiomas inglês/português, em sala de aula, de modo a criar bases para a posterior elaboração de recursos educacionais digitais sobre a Complexidade Textual (CT) na tradução. Para tanto, os alunos regulares do curso de tradução inglês-português foram introduzidos à temática da CT e realizaram exercícios práticos por meio da tradução e adaptação/simplificação de seus textos traduzidos. Essa introdução do tema, junto a um grupo de estudantes dos semestres de 2017 e 2018, foi feita sob a supervisão da Profa. Dra. Rozane Rebechi, regente das disciplinas, que participou como consultora dos projetos apresentados à SEAD-UFRGS. O que foi feito em aula,

(22)

veremos, em mais detalhes, na PARTE 2 desta dissertação, no item 9, seção “O relato de um experimento em sala de aula”.

A partir desses projetos avalizados pela SEAD-UFRGS, propostos por mim e pela orientadora deste trabalho, e do bom andamento e aceitação da temática da CT pelos alunos e por alguns professores do nosso curso de Tradução, nosso grupo de pesquisa decidiu que a pesquisa em CT poderia ser estendida para outras disciplinas do Curso. Concomitantemente, poderíamos ampliar o número de idiomas trabalhados no âmbito da CT, além de expandir o escopo da pesquisa para incluir a Simplificação Textual (ST) e a Acessibilidade Textual e Terminológica (ATT).

Este novo projeto, ainda em andamento até fevereiro de 2019, visa, portanto, estender as propostas de atividades já verificadas nas disciplinas de Tradução para outras disciplinas que também tratam de terminologias técnico-científicas, mas que abordam, simultaneamente, textos especializados em diferentes idiomas em um cenário multilíngue de formação. Essas são as disciplinas obrigatórias de Terminologia do curso de Tradução da UFRGS, Introdução à Terminologia (LET 03013), 30h-aula, e Terminologia Aplicada (LET03012), de mesma carga horária, realizadas pelos estudantes que, em geral, estão no terceiro ou no quarto semestre do curso.

Neste contexto, e a partir do que desenvolvemos nesses dois projetos de EaD, estabelecemos uma base para esta dissertação de mestrado. Tanto a pesquisa realizada no ano de 2017 quanto a pesquisa em andamento em 2018 são alicerces deste trabalho, sendo o trinômio Complexidade Textual (CT), Simplificação Textual (ST) e Acessibilidade Textual (AT) na Tradução e na Terminologia seu tema principal.

Em síntese, a partir disso, a minha intenção aqui é oferecer um panorama da realidade atual do mercado, da profissão e da formação do tradutor no Brasil, situando o tema da Tradução Especializada Acessível (TEA) como uma nova opção de trabalho e como algo que merece ser conhecido. Feito isso, trago uma base para uma nova disciplina de formação associada a esse tema. Tenho ainda a ambição que este trabalho de dissertação seja lido e aproveitado por professores e alunos de Tradução – além de por profissionais que já atuam no mercado –, de modo que aprendizes e profissionais possam obter informações importantes para sua qualificação como profissional do texto e da tradução.

Em meio a esse foco, a simplificação textual será percebida como uma forma de tradução, a tradução intralinguística. Com essa percepção em mente, abordo o trinômio antes mencionado no âmbito da formação em Tradução e de sua Pedagogia. Naturalmente, este é apenas mais um elemento entre a miríade de conhecimentos e competências a serem

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desenvolvidos por redatores e tradutores que desejam atuar profissionalmente. A partir de uma reflexão teórica, tanto sobre o contexto da Tradução quanto sobre o trinômio da Acessibilidade por nós colocado, parto para uma proposta de disciplina. Essa disciplina poderia ser intitulada “TEA- Tradução Especializada Acessível”, visto que, conforme apresento mais adiante, no capítulo 10, engloba aspectos da tradução interlinguística, intralinguística, tradução de textos especializados – de temática técnico-científica – além de tratar de Complexidade, Simplificação e Acessibilidade Textual.

1.1 QUESTÕES NORTEADORAS E QUESTÕES ESPECÍFICAS DE PESQUISA

Com base na crença de partida que a inserção do tema da Tradução Especializada Acessível no currículo dos cursos de Letras Bacharelado e Tradução pode ser positiva para o aluno em formação e futuro profissional do texto e da tradução, apresento duas questões que nortearam esta pesquisa, como segue:

1. Que elementos integram a Tradução Especializada Acessível (TEA)? 2. De que forma este tema pode agregar conhecimento e valor econômico à formação do tradutor atual?

Tendo em mente estas questões, a partir da descrição e definição do que envolve esse tipo de tradução, TEA, no âmbito teórico, metodológico e prático, pude desenhar uma unidade de ensino sobre ela. Da mesma maneira, procurei refletir, durante toda esta dissertação, sobre como uma nova atividade de ensino, associada a essas questões, contribuiria para a formação dos graduandos. Afinal, uma nova disciplina somente seria justificável se, além de partir de um embasamento teórico e epistemologia pertinentes, tivesse boa aceitação por parte de estudantes e de professores. Essa validação e reconhecimento de importância, assim, precisariam ser minimamente testadas e comprovadas; desse modo, isso também foi buscado nesta pesquisa.

Neste contexto, em um segundo momento, em paralelo à ação de refletir e pesquisar sobre os constituintes e natureza da Tradução Especializada Acessível (TEA), formulei as questões de pesquisa mais específicas deste trabalho. A busca por respostas para elas pode fornecer os subsídios necessários para a modelagem mais detalhada da disciplina sobre TEA. Assim, minhas perguntas de pesquisa são as seguintes:

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1. Como deve ser o formato e composição de uma nova disciplina sobre TEA? 2. Como se pode conduzir essa disciplina nos cursos de Tradução?

1.2 ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO

Este trabalho está organizado em três partes. Na primeira parte, apresento os entendimentos teórico-metodológicos que norteiam esta pesquisa no âmbito da Tradução e da Terminologia, áreas de conhecimento que são pilares desta investigação de mestrado. Além disso, faço uma contextualização da Tradução hoje no Brasil, trazendo dados sobre o mercado de trabalho, a profissão e a formação de tradutores no nosso país. Posteriormente, trago uma revisão teórica mais detalhada sobre os fundamentos norteadores deste trabalho na Tradução, bem como dos aspectos relacionados ao trinômio Complexidade Textual, Simplificação Textual e Acessibilidade Textual. Essa é a tríade de sustentação da proposta de uma disciplina sobre a Tradução Especializada Acessível (TEA).

Na segunda parte deste trabalho, relato a experiência que tive com os projetos de Ensino a Distância apoiados pela SEAD/UFRGS. O primeiro projeto intitulou-se “Complexidade textual em contraste inglês-português bases para a elaboração de atividade EaD para a formação de tradutores na UFRGS”. O segundo, em andamento até fevereiro de 2019, denomina-se “Complexidade e simplificação textual em contrastes multilíngues: melhores atividades EaD para a formação de tradutores profissionais na UFRGS”. Nessa segunda parte, procuro situar como esses dois projetos serviram de base para o desenho de uma disciplina que relaciona a Tradução com a temática do trinômio Complexidade Textual, Simplificação Textual e Acessibilidade Textual.

Nesta segunda parte da dissertação, também descrevo a coleta dos dados durante as pesquisas da SEAD-UFRGS em que pude trabalhar diretamente com os alunos de Tradução da UFRGS, em sala de aula, auxiliando a professora titular e como bolsista de EaD. Nesse ponto, analiso os dados coletados e trago informações sobre o projeto em andamento e as perspectivas para a difusão da temática da Acessibilidade.

Na terceira parte desta dissertação, proponho um desenho da nova disciplina, TEA – Tradução Especializada Acessível, a ser inserida como atividade presencial com apoio de EaD no curso Letras Bacharelado da UFRGS. Como já referido, ela pode ser aproveitada, com as devidas adaptações, em diferentes tipos de cursos. Neste desenho, apresento a sua

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inserção em meio às etapas do curso atual da UFRGS, súmula, carga horária, os conteúdos programáticos e uma síntese do escopo de suas atividades para seus futuros alunos.

A partir da proposta da nova disciplina, nas ‘Considerações Finais’, retomo as questões norteadoras e questões de pesquisa especificadas na parte inicial desta dissertação. Ao final da terceira parte, proponho ainda um “Guia de Noções”, com a definição de alguns termos e conceitos utilizados durante esta pesquisa e que pode ser aproveitado em sala de aula pelos alunos e professores da disciplina sobre TEA.

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As bases teóricas desta pesquisa, apresentadas neste capítulo, estão divididas em três partes.

Primeiramente, acredito ser importante revisar de um modo geral o Estado da Arte conformado por pesquisas associadas aos temas da Complexidade Textual (CT), Simplificação Textual (ST) e Acessibilidade Textual (AT) realizadas no Brasil. Essa revisão se faz necessária por ser um tema relativamente novo no país e ainda pouco explorado. Depois disso, tomo a liberdade de dar um espaço também para os trabalhos do nosso grupo de pesquisa junto à UFRGS que tem tratado do tema da Acessibilidade Textual e Terminológica.

Em um segundo segmento, relaciono os fundamentos teórico-metodológicos que orientaram a minha pesquisa na Tradução e na Terminologia, recorrendo a diferentes trabalhos de Christiane Nord (2009, 2018), Amparo Hurtado Albir (2001, 2017), Maria Teresa Cabré (1999), Maria José B. Finatto (2004, 2014, 2016), Roman Jakobson (1975, 1986), Zethsen (2016) e Saggion (2017).

Na terceira parte, a partir dos trabalhos e pensamentos selecionados de diferentes autores e colegas de estudos, trago o meu posicionamento particular para os fins desta pesquisa.

2.1 TRABALHOS PIONEIROS, TRABALHOS DO NOSSO GRUPO DE PESQUISA E ESTUDOS RELACIONADOS

Ainda incipientes no Brasil, em comparação com países como Estados Unidos e Inglaterra – onde temos precursores como Rudolph Flesch (1911 - 1986) – tratando do tema da Acessibilidade desde o final da Segunda Guerra - e William DuBay (1939) atuando principalmente desde a década de 1970 até hoje –, as pesquisas sobre o trinômio Complexidade Textual, Simplificação Textual e Acessibilidade Textual passaram a ganhar algum destaque no contexto nacional desde o final da década de 1990.

A emergência da pesquisa e de produtos concretos associados desses temas ocorreu graças aos esforços de grupos acadêmicos como o NILC – Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional da USP de São Carlos - SP, colocando-se mais visíveis especialmente partir de 2005. Ao logo dessa trajetória, vale lembrar que o NILC foi fundado em 1993.

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Tal núcleo de pesquisa, pioneiro no Brasil, tem integrado cientistas da Computação e linguistas em torno do tratamento computacional do português do Brasil. Nele foi criado um sistema semiautomático de simplificação de textos para pessoas com dificuldade de compreensão de leitura, o Simplifica, uma ferramenta on-line desenvolvida entre 2007 e 2010.

A esse grupo, devemos o pioneiro e mundialmente reconhecido projeto PorSimples2, coordenado pela Profa. Dra. Sandra Aluísio junto ao ICMC, Instituto de Ciências Matemáticas e Computação. A ferramenta Simplifica, desde 2017, infelizmente, tem passado por algumas dificuldades de funcionamento.

Outra iniciativa digna de registro desse grupo é o sistema FACILITA, criado em 2009.3 Ele visa a tratar conteúdos textuais da web indicando prováveis medidas de complexidade de textos.

Inspirado pelo NILC e pelo Projeto PorSimples, ao longo dos últimos anos, em 2010, foi formado na UFRGS, junto ao PPG-LETRAS-UFRGS, um grupo de pesquisa que busca avançar nas pesquisas sobre o tema da complexidade e/ou simplificação textual, sendo o léxico seu principal ponto de interesse. Esse grupo é instaurado pelo “Projeto PorPopular,”4 que pretender dar conta de descrever padrões de um português popular escrito, bastante associado ao texto de jornais populares do Nordeste e do Sul do Brasil.

Desde então, esse grupo tem trabalhado em diferentes frentes, da Iniciação Científica ao Mestrado e Doutorado em Letras, na linha de pesquisa “Lexicografia, Terminologia e Tradução: Relações Textuais”. Sua proposta, atualmente ampliada no Projeto TEXTECC, passou a destacar elementos terminológicos e outros elementos da tessitura de textos que tratam de temas de Saúde e de Utilidade Pública dirigidos para público leigo, conforme se vê nas atividades do Projeto “Acessibilidade TT”5 Assim, busca-se contribuir, com fundamentos de pesquisa linguística, para que a Acessibilidade Textual – o que inclui a acessibilidade terminológica - possa vir a ser uma realidade mais próxima para leitores de letramento básico. A seguir, sintetizo alguns dos trabalhos produzidos no âmbito dessas iniciativas na UFRGS que têm uma relação mais próxima com o tema do desta pesquisa, associado à Tradução e à sua Pedagogia.

2 POR SIMPLES. 2011. Disponível em: <http://www.fapesp.br/publicacoes/microsoft/microsoft_aluisio.pdf>.

Acesso em: 25 out. 2018.

3 FACILITA. c2009. Disponível em: <http://wwatana.be/educational-facilita/index.html>. Acesso em: 25 out.

2018.

4 POR POPULAR. 2018. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/textecc/porlexbras/porpopular/index.php>.

Acesso em: 25 out. 2018.

5 ACESSIBILIDADE TT. 2017. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/textecc/acessibilidade/>. Acesso em: 25

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a) Pasqualini (2012)

O primeiro trabalho no âmbito do Projeto PorPopular a ser citado é a dissertação de mestrado de Bianca Pasqualini (2002). Intitulada “Leitura, tradução e medidas de complexidade textual em contos da literatura para leitores com letramento básico” tratou a complexidade textual de contos literários em inglês e em suas traduções para o português. O objetivo era verificar qual versão era mais complexa, se a em português ou em inglês, de modo a avaliar a adequação desses textos para sua comunidade leitora. Para tanto, o trabalho abordou padrões de legibilidade e de complexidade por meio de uma perspectiva computacional, utilizando conceitos da Tradução, da Linguística de Corpus e do Processamento de Línguas Naturais (PLN) conforme já haviam sido tratados junto ao Projeto PorSimples.

Partindo do pressuposto de que algumas traduções de contos da língua inglesa para a língua portuguesa produzem textos mais complexos que os originais, a autora processou um corpus de contos literários em inglês e suas traduções utilizando as ferramentas de PLN denominadas Coh-Metrix e Coh-Metrix Port e o contrastou com um corpus de contos em língua portuguesa e suas traduções para o inglês.

Os resultados da pesquisa indicaram que as traduções para o português, conforme as medidas de complexidade dos textos geradas automaticamente, tendiam a produzir textos potencialmente mais complexos do que os seus textos-fonte, especialmente no que se refere ao vocabulário empregado e à constituição de frases. Além disso, a autora ainda concluiu ser importante a) revisar equivalências de medidas de complexidade entre o sistema Coh-metrix para o inglês e o Coh-metrix-port; b) propor medidas específicas para dar conta da complexidade lexical e sintática das línguas estudadas; e c) ampliar os critérios de verificação da potencial adequação dos textos examinados para além do nível lexical.

b) Finatto, Evers e Stefani (2016)

Um segundo trabalho a citar é o artigo "Letramento científico e simplificação textual: o papel do tradutor no acesso ao conhecimento científico", iniciativa conjunta de Finatto, Evers e Stefani (2016), a qual contou com o apoio da SEAD-UFRGS. Esse artigo descreve a realização de um exercício em sala de aula com alunos de turmas de Graduação em Letras -Tradução da UFRGS.

A proposta desse exercício envolveu que os estudantes simplificassem um texto científico em português sobre a Doença de Parkinson (DP) para facilitar a compreensão de

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leitores brasileiros leigos de baixa escolaridade. Em meio às suas atividades de Educação a Distância (EAD) em disciplinas presenciais obrigatórias sobre Leitura em Tradução e disciplinas de Terminologia, o objetivo foi investigar como seria realizada a simplificação desses textos por futuros tradutores. O exercício foi contextualizado como uma prática de tradução intralinguística.

Conforme explorado no artigo e no experimento com os estudantes envolvidos, a simplificação textual consiste em uma forma de tradução de um "tipo de linguagem” para outro utilizando-se a mesma língua, estabelecendo-se uma relação entre os conceitos de tradução intralinguística, letramento científico e simplificação textual

Além de observar as diferentes estratégias mais adotadas pelos graduandos para a adaptação/simplificação do texto em foco, as autoras constataram que o exercício contribuiu para a reflexão sobre a importância do tradutor como um “redator diferenciado”, um intermediário em processos comunicativos diversos. Foi uma primeira inserção direta, em sala de aula, da temática da AT e da TEA.

c) Carpio (2017)

O terceiro estudo a ser citado é o de Carpio (2017). Em seu trabalhode conclusão de curso de graduação (TCC), intitulado “Abaixando o cocho: adaptação de textos sobre doenças causadas pela inalação de amianto destinados para o público leigo”, foram analisados textos do Ministério da Saúde (MS) do Brasil sobre essas doenças destinados a trabalhadores. Seu estudo derivou-se da pesquisa “Pneumopatias Ocupacionais: padrões da linguagem médica para leigos e especialistas”, associada ao já citado Projeto TEXTECC e Acessibilidade TT – cujas produções (glossários terminológicos e diferentes tipos de descrições de linguagens especializadas) podem ser consultadas.6

Esse trabalho de Carpio (2017) buscou caracterizar o público-leitor preferencial do material formulado pelo MS e realizou a medição do potencial grau de legibilidade dos textos. Seus resultados mostraram que os textos em questão exibiam algumas características que os tornariam bastante inadequados para atender às necessidades de compreensão de leitura dos trabalhadores visados.

Ao final do estudo, Carpio (2017) traz um modelo de folheto informativo, em tese, mais favorável à compreensão dos trabalhadores. O folheto proposto trata do tema da

6 LEIVA. A. Glossário experimental de pneumopatias ocupacionais. 2015. Disponível em:

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asbestose, doença popularmente conhecida como “pulmão de pedra”. As alterações apresentadas incluíram, além de aspectos linguísticos e terminológicos, recomendações sobre os modos de ordenamento da informação indicados por uma médica especialista que trata de pacientes acometidos por Pneumopatias Ocupacionais na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - RS. Esse TCC mostrou, justamente, como um egresso do curso de Letras poderia prestar seus serviços a uma causa tão importante, atuando como um “redator técnico”, o qual descreve, analisa e interfere no texto visando facilitar a sua acessibilidade. Esse trabalho torna tangível uma nova opção de atuação profissional em um mercado de trabalho concreto. Prevê, inclusive, a cooperação em o profissional de Letras e o profissional de Saúde em prol de um objetivo comum.

d) Fetter (2017)

O quarto trabalho a ser citado é a pesquisa de Mestrado de Giselle Fetter. A autora descreveu a apresentação de terminologias, de acordo com padrões oracionais, em textos divulgativos e educacionais de instituições de assistência agropecuária destinados a agricultores familiares brasileiros, os quais tendem a ter uma experiência de escolaridade formal bastante limitada. Essa pesquisadora, com base nos pressupostos teóricos da Terminologia de perspectiva textual (FINATTO, 2004) e da Linguística Sistêmico-Funcional, analisou 30 folhetos da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RS) em comparação com 30 folhetos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

Após a análise de 4.850 orações dos 60 folhetos selecionados para o estudo, a pesquisa apontou alguns elementos que potencializam a Complexidade Textual desses materiais, especialmente o modo de apresentação frasal e as naturezas das terminologias empregadas. Fetter apresentou ainda, mesmo que resumidamente, algumas alternativas de escrita ou reescrita teoricamente mais úteis para uma ampliação da Acessibilidade Textual e Terminológica desses materiais de divulgação. Uma síntese desse trabalho, na parte do tratamento sistêmico-funcional, pode ser conferida no artigo “Acessibilidade textual para agricultores familiares: análise sistêmico-funcional da terminologia” (FETTER, 2018). As propostas desse trabalho podem ser contextualizadas, com estudante de Tradução, no que se refere ao posicionamento das terminologias ao longo dos textos, especialmente nas opções de reescrita, vistas como uma tradução intralinguística.

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e) Pasqualini (2018)

Em quinto lugar, temos a pesquisa de doutorado de Bianca Pasqualini (2018). Esta pesquisa, ainda que não tenha tratado da complexidade de textos especializados, traz em seus resultados importantes contribuições para a tarefa de simplificação de textos de qualquer natureza para leitores brasileiros adultos.

O CorPop, fruto desta tese, é um corpus de referência do português popular escrito no Brasil. Ele foi compilado a partir de textos selecionados com base no nível de letramento médio dos leitores do país7. O acervo do CorPop é, assim, uma ferramenta a ser utilizada como uma referência - entre outras - para uso/escolha de palavras potencialmente mais acessíveis para um leitor adulto de escolaridade limitada ao Ensino Fundamental completo. Seu bom desempenho foi atestado frente ao desempenho do já citado sistema Simplifica do Projeto PorSimples do NILC- USP. A ideia é que o CorPop, como um guia de vocabulário potencialmente simples, possa ser utilizado por diferentes redatores de textos, desde médicos a tradutores, de modo a obterem auxílio na avaliação para a escolha de um vocabulário acessível.

f) Finatto e Motta (2018)

O sexto trabalho a ser citado, e um dos mais atuais sobre o tema da Acessibilidade Textual e Terminológica (ATT), é o artigo “Terminologia e Acessibilidade: novas demandas e frentes de pesquisa”. Esse artigo traz uma síntese dos entendimentos e dos trabalhos do nosso grupo de pesquisa na UFRGS. Nele, as autoras apresentam o tema da ATT, o qual tem ocupado o grupo, de um modo mais intenso, desde 2016.

Conforme a proposta de esclarecimento desse artigo, têm sido analisados textos, discursos, terminologias, vocabulários e convenções de escrita de diferentes áreas do conhecimento tendo-se em mente subsidiar a facilitação da compreensão por parte de leitores brasileiros adultos de escolaridade limitada. O artigo sintetiza diferentes trabalhos do grupo buscando situar o tema em Terminologia e no âmbito do Estudos do Léxico e convidar a quem se interessar pela temática a considerar suas várias possibilidades de exploração.

O propósito principal do artigo não é trazer resultados de uma pesquisa determinada, mas sim divulgar uma trajetória de trabalhos, sem a preocupação com a apresentação de um experimento em particular. As autoras apresentam tanto pesquisas já concluídas, como algumas das citadas acima (CARPIO, 2017; FETTER 2017; PASQUALINI, 2018), quanto

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pesquisas em andamento, como um estudo com textos de Medicina antigos, publicados no século XVIII e destinados a leitores “pouco eruditos” (FINATTO, QUARESMA, GONÇALVES, 2018), quanto o doutorado de Motta, no qual é descrita e examinada a linguagem de sentenças dos Juizados Especiais Cíveis do Brasil atual. Essas sentenças, em tese, deveriam ser facilmente entendidas pela população em geral, visto que esses Juizados são aqueles conhecidos como “de pequenas causas”, aos quais se pode recorrer até mesmo sem um advogado.

g) Silva (2018)

Esse é o trabalho mais recente. Na sua dissertação de mestrado, intitulada “Textos de divulgação para leigos sobre o Transtorno do Estresse Pós-traumático em português: alternativas para a acessibilidade textual e terminológica”, Asafe Cortina Silva (SILVA, 2018), analisa textos científicos sobre o Transtorno Pós-Traumático de modo a verificar estimativas de sua complexidade textual. A verificação envolveu a testagem de medidas ou de contagens feitas com apoio de softwares aplicados a textos em português, tais como o índice Flesch, análise semântica latente, relação type-token e a densidade semântica. Também foram consideradas cinco medidas de incidência de palavras: de substantivos, de verbos, de adjetivos, de advérbios e de pronomes.

A partir dos dados coletados pelo autor, com o apoio do sistema COH-METRIX-Dementia, desenvolvido no NILC e no Projeto PorSimples, já citados, Silva aplica oito estratégias de reescrita diferentes nos textos analisados visando torná-los, em tese, mais simplificados para um leitor adulto de escolaridade limitada.

As estratégias de reescrita aplicadas originam-se da bibliografia internacional sobre o tema adaptadas por Silva para o português do Brasil. Após cada reescrita simplificadora, os textos editados foram novamente submetidos à análise no sistema Coh-Metrix Dementia para que suas novas medidas pudessem ser comparadas com as dos textos originais. Assim, se poderia verificar a possível eficiência de cada uma das estratégias de acessibilidade adotadas.

Ao comparar o desempenho das medidas de complexidade pela ferramenta, o autor observou a validade das estratégias de reescrita adotadas e concluiu que as três estratégias de reescrita mais relevantes e com melhores resultados foram (em ordem): simplificação lexical, redução de adjetivos e redução de informação.

Esse trabalho, como outros de meus colegas da UFRGS contribuíram, de alguma forma, para esta pesquisa. Renderam-me subsídios teóricos, metodológicos e práticos. Além

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disso, as ferramentas, os corpora disponíveis on-line e dados de pesquisa do grupo TEXTECC,8 como os materiais do PorPopular e o Corpop, podem ser utilizados em sala de aula com os alunos que vierem a trabalhar com essa temática.

2.1.1 Outros trabalhos importantes

Como mencionamos anteriormente, não existem muitos trabalhos na área de Complexidade Textual (CT), Simplificação Textual (ST) e Acessibilidade Textual (AT) no Brasil. Por esta razão, os trabalhos mencionados na seção anterior, realizados por linguistas de nosso grupo de pesquisa, foram fundamentais na construção das bases desta dissertação. Mas, além deles, que nos são mais próximos, importa citar ainda uma pesquisa transformada em livro, intitulada Automatic Text Simplification, realizada por Horacio Saggion do Departamento de Tecnologias da Informação e Comunicação da Universidade Pompeu Fabra como um importante subsídio.

Em seu livro, Saggion (2017) trata principalmente da simplificação automática e das ferramentas disponíveis atualmente que buscam fazer a simplificação de um texto por meio de ferramentas computacionais de Inteligência Artificial. Mas, nesta pesquisa, Saggion ainda nos oferece um mapa dos fatores potencialmente simplificadores de um texto, além de outras informações relevantes, como pesquisas em andamento ou realizadas neste campo de conhecimento.

Além desse recente livro de Saggion e das pesquisas de nosso grupo, materiais dos governos americano e inglês e de outras instituições relacionadas ao tema da Linguagem Acessível (Plain Language) foram utilizados para construir os fundamentos teórico-metodológicos. Esses materiais, conhecidos como Plain Language Guidelines, também integram, como pontos de estudos, a nossa proposta de disciplina sobre a Tradução Especializada Acessível (TEA).

Outro trabalho relacionado à temática e de grande relevância para esta área de pesquisa é o novo aplicativo criado pela UOC (Universitat Oberta de Catalunya) e pela UPF (Universitat Pompeu Fabra). Esse é o app-web COMJuntos, que ajuda famílias com filhos com doenças raras a se comunicarem com profissionais de saúde. O aplicativo é resultado de estudos realizados no âmbito do projeto Juntos, que, como consta em sua página de divulgação e que tem como principais objetivos superar barreiras socioeducativas e promover a alfabetização sobre interferências e dificuldades de compreensão da informação

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e documentação dirigida às famílias de crianças afetadas por doenças raras. O Juntos é coordenado por Manuel Armayones, professor de Psicologia e ciências da Educação e diretor de desenvolvimento do Centro de eHealth da UOC, e pela professora do Departamento de Tradução e Ciências da Linguagem da Universidade Pompeu Fabra, Rosa Estopà, uma referência dos estudos de Terminologia.

Participam do projeto app-web COMJuntos linguistas do grupo de pesquisa IULATERM do Instituto de Linguística Aplicada da UPF e psicólogos do grupo de pesquisa PSiNET (Psicologia, Saúde e Rede) da UOC, além de pesquisadores e médicos da Área de Genética Clínica e Molecular e da Unidade de Doenças Raras do Hospital Vall d'Hebron. O projeto ainda contou com a colaboração e assessoria da FEDER (Federação Espanhola de

Doenças Raras) e das famílias associadas.

O principal objetivo do aplicativo são 7 desafios que convidam as famílias a se situarem em diferentes situações comunicativas e enfrentarem os desafios de cada uma delas.

Algumas dessas situações são: o momento em que descobrimos que nosso filho tem uma doença rara; ou quando temos uma consulta médica, ou ainda quando temos que fazer algum exame médico. Cada desafio é ilustrado com um vídeo com depoimentos diretos de famílias afetadas e profissionais de saúde e com um hipertexto sobre como lidar com a situação comunicativa adequada às necessidades cognitivas das famílias. Além disso, os termos mais complexos podem ser consultados pelo usuário do aplicativo em um dicionário básico dirigido aos pacientes e familiares. O aplicativo COMJuntos está disponível em catalão e espanhol. (UNIVERSITAT OBERTA DE CATALUNYA, 2018). Esse aplicativo é mais um recurso que pode ser utilizado com os alunos em sala de aula como exemplo de aplicabilidades concretas que a temática da Acessibilidade pode ter na vida das pessoas.

Outro material importante, já citado, foram as Federal Guidelines do governo americano, uma iniciativa do grupo Plain Language, e que pode ser encontrado em plainlanguague.gov. Esse material serviu de referência para o trabalho de dissertação de Silva (2018). 9

Tanto as Federal Guidelines quanto a sua versão adaptada em português serviram de base para esta investigação no que tange ao aproveitamento de sugestões de escrita, a

9 As guidelines, ou diretrizes, conforme adaptadas por Silva, estão disponíveis em: SILVA, A. D.C.

Orientações básicas para a simplificação de um texto. Porto Alegre: UFRGS, 2018. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/textecc/acessibilidade/files/COMO_SIMPLIFICAR_2018_Asafe_Mjose2.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.

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métricas para estimar provável complexidade de um texto e medidas simplificadoras. Esses tópicos serão abordados mais adiante.

2. 1. 2 Bases teóricas gerais

Percorrido um quadro inicial de trabalhos conectados com esta pesquisa, vale agora situar o posicionamento deste trabalho de dissertação. Esta investigação, conforme citado na introdução, é sustentada em dois pilares principais, que se interconectam. De um lado, as teorias sobre Tradução e Terminologia e, de outro, os trabalhos relacionados ao trinômio, já citado, da Complexidade Textual (CT), Simplificação Textual (ST) e Acessibilidade Textual (AT).

No âmbito da Tradução, tenho na Teoria Funcionalista a base teórica que norteia este trabalho, uma vez que a teoria de Nord (1996) considera muitas outras variantes no processo tradutório além do texto original. A Teoria Funcionalista de Nord levanta questões importantes para quem pretende trabalhar com tradução acessível (o objeto desta pesquisa): para quê; por quê; como e para quem se traduz. Isso quer dizer que a tradução, sob o viés Funcionalista, preocupa-se não só com o objetivo da tradução e sua função comunicativa, mas também com a intenção comunicativa, com a forma com que o tradutor irá comunicar essa função e intenção e para quem ele irá comunicá-las (NORD, 1996). Sendo assim, a Tradução Especializada Acessível (TEA) proposta e fundamentada nesta pesquisa de mestrado tem nas questões abordadas pela teoria Funcionalista a base teórica que melhor se aproxima de seus objetivos, sendo a principal delas “para quem”. Isso quer dizer que o público leitor é quem irá nortear todas as outras questões tradutórias da TEA.

Ainda no âmbito da Tradução, os conceitos abordados por Jakobson sobre os diferentes tipos de tradução (1975, p. 64-65) são o ponto em que os pilares da Tradução e da Acessibilidade se interconectam. Um dos sustentáculos do pilar da Acessibilidade é a simplificação, processo pelo qual passa um texto com vistas à acessibilidade. Nesta dissertação, a simplificação é vista à luz da tradução intralinguística, teoria introduzida por Jakobson e corroborada por Zethsen (2016) quando a autora defende a inclusão da tradução intralinguística não só nas definições do que entendemos por Tradução, mas também nos Estudos de Tradução. Segundo a autora, a INTRA, como chama a tradução intralinguística, pode ser definida como a transposição de uma barreira interna da língua, podendo ser identificada como a reescrita entre diferentes variedades da mesma língua. Desse modo, a

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simplificação que realizamos com vistas à acessibilidade de um dado texto funciona como uma espécie de tradução intralinguística, quando transpõe as barreiras de complexidade entre diferentes variedades da mesma língua, diferentemente da tradução interlinguística, que trata de duas línguas diferentes. As variedades aqui referidas ocorrem no âmbito das especialidades, ou seja, no contexto da língua especializada.

Ainda com enfoque nos Estudos de Tradução, Hurtado Albir (2001, 2017) é outra autora que contribui para as reflexões sobre a Tradução Especializada Acessível (TEA) e traz aportes importantes para o desenho de uma nova disciplina que trate de TEA. Com suas noções sobre a tradução especializada e a competência tradutória, Hurtado Albir (2001) defende que os tradutores e intérpretes precisam ter algumas competências específicas para que sejam capazes de realizar seu trabalho com excelência. A autora chama esse conjunto de competências, ou subcompetências, de competência tradutória (grifo meu).

Assim, com base no que Hurtado Albir nos apresenta sobre o que integra essa competência tradutória, procuro, nesta pesquisa, estabelecer quais subcompetências tradutórias precisariam ser construídas durante a formação do tradutor que lidará com a necessidade de produzir traduções especializadas acessíveis. Para tanto, utilizo o modelo de Hurtado Albir e do Grupo ao qual ela faz parte, o PACTE, para desenhar um modelo de competências para a TEA.

Além disso, utilizo as definições sobre tradução estabelecidas por Hurtado Albir, que as divide em tipos, para definir parte de nosso objeto de estudo: a tradução especializada. Segundo a autora, um dos tipos de tradução é a tradução de textos especializados, que podem ser técnicos e/ou científicos. A tradução especializada pode aparecer na forma oral ou escrita, por meio da interpretação ou da tradução escrita, respectivamente (HURTADO ALBIR, 2001). A tradução especializada tratará, primordialmente, da comunicação profissional de determinada área e essa comunicação tem como principal objetivo divulgar o conhecimento de determinada área do saber. Portanto, por se tratar de uma pesquisa que trabalha com um tipo de tradução e não com todos os tipos de tradução, a delimitação de nosso objeto torna-se fundamental.

Assim, no âmbito da tradução especializada, o termo, as terminologias e os Estudos em Terminologia são protagonistas. E, neste contexto da comunicação especializada, o termo pode aparecer como um fator determinante na complexidade de um texto, bem como em seu processo de simplificação com vistas à acessibilidade. Contudo, o termo “técnico” aqui não é visto como um elemento isolado, ele está integrado a um ambiente textual e vinculado a um todo de significação que é o texto (FINATTO, 2014, p. 348). Esta é a Terminologia de

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perspectiva textual apresentada por Finatto (2004). Além disso, como expõe Cabré, a Terminologia diz respeito a uma comunicação profissional e especializada, que pode ocorrer entre diferentes interlocutores, como entre especialistas, entre especialistas e semiespecialistas e leigos. Vale ressaltar que os interlocutores dos textos especializados apontados por Cabré são de extrema importância em nossa pesquisa, uma vez que a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), diferentemente das teorias clássicas, como a wüsteriana, apontam que a comunicação especializada não está mais restrita somente aos especialistas. Hoje, ela ultrapassa os muros da comunicação entre profissionais de uma mesma área e chega a outras camadas da sociedade, e esse interlocutor-leitor pode ser tanto semiespecialista, quanto semileigo ou leigo.

2. 1. 3 Síntese do posicionamento geral deste trabalho

A partir de uma revisão teórica embasada em importantes contribuições de teóricos e trabalhos de relevância no cenário da Tradução, da Terminologia e do trinômio CT, ST e AT, pude estabelecer as minhas próprias crenças, que viriam, juntamente com as bases teóricas gerais supracitadas, nortear a minha pesquisa. Nesse sentido, uma das principais crenças deste trabalho é a de que a Tradução tem uma relevância extremamente importante na disseminação de conhecimento, seja ele científico, técnico ou geral, mas que também pode ser importante para a popularização deste conhecimento. Vale ressaltar aqui que a popularização não é vista como algo pejorativo e que não pressupõe que o conhecimento seja “nivelado por baixo” para que possa chegar às camadas mais vulneráveis da sociedade. A popularização desse conhecimento pressupõe sim que possamos lançar mão de estratégias que transformem determinados conhecimentos específicos em conteúdo mais acessível e compreensível para determinados públicos leitores.

Dessa forma, acredito que esta dissertação ajudará, de certa forma, a demonstrar que a Tradução é muito mais que uma transposição de textos, como muitos ainda creem. A Tradução, cada vez mais, envolve um grande número de conhecimentos, desde tecnológicos até linguísticos, passando por competências e características psicofisiológicas específicas, exigindo do futuro profissional que sua formação seja multidisciplinar. Desse modo, penso que sempre existirá espaço para formas de agregar valor a essa formação, e a disciplina que proporei ao final deste trabalho tem por objetivo contribuir para que o futuro tradutor

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