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Energia e industrialização

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(1)

MINISTERIO DE EDUCAÇXO E CULTURA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇXO EM ENGENHARIA DA ENERGIA METALURGIA E MATERIAIS - PPGEEMM

ENERGIA E INDUSTRIALIZAÇXO

por

JOXO CARLOS VERNETTI DOS SANTOS

Engenheiro Ele~ricis~a

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D I S S E R T A Ç X O

Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia, Metalurg1a e Materiais - PPGEEMM, como parte dos requisitos para a obtenção do Tftulo de

Mestre em Engenharia

Area de Concentração: Energia.

por

JOXO CARLOS VERNETTI DOS SANTOS - Engenheiro Eletricista

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Eeta DlSSERTAÇXO fot j ulgada adequada para a obtenç!o do t(tulo de Mestre em Engenhar ia, Area de Concent ração Energia e aprova-da em sua forma final , pe lo Orient ador e pe la Banca Examinadora do Curso de Pós-Graduação.

Or·t entador·: Dr. Manoel Lutz Le§o

Faculdade de Ciências Econômicas - UFRGS

Banca E:-:;jn•l nador·a: Dr. Anlldo Brlstutl

Instituto de Qu(mlca - UFRGS

Dr. Reinaldo Adame

Faculdade de Ciências Econômicas - UFRGS

Dr. Manoel Luiz Le~o

Faculdade de Ciências Econômicas - UFRGS

Dr. Ivrm MachEJdo Guerr·a

(4)

A presente dissertaç~o propõe a inovaç~o da pol ítica de estímulo à 1ndustr1al1zaç~o, adotando, como critério principal da aval taç~o do grau de conveniência de uma indüstrla, sua con-trlbuiç~o para o Imposto de Circulaç~o de Mercadorias e o nível de emprego que oferece, tudo refer ido ao kWh de energia consu-mida no mesmo intervalo de t empo.

Como t ema inicial , é abordada a questão da energia, tal como se pôs na década de setenta, com o embargo árabe e a crise política no lr~, que levaram o petróleo a aumentar considera-velmente de preço em uns poucos anos. A repercuss~o destes fa-tos em t odo o cenário da energia é examinada, salientando-se que a chamada "crise de energia'' tem raizes mais profundas, como o crescimento da populaç~o e o crescente comprometimento do melo ambiente, seja pela press~o demográfica direta, seja pelo efetto indireto do exagerado consumo de energia,

particu-larmente a partir de combustíveis fósseis, provocando a conta-minação da at mosfera, das águas e dos solos, pelos resíduos

1ndustrtats , pelos gases de combustão e pelo calor dissipado. Ampla evidência destes efeitos é apresentada, tanto nos países desenvolvidos como no Terceiro Mundo.

(5)

o

A partir de duas visões antagônicas sobre os recursos da terra e sobre a possibil idade de progresso ilimit ado, bem como da abundante evidência de crescentes e graves problemas de a-gressão ambiental, efetuou-se uma comparação entre dois segmen-tos da Indústria gaúcha - um, Intensivo em energia e outro, in -tens ivo em tecnologia. Os resultados apont am decisivamente para

a superioridade do segundo segmento quanto à formaç~o de recei-tas tributárias para o Estado e quanto ao volume de emprego o-ferecido, se referidos estes dados ao consumo de energia. Sali-enta-se a principal implicação destes resultados, para a formu-laç~o de uma política de industrializaç~o que leve em conta as-pectos econômicos, sociais e ambientais, permitindo hierarqui-zar a conveniência dos diversos ramos da indústria para o Esta -do, nada impedindo que os mesmos critérios sejam estendidos ao País como um todo, feitas as necessárias adaptações no plano t ributário. Em outras palavras , cumpre atentar para a tendência observada nos países Industrializados, onde progressivamente, a atividade industrial se desloca para os setores de alta

tecno-logia, com a correl ata redução da Indústria convencional, que Toff ler rotula de "Segunda Onda" .

Examinam-se alguns efeitos da política de tarifas s ubsi-diadas que, a longo prazo, tendem a fazer com que a energi a deixe de ser preocupaç~o dominante dos empresários e demais usuários, estimulando o desperdício. Registra-se, igualmente, a preocupação de que a recente queda dos preços do petróleo pos-sa afetar negativamente os progressos t~o dur amente alcançados no desenvolvimento de fontes alternativas e na formaç~o de uma consciênci a generalizada em f avor de usos mala racionais e

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(7)

fru-ABSTRACT

The dteaertatton atme at the deftnttton of new crtterta to atze up the value and a1gn1f1cance of an 1ndustry's contrlbutton to the regional economy. The maln feature of the proposed procedure 1s to evaluate the employment offered by the new industry, as wel 1 as tts tax-paytng capaclty, In relatlon to tts energy use, to atngle out prectaely thoae acttvltlea that are lea~ energy-lntenatve and, yet, produce htgh-value geada, pay more taxes and offer more employment per unlt of energy spent.

the

A background text, with the

review of the general energy problem opens discussion of the Arab emhargo and !ta tmpact on world economy after 1973, later aggravated by the the revolutton tn Iran. A potnt ts mede tn showtng that, although these recent facts produced strong effects, the roots of the so-called »energy crlats» are deeper,

populatton exploalon and der1vtng, aleo,

atart1ng wlth the from the groutng damage to the envlronment,

energy and, especlally, the

caused by the exceastve use of

lnternatlonal evldence effects.

burntng of ls offered o f

foas11 fuels. Ample theae envtronmental

Even recogntzlng that there are oppostng vlews about natural resources and the poaalblllty of unllmlted progress,

(8)

the author dectded to draw a compar teon between 1ndustr1es located in the State of Rio Grande do Sul <Braz!!) - p1ck1ng on one stde t he ten most energy-1ntenslve ones, and, on the other si de, three technology- lntensive ones, a 1 I related to electronlcs, computers and communtcations. The result po1nts out to the advantage of the second segment , when 1t comes to the number of jobs offered per kWh of energy use and the State's t axes paid, also per KWh. The maln concluslon to derive from these resulta has to do with Industrial development policies. "Heavy tndustry'', although lts usually large scale, has such high demand for energy <wtth 1t s assoctated levei of pollution) that its convenlence becomes doubtful , when compared to h1gh-t echnology manufacturtng, especielly constderlng long run burdens for the State , In supplying energy and recovering a poisoned envtronment. Similar cr iterla mtght be extended to the country as a whole, wlth necessary adaptatlons ln the t ax plcture. In other words , deve loptng countries , where the educat1onal and social framework backs lt up, shou1d try t o developed nat ions : A deflnite follow the trend observed In

shift from energy- lntensive, conventional "heavy" lndustry, t o the modern realms of Alvln Toff ler 's »Thlrd ~ave" actlvitles.

Energy pr lces and subsidies are a correlated subject. Government actlon t o keep energy low-costed reduces t he s igni f tcance of the energy lssues for al 1 l{!nds of users, especial ly lndustrtal managers, stlmul attng waste. There 1s also concern wtt h the recent drop in o il prices, that might nagatively affect the progresses already attained in the development of alternatlve sources . Subsidies also htnder the

(9)

ratse of a general1zed consciousness ra~1onal and frugal use of energy.

in f avor of

9

(10)

O Autor expressa seu reconhec imento a todos que, direta ou indiretamente, contribuiram para a realizaç~o deste

traba-lho. Em particular, destaca:

- Os professores do PPGEEMM - opç~o energia, pelo alargamento de horizontes que proporcionaram, com especial menç~o aos ProfessoreE Dr. Anildo Brlstotl, ent~o Coordenador do Curso, e Dr. Manool Luiz Le~o, este último pela dedicada orientaç~o na el aboraç~o da dissertaç~o.

-O Professor Dr. Flávio Lewgoy, do Instituto de Biociências, da UFRGS, pelos ensinamentos sobre o impacto ambiental da

indústri a química.

- A Geóloga ~lexandra Andrade, Mestre em Engenharia, do PPGEEMM pelos esclarecimentos sobre o poder polutdor das cinzas volantes do carv~o de Candlota.

- A Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Supe-rior, pela bolsa de estudos.

-As Professoras Lucila Santarosa e V~nia Rache, do Programa de Pós-Graduação em Educação, bem como as Professoras Undina Mazzotl1, Elenara Lucas Yendler, Silvia Mar!a Eunlno Sancedo e Strley Luci Fel ln Uberti, do Departamento de Ensino de Se-gundo Grau, da Secretaria de Educaç~o do Estado do Rio"Grande

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do Sul, pelos esclarecimentos sobre a estrutura curricular e pela discussão da abordagem pedagógica do tema da energia. - O Sr. Antonio Brittes Jacques, então Coordenador Geral do

ICM, Secretaria da Fazendado Estado do Rlo Grande do Sul , pelo fornecimento de dados agregados sobre a arrecadação. -O Sr. Eaterlito Stahlhoefer, Superintendente da Administração

Tributária, da Secretaria da Fazenda do Estado do Rlo Grande do Sul, igualmente pelo fornecimento de dados agregados sobre a arrecadação.

- O Engenheiro José Bonifácio Glass, Assistente, Assessoria de Sistemas e Informática, da Companhia Estadual de Energia Elé -trica, pelo fornecimento de dados sobre o consumo de energia elétrica.

- O Economistn Abelardo Ribeiro, chefe do Setor de Informática, da Fundação de Economia e Estatística, do Estado do Rio Gran -de do Sul, pela assistência na obtenç~o de dados estatísti -cos.

- O Economista Nuno Renan Figueiredo, Assessor Econômico, da Federaç~o de lndüstrias do Estado do Rlo Grande do Sul , pelo auxílio na obtenção de dados sobre o emprego na indüstrta. - O Dr. Fl~vio Sehn, Diretor-Presidente, de EDISA - Eletrônica

Digital S.A. , pela gentileza com que propiciou acesso a dados importantes para a dissertação.

- Os Engenheiros Paulo Renato Ketzer de Souza e Luiz Foernges, Diretor-Presidente e Diretor-Industrial, respectivamente, de PARKS - Equipamentos Eletrônicos Ltda., pelo acesso a tnf

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or-mações utilizadas na dissertaç~o.

- O Engenheiro Jalme Wagner, Diretor de Pesquisa e Desenvol vi-mento, de DIGITEL - Equipamentos Eletrônicos Ltda, Igualmente pelo acesso a importantes Informações.

-O Engenheiro Gilberto Teixeira, Diretor-Geral, de ELO- Sts-~emas Ele~rônicos L~da., pelos valiosos esclarecimen~os sobre avanços na mediç~o do consumo elé~rico l ndus~rial.

- O Engenhe iro Luiz F. Gerbase, Diretor, de ALTUS - Sistemas de Informática Ltda, pela esclarecedora dtscuss~o em ~orno do uso de controladores de processos para a admtnlstraç~o de energia em Instalações comerciais e industriais.

- Os Execut ivos da Rede de Supermercados, da Cadeia de Loj as de Departamentos e da Indústria Metalúrgica, mencionadas na dis -sertaç~o, pelo acesso às informações necessárias, respeitado o anonimato requerido.

-A Senhora Heloisa B. Schrelner, ex-Diretora da Biblioteca Central da UFRGS, pela assistência na aeleç~o e obtenç~o de fontes b!bltográflcas, inclusive no exterior.

-As Bibliotecárias Edi Paiva Vogel, Janise Silva Borges da Cos~a e Jul lana Zar~ Bonilha, da biblioteca da Escola de En-genharia da UFRGS, bem como Tania Fraga, da biblioteca do De-par~amen~o de Informá~ica, ~ambém da UFRGS, pelo valioso e eficiente auxí lio na organizaç~o da bibliografia consultada. - As Bacharéis em Le~ras, Nícla Negara e Chrlstine Grünhaeu

ser-Rupp, pela ajuda oferecida no ~ra~o de ~extos em Inglês e alem~o e, sobretudo, por haverem cont inuado, da Europa, a

co-letar e envi ar referências blbl iográflcas oportunas e valio-sas.

(13)

-A St:nhora Haydée ).,-.·~.:·de- IL.~du.-·c·Jl·::.. Dibl!•"•Ltõ<~-~;r-Ja cJ,, In!?.lltu-to CultLII'Bl 8l'::tGll ~·l r·u Nol L~·arnt•r lt:.:Jn<..>, rH:.Jo éiLL'l':so orer-ecJdO ~8 fontee d·~ eeu vall•~B<:J a..:.ervw, •:.-m p.::~r·tt•_ular· •4!?. p.::r·Júdlt.:oe Chr1st1an Sc1ence Monttor e New Sc1ent1st.

- O Professor Dr. Armando F. da Rocl1a, da Untvers1dade de Cam-pinas, SP, pela p~rm!ss~o para uL1l izar-o editor de textos PROTEX e por haver poupado o Autor de penoso trabalho manual, ao oferecer coluç~o que permitisse a !mpr-ess~o do trema, um sinal gráfi co pouco freqUente, mas obr1gatório, que, por re-côndJdas razões, a máquina tetmosamenle recusava acolher ... -A Ora. Bealr·1z de Farta Le~o, do lnstJtuLo de Cardtologia do

R. G. do Sul, pela p8CJenlt ... e beru-huruor·ada asstst~nct a ern h a-bil it.at· Uh• lJ8óf1Lo no uso de un1 JuJcr·ocon1pt1Lador· I-7000PC e do ed I to1' de L·::·x Los.

- As empt·•~~::1:: PARJ..:S - Equ 1 pamentos E l t.'t r·ôn I cos Ltda. e

DIGITEL Equlpauwnl.os Elt"Lr-ônlcos Ltcl<-•-, pela concess~o ele bolsa-auxíl 10, que poss1b1 I ttou a conclusão da presente d!s-sertaç§o, depo1s ele esgotado o recurso cedido pela Coordena -doJ-·Ia dt: Apt:r·fetçoan~t?nto de Pese:o~Jl de N(vel Super-Ior.

(14)

suporte afetivo, para chegar ao apolo material e ao sacrifício pessoal, no socorro freqUente de um estudante do interior do Estado, enfrentando,

na Capital, as agruras de bolsista pós-graduado . . .

(15)

INDICE

RESUMO . . . ... . .. ... · · · · ·. · · · · · · · · · · · · · · 4

ABSTRACT .. ... .. .. .... .... .. . . .. . .. ... ... ... .. .... .. . 7

INDJCE DE TABELAS ... .. . . ... . . · ló 1 - I NTROOUÇ1!:0 . . . . . . . . . . . . . 17

2 - A CRISE E O PROBLEMA DA ENERGIA . . . . . . . . . . . 22

3 - POPULAÇ1\0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4

-

J. L. SI ~ION E J. lí I PK IN - UMA COLIS?\0 APARENTE?

...

51

5

-

TESTEMUNHOS DA AGRESS1!:0 Al1B I ENTAL

-

A ATMOSPERA

...

70

b

-

TESTEMUNHOS DA AGRESSÃO AMBIENTAL

-

o

SOLO .. .... . .... 97

7 - TESTEMUNHOS DA AGRESSÃO AMBIENTAL - A AGUA .. .. ..... .. 107

8 - TESTEMUNIIOS DA AGRESS:XO AMBIENTAL

-

o

MARES 124 ·"""

...

.

.

9

-

TESTEMUNHOS D/\ 1\GRE.C:S:tíO i\MUIENTAL - UU'I'RAS EV I DENC I AS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

10 - TESTEMUNHOS DA AGRESSXO AMBIENTl\L - RETROSPECTO .. . ... 147

11 - POLI1'1C/\ DE INDUSTRIALIZ/\ÇÃO . . . ... .. . . 152

1 ~ - ENF.I?G 1/\, EMPRF::·:A:-; E CO~L..JilNTIIRA . . . .. . . 155 13 - CONCLUS(H·::-; t: .CaJGESTl'IES DF. PESQU I

:>A

.

.

. . . .

. .

. . .

. . .

. .

. . .

17 4

(16)

JNDICE DF. TABELAS

TABELA 1 - CRESCIMENTO DA POPULAÇ~O MUNDIAL . . . . . . . . . 23 TABELA 2 - POPULAÇ~O RURAL E URBANA NOS P~ISES

DESENVOLVIDOS E NXO DESENVOLVIDOS . . . 23 TABELA 3 - CONSUMO MUNDIAL DE PETROLEO POR US$ 1.000

DE PRODUTO GERADO Cdól~r~s conctantes/1980) 25 TABELA 4 - CONSUMO MUNDIAL DE ENERGIA POR FONTE . . . . . . . 29 TABELA 5 - Alll1F.NTO DO:: CASTOS DA PRI::V l DENC: I A .SOCIAL

NA ELIROP/', llC I DENTAL < 0m funç~o do PNB) . . . . . 37 TABELA G - ESTIMATIVA DA POPULAÇ~O URBANA PARA O ANO 2000 . 4G TABELA 7 - EVIDENCIAS DA AGRESS~O AMBIENTAL SEGUNDO

REGiõES ATINGIDAS E AGENTES POLUIDORES .. .... . .. 148 TABELA 8 - ENERG I ~, I CN E D1PRECO <1. sem. 1984) . .. . . .. 1GO

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1 - lNTRODUÇXO

Como aluno do curso de Pós-Gr aduação em Engenharia da E-nergia, Metalurgia e Mater iais <PPGEEMM>, o autor desta disser -taç~o se sent iu atraído pelas idéias norteadoras da disciplina de Conservação e Administraç~o da Energia, cujo titular elegeu como orient ador do presente trabalho.

Os t emas básicos apresentados na disciplina podem ser assim caracterizados:

1> A economia mundial foi recentemente abalada pela chamada "crise do petróleo". Apesar do impacto gerado pelas bruscas elevações do preço do combust!vel, na década de 70, um problema maior que a s imples manipulaç~o da ofer-ta por um cartel de produtores domina o pano de fundo do panor ama energético: A translç~o na fonte dominante da energia, cujo horizonte de esgotamento se aproxima, im-pondo repensar, profundamente, vários aspectos da socie-dade construida sobre a premissa da abund~ncia de um combustível cujas reservas, apesar da novas descobertas, entraram em declínio <57, p.25>.

2> Mais Importante ainda, é o fato de que escassez de fontes n~o renováveis de energia não é o único determi -nante do impasse que se prenuncia e que já se apresenta

(18)

perante a economia mundial. O uso crescente da energia, no último século, pela sociedade industrial, gera efei-tos ecológicos que trazem consigo um cortejo de proble-mas cada vez mais graves, fazendo com que se imponha al -guma forma de reflex~o sobre a necessidade de adotar um comportamento mais frugal na produç~o e consumo da ener-gia, se possível sem reduzir o bem-estar material e a qualidade de vida das populações.

3) O que vale para os recursos energéticos começa a ser vá-lido, também, para tudo quanto a natureza fornece ao ho-mem. Na realidade, a época em que vivemos marca uma transiç~o inédita na história da humanidade: Pela pri -meira vez, o homem, pelos números que a população assume e pelo poder que a tecnologia lhe confere, começa a al-cançar limites no processo de ocupaç~o e domínio da na-tureza. Este "esgotamento de espaços» gera, por sua vez, a configuraç~o, cada vez mais nítida, de um "sistema fe -chado", no relacionamento da humanidade com o seu ha-bitat. Antes, quando aquela, pouco numerosa e desvalida tecnicamente, se contrapunha a uma natureza virtualmente infinita, o sistema se poderia descrever como "aberto".

4>

As implicações desta transição, gradual mas inexorável, s~o profundas; a melhor maneira de caracterizá-las pare-ce ser a que busca, na Ffsica, o conceito de entropia e as !~posições do segundo princípio da termodin~mica, pa -ra d?screver a progressiva desordem que se abate sobre um sistema fechado, tanto mais rapidamente quanto maior sua taxa de uso e dissipaç~o de energia.

(19)

5) Entre os obstáculos que se oferecem ao propósito de f a-zer com que a sociedade humana aceite estas cont ingên -cias e a elas se adapte, talvez o maior seja o fenômeno da cultura. Em t ermos de Hi stória, os fatos geradores deste esgotamento de espaços e recursos naturais são muito recentes, medindo-se em uns poucos séculos <talvez a partir do momento em que um genial prfncipe português lançou suas car avelas ao mar <177)) e sobretudo se ace-ler~m vertiginosamente a partir da segunda metade do sé -culo XIX. Mas nossa cultura, por milênios, nutriu e pro-clamou concepções antropocêntricas, segundo as quais o homem detém, até mesmo por divina concessão, posição privilegiada que o sobrepõe à natureza e o impele ao do -mfnio predador sobre a mesma. Nisto, talvez resida o problema central da nossa época: A colisão entre a cul-tura e as contingências do mundo real.

Segundo esta linha de pensamento, o titular da discipli -na elaborou, em 1985, um texto submetido ao 111 Concurso Nacio -nal de Monografias em Informát ica, o qual , embora ainda não pu -blicado, foi distinguido com o primeiro prêmio, entre os textos de pesquisa <97) .

A dissertação parte daquela monografia, reitera suas premissas, amplia sua documentação e discussão. Particularmen-te, faz ao seguintes adições e extensões ao ~mbito abrangido pela mesma:

o) O exame da tese opost a, segundo as Idéias de Julian L. Simon (158>, que sustenta os postulados do progresso cont inuado, proclama as vantagens do crescimento

(20)

lacional e refuta as afirmações dos defensores do meio ambiente. Suas idéias, por sua vez, são cotejadas com a doutrina de Jeremy Rifkin <143), quanto ao primado da Lei da Entropia sobre todo o substrato físico e material da economia.

b) O testemunho internacional dos problemas crescentes de agressão ao meio ambiente é detalhadamente pesquisado e documentado, através do levantamento de registros feitos na imprensa internacional e em obras de referência, nos dois últimos anos, com mais de uma centena de citações formando um panorama sombrio do impacto das populações e da tecnologia sobre a biosfera.

c) Uma primeir a investigação em torno da recomendaç~o da a-ludida monografia, aplicando o consumo de energia elé-trica como medida para aferir o significado econômico de uma indústria, em t ermos de capacidade tributária e o-ferta de emprego, tudo referido ao kWh consumido,

sa-lientando, no cotejo, a vantagem que assume, quanto a estes índices, a indústria da informática, em relação a outras linhas de produção, que ocupam posição destacada no consumo de energia.

d) A constatação de que, na maioria da indústria de trans-form~ção e nas empresas comerciais, o custo da energia não constitui fator disciplinador de seu emprego, pois é

pouco expressivo. Este fato gera implicações no esforço a desenvolver, para encor ajar o uso racional da energia e lança dúvidas sobre uma política de tarifas subsidia -das .

(21)

21

e) O exame da atual situaç~o energética brasileira, no quadro da transiç~o em curso, com especial consideraç~o

aos benefícios e, também, aos riscos que decorrem da reduç~o dos preços internacionais do petróleo e da

ne-cess idade de conservar a energia elétrica, cujo consumo, há menos de uma década, foi estimulado, como alternati-va ao petróleo.

O autor está convicto de que o tema n~o se esgota facil-mente. Tem configuraç~o muito ampla e n~o lhe faltam aspectos polêmicos. O certo é que abre um rico fil~o para pesquisadores interessados em oferecer as bases para a elaboraç~o de uma

po-lítica induotrial que atente para os problemas e perspectivas do Brasil e restitua, ao Rio Grande do Sul, posiç~o de lideran-ça no cenário brasileiro, adotando diretrizes de industriali

za-ç~o adaptada às condições atuais e ajustada ao potencial de seus recursos humanos.

(22)

O panorama mundial, entre a década de 50 e a de 70, foi marcado, principalmente, por três t ipos de comportamento: a rápida expans~o da populaç~o, o acelerado crescimento econômico e o crescente consumo de energia.

Nestes 20 anos, a popul aç~o mundial foi acrescida de cerca de 1,1 bi lh~o de habitantes; do início deste século até o ano de 1950, o aumento n~o chegou a alcançar 1 bilh~o de habi-tantes <Tabela 1) . A principal característica associada a este elevado acréscimo foi o grande deslocamento das populações ru -rais para as zonas urbanas <Tabela 2); este fato- o surgimento da sociedade industrial urbana - evidencia uma das conseqOªn -cias do processo de industrializaç~o, originado nas nações que

lideraram a revoluç~o industrial e progressivamente adotado pela maioria dos países.

O crescimento econômico acelerado, logo após a segunda guerra mundial , ocorreu principalmente nas nações industriali -zadas, onde se obteve amplo desenvolvimento da tecnologia dos meios de produç~o, resultando na expans~o da chamada "indústria pesada". Mas a partir de 19&0, começa a crescer a indústria de

alta tecnologia, que Alvin Toffler denominou de "Terceira On -da" <principalmente eletrônica e telecomunicações) (171). Na

(23)

mesma ocas 1 ~c. 1 3 1 nclLl~':L1·· i;;,. t r .sd 1.:1 <)ts<.: I

em a lguna pafs~s subdesenvo lvtdos, rom v amadurer tmento dos es -f o l' ç os f e i tos d UI"· d n L t2 a 9 U8 J"T rl I p <'li . :.s !,:ubsl 1 l u J r ltnpor·t ações.

JndusLr·J:Jl S e na migraç~o de gr·;:JnciP contlngcnt-=· hutu:-Jn<' p<sr;:s os me!::ruos.

ANO POPULAÇJ\0 =======================~==~==~============ 1000 1E.50 1800 1900 1950 1970 1984 { )i"J 340.000.000 545.000.000 907.000.000 1 .E.10.000.000 2 .509.000.000 3. E. 50. 000. 000 4.7C.O.OOO.OOO ========~=================================

Fonte! POPULATION. In! ENCYCLOPAEDIA BRI -TANNICA: Macropaedla. 15.ed . Chica -qo 1 197 4. v. 1•1, p. 81 G.

C*J BROWN, L. R. el al i i . State of t he wor ld. 1985. pg. 203.

Tai>t'IJ :...'. Pupu l.:Jc.,::ío J·ut .tl L· utlúlt·•a 11.:.ts na -çt~e rleBenvolv!des e n~n deeenvolv!clae t%)

ANO fWf<AL (0-ND) URBAHA ( D-l1D) =====-==:-:::'""':::=:::.:::.=::::.======~==-==·· ===- ==- =--- -1950 1971) 49 ·84 32··24 1 5 ~1-16 68-7'),5

----

=~-=-~===========-=~-==:============

Fonte-: POPULATION. In: ENCYCL.OPAEDI A Br·I -TANNICA: Macropaed1:J. 15.t'J. Chlca -gc• I 1 9 7 4 . V . 1 4 I p . 81 7 .

d• · t-net·g 1 ..J <:~companhou o

XIX, L•·ve seu uso d 1 -I"'.J" .,,,,·,:: ··1u '!'' .:·,. I ... ,. , , , r11111tdu , â baixo

(24)

deu por menos de 1% da energia consumida, no mundo; em 1973, es~a proporção subiu a 43% (97, p.5).

Examinando-se, agora, a par~ir de 1950, a par~icipaç~o

do pe~róleo na economia mundial , a~ravés de seu consumo por

unidade de produ~o bru~o gerado dados da Tabela 3. Verifica-se,

<US$ 1.000 de 1980), ~êm-se os

ali , que a~é 1973, o índice

cresceu, alcançando o máximo de 2,27 barrís por mil dólares de

produ~o. Com

par~icipaç~o

a elevaç~o do preço do pe~róleo, em

permanece es~ável a~é 1979, quando

1973, sua ocorre o usegundo choqueu (a

índice entra em

revoluç~o iraniana>. A partir de ent~o, o

queda continuada, refletindo medidas de racionalização energé~i ca, substituição do petróleo e mudanças estruturais na indústria <ver capítulo 10), cujo efeito cumula -tivo, em 1985, foi o de provocar a queda do preço do petróleo.

Mas, em 1973, a situaç~o foi dramática: o embargo árabe ,

provocado pelo litígio com Israel e pelo alinhamento dos EUA e

da Europa Ocidental com aquela naç~o, visou, simultaneamente,

fins econômicos e políticos, pela sonegaç~o do fornecimento e

pelo aumento do preço, em quase 5 vezes. Esta elevaç~o atingiu diretamente as nações desenvolvidas, principalmente o Jap~o, os EUA, o Canadá e os países da Europa Ocidental, os quais

par~icipam com 70% do consumo mundial do pe~róleo. A respos~a. quase imediata, foi uma reduç~o apreciável do consumo, entre 1973 e 1975:

na Suiça e <74,p.20).

3,7% nos EUA, 15% na Bé lgica,

na Alemanha Ocidental 0

13% na Holanda, 11% 7% na Gr~-Bretanha

(25)

25

Tabela 3. Consumo mundial de petróleo por US$ 1.000 de produto gerado <dól ares constantes - 1980) .

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---ANO BARRIS DE PETROLEO/PRODUTO GERADO

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1950 1955 19&0 19&5 1970 1971 1972 1973 1974 1975 197& 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1,33 1,4& 1,&7 1,90 2,17 2,21 2,23 2,27 2,13 2,05 2,15 2,1& 2,14 2,15 2,05 1,93 1,8& 1,74

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---Fonte: BRO~N.

Lester

R.

et alii,

1984. p.3.

O efeito da alteração do preço do petróleo sobre a

ba-lança de pagamentos nos desenvolvidos, via de regra, foi apenas

momentaneo: os pa!ses da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico <OCDE> registraram o saldo global

negativo deUS$ 27 bilhões em 1974, mas, já em 197&, graças à elevação dos preços de seus próprios produtos de exportação, o saldo era positivo, em mais deUS$ 5 bilhões (94, p.5ó5).

Po-rém, houve exceções, como os EUA, que , a partir de 1973, en-traram em vertiginoso processo de elevação do déficit da

ba-lança comercial <US$ 150 bilhões em 1985) <170, p.91).

Os países em desenvolvimento, a despe ito da brusca

elevação doa preços da energia, continuaram a consumir maia pelróleo1 enlre 1973 e 197&, o Bras i I consumiu cerca de 13X a mata e a Indt a, em torno de lOX <2&, p.37) . A situação econ ômi-ca destes pa(ses, por outro lado, tornou-se crítica, devido à

(26)

drástica deter ioraç~o dos termos de interc~mbio, à retraç~o nas

importações e à aquisiç~o, no mercado internacional, de

ener-gia mais cara (94, p.5G5) .

Em 1979, com a queda da monarquia iraniana, voltou a ocorrer nova e mais violenta elevaç~o dos preços do petróleo,

juntamente com a crise no mercado financeiro, que precipitou,

em 1982, a elevaç~o das taxas internacionais de juros.

O cenário apresentado na década de 70 estimulou a reava-liaç~o do panorama mundial - f ortemente influenciado pelo mode -lo econômico de maximizaç~o do PNB - quando passou a ser ques-tionada a utilizaç~o ilimitada de re=ursos n~o-renováveis e e-quacionada a substituiç~o do petróleo por fontes alternativas, bem como a racionalidade no seu emprego. Ao mesmo tempo, os

problemas de poluíç~o ambiental apontaran para os limites do s istema ecológico terrestre.

Uma das primeiras investigações neste sentido <marcada

pela con~rovérsia) foi realizada por um grupo interdisciplinar,

conhecido como "Clube de Roma", entre 19G8 e 1972. O estudo

compreendeu a formulaç~o de um modelo do sistema econômico

mundial - cons iderado como sistema fechado em rel aç~o aos

re-cursos n~o-renováveis - a fim de examinar as inter-relações

entre crescimento da populaç~o, desenvolvimento industrial e agr(cola, utilizaç~o dos recursos naturais e contaminaç~o do

meio ambiente, em uma perspectiva até a metade do século XXI . Resumidamente, os resultados indicaram que a manutenç~o do

crescimento econômico, por lodos os pa(ses, até atingir o n(vel

de desenvolvimento dos pa(ses industri alizados, será

(27)

crescimento exponencial da poluiç~o do meio ambiente (109).

O consumo mundial de petróleo cresceu em ritmo lento,

durante a década de 70, até atingir o patamar de 23,8 bilhões de barris em 1979, passando a decrescer desde ent~o. A crescen-te utilizaç~o de carv~o, gás natural, energia nuclear e fontes de energia renovável contribuiu para a diminuiç~o do consumo

mundial de petróleo <Tabela 4>. Destes componentes, o gás natu -ral, explorado por poucos países até o início da década de 70, passa, atualmente, a ter uma participaç~o mais expressiva no consumo mundial de energia; sua uti lização proporciona cerca de metade da energia que o petróleo fornece. Estimativas do Banco Mundial indicam que o gás poder á tornar-se fonte de energia

mais importante que o petróleo par a os pa!ses importadores -mais de 30 destes países descobriram recentemente reservas de gás, como a Argentina, a lndia e Bangladesh; neste último, no

Paquist~o e na Tail ândia, o gás poderá suprir cerca de 50X da

demanda de energia prevista para a próxima década <57, p.39). No Brasil, também se observa a ascenção do gás natural

como fonte energética. As reservas do mesmo, de 1979 a 1983,

cresceram de 41 bilhões a 81,6 bilhões de metros cúbicos, um avanço de lOOX, contraposto ao crescimento de apenas 55% nas reservas de petróleo <65, p.45). Estimativas indicam que até o final da década o gás natural poderá ter sua participação na

matriz energética brasileira elevada para 20X <atualmente, não choga u lX) <129, p.45).

O carv~o. o combustíve l fóssi I mais abundante do mundo, foi projotado, em um aotudo conduz ido pelo "Jnternational In -atitute for Appl led Systema Analyals", como o maior contribuin

(28)

te para o fornecimento mundial de energia durante os próximos 50 anos. Entretanto, seu consumo náo cresceu muito durante a década de 70. O alto custo da mineraç~o, transporte e queima do carv~o restringe seu consumo. A crescente evidência dos danos

da chuva ácida <provocada ao menos em parte pelas emissões

sul-furosas das termelétricas a carv~o) na Europa e América do

Nor-te, impõe crescentes providências de controle da poluiç~o, sob tecnologi as de alto custo, contribuindo para a sustaç~o de pro-jetos de novas usinas. Novas tecnologias da queima do carv~o,

tais como a combust~o em leito fluidizado, s~o desenvolvidas

rapidamente, mas seu uso n~o será difundido antes de uma

déca-da. A liberaç~o de dióxido de carbono oriundo da queima do car-v~o em grande escala poderá alterar o clima da Terra. Se esta evidência for detectada na próxima década, como indicam as

pre-visões, poderá tornar-se necessário um esforço mundial para

di-minuir o consumo de carv~o (57, p.3ó).

As fontes de energia renovável atualmente suprem o

mun-do com o equivalente a 28 milhões de barr{s diários, cerca de seis vezes a contribuiç~o nuclear; deste total , as

hidrelétri-cas e a madeira (somada a outras fontes renováveis) contribuem

respectivamente com cerca de 9 milhões e 19 milhões de barr{s

diários <57, p.41). Nos pa{ses em desenvolvimento, a madeira está se tornando escassa pelo intenso desflorestamento e pelas pressões do crescimento populacional <óó, p.190).

A energia nuclear, vista como provável substituta do petróleo, defronta-se com uma mir(ade de obstáculos para sua

(29)

cus-29

Tabela 4. Consumo mundial de energia por fonte

1973 1978 1984

<bpd> 00 (bpd) 00 <bpd) <X>

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Petróleo 56.000.000 41 &1.&00.000 41 57.100.000 35

Gás Natural 21.300.000 1& 24.100.000 1& 28.300.000 17 Carvtío 33.400.000 25 37.300.000 25 43.800.000 27 Renovávei s 23.500.000 17 25.800 .000 17 28.700.000 18

Nuclear 1.000.000 1 3.000.000 2 5.700.000 3

TOTAL 135.200.000 100 151.800.000 100 1&3.&00.000 100

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Fonte~ FLAVIN, Chr1stopher, p.35.

tos excess ivos e os problemas n~o resolvidos de desativação de

usinas e da destinaç~o do lixo nuclear. A OCDE estimou, em

1970, que seus participantes passariam a contar com capacidade de geraç~o de energia nuclear de 563.000 Mg em 1985: Já em

1983, projeções do Worldwatch lnstitute indicaram uma redução para 183.000 MW, devido, em grande parte, ao n~mero de

cance-lamentos de projetos nucleares: nos EUA, 87 projetos de

reato-res foram cancelados, desde 1976 <2&, p.126) . A participação da

energia nuclear no consumo mundial, em 1984, foi de apenas 3X,

o que a torna cada vez mala irrelevante para o mala urgente

problema de energia - encontrar um substit uto para os combust!-vela líquidos, derivados do petróleo, cujas reservas comprova

-das, de &70 bilhões de barr·!s, em 1983, têm seu esgotamento

previsto no prazo de 37 anos, relativo ao n!vel de produção de

18 bilhões de barr!s, em 1983 <2&, p.9). Há outros argumentos

que vão de encontro à maciça utilização da energia nuclear~ Pa-ra satisfazer a metade da demanda prevista para os pa!ses em

deoenvolvlmento, entre 1985 e 2020, serla necessária a constru

-ç~o de 100 grandes usinas nucleares. Afora o alto custo, há o

(30)

nos reatores t anto serve para combustível como para matéria -prima de bombas nucleares, aumentando a probabilidade de ocor

-rência de atos terroristas. No ano 2020, estariam circulando no

comércio nuclear cerca de 3,5 milhões de kilogramas de plutô-nio: apenas 5 a 10 kg s~o suficientes para o fabrico de um ar-tefato nuclear. Ademais, seria extremamente difícil manter em

segurança a totalidade do material produzido (66, p.190). A e-xemplo dist o, recentemente, duas toneladas de plutônio produzi -do nos reatores nucleares da Inglaterra e armazenadas no esto-que nacional, em Sellafield, desapareceram sem deixar traços, havendo a suspeita de que tenham stdo desviadas para o fabrico de armas nucleares <132).

Embora o problema da energia ainda seja fundamentalmente a busca de um novo recurso que substitua o petróleo, uma nova dificuldade está surgindo - o Impacto do crescente consumo de energia no meto ambiente.

As previsões de demanda de energia comercial revelam que a mesma aumentará de cerca de 300 EJ (exajoules), em 1983, para cerca de 485 EJ por volta do ano 2000 (um exajoule equivale a 163 milhões de barrís de petróleo ou 0,95 quatrilhões de BTU, aproximadamente Igual a 1 QUAD>. Em outras palavras, um consumo equivalente em petróleo, em um Unico ano, superior à totalidade das reservas hoje comprovadas da URSS (32, p.6). Paralelamente, outro estudo <66, p.190) revela que se as taxas de crescimento da demanda de energia comercial per captta nos países em desen-volvimento persistirem ao nível da década de 70, o consumo per capita aumentará de 4.818 kWh, em 1980, para 20.148 kWh, no ano 2020. Como, neste período, estima-se que a popul aç~o dobrará, o

(31)

31

consumo agregado de energia comercial poderá aumentar de cerca de 17.520 TUh para cerca de 131.400 TUh: um incremento no uso de energi a equivalente a 3 vezes a produção mundial de petróleo relativa a 1979 e, ainda, praticamente igual à demanda mundial prevista para o ano 2.000. A produção e utilização de tanta energia afeta a biosfera de diversas maneiras, como a poluição térmica, do ar e da água, a degradação do solo, a agressão ao plancton dos oceanos, a destruiç~o da vida animal e r iscos para

a saúde.

Frente a este quadro alarmante, observa-se que o objeti-vo predominante da era industri al, o progresso, ~stá enfrentan-do limites , impostos pela natureza. A transição em que vivemos não decorre apenas do horizonte de esgotament o de uma fonte de energia, pois, ainda que abundante e ilimitado o petróleo, os efeitos de sua combustão forçariam a limitaç~o de seu emprego. Em última análise, o fator principal a desencadear as crescen-tes pressões sobre o uso dos recursos naturais e sobre 0 melo ambiente é o vertiginoso crescimento da população.

(32)

.

.

I

I

.

i

I

.

.

rou~do 1 cerne no

that the industrial ern based on nonrenewable ~esourcee compr!s~s

I ess than O, 02% of h;,.t:nan h 1sto:~y

and yet 80% or the 1ncrcoce In

human numbero ha~ occurred dur1ng 'i:.hle perlod."<RJFKJN, p.218)

O "~orldwatch J~st!tute'', de Washington, é u~a

tn~t1~ul-Independente, voltado para o exeme de te~~s amblen~al~, no

tntelro. Corts !3lH1B an2l!sea e public~\ÇÔG-8, o I m;t 1 t·uto

conta com o ~pelo de numa~osas fundaç~ee americanas a de fundos ospeclulu d~ O;·g.:~nl:zaç:Jo dou N:1çõeo Unldao. Seu proaldent,e,

Leater R. Brow~, ê umn respettad~ autorldede no~ mele variados

dom!n!oc das relações do homem com a natureza; uma de ouaR 1n1

-ct at:v::w mtdc bem t:Jcolh:das !'o! a dec!s~o

cc

publtcc!"', a po!"'t!r de 1984, um relatório anual sobre o "Estado do Mundo'' <State of the World), do qual já há duas edlções, relativas,

mente, o 1984 e 1905. Un Importante execut!vo norto-emertcano, da área de comunicações, adquiriu 1.400 exemplares d8 edlç~o de

1984, para d1str1buiç~o a personalidades amarlcanas, dotadas de

poder de decta§o, espcclalmente os mais altos executtvoc dae

500 me I ores emprea e c do pa ( s, bem como os ! ntcgr antas do :11 n 1 s-tório, em WoohtngLon, dizendo, a cedo um, quo "eete 0 o livro

maio lmportanle que 11 nestes ~lttmos ~nos" <27) .

(33)

33

faz-se freqüente remissão às duas obras acima referidas.

Desde o tn!cio da história da humanidade até

aproxtmda-mente o fim do século XVIII , transcorreu o tempo necessário

para a população mundial atingir o marco de 1 bilhão de

pes-soas. Passou-se apenas um século para chegar ao segundo

bi-lhão. O terceiro bilhão foi acrescido em apenas 30 anos, entre

1930 e 1960, e o quarto bilhão em somente 15 anos. O sustento

deste vasto contingente tem sido largamente devido à maciça

conversão da energia solar, estocada na Terra durante bilhões

de anos <143, p.218).

A partir da década passada, a preocupaç~o com o rápido

crescimento populacional se acentuou, quando,em 1970, verifi

-cou-se a maior taxa de crescimento anual da história, de 1,9%,

com o acréscimo de 70 milhões de pessoas <26, p.20).

Inicialmente, os países onde mais se pronunciava o

pro-blema, pouca atenção lhe deram, como constatado na Primeira

Conferência das Naç~es Unidas sobre Populaç~o, em Bucareste, em

1974. Argumentava-se que o progresso econômico e social era a

condição para frear o crescimento populacional e elevar

opa-drão de vtda. Dez anos mais tarde realizou-se a Segunda

Confe-rência Mundial, na cidade do México, na qual participaram 149

países, quando foi avaliado o plano de ação para a população

mundial, adotado em Bucareste. Na ocast~o, poucos países

optaram por programas de planejamento familiar; desta vez ,

houve consenso entre a maioria dos líderes do Terceiro Mundo,

sobre a necessidade de redução das e levadas taxas de

crescimento demográfico <27, p.200).

(34)

crescimento da população mundial decresceu lentamente, atin -gindo 1,7X, em 1983: mas o Incremento anual continuou

crescen-do, somando 79 milhões de pessoas naquele ano. Cinco países

contrlbutram com mais da metade deste acréscimo: Brasil,

Ntgé-r ia, Bangladesh , Indta e China (os dois dltimos com cerca de um terço do Incremento mundial, respectivamente 15 e 13

mt-1 hões > < 26, p. 21> .

O comportamento do crescimento demográfico varia de país

a país. Os europeus, de um modo geral , mantêm populações

está-veis; a RDA foi o primeiro país a attngtr o equilíbrio entre

natalidade e mortalidade, em 1969, seguido da RFA, cuja

popula-ç~o estacionou em 1972. Outros países seguiram no mesmo curso e, a partir de 1983, a Europa passou a contar com mais dez pa( -ees que exibiam crescimento nulo (tsto é, variaç~o n~o su pe-rior a 0,2% so ano): Austrla, Bélgica, Dinamarca, Hungria, Itá-l 1 a, Luxemburgo, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça <26,

p. 21).

Estes doze países se encontram no ~lttmo est ágio da transtç~o demográfica, onde se observam as melhores condi ções de vida e onde ocorre equi líbrio entre taxas de natalidade e mortalidade, em torno de 13 em cada mil pessoas. A transiç~o demográfica - que se desenvolve em três estágios - é um concei-to utt ltzado pelos demógrafos para explicar a relaç~o entre

crescimento populacional e os níveis de desenvolvimento. No prtmetro estágio, que caracteriza as sociedades tradicionais,

as taxas de natal Idade e mortalidade e~o elevadas e mantêm-se sob estes índices por longos períodos, sem alteração apreciável no tamanho da populaç~o. No estágio Intermediário, a taxa de

(35)

mortalidade se reduz consideravelmente, a partir de

melhora-mentos nos serviços de saúde públ tca, lntroduç~o de vacinas e

expansão da produção de alimentos. Como neste estágio a taxa de natal idade se mantém elevada, resulta rápido crescimento da população. Uma sociedade neste ponto contaria, tipicamente, com

taxa bruta de nascimentos de 45 e taxa de mortalidade de 15,

proporcionando crescimento anual de 3%: este é um ponto crftico

pata, em um século, o tamanho da populaç~o aumentaria cerca de

vtnte vezes <27, p.19) .

O equilfbrio da natalidade e mortalidade nos pafses e u-ropeus fot um processo lento e progressivo, à medida em que

fo-r am implementados beneffcios econômicos, melhor amentos sociais

e radicais Inovações legais, como maior oportunidade de emprego para mulheres , serviços de planejamento familiar amplamente

difundidos e 1 lberaç~o de le is de aborto, estas últimas um tema

considerave lmente polêmico. Atualmente, mais seis países

europeus -Bulgária, Tchecoslováquia, Ftnlfindta, França, Países Baixos e Romêni a - estão prestes a efetuar a transição par a o

último estágio, com taxas de crescimento em torno de 0,5%: ao

atingir o crescimento nulo, est es pafses somar~o,juntamente com os outros doze, cerca de 7,7% da população mundial, sem crescimento <27, p.203).

Nas nações mais industrializadas- Jap~o, URSS e EUA, o

c~esclmento se dá de forma moderada e tendente à estabilidade,

aob ~axae d~ 0,7X, 0,8X e 0,7X, respectivamente. O Japão,entre

1948 e 1958, apresentou notáve l reduçlo na taxa de natalidade,

de 47%, caindo de 34 por mil para 18 por mtl: o índice conti -nuou a declinar e, atualmente, o país conta com a mais baixa

(36)

taxa de natalidade dentre os três acima referidos,em torno de

13 por mil. Nas repúblicas soviéticas, tanto européias como asiáticas, a taxa de natalidade flutua em torno de 18 por mil,

desde o início da década de 70, e, nos EUA, em torno de 1ó por

mil <2ó, p.21> .

Um efeito secundário da quest~o demográfica se manifesta

nos países desenvolvidos , sob a forma de "envelhecimento" da populaç~o, que afeta a economia da previdência social - há cada

vez mais aposentados para menos jovens que trabalham e contri-buem para os fundos de aposentadoria e assistência médica. Grandes inquietações acometem os segurados idosos, que vêem

ameaçadas suas aposentadorias e pensões, bem como os serviços

médicos, cuja demanda aumenta com a idade média dos segurados e

cujos custos crescem vertiginosamente com o avanço do arsenal

tecnológico da Medicina <144, p .82) . A Tabela 5 revela o 1m-pacto dos gastos da previdência social sobre o produto nacional bruto de a 1 guns pa ( s.es desenvo 1 v 1 dos.

A populaç~o dos países do Terceiro Mundo cresce cob ta-xas elevadas. Atualmente, cerca de 34 países a maioria na

Afrtca, no Or iente Médio e na America Central - somando cerca de 394 milhões de habitantes, s ituam-se no est ágio inter

-mediário da transiç~o demográfica, com taxas de crescimento em torno de 3% ao ano. No Oriente Médio, as taxas de crescimento populacional variam de 3,2% ao ano, no lr~, a 3,7% ao ano, na

Síria.Já na ~mértca Central, apesar das e levadas taxas de crescimento na maioria dos países, observa-se em Cuba, a queda

da taxa de natal idade, de 35 por mil , em 1963, para 14 por mll,

(37)

ano (26, p.24).

Tabela 5. Aumento dos gastos da previdência social na

Europa Ocidental <em funç~o do PNB>.

PAIS 1970 1980

======

=

=========

==

=

=

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===

Bélgtca

Dinamarca França

Reptlbllca Federal da Alemanha

Irlanda Itál la Luxemburgo Países Baixos G. Bretanha 18,5 19,& 19,2 21,4 13,2 18,4 16,4 20,8 15,9 27,7 28,0 25,8 28,3 22,0 22,8 26,5 30,7 21,4

==============

==

=======================================

Fonte: RIMLINGER, Gaston V., p.82.

Uma estimativa para a populaç~o do Terceiro Mundo,

efetuada pelo Banco Mundial, dá u~a tdéta das dificuldades

associadas à acelerada expans~o da populaç~o, embora os dados

levem em conta somente variáveis demográficas, sem considerar a tendência da disponibilidade dos recursos necessários à manutenç~o deste crescimento. As projeções indicam que, dado o

grande número de pessoas jovens,a maioria dos países atingirá o

nível de substituiç~o da fertilidade <de aproximadamente 2

crianças por casal) por volta do ano de 2035. A lndla, por exemplo, adicionará mals de 1 bilh~o de pessoas à sua populaç~o

de 730 milhões (em 1983> , antes de estabi lizar com 1,84

bi-lhões: Bangladesh e Paqulst~o, juntos, somar~o mala 841

mi-lhões. Se estes números se materializarem, o subcontinente

indiano contará com cer ca de 2,7 bilhões de pessoas, mais que

toda a populaç~o mundial em 1950. A populaç~o do México crescerá de 76 milhões para 215 milhões, aproximadamente a atual populaç~o dos EUA. A Nigérla terá que suportar um aumento

(38)

de 84 mllh~es, para ó23 mllh~es população de todo o continente

de pessoas, superior à africano. Torna-se multo

improvável que os recursos físicos mundiais e a biosfera sejam capazes de suportar este crescimento (2ó, p.29).

A re lação entre população e recursos, a partir da década

de 70, passou a sofrer modificações, refletidas nas respectivas taxas de crescimento. Entre as mais importantes, a produção

mundial de grãos, que, no período 1950-73 se expandia, em m

é-dia, sob t axa superior a 3% ao ano,superando o cresc imento po-pulacional, passou a crescer sob taxa média de 2% ao ano,

en-tre 1979 e 1984, mal acompanhando a expansão demográfica: em termos per capita, o cresciment o da produção mundial de grãos,

nos dota períodos aciMa, fot, respectivamente , de 0,3X ao ano (27, p.8) .

1,3% para

A produçfto mundial de alimentos ainda pode ser expandida

bem acima do atual nível. Entretanto, é restringida pelo custo de produção, o qual, por sua ve2, é determ inado pelos recursos

disponíveis , tais como terra, água, fertil izantes e pesticidas,

e pela habi l idade com que estes são combinados. No decorrer da história, a maior parte da expansão agrícola resultou da

ampli-ação da área uti lizada para o cultivo. Durante a década de 50,

no entanto, segundo um estudo efetuado pelo Departamento de A-gricultura dos EUA, a área cultivada no mundo inteiro reduziu -se, em média, de quase 1% ao ano, continuando a cair, na década

de 70, em cerca de 0,3X ao ano. Entre 1980 e o ano 2000, estima-se uma redução na área cultivada em torno de 4%, ao

passo que, no mesmo período, o Incremento da população mundial é estimado em 40% <27, p.24) .

(39)

Embora a irrigaç~o tenha recentemente contribuido para a

elevaç~o da produtividade da terra, a escassez de água doce se

torna uma real idade para muitos pa(ses. A recente reduç~o da

área Irrigada, nos EUA, é um indicador das crescentes dificul

-dades para expand(- la em outras partes do mundo.

Para manter a produç~o de alimentos per caplta, quando a área cultivável se reduz, a utilizaç~o de insumos precisa ser

intensificada, tnclutndo fertlizantes, água e pesticidas. Isto

pode ser verificado com a relaç~o entre a expans~o da área uti-lizada para o cultivo de gr~os e a quantidade de fertilizantes;

em 1950, enquanto o cultivo per capita era de 0,24 ha, aqueles atingiam 5 kg per capita: em 1984, a área se reduziu para 0,15 hect ares pe~ captta e este insumo aumentou para 25 kg per capi

-ta. Este aumento do uso de fertil izantes está associado à

ener-gia neles incorporada. Do tot al desta energia, aproximadamente

4/5 s~o usados para produz(- lo e 1/5 para sua dtstrtbuiç~o e

apl lcaç~o. Estes dados sugerem que as grandes quantidades de

fertilizantes ainda a utilizar, juntamente com a elevação do preço da energia,

produção <27, p.40).

contribuirão par a o aumento do custo de

Para restabelecer uma tendência crescente na produção mundial de alimentos per capita, o crescimento da produç~o dos mesmos deverá ser acelerado ou o crescimento da populaç~o

de-verá ser fre,do. Com base nas estimativas acima, a escolha r

e-cai mais nitidamente sobre políticas de contenç~o do cresci-mento populacional e do planej amento famili ar <27, p.41) .

O governo norte-americano, preocupado com a falta de

projeções de dados coerentes sobre importantes áreas, como 39

(40)

energia, água e alimentos, lançou, em 1977, um programa <The

Global 2000 Report) para avaliar as t endências mundiais, tanto

da economi a como do melo ambiente e dos recursos físicos.

Paí-ses como o Japão, o México e a RFA, preocupados com a queda na

produç~o per capita dos recursos básicos que sustentam a eco-nomia mundial, decidiram examinar as Implicações destas

ten-dências para suas próprias políticas. O Jap~o organizou um pro-grama, "O Comitê do Ano 2000", para aval iar as perspectivas de

mudança dos recursos mundiais para sua economia (26, p.29>. Um dos primeiros países a examinar sistematicamente a longo prazo o balanço entre populaç~o e recursos foi a Chtna. Os líderes chineses projetaram o tamanho da futura população

baseados na consideração de que os casais teriam somente duas

crianças. Ainda sob este cenário, dada a estrutura de Idade

juven1 1, o pafo poderia adicionar de 300 milhões a 400 milhões de pessoas antes do crescimento cessar. Depois de relacionar

estas projeçõeo com a disponibilidade de terra, água, energia e

outros recursos básicos e, ainda, com a capacidade de fornecer

empregos, conclulram que não havia outra alternativa, senão

pressionar as famílias, que não possulam filhos, a ter somente

uma criança, para n~o comprometer o padrão de vida já

dificil-mente obtido. Para um país que abriga 22~ da população mundial,

o resultado foi surpreendente, pois a China conseguiu reduzir a

taxa de crescimento para cerca de 1X ao ano, comparável a al-guns paíse~ Industrializados (26, p.5). Paralelamente, a pro-d~t~o de alimentos per captta, que pouco melhorou entre 1950

e

1970, passou de 200 kg ao ano, em 1970, para 250 kg, em 1984. Embora o país enfrente sérios problemas ambientais na agricul

(41)

-41

tura e, ainda que cerca de 34% de eua populaç~o seja composta de jovens de at~ 15 anos de Idade, h' boa perspectiva de que o padr~o de vida da naç•o continue a melhorar,pelo menos at~ o

final do século C26, p.29>.

Enquanto os dados sugerem uma tendênci a em dtreç~o ao Ultimo estágio da translç~o demográfica para a China, o mesmo

n~o acontece para a Afrlca. AI 1, ao contrário, o crescimento

populacional oscila em torno de 3X ao ano, superando o avanço da produç~o de a limentos. A populaçlo da Afrlca negra passará,

provavelmente, de 383,7 ml lhões para 644,8 milhões no ano 2000 e 1,27 bilhões no ano 2025: quase um em cada dois africanos tem 14 anos ou menos. A produção per caplta de a l imentos cal 1% ao ano, desde 1970: a produção de grãos per captla era quase es

-tável durante os anos 50 e 60, mas passou a cair, após 1967, quando se obteve a maior produç~o desde o pós-guerr a, de 180 kg

per caplt a. Atualmente, este fndlce se acha em torno de 1/5

abaixo do n!vel de 1967. A parte da populaç~o na qual o contra -le da natalidade é efetuado é quase Inexpressiva. Alguns fatos animadores s•o a dec isão do governo de Quênia de suspender o

pagamento de benef(clos de maternidade para funcionárias pu-bl lcas, a partir do quarto fi lho: o vigoroso modelo de planej

a-menta fam!ll ar de Ztmbabwe e o acréscimo de 2 para 15 no nUmero de parses que adotaram o planejamento fami liar, desde que

Quênia e Ghana o fizeram, em 1974 (181).

Os pa!ses andinos - Bolfvla, Cht le,Equador e Peru- têm

experimentado situação semelhante à da Afrtca,quanto à expans~o

da produção de al imentos per capita. ~ produç~o de grãos se

ESCCLA OC:

EI~GE1\iHARIA

(42)

como nos afr icanos, estão o rápido crescimento populacional, a ampla erosão do solo e a desertificação, bem como a falta de

atenção para o desenvolvimento agrícola (27, p.36}.

bres, a

parte,

Nações

cerca

O principal combust ível uti lizado nos países mais

po-madeira, vem sofrendo redução devido, pelo menos em

ao crescimento da população. Segundo recente estudo das

Unidas <"Food and Agriculture Organiza~ion" - FAO>,

de 2,7 bilhões de pessoas dependem da madeira como

combustíve l para cozimento e aquecimento <26, p.82): em cerca

de 26 países, mais de 100 milhões de pessoas - metade delas na

Afrtca tropical - Já se confrontam com aguda escassez de

madeira e cerca de 1,3 bilhões de pessoas- das quais 70X se

encontram na Asia tropical - vivem em áreas com déficit de

madeira, onde as necessidades estão sendo sattsfettas somente

através do excesso da derrubada de árvores (46}. Os habitantes

de pequenas vi las no interior da Asia e da Africa, que antes

encontravam lenha nas proximidades de suas habitações, devem,

agora, buscá- la em locais mais distantes. Em algumas regiões da

Indta, por exemplo, mulheres e crianças despendem até dois dias

de caminhada para buscar o supr imento de lenha necessár io para

uma semana <26, p.82}.

O desflorestamento e a transformaç~o de regiões flores

-tais em terras de cultura e pastoreio,bem como a deterloraç~o

dos solos

e

pastagens, tem contribuído para a formação

e

(43)

-43

nômeno da desertificaç~o - resultado atribuido indiretamente à

atividade humana - esteja provocando altereç~o do ciclo hidro-lógico de determinadas regiões, como, por exemplo, a seca que

se verifica na regt~o do Sahel, na Afrlca. Segundo este ponto

de vista, a precip1taç~o pluvial local é afetada por mudanças na utilizaç~o da terra, alterando o albedo- poder refletor de

um corpo luminoso que difunde a luz recebida. Onde isto

aconte-ce, as áreas afetadas refletem mais calor para o espaço.

Fre-qüentemente associado a isto está o aumento em grande escala do

fluxo vertical de ar que ascende do solo e desce de altas

cama-das, por efeito do aquecimento da superfície. O ar de elevada

altitude é seco e, portanto, reduz a prectpitaç~o. Uma

conse-qü~ncia destê processo, identificado na década de 70, é o fato

de tornar-se auto-sustentada a deserttficaç~o que, uma vez

instalada, progride em rltmo crescente <27, p.10).

Embora sujeita a dúvida, é Interessante salientar uma nova hipótese de alteração c limática atribuida à atividade

hu-mana, pelo Intenso desflorestamento:a teoria imputa possíveis

perdas na produç~o agrícola da regi~o centro-oeste do Brastl,

devido à devastaç~o da floresta amazônica. A hipótese parte do

pressuposto de que a Amazônia brasileira deriva quase toda sua

água Inici almente do oceano Atl~ntico. Em situaç~o normal,

cer-ca de um quarto da precipitaç~o pluvial da regi~o evapora

dire-tamente e aproximadamente metade volta à atmosfera, em

decor-rência da transpiraç~o das plantas. Juntas, a evaporação direta

e a transpiração, devolvem três quartos da precipitação pluvial para a atmosfera, reatando um quarto que retorne para o

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res-ta, contudo, esta raz~o é aproximadamente Invertida, com um

quarto da prectpttaç~o retornando à atmoefera e trêe quartoe

escoando rapidamente. A precipltaç~o pluvial na regt~o é, por

conseguinte, reduzida: a atmosfera passa a reter menos a umida -de que retorna, a qual poderia, mais tarde, se transformar em chuva. A água Inicialmente entra na Amazônia em massas de ar carregadas de umidade, oriundas do Atl§ntico, avançando para o Oeste, continuamente descarregando umidade, na forma de chuva:

A umidade retida no ar, quando alcança os Andes, move-se para o

Sudeste, em direç~o ao Brasil central e à região do Chaco, onde

se torna parte do ciclo de precipitaç~o pluvial nas pr1nc1pa1s

áreas agrícolas. A medida em que a f loresta amazônica é conver-t ida em área para cultivo ou pastagens, ou ainda, derrubada pa -ra lenha, aumenta a quantidade de água que retorna na forma de escoamento e reduz-se consider avelmente a parcela que voltaria

à atmosfera na forma de evaporação e transpiração. O efeito

global é a média de precipitação mais batxa. Tais mudanças,

provavelmente, reduziriam a quantidade de água que atinge o Chaco paraguaio e o planalto central brasile iro <149>.

Ainda com respeito às estimativas de crescimento popula-cional, o aspecto mais preocupante é a acentuada tendência à

expans~o da população urbana: atualmente, cerca de 41X da popu-lação mundial se encontra em cidades e vilas. Estimativas para

os próximos quinze anos Indicam que cerca de 52~ da população

da Terra residirá em centros urbanos, e que, por volta do fim

do próximo século, 90% da população mundial se encontrará lo

ca-lizada em zonas urbanas- a maior parte em »supercidades», nos

(45)

45

Nações Unidas, apenas o ito cidades grandes do Terceiro Mundo

somar~o 170 milhões de habitantes no ano 2000 <ver Tabela 6),

superior em 30~ à atual população do Brasi l.

Segundo o demógrafo Rashmi Mayur , mais de 50X do

cresci-mento urbano, no hemisfério sul é devido à migração - o pobre

que deixa sua terra nat al em busca da sobrevivência. Nos países

pobres, mais de 20 milhões de pessoas mtgram para as ctdades a cada ano: as cidades grandes se expandem, enquanto as pequenas vilas se reduzem ou desaparecem <108).

Já no mundo desenvolvido,o avanço da urbanizaç~o, provo-ca a crescente ocupação dos espaços verdes nas cidades e suas

cercanias, gerando, n~o raro, contestação popular, como, por

e-xemplo, o conflito aberto entre promotores de planos habitacio-nais e defensores das áreas verdes , surgido em janeiro de 1984,

na Inglaterr a (89). No entanto, em alguns locais, as manifest a-ções populares n~o são motivadas apenas em defesa das áreas

verdes, como se verificou numa pequena comunidade suburbana

1n-glesa, de 3 mil pessoas, que

projeto habitacional, a cerca

se organizou para resistir a um

de 60 km a Sudoeste de Londres, contempl ando 5 mi 1 casas, com cerca de 15 mil habitantes,

cri-ando pressões Intoleráveis sobre os serviços de Infraestrutura,

como vias de comunicação, escolas e serviços de sa~de <78). Bombaim é uma das metrópoles de mais rápido crescimento

populacional <4,2X ao ano), quase Igual aos centros que lideram

o crescimento, como a c idade do México <5~ ao ano), Cairo,

Jacarta, S~o Paulo e Natrob1. Sua população - cerca de 3

ml-lhões em 1950 - já chegou a 9 milhões e estima-se que alcançará

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