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POLÍTICA E MEMÓRIA Os livros dos antigos presidentes na guerra pelo seu lugar na História

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Nº 11, 31 MARÇO 2017

Este caderno faz parte do Jornal Económico e não deve ser vendido separadamente.

FIGURA

Francisco Goiana da Silva, médico e líder de um grupo que quer mudar a sociedade

P3

ENTREVISTA

Correia de Campos, presidente do CES, numa conversa sobre a carreira e a vida

P 4

ROTEIRO

As sugestões de música, gastronomia e ‘workshops’ em Lisboa e no Porto

P 16

POLÍTICA E MEMÓRIA

Os livros dos antigos

presidentes na guerra

pelo seu lugar

na História

(2)

18

4

ENTREVISTA

Correia de Campos, presidente do CES

O ex-ministro da Saúde de José Sócrates e de António Guterres é o atual presidente do Conselho Económico e Social (CES). Nesta entrevista de vida, Correia de Campos fala sobre a concertação social, a sua infância em Torredeita, a carreira profissional e a “geringonça”.

ANTÓNIO FREITAS DE SOUSA

afsousa@jornaleconomico.pt

AEROPORTO

Mais um lance

em fora

de jogo

GISELA JOÃO COLISEU DO PORTO Gisela João apresenta o seu segundo álbum de originais perante o pú-blico portuense, num regresso a uma casa que bem conhece. Qua-tro anos depois do dis-co de estreia, a fadista volta a pisar o palco do Coliseu do Porto com “Nua”, o seu mais re-cente trabalho.

19

CRÓNICA Hemp Lastru

“Das Laranjas e do papel higiénico”, é o título da crónica de Hemp Lastru. Uma viagem pela Holanda, Turquia e China.

m dia desta semana, numa entrevista ao di-retor-geral da compa-nhia aérea Air France--KLM, Bruno George-lin, revelei-lhe a gran-de notícia: o aeroporto da Madeira, onde o grupo a que pertence tem uma operação importante, ia passar a chamar-se Aeroporto Cristiano Ronaldo. Georgelin, um francês claramente familiari-zado com as normas mais exigentes da edu-cação formal, mas incapaz de controlar as al-terações morfológicas que as emoções pro-duzem ao nível dos olhos, ficou a olhar para mim estático, sem dizer nada, com o azul das iris a rir às gargalhadas (foi o que me pare-ceu, nada disto pode ser usado contra ele). A decisão revela, como é evidente, uma conce-ção umbilical (mas isso é o menos) e muito pouco civilizada do mundo – que não é a Madeira, não começa nem acaba na Madeira nem num jogador de futebol, a quem nin-guém explicou que devia ter-se defendido do ridículo recusando semelhante homenagem. Em termos de negócio – que parece ser isso que importa aos dirigentes políticos que de-cidiram avançar com semelhante bizarria – é altamente incerto que alguém no mundo (pelo menos alguém que tenha dinheiro para comprar uma passagem de avião) decida ir à ilha da Madeira por causa do nome do aero-porto, mas haverá com certeza muita gente que produzirá quilos e quilos de escárnio e mal-dizer a propósito do tema. Coisas inó-quas como ‘já sabes que amanhã vou aterrar no Cristiao Ronaldo?’ até outras menos pró-prias para serem colocadas nas páginas de um jornal, vão produzir saborosas gargalha-das – e essa será a única vantagem que algu-ma vez terá o novo nome do aeroporto. Quanto ao mais, voltamos ao mesmo: quan-do o único motivo de orgulho de um povo é o futebol, um futebolista ou a vitória num campeonato qualquer, estamos na hora de nos oferecermos para protetorado de um

país sério.●

U

ETC & TAL

ÍNDICE

ÍNDICE

8

POLÍTICA E MEMÓRIA

Livros de ex-presiden-tes inflamam disputas pela escrita da História

A autobiografia de Aníbal Cavaco Silva e o mais recente volume da biografia de Jorge Sampaio revelam novas perspetivas e testemu-nhos sobre aconteci-mentos ocorridos nas últimas décadas. Também suscitam críti-cas, acusações e des-mentidos de três ex-pri-meiros-ministros, rea-brindo conflitos políticos que não sararam. Está em curso uma espécie de “guerra da memória”?

(3)

FRANCISCO GOIANA DA SILVA

Como um jovem médico

se tornou líder de um grupo

que quer mudar a sociedade

asceu no Porto, mas cresceu em Santo Tir-so. Teve a sorte de frequentar um dos co-légios mais antigos do país, o Colégio dos Je-suítas. “Essa foi uma feliz coincidência, que veio a ter um impacto muito importante nos valores e princípios que me foram desde cedo incutidos em casa e na escola, e que hoje fazem de mim um homem de convicções fortes”, diz Francisco Goiana da Silva, 27 anos, líder do grupo de Lisboa do

Glo-bal Shapers.

O sucesso deste grupo baseia-se na capaci-dade de juntar pessoas muito diferentes, pro-venientes de áreas tão diversas como a Saúde e as Finanças, usando valores transversais como elo de ligação. “O grupo dos Global Shapers de Lisboa desenvolve, anualmente, um plano de atividades. De entre as atividades planeadas destacam-se as horizontais, em que todos os elementos participam ativamente, como é o caso da comemoração do Dia Mundial da Di-gnidade. No âmbito deste projeto, os Shapers visitam escolas carenciadas do país para falar da importância da dignidade individual. Além do grande valor acrescentado que esta ativida-de traz aos estudantes, a verdaativida-de é que iniciati-vas conjuntas como esta unem o grupo. Cres-cemos mais enquanto equipa quando fazemos coisas acontecer em conjunto”, explica.

Para Francisco, o ponto alto foi, também, o convite oficial para participar no Fórum Eco-nómico Mundial, em Davos. “Tive a oportu-nidade de privar informalmente com alguns dos homens mais poderosos do mundo. Essa experiência mudou para sempre a minha for-ma de encarar as hierarquias. Hoje, acredito que a verdadeira liderança se faz pela entrega, pelo exemplo e pela humildade”, diz.

O interesse do jovem médico pela

medici-Tinha menos de 30 anos

quando recebeu um

convite oficial para

participar no Fórum

Económico Mundial, em

Davos. É médico, líder do

do grupo de Lisboa do

Global Shapers, e trabalha

no Ministério da Saúde,

ANTÓNIO SARMENTO

asarmento@jornaleconomico.pt

O gosto pela arte Francisco Goiana da Silva herdou o gosto pela arte do pai. Desde cedo se habi-tuou a visitar o museu de Serralves, no Porto, aos do-mingos de manhã.

“Desde pequenino fui incentivado a desenvolver a minha sensibilidade artística. Recordo-me vagamente de, nas festas de família, montar banquinhas de venda de desenhos, que arrecadavam moedas para a compra de doces no dia seguinte. Muitos anos depois, a escultura assumiria um papel muito importante na minha vida de estudante de medicina. No atelier de escultura encontrei sempre refúgio da azáfama de Lisboa e oportunidade para exteriorizar frustrações de um jovem médico muitas vezes impotente face ao sofrimento que observava diariamente”, diz.

Cristina

Bernardo

na surgiu tarde na vida. Foi depois de passar uma larga temporada hospitalizado e de ter sido salvo graças à grande qualidade dos mé-dicos que o trataram que ficou fascinado com o poder da medicina. Não era um poder autoritário, era um poder modificador, ba-seado no conhecimento. “Acredito que mui-to dificilmente um jovem descobre a sua ‘vo-cação’ para a medicina antes de começar a in-teragir com doentes na vida real. Para mui-tos, essa interação apenas acontece já duran-te o curso. E para mim, não foi diferenduran-te. “Como que num namoro, à descoberta, fui--me apaixonando pelas pequenas particula-ridades desta profissão. Até bem perto do fi-nal do curso, para mim, era óbvio que o meu percurso profissional passaria pela cirurgia pediátrica. No entanto, ouvi uma frase do papa Francisco que mudou para sempre a minha vida profissional e o rumo que viria a ter: ‘Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão. Devemos envolver-nos na

política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, porque ela procu-ra o bem comum’”.

No final do curso, e fascinado pelo poder modificador da política, decidiu candidatar-se a um estágio na Organização Mundial de Saú-de (OMS). Queria experimentar na primeira pessoa como era estar no centro de decisão das políticas de saúde do mundo inteiro. Por um lado, integrar um dos departamentos da OMS permitiu-lhe perceber que, no panorama in-ternacional, o Serviço Nacional de Saúde por-tuguês era uma referência de “justiça social, qualidade e civilização”; por outro, desiludiu-o a “superficialidade com que os dinheiros inter-nacionais eram tratados e atribuídos.”

Atualmente, Francisco desempenha fun-ções de assessor do secretário de Estado Ad-junto e da Saúde, no Ministério da Saúde. “As minhas responsabilidades diárias prendem-se com as áreas da inovação nas políticas de saú-de. É uma batalha diária tentar trazer a um

sis-tema, bastante envelhecido, a inovação e ju-ventude. Felizmente, acredito que estou a tra-balhar no local certo e liderado pelas pessoas certas para fazer com que isso seja possível”, afirma. Impaciente por natureza, desde muito pequeno que gostava de de atividades com re-sultados visíveis e rápidos. Talvez por isso, a paixão inicial tenha sido a cirurgia. No entan-to, uma visão mais larga do mundo viria a transformá-lo. “As doenças crónicas são hoje em dia o grande desafio das sociedades desen-volvidas. São responsáveis pela maior fatia da despesa em Saúde e também pelo maior nú-mero de anos de vida saudável perdidos. In-vestir na prevenção da doença e na promoção da saúde é o caminho a seguir. Isso passa por educar as pessoas para terem hábitos de vida mais saudáveis e para serem elas próprias a cuidar da sua saúde. Um bom exemplo disso são as diferentes políticas de promoção da ali-mentação saudável que o Ministério da Saúde

tem vindo a implementar”.●

FIGURA

(4)

Cristina

(5)

>>

CORREIA DE CAMPOS

“Não me parece que a lei

laboral venha a estar

na agenda da concertação”

oi ministro da Saúde duas vezes, secretário de Estado, deputado, eurodeputado. Como surgiu a presidência do CES?

Foi um convite do grupo parlamentar do PS para ser candidato. É uma eleição no Parla-mento, por maioria de dois terços. A legitimi-dade da presidência é de origem parlamentar, não é uma nomeação do Governo. Neste caso, dois grupos parlamentares acordaram entre si.

Ficou surpreendido, uma vez que esteve sempre mais ligado à Saúde?

Se olharmos para os anteriores presidentes do CES, o professor Bruto da Costa foi ministro dos Assuntos Sociais, o doutor Luís Filipe Pe-reira foi ministro da Saúde, o doutor José Silva Peneda foi ministro do Trabalho. O doutor Silva Lopes foi – mais que ministro – uma grande figura da vida e do conhecimento eco-nómico nacional. Portanto, está um pouco dentro dos genes do CES recrutar pessoas des-te meio.

Não foi eleito à primeira. Pode explicar o que aconteceu?

Não fui eleito à primeira porque não tive vo-tos. É um comportamento natural em demo-cracia. Evidentemente teria gostado de ter sido eleito à primeira mas não era por esse fac-to que me deveria de afastar. Isso seria uma descrença na democracia. E portanto, sem pestanejar, voltei a aceitar a candidatura. À terceira é que seria mais difícil [risos].

Tomou posse há cerca de cinco meses. Está presente em todas as reuniões da concertação social?

Procuro estar presente. A concertação social é apenas um dos aspetos do CES, é aquele que é mais visível, mais mediático. O público co-nhece mal o CES e muitas vezes confundem--no com a Comissão Permanente de Concer-tação Social. Mas uma das mais importantes funções do CES é de aconselhar quem lhe peça conselho. Muitas vezes damos pareceres avul-so ao Parlamento, é uma obrigação cívica. De-pois temos os pareceres obrigatórios, que es-tão na lei, como as Grandes Opções do Plano ou o Orçamento do Estado. E temos muitas outras atividades que realizamos, debates onde intervêm os parceiros sociais.

Que balanço faz destes cinco meses?

É um balanço muito positivo, até ultrapassou as minhas expetativas. Eu estava convencido que isto aqui era mais trabalhar para cumprir formalidades ou discussões naturalmente obrigatórias, e não é. Fiquei convencido de que há genuinamente vontade de os parceiros contribuírem. Outra coisa é que os parceiros dão-se bem, já se conhecem, tratam-se pelo primeiro nome.

Já houve reuniões acesas?

Eu ainda não cheguei às reuniões acesas, é possível que haja e devem ter havido no passa-do, nomeadamente no tempo da troika. Mas não eram acesas entre si. Eram estranhamente muito coincidentes nos pontos de vista, o que surpreendia o grupo de estrangeiros que não percebia como é que confederações empresa-riais e sindicais estavam muitas vezes de acor-do e contra o próprio Governo. Mas não pos-so falar pos-sobre esses tempos porque não os vivi e não tenho uma documentação exaustiva so-bre isso.

Há quem diga que a concertação social está a perder importância com esta solução governativa, ou seja, que as propostas que chegam já vêm fechadas do Parlamento.

Não, não são fechadas. Mesmo na do salário mínimo, houve negociação na concertação e uma negociação longa, difícil.

Mas a margem está mais limitada?

Sim, isso é exato. Mas repare o que se passou este ano: a primeira proposta que era usar a Taxa Social Única para contornar o salário mínimo não foi aceite na Assembleia. Essa so-lução voltou à concertação social e avançou-se com outra.

Noutras matérias, nomeadamente alterações à lei laboral, não há risco de os acordos da concertação chegarem ao Parlamento e chumbarem?

Sim, haverá um risco. E, se isso acontecer, voltam à concertação social. Mas isso não di-minui em nada a concertação. O Parlamento pode sempre sobrepor-se. Agora, ao fazê-lo, sabe que está, de certa forma, a destruir um valor cultural. A posição de rejeição do últi-mo acordo [sobre o salário míniúlti-mo] não sei se terá tido um ganho de popularidade entre aqueles que a defenderam.

Refere-se ao PSD?

Qualquer dos partidos que votaram contra.

Quais são os próximos temas da

concertação? Está prevista a lei laboral?

Não há pedidos de alteração à lei laboral por parte das confederações empresariais. Há al-guma pressão da CGTP à qual o Governo tem respondido que não está no seu progra-ma político, pura e simplesmente. Mas, pelo contrário, há um imenso espaço de debate sobre salário mínimo, segmentação e nego-ciação coletiva. Não me parece que a lei labo-ral venha a estar na agenda da concertação. Não há propostas. Não sou especialista na matéria mas em tempos falei com um e per-guntei-lhe se havia alguma razão para que a economia não arranque mais depressa por causa da legislação laboral. E ele disse “abso-lutamente nenhuma”.

E na sua opinião? É necessário reverter algumas medidas do tempo da troika?

Se os próprios interessados não o pedem, quem sou eu para o fazer? Não me chegam ecos de que isso seja essencial. O emprego está a crescer, os salários, devagarinho, mas estão a crescer, o consumo a aumentar, o cresci-mento económico começou a tocar os 2%.

Por outro lado, defendeu há uns tempos que os cortes nas horas extraordinárias dos médicos deviam ser abolidos.

Essa é uma prioridade para por os serviços de saúde a funcionar com qualidade.

Só na Saúde?

Esse comentário foi feito no âmbito da saúde. O que se passa nos outros setores não tem, nem por sombras, o impacto que os cortes nas horas extraordinárias têm na saúde.

ENTREVISTA

Os parceiros

sociais

dão-se bem,

já se conhecem,

tratam-se

pelo nome

O ex-ministro da

Saúde de José

Sócrates e de

António Guterres é

o atual presidente

do Conselho

Económico e Social

(CES). Nesta

entrevista de vida,

Correia de Campos

fala sobre a

concertação social,

a sua infância em

Torredeita, a

carreira profissional

e a “geringonça”.

DENISE FERNANDES E ANTÓNIO SARMENTO dfernandes@jornaleconomico.pt

F

(6)

uais eram as expetativas quando foi anunciada a mudança de Governo e qual é o balanço que faz?

As expetativas, talvez de 80% dos portugue-ses, eram de que a solução de Governo po-dia cair em meio ano ou coisa do género. Eu não estava longe desses 80%. É uma novida-de em Portugal porque só tínhamos tido co-ligações da direita mais vezes no poder e a coligação do PS com o CDS, que foi eféme-ra. Portanto, esta foi uma nova coligação que tirou do limbo político cerca de 20% dos votos. É este o caracter inovador.

Mas a solução governativa agrada-lhe?

A solução governativa funciona e tem fun-cionado além das expetativas. Não interessa aqui o aspeto subjetivo, gostar ou não gos-tar.

A designação do Governo por “geringonça” deveria ser rebatizada?

Não. As pessoas até já começaram a tratar o nome com algum carinho. A habituação a essa palavra entrou no quotidiano. A “ge-ringonça” tomou até um tom de tolerância, de carinho e alguma aceitação política.

Trabalhou em várias instituições europeias. Como comenta as

declarações de Jeroen Dijsselbloem, que acusou o Sul da Europa de desperdício de dinheiro em “copos e mulheres”?

São declarações de uma enorme infelicida-de. A declaração é uma coisa. Outra coisa é o que está por trás dessa declaração. Se fosse um momento de infelicidade apenas, nós até poderíamos tolerar. Mas o que a declaração traz à superfície é que há um enorme pre-conceito xenófobo, racial, cultural, que é inaceitável para um europeu. É impossível que a Europa tenha, num lugar de tanta im-portância como é a presidência do Eurogru-po, uma pessoa com preconceitos que se re-velam com frases destas. É absolutamente inaceitável.

É natural de Torredeita, concelho de Viseu. Como foi a sua infância?

Foi uma infância muito feliz, vivida na al-deia até aos seis anos, na altura sem telefo-ne, eletricidade ou água corrente. Eu vivi toda essa transição. Mais tarde passei para a cidade porque os meus pais eram professo-res do ensino primário, tinham cinco filhos e precisavam de os educar. Durante esses primeiros anos assisti à vinda do telefone, à inauguração da luz elétrica, e à criação de um posto da Guarda Nacional Republicana. Só mais tarde, já eu era adulto, foi possível criar sistemas de abastecimento de água ao domicílio e sistemas de abastecimento bási-co. Apesar de a aldeia estar a 10 quilómetros de Viseu não tinha esses recursos. A maior parte da minha geração saiu da aldeia.

Ainda hoje lá vai com frequência?

Não tenho bens ao luar, como se costuma di-zer. Vou lá porque presido ao conselho de amigos de uma Fundação (Joaquim dos San-tos), e que começou com uma creche para crianças do pré-escolar, tem um posto médi-co, um rancho foclórimédi-co, um eco museu ru-ral. E hoje tem um lar da terceira idade e um centro de dia. É uma instituição por quem tenho um carinho muito especial e que re-presenta o exemplo de um homem, que fi-cou lá, contemporâneo meu, inspetor Arci-des Batista Simões, uma pessoa de grande distinção.

Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Estudou em França e nos Estados Unidos. Nunca lhe passou pela cabeça ser médico?

Não. Estou rodeado de médicos. Tinha três cunhados médicos e uma irmã médica. Nem mesmo em miúdo.

O que destaca das experiências na Universidade John Hopkins, nos EUA e em Rennes, França?

Estive em França no ano a seguir ao Maio de 68. Foi muito interessante porque apanhei os escombros da crise, que levou à saída do presidente De Gaulle. Foi uma vivência muito interessante ver como os franceses se adaptaram ao Maio de 68, às exigências, rei-vindicações sociais, laborais, etc. Nos Esta-dos UniEsta-dos tive a sorte de chegar em 1976, a

seguir à crise do Watergate. Fiquei com imensa admiração pelos americanos.

Teve diversos cargos governativos. Uns durararam semanas, outros meses ou anos. Como avalia o seu percurso em cargos governativos?

Foram sempre experiências muito positivas. O que existe de excecional em qualquer cargo governativo é o nível em que o observador se coloca. Um secretário de Estado ou um mi-nistro passa para um nível de observação que não é o do comum cidadão. É outro. Olha a realidade que o rodeia de uma forma muito diferente da que via como cidadão. É por isso

“Um ministro

tem mais poder

do que julga”

ENTREVISTA

Q

NA PRIMEIRA PESSOA A melhor característica? Generosidade. A pior característica? A desistência para não ferir valores.

A melhor decisão? A criação das Unidades de Saúde Familiares.

A pior decisão? Teimosamente ter-me agarrado a um ou outro hospital com quem não consegui negociar a modificação do sistema de urgência.

A melhor coisa que lhe fizeram?

Três meses depois de sair do Governo fui a um restau-rante popular muito bom na zona dos Restauradores. Entrei a seguir à proibição do fumo para defesa dos fu-madores passivo, e sou re-cebido de braços abertos. Ainda hoje tenho direito às melhores ameijoas.

A pior coisa que lhe fizeram?

No dia seguinte a sair do Governo tinham pintado as paredes da minha casa, em Sintra, chamando-me ‘Assassino’.

O melhor de Portugal? A fantástica adaptabilidade dos portugueses a situações diferentes. Capacidade de viajar pelo mundo.

O pior de Portugal? A inconstância e a improvisação.

O presidente do CES defende que a solução governativa tem funcionado

e diz que o termo ‘geringonça’ passou a ser tratado com “carinho”.

(7)

Cristina

Bernardo

que é tão importante aos partidos que estão historicamente afastados do poder, como o BE ou o PCP, estarem agora mais próximos. Eu acho que um ministro tem sempre muito mais poder do que aquele que julga ter. A percepção do que eu estou aqui a dizer é dife-rente conforme as pessoas se situem à direita ou à esquerda. As pessoas à esquerda têm pu-dor de exercer o poder, a não ser os ditapu-dores de esquerda, que já passaram. As pessoas à di-reita têm muito mais a percepção de que sa-bem como usar o poder e usam-no. Isto é a minha apreciação e que pode explicar de cer-ta forma um pouco do meu comporcer-tamento. Eu nunca pratiquei arbitrariedades, nunca fiz

iniquidades - ou as que fiz foram o mínimo possível e não havia alternativa.

Tem muitos amigos na política?

Sim. E em todos os partidos.

Como é a relação com José Sócrates?

Já não estou com ele há uns tempos. Mas fui visitá-lo na prisão três vezes e é uma relação boa. Continuo a pensar, até prova em con-trário, que ele está inocente.

Como foi a vida no Parlamento Europeu e o momento mais marcante?

Daquilo que eu tirei mais proveito foi a

nego-ciação. Porque eu era um pouco iluminado, convencido de que tinha estudado cada solução técnica e, portanto, lutava pela minha solução. No Parlamento Europeu aprendi que, mesmo as melhores soluções, podem não ser ótimas. Muitas vezes não há um ótimo na política. Há um ‘second best’. Portanto aprendi a negociar com toda a gente, com todos os partidos à direi-ta e à esquerda, a compor as leis e as posições, de forma a poder recolher o melhor de todos.

Isso até acaba por ser bom para as suas atuais funções.

Claro. Dá-me uma outra compreensão das

posições dos parceiros sociais.●

Fui visitar José

Sócrates à prisão e

temos uma relação

boa. Continuo a

pensar, até prova

em contrário, que

ele está inocente

HOBBIES

Livros

História e estou a criar uma paixão pela novelís-tica. Acabei de ler a te-tralogia da Elena Ferran-te.

TV

Vejo os canais de deba-te político e pouco mais. Mas gostei muito da sé-rie “Borgen”.

Música

Perdi praticamente tudo desde os Dire Straits até aos tempos atuais. Tive sempre uma vida muito atarefada. Na música clássica, Mozart em pri-meiro lugar.

Uma viagem de sonho Austrália. Mas nunca lá fui.

Gastronomia Caril de gambas

(8)

POLÍTICA E MEMÓRIA

Livros de ex-presidentes

inflamam disputas

pela escrita da História

ois livros de ex-pre-sidentes da Repúbli-ca, múltiplas contro-vérsias. Primeiro, a

auto-biografia de

Aníbal Cavaco Silva, “Quinta-feira e ou-tros dias” (lançado a 16 de fevereiro), acu-sando José Sócrates de “fingimentos, menti-ras e falta de lealdade.” Depois, o segundo volume da biografia de Jorge Sampaio (es-crito por José Pedro Castanheira e lançado a 20 de março), revelando que foi “o último a saber” da Cimeira das Lajes em 2003, organi-zada por José Durão Barroso, e apresentan-do uma nova explicação sobre o que moti-vou a dissolução do Parlamento em 2004: “Fartei-me do Santana como primeiro-mi-nistro, estava a deixar o país à deriva.”

Os três ex-primeiros-ministros visados apressaram-se a responder. “Não tem moral para dar lições de lealdade institucional. Na crise política de 2011, ele sempre foi a mão por detrás dos arbustos,” contrapôs Sócrates, para quem o livro de Cavaco Silva “não é uma prestação de contas, mas um ajuste de contas.” Por sua vez, Durão Barroso

des-Auto-biografia de Cavaco Silva e

biografia de Jorge Sampaio revelam

novas perspetivas e testemunhos

sobre acontecimentos marcantes

das últimas décadas. Também

suscitam críticas, acusações e

desmentidos de três ex-primeiro

-ministros, reabrindo conflitos

políticos que ainda não sararam.

GUSTAVO SAMPAIO

gsampaio@jornaleconomico.pt

ATUALIDADE

mentiu Sampaio, garantindo: “Não só não

foi o último a saber, foi na realidade a pri-meira pessoa a saber e mesmo a única enti-dade que eu consultei antes da decisão toma-da”. Quanto a Pedro Santana Lopes, além de desafiar Sampaio para um debate na televi-são, anunciou que vai escrever outro livro (na mesma linha de “Perceções e Realidade”, lançado em 2006) com a sua versão da crise política de 2004. “Compreendo que Jorge Sampaio tenha peso na consciência porque a decisão dele é que pôs o país à deriva,” frisou. Está em curso uma espécie de “guerra da memória” opondo ex-presidentes da Repú-blica a ex-primeiros-ministros? Na perspeti-va do historiador Pedro Aires Oliveira, os li-vros de Cavaco Silva e Sampaio “são perfei-tamente normais. Desde há muito que os homens políticos tentam influenciar a ma-neira como a História os retrata. Há até uma frase célebre nesse sentido de Winston Churchill, acerca do seu rival no Partido Conservador, Stanley Baldwin, ‘a História encarregar-se-á de demonstrar que o senhor estava errado, porque serei eu a escrever essa História.’ Aliás, à medida que a democracia portuguesa vai ganhando um certo lastro, estes testemunhos vão-se tornando mais co-muns. De resto, tornámo-nos uma socieda-de menos diferencial e menos observadora do valor da privacidade.”

O cientista político António Costa Pinto aponta no mesmo sentido. “As memórias dos políticos são muito importantes para as sociedades. No caso português, de uma de-mocracia semi-presidencial, as memórias dos presidentes dão-nos uma visão mais cla-ra do dia-a-dia das relações dos presidentes com as instituições políticas e abrem para a opinião pública o que muitas vezes estava reservado. É um exercício natural,” defende. “Em muitas democracias existem mesmo instituições que entrevistam sistematica-mente, para memória futura, os seus políti-cos. E sobretudo os ex-presidentes, como no Brasil a Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, ou mesmo nos EUA. Mas aqui há a

(9)

tradição de se criarem instituições depositá-rias: as bibliotecas presidenciais.”

“Perfeitamente normais”, ou “um exercí-cio natural”, mas reabrindo coflitos anti-gos, do período de tempo em que exerce-ram os respetivos cargos políticos. “A de-mocracia é essencialmente crise, como ins-titucionalização de conflitos, onde o nor-mal é haver anormais que se criticam de modo essencialmente dinâmico. Essas me-mórias de aposentados políticos fazem par-te da tradicional lipar-teratura de justificação que alguns, mais maldosos, qualificam como construção do epitáfio,” teoriza o cientista político José Adelino Maltez. “A

História não está feita pelos vencidos e os vencedores tendem sempre para a procura do revisionismo. Tudo faz parte da beleza da liberdade, até o silêncio com que os po-demos tratar, mesmo quando não é despre-zo,” ironiza Maltez.

Quanto às críticas dos ex-primeiros-mi-nistros, Costa Pinto desdramatiza. “As me-mórias dos políticos são sempre um ‘ajuste de contas’ com a História e, às vezes, tentati-vas de a reescrever. Essas críticas aplicam-se a todas as memórias, por definição parciais e moldadas pela perspetiva pessoal. São tenta-tivas de legitimação para memória futura, mas esta vai encarregar-se de as relativizar.”

A raiz do conflito institucional

Há um padrão que se replica: quando o Pre-sidente da República (PR) e o primeiro-mi-nistro (PM) provêm de partidos políticos ri-vais, o conflito institucional torna-se muito provável. Mário Soares e Cavaco Silva, Sam-paio e Durão Barroso, SamSam-paio e Santana Lopes, Cavaco Silva e Sócrates. O enquadra-mento da Constituição fomenta esse confli-to? “O semi-presidencialismo implica sem-pre uma dupla responsabilidade do Gover-no: perante o Parlamento e o PR. Não quer dizer que essa responsabilidade tenha o mes-mo alcance. No caso português, a responsa-bilidade política é mais forte perante o Parla-mento. No caso francês, é mais forte perante o PR que, aliás, exceto nos casos de coabita-ção, praticamente manda no PM,” explica o constitucionalista Jorge Pereira da Silva.

“Os conflitos resultam de o PR ter poderes reais,” prossegue. “São mais frequentes e in-tensos quando há coabitação: Cavaco/Soa-res, Barroso/Sampaio, Sócrates/Cavaco. Mas também em situações de sintonia políti-co-partidária entre PR e PM. Sampaio e Gu terres tiveram as suas desavenças, assim como a relação entre Passos e Cavaco tam-bém não era fácil. No presente, Costa e Mar-celo estão a ser pioneiros, isto porque, ape-sar da falta de sintonia política de base, têm uma relação de ‘cooperação estratégica.’”

Em suma, “o que importa é que os confli-tos não se transformam nunca em bloqueios sérios ou prolongados,” realça Pereira da Sil-va. “Por outro lado, o PR é um importante instrumento de moderação do poder, desen-volve uma função arbitral entre Governo e oposição e tem um efeito estabilizador gran-de, sobretudo em casos de instabilidade go-vernativa. Estas vantagens compensam lar-gamente os conflitos que o sistema permite.” Segundo Aires Oliveira, as relações entre presidentes e primeiros-ministros “têm sido conflituosas porque, de facto, o nosso regi-me semi-presidencialista gera situações que podem levar à coabitação política de figuras cimeiras dos principais partidos, mas o PR

“As memórias

dos políticos

são sempre um

‘ajuste de contas’

com a História

e, às vezes,

tentativas

de a reescrever,”

salienta António

Costa Pinto

A crise política de 2005 permanece ativa na memória dos seus principais protagonistas: Santana Lopes e Jorge Sampaio.

>>

Nacho

Doce/

(10)

nem sempre consegue assumir uma equidis-tância impecável face às visões e interesses que os partidos encarnam. Até agora não houve um único PR que tivesse terminado o mandato em harmonia com o principal par-tido da oposição.”

Marina Costa Lobo, cientista política, ex-pressa uma opinião diferente. “O semi-pre-sidencialismo não tem sido muito conflituo-so. Pelo contrário, diria que o nosso semi--presidencialismo é um factor de estabilida-de política, especialmente quando os gover-nos são frágeis. O PR apoia o Governo frágil e, com o seu peso institucional, reforça o Governo. Algo que tende a acontecer quan-do o PR e o PM são quan-do mesmo partiquan-do,“ des-creve. Porém, “quando o Governo é frágil, o PR e o PM não são do mesmo partido e o PR está no segundo mandato, a conflitualidade tende a agravar-se. Isso poderá levar a que-das do Governo que não são necessariamen-te negativas. O PR está a facilitar a alnecessariamen-ternân- alternân-cia governativa, através do seu poder de dis-solução do Parlamento,” argumenta.

“O facto de termos um PR e um PM de partidos políticos diferentes significa que houve duas maiorias distintas que os elege-ram. Os conflitos que surgem derivam dessa maior inclusividade de representação que o semi-presidencialismo permite entre posi-cionamentos ideológicos distintos,“ afirma Costa Lobo, realçando o que considera ser “o lado positivo” do semi-presidencialismo. “A democracia não é a ausência de conflito. Pelo contrário, é a gestão do conflito por institui-ções que dirimem questões políticas, que é o que ocorre na nossa democracia.”

Por seu lado, Costa Pinto considera que “após a revisão constitucional dos anos 80, as relações entre presidentes e primeiros-mi-nistros, quer vindos da mesma maioria, quer em coabitação, ficaram melhores, com pou-cos bloqueios mútuos. Ou seja, quando os partidos e os seus secretários-gerais deixa-ram de ver na Presidência um rival, as rela-ções melhoraram porque ficaram mais cla-ras.” Ainda assim, “as tensões estão sempre

A “cooperação estratégica” entre Cavaco Silva e José Sócrates esboroou-se e acabou por resultar

numa desavença que persiste ainda e sempre.

(11)

presentes,” reconhece. “Mas isso é intrínseco à própria natureza da nossa democracia.”

Para Maltez, “a coabitação confirma que a vontade do povo foi nunca pôr os ovos todos no mesmo cesto. O equilíbrio sempre foi uma intuição do todo nacional que raramen-te concordou com a necessidade de ‘uma maioria, um Governo e um Presidente.” Pre-ferimos o paradoxo de podermos seguir ou-tro rumo, quando o sistema nos permite a encruzilhada: das presidenciais depois das legislativas, ou das legislativas depois das presidenciais. Apesar de tudo, a tensão entre PR e PM deixou de exigir a gravação da con-versa de quinta-feira entre os dois, como su-cedeu na era pré-soarista.”

O filtro dos historiadores

Os livros de memórias de Cavaco Silva e Sampaio poderão ajudar os historiadores a retratar diversos acontecimentos. Mas pe-rante versões contraditórias, desmentidos e acusações mútuas, como é que vão apurar a verdade dos factos? “Estes livros são muito importantes, acima de tudo, para conhecer melhor a personalidade de quem os escreve, ou é retratado neles. Não tanto para aceder a uma visão imparcial dos acontecimentos. Isso já lhes confere um grande valor e os

his-toriadores só podem estar satisfeitos por existirem,” responde Aires Oliveira.

“Naturalmente, terão de ser confrontados com outras fontes e testemunhos, cabendo depois ao historiador avaliar, segundo uma ponderação criteriosa, a fiabilidade de cada versão. Uma história que procure dar conta da complexidade das motivações humanas tem de explorar ao máximo as fontes fide-dignas disponíveis,” sublinha.

Costa Pinto, por sua vez, também classifi-ca os livros dos ex-presidentes como “muito importantes.” No entanto, “claro que os aca-démicos têm metodologias e modos de in-vestigação que vão enquadrar essas memó-rias e depois, entre outras memómemó-rias, docu-mentos, entrevistas, etc., vão alterar a visão que nos é dada pelo memorialista,” ressalva. “Mas se a verdade é importante para aconte-cimentos marcantes, talvez o mais interes-sante seja observar como os dirigentes polí-ticos foram percecionando os factos, por ve-zes construindo os factos, e depois decidi-ram. No geral, quando os académicos en-tram no terreno, já os factos são história e a sua contribuição é apenas mais uma contri-buição para a memória coletiva.”

Seguindo a mesma linha de pensamento, Costa Lobo diz que “as fontes devem ser múltiplas e diversificadas. Em política não interessa apenas o testemunho dos interve-nientes. Também interessam muitos outros tipos de dados como, por exemplo, as leis aprovadas, as políticas propostas e imple-mentadas, a evolução de grandes indicadores socio-económicos e de indicadores políticos (sobre instituições e eleitores), eventos in-ternacionais, ‘media’. A perspetiva do bio-grafado é um elemento, mas certamente não é definidor da História nem da Ciência Polí-tica que se escreverá sobre esse período.”

“O que é importante é que as biografias dos políticos se multipliquem,“ conclui. “Para que, pelo menos do ponto de vista dos intervenientes, tenhamos a possibilidade de ler várias versões dos acontecimentos, para

poder contrastar visões diferenciadas.”●

“A democracia não

é a ausência de

conflito. Pelo

contrário, é a

gestão do conflito

por instituições

que dirimem

questões

políticas,” assinala

Marina Costa Lobo

LIVROS

JOSÉ PEDRO CASTA-NHEIRA

“Jorge Sampaio: Uma Biografia -Livro 2: O Presidente” (Porto Editora)

ANÍBAL CAVACO SILVA “Quinta-feira e Outros Dias” (Porto Editora) Rafael Marchante/ Reuters

(12)

ais de cinco séculos após a chegada dos primeiros europeus à América do Sul, esta continua a exer-cer sobre nós um verdadeiro fascínio, so-bretudo devido às imensas e belíssimas pai-sagens. No sul deste imenso subcontinente, das pampas à cordilheira, do deserto de sal ao Estreito de Magalhães, são os elementos da poderosíssima natureza que marcam mais profundamente os seus visitantes. Para quem lá vive também, mas a relação entre as partes assume outras dimensões.

Francisco Coloane nasceu em 1910, na ilha Chiloé: terra de paisagens pastoris e igrejas em madeira construídas pelos jesuí-tas nos séculos XVII e XVIII, e ponto de en-contro dos maiores animais do planeta – as baleias azuis. Filho de um capitão de barcos baleeiros e de uma pequena proprietária agrícola, trabalhou como capataz numa ga-nadaria na Terra do Fogo, depois na Arma-da chilena e, mais tarde, participou em di-versas expedições petrolíferas realizadas na província de Magalhães. Foram estes traba-lhos que lhe inspiraram grande parte dos temas que abordou na sua obra e que lhe valeram a classificação de “Jack London da América do Sul” pela crítica literária

euro-Visão, olfato,

paladar,

audição e tato.

É através dos cinco

sentidos que

apreendemos

o mundo e abrimos

a porta a sensações

e experiências que

nos ajudam a

construir o que

somos.

5

Sentidos

PALAVRA DE VIAJANTE

M

peia. Viria a morrer em Santiago do Chile,

em 2002, aos 92 anos.

Considerado um dos mais importantes narradores chilenos – e para o seu conter-râneo Luis Sepúlveda, “um dos maiores vultos da literatura sul-americana” –, Co-loane dedicou a sua obra literária à constan-te luta do homem pela sobrevivência em ambientes hostis. Os mares do sul do conti-nente americano foram o cenário de eleição para as suas histórias, algumas delas há

muito tidas como clássicos do género, como “Terra do Fogo” ou esta coletânea de contos intitulada “Cabo Hornos”. Neste li-vro, uma região quase desconhecida do Chile converte-se em literatura. Os prota-gonistas são os homens e os seus animais, que precisam uns dos outros para sobrevi-ver, sobretudo devido ao risco de viverem junto a uma natureza por vezes agreste, por vezes de uma beleza esmagadora, o que pressupõe uma dimensão poética da exis-tência.

Com a crescente valorização do meio am-biente, nada de mais inspirador do que este livro cheio de força, de vida e de heroísmo, como se pode depreender do seguinte ex-certo: “Já em plena várzea, desvendou-se todo um esvaziar de luz dourada, e um cer-to entusiasmo de vida percorria a savana verde-amarelada do pasto coirón. Na dis-tância, suspensa pelos raios de luz como uma fantasia oriental, placidamente, os guanacos cruzavam em caravanas de garbo-sas silhuetas e nos seus ritmos cadenciados.” “Cabo Hornos” e outros títulos do autor

estão publicados pela Editorial Teorema.●

A sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

s aplicações que aqui sugerimos têm uma única missão: facilitar--lhe a vida. Nesse sentido, ima-gine o seguinte cenário: estacio-nou o carro, pagou o parquímetro mas ainda não se despachou e o tempo já escasseia. Co-meça a imaginar os senhores da Emel a pas-sear pela zona onde estacionou e já só espera não ter o carro bloqueado quando chegar ao veículo. Pois bem, esqueça todas essas preocu-pações com a aplicação E-Park. No mesmo ce-nário, só teria de abrir a app e prolongar por mais alguns minutos ou horas o seu ticket vir-tual de estacionamento.

Simples, não é? Para o utilizador particular, sem dúvida. Já as entidades empresárias, cujo estacionamento na cidade muitas vezes é in-dispensável à atividade, não teriam tanta faci-lidade em fazer o mesmo, devido à inexistên-cia de um perfil central que permita criar vá-rios utilizadores para o mesmo NIF. O núme-ro de identificação fiscal é um dos requisitos para aceder à interface, tal como o número de telefone, para onde é enviado um código de ativação. Foi por isso que a Emel lançou, esta

semana, a versão para empresas, que permite

definir um gestor de frota, em

https://www.eparkempresas.pt/, e, poste-riormente, serem definidos vários colabora-dores, cada um com uma ou mais matrículas de carros que podem estacionar. Cada colabo-rador tem de ter a aplicação no smartphone, que lhe apresenta dois perfis – o de particular e o de empresa. Em cada um deles é possível ter saldo distinto e utilizar cada um consoante a finalidade – empresarial ou particular.

De resto, tudo funciona da mesma maneira como a aplicação disponível para o utilizador particular: os carregamentos são feitos através de multibanco ou PayPal, é possível saber onde está a viatura, em que zona vai estacio-nar (verde, laranja ou vermelha), o tempo que falta para o limite do estacionamento pago e consultar o histórico de estacionamentos.

A experiência de navegação na aplicação é bastante intuitiva e satisfatória. A E-Park pede-lhe que insira a sua matrícula e, depois, basta selecionar o ponto no mapa onde dei-xou o veículo e definir o tempo que vai ficar

estacionado.●

2.

Emel apresenta

E-PARK

para Empresas

APP

A

1. “Cabo Hornos”

Coloane no fim do mundo

Muitas das

histórias de

Coloane são

dedicadas

à luta do homem

pela sobrevivência

em ambientes

hostis

Insira a sua

matrícula

e depois basta

selecionar o ponto

no mapa onde

deixou o veículo

e definir o tempo

que vai ficar

(13)

NOME:E-Park

SISTEMA:iOS e Android CUSTO:Gratuita

1.

2.

nova narrativa do cantor e compositor Diogo Piçarra chega hoje ao público. “do=s” (lê-se ‘dois’) é o segundo disco do português, feito em andamento. “A maior dificuldade que tive foi gerir o tempo”, con-tou Piçarra ao Jornal Económico. “Gravei em tournée, no meio dos hotéis, no meu quarto… Este álbum é o resultado das mi-nhas viagens na estrada e do feedback do pú-blico”, disse.

A história do CD é um conto romântico, seguindo a linhagem do cantor, que se mante-ve fiel ao seu estilo, mas conseguindo evoluir e trazendo mais camadas às dez músicas que compõem o álbum, adicionando um toque de “notas” eletrónicas.

Todo o disco está estruturado e pensado, remetendo o ouvinte para capítulos de livros. As músicas contam uma narrativa, uma his-tória de amor e desamor. No disco, são assim identificadas: = Dois; = Dialeto; = História; = Já Não Falamos; = Caminho; = Ponto de Par-tida, com a participação de Valas; = Erro; = Não Sou Eu, com a participação de April Ivy; = Só Existo Contigo; e = 200.

“do=s” foi escrito e composto, na sua maioria, por Diogo Piçarra, em parceria com alguns dos maiores produtores da mú-sica nacional: Branko, Fred, J-Cool, Karetus, King Kong, Lhast, e MØTA e Stego. Há também dois convidados que deixaram mar-cas próprias em duas músimar-cas do CD: o rapper Valas, em “Ponto de Partida”, e a jo-vem de 16 anos April Ivy, em “Não Sou Eu”. O álbum foi masterizado por Dave Kutch, no estúdio The Mastering Palace, em Nova Iorque. Dave masterizou alguns dos álbuns mais relevantes dos últimos anos, como “Le-monade”, de Beyoncé, “Beauty Behind Mad-ness”, de The Weekend, “20/20 Experience”, de Justin Timberlake ou “This Unruly Mess I’ve Made”, de Macklemore & Ryan Lewis.

Diogo Piçarra estreia-se no final do ano, pela primeira vez em nome próprio, nos Co-liseus, com concertos especiais: dia 27 de ou-tubro, no Porto, e 3 de novembro, em Lisboa. “Dialeto”, a segunda canção de “do=s” foi lan-çada há oito meses e é um dos temas mais toca-dos na rádio desde então, contando com quase nove milhões de visualizações no YouTube.

Em 2015 lançou o seu álbum de estreia “Espelho”, produzido por Fred Ferreira, co-nhecido por trabalhos de bandas como Ore-lha Negra, Buraka Som Sistema e 5-30.

O primeiro álbum do português, natural de Faro, pôs o vencedor da quinta edição do concurso televisivo de talentos Ídolos no mapa nacional, com canções como “Tu e Eu”, com mais de 12 milhões de

visualiza-ções no YouTube.●CB

3. do=s

-Luís

Piçarra

Um disco

como

um livro

DISCO

A

FILME

4. Ghost in

the Shell –

agente do

futuro

Scarlett

Johansson

em versão

pós-anime

carlett Johansson regressa ao grande ecrã, depois do último Capitão América e de emprestar a voz para dois filmes de anima-ção. Aliás, é como se juntasse todas as últi-mas experiências, desde Lucy, neste Ghost in the Shell – Agente do futuro. A manga cria-da por Masamune Shirow passa-se em mea-dos deste século, na futurística cidade imagi-nada de Niihama, e tem como principal per-sonagem a sensual cyborg major Motoko Ku-sanagi, uma humana tecnologicamente alte-rada, especialista no combate ao terrorismo (uma característica perfeitamente atual). No enredo, Kusanagi, conhecida simplesmente como Major, é uma humana que teria sido salva de um terrível acidente, modificada para ser o soldado perfeito, focada em deter o terrorismo, que atinge um novo nível ao incluir o acesso e controlo da mente de pes-soas. Neste quadro, Major descobre que não foi salva, mas que a sua vida lhe foi roubada e inicia uma busca implacável pelos responsá-veis. Com efeitos especiais de cortar a respi-ração e em 3D.

Este filme de grande produção é uma con-tinuação lógica de um percurso que come-çou pela manga (banda desenhada), evoluiu para uma anime (animação) em longa me-tragem, em 1995, e, depois, para séries de te-levisão. A realização está a cargo de Rupert Sanders, que já foi responsável pel’A Branca de Neve e o Caçador.

O elenco inclui, além de Johansson, Pilou Asbæk (que apareceu em Lucy e Ben-Hur e, ainda, na série televisiva Guerra dos Tro-nos), Takeshi Kitano, Juliette Binoche (os-carizada pel’O Paciente Inglês), Michael Pitt (que podem reconhecer das séries televisivas Hannibal ou Boardwalk Empire) e Chin Han (que participou em filmes como Capitão América, Batman – o Cavaleiro das Trevas ou O Dia da Independência: Nova Ameaça), entre outros.

A produção está a cargo de Ray Angelic (que produziu O Despertar da Mente, em 2004), Ari Arad (que tem no curriculo fil-mes como Homem de Ferro, Ghost Rider e Punisher – O Vingador) e Michael

Costi-gan.●MR

S

TÍTULO:Ghost in the Shell – Agente do Futuro GÉNERO:Ficção científica REALIZADOR:

Rupert Sanders ELENCO:Scarlett Johansson, Pilou Asbæk, Takeshi Kitano, Juliette Binoche, Michael Pitt, Chin Han, entre outros.

4.

ARTISTA:Diogo Piçarra ÁLBUM:do=s ANO:2017 EDITORA:Universal Music Portugal

(14)

os tempos que correm, São Tomé e Príncipe é conhecido pelas belas imagens dos folhe-tos das agências de viagens a promover férias de sonho num destino exóti-co, com praias e pores-do-sol deslumbrantes. Mas em meados do século XX, o arquipélago semeado no Atlântico em cima da linha do Equador assemelhar-se-ia mais a um inferno do que ao paraíso que agora nos vendem. “No Tempo das Roças”, de Francisco Assis Brito, relata-nos a experiência de milhares de pes-soas que desde o último quartel do século XIX engrossaram a fileira de semi-escravos que ali-mentaram o ciclo do cacau, um dos últimos desígnios de Portugal enquanto colónia. Só em 1975, com a declaração de independência, o mundo das roças viria a desaparecer.

Partindo de uma história romanceada, o au-tor faz-nos acompanhar duas gerações marca-das pela atividade marca-das roças, na maioria de cacau, mas algumas também de café. Como exemplo do colonialismo português, muitos que traba-lharam nas roças de São Tomé vieram de outros países lusófonos. É o caso do protagonista deste livro, que, em meados do século passado, parte de Cabo Verde para o arquipélago do Golfo da Guiné em busca de uma vida melhor.

Como dizíamos, há duas visões, até do au-tor. Prólogo: “No Golfo da Guiné, no centro do Mundo, mesmo no coração de África, sur-gem radiantes de um verde selvasur-gem, duas maravilhosas ilhas trespassadas pela linha imaginária do Equador”. Já o protagonista, Beto, de Porto Novo, lamenta que “S. Tomé não era, de modo nenhum, lugar para aventu-ras: para aqui vínhamos como que inocentes, arrastados pela vaga da emigração, e essa ava-lanche de emigração era provocada pela situa-ção de penúria, de fome e da desolasitua-ção”.

Os ‘contratados’ (ou sequestrados) das roças eram alvo de arbitrariedades e brutalidade, péssimas condições de alojamento e alimenta-ção, clima extremo, doenças fulminantes, falta de cuidados médicos e escassa retribuição mo-netária. “O que nos diziam lá em Cabo Verde é que ia-se para São Tomé com um contrato (de três anos...), trabalhava-se nas plantações de cacau, regressava com algum dinheiro (....) e se quisesse, renovava-se o contrato, e tantas outras propostas coloniais, aliciantes para a triste circunstância em que vivíamos; mas, pelo contrário, o que aqui vínhamos encon-trar era uma autêntica escravatura que nada ti-nha a ver como o que fora por nós assinado no papel do contrato”, denuncia o protagonista.

Francisco Assis Brito oferece-nos uma se-gunda parte do livro em que o filho do prota-gonista volta a São Tomé, em busca das me-mórias perdidas na roça. Em vão, porque após a independência, enterrou-se a escravidão e o colonialismo, mas alguém se esqueceu de pre-servar o património e a memória. Daqui a pouco as roças não passarão de ruínas a salpi-car a selva equatorial. Talvez ainda as

possa-mos recuperar, talvez este livro ajude.●NMS

5. No tempo

das roças

Sequestrados

no Equador

LIVRO

N

CARRO

PRODUTOR:Sabor Real, Conserveira do Arade

PRODUTO:Petiscada de cavala com azeitonas e amêndoa ORIGEM:Algarve

EMBALAGEM:100 gramas

COMPOSIÇÃO:Cavalas (60%), azeite, cebolas, limão, azeitonas, sal, pimenta, amêndoas, ágar-ágar (gelificante natural vegetal retirado das algas marinhas), amêndoas

8.

MARCA:Volvo MODELO:V90 D5 Inscription POTÊNCIA:235 cv PVP RECOMENDADO:69.819 euros

6.



MARCA:Espumante Bruto Zero 2007 - 91 anos de história das Caves São João

PAÍS:Portugal REGIÃO:Bairrada

CASTAS:Arinto, Chardonnay e Baga GRAU ALCOÓLICO:12,7%

NOTAS:Citrinos, manteiga, tosta, ceras e fundo de bosque no aroma; cor amarelapalha; no sabor possui ataque untuoso, frescura gustativa e excelente volume final. Também a mousse é muito cremosa e possui grande persistência gustativa

ENÓLOGO:Sem indicação

7.

Depois de experimentar esta obra da indústria automóvel sueca, não se quer devolver! Parece uma frase feita, mas é a que melhor se adequa à station Volvo V90 com motor D5. Falemos exatamente da pro-pulsão que permite uns vistosos 235 cavalos para uma cilindrada de 1.969 centímetros cú-bicos e que fazem a diferença em qualquer tipo de piso: sinuoso ou rápido. A aceleração dos zero aos 100 quilómetros por hora é feita em sete segundos, para uma velocidade má-xima que a marca diz ser de 240 quilómetros por hora, mas que naturalmente não experi-mentámos, por não testarmos em circuito fe-chado. O que apurámos é a forte capacidade de recuperação e uma aceleração que faz pa-recer um desportivo. O consumo médio anda acima dos sete litros por 100 quilómetros.

Mas a Volvo V90, já classificada como “carrinha do ano”, tem um nível técnico que só é comparável aos melhores premium do segmento, as linhas exteriores denotam a nova assinatura da Volvo e que está em to-dos os modelos S, V e XC, com nova grelha e nova frente e linhas que, no caso da station, fazem lembrar um coupé.

As jantes de liga leve de 20 polegadas cus-tam 1.845 euros, mas fazem a diferença. E o interior é dominado por um grande display, com a quase total ausência de botões. Todas as funções touch são fáceis, mas para chegar a um grande premium falta-lhe ter alguns desses comandos acessíveis aos passageiros de trás.

O interior da V90 que experimentámos ti-nha acabamentos de luxo, com estofos em pele e um conjunto de acessórios que podem, até, ser exagerados, como a ajuda na manu-tenção na faixa de rodagem, que se torna um incómodo em situações de muito trânsito com necessidade de passagens rápidas de fai-xa. Mas tudo é customizável e, mesmo sendo importantes no conjunto de soluções de se-gurança a que a marca sueca já nos habituou, podemos desligar os instrumentos de ajuda à condução que não sejam particularmente ne-cessários. Destaque-se que, no campo da se-gurança, este modelo oferece medidas ativas e passivas para ocupantes adultos e criaças, mas também para peões como a travagem de emergência, que lhe valem pontuações eleva-das nos testes da Euro NCAP.

Ainda um realce muito positivo para o sis-tema de iluminação de led que funciona muito bem, ou ainda para os famosos “blis” (extra por 615 euros), o avisador de ângulo morto, que começou na Volvo e que hoje é standard para as gamas que querem ganhar reputação. De destacar também a fácil caixa automática de oito velocidades. Como op-cionais, a marca apresenta o ar condicionado automático de quatro zonas, o teto de abrir elétrico, e as cortinas nos vidros laterais

tra-seiros.●PF

O

TÍTULO:No Tempo das Roças AUTOR:Francisco Assis Brito EDITORA:Chiado Editora

5.

6. Volvo V90

D5 Inscription

Está um

‘premium’

à porta

(15)

iz-se que o champanhe é a be-bida indicada para celebrar. Certamente por isso, a Caves São João, que está na reta final para cumprir o centenário, decidiu apresentar há uns anos o Espumante Bruto Zero como uma das escolhas da casa para integrar a lista de dez vinhos com que, ano a ano, pretende celebrar um século de existência. Neste caso, os 91 anos desta empresa familiar fundada em 1920 pelos irmãos José, Manuel e Albano Cos-ta, referente à colheita de 2007. Sendo a garra-fa um objeto de colecionismo, o rótulo alude à emissão radiofónica da ‘Guerra dos Mundos’, de Orson Wells, em 1938, que relatava uma invasão marciana. O rótulo relembra esse epi-sódio, referente à segunda década (1930/40) de existência das Caves São João. Este espu-mante da Bairrada é sempre bem-vindo na casa dos oito graus, em especial a acompanhar aperitivos à base de marisco ou pratos mais substanciais, desde ostras a peixes, passando por carnes brancas e queijos.

Após uma prensagem cuidadosa das uvas, vindimadas em dias específicos em função das castas, o motor fermentou durante duas sema-nas em pipas de carvalho. O vinho que daí re-sultou maturou depois cinco meses. A

elabora-ção deste espumante, segundo o método clássi-co, iniciou-se em março de 2008, com a tiragem com leveduras livres. A refermentação ocorreu em cave durante 25 dias a uma temperatura constante de 15º C. Seguiu-se depois um está-gio em garrafa, sobre borras, durante um perío-do de 35 meses. O primeiro lote ‘degorjaperío-do’ des-te espumandes-te viu a luz do dia em janeiro de 2011. Este espumante tem um potencial de en-velhecimento de dois anos após o dégorgement ou degola, um processo para retirar os sedi-mentos que se vão depositando no gargalo.

Se encontrar este tesouro dos espumantes da Bairrada numa garrafeira, não hesite. Se não conseguir tente uma deslocação à sede das Caves São João, em São João da Azenha, Ave-lãs de Caminho, Anadia. Além do champanhe em causa, poderá tentar-se por outros espu-mantes, vinhos, aguardentes e vinhos antigos que esta empresa familiar tem para oferecer, neste último capítulo armazenados nas caves desde 1963. Ainda na semana passada, num concurso nos Estados Unidos, o TEXSOM In-ternational Wine Awards, os da Caves São João ‘Quinta do Poço do Lobo Arinto’, branco, de 1995; e o ‘Frei João Reserva’, tinto, de 1990, foram galardoados cada um com medalha de

ouro.●NMS

7. Bruto Zero 2007

Caves São João

festejam centenário

ESPUMANTE

D

rês jovens decidiram em meados de 2015 apostar na reanimação da indústria conserveira na bacia do rio Arade, no Algarve, onde em tempos áureos chegaram a laborar em simultâ-neo 23 unidades industriais a produzir conser-vas para todo o País. Vincent Jonckheere, de origem belga, e dois portugueses, Manuel Mendes e André Teixeira, todos na casa dos 20 e dos 30 anos, juntaram-se e decidiram arran-car com o projeto de conservas tradicionais, ex-clusivamente confecionadas de forma artesa-nal, recuperando sabores e saberes ancestrais do Algarve. A unidade localiza-se na Zona In-dustrial do Pateiro, no Parchal, concelho de La-goa, em frente a Portimão, e tem aumentado a produção e as vendas de forma paulatina.

A obtenção de lucros rápidos com a produ-ção de conservas de forma massificada não é definitivamente o caminho pretendido por estes jovens empreendedores. O percurso tem sido difícil, ao nível do financiamento e do alargamento da distribuição, em particu-lar à região norte do país, mas já consegui-ram por de pé o projeto e alargar a sua di-mensão inicial neste ano e meio de existên-cia. Têm uma marca, a Sabor Real e já traba-lham com algumas das melhores casas de conservas e de gourmet do País, como por exemplo, a Conserveira de Lisboa ou o

espa-ço de degustação de conservas na capital, no Cais do Sodré, o Sol & Pesca.

Se, por um lado, se pretende aproveitar os conhecimentos e os produtos tradicionais da indústria conserveira nacional, por outro pre-tende-se captar novos clientes para esta linha de conservas, com uma imagem mais diferen-ciadora, que levou estes empresários da Con-serveira do Arade a optar por frascos de vidro em vez das usuais latas de conserva.

A dicotomia entre o tradicional e a inovação também se percebe pela linha de produtos que a Sabor Real disponibiliza: tanto podemos es-colher carapaus com molho à algarvia e sardi-nhas ou cavalas de tradição em azeite, como podemos arriscar em misturas mais ousadas como as petiscadas de sardinha com tomate confitado, de carapaus com cenouras e coen-tros ou de cavalas com azeitonas e amêndoas. Podemos assegurar que vale a pena arriscar. Aconselhamos até que coloque os frasquinhos da Sabor Real no frigorífico uma meia hora antes de dar início à degustação, em particular se for no verão. E tudo com base em produtos portugueses, neste caso algarvios, dos peixes aos legumes, passando pelo azeite, sal ou fru-tos secos. Este trio promete apresentar em breve novidades com outros peixes e diferen-tes combinações de sabores e texturas.

Aguar-demos...●NMS

8. Sabor Real

Retomar

as conservas no Arade

GOURMET

T

A família, a febre do petróleo, a ambição e a vingança estão no centro da ação deste filme ba-seado em “Oil”, de Upton Sinclair, e realizado por Paul Thomas An-derson, o mesmo de “Magnólia”. Daniel é um prospetor de prata, pai solteiro, que parte para uma pequena cidade onde um ocea-no de petróleo se revela à super-fície. Trata-se de um drama de 2007, com Daniel Day-Lewis, Martin Stringer e Kevin J. O’Con-nor, para ver sábado à noite na Fox Movies.

Fox Movies, 21h15, sábado

TELEVISÃO E RÁDIO

HAVERÁ SANGUE

O que fez o Homem moder-no? Este documentário pro-cura responder à questão através de uma viagem no tempo. O primeiro episódio recorda como a espécie hu-mana conheceu o fogo e o seu poder para criar, destruir e transformar. Mas também lembra que o fogo ensinou duras lições sobre o que se pode ou não controlar. Mais um documentário com a chancela do National Geo-graphic para quem gosta de televisão que faz pensar e ajuda ao conhecimento.

National Geographic, 22h30, domingo (dia 2)

ORIGENS: A JORNADA DA HUMANIDADE

Já lhe aconteceu ir ao volante do seu carro, a ouvir rádio, a rir desalmadamente e, de repen-te, parar num semáforo e ver outro condutor a rir da mesma forma? Sabe o que isso signifi-ca? Provavelmente, estão ambos a ouvir a Mixórdia de Temáticas, a rubrica de Ricar-do Araújo Pereira, às 08h15 da manhã na Rádio Comercial. São quatro/cinco minutos de gargalhada certa, já que o hu-morista, através da sua obser-vação acutilante, ou pela voz de personagens que cria, vai fazendo uma crítica mordaz à sociedade e aos pequenos costumes dos portugueses. Se perder na rádio, não se apoquente. Pode ouvir em podcast no site. Acredite, é muito melhor do que falecer...

De 2ª a 6ª feira, 08h15 Rádio Comercial

(16)

Sabores diferentes, com estilo

LISBOA NÓMADA

São vários os sabores que vai experimen-tar quando visiexperimen-tar o Nómada. Na verdade, vai ser isso mesmo – um itinerário erran-te pelas iguarias de diferenerran-tes cozinhas, como o sushi, o ceviche ou o mexican roll. Deve preparar-se então para uma refei-ção eclética que só poderá acontecer, muito provavelmente, se reservar com alguma antecedência. No espaço não abundam cadeiras vazias, sobretudo no pátio exterior, ideal para as noites prima-veris que se aproximam.

Ficha técnica Nómada

Avenida Visconde Valmor, 40A, Campo Pequeno, Lisboa

Telefone: 917 779 737

Cozinha contemporânea, ceviche e sushi Preço para dois: cerca de 50 euros Fechado ao domingo

THE OLD HOUSE

Localizada na zona da Expo, a imponente The Old House é o espaço a visitar para uma viagem à China pela papilas gustati-vas. O restaurante tem uma decoração memorável, que rivaliza com a qualidade da confeção dos alimentos e a

apresen-tação dos pratos. Nesta disputa amigável também o staff da casa quer participar, visto o serviço ser atencioso e personali-zado. No fundo, junta todos os ingredien-tes para uma experiência inesquecível, seja no ambiente ou no prato.

Ficha técnica The Old House,

Rua da Pimenta, 9, Parque das Nações, Lisboa

218 969 075 Cozinha chinesa

Preço para dois: cerca de 60 euros Aberto todos os dias

CASO SÉRIO

Caso sério é a vontade com que vai ficar de voltar ao restaurante no número 5 da rua Cruzes da Sé, numa das zonas mais emblemáticas de Lisboa. O espaço tanto é adequado para uma refeição completa como para petiscar ao final da tarde, es-tando aberto todos os dias a partir das 18h00. A decoração faz lembrar a serie-dade da casa da avó, que contrasta com elementos que puxam à descontração do convívio. Prove uma linguiça assada em cerveja preta ou uma tiborna de sardinha com pesto de hortelã e perceba porque vai querer voltar.

Ficha técnica Caso Sério

Cruzes da Sé, 5, Sé, Lisboa Telefone: 218 881 050 Cozinha Portuguesa, petiscos Preço para dois: cerca de 20 euros Aberto todos os dias

PORTO SUSHIARIA

A um par de passos do mar, a Sushiaria é restaurante ideal tanto para os já vetera-nos amantes de sushi como para quem se estreia. Isto porque a carta é variada, o que permite ter uma experiência gastro-nómica completa e aprofundada, rechea-da de vários sabores e texturas rechea-das pe-ças. Pode ainda acompanhar o sushi com noodles de dashi de porco e camarão, uma opção que combina sempre bem para quem se canse rapidamente do sa-bor do salmão embrulhado em arroz.

Ficha técnica Sushiaria

Avenida da Liberdade, 146, Leça da Palmeira, Porto. Telefone: 912 115 365 Sushi, japonesa. Preço para dois: cerca de 45 euros. Fechado segunda

TABERNA SANTO ANTÓNIO

A tradição começa no nome e termina no prato quando se visita a Taberna Santo António. Numa altura em que prevalece a tendência por experiencias gastronómi-cas, o que impera na casa é o ser-vir bem em quantidade e quali-dade. Também pela decora-ção, simples e rústica, se viaja até ao Portugal musical, com guitar-ras afixadas nas pa-redes de pedra. O es-paço é conhecido pe-las pataniscas de ba-calhau com arroz de feijão e até já recebeu a visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Ficha técnica

Taberna Santo António

Rua das Virtudes, 32, Miragaia, Porto Telefone: 222 055 306

Cozinha portuguesa

Preço para dois: cerca de 15 euros Aberto todos os dias

BAIXÓPITO

Comer frango assado faz parte do nosso ADN gastronómico, mas comer frango as-sado no BaixóPito é tudo menos tradicio-nal. O restaurante optou por atualizar o conceito, tornando-o numa experiência mais moderna e personalizada. Para isso, muito contribuem o atendimento espe-cialmente atento, assim como a decora-ção do espaço, que transporta o cliente até um galinheiro gigante. A apresentação dos pratos, que não o são, mas sim tabulei-ros, é esteticamente apurada. O espaço prima ainda por ser bastante económico, tendo em conta as alternativas na zona.

Ficha técnica BaixóPito

Rua da Picaria, 61, Baixa, Porto Telefone: 967 622 625

Grelhados. Preço para dois: cerca de 20 euros

Fechado à segunda-feira Sushisiaria

Nómada

Baixo Pito - Porto

PRAZERES À MESA

Taberna Santo António The Old House

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Sair em Lisboa

SÁBADO, 25

MIGUEL ARAÚJO AO SOM DA GUITARRA “Cinco Dias e Meio” pode não lhe dizer nada à pri-meira leitura, mas “Os Ma-ridos das Outras” e “Fizz Limão” são temas que surpreenderam os portu-gueses pela profundidade das letras aliada à música ligeira. É acompanhado pela própria guitarra que Miguel Araújo marca pre-sença no auditório Eunice Muñoz, para um concerto inserido na edição de 2017 do Festival Soam as Guitarras, a decorrer até 9 de abril em Oeiras. Miguel Araújo foi um dos escolhidos pela produção muito graças ao seu estilo acústico e intimista, num concerto que recupera os êxitos do cantor, mas onde terá também liber-dade para tocar outros te-mas menos identificados com o cantautor.

No ano passado, o artista português, que abandonou oficialmente o grupo Os Azeitonas em 2016 para se dedicar à careira a solo, es-gotou as salas de Portugal em dueto com António Zambujo. O músico norte-nho entretanto estreou-se nos palcos internacionais, tendo atuado na Galiza, em Inglaterra e na Suíça.

Concerto

Auditório Municipal Eunice Muñoz, Oeiras 21h30. Preço: 10 a 12,5€ SEXTA, 31

RECORDE OS QUEEN

COM O TRIBUTO ONE VISION A banda, que já faz ecoar os êxitos ines-quecíveis dos Queen há mais de uma dé-cada, recusa ser uma imitação do antigo conjunto liderado por Freddie Mercury. E com razão, porque ouvir os One Vision a entoarem Kind of Magic, Bohemian Rap-sody ou Another One Bites the Dust não é ver uma réplica da ‘banda eterna’, mas sim viajar no tempo como se se tratasse dos cantores originais em cima do palco.

Concerto-tributo Cheers Pub & Disco Rua da Atalaia, 126 22h30

Preço consoante o que consumir

DOMINGO, 2

CAMINHADA HISTÓRICA “NA ROTA DA LIBERDADE”

Fazer o mesmo caminho que a unidade da Coluna Militar fez quando chegou a Lisboa, vinda de Santarém, é a proposta para a manhã do primeiro domingo de abril, mês para sempre marcado pela liberdade. Co-nheça um pouco melhor a história privan-do de perto com os seus protagonistas, uma vez que a visita guiada vai ser apre-sentada e narrada por um militar que foi membro da Coluna Militar de 240 homens, comandada pelo capitão Salgueiro Maia

Visita

Ponto de Encontro: Praça do Saldanha, em frente ao Centro Comercial

Monumental. 09h30. Preço: 10 euros

QUARTA-FEIRA, 5

DELICIE-SE NO FESTIVAL DO HAMBÚRGUER

De 5 a 9 de abril pode deliciar-se com os melhores e mais irreverentes hambúr-gueres, preparados na FIL – Feira Inter-nacional de Lisboa, pelos mais conceitua-dos chefs da área, desde o gourmet ao tradicional. A entrada é livre, sendo que cada tenda que visite tem os respetivos preçários. Além de muita carne e pão, também não vai faltar bebida para acom-panhar, sendo a sanfria e a cerveja arte-sanal as principais vedetas da feira.

Evento

FIL, Parque das Nações 12h00 até às 24h00 Entrada livre

SÁBADO, 1

SURPREENDA-SE NA INAUGURAÇÃO DO MERCADO DO NERVO

O Mercado do Nervo é a nova aposta so-ciocultural dos criadores da Feira das Al-mas, evento icónico da freguesia da Ar-roios. O programa da inauguração, que decorre nos dias 1 e 2 de abril, conta com aquele que pretende ser “o melhor mer-cado urbano da cidade”, oficinas e workshops, e muita música. O Mercado do Nervo, passa a realizar-se mensal-mente a partir de abril, sempre no primei-ro fim de semana, no númeprimei-ro 70 do Re-gueirão dos Anjos.

Mercado

Regueirão dos Anjos

11h00-19h00. Entrada Livre

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Sair no Porto

SÁBADO, 1 WORKSHOP DescubraossegredosdaculináriadaÍndia, numaabordagemvegetariana,atravésdos truquesdaformadoraindianaGrishma Bhikhabhai.Aculináriaindianaémuitoconhe-cidaporusarhabitualmenteingredientes comolegumes,lentilhas,paneer(queijofres-co)egrãodebico.Omenudedegustação contacombreadrollparaentrada,Kasmiri damalooeVeg.Pulavcomopratoprincipale Barfidecocoparafechararefeição. Visita

Quintal Bioshop. Rua do Rosário, 177, Porto 20h00. Preço: 25 euros por pessoa Inscrições em mail@quintalbioshop.com

OUÇA “OS MELHORES DO ANO” NA NOITE NOVA ERA

“Os melhores do ano” vão ser distinguidos pela rádio Nova Era, mas o grande premiado é quem for à afterparty, para ouvir os artistas mais mediáticos. A promessa da Nova Era é, depois de entregar galardões aos “melhores do ano”, fazer a melhor festa do ano. Diogo Piçarra, Karetus, D.A.M.A e Jimmy P. são al-guns dos nomes confirmados que vão ani-mar a noite até às seis da manhã.

Música/Tributos

Pavilhão Rosa Mota, Porto 22h00. Preço: 15 euros

QUINTA-FEIRA, 6

NOITE DE FADO NA CASA MACHADO Comemore a tradição portuguesa aliando o fado ao caldo verde. Essa é a sopa que será servida na Casa Machado. E como estamos em noite de celebração nacional, o prato principal é, claro está, bacalhau com natas. Antes disso, tem de haver espaço para as en-tradas, desde o chouriço assado até à broa com queijo. A noite promete, assim, reavivar os clássicos imortais do género maior da mú-sica portuguesa.

Concerto + jantar

Casa Machado Rua 27 de Fevereiro, nr 1, Afurada. 20h30. Preço: 25 € por pessoa

DOMINGO, 2

DÊ AS BOAS-VINDAS À ESTAÇÃO NO MERCADO DA PRIMAVERA

Visite o Mercado da Primavera no primeiro fim de semana da estação, onde pode adqui-rir saborosas plantas aromáticas da época ou até mesmo produtos hortícolas, como frutas e cogumelos frescos a produtores lo-cais. As iguarias são variadas. Comece pelo queijo artesanal e pelo mel da região. E, no fi-nal, delicie-se ainda com umas trufas de cho-colate, biscoitos e doces de compota.

Visita

Fundação Serralves. 10h00. Entrada livre

SEXTA-FEIRA, 31 COLISEU

Gisela João apresenta o seu segundo álbum de originais perante o públi-co portuense, num re-gresso a uma casa que bem conhece. Quatro anos depois do disco de estreia, a fadista volta a pisar o palco do Coliseu do Porto com “Nua”, o seu mais recente traba-lho.

Natural de Barcelos, Gise-la João catapultou-se para a música em 2013, com um compêndio em nome próprio, que lhe va-leu o Prémio Revelação Amália e que acabou por alcançar a distinção de Disco de Platina. Desde então, a artista tem sido presença assídua nas rá-dios nacionais, somando--se às vozes femininas da nova vaga de fadistas. Antes de ser reconhecida pelo público, Gisela João cantou em casas de fado, durante a licenciatura em design, no Porto. O sonho de uma carreira profissio-nal fê-la rumar a Lisboa para gravar o primeiro ál-bum. Além dos discos próprios, a artista partici-pou no álbum “O Fado E As Canções do Alvim”, do histórico guitarrista Fer-nando Alvim. Concerto Coliseu do Porto 21h30 Preço: 15 a 45 euros

SUGESTÕES

Referências

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