A caminho
da
igualdade
Estudo mostra que a
educação
é
determinante para reduzir as desigualdades
de gênero, em todas as fases de vida
Como defender a empresa
Leia a íntegra da pesquisa em http://www.kpmg.com/Global/en/IssuesAndInsights/ ArticlesPublications/global-revenue-assurance-survey/Documents/global-revenue-assurance-survey.pdf
A caminho
da
igualdade
Os Jogos Olímpicos de 2012, disputados em Londres, no Reino Unido, ficarão marcados não apenas pelos recordes quebrados e medalhas conseguidas com esforços no limite da capacidade humana. Outra conquista muito significativa, do ponto de vista das relações humanas, fez dessa edição dos Jogos um marco. Pela primeira vez, todas as delegações dos países participantes enviaram ao menos uma mulher para competir.
Os progressos rumo à igualdade de direitos para as mulheres são inegáveis. Elas, agora, são mais alfabetizadas do que nunca, passam mais tempo na escola, vivem mais e em melhores condições. Também alcançam posições mais altas nos negócios e nos governos. No entanto, apesar dos compromissos nacionais e internacionais, a evolução se dá de maneira desigual no mundo. Em algumas regiões, os Objetivos do Milênio da ONU para a igualdade e o empoderamento das mulheres podem mesmo parecer uma miragem.
Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que as mulheres são responsáveis por 66% da força de trabalho e produzem 50% de todo o alimento consumido no mundo, além de representarem quase metade dos estudantes universitários.
Mesmo assim elas respondem por apenas 10% da renda mundial e menos de 1% da propriedade privada. Nessa situação, as mulheres não são apenas impedidas de terem voz na sociedade, mas veem sua educação, saúde, trabalho e segurança seriamente comprometidos.
O estudo Issues Monitor - Bridging the gender gap:
tackling women’s inequality, realizado pela KPMG
International, mostra que a desigualdade de gênero tem mecanismos bastante específicos. E demanda formas igualmente específicas de combate, em cada fase do desenvolvimento feminino, da infância à fase adulta.
Infância
Na infância, a falta de conhecimento e o precário acesso a serviços de saúde deixam mulheres grávidas e bebês recém-nascidos vulneráveis a doenças, o que aumenta consideravelmente a taxa de mortalidade infantil, sobretudo nas regiões mais pobres. Indicadores da ONU revelam, entretanto, um crescimento do número de gestantes com acesso a profissionais de saúde bem treinados, o que ajuda a atenuar o quadro.
Outro desafio em saúde pública é a Aids. O vírus HIV é endêmico na África. A doença afeta um número desproporcional de mulheres e suas crianças. África do Sul, Nigéria, Tanzânia e Maláui destacam-se como países com grande número de mulheres infectadas. Em regiões de grande pobreza, mesmo nas nações emergentes como o Brasil, as meninas começam a trabalhar cedo para cuidar da casa, ou desenvolvendo trabalhos ainda mais pesados, como acontece na zona rural. E isso pode afetar drasticamente sua saúde. O estudo da KPMG aponta que a educação é uma ferramenta fundamental para que as mulheres tenham, desde a infância, uma vida mais saudável, próspera e livre. Atualmente, no mundo, cerca de meio bilhão de mulheres não têm educação básica – número que é quase o dobro do de homens.
Fase adulta
O levantamento da KPMG constatou que, em escala global, a maior parte das mulheres está fora do mercado formal, realizando trabalho doméstico ou rural, sem receber por isso. Elas constituem menos de 20% da força de trabalho não agrícola. E, em sua maioria (80%), recebem salários miseráveis e não são amparadas por uma rede adequada de proteção social. As oportunidades ao alcance das mulheres, para que iniciem empreendimentos agrícolas ou pequenas empresas, são limitadas e o acesso ao crédito e à propriedade é restrito. Mesmo assim, a pesquisa da KPMG mostra que os microfinanciamentos, muito comuns na Índia, têm contribuído para mudar esse quadro.
O estudo Women’s economic opportunity, da Economist Intelligence Unit, situa o Brasil na 48ª posição no ranking de nações conforme as oportunidades econômicas que oferecem às mulheres. A África do Sul aparece dez posições à frente do país (38° lugar). Uruguai (39º) e Estônia (29°) também são listadas como nações nas quais as mulheres têm mais chances do que no Brasil. É na idade adulta, também, que ocorre a maioria dos casos de violência física e sexual contra a mulher. “A
educação e o desenvolvimento econômico são os principais instrumentos para induzir uma redução desse tipo de violência. Eles aumentam as chances de influência positiva sobre o comportamento
masculino. E dão às mulheres mais subsídios para agir em sua defesa, denunciando as agressões” , explica Iêda Novais, diretora da KPMG no Brasil na área de International Development Assistance Services e membro do KPMG´s Network of Women (Know). Uma análise da população feminina em Ruanda, na África, revelou uma melhora na atitude masculina por conta da evolução da capacidade feminina de gerar renda e contribuir para o sustento da casa. A conquista do respeito próprio e a compreensão de seus direitos também modificaram a atitude das mulheres frente à violência. “O estudo mostra que o envolvimento da escola, da comunidade e da mídia nessas questões ajuda a reduzir as desigualdades entre homens e mulheres, assim como os episódios de violência, ao desconstruir o estereótipo masculino de poder e controle”, acrescenta a diretora da KPMG.
Na terceira idade, principalmente nos países em desenvolvimento, as mulheres sofrem as consequências de uma vida permeada por
desigualdades. Boa parte delas chega pobre à velhice, com baixo nível de escolarização, com oportunidades
escassas de acesso a serviços de saúde e segurança. “Muitas idosas são forçadas a trabalhar mesmo depois da aposentadoria, frequentemente em empregos com baixos salários, ou mesmo no mercado informal”, complementa a diretora da KPMG.
O poder da educação
Em qualquer fase do desenvolvimento da mulher, a educação aparece como fator determinante na diminuição das desigualdades de gênero. O estudo constata que uma educação avançada ajuda as mulheres a adquirir o conhecimento e as habilidades necessárias para melhorar sua qualidade de vida, facilitando o acesso a serviços de saúde e a melhores oportunidades de trabalho.
“Nos países desenvolvidos, a educação das meninas é um investimento crítico para assegurar crescimento econômico, queda da mortalidade infantil e maior participação feminina no mercado de trabalho”, analisa Iêda Novais. “Pesquisas independentes sugerem que mandar mais meninas para a escola pode elevar em 10% o potencial de crescimento de um país.”
O estudo identificou, ainda, uma alta correlação entre a baixa escolaridade e o casamento precoce, que pode levar muito cedo à gravidez, aumentando as chances de mortalidade tanto da mãe quanto do bebê. “Meninas entre dez e 14 anos de idade têm cinco vezes mais chances de morrer no parto do que as de 15 a 19 anos. A educação pode mitigar esses riscos”, assegura Iêda. Para cada ano adicional de educação da mãe, as chances de morte no parto diminuem cerca de 9%.
A diretora da KPMG também avalia que as mulheres com nível de escolaridade mais avançado têm condições de planejar intervalos entre gestações, imunizar seus filhos, adotar melhores hábitos de higiene e atender às necessidades nutricionais das crianças.
Infância
Saúde Mortalidade infantil Acesso a alimentos Trabalho infantil Casamento precoceAcesso a assistência médica
Educação
Número de meninas fora da escola Oportunidade de educação de qualidade 0-18 anos
Fase adulta
ViolênciaViolência entre namorados Violência conjugal e sexual
Trabalho
Desigualdade nas oportunidades de trabalho
Desigualdade de salários
Falta de equidade nas promoções Abuso sexual no ambiente de trabalho
18-50 anos
Terceira idade
Social
Acesso a cuidados médicos Abuso de viúvas Abuso de idosos Financeiro Disparidade na idade de aposentadoria de homens e mulheres
Falta de segurança financeira
+ 50 anos