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ERGONOMIA: CONSIDERAÇÕES RELEVANTES PARA O TRABALHO DE ENFERMAGEM

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Academic year: 2021

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ERGONOMIA: CONSIDERAÇÕES RELEVANTES PARA O TRABALHO DE ENFERMAGEM

ROSÂNGELA MARION DA SILVA1 LUCIMARA ROCHA2 JULIANA PETRI TAVARES 3

O presente estudo, uma pesquisa descritiva bibliográfica, tem por objetivo realizar uma reflexão acerca da temática ergonomia, salientando a importância da inter-relação do tema ao exercício laboral dos trabalhadores de Enfermagem. O interesse pela temática emergiu durante aulas práticas desenvolvidas na unidade de Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário de Santa Maria-RS no ano de 2007, uma vez que foi percebido que os trabalhadores que ali desenvolviam suas atividades tinham, em conseqüência da complexidade e grande demanda por cuidados dos pacientes, predisposição a desenvolver patologias relacionadas ao trabalho. O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras, leis). Historicamente, tal denominação foi utilizada pela primeira vez em 1857 pelo polonês W. Jastrzebowski. Na antiga Grécia, o trabalho tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo, de sofrimento e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de criação, satisfação e motivação. Assim, o objetivo da ergonomia é transformar o trabalho ponos em trabalho ergon (SANTOS, 2000). Em agosto de 2000, a Associação Internacional de Ergonomia (IEA) considerou que a Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema (ABERGO, 2005).

Segundo Sluchak (1992 apud ALEXANDRE 1998) a ergonomia focaliza um sistema formado por um complexo relacionamento de componentes que interagem entre si, sendo o centro desse sistema o homem (educação,

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Enfermeira, Mestranda do PPGEnf da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM-RS, e-mail: cucasma@terra.com.br, residente na Rua Esperanto, 80, Don Antonio Reis, cep: 97065-150.

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Acadêmica de enfermagem da UFSM-RS

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motivação, dados antropométricos) e que pode ser influenciado pela tarefa (análise da postura, vibração, aplicação de forças, repetição, ritmo e métodos de trabalho, movimentos de flexão e torção), instrumento (peso, tamanho, manejo e controles, localização) e posto de trabalho (alcance dos movimentos, espaço de trabalho, altura da superfície de trabalho, mobiliário). Circundando finalmente esse sistema, ressalta o autor, estão os fatores físicos (ruído, iluminação, temperatura) e os aspectos éticos, legais e administrativos, que podem estar influenciando direta ou indiretamente os outros componentes. Em 1960, a Organização Internacional do Trabalho definiu a ergonomia como sendo a aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar (MIRANDA, 1980 apud SANTOS, 2000). No Brasil, o Ministério do Trabalho e Previdência Social institui a Portaria n°. 3.751 em 23 de novembro de 1990 que baixou a Norma Regulamentadora – NR17, que trata especificamente da ergonomia. Essa norma visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (BRASIL, 1990). Assim, diante dos avanços, quer sejam referente à aquisição de novos conhecimentos, quer sejam na formulação de mecanismos de regulação e implementação, a ergonomia tem sido difundida como uma das mais importantes estratégias para reduzir os problemas originados por situações de trabalho que causam doenças. Considera-se, então, de primordial importância, que seja difundido entre os trabalhadores de enfermagem aspectos ergonômicos e de segurança de trabalho com a finalidade de incentivar o desenvolvimento de uma consciência crítica em relação aos efeitos do ambiente de trabalho sobre sua saúde.. No exercício da profissão, inúmeras são às vezes em que os trabalhadores de Enfermagem adotam posturas corporais impróprias, como é o caso de várias tarefas desempenhadas à beira do leito como realizar curativo (por vezes de longa duração), puncionar acesso venoso, auxiliar no banho de leito, realizar trocas de decúbito ou passagem leito-maca-leito; como dito, todas as tarefas mencionadas colocam esses

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profissionais em posições inadequadas contribuindo para o aparecimento de danos ao sistema musculoesquelético entre os quais estão as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Segundo o National Institute of Occupational Safety and Health (1997), foram encontradas evidências da existência de LER/DORT entre diversos profissionais, entre os quais estão os Enfermeiros (MACIEL, 2000). As LER/DORT são por definição um fenômeno relacionado ao trabalho, decorrentes da utilização excessiva de força, imposta ao sistema musculoesquelético, e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, concomitantes ou não, e de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores, tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. Abrangem quadros clínicos do sistema músculo-esquelético adquiridos pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho e, freqüentemente são causas de incapacidade laboral temporária ou permanente (BRASIL, 2006). Segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil, as LER/DORT, somente nos últimos cinco anos, foram responsáveis por 532.434 comunicações de acidente de trabalho, cujos fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho, como já mencionado, envolvendo principalmente equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso com o posicionamento, técnicas incorretas para realização de tarefas, posturas indevidas, excesso de força empregada para execução de tarefas, uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho..Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores extra-trabalho (ZILLI 2002 apud CATTELAN; SEVERO; PEZZINI, 2006). Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Nos trabalhadores de Enfermagem, assinala-se a presença freqüente de dores na região lombar, como conseqüência de danos à coluna vertebral. Na avaliação clínica do paciente portador de LER/DORT,

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deve-se realizar o exame físico global do paciente e não somente os locais onde há dor pois afecções musculoesqueléticas cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. A prevenção das LER/DORT deve ser realizada por meio da análise de todos os aspectos técnicos do trabalho, ambiente físico e social, organização e características da tarefa utilizando-se dos referenciais ergonômicos. Medidas simples e viáveis como a alternância das tarefas, pausas, redução da jornada de trabalho, revisão da produtividade e das formas de controle/supervisão dos trabalhadores de enfermagem bem como o treinamento e o acompanhamento daqueles que já estão acometidos, podem contribuir, e muito, na profilaxia dos distúrbios osteomusculares, que além de gerarem danos físicos e psicológicos a esses trabalhadores reduzindo a sua capacidade produtiva, ainda oneram os serviços públicos de saúde e previdenciários. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a prevenção de lesões do sistema músculo-esquelético deve ser realizada mediante a melhoria do ambiente, instrumentos, equipamentos e métodos de trabalho. Ainda segundo a OMS, a prevenção destas lesões constitui o maior desafio para a ergonomia (ALEXANDRE, 1998). Diante das considerações, conclui-se ser essencial que os trabalhadores de enfermagem, tenham um bom ambiente de trabalho, bem como aperfeiçoamento técnico-científico para que possam realizar suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos seus limites biomecânicos a fim de primar pela manutenção de sua saúde física e mental. Assim, além de uma melhor qualidade de vida ainda poderão prestar um cuidado mais humanizado e eficiente aos seus clientes sem que isso lhes acarrete danos.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem do Trabalho; Transtornos Traumáticos Cumulativos

ÁREA TEMÁTICA: Saúde do Trabalhador

REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, N.M.C. Aspectos ergonômicos relacionados com o ambiente e equipamentos hospitalares. Rev. Latino-am. Enfermagem., v. 6, n. 4, out. 1998.

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AMERICANO, M.J. Lesões por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). In: Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORT. 2001. Disponível

em:<http://www2.uol.com.br/prevler/oquee/htm>. Acesso em: 17 dez. 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia? 2005.Disponível em: <http://www.abergo.org.br /oqueeergonomia.htm >. Acesso em: 17 dez. 2006.

CATTELAN, A.;SEVERO, C.;PEZZINI,G. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT): a mais nova epidemia na saúde pública brasileira. In: Fisioweb.2006. Disponível

em:<http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/reumato/le r_dort_epidemia.htm>. Acesso em: 17 dez. 2006.

MACIEL, R.H. Prevenção da LER/DORT: o que a ergonomia pode oferecer. In: Cadernos de saúde do trabalhador. 2000. Disponível

em:<http://www.instcut.org.br/pub8.htm> .Acesso em: 17 dez. 2006.

MELO, C.D. Doenças ocupacionais com ênfase a LER/DORT. Florianópolis, 2003. 70p. Dissertação (Especialização) – Curso de Especialização em Gestão Universitária, Universidade Federal de Santa Catarina.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). LER, DORT, dor relacionada ao trabalho – protocolos de atenção integral à saúde do trabalhador de complexidade diferenciada. In: Área de saúde do trabalhador. 2006. Disponível em:<

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/protocolo_ler_dort.pdf > .Acesso em: 17 dez. 2006.

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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (Brasil). Norma

Regulamentadora 17, de 23 de novembro de 1990. Ergonomia. Disponível em: <http//www.mtb.gov.br/legislação/normas_regulamentadoras/nr_17.asp>. Acesso em: 17 dez. 2006.

SANTOS, N. dos. Fundamentos da ergonomia. In: Ergonomia e segurança industria. 2000. Disponível em:

<http://www.eps.ufsc.br/ergon/disciplinas/EPS5225/aula_1.htm>. Acesso em: 17 dez. 2006.

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