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(1)

Processo

351/19.0T8OAZ.P1

Data do documento 21 de outubro de 2020

Relator

António Luís Carvalhão

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO | SOCIAL

Acórdão

DESCRITORES

Prazo de recurso > Extensão do prazo > Exercício do poder disciplinar > Prazo > Órgão > Competência disciplinar

SUMÁRIO

I - A consideração da tempestividade do recurso, por beneficiar o recorrente da extensão do prazo em 10 dias do art.º 80º, nº 3 do Código de Processo do Trabalho, é prévia à apreciação do mérito do recurso, logo para o recurso ser tempestivo basta que nas alegações exista uma aparência de estar pretendida a reapreciação da prova produzida, sem prejuízo de numa análise mais profunda se concluir não estarem satisfeitos os requisitos legais.

II - A prática objetiva de factos não têm que integrar os temas de prova, quando, embora seja referido genericamente que são impugnados os factos, ao ler a contestação no seu todo se constata que apenas é questionada a intenção de os praticar, pois não basta dizer que se impugnam os factos sendo necessário que realmente se impugnem.

III - O ónus do trabalhador de demostração de que foi excedido o prazo de 60 dias para o empregador iniciar o procedimento disciplinar, implica demonstrar a data em que o empregador ou o superior hierárquico com competência disciplinar tomou conhecimento dos factos constantes da nota de culpa (termo inicial do prazo) e a data em que a nota de culpa foi recebida pelo trabalhador (termo final do mesmo prazo), o que, no caso de o empregador ser uma sociedade, passa por demonstrar quem é o órgão com competência disciplinar (por competência própria ou delegada), não sendo bastante demonstrar que um qualquer órgão da sociedade tem esse conhecimento.

TEXTO INTEGRAL

Tribunal da Relação do Porto

Secção Social

(2)

-1-Recurso de apelação n.º 351/19.0T8OAZ.P1 Juízo do Trabalho de Oliveira de Azeméis Comarca de Aveiro

***

Acordam na Secção Social do Tribunal da Relação do Porto:

RELATÓRIO

B… apresentou, no Juízo do Trabalho de Oliveira de Azeméis – Comarca de Aveiro, formulário para impulsionar ação especial de impugnação judicial da regularidade e licitude do despedimento contra “C…, C1…, SA”, manifestando oposição ao seu despedimento em 07.01.2019, juntando cópia de decisão proferida em procedimento disciplinar que lhe foi instaurado.

Realizada audiência de partes frustrou-se a conciliação das mesmas.

Notificada a ré[1] para apresentar articulado de motivação do despedimento, juntou o procedimento disciplinar e apresentou articulado alegando, em resumo, que a atuação do trabalhador constitui justa causa de despedimento, concluindo dever ser declarada a regularidade e licitude do despedimento, mas, a não se entender assim, às retribuições vencidas e vincendas que venham a ser reconhecidas ao trabalhador deverão deduzir-se, sem prejuízo do disposto no art.º 98º-N do Código de Processo do Trabalho, as quantias previstas nas alíneas a), b) e c) do nº 2 do art.º 390.º do Código do Trabalho.

Notificado, o autor apresentou contestação, com dedução de reconvenção, em que concluiu dever ser: a) declarada a ilicitude do despedimento do autor;

b) condenada a ré a reintegrar o autor, sem prejuízo da sua categoria profissional e antiguidade;

c) condenada a ré a pagar ao autor as retribuições que deixou de auferir desde 08 de janeiro de 2019 até trânsito em julgado da sentença;

d) condenada a ré a efetuar o pagamento dos montantes mensais do complemento remuneratório – artigo 44º ET C…, no valor de 225,50€, sem prejuízo de outros que venham a ser indicados pela ré, desde abril de 2011, 14 vezes ano, que até à presente data [30.04.2019] totalizam 24.354,00€, e dos complementos remuneratórios vincendos, todos acrescidos dos juros legais, vencidos e vincendos, contados a partir do momento em que cada complemento é devido, até efetivo embolso, que na presente data ascendem a 4.054,79€.

A ré apresentou resposta, em que conclui dever ser declarada a regularidade e licitude do despedimento, e a reconvenção ser julgada totalmente improcedente, e, a não se entender assim, deverá considerar-se que às retribuições, vencidas e vincendas, que venham a ser reconhecidas ao autor, deverão deduzir-se, sem prejuízo do disposto no art.º 98º-N do Código de Processo do Trabalho, as quantias previstas nas alíneas a), b) e c) do nº 2 do art.º 390.º do Código do Trabalho.

(3)

Foi proferido despacho saneador, julgando improcedente a exceção de invalidade do procedimento disciplinar e relegando para sentença o conhecimento da prescrição e caducidade do procedimento disciplinar, e foi identificado o objeto do litígio bem como enunciados os temas de prova.

Realizada audiência de discussão e julgamento, foi proferida sentença, fixando o valor da causa em 44.698,55€ [8.782,44€ + 7.507,32€ + 28.408,79€], e decidindo o seguinte:

A) julgar procedente a exceção de caducidade do procedimento disciplinar e, por via disso, declarar a ilicitude do despedimento do autor e, em consequência, condenar a ré a pagar ao autor as seguintes quantias:

- a quantia de 8.782,44€ acrescida da quantia diária de 1.635,00€ a partir de 10.12.2019 [data da prolação da sentença] até ao trânsito em julgado a titulo de indemnização de antiguidade substitutiva da reintegração; e

- a quantia de 7.507,32€, acrescida de 45,03€ diários até ao trânsito em julgado desta decisão, deduzida das quantias que tiver recebido a título de subsidio de desemprego a partir de julho de 2019 e que continuar a receber até àquela data; e

B) julgar, no mais, improcedente a reconvenção e, em consequência, absolver a ré dos demais pedidos formulados.

C) condenar ainda a ré a restituir ao ISS, IP, a quantia de 6.784,08€ pagos até junho de 2019 a título de subsídio de desemprego e das quantias, pagas e que pagar a este título, desde julho de 2019 até ao trânsito em julgado da sentença.

Não se conformando com a sentença proferida, dela veio a ré interpor recurso, formulando as seguintes CONCLUSÕES, que se transcrevem[2]:

……… ……… ………

Termina dizendo dever ser dado provimento ao recurso, julgando-se não verificada a caducidade do processo disciplinar, e revogando-se a sentença recorrida, substituindo-se a mesma por outra que declare a licitude do despedimento do autor, e, subsidiariamente, na eventualidade de improcedência do recurso sobre a decisão que determinou a caducidade, seja julgado procedente o recurso interposto sobre a decisão de condenação de restituição ao ISS,IP, dos valores por estes pagos ao autor.

Também o autor, não se conformando com a sentença proferida, dela veio interpor recurso, formulando as seguintes CONCLUSÕES, que se transcrevem:

………. ………. ……….

Termina dizendo dever ser dado provimento à apelação e revogada a sentença recorrida, e substituída por outra que julgue a ação totalmente procedente.

(4)

O autor respondeu à alegação da ré/recorrente, pronunciando-se pela negação de provimento ao recurso, formulando as seguintes CONCLUSÕES, que se transcrevem:

……….. ……….. ………..

A ré respondeu à alegação do autor/recorrente, pronunciando-se pela total improcedência do recurso e, em conjugação com a procedência do recurso que interpôs, sua absolvição de todos os pedidos formulados na contestação à motivação, formulando as seguintes CONCLUSÕES, que se transcrevem:

……… ……… ………

Foi proferido despacho a mandar subir o recurso de apelação apresentado pela ré, imediatamente, nos próprios autos, e com efeito suspensivo (depois de prestada caução pela recorrente), e a mandar subir o recurso de apelação apresentado pelo autor, imediatamente, nos próprios autos, e com efeito meramente devolutivo.

O Sr. Procurador-Geral-Adjunto, neste Tribunal da Relação, emitiu parecer (art.º 87º, nº 3 do Código de Processo do Trabalho), pronunciando-se, em conclusão, no sentido de não ser admitido o recurso do recorrente/trabalhador por extemporâneo ou, pelo menos, na parte em que impugna a matéria de facto, e, quanto a ambos os recursos, ser-lhes negado provimento considerando que improcedem as conclusões formuladas por ambos os recorrentes.

O autor apresentou reposta concluindo que não deve merecer provimento o Parecer do Ministério Público ora em resposta, exceto na parte que refere que a caducidade do procedimento disciplinar ficou claramente demonstrada.

A ré apresentou reposta reiterando, quanto à questão da caducidade do procedimento disciplinar, os fundamentos de recurso, entendendo deverem estes prevalecer sobre os constantes da sentença recorrida.

Procedeu-se a exame preliminar.

Verificando-se que em 1ª instância não foi conhecida a questão referida na contestação do trabalhador ao articulado de motivação do despedimento de que “não se verificam os requisitos da justa causa de despedimento”, porque o seu conhecimento ficou prejudicado ao ser considerado o despedimento ilícito porque o procedimento disciplinar caducou, mas que caso este Tribunal da Relação venha a concluir que não se verifica a caducidade terá que ser conhecida essa questão (na medida em que nesse caso deixa de estar prejudicado o seu conhecimento), foi facultada às partes a possibilidade de pronúncia sobre esta questão nos termos do art.º 665º, nº 3 do Código de Processo Civil.

O autor apresentou requerimento defendendo que não está demonstrada qualquer infração disciplinar, mas mesmo que assim não se entenda sempre a sanção aplicada se apresenta como manifestamente

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desadequada e desproporcional, devendo concluir-se pela ilicitude do despedimento. Foram colhidos os vistos, após o que o processo foi submetido à conferência.

Cumpre apreciar e decidir. *

FUNDAMENTAÇÃO

Conforme vem sendo entendimento uniforme, e como se extrai do nº 3 do art.º 635º do Código de Processo Civil (cfr. também os arts. 637º, nº 2, 1ª parte, 639º, nºs 1 a 3, e 635º, nº 4 do Código de Processo Civil – todos aplicáveis por força do art.º 87º, nº 1 do Código de Processo do Trabalho), o objeto do recurso é delimitado pelas conclusões da alegação apresentada[3], sem prejuízo, naturalmente, das questões de conhecimento oficioso.

Assim, aquilo que importa apreciar e decidir neste caso é saber se [4]: Questão prévia suscitada pela ré:

I) o recurso do autor não contém impugnação da decisão da matéria de facto conforme prevê o legislador, de modo que não pode o autor beneficiar da extensão de prazo de 10 dias para apresentar recurso?

Do recurso da ré:

II) não se verifica a caducidade do procedimento disciplinar?

III) a ré não está obrigada a restituir ao ISS, IP a quantia de 6.784,08€ e quantias pagas ao autor a título e subsídio de desemprego desde julho de 2019 até trânsito em julgado da sentença?

Do recurso do autor:

IV) houve erro de julgamento ao ser dada como provada a matéria constante dos pontos 26, 29, 30, 37, 38, 39, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 52, 54, 59, 60, 61, 64 e 65 dos factos provados; os pontos 46, 47, 48, 66, 68 e 70 do articulado de motivação do despedimento deviam constar dos factos não provados e os pontos 74, 75 e 88 dos factos provados?

V) verifica-se “abuso de direito” ao ser impulsionar procedimento disciplinar por factos ocorridos há mais de um ano, quando eram conhecidos do Departamento de Auditoria e Inspeção da ré há muito, e tendo em conta que a ré reconheceu o mérito do autor ao longo dos anos?

VI) verifica-se a prescrição do direito de exercer o poder disciplinar em relação aos factos imputados pela ré ao autor, reportados a 09.03.2017?

VII) nas quantias a pagar pela ré ao autor, a título de retribuições intercalares, não há que deduzir o recebido pelo mesmo a título de subsídio de desemprego?

VIII) a indemnização a pagar ao autor deve ser fixada em montante superior ao mínimo legal (fixado na sentença recorrida)?

IX) o autor tem direito ao pagamento do complemento remuneratório que peticionou? *

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Porque tem interesse para a decisão dos recursos, desde já se consignam os factos dados como provados e como não provados na sentença de 1ª instância, objeto de recurso, bem como a motivação da decisão da matéria de facto.

Quanto a factos PROVADOS, foram considerados os seguintes, que se reproduzem:

1. Em 10.05.2018, o Conselho de Administração da C…, ora Ré, tendo tomado conhecimento do conteúdo do Relatório de Averiguações n.º 058/18, de 23.04.2018 (Proc. nº 333/17), elaborado pela … – Departamento de Inspeção e Fraudes da C… (…), bem como do conteúdo da Proposta da Direção de Recursos Humanos (… – … – …/2018), decidiu instaurar processo disciplinar, com intenção de despedimento, ao trabalhador B…, ora Autor, assim como decidiu pela suspensão preventiva do mesmo no decurso do processo disciplinar, bem como ainda a nomeação dos instrutores do processo disciplinar. 2. A referida proposta da Direção de Recursos Humanos fundamentou-se no conteúdo do Relatório de Averiguações acima identificado, elaborado pela … – Departamento de Inspeção e Fraudes da Ré, que identifica diversos factos relativos à conduta do Autor, melhor descritos naquele Relatório de Averiguações, que inclui que inclui 30 anexos, os quais fazem parte integrante do referido relatório.

3. A Nota de Culpa foi deduzida em 16.05.2018, tendo sido entregue ao Autor, em mão, acompanhada de comunicação com intenção de despedimento, no passado dia 17.05.2018.

4. Nesse mesmo dia 17.05.2018, foi remetida à Comissão de Trabalhadores da Ré, por carta registada com A/R (registo CTT n.º ……….PT) duplicado da Nota de Culpa deduzida no âmbito do processo disciplinar, bem como cópia da carta remetida ao Autor (que acompanhou a nota de culpa).

5. Em 07.06.2018, o Autor apresentou, por carta registada com A/R (registo CTT n.º ………..PT) e por via telefax, resposta à nota de culpa, tendo requerido a junção aos autos de diversos documentos e informações.

6. No dia 04.07.2018, foi proferido despacho de instrução relativo ao requerido pelo ora Autor na parte final da resposta à nota de culpa (tendo o Autor sido notificado para prestar diversas indicações aos autos nos termos melhor constantes do referido despacho de instrução), assim como foram juntos aos autos 3 documentos relativos às diligências de prova requeridas pelo trabalhador (ora Autor) na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 4 e 7), tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução bem como dos 3 documentos, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ………..PT).

7. Em 09.07.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução e pronunciando-se relativamente aos documentos juntos aos autos.

8. No dia 30.07.2018, foi proferido despacho de instrução nomeadamente considerando a resposta apresentada pelo Autor, assim como foram juntos aos autos 6 documentos relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 1, 4, 5 e 6), tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução bem como dos 6 documentos, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ……….PT), comunicação essa que foi devolvida em 13.08.2018 com a indicação aposta pelos CTT de “objeto não reclamado”.

9. Em 20.08.2018, via CTT (registo n.º ………..PT) foi efetuado um novo envio ao Autor do conteúdo da comunicação que lhe havia sido remetida no passado dia 30.07.2018.

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Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 23.08.2018, via CTT (registo n.º ……….PT).

11. Em 03.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo aos dois despachos de instrução e pronunciando-se relativamente aos documentos juntos aos autos.

12. Em 11.09.2018, atento o teor do requerimento apresentado pelo Autor em 03.09.2018, foi proferido despacho de instrução, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução, via CTT (registo n.º ………..PT).

13. Em 21.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução proferido.

14. No dia 25.09.2018, foram juntos aos autos 3 documentos, relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 1 e 6), tendo sido remetida ao mesmo nomeadamente cópia dos referidos documentos, no dia 05.11.2018 (no seguimento de despacho de instrução de 02.11.2018), via CTT (registo n.º ………..PT).

15. No dia 23.10.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 05.11.2018 (no seguimento de despacho de instrução de 02.11.2018), via CTT (registo n.º ……….PT).

16. No dia 02.11.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 05.11.2018 (no seguimento de despacho de instrução de 02.11.2018), via CTT (registo n.º ………..PT).

17. Em 02.11.2018, foi proferido despacho de instrução relativo à resposta apresentada pelo Autor em 21.09.2018, considerando nomeadamente os documentos juntos aos autos em 25.09.2018, 23.10.2018 e 02.11.2018, tendo sido remetido em 05.11.2018 ao Autor, via CTT (registo n.º ………..PT), cópia do referido despacho de instrução, bem como cópia dos documentos juntos aos autos em 25.09.2018, 23.10.2018 e 02.11.2018.

18. No dia 15.11.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativo às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (ponto 5), tendo sido remetida ao mesmo Autor nomeadamente cópia do referido documento, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ………..PT).

19. O Autor (B…) foi admitido no ex D… em 01.04.2005, tendo o seu contrato de trabalho, em 04.04.2011, sido transmitido para a C…, tinha o nº de funcionário ….-., e detinha à data da elaboração da nota de culpa a categoria profissional de Gestor de Cliente, exercendo à data da elaboração da nota de culpa funções como Gestor de Cliente no Balcão C2… da Direção Comercial ….

20. A Direção de Auditoria e Inspeção da Ré identificou várias irregularidades que ocorreram, descritas no Relatório de Averiguações, Nº …/18, de 23.04.2018, Proc. nº …/17, que inclui 30 Anexos, que fazem parte integrante do mesmo Relatório, que consta do processo disciplinar.

21. Por decisão do Conselho de Administração da C…, datada de 10.05.2018, a entidade empregadora tomou conhecimento do conteúdo da Proposta … – … – 2018-………, e do mencionado Relatório de Averiguações, Nº …/18, de 23.04.2018, Proc. nº …/17, para o qual aquela proposta remete, e deliberou

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instaurar processo disciplinar ao então trabalhador Sr. B…, ora Autor, com intenção de despedimento com justa causa e a suspensão preventiva do trabalhador arguido, ora Autor, no decurso do procedimento disciplinar, sem perda de antiguidade e retribuição.

22. Em dezembro de 2011, a então denominada Direção de Planeamento, Estudos e Contabilidade, emitiu o “MODELO DE GESTÃO DE CARTEIRAS- CLIENTES PARTICULARES”, o qual passou a definir as regras para a Gestão e Acompanhamento de Carteiras de Clientes Particulares nos Balcões C….

23. Entre outras instruções, foram definidas “Regras de Aplicação Generalizada”, as quais se transcrevem: “Inserção de Clientes Novos ou Reativados (Clientes sem relação ou com relação central desde que a 1ª DO como titular tenha data de abertura < 30 dias), podem ser inseridos em qualquer altura, em todos os tipos de carteiras, desde que o Cliente reúna as condições de encarteiramento; Inserção de Clientes Não Novos, ocorrerá apenas no processo de reavaliação de carteiras; Inserção de Clientes relação central - podem ser encarteirados clientes com relação central mas inativos há mais de 2 anos, e/ou com última conta DO liquidada há mais de dois anos; Qualquer encarteiramento, apenas poderá ocorrer sobre o cliente sem Gestor atribuído e não esteja pendente de encarteiramento; Qualquer encarteiramento, apenas poderá ocorrer sobre o cliente sem intervenção (relação ativa), enquanto titular, em contas (qualquer produto) de Empregados (relação ativa). Todos os utilizadores com perfil/função de Gestores de Cliente Premium e Responsáveis pelas Direções, podem inserir Clientes Novos ou Reativados nas carteiras, desde que o Cliente não tenha Balcão titular atribuído, ou tenha como … o balcão/….”

24. Define o mesmo Modelo, as “CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS SOBRE O ENCARTEIRAMENTO DE CLIENTES”, nas Carteiras …, onde só podem ser inseridos: “Clientes Particulares (…), com Recursos < 350 Mil Euros e Recursos >= 25 (1) Mil Euros ou Recursos Totais + Crédito >= 100 Mil Euros; Clientes com Idade >= 25 e <= a 64 (anos); Profissões qualificadas; Prioridade estratégica diferente de “E” (Excluído) e diferente de “Y” (Dados Inválidos); Sem vínculos familiares (relação ativa) com outros Clientes com Gestor atribuído (relação ativa)”.

25. Em 15.03.2017, a Direção de Auditoria e Inspeção, no seguimento de uma ação do Departamento de Auditoria (Sr. Dr. E…, n.º ….-., com as funções de Técnico de Grau II), domiciliou no Departamento de Inspeção e Fraudes, a análise a uma situação concreta, envolvendo diretamente o Autor, Sr. B… (n.º ….-.), à data da elaboração da nota de culpa a desempenhar as funções de Gestor de Cliente no Balcão C2… (B….). Assim: “Junto anexo análise preliminar efetuada, cujos factos observados parecem configurar uma subscrição de um plano C3… à revelia da legítima vontade dos clientes, pelo que se recomenda a afetação ao … para averiguações suplementares.”

26. Em anexo, foi enviado um documento, em ficheiro Word, contendo a seguinte análise: “Em 09mar2017 o GC ….-. – B… (Balcão … – C2…) procedeu à manutenção dos dados pessoais dos clientes acima identificados, no qual, entre outros dados, alterou a data de nascimento dos mesmos: Cliente …….. – Alteração Dt Nascimento de ..dez1936 para ..dez1966; Cliente ……. – Alteração Dt Nascimento de ..mar1938 para ..mar1968; A alteração da data de nascimento não é consistente com a data de nascimento constante nos respetivos documentos de identificação. (…) Relativamente aos questionários de dados pessoais que resultaram da manutenção dos dados, ao contrário das declarações de “Auto Certificação de Residência Fiscal”, é possível constatar que as assinaturas apostas nos questionários de

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dados pessoais não correspondem às assinaturas dos clientes. Estes foram emitidos em ..mar2017 pelo GC ….-. após a manutenção de dados pessoais, nos quais constava a data de nascimento entretanto alterada. Em ..mar2017, a cliente …… foi afeta à carteira do GC ….-.. Os clientes são titulares da conta de D.O. …………..-.. (…) Em ..mar2017, o GC ….-. processou à mobilização integral deste DP – Da análise ao certificado de operações, sobressaem indícios de viciação na assinatura do cliente; Em simultâneo, processou também à mobilização integral do DP “C4…” n.º ………….-., no montante de 1.900,00€, que havia sido constituído em ..dez2016 – Da análise ao certificado de operações, sobressaem indícios de viciação na assinatura do cliente; Nesse mesmo dia, pelas 16.21h, o Gestor … ….-. – F… (colocado no Balcão …) procedeu à inscrição como associada da cliente ……. – G…, e subscrevendo um plano C3… ….-…. 4ª Série no montante de €51.800,00 (verba que se encontra cativa na conta) – Não foram validados os respetivos formulários de inscrição da associada nem da subscrição do plano na medida em que os mesmos não se encontram digitalizados no …; Da análise efetuada, tudo indica que a alteração da data de nascimento dos clientes teve uma relação direta com a subscrição do plano C3…. Na …… ../2017, relativa à emissão da 4ª Série do C3… ….-…., é recomendado que o produto não seja colocado junto de clientes associados com idade superior a 75 anos, que era o caso destes clientes. No caso dos clientes acima desta faixa etária mostrarem interesse na subscrição do produto, deveria ser então manuscrita e assinada no verso do documento de subscrição uma declaração manuscrita cujos termos específicos estão definidos na referida CN. Aguardando-se a digitalização dos documentos, em ordem a validar as propostas de admissão de associado e da subscrição do plano, a alteração da data de nascimento parece ter sido deliberada no sentido de “ultrapassar” a necessidade desta declaração específica por parte da cliente. Acresce referir que, através da consulta à transação … – PERFIL DO INVESTIDOR não é evidente que previamente à subscrição do plano, tenha sido preenchido o Questionário do Perfil do Investidor, conforme a já citada CN estabelece como necessário.(…)”.

27. Em 23.05.2017, às 11:37, o Departamento de Auditoria (Sr. Dr. E…), solicitou, via e-mail, ao Sr. B…, ora Autor, o seguinte esclarecimento: “Venho por este meio solicitar o contexto e fundamentação para a alteração no ST da data de nascimento do cliente …… em ..mai2017.”

28. Na mesma data de 23.05.2017, às 14:51, respondeu o Sr. B…, ora Autor, nos seguintes termos: “Em 19-05-2017 foram atualizados os dados do cliente …… e da esposa ……. (para reativação de relação), encerradas as contas antigas e procedemos à abertura de conta nova para constituição de novo depósito a prazo. Por lapso foi digitada o “6” em vez do “3” na data de nascimento, tendo ficado 1966 em vez de 1936. Esta situação já foi retificada”.

29. Ainda em 23.05.2017, o Departamento de Auditoria, domiciliou no Departamento de Inspeção e Fraudes esta situação, nos seguintes termos: “Trata-se de mais um caso de alteração de data de nascimento de clientes na base de dados de forma a permitir a sua carteirização. O cliente em questão tem 82 anos de idade, que é superior à idade limite para integração em carteira de clientes … (65 anos). Não obstante o gestor vir alegar que se tratou de um lapso de digitação (e que já procedeu à respetiva correção, o que se confirma), tenho algumas reservas. Antes da atualização dos dados, o cliente já tinha carregada no sistema a data de nascimento, que se encontrava correta, pelo que, aquando da atualização dos dados, não se afigurava provável que fosse necessário tão pouco atualizar aquele campo uma vez que

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já se encontrava (bem) preenchido.”

30. No seguimento destes reportes preliminares, foi aberto Processo de Averiguações.

31. Em 07.01.2008, foi constituída a conta à ordem n.º ………-., domiciliada no Balcão C2… (B….), solidariamente titulada pelo Sr. F… (Cl. n.º ……), e pela Sra. D. G… (Cl. n.º ……).

32. Em 08.01.2008, conforme data aposta em carimbo “FOTOCÓPIA FIEL DO ORIGINAL”, foram rececionadas, no mesmo Balcão C2…, as cópias dos Bilhetes de Identidade do Sr. F… e da Sra. D. G…, onde constam as Datas de Nascimento dos clientes, 1936-12-.. e 1938-03-.., respetivamente.

33. Em 30.12.2016, o Autor, Sr. B…, processou em Sistema Transacional, a Constituição de uma conta de depósito a prazo, denominada “C4…”, n.º ………….-., pelo montante de 1.900,00€, associada à conta à ordem n.º ………….-., e titulada pelo Sr. F… e pela Sra. D. G….

34. Em 08.03.2017, entrou em vigor a Comunicação de Negócio .. …. – ../2017, subordinada ao assunto “Modalidades …– Emissão C3… ….-…., 4ª Série”, a qual informa do início de comercialização daquele produto do …. e enuncia algumas das características desse mesmo produto, entre as quais, a seguinte nota: “NOTA IMPORTANTE: No caso de Associados com idade superior a 75 anos, que pretendam subscrever a modalidade, deverá ser manuscrita e assinada por estes, no verso do documento “Proposta de subscrição”, a seguinte declaração: «Declaro ter sido informado(a) pela C… (…) do facto de que a minha idade ultrapassa a idade máxima prevista no mercado-alvo que a C…, na qualidade de distribuidora, definiu para o produto … C3… ….-…., 4ª Série, tendo ainda sido informado(a) que a rentabilidade de 1,65%, correspondente à TANB média oferecida pelo produto mutualista referido, está dependente da imobilização da totalidade do capital, entregue na sua subscrição, durante o prazo de 5 (cinco) anos e 1 dia.»(…) Previamente à subscrição, deverá ser preenchido o Questionário do Perfil do Investidor, caso não exista como “ativo” no sistema, disponível através do Net24 → Bolsa → Perfil do Investidor ou, no Balcão, através da …. por encadeamento da ….(…)”.

35. Na mesma data de 08.03.2017, o Sr. Dr. H… (n.º ….-.), no desempenho das funções de Caixa, no Balcão C2…, processou em Sistema Transacional, a Constituição de uma conta de depósito a prazo, denominada “C5…”, n.º …………..-., pelo montante de 50.000,00€, associado à conta à ordem n.º ………-., e titulada pelo Sr. F… e pela Sra. D. G….

36. Em 09.03.2017, às 10:28 e 10:30, o Sr. B…, ora Autor, processou em Sistema Transacional, a mobilização total das contas de depósito a prazo n.º …………-. (1.900,00€) e …………-. (50.000,00€), respetivamente. O montante de 51.900,00€ resultante, foi creditado na conta à ordem n.º …………..-.. 37. Na mesma data de 09.03.2017, às 12:59, o Sr. B…, ora Autor, processou, em Sistema Transacional, uma Manutenção aos Dados de Cliente, relativos aos dados do Sr. F…, nomeadamente no que concerne à Data de Nascimento deste, a qual constava como ...12.1936 (portanto 80 anos à data dos factos), alterando-a para ...12.1966 (50 anos). No Questionário de Dados Pessoais, resultante desta alteração, o qual se encontra digitalizado em … – Sistema de Gestão Documental, foi aposto pelo autor o nome do cliente no campo “Data e Assinatura de Cliente”, que não confere por semelhança com o espécime previsto em Bilhete de Identidade e nos ficheiros de assinaturas da conta à ordem onde o Cliente intervém.

38. Ainda em 09.03.2017, às 13:04, o Sr. B…, ora Autor, processou, em Sistema Transacional, uma Manutenção aos Dados de Cliente, relativos aos dados da Sra. D. G…, nomeadamente no que concerne à

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Data de Nascimento desta, a qual constava como ...3.1938 (portanto 78 anos à data dos factos), alterando-a palterando-aralterando-a ...03.1968 (48 alterando-anos). No Questionário de Dalterando-ados Pessoalterando-ais, resultalterando-ante destalterando-a alterando-alteralterando-ação, o qualterando-al se encontra digitalizado em … – Sistema de Gestão Documental, foi aposto pelo autor no campo “Data e Assinatura de Cliente”, que não confere por semelhança com o espécime previsto em Bilhete de Identidade e nos ficheiros de assinaturas da conta à ordem onde a Cliente intervém.

39. Também em 09.03.2017, às 13:23, a mesma Cliente foi, pelo Sr. B…, ora Autor, associada à Carteira de Clientes … do Balcão C2…, Carteira n.º …, assignada a este Colaborador. Tal carteirização só foi possível, atendendo à alteração de Data de Nascimento da Cliente, referida no ponto anterior, dado que à luz do “Modelo de Gestão de Carteiras – Clientes Particulares”, só são elegíveis para carteirização os clientes que, entre outras características, tenham idade compreendida entre os 25 e os 64 anos (inclusive).

40. Mais tarde, na mesma data de 09.03.2017, às 16:20, o Sr. F… (n.º ….-.), no desempenho de funções de Gestor Mutualista, no Balcão C2…, processou em Sistema Transacional a admissão da Cliente Sra. D. G…, à Associação C6…, tornando-a Associada desta.

41. Ainda na mesma data, às 16:21, o Sr. K…, processou uma entrega no montante de 51.800,00€, na modalidade mutualista “C3… – ….-…., 4ª SÉRIE”, em nome da Sra. D. G…, por débito da conta à ordem n.º …………..-..

42. Questionado sobre os motivos subjacentes à alteração de Data de Nascimento, dos Clientes Sr. F… e Sra. D. G…, o Sr. B…, ora Autor, declarou em Auto, nas instalações da … em 05.04.2018, que: “Que, conhece o Sr. F…, Cliente n.º ……., do Balcão C2…; Que, em 2017-03-09, processou a alteração de Data de Nascimento do Cliente Sr. F…, em Sistema Transacional, passando de 1936-12-.., para 1966-12-.., de 80 para 50 anos, com o intuito de concretizar a carteirização do mesmo; Que, esta alteração terá sido efetuada com o objetivo de obter notoriedade, por cumprimento de objetivos comerciais; Que, no entanto, dado tratar-se de Cliente com Relação Central ativa, com a C…, não foi possível efetuar a carteirização; Que não deu conhecimento desta alteração à sua hierarquia; Que, conhece a Sra. D. G…, Cliente n.º ….., do Balcão C2…; Que, a Sra. D. G… é cônjuge do atrás referido Sr. F…, e Segunda Titular da conta à ordem n.º …………..-., cujo Primeiro Titular, é o mesmo Sr. F…; Que, em 2017-03-09, processou a alteração de Data de Nascimento da Cliente Sra. D. G…, em Sistema Transacional, passando de 1938-03-.., para 1968-03-.. de 78 para 48 anos, com o intuito de concretizar a carteirização da mesma; Que, com estes clientes, para além do relacionamento profissional com o Depoente, existe também o relacionamento com o pai do mesmo, o qual é Promotor da C…; Que, esta alteração terá sido efetuada com o objetivo de obter notoriedade, por cumprimento de objetivos comerciais; Que não deu conhecimento desta alteração à sua hierarquia; Que, no mesmo dia de 2017-03-09, processou a mobilização de duas aplicações – Depósitos a Prazo – tituladas pelos Srs. F…, e pela Sra. D. G…, nomeadamente a mobilização total da conta a prazo n.º …………-., no montante de 1.900,00€, às 10:28, e a ……….-., no montante de 50.000,00€, às 10:30, afirmando o Depoente que, tanto quanto se recorda, os Clientes estavam presentes no Balcão, nas horas indicadas; Que, as assinaturas constantes nos Certificados de Operação resultantes, foram assinados presencialmente e na presença do Depoente; Que, o Sr. F…, apresenta dificuldades na concretização de assinaturas de documentos, em resultado da idade avançada e de alguma questão nervosa que o Depoente não sabe precisar; Que, no entanto, só às 12:59 e 13:04, do mesmo dia 2017-03-09, efetuou a

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manutenção aos dados dos Clientes, Sr. F… e Sra. D. G…, respetivamente, admitindo o Depoente que os Clientes não estavam presentes no Balcão, nas horas indicadas; Que, as assinaturas constantes nos Questionários de Dados Pessoais resultantes, e relativos aos Clientes Sr. F… e Sra. D. G… foram produzidas pelo Depoente, após alteração dos dados dos mesmos, nomeadamente a alteração das datas de nascimento, que o mesmo efetuou em Sistema Transacional; Que, o Depoente não prestou informação aos Clientes Sr. F…, e Sra. D. G…., das alterações de Base de Dados que processou; Que, mais tarde, nesse dia 2017-03-19, o Depoente solicitou ao Gestor Mutualista em funções no Balcão C2…, Sr. F…, que processasse a Admissão como associada da C6…, relativa à Cliente Sra. D. G…, e processasse também a subscrição da aplicação C3… ….-…., 4ª série, pelo montante de 51.800,00€; Que, o Depoente não informou o Gestor Mutualista Sr. F…, da real idade da Cliente Sra. D. G…; Que, foi o Depoente, quem promoveu e aconselhou o Sr. F… a subscrever esta aplicação C3… ….-…., 4ª série, sendo que a mesma foi formalizada em nome da Sra. D. G…, para cumprimento de objetivos comerciais do próprio Depoente, atendendo a que só esta Cliente era carteirizada; Que, os Clientes não estavam presentes no Balcão, aquando do processamento da subscrição do Produto Mutualista, pelo que o Sr. F… não teve conhecimento da real idade da Cliente Sra. D. G…; Que, as assinaturas constantes nos documentos de subscrição do produto mutualista e da admissão da Associada resultantes e referidos acima, foram efetuadas à posteriori, na presença do Depoente; Que, declara que, à data não conhecia a .. ….. ../2017, relativa à emissão do produto C3… …..-…. – 4ª Série, nem a Ficha Técnica do produto; Que, na mesma medida, não tinha à data conhecimento que essa .. …. ../2017, recomendava que o produto C3… …- …- 4ª Série, não fosse comercializado a Clientes com mais de 75 anos, obrigando a que estes, caso ainda assim o pretendessem subscrever, procedessem à emissão de uma declaração manuscrita, conforme os termos definidos nessa ..; Que, assim, e por desconhecimento, não solicitou à Cliente Sra. D. G… a emissão da referida Declaração de Aceitação Manuscrita”.

43. Em 06.04.2018, a … – Departamento de Inspeção e Fraudes, dirigiu um e-mail, ao Sr. Dr. I… (n.º ….-.), o qual desempenha as funções de Gerente no Balcão C2…, onde indicou: “No âmbito de Processo de Averiguações em curso, foram detetadas anomalias nos dados constantes na Base de Dados da C…, dos seguintes Clientes: Sr. F… (Cl. n.º …….); Sra. D. G… (Cl. n.º …….). Assim, verificou-se que as Datas de Nascimento dos atrás referidos Clientes, constantes em Base de Dados da C…, divergem da Data de Nascimento constante nos documentos de identificação dos mesmos, existentes em …. Na mesma medida, verificou-se que, a Cliente Sra. D. G…, em 2017-03-09, subscreveu um plano do C6…, Designado por “C3… ….-…., 4ª Série”, sem que, atendendo à real idade da Cliente, tenha efetuado a Declaração de Aceitação, manuscrita, conforme estipula a .. …. – ../2017. Inexiste também registo de preenchimento do Questionário de Perfil de Investidor, conforme estipula a mesma Comunicação de Negócios. Nesse sentido, solicita-se que, com a máxima urgência, sejam contactados os Clientes, para os procedimentos exatos, seguintes: Correção (e atualização) dos dados constantes na Base de Dados da C…, em Questionários a assinar por ambos, presencialmente; Obtenção de um documento de ratificação, a manuscrever por punho da Sra. D. G…, onde a mesma declarará que conhece e aceita a totalidade das condições inerentes à subscrição de “C3… ….-…., 4ª Série”, efetuada em 2017-03-09; Obter o Questionário de Perfil da Investidora, conforme a .. …. – ../2017.”

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à correção da Data de Nascimento do Sr. F… e da Sra. D. G…, em Sistema Transacional, repondo as datas de ...12.1936 e ...03.1938, conforme consta nos respetivos Cartões de Cidadão dos Clientes. Foram recolhidos os respetivos Questionários de Dados Pessoais assinados pelos Clientes.

45. Na mesma data de 09.04.2018, o Sr. Dr. J…, processou em Sistema Transacional, a operatória …. – “PERFIL DO INVESTIDOR”, relativo à Cliente Sra. D. G…, à qual foi automaticamente atribuído um Perfil …. 46. Em 17.04.2018, foi questionado o Gestor Mutualista, Sr. K…, o qual processou em Sistema Transacional, a Admissão a Associada e a Subscrição de Plano Mutualista C6…, relativos à Sra. D. G…, transcrevendo-se, abaixo, as questões colocadas e as respostas do Colaborador: “O atendimento à Cliente, Sra. D. G…, foi presencial? Não atendi a cliente, apenas lancei a subscrição conforme indicação do colega B… (gestor …) Se sim, como efetuou a identificação da Cliente? A Cliente aparentava ter a idade de 48 anos, à data da Subscrição? Não sei dizer. Conhece o teor da Comunicação de Negócios .. …. ../2017, e as Recomendações que a mesma consigna? Sim, apesar do conhecimento ela foi direcionada para os colaboradores da C…. Porque motivo não solicitou à Cliente Sra. D. G… o preenchimento do Questionário de Perfil de Investidor? Não atendi a cliente, e por outro lado enquanto gestor da Associação Mutualista não tenho acesso à operatória do perfil de investidor no sistema transacional. Na mesma medida, porque motivo não solicitou à Cliente Sra. D. G… a emissão de Declaração de Aceitação, manuscrita, conforme definido na .. ….. ../2017? Um cliente com 50 anos (data de nascimento 1968) não obriga a declaração manuscrita. Caso tenha respondido negativamente à primeira questão, de que forma obteve a assinatura da Cliente dos documentos resultantes? O colega B… como fez o atendimento recolheu as assinaturas. E qual o meio de conferência de assinatura utilizado? Enquanto gestor da Associação Mutualista não tenho acesso à operatória de conferência de assinaturas, apenas verificação de recolhas de assinaturas.”

47. Em 23.04.2018, o Sr. Dr. I…, respondeu à … (ponto 2.2.13.), também via e-mail, onde indicou: “Todos os documentos solicitados foram obtidos. Enviados para digitalização.”

48. Além dos Questionários de Dados Pessoais dos dois Clientes, e do Questionário de Perfil de Investidor da Sra. D. G…, foi confirmado pela … ter sido recolhida uma Declaração manuscrita pela Cliente, a aceitar as condições do produto mutualista “C3… ….-…., 4ª Série”, conforme estipulado na atrás identificada .. …. – ../2017.

49. Em 21.08.2001, foi constituída a conta à ordem n.º …………..-., domiciliada no Balcão C2…, e solidariamente titulada pela Sra. D. L… (Cl. n.º …….), e pelo Sr. M… (Cl. n.º …….).

50. Em 08.01.2004, foi constituída a conta à ordem n.º …………..-., domiciliada no Balcão C2…, e solidariamente titulada pelos mesmos, Sr. M… e pela Sra. D. L….

51. Em 29.06.2006, foi constituída a conta à ordem n.º ………….-., domiciliada no Balcão C2…, e solidariamente titulada pelos mesmos, Sr. M… e pela Sra. D. L….

52. Em 19.05.2017, às 12:38, o Sr. B…, ora Autor, processou, em Sistema Transacional, uma Manutenção aos Dados de Cliente, relativos aos dados do Sr. M…, nomeadamente no que concerne à Data de Nascimento deste, a qual constava como ...08.1934 (portanto 82 anos à data dos factos), alterando-a para ...08.1964 (52 anos). No documento de identificação do Cliente, existente em …, consta a Data de Nascimento de 1934-08-... O Questionário de Dados Pessoais resultante, encontra-se assinado, sendo que, a assinatura nele aposta, confere por semelhança com os espécimes existentes nos registos da C…,

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relativos ao Cliente Sr. M….

53. Na mesma data de 19.05.2017, às 15:17, 15:18 e 15:19, o Sr. B…, ora Autor, procedeu à liquidação das contas à ordem n.ºs …………..-., ………….-. e ……….-.. Os últimos movimentos nestas contas, previamente à liquidação das mesmas, haviam sido registados em 26.01.2015, 02.01.2009 e 24.07.2006, respetivamente.

54. Ainda em 19.05.2017, às 15:20, o mesmo Cliente foi associado à Carteira de Clientes … do Balcão C2…, Carteira n.º …, atribuída ao Gestor Sr. B…, ora Autor. Tal carteirização só foi possível, atendendo à alteração de Data de Nascimento da Cliente, referida no ponto anterior, dado que à luz do “Modelo de Gestão de Carteiras – Clientes …”, só são elegíveis para carteirização os clientes que, entre outras características, tenham idade compreendida entre os 25 e os 64 anos (inclusive). Na mesma medida, e por se tratar de um Cliente de Relação Central, a carteirização só foi possível por o mesmo estar inativo há mais de dois anos (contas ativas sem saldo e sem movimentos).

55. Na mesma data de 19.05.2017, e na mesma hora 15:20, o Sr. B…, ora Autor, processou, em Sistema Transacional, a constituição da conta à ordem n.º ………-., domiciliada no Balcão C2…, e solidariamente titulada pelo Sr. M… e pela Sra. D. L….

56. De seguida, o Autor processou operatória de Entrega de Valores para Cobrança, no montante de 14.000,00€, na conta à ordem …………-., recém constituída.

57. Mais tarde, ainda em 19.05.2017, às 15:33, o atrás identificado Sr. Dr. H…, processou uma operatória de Constituição de uma conta de depósito a prazo, na modalidade “C5…”, n.º ………….-., pelo mesmo montante de 14.000,00€, associado à conta à ordem n.º ………..-., e com os mesmos intervenientes desta. 58. Em 23.05.2017, às 14:47, após a receção do e-mail enviado pelo Sr. Dr. E…, o Sr. B…, ora Autor, procedeu à correção da Data de Nascimento do Sr. M…, em Sistema Transacional, repondo a data de 27.08.1934, conforme consta no Bilhete de Identidade do Cliente.

59. Questionado sobre os motivos subjacentes à alteração de Data de Nascimento, do Cliente Sr. M…, o Autor declarou que: “Que, conhece o Sr. M…, Cliente n.º ……, do Balcão C2…; Que, o relacionamento que mantém com o Sr. M… é estritamente profissional; Que, em 2017-05-19, que processou uma alteração da Data de Nascimento do Sr. M…, passando a mesma de 1934-08-.. para 1964-08-.., com o intuito de efetuar a carteirização do Cliente; Que, aquando da manutenção de dados de clientes, usualmente altera todos os dados dos mesmos, ainda que estejam corretos; Que, efetua a transação ….. sempre após concretizar alterações de dados de clientes, bem como a novos clientes, na tentativa de os carteirizar; Que, reconhece que o Sr. M… não recolhia todas as condições necessárias para se tornar Cliente Carteirizado; Que, o objetivo de carteirizar este cliente, está relacionado com o cumprimento de objetivos comerciais; Que, tanto quanto se recorda, poucos dias após ter efetuado a alteração da Data de Nascimento do Sr. M…, em Sistema Transacional, foi o Depoente contactado, via e-mail, pela … – Departamento de Auditoria, no sentido de esclarecer os motivos de tal procedimento; Que, após este contacto procedeu à correção da Data de Nascimento deste Cliente em Sistema Transacional; Que, da avaliação que efetuou à data, considerou não estar a lesar a Instituição e que na mesma medida, desconhecia a legislação em vigor relacionada com manipulação de base de dados de Clientes;(…)”

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Autor, para cabal esclarecimento dos procedimentos e motivos que levaram aos factos em análise, tendo o mesmo prestado declarações caso a caso, as quais atrás se reproduziram, aquando da Descrição dos Factos de cada Cliente analisado, e também declarações sobre os factos genéricos, as quais aqui se reproduzem: “Que, foi admitido em 2005-04-01, no ex D…, exercendo atualmente, e desde 2014-01-20, funções de Gestor de Cliente, sem carteira, no Balcão C2…; Que, só iniciou funções de Gestor Cliente, com carteira de clientes, em outubro de 2016; Que, consulta diariamente a Intranet para se atualizar relativamente a novos Produtos e Normativo em vigor na Instituição; Que, conhece os requisitos necessários para carteirizar Clientes, nomeadamente idade e perspetivas de negócio; Que, tem conhecimento que o “Modelo de Gestão de Carteiras – Clientes Particulares”, estabelece condições obrigatórias para a carteirização de clientes; Que, tem conhecimento que, relativamente à idade dos Clientes, o limite mínimo de 25 anos e máximo de 64 anos, à data da carteirização, é uma dessas condicionantes; Que, na mesma medida, todas as alterações que processou, referidas neste Auto de Declarações foram feitas à revelia dos Clientes visados e da hierarquia da Depoente; Que, assim, declara não ter informado os Clientes, referidos neste Auto, das alterações processadas nos seus dados pessoais constantes na Base de Dados de Clientes da C…; Que, admite não ter noção das responsabilidades da C… perante o Banco de Portugal, relativas a manipulação de base de dados de clientes, e da sonegação de informação ao cliente, e quais as sanções que podem ser aplicadas; Que, no entanto, refere e enfatiza que em nenhum momento foi sua intenção lesar qualquer Cliente ou a C….”

61. Foi apurada a modificação – executada pelo Autor - de Data de Nascimento, de três clientes, a saber: Sr. F… (Cl. n.º……), o qual, por ser já Cliente de Relação Ativa não foi possível carteirizar; Sra. D. G… (Cl. n.º …….), com o intuito de carteirizar a Cliente, para posterior, adesão à C6… e subscrição de plano de poupança mutualista “C3… ….-…., 4ª Série”, pelo montante de 51.800,00 €; Sr. M… (Cl. n.º …….), com o intuito de carteirizar o Cliente, do qual no mesmo dia, foi processada a constituição de conta de depósito a prazo, no montante de 14.000,00€.

62. A .. ….. – ../2017 foi publicada no dia 8 de março de 2017.

63. Quanto à conduta do Sr. K…, identificou a … que o mesmo não observou o estipulado na Norma de Procedimentos “Conferência de Assinaturas de Cliente em Movimentos de Débito”, n.º …/2013, nomeadamente no que concerne aos seus pontos 2.1. e 2.2. a) e c), ao não ter conferido a assinatura da Cliente Sra. D. G…, a qual como o próprio admite, não atendera presencialmente.

64. O autor modificou a Base de Dados de três Clientes, nomeadamente o Sr. F…, a Sra. D. G…, e o Sr. M…, alterando a Data de Nascimento dos mesmos, com o propósito de permitir a afetação à sua Carteira, enquanto Gestor de Clientes …, na finalidade última de cumprimento dos Objetivos Comerciais que lhe foram atribuídos, não tendo sido bem-sucedido quanto ao primeiro.

65. No caso da Cliente Sra. D. G…, e do Sr. F…, o Sr. B…, ora Autor colocou as assinaturas no suposto nome dos dois Clientes, em Questionários de Manutenção de Dados Pessoais, com o intuito de “validar” as alterações que inserira abusivamente na Base de Dados.

66. Por deliberação do Conselho de Administração Executivo da Ré, de 10.05.2018, foi deliberado, conforme proposto, instaurar processo disciplinar ao ora Autor, com intenção de despedimento.

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68. O Autor estava filiado no Sindicato Independente da Banca, n.º de sócio ….. 69. Ao Autor nunca havia sido aplicada pela Ré, qualquer sanção disciplinar.

70. Em 14.12.2018, a Comissão de Trabalhadores da Ré emitiu parecer, que se encontra junto aos autos, a fls. 632 a 634 do p.d.

71. Por decisão datada de 04.01.2019, a Comissão Executiva da Ré decidiu aplicar ao Autor a sanção disciplinar de despedimento sem qualquer indemnização ou compensação, tendo a comunicação de despedimento sido expedida no mesmo dia 04.01.2019, por carta registada com aviso de receção (registo CTT n.º ……..PT), tendo a mesma comunicação sido rececionada em 08.01.2019.

72. O gerente do balcão onde o autor trabalhava fez, após apreciação do seu trabalho, uma sugestão de promoção por mérito: “Face ao excelente desempenho do colaborador e performances alcançadas em 2017, onde alcançou o 1º lugar nacional no ranking de gestores Premium.”.

73. No ano 2017, o autor foi considerado o melhor de todos os Gestores Premium da Ré, tendo tido o 1º lugar no ranking nacional, por ter realizado muitíssimas operações, por mérito próprio.

74. A ré não deu ao autor uma formação específica para o exercício da função de gestor premium.

75. Relativamente à situação ocorrida em 09.03.2017, a “proposta de subscrição” da modalidade mutualista emissão de C3… ….-…., 4ª série, pelo que só posteriormente apurou o Autor, no verso do documento assinado pela cliente carecia de ser manuscrito um texto e assinado também pela subscritora que tivesse idade superior a 75 anos, que era o caso, o que na altura não foi feito, pois o Autor desconhecia essa situação, uma vez que a mesma tinha sido divulgada na véspera em 08.03.2017.

76. O Autor à data também desconhecia que tinha que ser efetuado o Perfil de Investidor para a subscrição deste tipo de Poupanças da Associação Mutualista, pois era prática comum apenas efetuar este Perfil de Investidor para os produtos do Banco (e não da Associação Mutualista).

77. A subscrição da Poupança Mutualista C3… foi subscrita conforme negociado e vontade da cliente que a assinou.

78. Foram atualizados dados dos clientes na ficha informática do Banco naquele dia 09.03.2017 sem a presença física dos clientes no balcão do Banco, sendo que por exemplo no que se refere à cliente G…, foram nomeadamente atualizados os seguintes dados: situação sócio profissional, atividade profissional principal, profissão, data de nascimento, localidade de nascimento, país da naturalidade, e não apenas da data de nascimento.

79. A atualização dos dados tem por base documentos de suporte digitalizados, como por exemplo o documento de identificação do cliente.

80. Na sequência da atualização o gestor imprime uma folha com os dados atualizados que tem o título “Pessoas Singulares – Manutenção” “Dados Pessoais”.

81. Como os clientes não estivavam no balcão, o autor escreveu os nomes F… e G… nas folhas respetivas – cfr. fls. 99 e 102 do processo disciplinar.

82. Depois disso, o gestor mutualista K… validou tudo e foi subscrita a poupança em causa.

83. E ainda nessa sequência da atualização de dados, foi a mesma validada pelo Núcleo de validação de dados (CAB), que afere das manutenções /alterações de dados, com base na documentação de suporte que o Banco tinha.

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84. No que se refere à situação de 19.05.2017, o cliente M… esteve nesse dia no Balcão, assinou a liquidação de pelo menos três contas à ordem que possuía, assinou a disponibilização de fundos, e assinou a constituição de depósito a prazo e tendo sido atualizados os seus dados na base de dados informática do Banco, como estava no balcão, também assinou a folha “Pessoas Singulares – Manutenção” “Dados Pessoais”.

85. Não existiu qualquer prejuízo económico para os referidos clientes, para o Banco ou para a Associação Mutualista.

86. O autor foi convocado para a reunião em Lisboa de 05.04.2018 no dia anterior, a sua inquirição foi feita por dois inspetores, um que sobretudo fazia perguntas e outro que escrevia o que era dito e demorou cerca de duas horas.

87. Durante essa inquirição o autor chorou.

88. O Autor teve sempre informações profissionais positivas.

89. No ano 2017 foi o melhor Gestor Premium, o número 1 ou melhor classificado a nível nacional, tendo inclusivamente na última avaliação, sido sugerida uma promoção por mérito.

90. O Autor nunca teve qualquer antecedente disciplinar, nunca lhe foi aplicada qualquer sanção.

91. À data do despedimento o vencimento mensal do Autor era no montante de 1.112,74€ (mil cento e doze euros e setenta e quatro cêntimos), correspondendo ao nível salarial 8 (oito) e detinha a categoria profissional de Gestor de Cliente.

92. Em abril de 2011 o Autor detinha o nível salarial 6 (seis) a que correspondia o vencimento mensal de 959,25€.

93. Em 01 de janeiro de 2015 o Autor passou a ter o nível salarial 7 (sete) a que correspondia o vencimento mensal de 1.014,46€.

94. Em 01 de janeiro de 2016 o Autor transitou para o nível salarial 8 (oito) em que se encontrava em 08.01.2019 quando foi despedido.

95. A partir de 04 de abril de 2011 passou a aplicar-se ao Autor, bem como aos demais trabalhadores da Ré, o ACT que se aplicava na C….

96. Da mesma forma, a partir desse mesmo dia 04 de abril de 2011 passou a aplicar-se também ao Autor o Estatuto dos Trabalhadores da C…, que se aplica aos trabalhadores da Ré e que estava em vigor desde 01.10.1997.

97. A partir de abril de 2011, os trabalhadores oriundos do ex D…, bem como os trabalhadores que já estavam ao serviço da C… ora Ré, passaram a ter a mesma carreira, categorias e funções.

98. Sendo que por exemplo no caso do Autor, a partir de abril de 2011 o Autor tinha o nível salarial 6 a que correspondia o vencimento de 959,25€, exatamente o mesmo vencimento base que todos os demais trabalhadores que eram originariamente da Ré C… que detinham o mesmo nível 6, em janeiro de 2015, o Autor passou a ter o nível salarial 7 a que correspondia o vencimento de 1.014,46€, exatamente o mesmo vencimento base que todos os demais trabalhadores que eram originariamente da Ré C… que detinham o mesmo nível 7 e ainda em janeiro de 2016, o Autor passou a ter o nível salarial 8 a que correspondia o vencimento de 1.096,24€, exatamente o mesmo vencimento base que todos os demais trabalhadores que eram originariamente da Ré C… que detinham o mesmo nível 8.

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99. O Autor prestava trabalho ao serviço da Ré, como gestor de cliente, categoria que já detinha em 04.04.2011, igual à dos seus colegas de trabalho que sempre foram trabalhadores da Ré e que tinham a mesma categoria.

100. Os trabalhadores que estavam em funções na ré em 04.04.2011 e a quem já tinha sido atribuído um complemento remuneratório, ao abrigo do disposto no artigo 44º do Estatuto dos Trabalhadores da C…, com a epígrafe “Remuneração e Complemento”, designado complemento de mérito, antes de 03.03.2011, desde que não lhe sido retirado [por suspensão do contrato de trabalho ou por aplicação de sanção disciplinar superior a repreensão verbal], recebiam esse complemento que, para o nível que o autor tinha naquela data era de 202,50€, recebido 14 vezes por ano.

101. O que não aconteceu desde 04.04.2011 com os trabalhadores que transitaram do ex D… para a Ré, sendo que o Autor, nunca recebeu tal complemento desde essa data até àquela em que foi despedido, 102. Um Colega que sempre prestou trabalhou para a Ré, com o nível remuneratório 7 que o Autor já teve, em outubro de 2016, recebeu um complemento do artigo 44º no valor mensal de 225,50€ (duzentos e vinte e cinco euros e cinquenta cêntimos).

103. Outro Colega que sempre prestou trabalho para a Ré, este com o nível remuneratório 9, em março de 2019, recebeu um complemento do artigo 44º no mesmo valor mensal de 225,50€ (duzentos e vinte e cinco euros e cinquenta cêntimos).

104. Os trabalhadores da Ré que eram originários do ex D…, não receberam nunca desde 04.04.2011, nem recebem, esse complemento remuneratório do artigo 44º do Estatuto dos Trabalhadores da C…, como é o caso do Autor, estando nessa situação cerca de 1000 trabalhadores da ré.

105. No ponto 5 da parte final da resposta à nota de culpa, o trabalhador arguido requereu o seguinte: “5 – Informação de qual o volume exato de operações/negócios, como as duas em causa nos presentes autos, efetuadas pelo arguido no ano 2017 enquanto Gestor de Cliente Premium;”

106. No dia 04.07.2018, foi proferido despacho de instrução, notificando-se o trabalhador arguido, relativamente a tal ponto 5, “para, em 5 dias, indicar qual a matéria (artigos), que em concreto, pretende ver provada com a junção da informação transcrita em tal ponto 5, a fim de se ponderar nomeadamente a pertinência do requerido, assim como se notifica o trabalhador arguido para, no mesmo prazo, concretizar a que “operações/negócios” se refere, bem como concretizar quais as operações/negócios que indica como “as duas em causa nos presentes autos”;”

107. Tendo o trabalhador arguido, em 09.07.2018, apresentado requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução, indicando nomeadamente, que “se tratam dos dois negócios concretizados, no âmbito dos quais foram localizados os dois lapsos em questão (data de nascimento dos clientes do Banco), sendo certo que com a intervenção direta do arguido foram concretizadas muitas mais operações no ano de 2017, que se pretende sejam identificados em concreto quanto ao número, destinando-se à contraprova/prova da matéria dos artigos 7 e 21 e da residualidade dos lapsos em que o arguido incorreu, tendo em conta o número total de operações.”

108. Nesse seguimento, no dia 30.07.2018, foi proferido despacho de instrução nomeadamente considerando a resposta apresentada pelo Autor, assim como foram juntos aos autos 6 documentos relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa, entre o

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mais juntando-se aos autos os documentos n.ºs 2 a 4 respeitantes ao requerido pelo trabalhador nomeadamente no ponto 5, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução bem como de tais documentos, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ………….PT), comunicação essa que foi devolvida em 13.08.2018 com a indicação aposta pelos CTT de “objeto não reclamado”.

109. Não obstante o Autor não ter levantado tal carta, em 20.08.2018, via CTT (registo n.º ………..PT) foi efetuado um novo envio ao Autor do conteúdo da comunicação que lhe havia sido remetida no passado dia 30.07.2018.

110. Em 03.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo nomeadamente ao despacho de instrução supra indicado.

111. Em 11.09.2018, foi proferido despacho de instrução, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução, via CTT (registo n.º …………PT), entre o mais se notificando o trabalhador arguido, para, no prazo de 5 dias, informar os autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, qual ou quais os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Arguido na resposta à nota de culpa que não terão sido cumpridos, bem como para, no mesmo prazo de 5 dias, vir informar os Autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, em que medida os documentos/informações já juntos aos presentes autos, e dos quais foi notificado, não darão cumprimento a todos os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Trabalhador Arguido na resposta à nota de culpa, sob pena de, nada dizendo, se considerar que, atentas e informações e documentação já juntas aos autos, têm-se por cumpridas todas as diligências de prova que o trabalhador arguido requereu na parte final da resposta à nota de culpa. 112. Em 21.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução proferido, tendo o trabalhador invocado que, quanto a tal ponto 5, “Mantém-se a total ausência de resposta ao ponto 5 dos meios de prova que requereu na resposta à nota de culpa, isto em termos quantitativos – volume exato de operações/negócios como as duas em causa nos autos, efetuadas pelo arguido enquanto Gestor de Cliente Premium”.

113. Sendo que, no dia 15.11.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativo às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (ponto 5), tendo sido remetida ao mesmo Autor nomeadamente cópia do referido documento, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ……….PT), tendo o mesmo rececionado tal documentação em 16.11.2018, não apresentando qualquer requerimento posterior ou resposta.

114. Nos pontos 2 e 3 da parte final da resposta à nota de culpa, o trabalhador arguido requereu o seguinte: “2 – Da identificação de todas as situações similares ou análogas às duas em causa nos presentes autos, que os Departamentos de Auditoria e de Inspeção e Fraudes identificaram no Banco, nos anos 2015, 2016, 2017 e 2018; 3 – Da identificação dos processos disciplinares deliberados instaurar pelo Conselho de Administração do Banco nas situações identificadas em 2, supra;”

115. No dia 22.08.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativo às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 23.08.2018, via CTT (registo n.º ……..PT), tendo o Autor apresentado resposta em 03.09.2018.

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documento junto em 22.08.2018.

117. Em 11.09.2018, atento o teor do requerimento manifestamente genérico, vago e a roçar o manifestamente dilatório, apresentado pelo Autor em 03.09.2018, foi proferido despacho de instrução, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução, via CTT (registo n.º ………..PT), entre o mais se notificando o trabalhador arguido, para, no prazo de 5 dias, informar os autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, qual ou quais os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Arguido na resposta à nota de culpa que não terão sido cumpridos, bem como para, no mesmo prazo de 5 dias, vir informar os Autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, em que medida os documentos/informações já juntos aos presentes autos, e dos quais foi notificado, não darão cumprimento a todos os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Trabalhador Arguido na resposta à nota de culpa, sob pena de, nada dizendo, se considerar que, atentas e informações e documentação já juntas aos autos, têm-se por cumpridas todas as diligências de prova que o trabalhador arguido requereu na parte final da resposta à nota de culpa.

118. Em 21.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução proferido, tendo o trabalhador invocado que: “3 - No ponto 2 da mesma peça o arguido requereu a identificação de situações similares que aquele Departamento de Auditoria do Banco identificou nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018, e não foi dada qualquer resposta concreta, não sabemos quantas situações foram identificadas naquele período de tempo por este Departamento. 2 – Foi apenas dada resposta que no período compreendido entre Outubro de 2017 a Abril de 2018 foram instaurados 3 processos disciplinares, o que também não dá resposta ao ponto 3 da prova requerida, em função da ausência total de resposta ao ponto 2.”

119. No dia 23.10.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 05.11.2018 (no seguimento de despacho de instrução de 02.11.2018), via CTT (registo n.º ………PT).

120. E, no dia 02.11.2018, foi junto aos autos 1 documento, relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa (pontos 2 e 3), tendo sido remetida ao Autor nomeadamente cópia do referido documento, no dia 05.11.2018 (no seguimento de despacho de instrução de 02.11.2018), via CTT (registo n.º ………PT).

121. Tendo no dia 02.11.2018, sido proferido despacho de instrução, relativo à resposta apresentada pelo Autor em 21.09.2018, naquele se indicando ademais “Relativamente aos pontos 2 e 3 dos meios de prova requeridos na parte final da resposta à nota de culpa, atentos nomeadamente os documentos juntos por despacho de 22.08.2018, bem como, atentos os documentos juntos nos passados dias 23.10.2018 e 02.11.2018, tem-se por cumprido o que o trabalhador arguido requereu no referido ponto 1, tendo os referidos Departamentos de Auditoria e Departamento de Inspeção prestado informação sobre quantos concretos casos que identificaram sobre idêntica problemática à dos autos ou com características similares, relativamente à totalidade do período indicado pelo arguido, tendo adicionalmente a DRH da Arguente informado, relativamente a tais casos, se tinha sido instaurado (ou não) procedimento disciplinar e estado atual do referido processo disciplinar, nada mais havendo assim a determinar;” não tendo o Autor

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apresentando qualquer requerimento posterior ou resposta.

122. No ponto 6 da parte final da resposta à nota de culpa, o trabalhador arguido requereu o seguinte: “6 – Todas as informações profissionais do arguido, nomeadamente da proposta efetuada em 2018 pelo Gerente do Balcão C3… para o arguido ser promovido por mérito no decurso do processo anual de avaliações;”

123. No dia 09.07.2018, e no seguimento de notificação para o efeito, o trabalhador arguido apresentou requerimento aos autos, indicando nomeadamente “quanto ao ponto 6 dos meios de prova requeridos, o arguido pretende a junção aos autos de todas as suas informações profissionais de desempenho, e as avaliações periódicas de desempenho efetuadas pelo seu superior hierárquico direto, e não estritamente o “Processo Individual”, sem prejuízo da junção deste, mas sem prescindir daquelas”.

124. Nesse seguimento, no dia 30.07.2018, foi proferido despacho de instrução nomeadamente considerando a resposta apresentada pelo Autor, assim como foram juntos aos autos 6 documentos relativos às diligências de prova requeridas pelo Autor na parte final da resposta à nota de culpa, nomeadamente juntando-se aos autos os documentos n.ºs 5 e 6, referente ao transcrito no ponto 6, e atento o esclarecimento prestado pelo arguido, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução bem como de tais documentos, nesse mesmo dia, via CTT (registo n.º ……….PT), comunicação essa que foi devolvida em 13.08.2018 com a indicação aposta pelos CTT de “objeto não reclamado”. 125. Não obstante o Autor não ter levantado tal carta, em 20.08.2018, via CTT (registo n.º ………..PT) foi efetuado um novo envio ao Autor do conteúdo da comunicação que lhe havia sido remetida no passado dia 30.07.2018.

126. Em 03.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo nomeadamente ao despacho de instrução supra indicado.

127. Em 11.09.2018, atento o teor do requerimento manifestamente genérico, vago e a roçar o manifestamente dilatório, apresentado pelo Autor em 03.09.2018, foi proferido despacho de instrução, tendo sido remetida ao Autor cópia do referido despacho de instrução, via CTT (registo n.º ………..PT), entre o mais se notificando o trabalhador arguido, para, no prazo de 5 dias, informar os autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, qual ou quais os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Arguido na resposta à nota de culpa que não terão sido cumpridos, bem como para, no mesmo prazo de 5 dias, vir informar os Autos, de forma concreta, especificada e circunstanciada, em que medida os documentos/informações já juntos aos presentes autos, e dos quais foi notificado, não darão cumprimento a todos os meios de prova / diligências probatórias requeridas pelo Trabalhador Arguido na resposta à nota de culpa, sob pena de, nada dizendo, se considerar que, atentas e informações e documentação já juntas aos autos, têm-se por cumpridas todas as diligências de prova que o trabalhador arguido requereu na parte final da resposta à nota de culpa.

128. Em 21.09.2018, o Autor apresentou requerimento aos autos, respondendo ao despacho de instrução proferido, tendo o trabalhador invocado nomeadamente o seguinte: “Por fim, quanto à requerida junção de todas as informações profissionais do arguido contida no ponto 6 dos meios de prova, apenas foram juntas aos autos as reportadas aos anos de 2011 a 2014, e as posteriores a 2014, onde se inclui o período a partir do qual o arguido passou a desempenhar as funções de Gestor de Cliente Premium, portanto, de maior

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