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A judicialização da saúde: atuação do poder judiciário na efetivação do direito à saúde no município de Barreiras, oeste da Bahia.

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Academic year: 2021

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The health rights in force: actuation of judiciary power in the

accomplishment of health access right in barreiras city, west

of Bahia state

A judicialização da saúde: atuação do poder judiciário na efetivação do direito à saúde no

município de barreiras, oeste da Bahia

The judicialization of health: the role of the judiciary in the implementation of the right to

health in the municipality of Barrios, western Bahia

ABSTRACT

Objective: The academy paper discuss the accomplishment of health access right in administrative extent in Barreiras

city, West of Bahia state and the possible intervention of Judiciary Power as a guarantor of such right. Methodology: The research was performed in 2014 on the Public Treasury office located in Barreiras/BA, on the Federal Justice Court Subsection located in Barreiras/BA, on the Federal Public Prosecutor Subsection located in Barreiras/BA, on the State Public Prosecutor and in the City Health Department located in Barreiras/BA, through the appliance of two questionnaires. Results: The reaerch revealed that Barreiras city effectively provides the right to health in administrative extent, revealed by the large number of monthly appointments which is around 150 thousand people, in opposition to 11 lawsuits filed in Judiciary Power and 42 cases presented to Public Prosecutor. Conclusion: In addition, the most common types of claims envolving the right to health were researched, which revealed that the majority related to medical examinations requests, followed by medicines supply. Based on this research, it was established that the cases in which services were not provided by the City Health Department were mainly due to lack of technical and/or structural support and not related to lack or shortage of funds.

RESUMO

Objetivo: O artigo discute a efetivação do direito à saúde no âmbito administrativo no município de Barreiras, Oeste

da Bahia e a possível intervenção do Poder Judiciário como garantidor desse direito. Metodologia: A pesquisa foi realizada em 2014 na Vara da Fazenda Pública da Comarca de Barreiras/BA, na Justiça Federal Subsecção Barreiras/BA, no Ministério Público Federal Subseção Barreiras/BA, no Ministério Público Estadual e na Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, através de aplicação de dois questionários. Resultados: A conclusão da pesquisa demonstrou que o Município de Barreiras efetiva o direito à saúde no âmbito administrativo, pelo grande número de atendimentos realizados por mês, apontando atendimento de 150 mil pessoas, frente às 11 ações ajuizadas no Poder Judiciário e os 42 atendimentos realizados pelo Ministério Público. Conclusão: Buscou-se também conhecer os tipos mais comuns de pretensão envolvendo o direito à saúde, que na sua maioria foram a realização de exames, seguidos do fornecimento de medicamentos. Com essa pesquisa constatou-se que nos casos não atendidos pela Secretaria Municipal de Saúde, a principal justificativa foi a falta de suporte técnico e/ou estrutural e não a falta ou escassez de recursos.

RESUMEN

Objetivo: El artículo discute la efectivación del derecho a la salud en el ámbito administrativo en el municipio de

Barreiras, Oeste de Bahía y la posible intervención del Poder Judicial como garante de ese derecho. Metodología: La investigación fue realizada en 2014 en la Vara de la Hacienda Pública de la Comarca de Barreiras / BA, en la Justicia Federal Subsección Barreiras / BA, en el Ministerio Público Federal Subsección Barreras / BA, en el Ministerio Público Estatal y en la Secretaría Municipal de Salud de Barreiras / BA, mediante la aplicación de dos cuestionarios.

Resultados: La conclusión de la investigación demostró que el Municipio de Barreiras efectúa el derecho a la salud en

el ámbito administrativo, por el gran número de atendimientos realizados por mes, apuntando atención de 150 mil personas, frente a las 11 acciones ajuidas en el Poder Judicial y los 42 atendimientos realizados por el Ministerio pública. Conclusión: Se buscó también conocer los tipos más comunes de pretensión involucrando el derecho a la salud, que en su mayoría fueron la realización de exámenes, seguidos del suministro de medicamentos. Con esta investigación se constató que en los casos no atendidos por la Secretaría Municipal de Salud, la principal justificación fue la falta de soporte técnico y / o estructural y no la falta o escasez de recursos.

Agnaldo Vieira Queiroz¹ Cristiane Gabriel Pacheco²

¹Advogado. Graduado em Direito pela Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB). Barreiras, Bahia – Brasil. E-mail: avqueiroz1@live.com

²Advogada. Professora e Coordenado do Curso de Direito. Mestre em Direito Processual e Cidadania pela Universidade Paranaense - UNIPAR. Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB). Barreiras, Bahia – Brasil. E-mail: profcristianepacheco@hotmail.com

Descriptors Right to Health. Accomplishment.

Administrative. Judiciary Power. Descritores Direito à Saúde. Efetivação. Administrativo. Poder Judiciário. Descriptores Derecho a la Salud. Efectividad.

Administrativo. Poder Judicial.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2018-03-14 Accepted: 2018-04-11

Publishing: 2018-06-15

Corresponding Address Cristiane Gabriel Pacheco Faculdade São Francisco de Barreiras - FASB

Coordenação de Direito Avenida São Desidério, n. 2440 Bairro Ribeirão

CEP 47.808-180 Barreiras - Bahia

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INTRODUÇÃO

O direito à saúde está diretamente ligado ao direito à vida e deve ser prestado pelo Estado, que é o detentor desta obrigação conforme o texto constitucional. Quando não há efetividade por parte do Poder Executivo, o Poder Judiciário, se acionado, interfere, no intuito de viabilizar essa efetividade. Assim sendo, o objeto de estudo deste trabalho constitui-se na seguinte temática “Judicialização da saúde: atuação do Poder Judiciário na efetivação do direito à saúde no Município de Barreiras, Oeste da Bahia”.

A separação dos poderes preceituados na Constituição Federal, afirma que estes deverão ser independentes e harmônicos entre si, porém caberá ao Poder Judiciário, todas as vezes que for acionado, interferir na esfera dos outros poderes, inclusive no Poder Executivo, precipuamente nos casos de cerceamento de direitos, dentre eles, o direito à saúde.

O estudo a respeito da efetivação da saúde por parte do Poder Executivo e a intervenção do Poder Judiciário, possibilitará a busca de respostas para a seguinte problemática: em que medida o Município de Barreiras efetiva o direito à saúde sem a interferência do Poder Judiciário? Parte-se da hipótese que o Poder Executivo do Município de Barreiras, Oeste da Bahia, não efetiva satisfatoriamente o direito à saúde, obrigando os munícipes a buscarem a intervenção do Poder Judiciário para que haja efetividade.

Para tanto, utiliza-se o método racional indutivo, que parte do particular para o geral, analisando os dados qualitativos e quantitativos obtidos junto aos órgãos administrativos e posteriormente a participação do Poder Judiciário estadual e federal.

O presente artigo vai discutir a dimensão do direito à saúde na cidade de Barreiras, Oeste da Bahia e a possível interferência do Poder Judiciário na sua concretização, demonstrando, de que forma o município de Barreiras/BA vem efetivando o direito à saúde, uma vez que se trata de um direito universal, coletivo e protegido constitucional e internacionalmente.

A INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO NA CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE

O direito à saúde é indispensável à vida e a dignidade da pessoa humana, devendo ser oferecido pelo Estado, que através do Poder Executivo, tem a missão administrativa de ser o primeiro garantidor. Uma vez não atendido ou negado esse direito na esfera administrativa, o cidadão tem dois caminhos a seguir: o primeiro é a busca pelo Ministério Público, como ente legitimado constitucionalmente em zelar pela saúde pública que pode exigir o cumprimento do direito de forma administrativa ou ajuizar uma ação judicial; o segundo caminho é o ajuizamento de ação diretamente no Poder Judiciário por meio de um advogado contratado ou pela Defensoria Pública.

Com relação à busca judicial por medicamentos ou tratamentos de saúde, as decisões, em sua maioria, são pautadas em duas vertentes: a primeira é que o medicamento esteja na lista do Sistema Único de Saúde, dentro da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (SUS-RENAME), e o tratamento seja relacionado pelo SUS, porém não foi disponibilizado de forma administrativa pelo poder público, indicando uma falha na gestão.

A outra vertente tem maior repercussão, pois está relacionada à solicitação de fármacos ou tratamentos não previstos legalmente, não implicando em competência legítima para o fornecimento ou prestação do serviço. Quanto às soluções, em relação a primeira vertente esta poderia ser resolvida facilmente de maneira administrativa, sem que houvesse a necessidade de ações na Justiça, já a segunda exige uma atuação do Poder Judiciário, pois a decisão judicial é essencial para que haja a solução deste conflito.

Esgotadas as possibilidades de resolução de forma administrativa ou mesmo em caso de urgência, o Poder Judiciário pode ser provocado pela parte, para dirimir eventual cerceamento de direito, bem como efetuar a ponderação em cada caso analisando as circunstâncias e a colisão de direitos que porventura tenham ocorrido. Para Sarmento (2008 p. 02) “atualmente, pode-se dizer que o Poder Judiciário brasileiro “leva a sério” os direitos sociais, tratando-os como autênticos direitos fundamentais”, dando efetividade a quem teve negado os seus direitos.

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A intervenção do Poder Judiciário tem contribuído para uma maior discussão da sociedade civil, bem como ajudado a elaborar políticas públicas que garantam maior efetividade do direito à saúde, mas a falta de recursos ainda se apresenta como um forte entrave.

MÉTODOS DA PESQUISA

Foi aplicado na pesquisa o método racional indutivo, que parte do particular para o geral, analisando os dados qualitativos e quantitativos obtidos junto aos órgãos, sobre a efetividade no âmbito administrativo do direito à saúde, e a possível intervenção do Poder Judiciário.

Para obtenção dos dados da pesquisa foram visitados: a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Barreiras/BA, o Ministério Público Estadual da Comarca de Barreiras/BA, o Ministério Público Federal Subseção Barreiras/BA e a Justiça Federal Subseção Barreiras/BA.

Na Vara da Fazenda Pública, na Justiça Federal Subseção Barreiras, no Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal Subseção Barreiras, foram aplicados o questionário “tipo 1”, composto por 06 (seis) perguntas, para levantamento de dados qualitativos e quantitativos acerca da judicialização da saúde no município de Barreiras, Oeste da Bahia.

Para a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, foi aplicado o questionário “tipo 2”, composto por 13 (treze) perguntas, no intuito de confrontar com os dados obtidos nos órgãos judicantes e os dados específicos do aludido município, para que dessa forma, verificando, por meio das respostas se o direito à saúde se concretiza por meio administrativo ou se é necessário a intervenção do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Primeiro serão discutidos os dados obtidos juntos a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Barreiras/Ba, Justiça Federal Subseção Barreiras/Ba, Ministério Público Federal Subseção Barreiras/Ba e Ministério Público Estadual. No decorrer desta análise, serão dispostos os resultados obtidos junto a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA.

RESULTADOS

O primeiro questionamento foi acerca da “quantidade mensal de cidadãos que buscam pretensão que envolva direito à saúde”.

Gráfico 1: Quantidade/Mês de cidadãos que buscam pretensão que envolvam o direito à saúde

Fonte: Pesquisa de campo 2014.

A análise dos dados revelou que o número de cidadãos que buscam os órgãos judicantes e o Ministério Público por mês é pequeno, uma vez que 42 (quarenta e duas) pessoas procuraram o Ministério Público e somente 11 (onze) ações foram ajuizadas. Somente 2 (duas) pessoas procuraram o MPF e não obtiveram sucesso em sua pretensão porque pleitearam medicamentos que não possuíam registro na ANVISA, fato que impossibilita sucesso na demanda, por critérios adotados pelo CNJ, com base na Audiência Pública nº 04 do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse contexto, Botelho (2011 p. 159), ensina que:

Não raro, busca-se, no Poder Judiciário, a condenação do Estado ao fornecimento de prestação de saúde não registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, é vedado à Administração Pública fornecer fármaco que não possua registro na Anvisa. Por tudo isso, o registro na Anvisa configura-se como condição necessária para atestar a segurança e o benefício do produto, sendo o primeiro requisito para que o Sistema Único de saúde possa considerar sua incorporação.

As ações judiciais que tramitam na Vara da Fazenda Pública, figuram no polo passivo o Estado e o Município, porém em razão da celeridade processual, os demandantes têm ajuizado ações na Justiça Federal, introduzindo no polo passivo a União, e com isso,

tornando-40 2 6 5 MPE MPF VARA DA FAZENDA PÚBLICA

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a competente para conhecer e julgar. Nesse sentido Mendes (2010 p. 833) preconiza que “União, Estados, Distrito Federal e Municípios são responsáveis solidários pela saúde junto ao indivíduo e à coletividade e, dessa forma, são legitimados passivos nas demandas (...)”. Entendimento que foi consolidado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público Estadual atuando como fiscal da lei, legitimado constitucionalmente, tem atuado no intuito de buscar o direito à saúde no município de Barreiras/BA, recebendo a população, e sempre que os pedidos são pertinentes, notifica a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA. Não havendo cumprimento por meio da notificação, ajuíza demanda judicial.

Questionando quantitativamente quais eram os pedidos mais comuns no Poder Judiciário e no Ministério Público Federal e Estadual, ou seja, os pedidos com mais procura pelos usuários dos serviços de saúde, bem como aqueles cuja negativa seja mais recorrente por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, e por isso, geram maior do Ministério Público e mais ações judiciais.

Gráfico 2: Pedidos junto ao MPE, MPF, Vara da Fazenda Pública e Justiça Federal.

Fonte: Pesquisa de campo 2014.

Constatou-se que a maioria pleiteou exames, pois das 53 (cinquenta e três) pessoas atendidas, houveram 21 (vinte e um) pedidos. Em segundo lugar foi o fornecimento de medicamentos com 17 (dezessete) pedidos. Em terceiro lugar protocolizaram 11 pedidos de cirurgias e em último lugar com 04 (quatro) pedidos, a busca por tratamento de doenças crônicas.

Nota-se dessa forma que a procura por exames de média e alta complexidade é o que mais exigiu a tutela do Poder Judiciário ou a do Ministério Público. Muitos exames solicitados não estão disponíveis na rede municipal em virtude de falta de profissional adequado e/ou estrutura, equipamentos.

Apesar de não haver profissionais qualificados e equipamentos necessários para a realização dos exames, é dever da Administração Pública praticar todos os atos para o bom cumprimento do direito à saúde. Na possibilidade de não poder fazê-lo na rede própria, deverá terceirizar para a iniciativa privada.

O que motivou essas pessoas a buscarem a tutela judicial ou do Ministério Público, foi à negativa de atendimento por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, por esse motivo foi questionado qual era a principal alegação de defesa da Secretaria Municipal de Saúde, e obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 3: Dados obtidos na Secretaria Municipal de Saúde

Fonte: Pesquisa de campo 2014.

No questionário aplicado na Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, foi perguntado qual era o número atendimentos/mês, obtendo-se um número aproximado de 150 mil pessoas. Esse número supera a população da cidade de Barreiras/BA, com o esclarecimento de que existe um pacto entre o Município de Barreiras e os demais municípios da região Oeste da Bahia e de outras cidades próximas do Piauí, Goiás e Tocantins, na região fronteiriça, para atendimento de demandas de saúde, principalmente internamentos no Hospital do Oeste-HO.

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FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS EXAMES CIRURGIA TRATAMENTOS DE DOENÇAS CRONICAS

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Gráfico 4: Principais alegações de defesa da secretaria municipal de saúde pelo não atendimento.

Fonte: Pesquisa de campo 2014.

O resultado demonstrou que na maioria das vezes em que há uma negativa de atendimento por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, é por falta de suporte técnico, a exemplo de médicos especialistas, estrutura física e equipamentos sofisticados para realização de procedimentos como tratamento de câncer, que nos dias atuais não há disponibilidade na rede municipal. Mas independente de não dispor desse aparelhamento especial, ainda continua sendo dever do Poder Executivo municipal o cumprimento dos preceitos constitucionais.

Ainda que a Administração Pública no âmbito municipal não possua todas as especialidades, não se exime da responsabilidade em fornecê-la, seja por meio da rede própria ou da terceirização. O entendimento pacificado da doutrina e da jurisprudência diz que a competência entre os entes federativos é solidária, e na falta de um, o outro ente tem o dever da prestação material à saúde. Se tem negativa de atendimento por falta de estrutura física ou humana, esta deve ser sanada, no intuito de beneficiar a coletividade.

Esperava-se que a falta de recursos financeiros fosse a principal alegação de defesa da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, no entanto, ficou demonstrado que não há de se falar em reserva do possível no panorama apresentado pela pesquisa.

Restava ainda saber qual era o grau de êxito em relação processos que tramitaram no Poder Judiciário ou do Ministério Público:

Gráfico 5: Obtenção de êxito por meio de notificação e de ação judicial.

Fonte: Pesquisa de campo 2014.

O resultado foi que o Ministério Público Estadual fez 40 (quarenta) notificações para a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, e destas apenas 25 (vinte e cinco) obtiveram êxito sem a necessidade de ação no Poder Judiciário. Em contrapartida, foram ajuizadas 11 (onze) ações na Vara da Fazenda Pública da Comarca de Barreiras/BA, e a Justiça Federal Subseção Barreiras/BA e em todas, os demandantes obtiveram êxito nos seus pedidos.

RESULTADO

Supunha-se muito grande o número de cidadãos que pleiteavam a prestação material à saúde e não eram atendidos em virtude da falta de recursos financeiros, obrigando-os a pleitear judicialmente e do Ministério Público. No deslinde da pesquisa refutou-se essa hipótese, em virtude do número de pessoas atendidas mensalmente pela Secretaria Municipal de Barreiras/BA, que passa dos 150 mil, frente à quantidade de pessoas que buscam a tutela jurisdicional ou o Ministério Público que foi em média de 53 pessoas.

Questionou-se o número de pessoas que são beneficiadas por mês pela Secretaria Municipal de Saúde em virtude de notificações do Ministério Público e de ações judiciais, chegando ao número de 50 (cinquenta) pessoas por meio de notificações, e 08 (oito) por meio de ação judicial. Número considerado muito pequeno se comparado

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ESCASSEZ DE RECURSOS FINANCEIROS NÃO ESTÁ OBRIGADA AO FORNECIMENTO FALTA DE SUPORTE TÉCNICO PROFISSIONAL E/OU ESTRUTURAL

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AÇÕES JUDICIAIS: FAZENDA PÚBLICA E JUSTIÇA FEDERAL EFETIVAÇÃO POR MEIO DE AÇÃO JUDICIAL EFETIVAÇÃO POR MEIO DE NOTIFICAÇÃO

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à quantidade de pessoas atendidas por mês de forma administrativa. As pessoas atendidas por intermédio do Ministério Público ou do Poder Judiciário, por serem em pequeno número, não comprometem o orçamento mensal municipal destinado à saúde. Outro dado importante é que não existe previsão orçamentária extraordinária para despesas não previstas. Quando há uma despesa não prevista, sacrifica-se o recurso destinado à compra de medicamentos.

O orçamento da Secretária Municipal de Saúde de Barreiras/BA, é composto por verbas advindas do Fundo Nacional de Saúde e da contrapartida do orçamento da Prefeitura Municipal de Barreiras/BA, que por força do art. 7º da Lei Complementar Nº 141 de 13 de janeiro de 2012, regulamentando o parágrafo 3° do art. 198 da Constituição Federal, atualmente é de 15% (quinze por cento). Conforme o texto:

Art. 7º Os Municípios e o Distrito Federal aplicarão anualmente em ações e serviços públicos de saúde, no mínimo, 15% (quinze por cento) da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam o art. 158 e a alínea "b" do inciso I do caput e o § 3o do art. 159, todos da Constituição Federal (BRASIL, 2014).

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, estes recursos têm sido aplicados na saúde do município, de forma efetiva. Busca-se o fortalecimento da rede própria, na tentava de oferecer um serviço de qualidade, mas ainda existe deficiência de alguns serviços por falta de profissionais qualificados em determinadas áreas e também faltam equipamentos especializados.

Em relação à execução dos serviços de saúde, a Constituição em seu art. 197 preceitua que estes poderão ser executados pela rede própria, ou através de terceirização de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Assim dispondo:

Art. 197 -São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (BRASIL, 2014).

Ao final informou também o número de ações ajuizadas em desfavor da Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, ficando em torno de 08 (oito) por mês. Números considerados pequenos, frente à quantidade de pessoas beneficiadas de forma administrativa.

Em relação à quantidade de pessoas por área que não puderam ser atendidas pela Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, não houve a quantificação exata de pessoas. Porém, soube-se que as áreas mais procuradas e que não houve atendimento foi o fornecimento de medicamentos de alto custo e a autorização de cirurgias.

Botelho (2011 p. 159) dispõe que: “se a prestação de saúde pleiteada não estiver entre as políticas do SUS, é imprescindível distinguir se a não prestação decorre de uma omissão legislativa ou administrativa, de uma decisão administrativa de não fornecê-lo ou de uma vedação legal a sua dispensação”, e dessa forma buscar os meios necessários para que a prestação seja efetivada, se por meio de intervenção do Ministério Público ou do Poder Judiciário. Antes de buscar a tutela desses órgãos, é importante que se esgote as possibilidades no âmbito administrativo.

A Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, disse não ser contra a judicialização da saúde, entende que é necessária uma afinação maior com o Ministério da Saúde, para que em conjunto efetivem o direito à saúde de forma a atender toda a população necessitada, ou seja, o Poder Judiciário em parceria com o Poder Executivo, na aplicação das políticas públicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito social à saúde garantido constitucionalmente, deve ser prestado de forma igualitária e universal, individualmente e coletivamente. É dever do Estado a prestação material à saúde, elaborando políticas públicas que visem garantir esse direito tão importante, ligado ao direito basilar à vida e a dignidade da pessoa humana, pois não se pode falar em vida digna sem saúde.

Os entes federativos têm competências distintas, porém, numa eventual falta de um, os outros entes, poderão efetivar de forma solidária a prestação à saúde,

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conforme entendimento pacificado da doutrina e jurisprudência.

A pesquisa de campo demonstrou que o município de Barreiras, Oeste da Bahia, efetiva no âmbito administrativo o direito à saúde, beneficiando a coletividade, em virtude do grande número de atendimentos realizados por mês, frente à pequena quantidade de pessoas que buscam a tutela do Ministério Público e do Poder Judiciário, refutando totalmente a hipótese de que a saúde só era concretizada através da intervenção do Poder Judiciário.

Diferente do que se esperava a falta de recurso não é motivo principal do não atendimento pela Secretaria Municipal de Saúde de Barreiras/BA, dessa forma não de há se falar em reserva do possível, pois na maioria dos casos em que houve negativa de atendimento, essa se deu, pela falta de estrutura física e profissionais qualificados em determinadas áreas, a exemplo do serviço de oncologia (tratamento de câncer), ainda não disponível no município. A judicialização da saúde é um tema polêmico, pois envolve acima de tudo a separação dos poderes estabelecidos na Constituição em destaque porque o Poder Judiciário não é eleito pelo povo, e dessa forma não teria competência para interferir nas políticas públicas, que competem ao Poder Legislativo e Executivo.

Ao Poder Judiciário não cabe estabelecer políticas públicas, mas sim efetiva-las, quando acionado. Quando os poderes Legislativo e Executivo não cumprirem com suas funções, caberá ao Poder Judiciário garantir o cumprimento. Se o Poder Executivo do município de Barreiras/BA, não efetivar o direito à saúde, é direito do cidadão e da coletividade buscar a tutela jurisdicional, para que dessa forma, haja o cumprimento.

Não foi conhecido na presente pesquisa, o ponto de vista do usuário, pois o foco foram os órgãos que tem a responsabilidade de efetivar o direito à saúde, seja no âmbito administrativo ou judicial.

REFERÊNCIAS

1 - BOTELHO, Ramon Fagundes – A judicialização do

direito à saúde: a tensão entre o “mínimo existencial” e a “ reserva do possível” na busca pela preservação da dignidade da pessoa humana. Curitiba: Juruá, 2011.

2 - BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília: DF, Senado, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/const ituicaocompilado.htm. Acesso em: 18 de abril de 2014. 3 - BRASIL, Lei Complementar Nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Brasília: DF, 2014 Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/LEI_COMPLEMENTAR _No_141.pdf. Acesso em: 17/10/2014.

4 - BRASIL, Supremo Tribunal Federal, Audiência Pública da Saúde nº4 ano 2009, Disponível em, http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/processoAudienciaPu blicaSaude/anexo/Despacho_Convocatorio.pdf. Acesso em 24 de maio de 2014.

5 - MENDES, Gilmar Ferreira O direito à saúde na

Constituição de 1988. In: MENDES, Gilmar Ferreira;

COELHO, Inocêncio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet (orgs.) Curso de direito constitucional.- 5. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2010.

6 - SARMENTO, Daniel - A proteção judicial dos direitos

sociais: alguns parâmetros ético- jurídicos. 2008,

Disponível em: files.camolinaro.net/.../A-Protecao-o-Judicial-dos-Direitos-Sociais.pdf. Acesso em 21/09/2014.

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