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A monotonia da arborização urbana

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Simone Cristina de Oliveira

Universidade Federal de São Carlos simonecoliv@gmail.com

A monotonia da arborização urbana

Ricardo Siloto da Silva Universidade Federal de São Carlos silotosilva@gmail.com

Gustavo DAlmeida Scarpinella Universidade Federal de São Carlos gscarpinella@gmail.com

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CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

A MONOTONIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA

S.C. Oliveira, R.S. Silva, G.D. Scarpinella

RESUMO

A arborização presta um importante papel ambiental para o tecido urbano. Além de uma boa cobertura arbórea, a heterogeneidade de espécies é um aspecto que deve ser considerado para o fortalecimento da relação ecossitêmica entre os exemplares. Neste artigo foram analisados trechos da área urbana de Araraquara (estado de São Paulo/Brasil) quanto à sua diversidade arbórea, baseados em um inventário realizado pelo poder público municipal. Os estratos considerados para o estudo qualitativo desta população vegetal foram: calçadas, canteiros centrais e novas vias. Os resultados da pesquisa evidenciaram, de uma forma geral, uma baixa diversidade de espécies nos dois primeiros estratos (75% da totalidade inventariada nestas regiões correspondeu a somente 3 espécies distintas). Para as novas vias, foi adotada predominantemente 1 espécie de palmeira, com ocorrência de 80% - 90%, evidenciando um empobrecimento varietal e potencializando risco de rápido declínio da população arbórea, a ser eventualmente acometida por pragas ou doenças.

1 INTRODUÇÃO

A arborização urbana é uma das estratégias utilizadas nas cidades em favor da qualificação de espaços públicos. Sua inserção nas cidades, como elemento de infraestrutura verde, minimiza os impactos da infraestutura cinza, esta caracterizada por vias e construções (HERZOG, 2013).

Nas cidades brasileiras, a arborização urbana teve início em meados de 1950. São diversos os seus benefícios – ambientais e econômicos. Promove a melhoria da qualidade de vida, o embelezamento da cidade, garante proteção contra ventos, diminui a poluição sonora, garante sombreamento, atrai e ambienta pássaros, absorve parcialmente a poluição atmosférica, valoriza a propriedade pela beleza cênica e higienização mental (MAGALHÃES, 2004; HERZOG, 2013). Há autores que relacionam a boa arborização em cidades com a diminuição da violência urbana (WOLFE e MENNIS, 2012). Outros relacionam o retorno financeiro e a arborização, onde a cada dólar investido, há um retorno de US$ 4,48 (SOARES et al.,2011).

A diversidade de espécies dentro da arborização urbana também pode ser relacionada como uma vantagem, devendo ser consideradas a forma da folha, a densidade foliar e o tipo de ramificação (NOWAK et al., 2000). Quando se homogeneiza a composição de espécies, há um padrão de comportamento parecido sem a multiplicidade de funções típica

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de um ambiente com diversidade. Isernhagen et al. (2009) afirmam que a utilidade das áreas urbanas arborizadas e com diversificação de espécies, é fundamental para a conservação dos indivíduos. Além disso, com o incremento na variabilidade de espécies, são maiores as possibilidades de desenvolvimento de inimigos naturais de microrganismos que impactam a sanidade dos exemplares arbóreos. Portanto, a diversificação de espécies arbóreas também é importante pela ampliação do número de espécies da fauna (BRUN et al., 2007).

A quantificação da cobertura arbórea é importante pela referência, caracterização e possibilidade de gerenciamento e tomada de decisão destes espaços. Nas cidades, tal cobertura pode apresentar índices que apontem para uma determinada área em função da população local. Cavalheiro e Del Picchia (1992) discutem o valor de 12m2 de área verde

por habitante, considerado ideal ao espaço de áreas urbanas e atribuído à ONU, ou seus representantes para a Saúde (OMS - Organização Mundial da Saúde) e alimentação (FAO - Organização para Agricultura e Alimentação). A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) propôs como índice mínimo para áreas verdes públicas destinadas à recreação, o valor de 15 m2/habitante, adotado em diversas cidades brasileiras (SBAU,

1996).

Além da quantidade de espécies arbóreas, a diversidade é um aspecto importante no gerenciamento da população vegetal em áreas urbanas. A variedade disponível de espécies, a beleza que cada uma representa, os benefícios variados que podem proporcionar e a garantia de ambientes menos suscetíveis a determinadas pragas e doenças vegetais são alguns dos benefícios que podem ser atribuídos à diversidade arbórea.

O objetivo do presente artigo foi verificar a diversidade existente de espécies vegetais, arbóreas e arbustivas localizadas nas vias públicas de Araraquara (estado de São Paulo) através da utilização de Sistema de Informação Geográfica (SIG), análise de inventário e observação direta in loco. Araraquara foi selecionada como estudo de caso devido ao seu histórico e tradição de cidade arborizada. Além desse fator, sua área de projeção de copa tem sido bem conceituada no Programa Município Verde Azul, criado pelo poder público estadual paulista que visa, dentre outros avanços ambientais, o fortalecimento da arborização urbana dos municípios paulistas.

1.2 Diversidade

Tendo sido expostas as vantagens da arborização urbana e da importância da diversidade de espécies, é interessante que se apresentem os valores sugeridos de tal variabilidade. A diversidade arbórea de espécies propicia um ecossistema mais equilibrado e menos suscetível quanto à ocorrência de pragas e doenças. Também possibilita que um número maior de espécies de pássaros, insetos e outros seres polinizadores se beneficiem. Segundo Grey e Deneke (1978), cada espécie arbórea não deve ultrapassar entre 10% e 15% do total de indivíduos da população, visando um bom planejamento da arborização urbana. Santamour (2002) sugere como prudente, em termos varietais arbóreos, uma limitação de 10% da mesma espécie plantada em uma área urbana. Este autor também indica como restrições necessárias ao bom desenvolvimento populacional varietal, valores inferiores a 20% de plantas do mesmo gênero e 30% da mesma família, se plantadas na mesma região urbana.

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A base legal federal, estadual e municipal, além dos conhecimentos empíricos e técnicos acumulados, revelam as vantagens do desenvolvimento de espécies vegetais arbóreas em ambiente urbano. Entretanto, não há documentos legais com indicação que visem especificamente à diversificação de espécies.

Diversos países abrigam atualmente estudos e legislação que conferem, além da proteção e possibilidade de implantação, parâmetros para cobertura arbórea e seu manejo nas cidades. A Lei 6.766/79 (BRASIL, 1979) que trata do Parcelamento do Solo, em seu artigo 22 impõe, para o registro de parcelamento, a constituição e integração ao domínio público de vias de comunicação, praças e espaços livres. Tal normativa aponta para a importância destas áreas junto ao ambiente construído, seja para garantir trechos permeáveis, seja para proporcionar espaços de lazer e trazer maior qualidade de vida ao cidadão urbano.

Através da criação da Constituição Federal em 1988, foi possível tornar o Poder Público municipal responsável em sua política de desenvolvimento urbano e, dentre outras atribuições, criar, preservar e proteger as áreas verdes das cidades.

O Estatuto das Cidades (Lei federal n°10.257, de 2001) foi criado para regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, que tratam do desenvolvimento da política urbana. Neste Estatuto, foram estabelecidas as diretrizes gerais da política urbana, e há nele instrumentos que colaboram para uma maior sustentabilidade ambiental territorial, passando por um aproveitamento mais organizado do ambiente urbano e buscando evitar a ocupação de regiões de fragilidade ambiental situadas nas cidades. O Estatuto da Cidade preceitua que, por alcançar o pleno desenvolvimento das funções da cidade, a política urbana deve pautar-se por diretrizes que visem, dentre outras, o controle da degradação ambiental e a proteção, a preservação e a recuperação do meio ambiente natural e construído. É relevante que essa base legal federal esteja apoiada nas políticas públicas estaduais e municipais, como defende Sanchotene (2012), acerca da importância da arborização urbana na contribuição da formação de cidades mais sustentáveis, criativas e inteligentes.

Para que as cidades alcancem uma cobertura arbórea satisfatória são necessários investimentos em educação ambiental, mão-de-obra, técnicas de plantio, manutenção e poda, formação e manutenção de viveiros e diversidade de oferta de exemplares nestes espaços.

A baixa diversidade de espécies verificada em áreas urbanas brasileiras é um aspecto geralmente não considerado em seu planejamento e reflete, em partes, a baixa variedade de espécies arbóreas disponíveis nos viveiros. Esse fator deslocado do planejamento urbano e da adequação da arborização pode comprometer os espaços no futuro, pela falência fisiológica das espécies em um mesmo período, em relação ao seu ciclo de vida. Nesse caso, seria necessário promover a substituição de grande número de indivíduos numa mesma época, condição desfavorável nos espaços urbanos, pelo seu custo elevado e declínio natural do ambiente.

De acordo com Oliveira (2006), a baixa diversidade de espécies na área urbana de Salvador, capital do estado da Bahia, propiciou uma maior ocorrência dos agentes etiológicos, tais como fungos (92,4%), bactérias (4,2%) e nematóides (3,4%). Além destes agentes patogênicos, a autora descreve a presença de insetos (pulgões, cochonilhas, besouros), vetores potenciais de patógenos, e que atuam sobre as estruturas vegetais

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(folhas, caules e raízes) alterando os processos fisiológicos. Estes fatores identificados pela autora são correlacionados, sobretudo, a ações antrópicas e ao manejo inadequado da vegetação urbana. Considerando que não se recomenda o controle químico de pragas e doenças no meio urbano (pelo risco de contaminação do meio e envenenamento de outros seres vivos), uma das alternativas preventivas seria a diversificação das espécies priorizando as nativas.

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Foi tomada como estudo de caso na presente pesquisa a área urbana de Araraquara (SP), situada na região central do estado de São Paulo. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – este município tem uma população, para 2017, estimada em 230.770 habitantes e possui uma área total de 1.006 km², sendo que a área urbana corresponde a aproximadamente 8% deste montante (80 km²) (IBGE, 2018).

A localização da área em estudo é apresentada na Figura 1.

Fig. 1 Área de estudo do presente artigo. Da esquerda para a direita: delimitação geográfica do Brasil com destaque para o Estado de São Paulo; Delimitação do Estado de São Paulo, com destaque para o município de Araraquara e; Delimitação

do município de Araraquara, com destaque para a sua área urbana. Fonte: elaboração própria.

3 MÉTODO

Para o desenvolvimento deste estudo foi realizada uma avaliação populacional arbórea em três diferentes estratos: calçadas, canteiros centrais e novas vias (resultantes dos novos parcelamentos de solo e dos processos de revitalização).

O objetivo desta estratificação está em verificar a diversidade e distribuição de espécies na área urbana do município. A avaliação da população arbórea nas calçadas foi feita mediante inventário já existente, realizado pelo poder público municipal de Araraquara em 2014. Os canteiros centrais e as novas vias foram avaliados através de observação direta dos autores. Foi relacionada a legislação vigente sobre o tema, tanto nacional como regional (Araraquara).

Ainda, como forma complementar ao levantamento, foram realizadas consultas em material bibliográfico correlato e legislação sobre o tema, além de trabalho com Sistema de Informação Geográfica (SIG).

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Foi usado como base de referência o mapa de Regiões de Planejamento de Bairros (RPB) do Plano Diretor do município de Araraquara (ARARAQUARA, 2014). Este mapa apresenta o município dividido em 11 regiões estratégicas de planejamento (Figura 2). As RPB são consideradas unidades topológicas para redefinição das regiões censitárias do IBGE. As regiões 10 e 11 não são apresentadas na Figura 2 por serem periurbanas e não constarem no escopo de estudo do presente artigo. Estas estão parcialmente localizadas no trecho abaixo da linha preta demarcada como Rodovia.

Fig. 2 Regiões Administrativas de Planejamento de Bairros (RPB) do Plano Diretor. Fonte: Adaptado de ARARAQUARA, 2014.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No inventário realizado no município foram aferidas espécies arbóreas utilizadas em 1/3 da área urbana, o que representa quase toda a região central e os bairros mais antigos, onde a arborização já está consolidada. Este inventário representa, de acordo com o mapa das RPB, o levantamento dos estratos selecionados das regiões 2, 3, 7 e 9. O inventário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SMMA - registrou a ocorrência de aproximadamente 45 espécies distribuídas nas seguintes regiões: 2 (2.1; 2.2), 3 (3.1), 7 (7.1, 7.2, 7.3) e 9 (9.1, 9.2). As regiões apresentadas na Figura 2 correspondem aos seguintes números: 1 (Chácara Flora, Estância Primavera), 2.1 (Centro, Vila Ferroviária), 2.2 (São José, Jardim Tamoio, Jardim Santa Lúcia), 3.1 (Jardim Santa Angelina, Fonte, Jardim Primavera, Vila Harmonia, Jd. Dom Pedro), 3.2 (Jardim Marivan, Jardim. Imperador, Jardim das Roseiras), 4.1 (Vila Xavier, Jardim das Estações, Jardim Pinheiros), 4.2 (Jardim América, Jardim Brasil, Parque Gramado), 4.3 (Jardim Paulistano, Jardim Santa Maria), 5.1 a 5.4 (Parque Ecológico do Pinheirinho, Jardim Pinheiros, Parque Residencial São Paulo, Yolanda Ópice, Jardim Martinez, Vila Melhado), 6.1 a 6.3 (Parque das Hortências, Jardim Cruzeiro do Sul, Jardim Del Rey, Parque Iguatemi, Jardim Vitório de Santi), 7.1/7.2 (Vila Santana, Vila Nossa Senhora do Carmo, Jardim Quitandinha, Centro), 7.3 (Jardim Universal, Bairro São Geraldo), 8 (Jardim Roberto Selmi Dei, Jardim

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Adalberto Roxo, Jardim Imperador), 9.1 a 9.3 (Loteamento Cidade Jardim, Jardim Botânico. Jardim Cambuí, Parque Tropical, Jardim, Água do Paiol, Parque Residencial Vale do Sol, Residencial Lupo) (ARARAQUARA, 2014).

As 10 espécies com maior ocorrência nestas áreas são apresentadas no Quadro 1 (SMMA, 2014).

Quadro 1 Distribuição das principais espécies vegetais em calçadas e canteiros na área inventariada do município de Araraquara.

Nome

comum Nome Científico

Nativa/

Exótica % Área de Ocorrência

Oiti Licania tomentosa nativa 25 2 (2.1; 2.2), 3 (3.1), 7 (7.1, 7.2, 7.3) e 9 (9.1, 9.2)

Murta Murraya paniculata exótica 25 2 (2.1; 2.2), 3 (3.1), 7 (7.1, 7.2, 7.3) e 9 (9.1, 9.2)

Alfeneiro Ligustrum japonicun exótica 25 2 (2.1; 2.2), 3 (3.1), 7 (7.1, 7.2, 7.3) e 9 (9.1, 9.2)

Outras - - 10 -

Resedá Lagerstroemia speciosa exótica 3 3 (3.1)

Falso chorão Salix babylonica exótica 3 3 (3.2)

Aroeira Schinustere binthifolius nativa 3 3 (3.2)

Quaresmeira Tibouchina granulosa nativa 2 3 (3.1)

Pata de vaca Bauhinia L. exótica 2 2 (2.1) e 3 (3.1)

Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides nativa 1 2 (2.1)

Tipuana Tipuana tipu exótica 1 2 (2.1)

Total - - 100 -

Fonte: SMMA, 2014

Em relação ao Quadro 1, é interessante destacar que apenas 3 espécies correspondem a 75% da ocorrência de espécies vegetais nas regiões inventariadas dos dois primeiros estratos observados (calçadas e canteiros).

A análise de espécies dispostas nos canteiros centrais da cidade de Araraquara é apresentada no Quadro 2. Na maioria destas vias predomina uma única espécie (ocorrência de 100%) ou em alguns casos onde há a presença de outras, destacou-se a espécie com maior ocorrência. Os Quadros 2, 3 e 4 demonstram um conflito com o que Santamour (2002) e Grey e Deneke (1978) sugerem em termos varietais arbóreos. Embora o inventário arbóreo para a área urbana de Araraquara não tenha sido finalizado até o presente momento, é possível constatar que a recomendação de diversidade é ignorada, havendo ruas e avenidas com 100% de ocorrência de uma única espécie.

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Quadro 2 Principais ocorrências de espécies arbóreas dos canteiros centrais de Araraquara

Nome da Via

(canteiro central) Nome Comum Nome Científico Ocorrência Nativa/Exótica

Área de ocorrência

Av. Bento de Abreu Flamboyant Delonix regia 100% Exótica 3 (3.1) Av. Pe. Francisco

Salles Colturato Palmeira jerivá

Syagrus

romanzoffiana 100% Nativa 2 (2.1)

Alameda Rogério

Pinto Ferraz Oiti

Licania

tomentosa 90% Nativa 2 (2.1)

Alameda Paulista Palmeira jerivá Syagrus

romanzoffiana 100% Nativa 4 (4.1)

Av. Castro Alves Flamboyant Delonix regia 100% Exótica 7 (7.1; 7.2; 7.3) Rua Maurício Galli Quaresmeira/

Oiti

Licania

tomentosa 80% Nativa 3 (3.2)

Av. Napoleão Selmi

dei Sem vegetação - - - 3 (3.1)

Av. Antonio Honório

Real Murta/ Oiti

Licania

tomentosa 70% Nativa 9 (9.1; 9.2)

Rua Manoel

Rodrigues Jacob Alfeneiro

Ligustrum

japonicum 80% Exótica 9 (9.1; 9.2)

Rua Armando Salles

de Oliveira Alfeneiro

Ligustrum

japonicum 80% Exótica 9 (9.1;9.2)

Av. Pe. Anchieta Amendoinzeiro Pterogyne nitens 90% Nativa 5 (5.1 a 5.4) Av. Alberto Santos

Dumont Sem vegetação - - - 5 (5.1 a 5.4)

Av. Francisco Vaz

Filho Palmeira jerivá

Syagrus

romanzoffiana 100% Nativa

4 (4.1) e 5 (5.1 a 5.4) Av. São João Flamboyant Delonix regia 90% Exótica 5 (5.1 a 5.4) Rua Porfírio M. de

Andrade Oiti

Licania

tomentosa 80% Nativa 3 (3.2)

Av. Dom Carlos

Carmelo Palmeira jerivá

Syagrus

romanzoffiana 80% Nativa 9 (9.1 a 9.3)

Av. Rômulo Lupo Palmeira imperial

Roystonea

oleracea 90% Exótica 7 (7.3)

Rua Prof. Adelia

Izique Alfeneiro

Ligustrum

japonicun 90% Exótica 7 (7.3)

Av. Dep. Fed. Mario

Eugenio Sem vegetação - - - 9 (9.1)

Av. Presidente Vargas Palmeira imperial Roystonea oleracea 90% Exótica 7 (7.2)

Av. Domingos Zanin Mini ibisco Hibiscus L. 90% Exótica 7 (7.1; 7.2) Av. Cap. Noray de P.

e Silva Oiti

Licania

tomentosa 90% Nativa 7 (7.1; 7.2)

Rua dos Eletricitários Oiti Licania

tomentosa 80% Nativa 6 (6.1; 6.2)

Av. N. S. Aparecida Flamboyant Delonix regia 100% Exótica 5 (5.1 a 5.4)

Fonte: Adaptado de Araraquara, 2014

Nos canteiros centrais, embora o ideal fosse a seleção de espécies que oferecessem maior cobertura vegetal, pôde ser observada uma maior ocorrência de vegetação colunar (palmeiras). A utilização intensiva destas espécies nas vias públicas (dada a dificuldade na condução da copa, a qual não permite nenhuma intervenção), poderia ser objeto de maior atenção por parte do poder público. O emprego de palmeiras necessita de um programa

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permanente de retirada de folhas para se evitar a queda e seus riscos de acidentes com pessoas e veículos. A maioria dos canteiros centrais não possui fiação, o que viabiliza tecnicamente a utilização de árvores com outro porte e, sobretudo, com maior diâmetro de copa (dado o clima da cidade, que apresenta temperaturas elevadas na maior parte do ano).

A ocorrência de vegetação com maior cobertura foliar, ao invés do plantio de palmeiras, garante maior arrefecimento local, além de outras diversas vantagens já citadas relacionadas à diversidade arbórea e ao enriquecimento ecossistêmico.

Finalmente, é apresentado o levantamento das vias resultantes dos novos parcelamentos de solo (Quadro 3) e dos processos de revitalização (Quadro 4).

Quadro 3 Ocorrência de espécies arbóreas em vias dos novos parcelamentos de solo na área urbana de Araraquara

Nome da Via (canteiro central)

Nome Comum

Nome

Científico Ocorrência Nativa/Exótica

Área de ocorrência

Av. Pablo Picasso Oiti Licania

tomentosa 100% Exótica 8

Av. José dos Santos

Seves Ficus

Ficus

benjamina 100% Nativa 8

Av. Orlando Schetini Oiti Licania

tomentosa 90% Nativa 9

Av. Carlos Nascimento Palmeira imperial

Roystonea

oleracea 100% Exótica 3 (3.2)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 4 Ocorrência de espécies arbóreas em vias revitalizadas na área urbana de Araraquara

Nome da Via (canteiro central)

Nome

Comum Nome Científico Ocorrência Nativa/Exótica

Área de ocorrência

Rua Sete de Setembro Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana 90% Nativa 7 (7.2) Avenida Albert Einstein Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana 80% Nativa 5 (5.1 a 5.4)

Fonte: Elaboração própria

Novamente, através do Quadro 3, é possível observar a pobreza na variação de espécies em vias situadas próximas aos novos parcelamentos.

O Quadro 4 apresenta o que vem sendo feito em termos de revegetação nas áreas revitalizadas. As palmeiras representam espécies de interesse para emprego em canteiros centrais (pois não têm excesso lateral) e composições com outras espécies arbóreas. No entanto, não são adequadas ao sombreamento de áreas, tornando-se uma escolha, muitas vezes, equivocada. Quando desenvolvidas, em fase adulta, as palmeiras oferecem um risco em relação à queda de suas folhas, podendo causar prejuízos a equipamentos públicos, veículos e pessoas. Tal espécie demanda um acompanhamento mais assíduo de agentes do poder público, para que acidentes sejam evitados.

O Código de Arborização Urbana de Araraquara (Lei Complementar 14/95) apresenta 99 espécies a serem utilizadas na área urbana do município (ARARAQUARA, 1995). Esta

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lista foi elaborada de acordo com o porte das espécies, apresentando quatro grupos onde a variação é de 4 a 8 metros de altura (menores que 2 m são consideradas arboretas / porte pequenino; porte pequeno são aqueles exemplares de até 4 m; porte médio, 4 m a 6 m e árvores de porte grande, acima de 6 m). Nesta lei, as espécies indicadas se alternam entre nativas (80 espécies) e exóticas adaptadas (19 espécies). Através desta relação recomendada, é possível realizar a seleção de espécies, de acordo com as características do local onde estas serão plantadas (fiação, recuo, outros equipamentos próximos, etc). A grande variedade de espécies arbóreas nativas com potencial de inserção nas áreas urbanas, poderia trazer aos cidadãos uma conscientização de endemismo, além da adaptabilidade destas espécies, favorecidas pelos fatores clima, solo e pluviosidade, que conferem seu bom desenvolvimento. É possível, no entanto, que haja uma resistência por parte dos tomadores de decisão em cultivar estas espécies na área urbana, desconhecendo seu comportamento de desenvolvimento radicular e da parte aérea.

Em 2015, foi aprovado o Plano de Floresta Urbana de Araraquara (Decreto 10.915/15) que proíbe o plantio de algumas espécies como o Resedá (Lagerstroemia speciosa) e Falso Chorão (Salix babilônica) e salienta a importância da diversificação de espécies (ARARAQUARA, 2015). Essas duas espécies vegetais foram proibidas, pois a primeira é um arbusto pequeno e com pouca área foliar, sendo mais adequado o seu emprego em jardins. Já a segunda, por apresentar na área urbana de Araraquara um grande número de solicitações de supressão, dados os constantes tombamentos e quebra de tronco de indivíduos. O Plano vai ao encontro do que está preconizado no Programa Município Verde Azul – PMVA - programa criado pelo governo do estado no final de 2007 e conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente cujo objetivo é fortalecer a gestão ambiental dos municípios. O Programa é composto por 10 diretivas ambientais que norteiam a municipalidade a implantar ações práticas. Dentre estas diretivas, a de arborização urbana sugere o plantio de pelo menos três espécies diferentes a cada 100 metros lineares de arborização urbana (SÃO PAULO, 2014). O que se observa no caso de Araraquara é a predominância e concentração de algumas espécies vegetais nas áreas inventariadas. Esta concentração pode acarretar numa série de inconvenientes ao órgão responsável pela manutenção, ao entorno do local e às pessoas que trafegam e moram na região. No que se refere à manutenção das espécies nas vias públicas, segundo informações obtidas por meio de entrevistas não estruturadas na Gerência de Arborização da SMMA, em um levantamento das ocorrências registradas no ano de 2014, as espécies com maior vulnerabilidade fitossanitária são o Alfeneiro (Ligustrum japonicun), Murta (Murraya paniculata) e Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides). Exemplares destas espécies, concentrados nas regiões inventariadas, vêm sofrendo ao longo dos anos com podas mal realizadas pelo poder público municipal e pela concessionária de energia elétrica. As podas mal conduzidas devem-se à falta de treinamento e correta orientação de como, quando e quanto suprimir de cada espécime. Já aquelas realizadas pela concessionária de energia elétrica visam o distanciamento das partes vegetais à fiação, recorrendo este pessoal, geralmente, à poda drástica. Tais ações favorecem o aparecimento de infestações por cupins e atualmente têm sido a principal causa da supressão destes indivíduos. A pouca diversidade de espécies e sua disposição aglomerada pode propiciar o ataque em série deste tipo de praga urbana nos exemplares arbóreos distribuídos pelas ruas e avenidas. Pode ser afirmado, por observação direta, que muitas árvores que apresentam elevado índice de infestação e risco de queda são removidas e substituídas pelo serviço público local. Entretanto, as solicitações de supressão são superiores à operacionalidade de reposição das mudas nas calçadas.

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A esta altura deve ser destacada a importância dos passeios públicos (calçadas), que se apresentam em grande parte dos municípios brasileiros sem padronização, sem continuidade e com obstáculos. O mesmo ocorre na área urbana de Araraquara. Embora a construção e manutenção de calçadas sejam de responsabilidade do poder público municipal (assim como o leito carroçável), tal tarefa é imputada aos proprietários de lotes lindeiros ao seu segmento. Esta omissão traz uma heterogeneidade nos passeios, além da ausência (muitas vezes) da faixa permeável, local onde caberia a implantação de espécies arbóreas, que devidamente selecionadas prestariam um papel estético e ambiental relevante.

O orçamento destinado ao setor de arborização urbana pode ser um importante gargalo no desenvolvimento e manutenção desta atividade. Orçamentos de pequena monta destinados ao setor de arborização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente indicam a necessidade de melhoria contínua no planejamento da arborização. Contratação de mão-de-obra adicional, incremento nas atividades de produção de mudas do viveiro municipal, ações de educação ambiental e a capacitação dos profissionais que realizam serviços de poda no município, contribuiriam para a melhoria da arborização urbana.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relação inventariada indica a ocorrência de poucas espécies arbóreas em termos de variedade, havendo casos com a implantação de uma única espécie de árvore em avenidas inteiras. Esta característica traz riscos à população arbórea e, consequentemente, à qualidade de vida das pessoas que residem nesta cidade. Dois números podem aqui ser ressaltados, reforçando a baixa variabilidade de espécies empregadas: para os estratos analisados “calçadas” e “canteiros”, apenas 3 espécies – sendo duas exóticas – corresponderam a 75% do número absoluto das espécies arbóreas inventariadas e; praticamente todas as vias inventariadas apresentaram, no mínimo, 80% de ocorrência de uma única espécie. Nove das trinta vias inventariadas continham 100% da mesma espécie em toda a sua extensão.

Em algumas vias estudadas não há qualquer cobertura vegetal arbórea. Tal característica evidencia um planejamento deficitário para o manejo da arborização urbana, ou o desconhecimento de suas vantagens. Além da pouca variedade de espécies empregadas, a ausência de qualquer espécie em parte das vias analisadas, evidencia um ecossistema urbano empobrecido, pouco diverso e deficitário. Tais características não contribuem para a visitação e/ou permanência de animais. Tampouco para amenizar o microclima, produzir oxigênio, sombrear as vias e caminhos pedonais, ou propiciar ares mais umedecidos. Por fim, não foram observados nas vias inventariadas quaisquer outros elementos de infraestrutura verde, como canteiros pluviais, jardins de chuva ou biovaletas, elementos estes que se harmonizariam com a arborização presente e reforçariam os benefícios ambientais locais, propiciando um ecossistema mais equilibrado e resiliente a externalidades.

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6 REFERÊNCIAS

Araraquara (1995), Lei Complementar 14/95 que implanta o Código de Arborização Urbana de Araraquara.

Araraquara (2014), Lei Complementar 850 de 11 de fevereiro de 2014. Estabelece a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento e Política Ambiental de Araraquara-PDPUA. Disponível em: www.camara-arq.sp.gov.br/Siave/documento?sigla=lc&numero=850 (Acessado 2 abril 2018).

Araraquara (2015), Decreto 10.915 de 29 de maio de 2015. Aprova o Plano de Floresta Urbana de Araraquara e dá outras providências. Disponível em: www3.araraquara.sp.gov.br/ImageBank/FCKEditor/file/imprensa01/2015/SECRETARIAS

/MEIO%20AMBIENTE/10915_29mai15%20-%20APROVA%20O%20PLANO%20DE%20FLORESTA%20URBANA%20DO%20MU NIC%C3%8DPIO%20DE%20ARARAQUARA.pdf (Acessado 2 abril 2018).

Brasil (1979), Lei Federal Nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6766.htm (Acessado 2 abril 2018).

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providências. Estatuto da Cidade. Disponível em:

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Referências

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