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22/12/2020

Número: 1072177-61.2020.4.01.3400

Classe: MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Órgão julgador: 4ª Vara Federal Cível da SJDF Última distribuição : 22/12/2020

Valor da causa: R$ 1.000,00

Assuntos: Nulidade de ato administrativo Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL CONSELHO FEDERAL (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SEÇÃO RIO DE JANEIRO (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

ASSOCIACAO DOS PRODUTORES DE TEATRO - RJ - APTR (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

ASSOCIACAO DE PRODUTORES TEATRAIS INDEPENDENTES (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

SIND DOS ARTISTAS E TECNICOS EM ESP DE DIV DO EST DE MG (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

UNIAO BRASILEIRA DE COMPOSITORES (IMPETRANTE) SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO) SINDICATO DOS MUSICOS DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

ASSOCIACAO BRASILEIRA DE FESTIVAIS INDEPENDENTES - ABRAFIN (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

ORDEM DOS MUSICOS DO BRASIL CONS REGIONAL DE M GERAIS (IMPETRANTE)

SYDNEY LIMEIRA SANCHES (ADVOGADO)

MINISTERIO DO TURISMO (IMPETRADO) André Porciuncula Alay Esteves (IMPETRADO) MINISTRO DA CULTURA (IMPETRADO)

Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)

Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 40693 1846 22/12/2020 14:44 MS_Inicial_Secretario_Dezembro 2020 Inicial

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DA JUSTIÇA FEDERAL – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL/DF

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

– CFOAB, serviço público dotado de personalidade jurídica própria e forma

federativa, regulamentado pela Lei 8.906/94, com endereço eletrônico aju@oab.org.br e sede em Brasília/DF, no SAUS, Qd. 05, Lote 01, Bloco M, inscrito no CNPJ sob nº 33.205.451/0001-14, neste ato representado por seu Presidente, Felipe de Santa Cruz Oliveira Scaletsky, na qualidade de representante máximo da entidade (art. 55, § 1º, da Lei nº 8.096/94), conforme ata de posse anexa, ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – SEÇÃO DO RIO DE JANEIRO, com sede na rua Marechal Câmara, n. 150, Centro, Rio de

Janeiro, RJ (CEP: 22.451-430), inscrita no CNPJ/MF sob o nº

33.648.981/0001-37

, ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE TEATRO – RJ – APTR, com sede

na Rua Barata Ribeiro, 391, salas 601 e 602, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22.040-001, inscrita no CNPJ sob o nº 05.850.175/0001-01, endereço eletrônico www.aptr.adm.com; APTI – ASSOCIAÇÃO DE PRODUTORES TEATRAIS INDEPENDENTES com sede na Rua Dr. Louis Couty, 43, inscrita no

CNPJ sob o nº 09.720.139/000184, endereço eletrônico www.apti.org.br;

SATED/MG - SINDICATO DOS ARTISTAS E TÉCNICOS EM ESPETÁCULOS DE DIVERSÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS, com sede na Rua da Bahia,

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1148/1914, inscrito no CNPJ sob o nº 21.854.609/0001-06, endereço eletrônico, satedminasgerais@gmail.com; UNIÃO BRASILEIRA DE COMPOSITORES - UBC, sociedade civil sem fins lucrativos, com sede na cidade do Rio de Janeiro,

na Rua do Rosário, nº. 01, Centro, inscrita no CNPJ do MF sob o nº. 33.576.166/0001-00; ORDEM DOS MÚSICOS DO BRASIL – CONSELHO REGIONAL DE MINAS GERAIS, com sede na Rua Catumbí, 242 - Caiçaras, Belo

Horizonte - MG, 31230-070, inscrita no CNPJ sob o nº 17.452.830/0001-52, endereço eletrônico ombmg@ombmg.org.br; SINDICATO DOS MÚSICOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, com sede na Rua Álvaro Alvim, 24 salas 401 e

405 – Centro/RJ – CEP: 20031-010, inscrita no CNPJ sob o nº 27.903.624/0001-75, endereço eletrônico sindicatodosmusicosrj@gmail.com e ABRAFIN – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FESTIVAIS INDEPENDENTES, com sede n R.

José Bento, 106, sala 02, inscrita no CNPJ sob o nº 08.875.710/0001-77, endereço eletrônico www.abrafin.mus.br, com fulcro no artigo 5º, incisos XXI,

LXIX, LXX, alínea b), da Constituição Federal e na Lei 12.016/09, vem, pelos advogados que subscrevem a presente (docs. ), perante Vossa Excelência, impetrar o presente

M A N D A D O D E S E G U R A N Ç A C O L E T I V O C O M P E D I D O L I M I N A R

em face do ato omissivo praticado pelo SECRETÁRIO NACIONAL DE FOMENTO E INCENTIVO À CULTURA, da SECRETARIA NACIONAL DA CULTURA – MINISTÉRIO DO TURISMO, que poderá ser notificado para responder aos termos

do presente mandamus na Esplanada dos Ministérios, Bloco U, 2º e 3º andar, Brasília/DF, CEP: 70065-900, pelos seguintes fatos e fundamentos de Direito que passa expor:

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I – A SÍNTESE DA DEMANDA

2020 é um ano de calamidade pública, em todo o País e no mundo. A Covid-19 afetou a economia mundial. O setor artístico, que sobrevive de aglomeração de público, foi o primeiro segmento da sociedade que teve uma abrupta paralisação, no dia 13 de março.

A vastidão da crise acarreta incontáveis prejuízos para todo um setor da economia nacional, com potencial consequência de diminuição de renda, queda de arrecadação de impostos e asfixia da cultura nacional.

Um milhão de trabalhadores formais e mais de 5 milhões informais foram severamente impactados. Sem trabalho, sem poder expressar seu ofício, a Lei Federal de Incentivo à Cultura demonstrou sua importância, na medida que várias empresas culturais conseguiram manter suas equipes, até que as atividades possam retornar, assim que a vacinação se efetive em todos os cidadãos. A única chance de eficácia, em 2021, é através da Lei de Incentivo, que será fundamental para manutenção, sobrevivência e retomada do setor cultural, no Brasil.

A questão jurídica que será exposta nesse writ vem sendo discutida há meses pelo setor cultural, que tem apontado, de forma reiterada, extrema preocupação por meio de suas entidades de representação, em especial pelas ora Impetrantes, Sociedade Civil Organizada, representada por artistas e produtores culturais associados, serão tolhidos em seus direitos de realizar as suas produções culturais no ano de 2021, caso não sejam publicados no Diário Oficial da União, em tempo hábil para captação dos recursos, ainda dentro do exercício fiscal de 2020, os projetos culturais com análise de admissibilidade concluída e aprovada pela Secretaria Especial de Cultura do Ministério do

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Turismo, o que representará um prejuízo estimado em mais de R$ 700 milhões(!), como também a completa paralisação do setor e o comprometimento de milhares de empregos diretos e indiretos.

Diante de um quadro de grave indefinição, outra alternativa não houve às Impetrantes senão promover o presente mandamus contra ato deliberadamente omissivo do Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, representado pela inércia da autoridade pública em dar efeito às suas atribuições administrativas. No caso, essa atribuição seria a mera assinatura da aprovação, que permitirá o encaminhamento dos projetos culturais para Imprensa Nacional, a fim de que seja publicada no Diário Oficial da União, a Portaria de Homologação para Captação de Recursos, nos termos da Lei Rouanet (Lei 8.313/1991). O ato administrativo da autoridade coatara permitirá o impulsionamento do processo de captação dos recursos patrocinados, muitos deles já disponíveis, mas pendentes dessa formalidade para que patrocinadores e doadores aportem os respectivos recursos.

Em conjunto com a publicação no DOU, mister que ato contínuo se determine a abertura das respectivas contas do projeto no Banco do Brasil, conforme determina a norma especial, o que permitirá o recebimento dos recursos incentivados por meio da conta de captação.

A Lei Rouanet, também conhecida como Lei Federal de Incentivo à Cultura, é o ÚNICO instrumento de fomento das políticas públicas culturais, em especial

para os setores do teatro, dança, exposições, museus, patrimônio e manifestações artísticas em geral, cuja instituição permitiu ao longo dessas cerca de 03 décadas construir um mercado cultural fundado no conceito do mecenato, por meio da renúncia fiscal dos patrocinadores e doadores desses projetos culturais.

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A conhecida Lei Rouanet, portanto, converte-se na regulamentação do preceito constitucional, insculpido no artigo 215, da CF, que determina ao Estado Brasileiro apoiar e incentivar “a valorização e a difusão das manifestações culturais”.

Em apertado resumo, a Lei Rouanet permite a qualquer pessoa física que tenha imposto de renda a declarar ou empresa tributada pelo lucro real possa patrocinar projetos culturais utilizando o mecanismo da Lei Rouanet, sendo que as pessoas físicas podem direcionar 6% do imposto de renda devido e as pessoas jurídicas 4%.

Como dito, para que os associados das entidades Impetrantes possam realizar e produzir suas produções culturais no ano de 2021 - no momento impedidos pela ilegalidade dos atos Autoridade Coatora, que sofrem com a arbitrária interrupção de seus fluxos financeiros - impõe-se que seus projetos sejam publicados por meio de portarias do Secretario Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, no Diário Oficial da União em tempo hábil para captação de recursos, ainda dentro do exercício fiscal de 2020, pois sem essa formalidade administrativa patrocinadores e doadores ficarão impedidos de realizarem seus aportes financeiros relativos aos projetos culturais e gozarem dos benefícios fiscais da lei de incentivo no exercício do ano fiscal de 2020. A omissão do Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial de Cultura, caso não sanada a tempo da captação de recursos, tornará todos esses mais de 450 processos sem efeito e na mais absoluta penúria o setor cultural, extremamente combalido pelo Covid-19, um dos setores econômicos mais afetados pelo desastre da pandemia.

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I I – D A L E G I T I M I D A D E D A E N T I D A D E S I M P E T R A N T E S

As Impetrantes são entidades que congregam produtores culturais, artistas, músicos, criadores, agentes culturais, promotores de eventos de vários Estados, responsáveis pelo desenvolvimento das atividades culturais do País, tais como peças de teatro, orquestras, exposições, danças, publicações literárias, espetáculos musicais, manutenção de acervos museológicos etc.

Majoritariamente tais produções dos associados dos Impetrantes decorrem do acesso às políticas de fomento cultural, provenientes de editais e seleções públicas ou privadas, promovidas por meio das leis de incentivo, em especial a Lei Rouanet (Lei 8.313/1991).

No caso vertente, os associados das Impetrantes tiveram cumprida a fase de admissibilidade de seus projetos culturais perante à administração pública, conforme se verifica da extensa relação contida na “Tabela de Projetos para Assinatura” (relação anexa), e necessitam, apenas, da publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos, pela Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, com as respectivas aberturas de contas vinculadas aos projetos, para que seus processos administrativos possam se valer dos incentivos decorrentes da Lei Rouanet, ainda no exercício de 2020.

Associam-se ao presente Mandado de Segurança Coletivo, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e a OAB – Seção do Rio de Janeiro, em razão de sua representação pelos interesses difusos da sociedade brasileira, especialmente na defesa da produção cultural nacional, prejudicada pela omissão da autoridade coatora. No caso, não há dúvida acerca do risco concreto ao patrimônio cultural e artístico brasileiro, diante da possibilidade de inviabilizadas centenas de produções culturais.

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Destaque-se, ainda, ser pacífico o entendimento de que a legitimidade da Ordem dos Advogados do Brasil para o cumprimento de suas finalidades institucionais insculpidas no art. 44 da Lei n. 8.906/1994 independem de qualquer comprovação de pertinência temática1.

Resta demonstrada, portanto, a legitimidade ativa dos impetrantes.

I I I – D A A U T O R I D A D E I M P E T R A D A

A partir do Decreto n. 10.107, de 06 de novembro de 2019, a Secretaria Especial de Cultura do Ministério da Cidadania transferiu-se para o Ministério do Turismo, transferência esta consolidada por meio do Decreto 10.359, de 20 de maio de 2020, passando a Secretaria Especial de Cultura, em conjunto com a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo a responsabilidade pelas política culturais do País, bem como dar efetividade aos processos administrativos decorrentes das leis de fomento à cultura, como a Lei Rouanet (Lei 8.113/1991), em pleno cumprimento aos artigos 215, 216 e 216-A, da Constituição Federal.

Nesse cenário, cabe ao Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, como lhe confere o artigo 4º , da Portaria n. 120, de 30/03/2020, da Secretaria Especial da Cultura – Ministério do Turismo, parte da responsabilidade pela regulação, fiscalização e fomento do mercado cultural nacional, sendo o ente da administração pública intitulado a aprovar, acompanhar

1 PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TUTELA COLETIVA DOS CONSUMIDORES. OAB. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM.

1. A legitimidade ativa da OAB não está limitada em razão da pertinência temática, porquanto, entre suas atribuições previstas no art. 44, I, da Lei 8.906/1994 está a defesa, inclusive em juízo, da Constituição Federal, do Estado de Direito e da justiça social, e por conseguinte dos direitos coletivos e difusos.

2. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no REsp 1381656/CE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/08/2017, DJe 23/08/2017)

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e fiscalizar os projetos culturais para captação de recursos, aptos a receber os recursos advindos das normas de fomento e incentivo direto e indireto.

Para afastar qualquer dúvida, a responsabilidade da Autoridade Impetrada, encontra confirmação, na decisão proferida no MS 27.191/DF, da lavra do Ministro Humberto Martins, que, ao apreciar pedido liminar em demanda com objeto igual ao perseguido no presente assim, despachou:

“No caso, a omissão alegada diz respeito à falta da publicação das portarias de homologação para captação de recursos,

necessárias ao regular trâmite administrativo de 450 projetos que visam a percepção de incentivos financeiros para realização de eventos culturais de acordo com as regras do Programa Nacional de Apoio a Cultura (PRONAC). Os referidos atos são de competência direta do Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, órgão subordinado à Secretaria Especial de

Cultura do Ministério do Turismo, fato esse que suscita questionamento quanto à competência do Superior Tribunal de Justiça para análise da questão.” g.n

A supracitada decisão compeliu aos Impetrantes à impetração do presente Mandado Segurança perante essa D. Justiça Federal.

IV - DOS FATOS

A TRAGÉDIA DE MAIS DE 450 PROJETOS CULTURAIS PARADOS NA SECRETARIA NACIONAL DE FOMENTO E INCENTIVO À CULTURA

Os fatos envolvendo a presente demanda são muito objetivos, o que torna ainda mais visceralmente descabida a omissão adotada pela autoridade coatora.

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As propostas de projetos culturais, para que tenham a captação de recursos autorizada, passam pelas seguintes fases:

1) Envio da proposta, via sistema Salic, da Secretaria Especial de Cultura – Ministério da Turismo;

2) Análise de admissibilidade, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contados do recebimento da proposta, conforme previsto no artigo 23, § 2º da Instrução Normativa nº 02, de 23 de abril de 2019;

3) Manifestação da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), após conclusão da análise de admissibilidade, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, sob pena de aprovação tácita dos termos de aprovação dados pela área de admissibilidade, conforme previsto no artigo 24 do mesmo instituto; 4) Manifestando-se a CNIC e/ou ultrapassado o prazo acima, de 05 (cinco) dias, conclui-se a fase de admissibilidade, com consequente emissão do número de PRONAC e encaminhamento da aprovação para assinatura do Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, por meio de delegação ministerial, com fins de encaminhamento dos termos de aprovação para publicação em Portaria, no Diário Oficial da União;

5) Com a publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos, no Diário Oficial da União, a Secretaria Especial da Cultura autoriza o Banco do Brasil a proceder com a abertura das contas do projeto, o que permitirá, assim que regularizadas, o recebimento dos recursos incentivados via conta captação.

Portanto, no que se refere à presente controvérsia, considerando que o recebimento dos patrocínios e doações em conta captação, precisa ocorrer, no máximo, até 31/12/2020, último dia do exercício fiscal, e que o último dia de

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funcionamento bancário é 30/12, necessário que a publicação dos projetos, em Diário Oficial da União, ocorra, no máximo, até 24/12/2020, de modo que haja

tempo hábil, após a publicação, para abertura e regularização das contas, em especial da conta de captação, necessária para que seja possível o depósito de patrocinadores e doadores.

A omissão da autoridade Impetrada, mesmo ultrapassado o exame de admissibilidade, extrapola os limites do princípio da razoabilidade. É fato incontroverso que a captação dos recursos só será possível depois de publicadas as portaria e abertura das respectivas contas de cada projeto perante a instituição bancária. Na eventualidade de isso não ser feito antes do fim do ano de 2020, com antecedência temporal necessária, os artistas e produtores culturais perderão seus patrocínios, uma vez que não será possível o uso do incentivo fiscal neste exercício pelos patrocinadores e/ou doadores, o que se confirma pela norma especial, que no § 2o do Decreto nº

5.761/06, que regulamenta a Lei Rouanet (nº 8.313/91) assevera que o “prazo máximo para captação de recursos coincidirá com o término do exercício fiscal em que foi aprovado o projeto.”

No mesmo sentido, ratifica a IN 02/19, em seu artigo 33:

Art. 33. O prazo para captar recursos iniciar-se-á na data de publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos e é limitado ao término do exercício fiscal em que foi publicada a portaria.

Neste diapasão, não havendo as publicações das portarias, os artistas e produtores culturais perderão seus patrocinadores e/ou doadores, uma vez que ficarão impedidos de utilizarem-se do mecanismo de dedução sobre o Imposto de Renda referente ao exercício de 2020. Reitere-se que o exercício ao benefício

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fiscal não pode ser transferido para 2021, posto que a legislação tributária não admite que se ultrapasse o exercício fiscal competente.

Como já exposto, mais de 450 projetos culturais aguardam a publicação de suas respectivas portarias de Homologação para Captação de Recursos no Diário Oficial da União - ou seja a última fase como descrito acima - a fim de permitir que patrocinadores e doadores possam fazer seus respectivos aportes financeiros, a título de patrocínio ou doação, em estrito cumprimentos aos requisitos da Lei Rouanet, ainda no curso deste ano de 2020, sob pena de ficarem inviabilizados os acessos à renúncia fiscal correspondentes.

Todos os esforços para que se concretizem as respectivas publicações foram realizados e o envio do requerimento da impetrante APTR ao Tribunal de Contas da União (doc. anexo), requerendo providencias emergenciais, revela a dificuldade que vem enfrentando o setor para dar efetividade à obrigação estatal, de respeitar os princípios da impessoalidade, moralidade e eficiência da administração pública.

Entretanto, não houve solução até o momento, motivo pelo qual a busca da prestação jurisdicional se fez necessária e inevitável.

A Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, reagindo aos pedidos e providências dos produtores culturais, e sem razões de argumentação assim se manifestou por meio das redes sociais:

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Ou seja, a administração pública deliberadamente exerce um regime de “tartaruga” para processamento das publicações das portarias sob o argumento de que não possui condições de análise das prestações de contas!

E ainda mais grave, vem elegendo para publicação os projetos culturais de seu interesse e escolha particular, revelando um lado perverso da administração atual em desobedecer a ordem das análises dos projetos culturais, punindo, por vias transversas, aqueles projetos culturais que fogem de suas convicções político-ideológica, o que é extremamente grave e fere os princípios do Estado Democrático de Direito.

A publicação das portarias simplesmente admitirá a captação de recursos pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, para fins de viabilização dos projetos culturais, cujas contas só serão prestadas depois de captados, produzidos e realizados os projetos culturais, como determina a norma especial. A desculpa na

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supra postagem em rede social pela administração pública só confirma a sua inércia deliberada e não encontra respaldo na realidade dos fatos, vejamos. Para que não pairem dúvidas sobre a fragilidade dos mecanismos de controle, ainda que tal preocupação nenhuma relação guarda com a resistência injustificada à publicação dos projetos culturais, conforme dispõe a IN 2, em seu art. 432, a prestação de contas está hoje automatizada, por conseguinte, o argumento da administração pública não procede, ao contrário agrava a situação, na medida em que pautada em inverdades.

Atualmente, sempre que há despesa, é possível, de modo automático, conciliar a prestação de contas com os dados oficiais de consumo, o que permite

2 DO ACOMPANHAMENTO, DA FISCALIZAÇÃO E DA AVALIAÇÃO DE RESULTADOS SEÇÃO I - DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO DOS PROJETOS CULTURAIS

Art. 43. Os projetos culturais terão sua execução acompanhada de forma a assegurar a consecução do seu objeto, permitida a delegação, conforme previsto no art. 8º do Decreto nº 5.761, de 2006.

§ 1º O acompanhamento previsto no caput será realizado por meio de monitoramento, mediante comprovação da execução pelo proponente no Salic ao longo do projeto, e da disponibilidade de informações de consumo no Portal da Transparência, contemplando as etapas de execução do objeto, de

acordo com o que foi estabelecido no plano de execução.

§ 2º A análise também se dará por sistema de verificação de trilhas de controle disponibilizadas pelos órgãos de controle, que fará a indicação daqueles projetos que se encontram com a execução fora da curva programada.

§ 3º Os modelos de trilhas serão disponibilizados pelos órgãos de controle para implementação na fase de execução e comprovação das ações, conforme Anexo VII.

§ 4º A avaliação da comprovação realizada durante a fase de execução será feita pela unidade técnica responsável pelo acompanhamento da execução, atuando nas ocorrências apontados pelo Salic.

§ 5º Em caso de denúncias, demandas de órgãos de controle ou indícios de irregularidades, o projeto poderá ser encaminhado ao setor competente para análise de alcance de resultados, que atuará nos desvios apontados pelo Salic, podendo o proponente ser notificado para que apresente esclarecimentos no prazo não superior a 10 (dez) dias, sob pena de imediata suspensão da execução do projeto.

§ 6º Quando o proponente deixar de realizar alguma comprovação prevista no § 1º, o Ministério da Cidadania o notificará, uma única vez, para que, no prazo de 20 (vinte) dias, regularize a situação do projeto, sob pena de registro de inadimplência na forma do art. 58.

§ 7º Verificados indícios de vantagem financeira ou material ao incentivador durante a execução do projeto, notificar-se-á o proponente para que apresente esclarecimentos em prazo não superior a 10 (dez) dias, sob pena de imediata suspensão do projeto, bem como da aplicação das sanções do art. 30 da Lei nº 8.313, de 19

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ganhos de produtividade e propõe uma perspectiva de finalização do passivo de modo tempestivo. Logo, a recomendada preocupação da Secretaria, quanto ao risco de malversação de recursos, já possui procedimentos de controle e mitigação de riscos.

A responsabilidade pela apreciação em tempo hábil dos procedimentos de prestação de contas é unicamente do Poder Público, entendimento, inclusive, evidenciado pelo eminente Ministro Marcos Bemquerer Costa, do TCU, em sua recente exposição feita no evento “Diálogos Público – Prestação de Contas de Projetos Culturais”, que pode ser assistido no YouTube3. Assim sendo, os efeitos de uma não apreciação célere não podem ser suportados pela sociedade. O descaso da Autoridade Coatora fez com que a discussão setorial fosse levado ao debate público nacional nos últimos dias, com a Imprensa dando grande destaque às dificuldades enfrentadas pelo setor cultural, o que veio ratificar o desespero de centenas de artistas e produtores culturais, conforme se verificam das matérias veiculadas nos principais veículos de Imprensa do País:

Link da reportagem: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/12/atraso-em-aprovacoes-da-

lei-rouanet-deve-gerar-apagao-na-cultura-no-ano-que-vem.shtml?pwgt=4o7ol27b57wvdyem29g1jzehz88ywknb0iipoolm0oy&utm_source=whatsapp&ut m_medium=social&utm_campaign=compwagift

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Link da reportagem: https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/aptr-e-oab-se-unem-outras-entidades-para-garantir-r-700-milhoes-para-o-setor-cultural.html

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Link da reportagem em vídeo produzida pela Globo News:

http://g1.globo.com/globo-news/jornal-globo-news/videos/t/videos/v/setor-cultural-pede-liberacao-de-verba-ja-aprovada-para-projetos/9115146/

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Vale destacar, a manifestação do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro que deixa claro a forma pela qual a base política do Governo entende o setor cultural, identificando-o equivocadamente como nocivo e ideologicamente desalinhado com o Governo, como se a Cultura fosse partidária, ideológica ou voltada a determinados interesses político, vejamos:

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A Cultura é universal, independente e elemento primordial às liberdades democráticas, pois alimenta o debate público e é o espelho das manifestações sociais, necessárias para que os avanços sociais se consolidem, havendo, portanto, propositada distorção lógica e fática na declaração do Deputado.

Em tempos de pandemia, onde as dificuldades do setor cultural se tornaram ainda mais graves, a inércia da Autoridade Impetrada é perversa, já que leva à inanição diversos produtores culturais e a desídia à Cultura do País, que dependem do acesso a esses recursos, inclusive para sua sobrevivência.

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V – D O D I R E I T O

O C A B I M E N T O D O P R E S E N T E M A N D A D O D E S E G U R A N Ç A . D A S O B R I G A Ç Õ E S D A A D M I N I S T R A Ç Ã O P Ú B L I C A E O R E S P E I T O À C U LT U R A E À C O N S T I T U I Ç Ã O

V.1 – DOS DIREITOS CULTURAIS

É direito fundamental o livre acesso à cultura, que poderá ser absorvida por meio de produções culturais desenvolvidas como forma de espelhar as manifestações artísticas, que estão elevadas ao nível de direito fundamental pela Constituição Federal, conforme previsto nos artigos 215, 216 e 216-A, bem como, de forma implícita, em diversos dispositivos do texto constitucional.

Nesse sentido, cabe ao Estado - não por opção, mas por obrigação constitucional – se abster de qualquer ato que venha a vedar a livre manifestação artística e das produções culturais, inclusive afastando-se de eventuais artifícios, inclusive administrativos, que, por vias transversas aparentemente legítimas, levem à censura ou ao dirigismo cultural, caso contrário restará maculado o legado artístico a ser deixado para gerações futuras.

E isso encontra-se espelhado no artigo 215, da CF, que é taxativo ao afirmar que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Da leitura do dispositivo acima, identifica-se que as políticas de apoio e incentivo à produção cultural não são uma escolha a ser adotada por um governo,

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mas o cumprimento de ordem constitucional imposta a todo e qualquer governo, pois a sua observância determinará o efetivo exercício dos direitos culturais, consagrados nos principais tratados e convenções internacionais4 firmados pelo Brasil, que contribuem para consolidar os avanços civilizatórios da humanidade. Dentro dessas premissas, a promoção e proteção das expressões e produções artísticas, que garantem a soberania cultural do País e a cidadania, recebem da Constituição tratamento sensível à produção cultural brasileira, como elemento intrínseco ao patrimônio cultural, em linha com o disposto nos artigos 216 e 216-A, da Carta Política, que destaca o Sistema Nacional de Cultura. Assim, todo e qualquer ato que disponha contrariamente à estrutura protetiva conferida pela norma constitucional às produções culturais, deve ser reconhecido com um ato atentatório aos preceitos fundamentais. No presente writ estão apontados atos da administração pública - em especial a flagrante negação à publicação no DOU das portarias dos projetos culturais - que colidem com tais preceitos fundamentais, ao negligenciar com suas obrigações constitucionais de promoção dos direitos culturais.

V.2 – DO DEVER DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Constituição Federal prevê os princípios da Administração Pública, dentre eles o da eficiência, por meio do qual assegura à sociedade o direito de

ser atendida em suas demandas com presteza, em prazo suficiente para entrega da prestação administrativa e evitar-lhe prejuízos, verbis:

4 . Declaração Universal dos Direitos Humanos . Pacto de São José da Costa Rica

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“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)” –

grifamos.

Nessa linha, a Lei Federal nº 9.784/99, que regula o procedimento administrativo no âmbito da Administração Pública Federal dispõe igualmente que:

“Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;” – g.n.

Vale acrescentar que este mesmo diploma se ocupa da regulamentação geral o dever de decidir no âmbito da Administração Pública, asseverando:

“Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

(24)

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada” – g.n. Ou seja, a norma administrativista preocupa-se com a eficiência e, portanto, estabelece prazos para resposta da administração pública, cujo conceito serviu para nortear as regulamentações infra legais adotadas pelas instâncias da própria administração pública.

Assim, no que tange à regulamentação específica para atendimento por parte da autoridade Impetrada, subsidiariamente à regra geral, cabe à administração pública, conforme dispõe a Instrução Normativa n. 02, de 23 de abril de 2019, Ministério da Cidadania, do qual a Secretaria Especial de Cultura era parte integrante antes de sua transferência para o Ministério do Turismo, a seguinte obrigação, in verbis dispõe:

Art. 23. As propostas culturais apresentadas no Salic passarão por

análise de admissibilidade, composta pelas seguintes etapas:

I - exame preliminar de admissibilidade da proposta, sendo arquivada pelo Ministério da Cidadania a proposta que:

a) contrarie qualquer regulamentação relativa ao uso do incentivo fiscal;

b) tenha objeto e cronograma similar a proposta ou projeto ativo do mesmo proponente; e

c) apresente as mesmas características que levaram ao indeferimento de proposta ou projeto similares apresentados nos últimos 12 (doze) meses, ainda que por proponente diverso. II - análise das informações da proposta cultural, abrangendo a verificação:

a) da definição do enquadramento do projeto, segundo o Anexo IV; e

(25)

b) quanto à previsão das medidas de acessibilidade, democratização do acesso e das ações formativas culturais, considerando as características do projeto cultural.

§ 1º Em caso de arquivamento da proposta, caberá pedido de desarquivamento a qualquer tempo realizado uma única vez, desde que a proposta esteja disponibilizada para tal operação no Salic.

2º O prazo máximo de análise das propostas culturais é de 60 (sessenta) dias, podendo ser ampliado para até 120 (cento e vinte dias), quando se tratar de projetos de restauração do patrimônio histórico ou construção de imóveis, conforme a característica do projeto e a complexidade da obra.

§ 3º A contagem do prazo mencionado no parágrafo anterior exclui os dias em que a proposta encontra-se diligenciada.

Art. 24. Após o exame de admissibilidade, a proposta será disponibilizada, por meio do Salic, para conhecimento e manifestação da CNIC, em até 5 (cinco) dias.

§ 1º A ausência de manifestação da CNIC no prazo estabelecido ensejará a concordância com o prosseguimento da proposta, conforme sugestão do exame de admissibilidade.

§ 2º A partir do registro no Salic, abre-se o prazo recursal de 10 (dez) dias.

Art. 25. A captação poderá ser iniciada imediatamente após a fase de admissibilidade, tão logo seja publicada a Portaria de Homologação para Captação de Recursos no Diário Oficial da União.

É evidente que se impõe a aplicação no caso concreto do referido prazo máximo e geral da administração pública de 60 (sessenta) dias, este, aliás, já superado diante da inércia da autoridade Impetrada em responder, sem emitir qualquer alegação justificada, por certo, entendendo estar respaldada pelo notório momento político nacional de esvaziamento do setor cultural.

(26)

Como é notório, o fim do exercício fiscal de cada ano é justamente o período final de apuração do imposto de renda das pessoas jurídicas, sendo o momento final para que estas efetivem o patrocínio, ou a doação, a projetos culturais com incentivo fiscal. Em outras palavras, se for perdido o prazo do exercício fiscal de 2020, as empresas somente irão considerar a possibilidade de patrocinar projetos culturais em meados ou no fim de 2021, o que levará a um atraso de meses, quiçá de um ano inteiro, para a produção artística nacional, prejudicando milhares de empregos que dela dependem – notadamente os trabalhadores informais que constituem a vasta maioria neste setor profissional. Aprovar os mesmos projetos em 2021 representará, portanto, a negação pela administração pública federal aos direitos constitucionais dos associados das impetrantes, como extensamente explanado neste writ.

Assim, verifica-se da listagem dos projetos culturais em anexo, todos prontos e livres de qualquer avaliação, que há meses aguardam a publicação de sua respectivas portarias, a comprovação a desídia da administração.

Portanto, é imperativo que a Secretaria Especial de Cultura e a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, mantenha seu papel de fomento das atividades do setor cultural e respeite os legítimos interesses daqueles que tem seus projetos hígidos e prontos perante à administração pública.

No caso, os mais de 450 projetos listados, que se encontram parados injustificadamente, demonstram que a autoridade responsável por cuidar da Cultura do País, em especial para dar cumprimento às políticas públicas vigentes, recusa-se a cumprir seu papel republicano, o que denota estranheza, de vez que essa postura assemelha-se ao interesse deliberado em impedir aos produtores culturais a prerrogativa de desenvolverem com liberdade e autonomia constitucional suas atividades artístico-culturais fundamentais para o País.

(27)

É inegável a insegurança jurídica gerada em consequência da inércia injustificada Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério do Turismo, o que implicará em dano certo e inevitável aos Impetrantes e a toda comunidade cultural, sem que esta tenha concorrido com qualquer falta ou erro. Nesse aspecto, não há nenhuma razoabilidade, ainda que por hipótese, em se invocar o interesse público para justificar a suspensão imotivada das decisões relativas às respectivas publicações no Diário Oficial da União, sob pena de consequências desastrosas aos Impetrantes e, em especial, à Cultura nacional, a exemplo do que se vê aqui.

VI – DA RECENTE JURISPRUDÊNCIA QUE CONFIRMA A INÉRCIA DA AUTORIDADE COATORA

Ratificando todas as assertivas acima, o Judiciário já vem sendo provocado pelos desmandos da Autoridade Coatora, como se verifica da decisão liminar proferida no Mandado de Segurança n. 5026119-23.2020.4.03.6100, pela Justiça Federal da 3ª Região (cópia anexa), que, para facilitar sua observação, segue integralmente transcrita:

“D E C I S Ã O Vistos em decisão. Trata-se de Mandado de Segurança, com pedido de liminar, impetrado por INSTITUTO FEIRA PRETA contra ato do Sr. SECRETÁRIO DE FOMENTO E INCENTIVO À CULTURA DO MINISTÉRIO DA CULTURA DO BRASIL, requerendo determinação judicial no sentido de que o impetrado proceda imediatamente à publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos no Diário Oficial da União, bem como à abertura da conta exclusiva vinculada ao PRONAC do projeto, no prazo improrrogável de 24 horas, viabilizando a captação de recursos antes do final do exercício 2020, sob pena de multa diária.

(28)

...

Narrou o impetrante que elabora e executa projetos culturais e artísticos, com base na Lei Rouanet (nº 8.313/91), os quais são executados por meio de patrocínios com incentivo fiscal, realizados por empresas e pessoas físicas, que fazem o abatimento do repasse na sua declaração de imposto de renda do ano seguinte ao depósito. Que, neste ano de 2020, o Impetrante apresentou o projeto cultural "20º Festival Feira Preta" (proposta nº 331613) perante a Secretaria Especial de Cultura do Governo Federal, que sucedeu o Ministério da Cultura nas suas competências. De acordo com a sistemática da Instrução Normativa 02/2019, que regulamenta a Lei Rouanet, as propostas culturais passam por algumas fases até que sejam autorizadas a captar os recursos oriundos de patrocínio. Que a proposta 331613 se tornou o Projeto Pronac 204490, após a sua aprovação no dia 12/11/2020. Porém, mesmo após mais de um mês da aprovação no exame de admissibilidade do projeto, não foi realizada a publicação no DOU da Portaria de Homologação para Captação de recursos, bem como a abertura de conta bancária para os depósitos dos recursos doados, o que somente poderá ser feito até 31/12/2020, último dia deste exercício fiscal. A inicial veio acompanhada de procuração e documentos. Os autos vieram conclusos. É o relatório. Decido. Dispõe a Lei nº 12.016/2009 que o magistrado, em caráter liminar,

poderá determinar que “se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica” (art. 7º, III, da Lei nº 12.016/2009). Os efeitos da liminar deferida persistirão até a prolação da sentença, salvo se revogada ou cassada; há, contudo, ressalvas expressas na lei de mandado de segurança, quanto ao deferimento de pedido liminar que devem ser observadas. Nesse sentido: “Art. 7º - § 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação

(29)

ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza”. Para o deferimento da medida em comento é necessária comprovação da verossimilhança do direito alegado (fumus boni iuris) e quando o ato impugnado possa resultar na ineficácia da medida jurisdicional pleiteada através da demanda (periculum in mora). Feitas estas considerações, passo ao caso concreto.

A controvérsia cinge-se à verificação de morosidade do Poder Público em dar seguimento ao procedimento da proposta nº 331613, referente ao projeto 20º Festival Feira Preta, no sentido de fazer publicar a Portaria de homologação do projeto no Diário Oficial da União, bem como proceder à abertura de conta bancária, possibilitando a captação de recursos para sua execução. A Instrução

Normativa nº 2, de 23 de abril de 2019, que regulamenta a Lei Rouanet, estabelecendo procedimentos para apresentação, recebimento, análise, homologação, execução, acompanhamento, prestação de contas e avaliação de resultados de projetos culturais, anunciados por meio do mecanismo de Incentivo Fiscal do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), assim dispõe:

CAPÍTULO V

DA ANÁLISE DAS PROPOSTAS CULTURAIS

(...)

Art. 25. A captação poderá ser iniciada imediatamente após a fase de admissibilidade, tão logo seja publicada a Portaria de Homologação para Captação de Recursos no Diário Oficial da União.

(...) SEÇÃO II

DOS PRAZOS DE CAPTAÇÃO E EXECUÇÃO

Art. 33. O prazo para captar recursos iniciar-se-á na data de publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos e é limitado ao término do exercício fiscal em que foi publicada a portaria.

(30)

Consoante a documentação juntada aos autos, a proposta cultural do impetrante, denominada 20ª FESTIVAL FEIRA PRETA, foi transformada em projeto cultural (PRONAC 204490) no dia 12/11/2020 (ID 43419286). Nos termos do art. 25 da IN 2/2019, a captação de recursos poderá ser iniciada imediatamente após a publicação da homologação, o que, até o momento, não foi realizado pelo Poder Público. Não se afigura razoável condicionar o exercício de direito à liberalidade exclusiva do Poder Público, sendo razoável a fixação de um prazo razoável para tanto. A Administração está sujeita à observância de alguns princípios constitucionais, dentre os quais se destaca o princípio da eficiência. Sendo assim, é certo que o que se espera do administrador é o cumprimento dos prazos previstos na lei. A ineficiência do serviço público não pode exigir um sacrifício desmesurado nos interesses dos particulares, mormente quando previstos expressamente na Constituição Federal (inciso LXXVIII do artigo 5º e caput do artigo 37, ambos da Constituição Federal). Não há como deixar de reconhecer as

dificuldades estruturais enfrentadas pela Administração para atender a contento às necessidades dos administrados. O mesmo ocorre com o Poder Judiciário, em relação aos seus jurisdicionados. Entendo cabível, na hipótese, a Lei n.º 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, que prevê da seguinte forma a respeito dos prazos para apreciação de requerimentos formulados pelos contribuintes: “Art. 1º Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

(31)

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.

(...)

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.”

Considerando que a aprovação do projeto ocorreu em 12/11/2020, configura-se morosidade do Poder público em dar andamento ao procedimento, deixando de realizar a próxima fase, qual seja, a publicação da portaria de homologação do projeto e abertura de conta, do que depende o recebimento de recursos para execução do projeto aprovado. O periculum in mora decorre do prazo para recebimento dos repasses, fixado por lei até o último dia do exercício fiscal, ou seja, o próximo dia 31/12/2020. Diante do exposto, DEFIRO A LIMINAR pleiteada para determinar que a autoridade impetrada proceda imediatamente à publicação da Portaria de Homologação para Captação de Recursos no Diário Oficial da União, bem como à abertura da conta exclusiva vinculada ao PRONAC do projeto 204490, referente à proposta nº 331613, no prazo improrrogável de 24 horas, viabilizando a captação de recursos antes do final do exercício 2020, sob pena de multa diária. Intime-se a autoridade impetrada para o cumprimento da presente decisão no prazo de 15 (cinco) dias, sob as penas da lei, bem como notifique-se para prestar as informações no prazo legal. Após, dê-se vista ao representante judicial da(s) pessoa(s)

(32)

Federal, vindo os autos, a seguir, conclusos para sentença. Intime-se. Cumpra-se. São Paulo, 17 de dezembro de 2020.” (g.n)

Verifica-se do teor da recente decisão, envolvendo questão idêntica à debatida neste requerimento extremo, que os atos da autoridade coatora vem atingindo artistas e produtores em todo o País, e confirma a violação aos princípios constitucionais sujeitos à administração pública, em especial o da eficiência. Os pontos observados pela decisão convergem às questões aflitivas do presente Mandado de Segurança Coletivo, confirmando que são claros os requisitos para concessão da liminar ora requerida.

V I I – D A P R E S E N Ç A D O S R E Q U I S I T O S Q U E A U T O R I Z A M O D E F E R I M E N T O D A L I M I N A R O R A P L E I T E A D A

Os fatos apontados na presente peça vestibular indicam, com clareza e de forma inequívoca, que o exercício dos direitos das entidades Impetrantes vêm sendo brutalmente obstaculizados pela autoridade Impetrada, estando atendidos os requisitos que autorizam o deferimento da liminar perseguida no presente

Mandado de Segurança Coletivo.

De fato, restou evidenciada a relevância dos fundamentos do pedido, de vez que foi demonstrada a ilegalidade do ato coator que:

a) Inibe injustificadamente o direito dos associados das Impetrantes em exercer o seu direito de recorrer aos mecanismos de mecenato da Lei Rouanet;

(33)

b) Impede a abertura das respectivas contas correntes vinculadas aos projetos culturais;

c) Impede aos patrocinadores e doadores de efetivarem os seus aportes, impedindo que os produtores culturais desenvolvam suas produções;

d) Aniquila com os projetos culturais apresentados e aprovados para captação de recursos, na medida em que o encerramento do ano fiscal, na prática, importará no reinício de todo o processo de captação de recursos pelos produtores culturais, sendo que a decisão das empresas patrocinadoras dependerá da evolução da economia de 2021 e dos tributos sobre a sua atividade nesse ano;

e) Deixará à mingua as produções culturais do País, tendo em vista que toda programação esperada para o ano de 2021 ficará inviabilizada. Na verdade, estaríamos diante da declaração formal da falência cultural do País!

Neste diapasão, o fumus boni iuris se traduz na inequívoca razoabilidade do direito alegado pelas Impetrantes, que é patente diante das razões trazidas nesta peça exordial, em especial o descumprimento pela Secretaria Especial de Cultura e a Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultua do Ministério do Turismo dos institutos da eficiência e da transparência do Direito

(34)

Importa dizer que, a manutenção da opção do modelo inerte da autoridade coatora trará enormes prejuízos ao direito dos Impetrantes, visto que irá manter parados centenas de processos administrativos prontos para atender à sua finalidade, traduzida na entrega pelo Estado das formalidades administrativas necessárias para a disponibilização de recursos pelos patrocinadores e doadores, que seriam acessados pelos produtores culturais e artistas com segurança e legalidade, devendo ressaltar que tais recursos não pertencem ao Erário ou a qualquer governo ou poder político constituído, mas à Cultura e ao povo brasileiro, viabilizados por força dos dispositivos da Lei Rouanet (Lei n. 8.113/91) em clara violação à norma especial.

Assim, não é difícil imaginar os diversos transtornos que os Impetrantes vêm suportando diante da manutenção da postura omissa do Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, visto que a manutenção dessa situação de paralisia processual acarretará lesão grave e de difícil reparação, pois irá inviabilizar a efetividade das produções culturais no ano de 2021.

Destaque-se ainda, considerando o ordenamento processual civil, não haverá prejuízo à Autoridade Impetrada, tendo em vista que não haverá qualquer supressão das etapas dos processos administrativos, que já foram efetivamente cumpridas pelas Impetrantes.

Adicionalmente, resta evidente o periculum in mora , pois a aludida omissão da autoridade Impetrada, resultará em um prejuízo estimado superior a R$ 700 milhões para setor cultural, que se perderão definitivamente e não serão repostos, bem como afetados todos os empregos diretos e serviços indiretos (mensurados na casa dos milhões), que sofrerão com os cancelamentos das produções culturais apontadas na relação de projetos culturais, que aguardam a respectiva publicação no Diário Oficial da União.

(35)

Na verdade, caso não publicados os projetos culturais estaremos diante da falência da Cultura Brasileira e da absoluta ausência de produtos culturais no ano de 2021. Trata-se de situação de incômodo desesperador, que só poderá ser evitado no caso de urgente deferimento da medida liminar ora requerida.

O tempo até o momento decorrido para o cumprimento de uma simples publicação no DOU dos projetos culturais, cujos processos administrativos já encontram-se aprovados, é injustificável e revela o desprezo da administração pública com os interesses dos Impetrantes, que encontram-se em delicada situação perante aos compromissos que assumiram com terceiros, fluxos financeiros arbitrariamente interrompidos e a frustração pelo cumprimento das etapas do processo administrativo, inviabilizado – repita-se - em razão da inércia da autoridade coatora .

No caso em tela, está mais do que demonstrado o direito violado e o dano patrimonial que vêm sendo injustificadamente suportados pelas Impetrantes, pois os fatos e o direito material indicados representam prova inequívoca da inércia da autoridade coatora, que faz questão de se omitir ao cumprimento de suas atribuições legais, estando presentes todos os requisitos necessários à liminar requerida, como forma de restauração do direito.

A continuação da inércia da autarquia federal tornará irreparável o prejuízo aos direitos das Impetrantes, inclusive acarretará em descrédito perante terceiros, sem prejuízo de intensificar o esvaziamento completo do setor cultural nacional diante da negativa pela autoridade coatora na entrega de sua obrigação legal em fomentar os setores culturais.

(36)

O requisito do periculum in mora, portanto, encontra-se configurado na urgência do atendimento da liminar, já que, como já elucidado, caso não seja deferida liminarmente imediatamente, os Impetrantes não terão mecanismos para captar os recursos dos patrocinadores e doadores ainda neste ano fiscal, restando frustrados os projetos culturais, assumindo, ademais, enormes prejuízos provocados pela inatividade da Secretaria Especial da Cultura e da Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura.

No caso vertente, resta evidente, a injustificada resistência pela Autoridade Impetrada em dar cumprimento à publicação no Diários Oficial da União dos projetos culturais relacionados na listagem anexa, recaindo sobre os associados das Impetrantes grande e excessivo ônus financeiro e administrativo.

Assim, diante da relevância da fundamentação expendida e do periculum in mora demonstrado, verifica-se que, se não for concedida urgentemente a medida liminar ora pleiteada, o provimento final do presente writ terá sua eficácia comprometida, porque, até lá já terá encerrado o ano fiscal de 2020, impedindo que patrocinadores e doadores possam se valer das regras da lei de incentivo. A situação é verdadeiramente desesperadora!

Diante disso, presentes os requisitos legais, requer-se o deferimento do pedido liminar ora formulado, de maneira a determinar que a Autoridade Coatora, o Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministro do Turismo, proceda, no prazo improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas a imediata publicação de todos os projetos culturais já admitidos e prontos para terem sua homologação para captação de recursos autorizada, indicados no documento em anexo (Tabela de Projetos Culturais para Assinatura), bem como a determinação para que o Banco do Brasil informe/disponibilize os números das contas correntes de cada projeto, procedimento feito pela SEFIC, para que os proponentes possam

(37)

formalizar a abertura das contas pelos proponentes, na forma do artigo 32 da IN 25, até o julgamento definitivo do presente Mandado de Segurança, que certamente será pela concessão da segurança ao final pleiteada.

V I I I – C O N C L U S Ã O :

Por todo exposto, requerem e confiam os Impetrantes, que V.Exa., com a urgência que a questão reclama, determinará:

a) O deferimento do pedido liminar ora formulado, inaudita altera pars , no sentido de determinar que a entidade coatora, o Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial de Cultura – Ministério do Turismo, encaminhe para publicação no Diário Oficial da União, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas, dos projetos culturais listados na listagem em anexo (Tabela de Projetos Culturais para Assinatura), que encontram-se devidamente prontos e aprovados, sem qualquer pendência ou etapa de análise de admissibilidade a ser cumprida, bem como a determinação para que o Banco do Brasil, em prazo equivalente, informe/disponibilize os números das contas correntes de cada projeto, procedimento feito pela SEFIC, para que os 5Art. 32. A Conta Vinculada do projeto, isenta de tarifas bancárias, conforme o Anexo V, será vinculada ao CPF ou ao CNPJ do proponente para o qual o projeto tenha sido homologado.

§ 1º A Conta Vinculada somente poderá ser operada após a regularização cadastral, pelos respectivos titulares, na agência bancária onde tenha sido aberta.

§ 2º Os recursos depositados na Conta Vinculada, enquanto não empregados em sua finalidade, serão automaticamente aplicados em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou operação de mercado aberto lastreada em título da dívida pública federal.

§ 3º Os rendimentos da aplicação financeira só poderão ser utilizados no próprio projeto cultural, dentro dos valores já homologados para execução pelo Ministério da Cidadania, estando sujeitos às condições de prestação de contas dos recursos captados, observado o disposto no art. 37, caso os recursos provenientes de aplicações financeiras não sejam utilizados no projeto cultural, serão recolhidos ao FNC.

(38)

proponentes possam formalizar a abertura das contas pelos proponentes, na forma do artigo 32 da IN 2 mediante a urgente adoção, por esse Colendo Superior Tribunal de Justiça, de todos os atos e medidas que se fizerem necessárias, inclusive conforme autorizado pelos artigos 497 e 300 do Código de Processo Civil, sob pena de crime de desobediência previsto no artigo 330 do Código Penal, e de multa diária a ser fixada por d. Juízo, em relação à Impetrada, no valor diário de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), caso ocorra o descumprimento da ordem legal.

b) a notificação da autoridade coatora, o Sr. Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura da Secretaria Especial da Cultura – Ministério do Turismo, nos termos do artigo 7º , I, da Lei 12.016/09, bem como se dê ciência do feito, nos termos do art. 22, § 2º da referida Lei 12.016/09.

c) Em seguida, ouvido o Ilustre Representante do Ministério Público, requer-se a concessão definitiva da segurança, com a confirmação da liminar que se espera deferida, de maneira que se interrompa a inércia do Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura.

Para fins do artigo 77 do CPC, indicam os Impetrantes os endereços do Primeiro Impetrante, o Conselho Federal da OAB: sede em Brasília/DF, no SAUS, Qd. 05, Lote 01, Bloco M, inscrito no CNPJ sob nº 33.205.451/0001-14; o endereço da Segunda Impetrante a OAB-RJ: rua Marechal Câmara, 150, Rio de Janeiro/RJ; e o endereço do demais Impetrantes, por meio de seus patronos, na Av. Ataulfo de Paiva, nº 706, grupo 202, Leblon, Rio de Janeiro, endereço eletrônico: sydney@sanches.adv.br para recebimento de qualquer comunicação ou intimação.

(39)

Declaram os Impetrantes e seus patronos, na forma da lei, que os documentos que instruem a presente petição inicial são cópias autênticas dos documentos originais.

Protestando, provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para efeitos fiscais.

Nestes Termos, P. Deferimento.

Brasília/DF, 22 de dezembro de 2020.

Felipe de Santa Cruz Oliveira Scaletsky Presidente

Conselho Federal da OAB Priscilla Lisboa Pereira

OAB/DF 39.915

Sydney L. Sanches OAB/RJ – 66.176

(40)

Erlan dos Anjos Procurador da OAB/RJ

OAB/RJ 157.264

DOCUMENTOS ANEXADOS:

1- ATOS CONSTITUTIVOS E PROCURAÇÕES DOS IMPETRANTES (1 ao 8) 2- TABELA DE PROJETOS CULTURAIS PENDENTES DE ASSINATURA (9) 3- REQUERIMENTO DA APTR AO TCU (10)

4- DECISÃO LIMINAR NO MS 27191/DF (11)

5- DECISÃO LIMINAR DA JUSTIÇA FEDERAL DA 3ª REGIÃO – SÃO PAULO (12)

Referências

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