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Perfiles Sociodemográficos, Relaciones de Género y Masculinidades de la Población Negra Joven en Colombia: el caso de la ciudad de Cali

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Adolescentes e Jovens do Sexo Masculino:

riscos de contrair HIV/AIDS ou DST ou engravidar uma parceira

*

Morvan de Mello Moreira Fundação Joaquim Nabuco

Introdução

Em que pese o Brasil defrontar, desde meados dos anos 60, com uma intensa e generalizada queda dos níveis de fecundidade e, em conseqüência, observar uma redução no contingente jovem no total da população, definindo o processo de envelhecimento da população nacional (Moreira, 2000), a população entre 15 e 24 anos de idade, por um longo período de tempo, constituirá, ainda, uma fração expressiva da população brasileira (IBGE, 1997), caracterizando-se o que se denominou a “onda jovem” (Oliveira et al., 1998). Assim, apesar de, em termos relativos, a população entre 15 e 24 anos de idade perder expressão no total nacional entre 1980 e 2020, passando de mais de 20% para 15% do efetivo humano brasileiro, a sua dimensão absoluta ainda será expressiva, aumentando, no período, de 25 para 30 milhões de pessoas (IBGE, 1997).

Adolescentes e jovens apresentam comportamento sexual que os leva a se envolverem em relações sexuais de risco, cujo indesejável resultado pode ser infectarem-se por uma DST, inclusive o HIV/AIDS ou engravidar uma parceira. Parte substancial destes riscos está associada à uma equivocada percepção dos mesmos, ao insuficiente conhecimento de formas de se proteger e à incapacidade de pô-las em prática. Assim, entre os jovens abaixo de 25 anos, apesar de não ser expressivo o número e a proporção de casos notificados de AIDS (Datasus, 2000) e, crescentemente, os mesmos apresentarem altas taxas de conhecimento sobre as conseqüências do seu comportamento sexual em termos de infecção por DST e HIV/AIDS (Castilho e Szwarcwald, 1998), além da gravidez indesejada (BEMFAM, 1999), uma parcela

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

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expressiva destes jovens ainda apresenta comportamentos sexuais que os colocam em situação de alto risco tanto no que concerne às infecções quanto à gravidez não desejada. Santos e Santos (1999) referem-se a algumas características dos adolescentes que conferem risco à atividade sexual: despreparo para lidar com a sexualidade; onipotência e sentimento de invulnerabilidade; barreiras e preconceitos; dificuldades de tomar decisões; indefinição de identidade; conflito entre razão e sentimento; necessidades de afirmação grupal e dificuldades de administrar esperas e desejos.

Desde que o HIV pode permanecer incubado por até 10 anos, o risco de um homem jovem contrair o HIV/AIDS tem amplas repercussões sobre sua disseminação, pelo maior número de parceiras que o jovem usualmente tem e suas práticas sexuais de risco, implicando em transformar-se o mesmo, durante todo este período, em agente não identificável de transmissão do HIV. Os dados referentes à maior incidência de AIDS na faixa 25-34 anos apontam na direção de que as maiores contaminações ocorreriam entre os adolescentes e os jovens (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1997)

A precocidade no início das relações sexuais e o despreparo dos jovens para a vida sexual ativa e o sexo seguro têm sido apontadas como as principais razões da gravidez não desejada na adolescência, para o crescimento absoluto da taxa de fecundidade das adolescentes e a ampliação de sua participação na fecundidade total (Melo, 1996; Gupta e Leite, 1999).

Estas mesmas razões também são apontadas para a incidência das DST entre a população jovem em razão do não uso do condom, justificado por uma multiplicidade de razões que passam desde o desconhecimento de como usá-lo, seu custo e, até, o incômodo que causa.

Esse trabalho, com base nas informações da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (DHS-96), realizada pela BEMFAM (BEMFAM, 1997), utiliza a regressão logística para avaliar os fatores determinantes do risco dos adolescentes e jovens do sexo masculino contraírem HIV/AIDS, DST ou engravidarem uma parceira.

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Situações de Risco

A passagem da adolescência para a vida adulta jovem é marcada por significativas e combinadas mudanças de ordem pessoal, social, psicológica e fisiológica, nem sempre harmoniosas e tranqüilas. Este período marca a transição para a maturidade sexual e muitos dos comportamentos adquiridos durante esta fase constituirão elementos de definição de comportamentos futuros. Em um contexto cultural permeado de valores machistas, no qual são inúmeros os apelos à erotização das relações, os descompassos entre a maturidade reprodutiva e psicossocial encontram na imaturidade dos jovens, que se julgam invulneráveis às situações ameaçadoras, um terreno fértil para comportamentos de risco.

Nesse trabalho, consideramos como as situações de risco aquelas às quais se submetem as populações adolescente e jovem, resultantes de seus comportamentos sexuais, quais sejam, a contaminarem-se por HIV/AIDS, contraírem uma DST ou gerarem uma gravidez não desejada.

HIV/AIDS

Em termos mundiais, o Brasil sempre ocupou posição de destaque no que tange ao número de casos. Dados da UNAIDS (2000) referentes ao Brasil, em 1999, estimam que 540 mil brasileiros viviam com AIDS, dos quais 130 mil seriam mulheres e, aproximadamente, 10 mil crianças menores de 15 anos. O Ministério da Saúde registra, para o período 1980-setembro de 2001, 222.356 casos notificados de AIDS no Brasil1, resultando em uma taxa de incidência que, se em 1998 atingia a 15,3 casos por cem mil pessoas, em 2000 declinou para 10,5 casos por 100.000 habitantes (Ministério da Saúde, 2001).

Szwarcwald et al (1998) mostram que a epidemia de AIDS no Brasil é composta por epidemias regionais que se distinguem quanto à velocidade de variação e em importância das categorias de exposição. Diferenciais de incidência acompanham as diferenças sociais da população brasileira, sendo mais alta a infeção entre a população

1 As diferenças entre as duas fontes podem se dever não só à mais precária qualidade dos dados do Ministério da Saúde que apresenta subnotificação, retardo de notificação e duplicação de casos, como, também, à diferenças nas fontes de informação, pois os dados do Ministério dizem respeito à casos notificados, enquanto os dados da UNAIDS referem-se à estimativas de pessoas infectadas.

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menos favorecida. Assim, os maiores coeficientes encontram-se entre aquele conjunto populacional que se apresenta como trabalhadores menos qualificados, com menores níveis de escolaridade, residentes nas regiões periféricas, configurando-se assim um processo de pauperização da AIDS, movimento este que é acompanhado por um processo de espraiamento espacial, chegando a AIDS, progressivamente, a um maior número de municípios e atingindo as áreas rurais (MONITORING, 1997, Barbosa, 2001b)

No Brasil, os adolescentes e os jovens respondem por uma fração menor do total de casos notificados de AIDS, e estima-se que as taxas de prevalência entre a população de 15-24 anos, do sexo masculino, oscilem entre 0,55% (estimativa inferior) e 0,84% (estimativa superior), enquanto seriam de 0,23 e 0,83%, respectivamente, entre as mulheres (UNAIDS, 2000). Dados do Ministério da Saúde apontam para a notificação de 27.254 casos de AIDS entre a população de 13-24 anos, no período 1980-2001, frente ao total de 215.810 casos notificados, o que significa dizer que os maiores de 13 anos e menores de 25 anos respondem por 9,7% do total de casos durante estes 20 anos.

Apesar de ser menor o número de casos de AIDS entre este segmento populacional e maior no grupo 25-34 anos, considerando o tempo médio de incubação do vírus, pode-se concluir que este grupo corre elevados riscos de contaminação. As razões pelas quais se incorre no risco de contaminação por HIV, através de relações sexuais, são as mesmas que colaboram para a infecção por DST: comportamento sexual de risco associado à não prática do sexo seguro, representado pelo não uso do condom.

DST

A dimensão dos problemas de saúde pública gerados pelas Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST - e suas seqüelas não pode ser adequadamente avaliada em razão da indisponibilidade de dados adequados para a sua mensuração. Não há estatísticas sobre DST no Brasil. Os poucos casos notificados não representam mais do que uma fração muito modesta do número total ocorrências, pois que não há um sistema de registro instituído e as DST constituem uma parcela expressiva das morbidades ocultas, auto-medicadas, e para as quais percentuais expressivos de homens e mulheres infectadas não apresentam sintomas e não buscam assistência médica. Entretanto, a rede de profissionais que se dedicam ao monitoramento da situação e das

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tendências da epidemia do HIV/AIDS produziu um relatório sobre a América Latina e o Caribe, incluindo informações sobre DST (MONITORING, 1997).

Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes às DST, que apontam claramente a escassez de informações oficiais sobre a dimensão da incidência e prevalência das doenças sexualmente transmissíveis no Brasil.

Tabela 1. América Latina e Caribe - Estimativas de Novos Casos de Doenças Sexualmente Transmissíveis – 1996 (em 1000)

Região Sífilis Gonorréia Clamídia Tricomoníase Total

Região Andina 263 1.478 2.088 3.682 7.511 Cone Sul 145 812 1.147 2.022 4.124 Brasil 439 2.464 3.481 6.139 12.524 América Central 79 443 626 1.104 2.252 México 242 1.359 1.92 3.386 6.908 Caribe Latino 79 443 626 1.104 2.252

Caribe (de língua inglesa) 20 115 162 286 584

Total 1.268 7.114 10.051 17.722 36.155

Fonte: MONITORING, 1997

De acordo com esta rede de estudiosos, mais de 12 milhões de doenças sexualmente transmissíveis teriam ocorrido no Brasil até o final de 1999, o que comparado com uma população de 120 milhões acima de 15 anos de idade, mostra a significância das doenças sexualmente transmissíveis no Brasil, nas quais a tricomoníase responde por quase a metade de todos os casos.

Para se dimensionar a situação nacional basta considerar que o Center of Disease Control and Prevention - CDC registrou, para os Estados Unidos, em 1997, 526.653 notificações de clamídia (436.350 casos entre mulheres e 87.640 em homens) e 324.901 casos de gonorréia (161.658 entre mulheres e 162.793 entre mulheres), para uma população sujeita ao risco estimada em 265 milhões de pessoas. As taxas de infecção por gonorréia e clamídia são da ordem 123,6 casos e 196,8 casos por 100.000 habitantes, respectivamente. De acordo com aquele órgão, estas taxas poderiam estar subestimadas em mais de 50% (CDC, 1994, 1997, 1998).

Comparados com os jovens (população de 20-24 anos), usualmente os adolescentes (15-19 anos) apresentam riscos mais elevados de contrair uma DST por razões que se associam com o fato de tenderem a ter maior número de parceiras, sucessivas ou simultâneas, ao contrário dos jovens que tendem a apresentar uma única e

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mais permanente relação; também os adolescentes, mais do que os jovens, apresentam maior propensão a se envolverem em relações sexuais não protegidas e a serem menos seletivos no que diz respeito à escolha de parceiras que envolvem riscos. Ademais, a iniciação sexual precoce e o casamento tardio resultam em que os adolescentes estão se expondo por mais tempo aos riscos de aquisição da DST e de encontrar parceiras infectadas. A ausência de serviços de prevenção destinados à população adolescente e jovem, o custo de aquisição da camisinha, o desconhecimento em como usá-la, o preconceito e a falta de confiança em seu uso, as dificuldades em porta-la, o desconforto que causa, são elementos adicionais contributivos para que a taxa de infeção por DST por este grupo etário seja mais elevadas do que aquelas que ocorrem na população jovem ou adulta.

GRAVIDEZ

No Brasil, entre a população adolescente e jovem, a proporção de concepções pré-maritais aumentou de 34%, em 1986, para 38%, em 1996 cuja quase totalidade ocorreu entre a população menor de 20 anos (BEMFAM, 1999b).

Entre a população masculina de 15-24 anos, 17% reportaram já ter engravidado uma parceira, sendo este percentual de 6% entre os adolescentes e de 31% entre os jovens. O percentual declarado pelos jovens do sexo masculino é mais baixo do que aquele declarado pelas jovens, já que um total de 5% dos jovens que engravidaram uma parceira declararam não ter nenhum filho, sugerindo que uma parte das possíveis gravidezes resultou em aborto (BEMFAM, 1999b). Camarano (1998) reporta que a Pesquisa sobre Saúde Reprodutiva e Sexualidade do Jovem, realizada pela BEMFAM, em três capitais brasileiras, entre 1989 e 1990 (BEMFAM, 1992; FERRAZ et al, 1992), mostra que aproximadamente a metade das gravidezes entre as jovens de 15 a 24 anos de idade não era planejada, percentual este que varia de 58%, no Rio de Janeiro, a 46 e 47%, respectivamente, em Curitiba e Recife. De acordo com a pesquisa de 1986, 40,7% dos nascimentos ocorridos entre as adolescentes foram declarados como não planejados, percentagem que incrementa para 46,9% entre as jovens de 20 na 24 anos. Na pesquisa de 1989-1990, homens do grupo 15 a 24 anos, confrontados com as mulheres, apresentam-se proporcionalmente menos numerosos em termos de engravidar uma parceira em relação às mulheres que já engravidaram, mas em proporções muito mais

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elevadas no que respeita à gravidez não planejada (70% no Rio; 63%, em Recife e 54%, em Curitiba).

Gravidezes não desejadas resultam de relações sexuais sem proteção ou pela utilização de métodos ineficientes de contracepção. A literatura aponta um grande número de fatores que concorrem para a gravidez não planejada neste segmento etário, além da ausência do uso de métodos contraceptivos, o nível educacional, o início precoce das atividades sexuais, o número de parceiros, o narcisismo e o sentimento de invulnerabilidade e as condições que cercam a ocorrência da relação sexual.

Fonte de dados, Metodologia e Variáveis Fonte de dados

Este trabalho faz uso das informações provenientes da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde – PNDS – 1996, sendo a mesma uma pesquisa domiciliar conduzida pela BEMFAM, em nível amostral, em todas as regiões brasileiras, exceto a área rural da região Norte. A amostra foi desenhada de tal forma a se obter resultados representativos para as sete regiões consideradas, assim como assegurar estimativas independentes para os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. A PNDS-96, realizada entre março e junho de 1996, foi elaborada como uma subamostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD conduzida pelo IBGE, cujos entrevistados foram aleatoriamente selecionados através de amostra probabilística de dois estágios: no primeiro estágio selecionaram-se os setores censitários com probabilidades proporcionais ao número de domicílios existentes no setor e no segundo estágio, o domicílio, considerando a representatividade dentro do setor. Em todos os domicílios selecionados as mulheres de 15-49 anos faziam parte da amostra e para os homens considerou-se 25% dos domicílios selecionados, entrevistando-se todos os homens de 15-59 anos de idade. Foram aplicados três tipos de questionários: fichas de domicílios, questionário individual de mulheres e questionário individual de homens. No total foram entrevistados 2949 homens. (BEMFAM, 1997)

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Metodologia

Neste trabalho foram considerados 767 entrevistados do sexo masculino, entre 15 e 24 anos de idade, dos quais 347 adolescentes da faixa 15 a 19 anos de idades e 420 jovens de 20 a 24 anos que, por ocasião da pesquisa, já tivessem tido relações sexuais e tivessem tido alguma parceira no último ano anterior à data da pesquisa.

A Tabela 2 apresenta algumas das características destes jovens, de acordo com as covariáveis definidas para integrarem cada um dos modelos considerados.

A regressão logística foi utilizada com o objetivo de identificar a relação entre o risco de se infectar por HIV/AIDS ou contrair uma DST ou engravidar uma parceira e variáveis explicativas representativas de um conjunto de características sócio-econômicas e culturais dos adolescentes e dos jovens, bem como indicadores ligados aos seus comportamentos sexuais.

Em cada um dos modelos, tomou-se como variável dependente, respectivamente, o risco de infecção por HIV/AIDS (mensurado pela autopercepção revelada pelo entrevistado), o risco de contrair uma DST (construído a partir de informações dos entrevistados) e o risco de engravidar uma parceira (também elaborado a partir de informações dos entrevistados).

Um modelo de regressão logística pode ser escrito na forma:

( )

= + + + + + + =      − = =

x

x

r

x

x

n n n n i p p p Logito y

β

β

β

β

1

β

1 2 2 1 1 0 ... 1 ln

r

x

i i i n + + =

β

∑ β

1 0 onde:

p representa, respectivamente, a probabilidade de um adolescente ou jovem identificar-se na condição de risco de infectar-se com o HIV/AIDS, contrair uma DST ou engravidar uma parceira, conforme cada um dos modelos considerados;

      − p p

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      − p p 1

ln = logaritmo na base natural (logaritmo neperiano) da razão de chances ou “logito”;

xi representa as covariáveis; βi são os parâmetros a serem estimados e ri são os

resíduos da estimação.

No modelo de regressão logística, a exponencial do coeficiente βi aponta em

quanto se modifica o valor predito da odds-ratio da variável de interesse para cada mudança unitária na covariável i.

Variáveis

As variáveis dependentes utilizadas em cada um dos modelos são:

Risco de infectar por HIV/AIDS – PERC - é dada pela autopercepção de risco revelado pelos entrevistados (questão 609 no questionário masculino), assumindo o valor 0 na situação de “nenhum risco” e 1 para os casos de “algum risco”.

Risco de contrair uma DST – RISCODST - é mensurado pelo fato dos pesquisados não terem usado condom na última relação, ou já terem tido DST ou terem apresentado sintomas de DST nos últimos 12 meses. O valor 0 é atribuído ao conjunto dos “não” em risco enquanto o valor 1 é associado aos que “sim”, correm risco.

Risco de engravidar uma parceira – RISCGRAV - sua ocorrência é definida para todo o entrevistado cuja parceira não está grávida e cujo método atual utilizado nas relações sexuais não envolve a esterilização masculina, esterilização feminina ou métodos eficientes de contracepção. O valor 0 designa o grupo daqueles “não” em risco de engravidar uma parceira, enquanto no 1 estão compreendidos os que “sim”, apresentam risco de engravida-la.

As covariáveis utilizadas na regressão são:

Idade – Vários estudos mostram que entre os adolescentes e jovens é alto o nível de conhecimento sobre HIV/AIDS, DST e riscos de gravidez não planejada e ainda assim os adolescentes e jovens tendem a se envolverem em relações de risco, planejadas ou não, comparativamente àqueles com idades mais elevadas. Com a idade mudam os

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conhecimentos, as atitudes e as práticas dos jovens que levam em direção à proteção contra os riscos.

Educação – É extensa a literatura que aponta o efeito positivo da educação para a aversão ao comportamento de risco e a prática do sexo seguro. Martin e Juárez (1995), mostram que a educação, além de constituir mecanismo de mobilidade social e de ampliação de oportunidades econômicas, elemento de formação das aspirações e instrumento de empoderamento pessoal, permitindo o questionamento de normas e valores autoritários, apresenta-se como forma de apreensão e processamento das informações necessárias para a tomada de decisão. Observe-se por outro lado que, enquanto a educação amplia a consciência individual sobre os riscos envolvidos na atividade sexual sem proteção, há uma possível defasagem entre o conhecimento e a prática, com a persistência do sexo sem proteção, mesmo com a plena consciência dos riscos envolvidos. (Souza et al, 1999)

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Tabela 2. Brasil - Características Selecionadas de Adolescentes e Jovens do Sexo Masculino – 1996

COVARIÁVEIS Idades COVARIÁVEIS Idades E CÓDIGOS 15-19 20-24 E CÓDIGOS 15-19 20-24

REGIÃO MÉTODO EM USO ATUAL

0 – Nordeste 152 177 0 - Condom 140 117 1 - Sul-Sudeste 108 142 1 - Outros 48 142 2 - Norte-C.Oeste 87 101 2 - Não usa 159 161 SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO USOU CONDOM NA ÚLTIMA RS

0 – Rural 70 76 0 – Sim 186 182 1 – Urbano 277 344 1 - Não – Não lembra 161 238 COR TEVE DST

0 – Branco 119 158 0 - Não – Não sabe 315 385 1 - Não Branco 228 262 1 – Sim 32 35 EDUCAÇÃO IDADE À 1ª RELAÇÃO

0 - 00-04 anos de estudo 132 165 0 - Até 14 anos 181 160 1 - 05-08 anos de estudo 154 140 1 - 15 e mais 166 260 2 - 9 e mais anos de estudo 61 115 USOU MÉTODO NA 1ª RS

SITUAÇÃO CONJUGAL 0 – Sim 129 100 0 – Casado 20 118 1 - Não – Não lembra 218 320 1 - Alguma vez casado 8 33 USOU CONDOM NA 1ª RS

2 – Solteiro 319 269 0 – Sim 103 68 TRABALHO 1 – Não 244 352

0 – Trabalha 200 324 VÊ TV SEMANALMENTE

1 - Em tempo parcial 90 67 0 – Sim 328 386 2 – Não 57 29 1 – Não 19 34 TIPO DE PARCEIRA FREQÜÊNCIA À IGREJA

0 – Regular 65 90 0 – Semanal 106 89 1 – Ocasional 114 97 1 – Outras 95 147 2 - Atualmente não tem 168 233 2 - Não tem religião/não freqüenta 146 184 NÚMERO DE PARCEIRAS AUTOPERCEPÇÃO DE AIDS

0 – Uma 127 182 0 - Nenhum risco 155 189 1 - Mais de uma 220 238 1 - Algum risco 192 231 CONHECE DST RISCO DE DST

0 – Sim 337 415 0 – Não 173 167 1 – Não 10 5 1 – Sim 174 253 CONHECE AIDS RISCO DE GRAVIDEZ

0 – Sim 293 343 0 – Não 191 268 1 – Não 54 77 1 – Sim 156 152 CONHECE MÉTODO EFICIENTE 347 420 TOTAL GERAL 347 420 Fonte dos dados brutos: BEMFAM, 1996.

Residência/Região – em que pese a evidencia da generalização de comportamentos reprodutivos em todo o espaço nacional, ter residência urbana e rural ou residir em regiões mais desenvolvidas ou menos desenvolvidas, não só significam maior ou menor acesso a benefícios sociais e às condições necessárias à prática do sexo seguro como, também, representam ter diferentes comportamentos e valores quanto à sexualidade, uma vez que áreas urbanas e rurais e as diferentes regiões do Brasil apresentam culturas distintas.

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Cor – a inclusão da cor como covariável deve-se à evidência da maior vulnerabilidade social da população não branca e, neste sentido, cor e classe social serem covariáveis altamente correlacionadas.

Idade à primeira relação – determinante do período de exposição ao risco, sendo a precocidade do início da vida sexual ativa apontada por vários autores como um dos elementos determinantes para alta incidência da gravidez entre adolescentes brasileiras.

Uso de método na primeira relação/ uso de condom na primeira relação – o uso de métodos/uso de condom na primeira relação tem sido incluído nos estudos como condicionante da continuidade do uso de métodos de proteção.

Número de parceiras – a promiscuidade sexual constitui-se um dos mais importantes determinantes da incidência de DST e disseminação do HIV/AIDS constituindo-se as várias parceiras sexuais elemento de ampliação da vulnerabilidade à infeção.

Tipo de parceira – ao lado da promiscuidade o tipo de parceira é elemento fundamental para o risco uma vez que os jovens têm comportamentos distintos quanto à proteção, a depender do tipo de parceiras que se relacionam.

Freqüência à igreja/vê TV/trabalho nos últimos 12 meses – medidas de exposição à informação.

Método de uso atual – há evidências de que o uso de outros métodos que não o condom dificultam a negociação pelas mulheres para que seus parceiros façam uso do condom nas suas relações sexuais.

Já teve DST – ter contraído uma DST é indicativo de menor proteção.

Conhece AIDS – conhecimento é um fator determinante da percepção de risco. Situação conjugal – o status conjugal modifica o comportamento sexual, principalmente em termos de relações sexuais monogâmicas ou redução do número de parceiras. No que respeita à percepção do risco em contrair HIV/AIDS ainda é razoavelmente generalizada a crença de que relações monogâmicas “estão protegidas” de risco.

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Resultados

Os resultados do modelo de regressão logística parcimonioso (redução do modelo completo com menor número de parâmetros) para cada um dos conjuntos de situações de risco considerados, obtido por meio de um processo de seleção hierárquico construído pela inserção progressiva das variáveis (forward method) com base na estatística de Wald, sem considerar as possíveis interações entre as covariáveis, estão apresentados nas Tabelas 3, 4 e 5. O pacote estatístico utilizado foi o do SPSS versão 10.

Na Tabela 3 são apresentados os resultados relativos à autopercepção de risco em contrair AIDS, sendo o grupo de referência os adolescentes e jovens que se auto-percebem como não correndo nenhum risco de infectarem-se com a AIDS.

Tabela 3. Brasil – Coeficientes, nível de significância e odds-ratios estimados do modelo de regressão logística parcimonioso relativo à autopercepção de risco de contrair AIDS - 1996

COVARIÁVEIS Coeficiente Significância Odds-Ratio

COR

Não branco 0,381 0,020 1,463

EDUCAÇÃO

00 - 04 anos de estudo – referência

05 - 08 anos de estudo -0,848 0,000 0,428

09 anos e mais de estudo -0,676 0,001 0,508

NÚMERO DE PARCEIRAS

Uma parceira– referência

Mais de uma parceira -0,734 0,000 0,480

USO CONDOM PRIMEIRA RELAÇÃO

Sim – referência

Não -0,496 0,006 0,609

CONSTANTE 1,081 0,000 2,947

Fonte dos dados Brutos: BEMFAM, 1997

Controlado o efeito das demais covariáveis, os coeficientes da variável cor, estabelecida como indicativa de condições sociais, apontam uma relação positiva com as chances de um indivíduo se autoperceber em risco de contrair a AIDS. Em termos relativos, um adolescente ou jovem não branco apresenta 46% mais chances relativas de se autoperceber como em risco de contrair AIDS do que um que é branco.

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Os resultados mostram que, controlado o efeito das demais variáveis, ao ampliar o nível de escolaridade reduz-se em 50% as chances relativas desses adolescentes e jovens auto-identificarem-se como em risco de contrair a AIDS. Ambos os grupos de anos de estudo apresentam coeficientes semelhantes no contraste com o grupo de referência, sugerindo que é suficiente que o jovem apresente anos de estudo superior ao primário para que reduza de forma substantiva a situação de autopercepção de algum risco em contrair o HIV/AIDS.2

Haveria que se investigar com maior detalhe a relação negativa entre adolescentes e jovens que tiveram mais de uma parceira ao longo do ano anterior à data da pesquisa em contraste com aqueles que tiveram apenas uma, o mesmo acontecendo em relação ao fato de não se ter usado condom na primeira relação, em oposição àqueles que o fizeram.

2 Barbosa (2001) também encontrou resultados de mesma natureza em relação à educação, mas com diferenças mais amplas de riscos relativos entre os que apresentavam de 5 a 8 anos de estudos e 9 anos e mais. Diferentemente deste modelo, que considera a população masculina abaixo de 25 anos de idade, Barbosa utiliza o conjunto de entrevistados da PNDS (população de 15 a 59 anos) distribuído por sexo, tendo encontrado como estatisticamente significantes, no que se refere à população masculina “em algum risco de contrair o HIV”, a situação de domicílio, a região de residência, a situação conjugal e o número de parceiras.

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Tabela 4. Brasil - Coeficientes, nível de significância e odds-ratios estimados do modelo de regressão logística parcimonioso relativo ao risco de engravidar uma parceira - 1996

COVARIÁVEIS Coeficiente Significância Odds-Ratio

EDUCAÇÃO

00 – 04 anos de estudo – referência

05 – 08 anos de estudo 0,635 0,006 1,887

09 anos e mais de estudo 0,333 0,146 1,395

TIPO DE PARCEIRA

Regular – referência

Ocasional -1,962 0,000 0,141

Atualmente não tem -1,259 0,000 0,284

IDADE NA 1ª RELAÇÃO

Até 14 anos – referência

15 anos ou mais -0,577 0,001 0,562

USO DE MÉTODO NA 1ª RELAÇÃO

Sim – referência Não -0,492 0,010 0,612 REGIÃO Nordeste - referência Sul - Sudeste 0,357 0,092 1,429 Norte - Centro-Oeste -0,492 0,032 0,611 SITUAÇÃO CONJUGAL Casado - referência

Alguma vez casado -2,295 0,000 0,101

Solteiro -0,164 0,659 0,849

CONSTANTE 0,712 0,009 2,038

Fonte dos dados Brutos: BEMFAM, 1997

Em relação ao risco de engravidar uma parceira, Tabela 4, é também interessante observar que são os mais educados os que se encontram em maior risco, o que, em principio, seria compatível com outras evidências de que, proporcionalmente, mulheres jovens mais educadas utilizaram menos métodos anticoncepcionais à primeira relação do que as adolescentes (vide, por exemplo, Melo e Yazaki, 1997).

Ter tido parceira ocasional reduz as chances de se encontrar no grupo que corre algum risco de engravidar uma parceira, da mesma forma que o fato de não ter usado algum método anticonceptivo por ocasião da primeira relação também o faz. Estes resultados suscitam a questão se são aqueles em maior risco os que menos têm percepção dos riscos ou, se é por perceberem estes riscos que os adolescentes e jovens tomam medidas para deles se protegerem. A evidência de que os adolescentes tendem a deixar de usar o condom quando deixam a prática do "ficar" e passam a ter a namorada como parceira,(Pereira, 2000), em muito poderia contribuir para que este subgrupo populacional incorresse no risco de engravidar suas eventuais parceiras.

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Vale a pena se observar que os resultados encontrados sugerem que adolescentes e jovens que iniciaram mais tardiamente a vida sexual ativa apresentam menores riscos de engravidar uma parceira, reforçando a importância da idade de iniciação da vida sexual como importante componente de risco.

Da mesma forma também é interessante constatar que adolescentes e jovens das regiões Norte e Centro-Oeste apresentam menores chances relativas de engravidarem suas parceiras vis-à-vis os nordestinos.

Os resultados da Tabela 4 mostram também que os que já foram alguma vez casados apresentam menores possibilidades de risco de engravidar uma parceira, a sugerir que ter experimentado uma relação, na qual, muito provavelmente, teria ocorrido uma gravidez, a maioria das quais não desejada, aumenta a aversão ao risco. Por outro lado, adolescentes e jovens que têm parceira ocasional apresentam-se em menor risco do que aqueles que têm parceiras fixas.3

O modelo da DST, apresentado na Tabela 5, é o que aponta a existência de maior número de variáveis significativas na determinação dos riscos em contrair uma infeção transmitida por relações sexuais. Nesse modelo apenas a idade à primeira relação e ter usado condom na primeira relação apresentam coeficientes negativos, indicando que o inicio da relação sexual tardia e os cuidados em se proteger, já por ocasião da primeira relação sexual, constituem sólidos pilares para que adolescentes e jovens incorram em menores riscos de infeções sexualmente transmissíveis.

3 Uma parcela de tal resultado pode dever-se à recém-constituição de famílias, implicando em uma fase em que os jovens, desejosos de terem filhos, não usariam nenhuma forma de anticoncepção.

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Tabela 5. Brasil - Coeficientes, nível de significância e odds-ratios estimados do modelo de regressão logística parcimonioso relativo ao risco de contrair uma DST - 1996

COVARIÁVEIS Coeficiente Significância Odds-Ratio

IDADE

15 - 19 anos – referência

20 - 24 anos 0,377 0,045 1,457

EDUCAÇÃO

00 - 04 anos de estudo – referência

05 - 08 anos de estudo 0,827 0,000 2,286

09 anos e mais de estudo 0,339 0,135 1,403

NÚMERO DE PARCEIRAS

Uma parceira – referência

Mais de uma parceira 0,493 0,009 1,638

TIPO DE PARCEIRA

Regular – referência

Ocasional 0,484 0,035 1,622

Atualmente não tem -0,239 0,249 0,788

SITUAÇÃO CONJUGAL

Casado – referência

Alguma vez casado 2,553 0,000 12,843

Solteiro 0,796 0,032 2,217

IDADE NA 1ª RELAÇÃO

Até 14 anos – referência

15 anos ou mais -0,654 0,000 0,520

USO DE CONDOM NA 1ª RELAÇÃO

Sim – referência

Não -2,045 0,000 0,129

CONSTANTE -0,233 0,331 0,792

Fonte dos dados Brutos: BEMFAM, 1997

Há que se chamar a atenção para o contraste entre os resultados encontrados em relação ao modelo gravidez e o DST no que se relaciona à situação conjugal. Enquanto no modelo gravidez os "alguma vez casados" apresentavam chances relativas muito mais modestas de engravidar uma parceira do que os casados, no modelo DST este subgrupo é o que apresenta as maiores chances relativas de contrair uma DST, suscitando uma série de questionamentos a respeito da situação específica deste subgrupo, passando desde as suas prioridades de proteção até seu comportamento sexual em termos de tipo e número de parceiras, que também, mesmo quando controlado o efeito das demais covariáveis, apresentam coeficientes positivos. De forma também a merecer maior avaliação são os coeficientes positivos relativos ao jovens em relação aos adolescentes, indicando que os mais velhos submetem-se mais ao risco relativo de se infectarem e o coeficiente da educação que indica que os mais educados envolvem-se em maiores riscos relativos do que os menos educados.

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Em síntese, os determinantes dos diferenciais que se pode observar entre os adolescentes e os jovens presentes em todos os três modelos de risco estão associados ao nível educacional, mensurado pelo número de anos de estudo, sendo que apenas no modelo risco de AIDS que se apresenta com sinais negativos.

Em nenhum dos modelos mostraram-se estatisticamente significantes as diferenças de percepção de risco entre a população base e a população em comparação no que respeita à situação de domicílio, freqüência à igreja, ver TV semanalmente, conhecer AIDS, já ter tido uma DST, trabalhar ou não, método em uso atualmente e ter usado condom na última relação sexual.

Ao contrário do que se esperava, de que os riscos incorridos pela população adolescente fossem mais elevados do que a da população jovem, para o total da população e controladas outras dimensões significativas, não há diferenças estatisticamente significantes entre adolescentes e jovens quanto ao risco de se contaminar com o HIV/AIDS e engravidar uma parceira, permanecendo apenas no que respeita à DST. Em uma perspectiva positiva, a ausência de diferenças por idades pode estar refletindo disseminação do conhecimento de riscos e a generalização de comportamentos sexuais que levam ao sexo seguro. Por outro lado, é interessante observar que os resultados do modelo de risco de infeção sexualmente transmissível aponta para uma mais baixa percepção dos adolescentes em relação à contaminação por DST, sugerindo que poderia continuar vigindo entre os mesmos a equivocada concepção de invulnerabilidade, o que ampliaria as necessidades das ações mais incisivas orientadas para a proteção da população adolescente no que respeita à contrair uma DST.

De qualquer forma os resultados sugerem a necessidade de se considerar o recorte idade e buscar-se um conhecimento mais amplo das especificidades da população adolescente quanto à percepção de riscos, uma vez que há sugestões de se tratar de um segmento populacional no qual a complexidade da trama de determinantes comportamentais e sua mutabilidade é muito mais ampla do que a de qualquer outro segmento populacional a, requerer, portanto, tratamento especial.

De outro lado, a universalização das condições que afetam o risco é corroborada pelo fato de que situação de domicílio, acesso a informações e freqüência à igreja não se

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constituem em elementos de diferenciação de risco entre os adolescentes e jovens. A ausência de significância estatística para os parâmetros referentes a tais covariáveis mostram que residir em áreas rurais ou urbanas ou assistir mais ou menos à televisão ou freqüentar maior ou menor número de vezes a igreja não apresentam condicionantes suficientes para se encontrar diferenças entre os adolescentes e jovens que tenderiam a apresentar riscos e percepções de riscos semelhantes para este conjunto de circunstâncias. Esse conjunto de resultados sugere que atributos de ordem coletiva teriam menor importância relativa na determinação da população em risco, assumindo os atributos individuais o papel central.

Síntese e conclusões

A população brasileira adolescente e jovem em risco de contrair uma DST, infectar-se pelo HIV/AIDS ou engravidar uma parceira é relativamente elevada em termos numéricos, sendo o sexo não protegido o principal determinante dos riscos a que esta população se submete, tanto em termos de contaminação como de gravidez não desejada

Comportamento sexual envolvendo relações sexuais de risco são a principal causa das altas taxas de contaminação por DST e a elevada proporção de gravidez não desejada observadas entre os adolescentes e jovens e razão para as altas taxas de incidência de HIV/AIDS entre a população de 25-34 anos de idade.

Nesse trabalho, regressões logísticas utilizando os dados da PNDS - 1996 mostram que não há diferenças, estatisticamente significantes, nos riscos relativos incorridos pela população adolescente e jovem, o mesmo ocorrendo quanto à situação de domicílio, acesso a informações e freqüência à igreja, sugerindo uma universalização das condições que afetam o risco de adolescentes e jovens. O conjunto de resultados sugerem que atributos de natureza coletiva teriam menor importância na diferenciação do risco entre os adolescentes e jovens, sobressaindo como de maior significância os atributos de ordem individual.

Fatores explicativos dos diferenciais de risco estão mais fortemente ligados ao nível educacional e o tipo de parceiras envolvidas, assim como o tempo de exposição ao risco.

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Em síntese, as amplas diferenças entre riscos derivados da não prática do sexo seguro associadas às diferenças de atributos individuais sugerem a necessidade de se reforçar as políticas públicas orientadas para a maior consciência de jovens e adolescentes do sexo masculino quanto às conseqüências de seus comportamentos sexuais de risco. Adicionalmente, as evidências de uma ampla importância de atributos individuais, sugerem a necessidade de se focalizar ainda mais a população objeto de intervenção, uma vez que riscos associados à idade à primeira relação, uso de condom à primeira relação, nível educacional, número e tipo de parceiras se mostraram muito importantes, remetendo à população recém-adolescente (entre 13 e 15 anos) como alvo prioritário de políticas centradas em aspectos associados a tais características.

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