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Determinantes da auto-avaliação da saúde entre adultos e idosos. Uma perspectiva de gênero da inter-relação com as doenças crônicas e as limitações funcionais autoreferidas

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Determinantes da auto-avaliação da saúde entre adultos e

idosos. Uma perspectiva de gênero da inter-relação com

as doenças crônicas e as limitações funcionais

auto-referidas

∗∗∗∗

Dalia E. Romero M.♣♣♣♣

Paulo Roberto Borges de Souza Jr.♦♦♦♦

Palavras-chave: Auto-avaliação da saúde, gênero, adulto, idoso, doença crônica.

Resumo

A auto-avaliação da saúde é considerada como uma boa preditora da morbidade e mortalidade, especialmente entre os idosos. Entretanto, ainda temos incertezas quanto às suas mudanças no ciclo de vida e as condições que a determinam e, por ser subjetivo o auto-reporte da saúde, dá origem a interpretações diferentes. Alguns pesquisadores já mostraram sua estreita relação com a condição socioeconômica, a qualidade de vida, a demanda e a utilização dos serviços de saúde. O objetivo central deste trabalho é estudar diferencial de gênero, na auto-avaliação da saúde, dos efeitos das doenças crônicas auto-referidas e das dificuldades funcionais, considerando três grandes etapas do ciclo de vida do adulto (adulto jovem, adulto e adulto maior). Utilizaram-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 1998 (PNAD), a qual incluiu um módulo especial de saúde. Desenvolveram-se diversos modelos de regressão logística para a variável dependente auto-avaliação ruim da saúde. As variáveis incluídas no modelo foram: doze doenças crônicas e seis tipos de limitações funcionais contempladas na PNAD98, idade como variável contínua, gênero, escolaridade, renda e informante das perguntas de saúde. Verificam-se interrelações entre algumas variáveis testando interações. Encontrou-se que, independentemente dos fatores considerados no modelo, todas as doenças crônicas e limitações funcionais afetam negativamente a auto-avaliação da saúde em todas as etapas da vida. O câncer, a tuberculose, a cirrose e a depressão aumentam mais de três vezes a chance de auto-avaliar negativamente a saúde. Os achados principais, deste trabalho, foram que, com a inclusão da interação entre gênero e as dificuldades avançadas, os homens são afetados com maior intensidade que as mulheres na pior avaliação e, com a interação entre dificuldades avançadas e idade, a pior auto-avaliação ocorre com maior intensidade entre os adultos que entre os idosos. Tais resultados visam entender, desde uma perspectiva de ciclo de vida, o impacto desigual entre gênero das doenças e das limitações funcionais.

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Pesquisadora Visitante do Departamento de Informações em Saúde (DIS/CICT/FIOCRUZ) . Auxiliar de pesquisa do Departamento de Informações em Saúde (DIS/CICT/FIOCRUZ) .

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Determinantes da auto-avaliação da saúde entre adultos e

idosos. Uma perspectiva de gênero da inter-relação com

as doenças crônicas e as limitações funcionais

auto-referidas

∗∗∗∗

Dalia E. Romero M.♣♣♣♣

Paulo Roberto Borges de Souza Jr.♦♦♦♦

Introdução

O interesse em medidas subjetivas da saúde, como a auto-avaliação do próprio estado de saúde, tem crescido consideravelmente desde que se demonstrou sua importância como medida preditora da incapacidade, da mortalidade e da morbidade. Ferraro e Su (2000), usando dados de uma pesquisa nacional que compara o estado de saúde a partir de exames médicos e de perguntas de auto-reporte de diversas doenças crônicas e incapacidades, evidenciam que os dados biomédicos não são superiores aos coletados a partir da auto-avaliação dos sujeitos.

Alguns autores questionam a estimativa de prevalências de doenças crônicas a partir de inquéritos domiciliares. Um dos poucos estudos nesse sentido no Brasil é o realizado por Leite e colaboradores (Leite et al, 2002) os quais comparam as informações sobre as prevalências de doenças crônicas obtidas pelo suplemento saúde da PNAD/98 com as estimadas pelo estudo Carga de Doença no Brasil, concluem que este inquérito subestima ou sobreestima o número de casos, dependendo da doença pesquisada. Entretanto, quando a finalidade não é a estimativa de prevalências e sim a procura de indicadores que expliquem diferenciais de gênero, idade e condições socioeconômicas no auto-reporte do status da saúde, os inquéritos populacionais são de grande utilidade. Assim o demonstram Almeida e colaboradores quando sustentam a consistência da informação da PNAD98 das doenças auto-referidas, a auto-avaliação da saúde, a restrição de atividades, o estar acamado e motivos da restrição (Barata et al 2002).

Utilizando dados da PNAD98 do caderno especial de saúde, este trabalho propõe-se estudar o diferencial de gênero na auto-avaliação da saúde, dos efeitos das variáveis socioeconômicas, as doenças crônicas auto-referidas e as dificuldades funcionais, considerando três grandes etapas do ciclo de vida do adulto (adulto jovem, adulto e adulto maior). Para isso, além de uma descrição das características de cada grupo etário segundo sexo, utilizam-se modelos de regressão logística para visualizar como se comportam conjuntamente os descritores desta população estudada, sendo o efeito de cada um independente do outro. A continuação apresentam-se os resultados preliminares do trabalho.

Material e Método

Este trabalho baseia-se nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1998 (PNAD98), a qual foi conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Trabalho apresentado no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Caxambú- MG – Brasil, de 20- 24 de Setembro de 2004.

Pesquisadora Visitante do Departamento de Informações em Saúde (DIS/CICT/FIOCRUZ) . Auxiliar de pesquisa do Departamento de Informações em Saúde (DIS/CICT/FIOCRUZ) .

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(IBGE). A PNAD98 é um inquérito representativo a nível nacional aplicado a 344.975 pessoas moradoras de 112.434 domicílios (IBGE, 2000), contendo um módulo especial sobre saúde, além dos módulos sobre características do domicílio, dos indivíduos, da migração, da educação, do trabalho e da fecundidade. Para garantir a representatividade da população total, utilizaram-se os pesos relativos da amostra obtidos da divisão dos pesos de expansão pela média dos pesos (Lee et al., 1989). Selecionaram-se pessoas de 25 anos e mais o qual constitui o 50% da amostra.

A auto-avaliação da saúde, foi obtida a partir da descrição de seu próprio estado de saúde como "muito bom", "bom", "regular", "ruim" ou "muito ruim". A medida selecionada como variável dependente, para desenvolver os modelos de regressão logística, foi a auto-avaliação deficiente no caso de pessoas que declararam sua saúde como “ruim ou muito ruim”. Como variáveis independentes consideram-se os indicadores do estado de saúde (doenças crônicas e dificuldades físicas), do ciclo de vida (idade), do gênero (sexo) e das condições socioeconômicas (Renda per capita e escolaridade).

Utilizaram-se as perguntas realizadas a cada membro do domicílio sobre o padecimento ou não de uma lista de doze doenças crônicas ou agravos específicos: coluna ou costas, artrite ou reumatismo, câncer, diabetes, bronquites ou asma, hipertensão (pressão alta), doença do coração, doença renal crônica, depressão, tuberculose, tendinite, tenossinovite ou cirrose. As características de mobilidade física dos moradores estudam-se a partir das perguntas da PNAD98 sobre o grau de dificuldade (não consegue fazer a atividade/grande dificuldade/pequena dificuldade/não tem dificuldade) de sete tipos de restrições de atividades da vida diária por motivos de saúde: alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro; levantar objetos pesados praticar esportes ou realizar trabalhos pesados;empurrar mesa ou realizar consertos domésticos; subir ladeira ou escada; abaixar-se, ajoelhar-se ou curvar-se; caminhar cerca de 100 metros; caminhar mais de 1 quilômetro. Neste trabalho, consideram-se, no modelo de análise, todas essas dificuldades quando a pessoa declara não conseguir fazer a atividade ou ter grande dificuldade, dividindo em dois grupos. O primeiro refere-se às “dificuldades da vida diária” (tomar banho ou ir ao banheiro e dificuldade de abaixar-se ou ajoelhar-se) e o segundo grupo compreende as “dificuldades instrumentais avançadas” (correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados, dificuldade de empurrar mesa ou realizar consertos domésticos e dificuldades de andar mais de 1 KM). Na PNAD98, identifica-se a pessoa informante das perguntas relacionadas com avaliações subjetivas do estado de saúde. Portanto, pode-se conhecer quando os módulos de auto-percepção da saúde não correspondem à auto-avaliação da saúde por ser respondido por outra pessoa. Esses casos ocorrem geralmente quando os indivíduos não estão presentes no domicílio no momento da entrevista, situação menos comum entre idosos. Nos modelos testados neste trabalho, considera-se se a própria pessoa é o informante ou não com a

Como o estado de saúde varia em função do ciclo de vida, a idade foi incluída nos modelos de regressão como variável contínua. As primeiras tabelas de freqüência apresentam-se para três grupos de idade que representam fases etárias importantes: adultos jovens (de 25 até 49 anos), adultos (50-64) e adultos maiores (de 65 e mais). O sexo da pessoa foi introduzido para analisar as diferenças por gênero na auto-avaliação da saúde.

Para estudar o efeito do status socioeconômico na auto-avaliação da saúde foi utilizada a renda per capita (RPC) no domicílio (uma das variáveis calculadas e adicionadas na base de dados da PNAD98). Definiram-se três categorias: até um salário mínimo (S.M.), de 1 a 3 S.M. e com mais de três S.M., sendo esta última a categoria de referência nos modelos testados. Outro indicador associado á situação socioeconômica é a escolaridade, que também foi definida em três categorias: mais de 5 anos de estudo (referência), de 1 a três anos de estudo e menos de um ano de estudo.

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Para a análise de dados obtidos por planos amostrais complexos, como é o caso da PNAD, faz-se necessária à utilização de pacotes estatísticos específicos para calcular a precisão das estimativas (Silva et al., 2002). Neste estudo utilizou-se o pacote SUDAAN 7.5.4. para o ajuste do modelo de regressão logística multivariada.

Para a análise da associação entre a auto-avaliação negativa da saúde e indicadores do estado de saúde, do ciclo de vida, do gênero e das condições socioeconômicas, utilizaram-se as Razões de Chances ajustadas ou Odds Ratio (OR) com intervalos de confiança de 95%. Como variáveis independentes, foram testadas todas as variáveis descritas anteriormente, permanecendo no modelo final aquelas com nível de significância menor que 0,05. A variável “informante das perguntas de saúde” permaneceu no modelo independentemente da significância de seu coeficiente já que se decidiu controlar o efeito de respostas dadas por outras pessoas.

Resultados

Na tabela 1, apresentam-se estatísticas descritivas segundo gênero, grupos de idade dos adultos e idosos relativas a algumas variáveis de condições socioeconômicas e condições da saúde consideradas neste estudo: dificuldades, doenças crônicas e auto-avaliação da saúde. Confirma-se que só nas idades mais avançadas temos proporções similares de informações diretas das pessoas entrevistadas. As desigualdades do gênero na auto-avaliação são mais pronunciadas entre os adultos, existindo uma gradação nas diferenças (de 10,6% para a auto-avaliação “Muito bom ou bom”, 7,8% na “Regular” e termina com 2,8% na última categoria). Em algumas doenças crônicas auto-reportadas como câncer, hipertensão, depressão e cirrose os diferenciais também existem entre os gêneros. As mulheres adultas jovens reportam três vezes mais câncer, o que para a cirrose é o contrário com três vezes mais para os homens. A doença cirrose em todos os grupos é mais pronunciada entre os homens. A depressão e a hipertensão em todas as faixas etárias aparecem com maior freqüência entre as mulheres do que nos homens.

As dificuldades são expressivamente mais pronunciadas entre mulheres que entre homens, a exceção das dificuldades da vida diária como se alimentar, tomar banho ou ir ao banheiro. As instrumentais são as mais fortemente relatadas entre as idosas, especialmente entre as adultas.

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Fonte: PNAD98/IBGE

Na tabela 2 observa-se a proporção de pessoas com auto-avaliação negativa da saúde segundo grupo etário e declaração de doenças ou dificuldades. Encontram-se grandes diferenciais de auto-avaliação negativa da saúde entre as pessoas que declararam algum problema de saúde ou alguma dificuldade em comparação com as que não declararam, principalmente no grupo etário mais jovem. Entre eles, são algumas das dificuldades e o câncer os que diferenciam mais. Dentre os jovens que declararam dificuldade da vida diária 42,5% auto-avaliaram sua saúde como ruim, contra 2,8% de quem não tem essa dificuldade. Esses diferenciais confirmam a pior auto-avaliação da saúde das pessoas com alguma doença. Destaca-se também, com grande proporção de auto-avaliação ruim da saúde entre os jovens, a declaração da presença de câncer, cirrose e tuberculose. Por outro lado, a proporção de auto-avaliação ruim aumenta de acordo com a faixa etária, tanto na presença, como na ausência de alguma doença ou dificuldade. A auto-avaliação negativa da saúde, entre os que declararam ter cirrose, variou de 21% a 62,5%, contra 3% a 18% entre os que não declararam cirrose.

Tabela 1

Distribuição Percentual dos Adultos segundo as variáveis socioeconômicas e de saúde

H M H M H M

N 56604 61041 16816 18897 9082 11666

Escolaridade

Sem instrução e < 1 ano 12,7 10,6 25,2 28,8 41,8 46,7 1 a 5 anos 37,4 37,0 48,2 47,7 43,1 40,6

Renda familiar per capita

Até 1 S.M. 39,2 41,4 33,8 32,2 28,9 25,1 1 a 3 S.M 38,2 36,4 39,0 40,9 48,6 50,7

Auto-avaliação da saúde

Muito bom ou bom 80,9 74,1 57,8 47,2 39,4 34,2 Regular 16,6 22,4 33,5 41,3 43,1 46,8 Ruim ou muito ruim 2,5 3,6 8,7 11,5 17,4 19,0

Doenças Crônicas

Doença de coluna ou de costas 22,0 26,7 38,5 45,5 42,5 48,2 Artrite ou reumatismo 5,4 9,6 19,6 31,7 32,7 45,7 Câncer 0,1 0,3 0,6 0,6 1,5 1,0 Diabetes 1,3 1,7 5,7 8,5 8,3 12,8 Bronquite ou asma 2,5 3,9 4,2 5,3 8,9 8,3 Hipertensão 9,0 13,5 27,6 40,5 37,9 51,3 Doença do coração 2,4 3,9 9,7 13,7 18,3 22,8 Doença renal crônica 3,3 3,6 6,2 6,1 7,0 6,8

Depressão 4,2 9,9 7,0 15,3 8,1 14,9

Tuberculose 0,1 0,1 0,3 0,2 0,3 0,1

Tendinite ou tenossinovite 1,6 3,3 3,2 5,8 3,4 5,4

Cirrose 0,3 0,1 0,7 0,2 0,4 0,2

Dificuldades da vida diária

De alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro 0,6 0,7 2,1 2,2 7,0 9,0 De abaixar-se, ajoelhar-se 2,9 4,6 10,7 17,8 27,3 39,1

Dificuldades instrumentais avançadas

De empurrar mesa ou realizar consertos domésticos 1,8 3,0 6,7 11,3 20,1 30,6 Dificuldade de andar cerca de 100 metros 1,0 1,3 3,5 4,9 12,3 18,4 De correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados 6,0 9,5 20,7 30,6 45,9 56,7 De alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro 3,0 5,7 11,2 20,9 31,1 45,1 De andar mais de 1 KM 2,5 4,3 8,7 15,6 24,9 39,4

Informante

Própria pessoa 37,5 68,6 48,6 71,9 60,4 66,9

25-49 50-64 65 e + Descrição

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Tabela 2

Proporção de pessoas com auto-avaliação ruim ou muito ruim da saúde segundo declaração da doença e grupo de idade

Características 25-49 50-64 65 e +

Ruim Boa Ruim Boa Ruim Boa

Doenças crônicas

Hipertensão

Sim 9,5 90,5 16,6 83,4 24,6 75,4 Não 2,2 97,8 6,8 93,2 13,0 87,0

Doença de coluna ou costas

Sim 6,5 93,5 15,8 84,2 25,2 74,8 Não 1,9 98,1 6,1 93,9 12,5 87,5 Artrites ou reumatismo Sim 11,7 88,3 20,1 79,9 27,7 72,3 Não 2,3 97,7 6,7 93,3 12,0 88,0 Diabetes Sim 14,4 85,6 23,4 76,6 30,5 69,5 Não 2,9 97,1 9,1 90,9 16,8 83,2 Doença de coração Sim 17,9 82,1 26,7 73,3 33,1 66,9 Não 2,6 97,4 7,9 92,1 14,4 85,6 Tendinite ou tenossinovite Sim 9,0 91,0 23,3 76,7 33,5 66,5 Não 2,9 97,1 9,5 90,5 17,6 82,4 Depressão Sim 13,9 86,1 27,6 72,4 36,6 63,4 Não 2,2 97,8 7,9 92,1 15,8 84,2 Bronquite ou Asma Sim 9,5 90,5 27,5 72,5 38,1 61,9 Não 2,8 97,2 9,3 90,7 16,5 83,5

Doença Renal Crônica

Sim 13,2 86,8 28,9 71,1 39,0 61,0 Nao 2,7 97,3 8,9 91,1 16,8 83,2 Tuberculose Sim 27,9 72,1 41,0 59,0 45,0 55,0 Não 3,0 97,0 10,1 89,9 18,3 81,7 Câncer Sim 33,8 66,2 38,2 61,8 45,6 54,4 Não 3,0 97,0 10,0 90,0 18,0 82,0 Cirrose Sim 21,0 79,0 39,6 60,4 62,5 37,5 Não 3,0 97,0 10,0 90,0 18,2 81,8 Dificuldades

De alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro

Sim 42,5 57,5 57,6 42,4 59,1 40,9 Não 2,8 97,2 9,1 90,9 14,7 85,3

Subir ladeira ou escada

Sim 26,9 73,1 35,2 64,8 35,7 64,3 Não 2,0 98,0 5,3 94,7 7,2 92,8

De correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados

Sim 20,5 79,5 27,8 72,2 30,4 69,6 Nao 1,6 98,4 4,0 96,0 0,0 100,0 Abaixar-se, ajoelhar-se Sim 25,5 74,5 35,1 64,9 36,9 63,1 Não 2,2 97,8 5,9 94,1 8,7 91,3 Andar mais de 1 KM Sim 27,9 72,1 37,9 62,1 37,8 62,2 Não 2,2 97,8 6,2 93,8 8,7 91,3

Empurrar mesa, consertos domésticos

Sim 31,6 68,4 40,6 59,4 41,7 58,3 Não 2,4 97,6 7,1 92,9 10,1 89,9

Andar cerca de 100 metros

Sim 36,3 63,7 50,5 49,5 48,5 51,5 Não 2,7 97,3 8,4 91,6 12,7 87,3 * Considera-se sem dificuldade quando declara pequena ou nenhuma dificuldade e com deficiência

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As razões de chances bruta de auto-avaliação negativa da saúde, na tabela 3, mostra-se significativa com todas as dificuldades, doenças crônicas, e características socioeconômicas e mais fortemente associadas com a primeira. Pessoas com a presença de dificuldades têm cerca de 15 vezes mais chances de auto-avaliar negativamente sua saúde. Essas chances chegam até 21 vezes entre os que têm dificuldades da vida diária (alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro). Também existe forte associação, mesmo em menor medida, com as doenças crônicas, especialmente com câncer, tuberculose, cirrose e doença do coração. Se

considerar as condições socioeconômicas nem a presencia de alguma doença ou característica, pode-se afirmar que as mulheres avaliam pior sua saúde que os homens e que a cada ano de idade essa chance aumenta em 6%. As piores condições socioeconômicas também levam a uma pior auto-avaliação da saúde.

Entretanto, para respondermos se è o gênero que determina a pior auto-avaliação da saúde, decidiu-se controlar os efeitos intercorrelacionados de outras condições dos adultos e das

Tabela 3

Razão de chance (OR) bruta da autovaliaçao ruim da saúde por gênero, tipo de doença, limitações, informante, escolaridade e renda familiar per capita (RFPC)

Variáveis OR (IC 95%)

Sociodemográficas Sexo (masculino=1)

Sexo feminino 1,35 (1,29;1,40)

Idade do morador 1,06 (1,05;1,06)

Escolaridade (Mais de 5 anos=1)

Sem instrução e < 1 ano 9,10 (8,52;9,73)

1 a 5 anos 3,62 (3,39;3,86)

Renda Familiar percapita (Mais de 3 SM=1)

Atè 1 Salário Mìnimo 3,17 (2,94; 3,42)

De 1 ate 3 Salários Mínimos 2,49 (2,31; 2,69)

Doenças crônicas

Doença de coluna ou costas 3,78 (3,62;3,94)

Bronquite ou Asma 4,34 (4,06;4,64)

Hipertensão 4,73 (4,53;4,93)

Doença Renal Crônica 4,88 (4,58;5,19)

Diabetes 5,09 (4,76;5,44) Depressão 5,25 (5,00;5,52) Artrites ou reumatismo 5,99 (5,74;6,26) Doença de coração 7,04 (6,69;7,40) Cirrose 7,44 (5,97;9,27) Tuberculose 8,02 (5,98;10,74) Câncer 9,83 (8,28;11,68)

Dificuldades da vida diária

De alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro 21,16 (19,53;22,93)

De abaixar-se, ajoelhar-se ... 13,86 (13,24;14,51)

Dificuldades instrumentais avançadas

De correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados15,54 (14,83;16,29) De empurrar mesa ou realizar consertos domésticos 15,17 (14,45;15,94)

De subir ladeira ou escada 15,89 (15,18;16,63)

De andar mais de 1 KM 14,80 (14,13;15,50)

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que tem a consideração das doenças crônica e das dificuldades nas desigualdades de gênero da auto-avaliação da saúde (tabela 4). O primeiro a observar é que as razões de chance de cada variável são menores que quando se mede o efeito bruto de cada variável (tabela 3) o que estaria indicando que umas interferem nas outras. No Modelo 1 estão referidas somente as variáveis sociodemográficas. Observa-se que, independentemente da escolaridade e da renda, a mulher avalia pior sua saúde que o homem. Ser pobre e ter baixa escolaridade aumenta 3 vezes a chance de avaliar ruim a saúde.

A continuação, no Modelo 2 da Tabela 4, incorporam-se as doenças crônicas relatadas na PNAD98. Todas as doenças e as variáveis sociodemográficas, com exceção do sexo, continuam sendo significativas e associadas com a auto-avaliação negativa da saúde. Nota-se que a presença a de doenças crônicas anula o efeito de gênero (mulheres doentes avaliam sua saúde de forma similar que os homens) e do informante como também diminui o efeito da idade. O câncer, a tuberculose e a cirrose são as que levavam a pior auto-avaliação da saúde (de 7 a 4 vezes a mais) independentemente da condição sociodemográfica das pessoas. A depressão passa a ser mais intercorrelacionada que doenças como das do coração e a artrites. Pessoa com depressão avaliam 3 vezes mais sua saúde como ruim que aquelas que não declaram essa doença ou sintoma.

No modelo 3, tabela 4, incorporam-se, além das doenças crônicas e as características sociodemográficas, diferentes tipos de limitações funcionais. O primeiro a chamar atenção é a pior auto-avaliação da saúde dos homens que das mulheres (eles avaliam sua saúde como ruim 17 vezes mais que elas). Portanto, na presença de dificuldades funcionais a desigualdade de gênero é alterada. Também nota-se que doenças crônicas tem menor impacto na auto-avaliação da saúde quando aparecem as limitações funcionais. Por exemplo, a razão de chance do câncer é quase três vezes menor quando não se tem dificuldade que quando se tem. Dificuldade instrumental avançada de correr, levantar objetos pesados, praticar esportes ou realizar trabalhos pesados estão mais associadas com a pior auto-avaliação da saúde que outras dificuldades. Em outras palavras, quem tem esse tipo de dificuldade avalia pior sua saúde três vezes mais que as que não tem. Vale ressaltar que o tipo de informante não é significativo na interrelação das variáveis, provavelmente pelo grande tamanho da amostra da PNAD98.

Com a finalidade de aprofundar em relação ao impacto das dificuldades na auto-avaliação da saúde, apresenta-se, na tabela 5, os resultados dos modelos logísticos da auto-avaliação negativa de sua saúde, considerando as interações de idade, sexo e dificuldade avançada de correr levantar objetos pesados, praticar esportes ou realizar trabalhos pesados. Seleciona-se essa limitação porque foi a mais fortemente associada entre todas as interações testadas.

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Confirma-se que a presença de dificuldades altera as relações de gênero encontradas com mais freqüência em outras pesquisas. Homens com dificuldades aumentam em 32% a chance de avaliar a saúde como ruim que mulheres com dificuldades em quanto que na ausência de dificuldades, são as mulheres as que avaliam pior. A presença de dificuldades também diminui o efeito da idade na auto-avaliação da saúde. Na tabela 5 mostram-se estimativas com idade pontuais a fim de exemplificar como nas idades mais jovens a presencia de dificuldade avançada entre os homens adultos jovens deteriora muito mais a avaliação da saúde que entre as mulheres com a mesma limitação. Assim, por exemplo, homens de 30 anos de idade e com dificuldade, avaliam 6 vezes mais sua saúde como ruim em relação com àqueles da mesma idade e sem dificuldade. Entre o grupo de idosos repete-se esse mesmo panorama, entretanto de menor magnitude.

Também se observa na Tabela 5 que adultos sem dificuldades e com diferença de 20 anos, têm 43% a mais chance de ruim auto-avaliação da saúde. Esse diferencial por idade não é tão relevante quando os mais jovens e os mais adultos têm as dificuldades em questão.

Tabela 4

Razão de chances (OR) dos modelos logísticos dos adultos com auto-avaliação negativa da saúde.

Variáveis OR (IC 95%)

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

Sociodemográficas Sexo (masculino=1)

Feminino 1,27 (1,21;1,33) 0,97 (0,92;1,02) 0,83 (0,78;0,87)

Idade do morador 1,05 (1,05;1,05) 1,03 (1,03;1,03) 1,00(1,00;1,01)

Escolaridade (Mais de 5 anos=1)

Menos de 1 ano 3,13 (2,88;3,41) 2,74 (2,52;2,99) 2,49 (2,28;2,72) De 1 ano até 5 anos 1,99 (1,85;2,14) 1,71 (1,59;1,85) 1,70 (1,57;1,83) Renda Familiar percapita (Mais de 3 SM=1)

Até 1 S.M. 2,42 (2,22;2,64) 2,44 (2,23;2,68) 2,13 (1,94;2,35) De 1 ate 3 S.M. 1,74 (1,60;1,89) 1,67 (1,53;1,82) 1,50 (1,37;1,65) Morbidades (não ter a doença=1)

Câncer 7,22 (5,62;9,28) 4,51 (3,47;5,87) Tuberculose 5,12 (3,34;7,84) 3,90 (2,52;6,05) Cirrose 4,14 (3,10;5,51) 3,33 (2,38;4,66) Depressão 2,97 (2,79;3,17) 2,38 (2,22;2,55) Coração 2,36 (2,21;2,52) 1,71 (1,59;1,84) Bronquite ou asma 2,14 (1,97;2,32) 1,76 (1,61;1,93) Diabete 2,03 (1,86;2,22) 1,74 (1,59;1,92)

Doença Renal Crônica 1,90 (1,75;2,05) 1,68 (1,54;1,83) Artrite ou reumatismo 1,82 (1,72;1,93) 1,53 (1,44;1,62) Doença de coluna ou de costas 1,61 (1,52;1,69) 1,40 (1,32;1,48)

Hipertensão 1,52 (1,44;1,61) 1,37 (1,29;1,45)

Limitações funcionais (não ter a dificuldade=1) Da vida diária

Dif. aliment., tomar banho ou ir ao banheiro 1,87 (1,67;2,09)

Dif. abaixar-se, ajoelhar-se ... 1,26 (1,16;1,36)

Instrumentais avançadas

De correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados 2,92 (2,70;3,15)

De empurrar mesa ou realizar consertos domésticos 1,44 (1,32;1,56)

De subir ladeira ou escada 1,57 (1,43;1,71)

De andar mais de 1 KM 1,42 (1,31;1,54)

Informante do domicílio (a pessoa não informa=1)

(10)

Tabela 5

Razão de chances (OR) dos modelos logísticos dos adultos com auto-avaliação negativa de sua saúde considerando as interações de idade, sexo e dificuldade avançada de correr, levantar objetos pesados, prática de esportes ou realizar trabalhos pesados

Variáveis OR (IC 95%) Interações * Sexo * Feminino (DIF=1) 0,68 (0,63;0,73) Masculino (DIF=1) 1 ,00 Feminino(DIF=0) 1,11 (1,02;1,20) Masculino (DIF=0) 1 ,00 Idade 1 ano (DIF=1) 1 ,00(0,99;1,00) 20 anos(DIF=1) 0,93 (0,89;0,98) 1 ano (DIF=0) 1,02 (1,01;1,02) 20 anos (DIF=0) 1,43 (1,34;1,52) Dificuldade avançada de correr, levantar objetos pesados, prática de esportes ou realizar trabalhos pesados Sexo feminino 30 anos de idade 3,78 (3,33;4,29) 50 anos de idade 2,47 (2,24;2,72) 70 anos de idade 1,61 (1,44;1,81) Sexo masculino 30 anos de idade 6,16 (5,43;7,00) 50 anos de idade 4,03 (3,63;4,47) 70 anos de idade 2,63 (2,32;2,99) Sociodemográficas Sexo (masculino=1) Feminino 1,11 (1,02;1,20) Idade do morador 1,02 (1,02;1,02)

Escolaridade (Mais de 5 anos=1)

Menos de 1 ano 2,44 (2,23;2,67) De 1 ano até 5 anos 1,66 (1,54;1,80) Renda Familiar per capita (Mais de 3 SM=1)

Até 1 S.M. 2,13 (1,94;2,34) De 1 ate 3 S.M. 1,51 (1,38;1,65) Morbidades (não ter a doença=1)

Cãncer 4,32 (3,34;5,60) Tuberculose 3,73 (2,39;5,80) Cirrose 3,23 (2,28;4,58) Depressão 2,33 (2,18;2,50) Bronquite ou asma 1,75 (1,60;1,91) Diabete 1,74 (1,58;1,91) Coração 1,71 (1,59;1,83)

Doença Renal Crônica 1,66 (1,52;1,81) Artrite ou reumatismo 1,53 (1,44;1,62) Doença de coluna ou de costas 1,37 (1,29;1,45) Hipertensão 1,34 (1,26;1,42)

Limitações funcionais (não ter a dificuldade=1) *

Da vida diária *

De alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro 1,82 (1,63;2,04) De abaixar-se, ajoelhar-se ... 1,26 (1,16;1,36)

Instrumentais Avanzadas *

De correr, levantar objetos pesados, praticas esportes ou realizar trabalhos pesados 11,68 (9,58;14,24) De empurrar mesa ou realizar consertos domésticos 1,49 (1,37;1,62) De subir ladeira ou escada 1,56 (1,44;1,70)

De andar mais de 1 KM 1,44 (1,32;1,56)

Informante do domicílio (a pessoa nao informa=1)

(11)

Finalmente, podemos afirmar que a pior auto-avaliação das mulheres se confirma com os dois primeiros modelos, em outras palavras, quando observamos o efeito bruto da variável e quando somente se consideram as condições sociodemográficas. Ao incorporarem as doenças perde-se esse efeito, mesmo não sendo significativo. Entretanto, na presença de dificuldades instrumentais avançadas os homens avaliam pior sua saúde. Esse efeito é maior entre adultos jovens e adultos que entre adultos maiores e idosos.

Referências bibliográficas

LEITE, I.C., SCHRAMM, J.M.A., GADELHA, A.M.J. et al. Comparação das informações sobre as prevalências de doenças crônicas obtidas pelo suplemento saúde da PNAD/98 e as estimadas pelo estudo Carga de Doença no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v.7, n.4, p.733-741, 2002.

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