CARTA
DO
EDITOR
A
pouco nrais deuur
nrôs <laCopa do
Mundo,
a segunclarealizacla
no
Brasil, obalulho
das ruas não
leml¡lava
emnacla a
tfpicâ
ernpolgação c¡ue precedia oprinci¡ral evento
clo esportelàvorito
clos brasileiros. Não havia bancleirinhas nasruas, desenhos clos claques
brasileiros
nas ¡lalecles, vencla lnassiva cle camisas da seleção, Obarulho
éoutro,
Conro se ver'á
tanto
noaltigo
plincÍpal
cleBruuo
Garcia conro nos textos deVictor
Ânclracle cle Melo eMaurfcio
Dluuroncl,este
tipo
cle grancle evento no Brasil parecerepetir uln
rnesmoroteiro.
Noprimeiro
ato, háempolgação, apresentação
de projetos grancliosos, prorness¿rs de
melhoria
cle vida da ¡:opulação em geral,No segunclo, ¿rcencle o sinal
anarelo:
há dificulclacles decumprir
¿ìs metas e surgern rearranjos na prograrnação. Noterceiro,
ofi¡ral,
hásenpre
prazos não cunrpliclos, orçamentos estouraclos e eventos que poderiarn
tel
si<lo,nìas nu¡rca foranr. De toda
founa,
sempre pâreceu que"dava certo".
Descle as jouraclas de
junho,
poréur, algo parece que muclourlo colnpoft¿rmento do brasileiro.
Associaclo ¿ì passividade, o
brasileiro
-
essafigura
decliffcil
definição-
resolver¡, aincla cle¡naneira
muito
atabalhoacla,recla¡nar. Após as manifestações
que levaram nrulticlões às ruas,
houve movi¡uentos pontuais,
mas ¡rão rnenos inrpactantes, colno greves e ocupações. A
resposta do Est¿¡do
foi
a cle praxe: aumentou o efetivode segurança. O resultado é
uma lepetição, ern lugates e
graus diferentes, clos dramas
letlataclos
pol Vinicius
Espelança sobre a
lei fom
dalei
no Complexo do Alemão após a
ocupação
policial.
A Copa do Mundo acontece
num
rnomento em que obrasileiro, sempre vaidoso de sua imagem no
exterior,
estácom vergonha do que vê nos espelhos das ruas, clos
jornais,
cla polftica, Confirmanclo o slogarque
impelou
nos ú¡ltimos anos, não precisauros maisimaginar
a Copa. Ëla chegou, rnas comum
barulho nruito
cliferente.RoNn¡.po
P¡u¡
-
BDITOR ASSISTBNTBNESTE NÚMERo
Vlctor Androde
de Melo
Fol durante o govorno do Porolr¡¡ P¡¡¡so¡ quo ar cono-xöos entro polklca o prátlca ôspoftlv¡ comoç¡¡rîm il tor dollneadas, É o quo
expll-ca Vlctor Andrrdc Molo, proforsor da Unlvor¡ldado Foderal do Rlo ds Jânelrô e coordonldor do Sport
-Laboratórlo de Hlstórla doEspaço o Lrzor, Autor do
lntrodução oo lozor (Edltora Manole, 2012), neita edlçlô
Melo f¡¡l¡ sobro o longo o tortuoso camlnho brasllelro om ovonto! o3poÌtlvos.
=Historio
frn
BIBTIOTECA
NACIONAT
José Podro Zúqueto Hlstorlador. doutor om polftlca cornparada o
posqukador no ln¡tltuto
do Clånclas Soclals da
Unlvorsld:¡dG do Ll¡bon, José Podro Zrlquoto faz uma ûnállro sobr6
l
formlçllod¡r tátlca ôlock bloc. O
lnvcarlgadol r3soclrdo dr
Roynl Molbourno lnstltuto of Technology Unlvsrslty, dr Austráll¡, rocobou o
prômlo Erlcs, Calxa Goral Dopósltos, sm 201 l. Els ó t¡mbóm autor do Grondcs chefcs do Hlstótlo dc Portugol (20 I 3). Poulo Sérgio de Voeconcollos Cômô rr¡duzlr um rôxto
poótlcol Prulo Sôrglo Vasconcellos, doutor em Lotrr¡ Clá¡¡lc¡s pola USP,
tonta rospondor a osta questáo em sou artlgo.
Autor do Slntore do per/odo
subordlnodo lotlno (FAP-Unlfosp, 20 I 3), Vasconcolo¡ tom so dod¡crdo ¡o o3tudo da poosla l¡¡tlnî do Câtulo o
Vlr¿fllo, à lntortextualld¡do nos o¡tudos clásslco! o l\
questáo do blografìsmo na
lntorPretação dir poesla subjotlva romana, REvtsra oe
xlsrónl¡
llur Urugurirnr, 13 / I lo rncl¡r c[P 20050.093 Rio dc lrnciro - RJ Tclcfono/f¡xr (21) 2220.4100/2507.3895 M,rrv¡$l¡doh¡stor¡,ì,com.br I ov¡slôd0h¡storl¿(rr 0v¡ståd0hi5todÂ,com.þr SOCIEOADE DE AMIOOS DA 8IBLIOTECA NACIONAL -SABINAv, Gruçr Annhr 145/707 . Ccntrc/RJ
ctPr 20030.003 / rêl:2262.914(, l{cvlstr nrcnyrl crlltrtlr pclr Sotfcdldc (lc ^rri¡ior (ln lllbliotccl Nrckrrll
Itfifli
\,\lrl\ \r)( ll,tr\1,11 l)lì /\Itx,r)t t)^ illlrlt(tilr,\ N/\( t()N,\tLI
r*\
LÉ¡
liFl
b¿
i!
KI
I
14
AG E NDA
tvt Nl()'r ( rJt ttjrì^r5 tìR^:;lt At ()tt^^NO
gN('ros I
.luNrro
2o14
EM DIA
Pro.jat;o mapcia na húantct cnelcrcços carlocas
rclaclonados tto paúoclo tlu tltlucll,;.lr"t clvtl-tttlll|ur
tó
I)OSSIf} GRANDËS
IVI
N
IOS
Copo poro
quem?
l)o¡' llru¡r<¡ Cialcia
A
¡trincí¡tul unnltaLiçtio da Jirtaltol rcp(Ìkr (t cx¡rrr rir?n r:irr dc ott l.ros g rrt n clc.s (l vcn l0)^ r a ul i zu tl osuquí: tlttcnr pugu u cottLtt nttttcrt
i
convltlutk¡ ptu'tr u Ji:sLtr26
Nós
com
o
Alemão
Pol
Vinicius
Iis¡rct'ançaOcttprt(:tio lnilil.cr t¡o .çtthtiririo do l{io rnostrrr lcís n¿io rfìt:itris r: cli.scrÍtnitt¿¡tririus poru nrrlrrr¿f rlrc.s rltr./irvtrlrrs
tz
Tótico onórguico
Pol Jos(' Pcch'o Z(r<¡uctc
Ilrrrr
black
blocs, rl tÍttirrt ttspo.strt nnrulnrcnLa ucclkivcl é luLur, ril(lsrn0 (:0,n 14rilt(klpossihlllrlrrclc rlc.firtrrt.s.so
38
l:l)tJ(-AÇAO
Com
Groço
l)or'I'ania
Nutrcsl)ltvi
Livror- corttrl Viclrts st't'tts t: Mcnr<'rl'ias clo
Ciilcclc
srio.jrtttrrltt.s poru sa obsst'v¿tt'rrtltproblcrrrrrs
th
prinuirtr ntaktda ¿lr¡ .sdculo XX42
Enguonto
isso...
Por Marcello Scarrone
Lllcrahn'u c<nü;cmporânea rle Graclllano Ramos
tcvc pano da Jundo variado, da crlsc clc 1929 à
Scg.tnda Guerra 44
lll,
l
lìA
lo
Pioneiro impressõo
Pol'lineiclaQueiloz
(Jtro r gi r r rr ck: Allt u cpr c r qrrc qu cbr ou b ur r a lr us asc t0nrou u prhncn'u nnúhcr o phtLtu'uttt Lctl1u
histrírico no lJrnsil
t:Nl'lll:VlS
I A48
Luiz Werneck Vionno
Pol
llrulro
Galcia"Cttckt tutt txo seu c(ul|o clevc fuzar força puru qua
c)^s(r.irrv0n¿ï(,c ttão sa par<:u n0 niilisnto, cttntrl tt
.luvanhula tla 1968 se
perdu
no vutl4wvcllsmo"tiSPECIAL.
llRASlL
EM CAIYI'O
s4
Pótrio
de
chuteiros furodos
Pol
Victol
Anch'rclc clc McloPolíLictt LanLu, clestla o lnício tlo sóculo XX, Ltrttt
r:asqrrÍnha cla avanLos cs¡rorllvos
5B
Nosso
segundo
noturezo
l)rx'
llcl'nalclo
llu¿tlquc clc I'lollanclaÁo o rr¿¡ li.so r' d ?ncs l.,çcßcm, ()ilh a rto I\' ey rc uJtr tlott nu criuç(ut ¿lo rnikr clo Jiúab<t!-urLa brasílctn¡
o o 3,
I
I
I
()f
o t¡ o () .( () o () (J aÍ¡¡
A
H
(t,
l¡l
ú
lsto?l
o
DA
BIBTIOTECA
NACIONAT
() 7(
EI
rì o o ô o I o { :l () o ti ;ìóo
Areno político
e
esportivo
Por
Maullcio
DrulnonclDcsdc uttlcs de Getullo, Jutcbol é usudo conto
armtt de propugandtt
62
PEIìSPICI'IV/\
Ordem
e
reguloridode
Por Moacir Rodrigo de Castro Maia Com lnsplração europcla, Jartllm dc paldclo cnt
Mafiana Jd
fol
considtado o malor c o nlr;lshottlto das Mlnas Guats
QUADRINHOS
ó8
Bem ombientodo
Por M¿lrcio Malta
)bru
de Cuulos aborda c¡s ri.scr¡s t¡uc u J'altudc planeJumcnto urhuw reprcsuúa para u
fauna c a floru
72
A
fronteiro
do
olforrio
Por Gabriel Alachéu
Catlvos no Brasll fuglam para h"úar por Urugual c Argentlna cm busca da llbudadc
76
LEIÏURAS
Folondo grego
em português
Por Paulo Sér'gio cle Vasconcellos
l,lonelro no ßrasll cm traduçõcs, Manucl )dotlco Mendes tcntava
rerlar
os cfeltos dc som c rltmo dalínguaorlfinal
Bo
Noite
de benefício
Por Fernanclo Santos Berçot
No início clo sóculo XIX, artlstas tlnhant dircito clc orgutizar espctticttlos cspcciais c
ficar
com ar utdct clos i n¡¡r'essos
84
ALMANAQUII
rluyonLCUruosrD^DLS8ó
DECIFRE SE FOR
Ci\PAZ
Corentes de mestres
Por Phablo Roberto Marchis Fachin
Documuúo pr<)vu qus pttls lmpl<truvam p<tr muls
proJcssoras purtr o cnsin(¡ dc scusflho.sjri cm 1770
89
POIì DIN1-IìO
DA
BIBLIOTECA
O
poís
do
footboll
Pol Lia Ìorclão
Súmulas fazcm rcgistros das partldas do lníclo
do sóculo XX, com dircito a polômica com
juiz
92
LIVROS
9ó
CARTAS
A r-rsróRrR
Do
HrsroRrADoR
Acervo
limitodo
Por Nashla Dahás
A
clifcll tarcla dc pcsqulsar cm arqulvos flslcos,burocrátlcos c ln|lmlclant cs 98 ( -ì i\ c. .4
r
n
ú
6
cttv
reg
FS
ffi
H
Apesar
de
suaslalzes lelnolrtarem
aoslnovi
melrtos
autorìo¡ììistas claAlemanha
cla clécacla de 80-
voltados paraunìa
oposição clireta àburocra-cia
-
atática
black bloc (que cleve seu ¡rome à lnfcliae à
polfcia
alenrãs) apenasentra de fato
na
vida daAmérica do Norte
eda
lìulopa
na virada
parao
século XXI. Descle então,vem
setolnanclo
uuracaracterlstica
colrìunt
enì
protestos
e
distúrbios
que se estendemdo Oriente Médio
àÂmérica
cloSul. Sua atuação independe da posição geográfica.
Afinal,
como
afirm¿rm seusmilitantes,
tr¿¡tâ-se deu¡n
confronto contra
for'ças de replessão global.Os
gmpos
organizam-seem torno
de
cliversastáticas que
osativistas precisam
ter
il
clisposiçãoem
¡nanifestaçõese
mobilizações
em
massa. Oque
significa,
no
caso dos black blocs, que eles sítouma
forma
de
açãodileta
"assertiva". O
coletivoanarquista
Crlmethlnc ajucla-nos aentendel
o lrrapamental de muitos
integrantes
de
black blocs,[le
está
na
vanguarda icleológicae na luta
nrilitante
contla
odomlnio
de "poderes opressivos eautot'i-tários",
clefenclenclol
insurreição na Âmérica
doNofte
e em outros lugares. Não é uma otgattização convencional, masuln
guarcla-chuva para ativicla-cles anôni¡nas,aberto
acontribuiçöes
cle toclos oslaclos, A
maioila
cle st¡a plocluçãocultural
¡rão éas-sinacla, mas está tlacluzicla
em
ntassa para muit:rs lfnguas, e o uso de pseuclônirnos impera.O Gula clvll dc ação dlrcta:
0
que'i, para que serve, como fundona,
deixa
eviclente
a
centralidade
daação "faça você mesnro", selrì mecliação cle otttt'os
ativistas. O
starus quoé
abe$anìente
rejeitaclo. Ofato de
estarmos sujeitos
a
"sistemas tirânicos",
sustentâdospor
uma polftica
clevigilância
ftln-damentadapor
sewiços
secletose militares,
não pode ser clesculpa para a passiviclacle. Para eles, aúnica resposta
rnolalmente
aceitável é aluta,
mes-mo
corn grande possibiliclade de fracasso."A
açãodireta
pode ser perigosa ern urìt clinra de repressãopolÍtica
e éimportante
que aqueles que palticipa¡ì't façamum
esforçopara
nãocolocar
osoutros eln
risco", diz
o manifesto. A açãodiretâ
nâo pocle serqualificada
cornotelrorismo,
porque
não busca o poder para si, massim
ofortalecitnento
doindivi
cluo que a
utiliza.
É justiflrcada apenas pelocontex-to polftico "diante
de umainjustiça insuportável".
E quem é que faz parte dos blackblocg É
impor'
tante
notal
que os indivíduos queparticipam
datá'
tica <los blackblocs são suscetfveis deter
motivaçöesdiferentes,
Existe
heterogeneidade. Para
alguns existe o fascfnio da ação (a excitação doconfronto'
cla luta), e é isso que preclonrina e não
tanto
icleiasgrancliosas cle
transfoluração; assim, eles
podemser
nruito
menos politizaclos clo que outl'ospaftici
pantes. E existeur aqueles que vão por lebelclia (por
transgressão e
por anticorìfolmismo),
utas não ne-cessariaurente para a destruiçãoou
aspúticas
ile-gais e violentas. Tanrbéur é vcrclacle que, elrì alguns casos, estäo pr€sentes
policiais
à
paisana, Existe,portanto,
urnamistura
de rnotivaçðes e sentimen-tos, o que não invalicla a hipótese (confiunaclapor
obsewação ernpírica) de que grancle
palte
dospafti-cipantes é cle fato politizacla e
militantc,
.( ts¡
33
JuNr() ¡or¡ Embora conhecida dcsdc o final da dócada dc 90, at¿lticâ bkck l¡loc fìcou
famosa no Brasil
dc¡:ois dos protestos
dc 2013. Na página
¡ntcrior c ¿cirna,
fotografias dc rnani festantes em ciclades brasilciras.
0 .ltrLo
clc
cs|t.tt'ttto.s
.s¿¿ieit0.s LLsisLanw:s
tirânicos
não
Ttocla
scr (lcscLtlpu
pLlro
LLpossiviclucla.
A íntictt
r c sp o s l; LL r1"Lot"ulnl
alt
La
u c ait
úv
cLa
IULur
Não sulpreencle que a prática supere a ideologia
nas nalrativas que enìergem clos blackblocs. É a açäo (a
"revolta
do fazer"), e não ateoria,
quetransfor
rna ori analcluistas
em u¡n exército
cle insurreição contl'a os pocleres estabeleciclos. Por isso, ativistasdão
extlerna impoltância
à experiência (decomba-te,
cle lut¿t denra,
cle clestnrição)e
aos benefïcios elnociolrais e ¡rsicológicos que clela resultam. Aex-periôncia se dá no instante em que alguém assume o controle soble sna
¡l'óptia
vicla, ponclo ern pr'ática clesejos, sensaçöese
nìetas. Relatosem
primeira
¡não cle batalhas den¡a
reforçam esta perspectiva.O
sentime¡rto
<lealegria
(êxtase?)é
generalizado:"Mudando urundos, nós
safmos clet¡m
mal.estar emiséria
pârautna incrível
alegria e prazer: final-mente estarnos enì casa, na nossaprópria
pele, emt' :l li l0t4 34
H
jr
.iH
35 Jrr\¡r.r 20tótnotirìs
dcl'ittsbrlrglì cnl
2009 corìtra o G-20, "Ata-carrclotua
abaixo, .jturtos,cnì vcz
(lc
uralchar.rlrgsscparadalìrcnte, lutanclo ou confì'orìt¿ìnckl a ¡lollcia,
clìt
vcz clcaccital
suil :nltol'idâ(lc, girrrhlnros vicl¡".Ou, conro clcclara
outlo militalìtc
sobl'c a açiro <l<lshluckblocs
no
Dia clo'l'r'abnlhocur
2012,cur
Chica-go,"Aqui
cstá,frnahncntc,
o poclel clc clcft'¡'rclcr.unr cspaçopala
nlóur docorìtrolc
da olclcm; toclalaiva
rc.prinlidî
sob ovcr¡riz
cla orclem irn¡rostaillom¡rc
lì supcrf{cie... o excesso clc
lellelclil,
É ca<itico,¿rtcr'-rol'izalrtc, clttociona¡rtc ".
Ilsses sc'ntimcntos sc
rrristttralu a
[¡¡11¿ìr'citliza-ção
pessoal recéur-clescobc.l'ta."Listot¡
illcmcclia-vcl¡ìrente tla¡rsf'olrnaclo", dizullr
ativistl
clc¡lois clc¡raltici¡rar rlc uura açäo clos l¡lackltk¡cs. "O
sclrtimcn-to clefortalcciurcnto quc
ospalticiprìutcs
gunhaurfaz
collr quc,
agora, cc¡ìtcrì.rs(lc
pcssoassintalu
nos scus col'pos quc, sc as
circruìstÍhrcils cxigilcur,
podcrìr
vcstil
nìáscar'¿rs c camis¿rs c f'olurilr' umai¡r-vencfvcl for'ça clcsafilrrte
",
¿rfiruraoutlo.
N¿ttut'¿tlnreutc, r1âo sc ¡roclc subestiurar o ¡ra¡rel
da
bravata
ncss¿ts ¿ttrtolrarlalivas.Unra
voz
nraiscílrica e menos sinr¡rática lloclel'ia apo¡ll:al a lacuna
c'ntre a
letl¡rica
c
a rcaliclacle,leurblanclo
osltìui-tos confi'orrt<)s crn (lue a
¡lolícia
(tlciuacla, clisci¡lli-luaclac
urilitalizacla)
inr¡rõrc sc'u ¡roclcr csmagaclor' st¡bLc <-rs¡nilita¡rtcs.
Cada vez nrais essa fbr'ça clcsafiantc clcixa clc scr'
bcur-vilrcla nos plotcstos. Dcsclc o couìcço há
coulli-tos
entrc
nlilitarìtes black ltlocs c ¿ìtivistits nãoviolcn-tos. Se os clc.fbl'rsoles clo blcck hkr ¡rostuhnt suit
lìcccs-sidaclc. e¡n nome cla clivclsiclaclc clas táticas,
tlansftlr-tnanclo o l)l'otc.sto
cln
l'csistêucia pl'opl'i¿ìlìtcntc clit¿r,os oponcntes cor)sidclrrìr qr¡c suas ¿ìçõcs csvazi¿utÌ a ¡rró¡rria causa d¿ìs uranifbstaçõcs, sc.jl cla rlual
ftl'.
lìssa
tcnsiio cmcrgiu,
pol
cxcmplo,
no
nroviu'¡c,nto Occu¡ry Wall Strcct (2011). [i nos plotcstos (lc nt¿t l)nt-silciros, os gritos (lc "sclìr vanclalismo" sixr nruitasve-zcs clcsafiaclos
pol unl
colo (lc "scrlr nr<x'¿rlisnrol". As táticas diviclcur a opiuião p(rblica c sc voltam co¡rtlita maioli¿t <laquclcs quc não acrcditaur cur violê¡rcia clc
ueltlttutt tipo,
incluinckr a dcstruiçiro clc' px4l'ic-cladcs.lhtrto
lìos pl'otcstos fisicos clulutr¡ rra i¡'rl:cr¡rct.c'm blogs, rncles sociais e fóruns, lauçarrr-se crílicas dc
tun l¿rclo p¿ìl'a o outro: ltluckltktcs ¿rcr¡s¿r¡'n algrrns nrani-fcstatrtes rìtro violcntos clc scrcur uura es¡récie clc "po-lícia da paz" lé isso lncsur</?1, erxlua¡lto eles ¡rrri¡rlios são deuunci¿rcl<ls
colno
hoolfgcn.s, ¡rrovocarklres rlttagerìtc.s i¡rfiltlaclos. Aléur clisso, os hk¡ck bkrcs si¡o rrrui-to ctiticaclos por su¿r conrposiçiur crtuica e s<lcial: unt¡t
tnaiorir
masculin¿r e bl'alìca dc gaurtos provc¡ìicntcscla burguesia,
clìtre
20 e poucos c 30 a¡ros.f)a mcsrna maneitit que a lógica da rnsurrcrçio não
é
ar1¡itrÍria, ¿cons-titurçiìo dos block b/ocs como umâ
f orrrr¿
dc
fazcrguctn
ao
sistcmatar'nbóm näo é arbitrfrra, Na prdtica,
a ação pocle ser caótrca, nìas a
pre-parrrçiio e .r êstruturtção da militância
ck' combatc
cic
rua süo bastante organizadas, Ativistas redigeme
dis-tribuern rnanuais corn prþl.ocolos e linhas ¡¡crais que inciicam o (lue todo$ os intcressados em participar devem
fazer. Dicos de ¡nodo ¡roro os corqosos,
por
exernplo, aproscnla tocla umagartra de precauções que os militantes
cJevem lonrar ao f'ormarenl ur'n b/ock
lr/oc, Considerirndo quc os mcmbros
pocicnr vir a sc engajar em atividades
ilfcitas ou ìlegars, o objetivo principal é o ânorrrrnâto: "Sc vocô vai usar uma máscarit, usc-â crn l.odos cls momen-tos apropriados"; "Use vestrrnentas
diferentes e r'nantcnlìâ uma roupa civil
c¡uc lhc pcrrnita dcixar a á¡ea como um rnofcnsivo cicladão": "Não permita que estas rnedidas llre dcem urna falsa sensaçáo de scgurança, tcnha ¿ ccrtc-za d<: quc conlrecc e conlìa nas
pcs-soÃs com as quais está tlal¡alhando".
Ëste rnanual mcnciona
o
ma¡sirrrportantc rnod<:lo clc ornanização clos l¡ktck b/ocs: grr.¡pos
de
afìnida-clc. Varia a quarrticlade de individuos, sendo no rwixirno 20,
t:
são idr:al-ryrcr'ìtc compostos f)or' um grrlpo cic¿rnrgos
ou
pessoas em quern vocêconfìa mirrim¿rnerrte, Urn ll/oc maior
deve sel construfdo a partir dâ junção
dc
grupos mcnorcs. As células são mars efìcientes, pois "podem tomar clecisões cJeryìocrlticas mais rapida-merrte, alórrr <lt-. consc¿urrcm scdivi-dir' crn glu¡tos mcnofcs cic manclr¿ iliuahncnt<: cficaz". Antes dc .rgrr, o
glupo clcve planelar "l'otas cle fuga,
r'ecursos legais, e planos 13 de emer-gência".
A
rnlutância cm obedcccr a modclos hio'ifrqurcos pode constituir um obstáculo paraa
efìciêncìa dos l¡krck b/ocs, especialmente quando o outr'o lâdo csLl l¡cm trcinaclo c'orSa-nizado, Mas quando a ação acontece, o ¡ogo de gato e üto que se instaurr entre mil¡tantcs e a força policial cria
unr ccnárro imprcvisvel, que requer mais adaptabilidade do que atenção
a
planos, Alérrr disso, os militantespr"cfcrcm tomar parte cm ptþtestos
maiores, o que difìculta o trabalho da
polfcia em identifìcar vários rnembros cio grupo. "A prcconclição fundamcn-tal para a ação não é ter um plano, pois plarros serr'ìpre se desfazem
nes-t¿rs situâçöcs, A ncccssidacje mais
fun-clamcntal é a habilidade de enfrentar
c
confì'ontara
polkia, Aqueles que ganham espaço ocupado pcla polfcia, fazcndo-a rccuar, podcm cm seguidafazer qualquel coisa", r'elata urn
anar-quista que participou de urn protcsto
cm lJarcclona,
O
calor da dinâmrca de combate clos b/ock l¡locs al¡re espaço par" que outros individuose
grupos possamparticipar. Em muitos dos protcstos do Brtsil em 2013, a destrr¡ição de rua e
o enfìentamento com ¿ polfcia fornrn
fcitos pol uma multidão hctcro¡¡ônca
formada por bkrck b/ocs e.lovcns dc bairr"os menos favorecidos ou favelas, "lsto mostrÌ1 que as táticas rrdic¿ris e
o
scu csplrito se cspalharam pclaaglomcração, ou quc os anarquistas se dissiparam
na
multidão", exultaum mânifestante, Estes ryìorîentos de
fus¡lo accnl-uam
a
clinâmica dc uma"r'csistência sem lidemnça". Os ativrstas dão muito valor a este conceito e em ¡l8uns protestos elcs cheganr ¿ì cantan
"Somos uma rrosistðncra scm lldcr'cs".
(luunclo o po(lcr 1>úrblitn sc luauifi:stn, fica clar,o r¡rrc listackr
c
os blrrck blocs r.an'cgarìì niìr.r,iltiv¿ts âlr-tagfiuicas, At¡to¡'iclaclcsiclentificam
¡tocxtlcrììislììo
atrill'quista
uula
¿ìltìc¿ìçil ¡rol:cr.rcinlrnclrtcfbr.tc
clctcl|orisrno,
Nos
listaclos L.lniclos,o
l)cpíu,talììcrìto clc Scgulançtr Intcl'nadcfinc
os hkck hklcs corììo gt.u-l)os ou inclivícluos <¡uc'fÌrcilitam
ou scclìvolvcltì
cllì
¡ltr)s
(lc
violôltcil
courolncio
clcaltcl'ar o
govct.tìoc
¿t so(:ic(la(lc,cnt
apoio i\
crcnça <lc c¡uc toclas asN,r ¡r;i1iin;r ;rnlt:¡ ior',
krtr4¡;rfi,r rno:;lr',r l¡ili' r,r lt/rrr k l>/rx orl ,rr;.io n,l t.irl,rclt: çur:t,l rlt: fY,tnlr.rr', t'nl';<:l.r:r r t lrlo rlr: /(X)fi, rhrr',¡nlr: o I rir un r liot.i,rl Irrrtr¡x,u,
Et]il?rrfl!ñft
lr \I0 ¡01¡l 3ó
H
tÃL"ol!l'
roi
\
Soibo Mois DIJPUIS.DLRI,l r'¿rncir, lìhx k ßlocs, S;1o
l)¡r¡lo: Verrct¡, 20 I 4, I lAllVl:Y. DÂvid. Zlll K, Sl.rvoj, ct, ¡1, Ci<lcxlcs llcl¡tlr/r:sr Posse livrc c (,s nì(rl¡/ðstoçõcs (lt/c lo llt(,r([r (,s lrrts <lo ßr'rlsi/,
SÍo P.rr¡lo: lloitcmpo, 20r3,
Marrili::,l.,trrtr.'ri c ¡toli
(.iit¡i frcrìlc,t fi(ìtìto
crn Sc,rltlt:, 1999.
Na manhã do dia 30 dc novembt'o
de
1999, dois movimentosdistin-tos
tomamma
cidadede
Seattle,nos EUA.
O
primeiro consistia em uma reunião,a
portas fechadas, daOryanização Mundial
do
Comércio(OMC).
O
segundo acontecia nasruas da cidade, tomadas Por uma multidão
de
manifestantesem
umprlctesto que já havia sido prevramcn-te arquitetado,
A reunião, prevista para até 3 de dezembro, tinha como principal pauta
de
discussãoa
ampla abertura ao comércio global, Já as manifestações possulamum
caráter heterogêneo, não apenas nas reivindicaçðes, mas também nas estftrtégias de protcstos'Enquanto alguns manifestantes
Pre-ferirarn caminhar pelas ruas, outros
optâram
em
se sentare
bloquear p¿rssa8ens. Enquanto os ambientalistas tcntavam chamar a atenção pata as questões climáticas, ONGs e sindica-tos dos paÍses cm desenvolvrmentoprotestavam contra o dcsemprego e
os termos propostos pela OMC, que
garantiriam menos direitos aos pafses
mais pobres,
Foi na parte da tarde daquele dia 30 que anarquistas
-
posteriormenteidentificados como block biocs
-
entra-ram em cena com uma estratégia de
protesto que contou com depredação
dirrecionada e intencional.
Naquele momento
os
relatoscram conflitantes: alguns manifestantes alegaram que a violência só se tomou uma estratégia depois que a pollcia
atacou manifestantes paclfìcos, Outra
verclo dos fatos, narrada pela pollcia de Seattle, cliz que a deprcdação já
estava acontccendo antes da ação
policial, mas reconhece que a violência dos manifestantes tena se intensrlìcado depois de uma ação mais d¡retâ dos agentes de segurança Pública.
A
OMC diplomaticamente adioua pauta de decisócs para tentar uma aproximação entrt obrigaçðes e direi' tos dos Palses em desenvolvimento no âmbito da globalizacão, (Agnos Aloncar)
l'olrtras de capitalisnro e globalizitçåo cool'pomtiva
deverìr se[ co¡nbatidas, e qtle as irrstituições qtle as
regerìì são cles¡recessárias e plejtrcliciais
à
sociecla-cle. De acordo cotno
[iBI,
oblack bloc é apersonifi'
cação do anat'quist¿ì,
extrelììalllente
violetrto, tenclo setollrado sinônimo
näo só clctluÌ tipo
cletática'
lnâs ta¡nbélìt de tuD gl'tlpo de Pessoas extt'cluistas.
É
por
isso que, especiahtìclìtc na gl'ande nìfclia,o
black bloc é ¡nttitas vezcstido
colllo
tlrll¿ì coleçãode
inclivfcluos.Ou, cotno
já
clefiniu
ulìrî
repol'ta' geln, "eles niro são Al Qaecla, lìlas tl¡ntipo
clcgrttpo
terrolist¿r caseit'o". O Estaclo I'ecort'e ¿\lei
e ot'clelrarun
discurso
em
<lcfesa clas sact'ossantasiustittti
ções púrblicas c pt'ivaclas, e na clelesa cla segurançae clo
clircito à
libcldaclc' cleexll'essão
clc ttranif'es'talrtes
pacfficos, coloca¡tclo osviolentos
llos
setls cleviclos lugat'es, Pot' set¡ laclo, os lnilit¿tntesanal"
c¡tristas
vcctìl o
policiatnettto e
as clel'ttolrstrlçöescte
lbrça
clo lästaclt¡como
inti¡'t'ticlaçitoe
repl'essão clac¡uclesqtle
vcrdadeira¡tteute
ot¡salt'tconfi'olrtar
o Pocler e o Capital, Entre estas
nallativas
é irnpos-sível estabclccct' quais<¡uel pontes. H,osÉ pEDRo zt)Quere É pt,sr)uls¡uolì DO tNsnrr./to Dt: r-tlì¡lc:tRs Socl^ls t)L Lrstìo^
[
coAtJ]ofì t)t: Il-t[ sIRUC;(;l.tl t:OR l'l-ll. WofìLl): t/BËlì¡1IloN MOyf:Ml:.NtS t:OU It il:. ) tSl'(;[Nl(/Ry (slANl;ollf ) l'lìl:s5, 20t0), l. i, Y ¡) >: :i 1'. ¿ !, ).