Engenharia
de Produção
ANÁL|sE
DA
cÉDu|.A
DE
PRoouTo
RURAL
COMO
MECANISMOS PARA
FINANCIAR
O
PRODUTOR
DE MILHO
DO ESTADO
DO
PARANÁ.
'Edmilson Santos
Assunção
Dissertação
apresentada
ao Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade Federalde Santa
Catarinacomo
requisito parcial paraobtenção
do
titulode
Mestre
em
Engenharia de
Produção.Orientador: Prof. Emilio Araújo
Menezes,
Dr.n
F
IorianópolisEdmilson
Santos
Assunção
r r
r
ANAusE
DA
OEDui_A
DE
PRODUTO
RURAL
COMO
MEoANis|v|O
PARA
i=iNANc|AR
O PRODUTOR
DE
M|LHo
DO
ESTADO
Do
PARANÁ.
Esta dissertação foi julgada e
aprovada
para aobtenção de
títulode Mestre
em
Engenharia
de
Produção no
Progama de Pós-Graduação
em
Engenharia de
Produção da
Universidade Federalde Santa
Catarina.- `
Florianópolis,
27 de
fevereirode
2002.Prof. Ricard
Mirinda
B
ia,Ph.D
, .
»
Coordenador do Curso
_BANCA
EXAMINADORA
Prof. :Êmílio Araújo Menezes, Dr.
Orientador
Prof. Álvaro Guilherme Rojas Lezana, Dr. Prof.
JOÊCMIOS Gomes
e Oliveira, Dr.Membro
`À
Carmen,
incansávelcompanheira
de
todos
os
momentos,
sobretudo pelamaneira
heróicacom
que tem
resistídoao
câncer.Aos
meus
filhos Leandro,AcRAoEciMENTos
A
conclusão
de
qualquer trabalhoé
sempre
uma
vitória, entretanto, concluirum
trabalhode
dissertaçãode mestrado
é algo para preencher aalma
e,nesse
momento,
olhar para todos os lados e ver aspessoas
que
nos ajudaram
a che-gar
nos
objetivos propostosnão
é tarefa fácilde
enumerar. Ter anoção
exatapara atribuir
agradecimentos
éum
fatorque
apresenta graude
dificuldade, so-bretudo,
quando
o
desejonão é cometer
injustiças.`
Apresento
meus
agradecimentos
aos
colegasde
classe, pelobem
que
fize-ram
quando,
de
maneira
coletiva,sempre
estenderam
amão
a todos,não
per-mitindo
que
nenhum
dos
participantes desistissemno
meio
da
jornada.Apresento,
também,
meus
agradecimentos ao
Banco
do
Brasil, pela opor-tunidade
que
mepermitiu,
tantona
concessão'da
liberdadedo
cursoem
si,quanto
pela disponibilizaçãode
farto material,sem
o qual,as
dificuldades seri-am
tanto maiores, extensivo à Superintendência Regionalde
Londrina,na
pes-soa do
Sr.José
de
Mesquita Filho.Ao
colega MárioAugusto da
Cruz, peloseu desprendimento
esua
capaci-dade de
ajuda, permitindo que,em
momentos
de
dificuldades,não
passassem
apenas
de momentos, sendo
todosconfortadosde que
tudo sairiabem.
Ao
professor,Mestre
Jurandir SellMacedo
Jr,que
nada
obstante, as difi-culdades
enfrentadas pela distância,na
busca
pormaiores
conhecimentos,longe
do aconchego
da
terra natal edos
amigos,sempre
manteve
aboa
von- tade ea
firmeza
na
direção segurados ensinamentos
prestados.Ao
Professor Dr. Emílio AraújoMenezes,
meus
agradecimentos
pelo cari-nho
com
que sempre
tratoumeu
trabalho.Finalmente,
agradeço ao grande
arquitetodo
universo,sem
oque
este tra-"Qualquer
estadistaque não
enten-da
dos
assuntos
de
alimentos
não
é
competente
para
o
cargo".A
i_isTA
DE
i=iGURAs
... ._ i_|sTADE
TABELAS
... _.REsuMo...Í
... ._ABSTRACT
... .. 1.iNTRoDuÇÃo
... _. 1.1Origem
do
trabalho ... .. 1.2 Objetivodo
trabalho ... ._ 1.2.1 Objetivo geral ... .. 1.2.2 Objetivos específicos. ... .. 1.3 Hipótese ... ..1.4
Forma de
apresentação
do
trabalho ... _.1.5
Considerações
finais sobre o capítulo ... _.2.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRicA
... ..2.1 Financiamentos agropecuários formais ... _.
2.2 Financiamentos agropecuários alternativos ... ._
2.3
Cédula
de
Produto Rural ... ..2.4
As
partes intervenientes ... ..2.5
A
importânciada
culturado
milho ... ..2.6
O
planejamentocomo
fator relevantena
tomada de
decisão ... ..2.7
Considerações
finais sobreo
capítulo... ... ..3.
PRINCIPAIS
VARIÁVEIS
ENVOLVIDAS
NA PRODUÇÃO,
FINANCIA
MENTO
E
COMERCIALIZAÇÃO
DO
MILHO
NO
ESTADO
DO
PARANÁ
..3.2
A
CPR
no Estado
do
Paraná
Paraná,volume
físico ... ._47
3.3
A
CPR
no
Paraná,volume
financeiro ... _.49
3.4
Os
negócioscom
CPR,
envolvendo
milho ... ._50
3.5
CPR,
operacionalização,vantagens
edesvantagens
... .54
3.6
CPR,
como
instrumentode financiamento
... ..56
3.7
CPR,
como
instrumentode
hedge
... _.58
3.8
Considerações
finais sobre o capítuio... ... ._ 614
coNcLusÓEs
...es
4.1
Medidas
para solução ... ..66
FoNTEs
BiB|_ioeRÁF|cAs
... _.7o
LISTA
DE FIGURAS
Figura 1
-
Volume
de
recursos, destinados à agricultura brasileira, perío-do
de
1969 a
2000
... ._4
Figura
2
- Distribuição por produtos,do
volume
fisicode
CPR,
ocorrido`
no Estado
do
Paraná,no
períodode
1995/2000
... _.48
Figura
3
- Distribuiçãodo
Volume
de
recursos, por produto,no
Estadodo
Paraná,
no
períodode 1995/2000
... ... ..50
Figura
4
-Quantidade de
CPR,
emitidasno
períodode
1995/2000, en-volvendo a cultura
do
milho ... ._52
Fiigura 5
-
Volume de
recursos,envolvendo
negócioscom
CPR
de
mi-'
Tabela
1-
Taxa
realde
jurosdo
crédito rural,segundo
a finalidadedo
empréstimo
-
Brasil- periodo1970
a1999
... ..Tabela
2 - Crédito concedido peloSistema
Nacionalde
Crédito Rural,segundo
fontede
recursos e participação percentualde
cada
fonte
no
total anual (Brasil1993-2000)
... ..Tabela
3 -Área de
cultivo eprodução das
culturasde
algodão,amen-
doim, arroz, café, feijão,
mamona,
milho, soja e sorgo (cultu-ras
de
verão),no
Brasil-
safras1995/96
a 2000/01 ... ..Tabela 4
- Crédito concedido à agricultura,segundo
as fontesde
recur-sos e participação percentual
de
cada
fonte total anual-
Bra-sil
1995
-
2000
-
em
milhõesde
reais ... ..Tabela
5 -Remuneração
do valordo
avalem
valores nominais e limitede financiamento nas operações
com
cédulade
produto rural(
CPR),
segundo
a fasede
desenvolvimentodo
empreendi-
mento
- culturado
milho .....
Tabela
6
-Produção de
milhono
Brasil - periodode
1994
-2000
... ..Tabela
7 -Área
de
plantiode
milhono
Brasil - períodode 1994
-2000
._Tabela 8
-
Negócios
realizadosno
país,em
volume
físico,envolvendo
CPR
-1995
a2000
... _.Tabela
9 -Volume
flnanceirode
negócios realizadoscom
aCédula
de
Produto Rural -
1995
a2000
.....
Tabela
10-
Volume
físicode
CPR
ocorridasno
Estadodo
Paraná, envol-vendo as
principais Commodities,no
períodode
1995/2000
... ... ..Tabela
11-
Volume de
recursos canalizados para aCPR,
no Estado
do
Paraná,
envolvendo
as principais Commodities,no
periodode
1995/2000
... ..Tabela
12-
Quantidade
de
CPR
emitidas,no
periodode
1995/2000, en-volvendo negócios
com
milho ... _.Tabela 13
-Volume
de
recursos, envolvendo negócioscom
CPR
de
milho,no
Estadodo
Paraná,no
periodode
1995/2000 ... _.Tabela
14-
Preços
da
saca de
milho,em
dólares americanos, obtidosRESUMO
ASSUNÇÃO,
Edmilson
Santos. Análiseda Cédula
de Produto
Ruralcomo
mecanismo
para
financiar
o
produtor
de
milho
do
Estado
do
Paraná. 2002.76
f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia
de
Produção)
-
Programa de Pós-
Graduação
em
Engenharia
da
Produção,UFSC,
Florianópolis.Este estudo trabalha
com
Cédula de
Produto Rural -CPR,
como
alternativaao
aporte
de
recursos, 'focando principalmente a culturado
milho.O
direciona-mento
dos
estudos centra-seno Estado
do
Parana. Entretanto,as
conclusõesobtidas
poderão
ser utilizadasem
qualquer partedo
país. Procura-se,com
estetrabalho, evidenciar
que
o empresario rural, utilizandoo
créditode
maneira
tempestiva e,com
recursosadequados, possa
obter maiores resultados parasua
atividade, viabilizando seuempreendimento
e,numa
ação mais
profissio-nal, utilizar o referido
mecanismo
de
créditono
planejamentode
suas
ações.Assim
se espera
contribuir paraque
a atividade agropecuáriapossa
auto-sustentar-se, evitando o
máximo
possivel adependência do
governo.Que
oprodutor rural
possa
relacionar-secom
o mercado,
buscando
desenvolvimentoprofissional
e
empresarial para osetor.ABSTRACT
ASSUNÇÃO,
Edmilson
Santos. Análiseda
Cédula de
Produto
Ruralcomo
mecanismo
para financiar
o
produtor
de
milho
do
Estado
do
Paraná. 2002.76
f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia de
Produção)-
Programa de
Pós-Graduação
em
Engenharia da
Produção,UFSC,
Florianópolis.This research talks about the Agricultural Product Bill -
CPR
-as
an
alternative provide resources, giving focus
on
the corn culture.The directionsof this
paper
is inParaná
state, but, the conclusionscan be used
in differentparts of the country.
With
this paper,we
would
like toemphasize
theagricultural
businessman,
using the creditas
aseasonable
way
and
withproper resources, to get better earnings to the their activity, giving viability to
his enterprise
and
injecting a safe planningas
a professional action.So
we
hope
to contribute for the agricultural activity maintainingby
itsef,and
avoidsubordination
by
thegovernment
support.Searching
for contractorsand
professional
development.
for the sector, the agricultural productercan
stablish relations with the market.
1.1
Origem
do
trabalhoO
Sistema
Nacionalde
Crédito Rural foi implantadoem
1965. Tinha origi-nalmente, très objetivos:
1. Estimular
os
investimentos rurais, inclusive paraarmazenamento, bene-
ficiamento
e
industrializaçãodos
produtos agropecuários,quando
efetu-ado
pelo produtorna sua
propriedade rural, porsuas
cooperativas ou. porpessoas
físicasou
jurídicas equiparadasaos
produtores;2.
Favorecer
o oportuno eadequado
custeioda produção
e a comercializa-ção
de
produtos agropecuários;3. lncentivara introdução
de
métodos
racionaisno
sistemade
produção, visandoao aumento
de
produção,a
melhoriada
produtividade, àmelho-
ria
do padrão
de
vidadas populações
rurais.A
partirde
sua
criação,que
instituía a obrigação, para osbancos
comerci-ais,
de
destinaremuma
parcelade seus
depósitos à vista para o crédito rural,o
volume
de
crédito para a atividade agropecuáriaaumentou de
forma
expressiva(Ryff 1999, p. 22).
_
No
entendimento
de
Barros&
Araújo citado por (Nuevo, 1996, p.2): “Outraatribuição
do
SNCR
foi ade compensar,
em
parte, transferênciasde
renda
do
setor agrícola brasileiro para outros setores
da
economia,
através principal-os autores:
O
crédito desempenhaum
papel dinamizador da atividade rural e pode con-tribuir decisivamente para o desenvolvimento integrado, a difusão de inova-
ções técnicas e a expansão da produção de bens de consumo interno e ex-
portáveis.
Observou-se
que,se
porum
lado oSNCR
propiciou amodernização
de
alguns
segmentos da
agricultura,levando
aum
significativocrescimento na
produção
agricolanas
décadas
de
60
e 70, por outro lado, forneceu, porum
longo
tempo,
subsídioao
setor. Tal situaçãomotivou
fortes críticas à politi-ca governamental
em
relaçãoaos
subsídios destinadosao
setoragropecuá-
rio.
Esses
subsídiosprovocariam
uma
pressão
expansionista sobre abase
monetária
e osmeios
de pagamentos.
Representando ônus
muitogrande
para
as
autoridades monetárias,que
utilizaram fontes inflacionáriasde
re- cursos para cobriros
gastoscom
subsídiosconforme
Sayad, citado porNuevo
(1996).Ryff (1999, p.22) confirma a
versão acima
ao
afirmar que:“com a
acelera-ção da
inflaçãoe o
estabelecimentode
taxas nominaisde
juros, a parcelade
sub-sídio embutida
no
crédito ruraltambém
cresceu vertiginosamente até 1979”.A
taxa realde
jurosdo
crédito rural,segundo
sua
finalidadede
emprésti-mo,
pode
ser vistana
tabela 1, cujacombinação
dos
juros nominaisdo
créditorural, aliada
às
taxasde
inflação, resultaramem
taxas reais negativasde
ju-ros
ao
setor,notadamente, ao
longoda década de 70
e na
maioriados
anos
80.
Tendo
após
o "Plano Real", julhode
1994, ocorridouma
elevação
destasTabela
1 -Taxa
realde
jurosdo
crédito rural,segundo
a
finalidadedo
em-
préstimo - Brasil - período
1970
a1999
Ano
' ` z 1 J V _ I Fillizlldfldšf-ias
-ias
¬.1;97O 1971 ézšaâW 11912 1. ~;4o›¿ga›,
zaaa
f-os
_ ~
1973
¿ .-~-cm»
f zi êõiâr ` -0.61 11974
-'1o4;50 _1975
, o ; ;é‹4.âoz‹:_ 1 1. .e;~1.-.ima -z
.1z~‹=1f.~â -13¿Í1r 1916 -211341 1977 r 1.z1,1;sz.-~ * r.›.`1~ó;99¬- ' 1978 .48,32
V. V _.-ae,-19. ~14`aez_ `197.9` _* . « eàflõi1fi;== - f r=a1**rz:~. 1. '-31.72.1950
: 1981 .. _ .za 12.;-_¿-. ;rz~ ~ zzzigvz -25 'A 1í9¿e2 ri - ¡ i~:1ã-9§e~-"
.año
1983 _. ._;í u 1;aof.1s;;¿m p'~¿¿_9§;.z5r» -sofra 0.9.3 , _ _ ,.'¿1}3'4.'= l.- -1;S4; `1B"86 .*
ams,
. z=as:-ira ' 1987 z Lf2'.1Ú77;‹`~_¡ _ `2,10`11933
10.85 '1989
' i. _ ~,¬~31¿0V15:Çf'lÍz.' .QQ .~1lQ;§ã~¬" .-46.200 1 isso .-f -12.72' z 1 _ ;*1oo¿a;|,.fi4 1 ';¬ina,a- .10;691›í ' 19921993
1994
é2._.w. J -úzzéw . mansa 32.69. 43.19, . -1995 13.111 1996 f z 2.65 ' 199.7 12,03.ispiàââ
z -~
1 V a,.1e‹ tzeye
. 3,76 i 1999 0,21'Fonte: - 1970/1986 - Shirota (1988); 1987/1999 - cálculos da pesquisa utilizando a
mesma
metodologia de Shirota(1988).
Para o cálculo utilizou-se o IGP-Dl/FGV ( variação
em
dezembro de cada ano).Ainda
sobre o assunto, Barros&
Araújo, citado porNuevo
(1996), relatamque:
Além dos objetivos básicos estabelecidos para o SNCR, que visava
um
cresci-mento estável da produção agropecuária nacional, procurava-se criar
uma
deman-da cada vez maior do setor agrícola. por insumos modemos; estimulando assim,
concomitantemente, o desenvolvimento do parque agro-industrial brasileiro. por
Montoya
&
Guilhoto (2000, p, 17-18) ressaltam que:O
SNCR
procurou consolidar, naquela década, o volume financeiro necessário quebuscassem a tender a dinâmica das atividades mrais e das politicas de agroindustriali-
zação. Assim, buscava modemizar o setor produtivo agropecuário e incentivava suas
lideranças a aumentar a produção e a produtividade.
No
entendimentode
Barros (2000, p,57):Em
face dos limites impostos, deum
lado. pelos compromissos assumidos, junto a orga‹nismos intemacionais, como a Organização Mundial do Comércio, e pelos acordos regio-
nais, como os do Mercosul e de outros órgãos afins, pelas restrições de cunho fiscal, nos
últimos anos, as autoridades económicas brasileiras tem enfrentado o dlficil desafio de
manter o agronegócio operando com menos recursos públicos do que há poucas décadas.
Para o
autor:"Há de
sepouparem
recursos e,ao
mesmo
tempo, realocaras
menores
disponibilidadesem
direçãoaos
investimentos geradoresde
in-crementos
de
produtividade".Dentro
desse
contexto,a
agricultura brasileiravem
experimentando, nos últi-mos
anos,a
realidade traçadano
parágrafo anterior.Na
figura 1, demonstra-seo
volume
de
recursos, destinadosà
agricultura brasileira nas últimas très décadas:Figura 1 -
Volume de
recursos, destinados à agricultura brasileira, periodode
1969
a2000
CRÉDITO
RURAL
NO
BRASIL
35 000 - 30,000 ~ VOLUME-R$ML " "
3
fi'ê
ê
5.000 - 0.000 - 5.000 -0ÊšãšääãããêãšãëãëäššššššãšãâššêšÉ
ANOA
crisede
ajustamentoextemo
nosanos 80
afetou, sobremaneira, 0 sistemade
credito rural.Em
primeiro lugar, as políticas monetárias e creditícias contra-cionistas limitaram a
expansão do
crédito peloBanco do
Brasil.Em
segundo
lu-gar, a crise fiscal
do
Estado e aqueda na
entradade
recursos externos diminuí-ram
o
'*funding"do
sistema Finalmente, assistiu-se,ao
longoda
década de
80. auma
desmonetização da
economia,com
a fugados
depositos à vista paraos
depósitos a prazo. ou para outras aplicações remuneradas,
como
uma
respostaá aceleração inflacionana. Neste quadro. observa-se
uma
grande retração nasoperações de
créditoao
setor rural(Banco
do
Brasil, 1993, p.138).Segundo
Fortuna (1999, p.18):Ate então, todo o fluxo de recursos para atender a demanda do credito rural no
pais era de competência exclusiva do Banco do Brasil. através da chamada
Conta Movimemo' 2, ajustando-se penodicamente com o Tesouro Nacional.
Em
janeiro de 1986, por decisão do Conselho Monetário Nacional, foi suprimida a
conta movimento, que colocava o Banco do Brasil na posição privilegiada de
banco co-responsável pela emissão de moeda, via ajustamento das contas das
autoridades monetárias.
De
acordo
com
Lopes
8. Rossetti (1998):Durante
um
prolongado período, o Banco do Brasil exerceu duplo papel no siste-ma
de intermediação financeira do Pais.Mesmo
após a criação do Banco Central,o Banco do Brasil continuou a integrar
um
subsistema normativo atuando comoautoridade monetária e. concomitantemente. como banco comercial. Desempe-
nhava, assim, funções que,
em
uma estrutura ortodoxa, ou seja, numa estmturanorrnal de procedimentos caberiam exclusivamente ao Banco Central. ao
mesmo
tempo
em
que. sob o controle acionário do govemo federal e como seu principalagente financeiro, operava regularmente no segmento da intennediação bancária.
Com
a supressão da coma movimento, o Banco do Brasil deixou de exercer fun-ções tipioas de banco central, limitando-se a atuar como banco comercial. Não in-
tegrando mais o complexo de instituições caracterizadas como autoridades mo-
netárias. As atribuições, então revogadas, obedeciam ao texto da lei 4.595/64'.
'
A
conta movimento foi instituída pela Lei 4.829, de 1965. dentro do Programa Nacional deCrédito Rural. cujo objetivo era garantir financiamento às atividades rurais, cabendo ao Banco
do Brasil, a movimentação
em
nome do Tesouro Nacional (Sayad, 1984, p. 93-94).2
O
Banco do Brasil, por meio da conta movimento. manteve-se co-responsável pelo processo
de emissão de moeda.
Com
objetivo de reduzir o processo dessa emissão e permitir ao gover-no maior controle sobre déficit público.
A
conta movimento foi extintaem
1986 (Sant'Ana.A
medida adotada
atendiao
objetivode
combate
à inflaçâo e abusca
de
controle
mais
efetivoda
política monetária.A
Conta-Movimento°
foi substituídapela Conta-Suprimento, pela qual se eliminava
o automatismo de
transferenciade
recursosdo
Banco do
Brasil,que
podiaavançar
qualquer tipode operação
em
nome
do
Tesouro,passando agora
adepender de
aportes específicosde
recursos
(Banco do
Brasil, 1993, p.138).A
poupança
rural, a partirda
sua criação,passou
a ser a principal fontede
re-cursos
do
crédito agricola,chegando a
responder por algoem
tomo de
50%
(cin-qüenta por cento)
do
totalde
empréstimosdo
SNCR
(Sistema Nacionalde
CréditoRural);
exceção
feita aos dois primeirosanos de
funcionamento (1987e
1988) eem
1990.Quando,
em
decorrênciado
plano "Plano Collor” 5,houve
uma
grande
`
Naquela época.
em
que o modelo de desenvolvimento baseado no Estado estava se exaurindo,percebeu~se que o mecanismo básico de Suprimento de recursos do banco (a conta movimento)
se tomaria insustemãvel. Tal mecanismo sena incompatível com o momento politico que estava
por vir. com a demanda de maior transparência nas ações do govemo e com a ampliação do
papel do Congresso Nacional nas decisões. Era preciso. assim, preparar o Banco do Brasil para
a nova realidade, incluindo sua crescente atuação no mercado financeiro. No final do regime
militar, buscou-se introduzir melhorias institucionais nas finanças públicas, abrangendo a elimina-
ção da pengosa dependência que o Banco tinha dos recursos do Tesouro, já então
em
crise.Ficou claro. então, que as mudanças seriam lemas e dependeriam de uma ruptura cultural. Idéias
erröneas sobre a capacidade de crédito do Banco haviam deitado raízes. No Banco, se dizia que
era ele
quem
financiava o Tesouro e não ao contrário. Afinnava-se ainda que o pais paralisariase a "conta movimento" acabasse.
O
ajuste sena. assim, penoso e demorado.O
Banco haviasido o principal e
bem
sucedido instmmento da ação creditícia do govemo. Sena dificil convencerde imediato agricultores. exportadores, pequenas empresas e politicos de que o esquema chega-
Ea ao
fim
(Nóbrega, 2000. p.178-179).A
experiência proporcionada pelos diversos planos heterodoxos do govemoSamey
e oapren-dizado
com
seus insuoessos levaram ao aparecimento de novos diagnósticos sobre a naturezada inflação brasileira e sobre as causas de fracasso das tentativas de estabilização até então
implememadas. Além do diagnóstico tradicional de descontrole monetário e fiscal,
uma
tese co-meçou a ganhar força cresceme: o insucesso dos choques anti-inflacionános do govemo
Samey
devia-se à elevada e crescente liquidez dos haveres não-monetários. Assim. os planos de estabi-
lização anteriores não haviam conseguido romper
com
osmemnismos
de indexação, ao nãoconseguir alterar a lógica de funcionamento da 'moeda inde×ada'. Neste quadm e com este dia-
gnóstico é que se inicia o novo govemo, com a adoção imediata do Plano Collor, que visava rom-
per com a indexação da economia (Vasconcellos, 1999, p.284).
O
confisco da liquidez parece tersido a grande âncora do plano. Buscou-se retomar a capacidade de fazer politica monetária ativa.
congelando o estoque.
O
impado imediato foi uma grande desestruturação do sistema produtivocom cortes nas encomendas, semiparalisia na produção. demissões. ferias coletivas, redução
nas jomadas, redução nos salários, deflação, atraso nos pagamentos das dividas. Enfim. o cho- que sobre os estoques gerou uma profunda desestruturaçâo
em
tennos de condições de empre-go e produção. Quanto ao controle da liquidez, observou-se uma grande preocupação com o
estoque e não com o fluxo. Devido às pressões, iniciou-se, logo após a implantação do plano. a
gran-retração
na
captaçãode
depósitosde
poupança.O
aumento
da
participaçãoda
poupança,em
substituiçãoà
profunda queda, tantonos
repassesdo Tesouro e
dos
fundose
programas,como
da
retraçãodos
depósitosà
vista,não
permitiu a recuperação totaldo
crédito agrícola,que
se retraiuem
maisde
50%
(cinqüentapor cento)
ao
longoda década
de
80
(Bancodo
Brasil, 1993, p.138).O
enfraquecimentodo modelo
tradicionalde
financiamento da
agricultura,que
tinhacomo
fontes principais,os
recursos oriundosdo
Tesouro
Nacionale
os
depósitosà
vistado
sistema bancário (recursos obrigatórios),podem
serobservado
na Tabela
2.Tabela 2
- Crédito concedido pelo sistema nacionalde
crédito rural,segundo
fonte
de
recursose
participação percentualde
cada
fonteno
totalanual (Brasil 1993-2000)
de expansão da liquidez nos meses subseqüentes, de fomra direcionada e desproporcional entre
os diversos setores da economia. Apenas
uma
pequena pamela da sociedade ficoucom
recursosbloqueados (cnrzados, a moeda da época), durante 18 meses. Sucedeu-se ao referido plano, o
Plano Collor ll.
A
aceleração lnflacionária levou à mudança no ministério da economia.A
situaçãoagravou-se
com
o processo de impeachment do Presidente que gerouum
imobilismo na políticaeconómica (Vasconcelos, 1999, p. 287).
5
O
impacto imediato causado pelo planofoi
uma
redução extraordinária da liqüidez do pais.Tal redução conduziu a
uma
acentuada queda nas atividades económicas,como
revelou oA
participação oficialdo
crédito rural, pormeio
do
Tesouro
Nacional,no
total
do
crédito concedido, reduziude
26,67%
(vintee
seis virgula sessentae
sete por cento),
em
1993, para0,39%
(zero vírgula trintae nove
por cento)em
2000.
Confirmando
a tendênciaque
se verificouno
setor a partirde
1986.Esse
movimento
continuouem
1995,com
a politica monetáriaimplementada
peloPlano Real.
Os
recursos obrigatórios, origináriosdo
MCR
6-2-
manual do
cré-dito rural -, apresentaram crescimento substancial entre
os anos de
1995,com
11,04%
(onze vírgula zero quatro por cento)ao ano
2000,quando
fechoucom
uma
participaçãode
48,51%
(quarenta e oito vírgula cinqüenta eum
por cento).Observa-se,
nesse
periodo,que
as aplicações origináriasdos
recursosda
pou-pançaouro
apresentaram decréscimono ano de
1995,de
42,22%
(quarenta edois virgula vinte e dois por cento), para
14,82%
(quatorze virgula oitenta e doisporcento)
no ano
de
2000.Além
da
retraçãodo
'“Funding5", origináriodo Tesouro
Nacional, outro proble-ma
que, se colocouao
crédito rural, foi o seu encarecimentoao
produtor, a partirda
introduçãoda
indexaçãodos
contratos. Esteproblema
se manifestoumais
gravemente
em
momentos
de
aceleração inflacionária,que
levou aaumentos
de
inadimplência e
que
forçaramo
Govemo
a assumir, viabancos
federais, pro-gramas
de
refinanciamentodas
dividas(Banco
do
Brasil, 1993, p.138),Para
Soboll citado porNuevo
(1996):Apesar da drástica diminuição da disponibilidade de recursos oflciais para o credito ru-
ral na década de 80, a área cultivada manteve-se estável, enquanto a produção agrí-
cola cresceu aproximadamente de 55 para 70 milhões de toneladas. Concluindo-se,
portanto, ter havido grande aporte de recursos não oflciais para o financiamento do
setor agricola.
6
Aporte de recursos necessários ao atendimento de
uma
demanda especifica (FORTUNA.De
acordo
com
Araújo (2000):O
crescimento da produção ocorreu pelo aumento da produtividade, conforme pode servisto na tabela 3. Não obstante. o endividamento dos agropecuanstas
também
tenhacrescido. Tendo atingido cerca de R$30 bilhões
em
dezembro de 1998, o que significa35%
(trinta e cinco por cento) do PIB agropecuário:Tabela
3 -Área
de
cultivoe produção das
culturasde
algodão,amendoim,
ar-roz, café, feijão,
mamona,
milho, sojae
sorgo (culturasde
verão)no
Brasil-
safras1995/96 a
2000/01: z,‹,- .~z^.:à«._zy,¡~,,zz_;.‹'¿¬i¡.¡¿;,¢_ zl ~~,'- vzäm-«+5-.. _ tz. V '. *JQ
'‹z~"
~ ff.-~f “if-,'»= z;,1'-{"<;_;, rf.,-. ' ¬<'. f"' z.¬,.f~f¬ z¬¬‹",:<: -'-I' ` `fr
¡;s1z.m.aà1zzu._›;fiu.eQe,.. ..z .___
zm
~¬‹~‹~l e .uúíirfzàf“=lulT.ñi::;.=íI¿í\§=.iä1=¢ñ.-:rl'*z _^=E-1*='=i==~f:.“L-J
Á
.hr
*- Fonte:SEAB/DERAL
:_ fãPara
Araújo et ai (2000):A
questão do linanciamento da agricultura tem sido, então,um
dos pontos de maiorrelevância na área de política agrícola. Assim, foi proposta
uma
combinação de medi-das para revigorar o crescimento do setor, garantindo o abastecimento intemo e a ge-
ração de divisas. sem comprometer os objetivos macroeconõmicos de controle Fiscal e
monetário.
Dessa
forma, as autoridades econômicas,procuravam
incentivaro
desen- volvimentodos
mecanismos
altemativos, taiscomo:
cédulade
produto rurale
contratos
de
soja verde,esperançosos de
que
a iniciativa privada aplicassemos recursos
demandados,
evitandoo desenbolso
de
recursos públicos.Quanto
à questão
da
origemde
recursos,algumas
aliemativas surgidas fo-ram
a criaçãodo
Fundo
de
"Commodities"7, pelo qualuma
parcelado volume
captado
devia ser utilizadona
aquisiçãode
commodities
ou
títulosdo
setor7
Nos mercados futuros. os produtos agropecuários são chamados commodities. As principais
agricola (ativos financeiros ligados a atividade agropecuária) e os Certificados
de
Mercadorias,que
seriamum
título mercantilcom
garantias bancáriase
que
representariam,
ou
uma
mercadoria existente.ou
aprodução
futura (titulos se-curitizados). Outra altemativa seria
a
criaçãode
um
fundode financiamento
àagricultura.
em
moldes que
já existiramno
Brasil,onde
parcelasde
alguns im-postos arrecadados seriam destinados
aos financiamentos
agrícolas(Banco do
Brasil.
1993
p. 139).Hoje, o setor agropecuário brasileiro vive
de
váriossegmentos:
credito ruraloficial,
Cédula de
Produto Rural e contratosde
soja verde (tantoem
relaçãoao
fornecimento
de
insumos,como
também.
de
maquinas
e equipamentos).De
um
lado,temos
os recursos, viagovemo
Federal,nem
sempre
tempestivos.mas,
atrativos quanto às taxasde
juros. Analisando o aspectode que
o gover-no
brasileirotem
limitações orçamentárias - aí incluidocombate
a inflaçäo emetas do FMI (Fundo
Monetário Intemacional) -, o futurodo
credito para finan-ciamento do
setor agricolanão
pode
prescindirde
recursosda
iniciativa priva-da.
A
importânciados
mercados
financeiros informaisnão
constitui algode
novo na
agricultura.Transações
classificadasnessa
categoriatem
representa-do
30%
(trinta por cento)ou mais dos empréstimos
recebidos,em
valor, pelosagricultores,
observam Azevedo
8. Martines (2000).O
principaldesafio
para viabilização plenado
setor agricola brasileiro pas-sa pela solução
do problema do
financiamento. Outroproblema
é amodemiza-
ção do
processode
comercializaçãodo
produtoda
lavouraou da
pecuária.Sobre o
assunto, Aguiar (2000, p. 242-243) dizque
"as transformações,pelas quais
os mercados
agro-industriais brasileirosvêm
passando,apresentam
comercializa-çao
agricola".Ainda
sobre o assunto,o
autor conclui que: “vale ressaltarque
muitas outrastransformações estão
em
cursono
sistemade
comercialização agrícola brasilei-ro,
merecendo
tratamento cuidadoso porpane
dos pesquisadoresda
área”.A
base do
agronegócioé
aprodução
agropecuária.O
financiamento dessa
atividade
tem
sidoum
dos grandes problemas de
alocaçãode
recursosda
economia
etem
merecido.ano
a ano,um
grande
esforçodo governo no
senti-do de
garantirum
minimo de
recursos para viabilizaçãoda
safra (Gonzalez,2000, p. 92).
A
partirde
1994, leia-se,desde o
Plano Real, o elevado custodo
dinhei-ro,
dadas as
taxasde
juros praticadase
as próprias incertezasque
caracteri-zam
osmercados
agrícolas, tornaram os agricultorescada vez
mais relutantesem
contrairemnovos
empréstimos.Neste
cenário, a maior partedo
financia-mento
da produção das commodities
agropecuárias foram realizadas pelo ca-pital financeiro privado, próprio
ou
obtido juntoao
mercado
financeiro informalou
semi-informal. Cenário esteque
deverá
permanecer nos
próximosanos
(Araújo et al. 2000, p. 36).
Furtuoso
&
Guilhoto (2000)afirrnam
que:O
setor agropecuário. ao longo das últimas 3 décadas, sofreu transformações es-tmturais imponames. Modemizando-se, inserindo na economia de mercado e for-
mando complexas redes de amiazenamento, processamento, industnalizaçâo e
distribuição. Nesse novo padrão de produção agrícola, com crescente estreita-
mento da relação agrioulturafindústria, a agricultura deixou de ser
um
setor eco-nõmico distimo, passando a se integrar à dinâmica da produção industrial, deno-
minado de agronegócio.
Paradoxalmente ao
parágrafo anterior,nada
obstante, osavanços
alcan-Azevedo
&
Martines (2000):um
sistema formal de tinanciamento mral, com taxas de juros diferenciadas eoferta ilimitada de fundos. dificilrnente voltarão a existir entre nós. E certamente.
nos próximos anos, o Sistema Nacional de Crédito Rural-SNCR estará cada vez
mais voltado para o atendimento aos pequenos agricultores e às regiões caren-
tes do pais.
Para Gonzalez
(2000),modelo
que
então se esgotou necessita ser substi-tuído.
Afirma
também
que:Na realidade de escassez de crédito via sistema banca'rio, para que a economia
não perdesse sua dinâmica, começaram a emergir créditos pnvados alavanca-
dos
em
mecanismos informais,como
as operações de escambo (conhecidas nomeio agricola pelo iargão de troca-troca) e contratos a termoa (como os da Anec
para a soja verde).
A
escassez de crédito levou os agentes a se movimentaremna busca de altemativas que propiciem o financiamento privado das safras e da
comercialização. Os agentes privados e públicos reforçam, então, o movimento
de busca de novas altemativas de financiamento.
Deve-se
registrarque
os produtores rurais, atualmenteencontram-se
me-
nos
endividados, secomparados
ao ano
de
1995,conforme
anuário estatísticodo Banco
Central (2000). Discute-sena
verdade, aacomodação
do estoque
das
dívidas contraídas até aquele ano.Para essas
dívidas,programas foram
criados,
como:
PESA
(programade saneamentos
de
ativos flnanceiros),RE-
COOP
(planode
recuperação financeirae
administrativade
cooperativas agro-pecuárias)
e
oPROGRAMA
DE SECURITIZAÇÃO
DAS
DÍVIDAS.
Para
Gasques
&
Conceição
(2000, p.7-8), “essa ocorrência deveu-seao
fatode
maior seletividade por partedos
bancos, tantono
estabelecimentode
limitecredito para
o
produtor ruralcomo
na fixação
de
teto paraflnanciamento das
diversas culturas",
Assim o
produtor viu-sena
eminènciade
utilizarmais
recur-sos proprios, evitando
o
endividamento vivido anteriormente.8
Contratos a tennos são acordos entre duas partes para entregar ou receber
um
bem
ou servi-ço particular
em
uma
data futura porum
dado preço.A
operação é realizada por meio de con-trato,
com
base no Código Comercial Brasileiro.Os
contratos a tenno são usualmente firmadosPara
Azevedo
&
Martines (2000), os seguintes fatorescostumam
serapontados
como
determinantesda
insuficiënciade
recursosno
sistemade
credito rural:
-
Adoção
pelosbancos de
critériosmais
rígidos naconcessão de emprés-
timos, face
ao
excessivo endividamentodos
agricultores;-
Maior
apoioda
politicade
crédito oficial ã agricultura familiar, destinando27%
do
volume
de
recursos aserem
aplicados pelo sistema financeirona
pequena
produção
(incluindo atividades não-agricola) eem
projetosde
reforma agrária.
De
acordo
com
Pimentel (2000):A
Cédula de Produto Rural-CPR, qualquer que seja, de gaveta. Export, Finan-ceira e
CPR
com
aval bancário. somada aos avanços que estão por vir, incre-mento de recursos privados, seguros. popularização do hedge e outras medi-
das, irão pennitir a criação de
um
ambiente mais sustentável para o cresci-mento da produção agrícola do país.
No
entendimento
de
Azevedo
&
Martines (2000):Ao que tudo indica, o novo modelo de financiamento da agricultura brasileira so-
mente sera' auto-sustentável se estabelecido
em
função de crescente participa-ção de fontes particulares de recursos financeims,
bem
como, associado aum
sólido sistema de seguro agricola (hoje muito incipiente) e de eficiente de seguro
de crédito.
De
acordo
com
Pimentel (2000):A
legislação que criou e regulamentou as operaçõescom
CPR
foi instituídaem
1994; satisfazendo a demanda dos produtores para financiar sua safra através da
venda antecipada da produção para as instituições flnanciadoras. Para os financi-
adores, este foi o primeiro esforço efetivo na criação de nonnas e de
um
mínimode transparência para
um
mercado que, naquela ocasião, já operava aproximada-mente US$1,0 bilhão/ano
em
crédito lastradoem
contratos futuros de grãos.Com
oadvento da
referida legislaçãoque
criou aCPR.
oBanco do
Brasil(Pimentel, 2000, p.11):
O
maior volume deCPRs
tem sido negociado com garantia do Banco do Brasil.através de aval, garantindo a entrega fisica da mercadoria comercializada nos
prazos estipulados. onde o Banco atua na venda deste título junto ao mercado
por meio etetrônicos de comercialização. leilão e balcão da agência.
Para
o Sindicato Patronal dos produtores Ruraisde
Londrina-PR, os pro-dutores rurais
que
utilizaram aCédula
de
Produto Rural afizeram
por necessi-dade
de
caixa enão
por ter encontrado outra altemativa mais económica. Es-pera-se. todavia que,
com
o trabalho articulado desenvolvido pela cadeiado
agronegócio (bancos, cooperativas, sindicatos. cerealistas, serviços
de
assis-tèncias técnicas e produtores rurais),
o
referido instrumentode
creditotome-se
conhecido
e os negócios elevar-se-ão.Para
Nuevo
(1996. p. 7), os principais objetivosque
levaram a criaçãoda
CPR
foram:a) carrear recursos para o
financiamento
da
produçao
agrícola;b) simplificar procedimentos, reduzir custos operacionais e dar maior segu-
rança para
as
partes envolvidas;c) canalizar recursos
de
outros setoresda
economia
parao
setor agrícola;d) otimizar a aplicação
dos
recursos oficiais, direcionando os créditos parainvestimentos
ao
invesde
custeioe
comercialização;e) permitir
o
direcionamentode
recursos oficiais aos setoresda
agriculturamenos
desenvolvidos eque
mais necessitamda
ajudagovemamental.
ACPRéuma
operação
cambialg atravésda
qual o emitentevende
a 9Significa dizer que se trata de
um
título formal de crédito, autônomo. circulável, contendoobngação de pagar ou fazer pagar, sem aparente contraprestação.
um
determinada soma, nadata do vencimento e no lugar ali mencionados, através do qual o agricultor e suas associa-
ções ou cooperativas podem vender sua produção a
um
preço fixo e combinado, recebendo ovalor da produção no ato da emissão do título e se comprometendo entrega-la
num
futuro pró-termo
sua produção
agropecuária,obtendo
os recursosno
atoda
formali-zação do
negócio ecomprometendo-se
a entregar o produto comercializadona
quantidade, qualidade eem
locale
data estipulados no título.A
cédulapode
ser emitida para validade entre as partes (vendedor/comprador,
também
co-nhecida
como
CPR
de
gaveta),ou
pode
ser garantida poruma
instituiçáo fi-nanceira,
que
honraráa
entrega fisicacaso
ovendedor não
cumpra
as condi-ções
contratuais (Gonzalez, 2000, p.105),A
CPR
permite ofinanciamento
das necessidadesde
capitalna
exploraçãoagropecuária, protegendo o produtor contra
movimentos de
baixa nos preços.Alem
desses
dois papéis,desempenha, de fomfla
indireta,mais
dois: ode
fixarum
nívelde
lucro para a parcelada produção
comercializada (receitase
custosfixados) e o
de
viabilizar o plantioltratos culturaisde que
a lavoura necessita.Afastando
das preocupações do
produtor.o dimensionamento
do
custoeconô-
mico
que
lhe seria impingldo caso esses tratosnão fossem
realizados(Gonza-
lez, 2000, p.106).
1.2 Objetivo
do
trabalho1.2.1 Objetivo geral
O
objetivo geral deste trabalho é verificarse
aCédula de
Produto Rural, éum
instrumentoadequado
na captaçãode
recursos, para financiar os produto-res
de
milhodo
Estado do
Paraná, dianteda escassez
do
volume de
crédito16
1.2.2 Obietivos específicos
a) Apresentar
as
caracteristicasda Cédula de
Produto Rural, analisandosua
operacionalização edestacando suas vantagens
e desvantagens,face as outras alternativas.
b) Verificar se a
Cédula de
Produto Rural funcionaadequadamente
como
instrumento
de
financiamentoe
de
proteçãode
preços (hedge),nas
ope-rações
com
os produtoresde
milhodo Estado do
Paraná.1.3
Hipótese
A
Cédula
de
Produto Rural éum
mecanismo
simplesde
financia~mento
da produção de
milhodo
Estadodo
Paraná,que
viabiliza recursosde
forma
concretae
tempestivasem
interferênciascapazes de compro-
meter
as açoes
do
produtor.1.4
Fomia
de
apresentação
do
trabalhoO
presente trabalhoé
apresentadoem
quatro capitulos,sendo
que
no
primeiro
buscou-se
mostrar todaa
evoluçãodos
recursos destinadosao
se-tor agropecuário nacional
de 1993
a2000
eo
esgotamento das
fontes oficiaisiVerificou-se,
também, a
importância para aeconomia
brasileiraque
a soluçãodesse problema
representa. Assim, o trabalho traçaseus
objetivos geraise
específicos, para
a
busca de
mecanismos
alternativos parao financiamento do
No
capítulo 2,fundamentação
teórica, foram analisados, entre os váriosautores citados. diversos assuntos relacionados
com
a cédulade
produto rural-
CPR:
sua
origemna busca de
fontes para atender as necessidadesdos
pro-dutores, financiamentos formais,
financiamentos
alternativos, omodelo
em
sipróprio.
vantagens e desvantagens
eo
que
representam a
culturado
milho esua
importância para aeconomia do Estado do
Paraná.Também
analisou-se aimportância
do
planejamentono
processode
tomada de
decisão.No
capitulo 3,ocorrem
a apresentaçãodas
principais variáveis envolvidasna
produção,financiamento
e comercializaçãodo
milhono
Estadodo
Paraná;mostrando
todo o envolvimentoda
cédulade
produto ruralem
suas
diversasaplicações,
desde
a utilizaçãocomo
fonte altemativa ecomo
valioso instru-mento de
"trava"de
preços. análiseda
referida fonte alternativacom
outras à disposiçãodos
produtores eo
reflexo para atomada
de
decisão.Finalmente,
no
capítulo 4, estãoexpressas
as principais conclusõesdo
tra-balho e
algumas
recomendações
parao
financiamento da
agronegócio brasilei-ro,
em
especial,da
culturado
milho.1.5
Considerações
finaissobre
o
capítuloObjetivando estimular os investimentos rurais, a estrutura
de armaze-
namento;
favorecero
custeioda produção
e a comercialização, ogoverno
fede-ral criou o
Sistema
Nacionalde
Crédito Rural-
SNCR,
ao
longodos
anos
ses-senta,
que
teria aindaque
incentivar aprodução e
abusca do
aumento
da
pro-setenta, atingindo
seu
pontomáximo
no
ano
de
1979.Devido
à conjunturado
ajustamento externo,nos
anos
oitenta. o créditoao
setor agrícola diminuiu substancialmente, atingindo niveis preocupantes devido
à
forma
da
condução
da
politica agrícolanaquela
época,como
por exemplo: otim
da
contamovimento
gerenciada peloBanco
do
Brasil.Buscaram-se novos
meios de promover
o funding necessário para as atividades agrícolas,onde
entrou
em
cena
a figurada
cadernetade
poupança
rural. Entretanto,com
oprocesso
inflacionario, vivido naquelaepoca
pelo paise
com
a indexaçãodos
contratos
os
agricultores experimentariam dias dificeisna busca de
recursospara
o
setor agropecuário.Com
as dificuldades apresentadas,o
mercado
ofereceu alguns instrumen-tos
aos
agricultorescomo:
os certificadosde
mercadorias, os contratos a ter-mo,
as
atividadesde
troca-troca -modalidade
estaque
muito contribuiu paraalavancar recursos para o setor
do
agronegócio.Toda
a cadeia produtiva envolvidacom
o
agronegócio,embora
pressionasseo governo
por mais recursos. sabiaque
civolume
adequado
parao
setor teriaque
virdo
setor flnanaceiro privado. Assim, amaneira de
atender o setor produ-tivo agropecuário
buscava
nosmecanismos
altemativos, especialmentena Cé-
dula
de
Produto Rural,a
maneirade
suprir,de
forma tempestiva esem
interfe-rência
do govemo, os
recursos necessários paraque
o setor prosperasse.Dentro
desse
contexto, aCPR.
ano
a ano,vem
crescendo
tantoem
volume
físico quanto financeiro e apresentando-se
como
meio
alternativode
aportede
recursos, diminuindo assim, ainda
que de
forma
incipiente, a interferênciado
Nesse
sentido, pautou-se,de
uma
nova
maneira,a
formade
relaciona-mento
do
produtorcom
o mercado
agropecuárioe
financeiro, contribuindo paraa formação
de
preço,busca de
proteção-
na medida
que
trava preço-
e,de
forma
especial, oferecendoao
produtor ruraluma
altemativana
tomada de
de-2.1
Financiamentos
agropecuários fonnais
O
crédito rural formal é aquele estabelecido peloConselho
Monetário Nacio- nal(CMN)
e
controlado peloBanco
Centraldo
Brasil, pormeio do
SistemaNa-
cional
de
Crédito Rural(SNCR). Esse
créditoé
concedido a produtorese coope-
rativas por
bancos
oficiais, privadose
cooperativasde
crédito.Do
volume
totalde
recursos aplicados peloSNCR,
osbancos
oficiaismrespondem
por aproxi-madamente
80%
(oitenta por oento)do
total(Marques
&
Mello, 1999, p.9).De
acordo
com
Franca
(1996)no
Brasil:O
credito rural foi, desde a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural -SNCR,
um
dos principais instrumentos da política agricola nacional. Porem. di-ante da necessidade de redução dos gastos do govemo na busca do ajuste fiscal
e da redefinição do papel do Estado na economia
em
direção à liberalização,este instrumento carece de formas altemativas capazes de responder às neces-
sidades do setor agropecuário.
A
flnalidadedo
crédito ruralé
fomecer
recursos financeiros parao
custeio, a comercializaçãoe
o investimentodas
atividades agropecuárias.O
Custeio Principalé o
instrumentode financiamento
de
produção
ruralque
possui
mai-or
volume de
utilização pela agropecuária. Financiando partedos
custosope-
racionais
do
plantio atéa
colheita(Marques
&
Mello, 1999, p.9).A
tabela4
ilustraa
evoluçãodo
valor totalde
créditos formaisconcedidos
aos
agricultoresno
biënio1995
-1996.Em
que
pese a recuperação
observa-da
no
biënio 1999-2000,os
valoresde
empréstimos
situam-se muitoaquém
1° Bancos
oficíais são aqueles cujos controles acionários pertencem ao
Govemo
Federal, ¡nte-grando a administração direta.
como
o caso da Caixa Econômica Federal ou a administraçãodos
registradosno
finaldos anos
70 e
no
período 1980-1984. Configura-se, portanto,no
sistema financeiro, a continuidadedo
quadro
de
severaescassez
de
recursos oficiais para custeio, comercializaçãoe
investimentona
agricul-tura:
Tabela 4
-
Crédito concedidoà
agricultura,segundo
as
fontesde
recursose
participação percentual
de
cada
fonteno
total anual-
Brasil2000
-
em
milhõesde
reais. - 1995-WH!
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Fonte: Banco Central do Brasil
-
Anuário Estatístico do Crédito Rural. ‹ Período 1995-2000.Brasília-DF. 2001.
2.2
Financiamentos Agropecuários
Altemativos
emprés-timo
em
dinheiro,insumos ou
serviços, realizados porum
agente (indivíduoou
finna)
aum
produtor rural, estando tal operação, forado
controle diretodas
Autoridades Monetárias".
A
partirdos anos
de
1987
e 1988,com
a
diminuiçãodo volume de
créditorural
e
elevação dos encargos
financeiros, iniciou-seum
movimento
privadode
fornecimentode
recursos financeirosou
de
insumos
para o produtor, por ocasiãodo
plantio,em
trocade
uma
quantidade de
produtoque
seria entre-gue
ao financiador
na época
da
colheita.Esse
financiamento foiassumido
porentidade
da
iniciativa privada (cooperativas, fornecedorasde
insumos,agroindústrias
e
exportadoras),que
possuem
facilidadede
captar recursosextemos
à taxade
jurosmais
baixos,repassando-os ao
produtor(Marques
&
Mello, 1999, p.9).
De
acordo
com
Almeida
(1994, p.6), a despeitodas
restriçõesno
financia-mento
formal:a produção agricola brasileira tem mostrado,
em
tem1os absolutos, crescimentoanual. Esse aumento, principalmente devido a ganhos de produtividade e in-
corporação de áreas, exige grande inversão de capital por parte dos produto- res.
Ainda
sobreo
assunto,Almeida
(1994, p.6-7) relata que: “paraque
pos-sam
bancar o
investimento, os produtoresprocuram
racionalizar ouso
de
re-cursos próprios
e
utilizar fontes informaisde
créditocomo
formade aumentar
sua
liquidez”.Nesse
aspecto,a
contnbuiçãodos
mercados
informaistem
sidoexpressiva.