UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA
CATARINA
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONOMICAS
Novos
EQUIPAMENTOS
E
A QUALIDADE
NA CONSTRUÇÃO
cIvILz
O
cAsO
DA
INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL
NA GRANDE
»FLORIANÓPOLIS
zPOR GLÁUCIA
REGINA
DE
MELO
ORIENTADOR:
PROF.
EDVALDO
ALVES
SANTANA
Palavras -
Chaves
1 - Desperdício'
2 -
Custos
3 -
Qualidade
Florianópolis, agosto
de
2000.A
Banca Examinadora
resolveu atribuir a nota --- --(
7
[gw
) à aluna GláuciaRegina de
Melo
na
disciplinaCNM
5420
-Monografia,
pela apresentação destetrabalho.
Banca
Examinadora: --- --Prof.
Edvaldo
Alves SantanaPresidente l /'W-Dl
1-ea
. /" ~ _ ~ __.,..‹.-_;-_ __________________ -_~\V
PRADO
3%
l
''''''' "¡5`í>1Êà`š Í"iiiKrK€í§Eš`1¿{Í"5š"Ã{;§Í›i`i\`ó"""Membro
rAGRADECIMENTOS
Ao
professorEdvaldo
AlvesSantana
pela sua orientação, aosmeus
país pelo apoio ecom
construções de grande porte, quanto principalmente nas construções de moradias,vem
se expandindo desde a década de 60, tendo grande participaçãona economia da
região.
Uma
empresa
para entrarno mercado da
construção civil(no caso desteestudo empresas de
médio
porte para obras multifamiliares),tem
a necessidade deinvestimentos muito elevados. Isto constitui
uma
barreira à entrada denovos
competidores.
Além
do
fato, de amoradia
constituirum
bem
de necessidade prioritáriapara o indivíduo.
Desse
modo,
as empresas que desejarem entrar neste mercado, terão deenfrentar a credibilidade,
que
as construtoras já estabelecidas,possuem
diantedo
consumidor.
As
conquistas de liderança dealgumas
empresasno
mercado, sedevem
aoemprego
de estratégias que as diferem das outras, obtendovantagem
competitiva,através de atitudes inovadoras. Todavia estas empresas,
mesmo
empregando
suaestratégia particular,
adotam modelos
básicos de operações,que
são praticamente igualao das outras.
As
inovaçõespodem
ser percebidas, através deum
produto novo, deum
novo
planejamentoda
produção,na
qualificaçãoda
mão
de obra e nas formasde
financiamento.
Desse
modo
as empresas constróem, suas estratégias através deinovações
no
planejamentoda
produção,na
qualificaçãoda
mão
de obra e nas formas de financiamento.E
também, adotam
tecnologias utilizadasna
produçãoafim
dediminuir o
tempo
para a execuçãodo
trabalho, o custo _do produto final e evitandoprincipalmente desperdícios. Porém,
mantendo
a seu principal objetivo, satisfazer o/
SUMÁRIO
CAPÍTULO
I -O
PROBLEMA
1.1 - Introdução ... .. 1.2 -O
Problema
... .. 1.3 - Objetivos ... .. 1.3.1 - Geral ... .. 1.3.2 - Específicos ... ... .. 1.4 - Metodologia ... ..4
1.5 - Estruturado
trabalho ... ..CAPÍTULO
II -CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
... ..CAPÍTULO
III -A
INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL
3.1 -
A
Indústriada
Construção Civil ... ... ..3.2 -
A
estrutura de representação e divisão de atividades ... ..CAPÍTULO
IV
-NOVAS TECNOLOGIAS
E
OS
CUSTOS
4.1 -
Composição
dos custosna
Construção Civil ... ..4.2 - Custo Global ... ._
4.3 - Tecnologias, Inovações e Custo Final ... ..
CAPÍTULO
v
-ESTRATÉGIA
COMPETITWA
5.1 -
A
estratégia de qualidade ... ..5.2 - Qualidade e
economia da
Habitação ... ..5.3 - Níveis de Qualidade ... ..
5.4 - Qualidade e
Mão
deObra
... ..CAPÍTULO
v1
-CONCLUSÃO
6.1 - Conclusão ... ..
REFÊRENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..CAPÍTULO
I -O
PROBLEMA
1.1.Introdução
A
indústriada
construção civilda
Grande
Florianópolisdesempenha
importante papel
na
atividadeeconômica
desta região.As
empresas desteramo têm
como
principais fatores de competição a qualidade e o preçodo
produto. Estes dois'fatores variam
na
mesma
direção: quantomais
elevada a qualidademaior
o custoda
obra e maior tende a ser o preço final
do
produto.É
por issoque
as construtorasvêm
investindo cada vezmais
em
tecnologia e inovação,no
intuito de diminuir o custo,mas
no
entanto,sem
perder a qualidade. Isto vai desde a escolhada
localizaçãodo
imóvel passando pela edificação, até a estratégia
da
venda
ao consumidor.1.2.
O
Problema
A
obtençãoda
competitividade dentro deuma
economia
globalizadadepende
deuma
série de fatores que estão fortemente interligados. Neste conjunto defatores a tecnologia é importante força
na
concorrência, principalmentequando
complementa
uma
estratégia competitiva.No
casoda
construção civil, são bastanteconhecidos os fatores que
levam
as empresas a apresentar osmais
baixos índices deprodutividade,
quando comparadas
às empresas de outros segmentos industriais.V
"
A
propósito, a produtividade
do
trabalho éum
importante instrumentode suporte estratégico para a
tomada
de decisões neste setor(em
que há
0 usointensivo de
mão
de obra), visto queem uma
obra os custoscom
recursoshumanos
giram
em
tomo
de30
à40%
do
custo total.Além
deum
melhor
aproveitamentoda
mão
de obra, a utilização eficiente dos recursosmais
comuns
da
construção civilimplica
também
considerar a produtividade dos equipamentos e materiaisempregados na
produção.Uma
obra poderá ser consideradabem
executada se todosos fatores estiverem sendo trabalhados
no
sentidodo
progresso contínuoda
qualidadee
da
produtividade" (Vargas,l997:3).Tendo
noção decomo
certos fatores interferemna
produção, pode-se3
suas causas
têm
as mais diversas origens, sendoque
estaspodem
influenciar tantopositiva
como
negativamente.Na
prática, as perdascom
o desperdício,chegam
aalcançar l/3
do
custo finalda
obra,ou
seja, para cada duas obras terminadasuma
outra é jogada
no
lixo (Nicolau, 1996).A
indústriada
construção civiltem
sido apontadacomo
sendoresponsável, por desperdícios geralmente traduzidos pelo excesso de entulhos
que
gera,
ou
porempregar
mão
de obracom
baixa produtividade,ou
ainda por trazerprejuízos ao
meio
ambiente (barulho, poeira, entulhos).Além
de outros fatoresque
tanto
influenciam
como
determinam
as condições de sobrevivência deuma
empresa
num
mercado
cada vezmais
competitivo.As
formas definanciamento
são outra grandearma na
competição, entre estasempresas,
como também
o treinamentoda
mão
de obra, estratégias de marketing, projetos de reciclagem, projetos de trabalho diferenciados e inovações,que
seincorporam aosumétodos antigos
ou
atémesmo
os substituem. " Paratirar vantagens das inovações e invenções, é necessário
um
montante elevado de recursos fmanceiros,
uma
ampla
base de recursoshumanos
altamente qualificados,uma
infra-estrutura industrial desenvolvida e integrada,comandada.
por administradores atualizados e abertos, e formas de intervençãogovernamental bastante sofisticadas" (Vargas, 199613).
É
significativa a quantidade de construtoras situadasna
região, sendoanalisadas aqui três empresas
com
efetiva participaçãono
meio
econômico, trata-se de empresas demédio
porte, que sãoem
geral as construtoras de moradias, especificamente de edificações multifamiliares.Dado
o problema
assim formulado, propõe-se aqui a seguinte questãode
pesquisa:
-
Qual
a estratégia utilizada pela indústriada
construção civil para minimizar as suas1.3. Objetivos
1.3.1
Geral
Caracterizar as estratégias utilizadas pela indústria
da
construção civil daGrande
F
lorianópolis para minimizar as suas perdas decorrentesdo
processo de produção.1.3.2 Específicos
. Caracterizar a
da
indústriada
construção civilna
Grande
Florianópolis.. Apresentar
algumas
tecnologias alternativas existentesno
mercado
e a possibilidadede uso pelas indústrias da construção civil estudadas; e
. Evidenciar a estratégia competitiva utilizada pelas empresas para redução dos seus
custos e desperdícios.
1.4.
Metodologia
O
trabalho aqui efetuado tevecomo
método
básico a análise descritiva eavaliativa
do problema da
competitividadeda
indústriada
construção civilda
Grande
Florianópolis.
A
pesquisatambém
teve natureza bibliográfica e documental, tendoem
vista que foi através de textos especializados e de
documentos do
setor queforam
obtidas importantes informações' para consolidação dos resultados. Destaca-se,
além
disso,
que
apesquisabuscou
também
informações de fontes primárias, oque
foirealizado através de respostas a
um
questionárioque
se encontrano
Anexo
I.Neste sentido, para iniciar o estudo foi necessário,
uma
fundamentação teórica, paraque
se pudesse situar a investigação dentro de conceitosque permitam
uma
averiguaçãoda
realidade. Este estudotem
como
baseo
Modelo
de Porter (1986),como também
os estudos de Ferraz,Kupfer
eHaguenauer
(1994). Foi aindaS
incorporado diversos conceitos extraídos de
Guimarães
(1987). Tratou-sede
um
estudo de casoonde foram
analisadas três empresascom
participação efetivana
economia da
região.No
que diz respeito ao primeiro objetivo específico,onde
é caracterizadaaestrutura
da
construção civilna
grande Florianópolis,em
especial as empresas demédio
porte, realizou-seuma
análiseda
estrutura através de pesquisas feitas a partirde dados coletados
em
órgãos competentesna
áreada
construção civil,como
0Sindicato das Indústrias
da
Construção Civilda
Grande
Florianópolis -SINDUSCON.
Esta estrutura foi analisada levando-se
em
consideração a capacidade técnica,que
mede
otamanho
das obras já realizadas pelas empresasem
questão.Além
destavariável,
foram
consideradastambém
o preço finalda
obra, otempo
de conclusão efinanciamento, o investimento e a renda dos consmnidores
que
fazem
parteda
demanda
destas empresas. _No
que se refere aosegundo
objetivo, estuda-se o uso de novastecnologias
no
processo de produção e os efeitos de tais tecnologias sobre o custoda
moradia, tal analise foi efetuada a partir de dados coletados
em
revistas especializadasem
construção civil,bem
como
em
livros e teses desta área. Revistascomo
Construção, que é editada aqui
em
Florianópolis,O
Empreiteiro e outras,como
a PINI, editada nacionalmente,também
foram
analisadas sob a ótica dasempresas
entrevistadas.
. Já
com
relação ao terceiro objetivo,onde
ameta
é evidenciar as estratégiascompetitivas utilizadas pela indústria
da
construção civilna
Grande
Florianópolis, foi feitouma
pesquisa junto aalgumas
construtorasda
região, através deum
questionário,no
sentido de analisarem
que
pontos elas se diferenciam nas estratégiasde
competição. Esta análise levou
em
consideração as formas definanciamento
por partedas empresas, o nível de renda
que
se pretende atingir, otempo
de entrega da obra e as1.5 - Estrutura
do
Trabalho
Além
do
capítulo 1, que formula oproblema
edefine
os objetivos, o trabalhotem
mais
cinco capítulos, os quais estão assim distribuídos:no
capítulo 2 é feitauma
análise
do
marco
teórico utilizadona
confecçãodo
trabalho, enquanto o capítulo 3procura situar o estudo
no
contexto históricoda
indústriada
construção civilna
Grande
Florianópolis;no
capítulo4
é feitoum
estudo sobre o uso denovas
tecnologias
na
construção civilda
Grande
Florianópolis, sobretudo seus efeitos sobreo custo
da
moradia,no
capítulo 5 são vistos as estratégias competitivas utilizadas pelaindústria
da
construção civil, mostrando a importânciada
qualidade para estesegmento; e
finalmente
no
capítulo 6 são apresentadas as considerações finais,7
CAPÍTULO
II -CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
O
conceito de competitividade e sua interferênciano
desempenho
das empresas,tem
sido objeto de interessantes estudos,onde
se destacam os trabalhos dePorter (1986), Ferraz e Coutinho (1995), Kupffer et. Alii (1995) e
Eduardo
Gzúmzzâr-zs(19s7).'
Assim, por exemplo, para Ferraz (1995):
"Os
fatores determinantesda
competitividade sãoem
grandenúmero
etranscendem o nível
da firma,
sendotambém
relacionados à estruturada
indústria,do
mercado
edo
sistema produtivocomo
um
todo e são consideradoscomo
exógeno
àempresa.
Com
base nesta característicaforam
definidos três grupos de fatores - os empresariais (intemos à empresa), os estruturais, referentes à indústria/complexoindustrial, e os sistêmicos" (Ferraz, 1995:19 ).
Para Ferraz et al (1995), fatores empresariais são aqueles.sobre os quaisa
empresa
detém
poder de decisão epodem
ser controladosou modificados
atravésde
condutas ativas assumidas, correspondendo a variáveis
no
processo decisório."
Dizem
respeito basicamente ao estoque de recursosacumulados
pelaempresa
e às estratégias de ampliação desses recursos por elas adotadas,em
termosdas suas quatro áreas de competência, a eficacia
da
gestãoem
termosdo
posicionamento estratégico
da
empresa
de acordocom
fatores de sucessono
mercado
e
da
capacidade de integrar estratégia,.capacitação edesempenho.
A
capacitação tecnológicaem
processos e produtos, a capacitação produtiva principalmenteem
termos
do
grau de atualização dos equipamentos e instalações assimcomo
dosmétodos
de organizaçãoda
produção e controleda
qualidade e a produtividade dosrecursos
humanos"
(Ferraz, 1995 )." Por outro lado, os fatores estruturais são aqueles sobre os quais a
capacidade de intervenção da
empresa
se limita pelamediação do
processo deconcorrência, estando por isso apenas parcialmente sob sua- área de influência.
Apresentam
especificidades setoriaismais
nítidas.Abrangem,
nãosomente
ascaracterísticas
da
demanda
eda
oferta,mas
também
a influência de instituições extra -mercado, públicas e
não
públicas, quedefinem
o regime de incentivos e regulaçãoda
No
casodo
mercado, para Ferraz (1995),fazem
parte dos fatoresestruturais caracteristicas
como
taxas de crescimento, distribuição geográfica eem
faixas de renda, grau de sofisticação tecnológica e outros requisitos impostos aos
produtos, oportunidades de acesso a
mercados
internacionais, sistemas decomercialização entre outros.
"O
feitioda
industria refere-se às tendênciasdo
progresso técnicoem
particular
no que
diz respeito aos ciclos de produtos e processos ,à
intensidadedo
esforço de pesquisa e desenvolvimento e às oportunidades tecnológicas, inclusive de
introdução de inovações radicais, às escalas típicas de operação e aos níveis
de
concentração técnica e
econômica da
oferta, ao grau de verticalização e diversificaçãosetorial, à distribuição espacial
da
produção e adequaçãoda
infra-estrutura física, ao regime deP&D
e integraçãocom
infra-estrutura tecnológica, ao relacionamentoda
empresa
com
fomecedores, usuários e concorrentes, e a relação capital trabalho.Do
regime de incentivos -e regulação
da
concorrênciafazem
parte 0 graude
rivalidadeentre concorrentes , o grau
de
exposição ao comércio internacional, a ocorrência debarreiras tarifárias e não tarifárias às exportações, a estrutura
de
incentivos e tributosà produção e comércio exterior, incluindo os aspectos relacionados ao
financiamento
ecusto de capital, a efetividade da regulação das práticas desleais de concorrência"
(Ferraz, 1995).
Já os fatores sistêmicos, são constituídos de externalidades para a empresa, sobre as quais ela
detém pouca
ou
nenhurna possibilidade de intervir. Estesfatores
podem
sermacroeconômicos,
político institucionais, legais regulatórios, infraestruturais, sociais, intemacionais. _
Estratégias
com
basena
inovação, constituem o centrodo comportamento
das empresas competitivas. Seja para capturar mercados, pela introdução de
novos
produtos,
ou
produzircom máximo
aproveitamento dos insumos,com
o objetivo de competirem
preços,quando
necessário.O
resultadoeconômico da empresa
estáintimamente ligado à sua capacidade de gerar progresso técnico.
Os
departamentos de desenvolvimento de produtos crescemem
importância para as empresas. Dois fatores são relevantes,
em
termosdo
aumento da
probalidade de urna contribuição positiva dessa atividade para a competitividade das empresas: a habilidade
em
lidarcom
uma
atividadeque
apresenta alto graude
incerteza, quanto aos resultados e a necessidade
de
forte inter-relação destacom
as9
"As
empresasvêm
empreendendo
refonnulaçõesno
relacionamento
com
a força de trabalho. .A tarefa primordial é a de definir eimplementar princípios de organização e operação de processos de trabalho indutores
de
comportamentos que
sem
prejuízoda
produtividade, orientem - se para a melhoriaN
contínua
da
qualidade dos produtos e dosmétodos
de fabricação (Souza, l995:36).Visando
motivar os trabalhadores a co-participar dos desafioscompetitivos contemporâneos, o
novo
padrãode
relações de trabalhoque
asempresas
estão adotando apoia-se
no
tripéformado
pela estabilidade, participação nosprocessos decisórios e compartilhamento dos
ganhos do aumento da
eficiência.\,
"Neste contexto, prevalece a multifuncionalidade, pois
há
a
necessidade de conhecimento de todoo
processo produtivo e é valorizada a capacidade criativa deresolução
de
problemas.O
elemento chavedo
processo é ocomprometimento da
gestão empresarial
com
investimentos permanentesem
treinamento de toda força detrabalho, incluindo as funções de
menor
qualificação" (Ferraz, l995:20). 1O
mercado da
construção civil constitui-se deum
mercado,razoavelmente competitivo,
com
um
grandenúmero
de
empresas,onde
todas asempresas
que
nele estão inseridasconcorrem
entre si basicamentecom
asmesmas
estratégias, diferenciando-as, muitas vezes apenas o
volume
de capital investidoem
tal estratégia.
"É
possível distinguir três tipos' de investimentos: o investimento deexpansão, realizado para aumentar a capacidade produtiva
da firma,
o investimento de ~modernização, voltado para a
modificaçao do
processo produtivocom
vistas a reduzir custosou
melhorar a qualidade dos produtos; e0
investimento de reposição, destinadobens de capital
no
fim
de sua vida útil" (Guimarães, l987:29).O
investimento é determinado de acordocom
omomento
da
firma.Se
o
momento
for de expansãoda demanda,
afirma
aumenta
os investimentosna
sua capacidade de produção, para aumentar a sua oferta e assimcom
os investimentosem
tecnologia, especialização
da
mão
de obra, materiais,novos
equipamentos,novas
investimentos são fortemente dependentes de políticas governamentais, estimulando
ll
CAPÍTULO
III -A
INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO
CIVIL
NA GRANDE
FLORIANÓPOLIS
3.1.
A
indústriada
construção civilA
regiãoda Grande
Florianópolis, écomposta
pelos municípiosde
Florianópolis (capital
do
estado),São
José,Biguaçu
e Palhoça. Estes municípiosocupam
uma
área de 1.412km
2(30%
da
área)da
micro-região e concentram amaior
parcela
da
população, cerca de87%
do
total dos habitantesda
região.A
Grande
Florianópolis é caracterizada por constituir
uma
área conurbada, decorrentedo
processo de ocupação,
do
espaço urbano nesses municípios (Bertelli, 1995).No
que se refere à indústriada
construção civil, a regiãoem
questãoapresenta O
maior
níunerode
empresasno
Estado de Santa Catarina, O que mostra aimportância
do
estudo centrado nesta região, especialmenteno
município deFlorianópolis.
Até
a década de 20,conforme
o acervo históricoda
Biblioteca Públicade
Florianópolis, a ligação entre a ilha de Santa Catarina - Florianópolis - e a área
continental era feita por via marítima, O
que
tomava
a capital isolada dasdemais
regiões
do
estado.A
construçãoda
ponte HercílioLuz
altera este traçado eaumenta o
adensamento
de edificações eda
populaçãona
região insular' e continental,delineando os primeiros traços
da
conurbação, entre os quatro municípios supracitados (Acervo Biblioteca Pública Municipal de Florianópolis, 1976).
"Nas
décadas de50
e 60, intensifica-se O loteamento de chácarasem
Florianópolis e
começam
a ser construídos edificios de até oito andares,acenando
para a verticalização
da
cidade.A
fundação,em
1960,da
Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC)
propicia a expansão promissora dos bairros ao seu redor,bem
como
a instalação de outros órgãos públicos; e tanto urna quanto a outra trazem consigo a necessidade não só de moradias,mas
de infifa-estrutura urbana, potencializando a expansão desses municípios e, concomitantemente, a industriada
A
construçãoda BR-101, que
corta o litoral catarinense de norte a sul efacilita
o
acesso de Florianópolis aosdemais
municípiosdo
estado, foi importante para oaumento
populacionalda
região e para o seu desenvolvimento sócio-econômico. Por outro lado, intensificou o crescimento de
São
José, Palhoça eBiguaçú, por
onde
a estrada passa. Estemovimento
atraiu força de trabalho dediversas famílias, que ao se aglomerar ao longo
da
rodovia foramformando
vilas e bairros.Na
décadade 70
Florianópolis deixa de seruma
"cidade individual" paraconstruir, juntamente
com
São
José,Biguaçú
e Palhoça, o processo de ligação devidoà grande expansão urbana decorrente de obras de infra-estrutura
que
consolidam os traçados destas cidades.Diversas obras
no
interiorda
ilha intensificaram a urbanização etransformaram
0
plano urbanoda
capital, favorecendo diretamente o setorda
construção civil. Dentre tais obras destacam-se: a ponte
Colombo Machado
Sallesem
1975, segunda ligação entre a ilha e o continente; aterro
da
Baía Sul,ocupando
partedo
mar
e agilizando ofluxo
para o bairroSaco
dosLimões
e daí ao Aeroporto e àspraias
do
sul; o aterroda
Baía Norte,com
a avenidaRubens
deArruda
Ramos
(BeiraMar
Norte) - local privilegiado para investimentos de alto padrão facilitandoo
acessoaos bairros
próximos
à Universidade e às praiasdo
norte e leste da ilha.Na
regiãocontinental, 0 maior crescimento aconteceu nos bairros de
Campinas
e Barreirosno
município de
São
José, àsmargens da
BR
101 (Secretaria de PlanejamentoSC,
1990).
No
ramo da
atividade industrial, as obras de infra-estrutura e deurbanização constituem-se
no
embrião das empresas de construção civil,que
irãopredominar
com
as transformações oriundasdo
processo de urbanização, a partirda
década de 60.
"O
bairro Kobrasol,no
município deSão
José, éum
exemplo
disto:construído entre 1974-76, impulsionou a expansão
do
setor edo
municípiocom
a união e0
predomínio das empresas Cassol, Brasilpinho e koerich, ligada aos setoresda
construção civil, madereiro edo
comércio respectivamente.O
projeto implantado13
foi realizado sob regime de subcontratação, típica
no
setor, impulsionando oaumento
do
número
etambém
otamanho
dealgumas
empresas,como
por exemplo, Kobrasolempreendimentos
Imobiliários SA.. Essa empresa,no ano
de 1992,segtmdo o
"ranking" das maiores empresas
da
construção civilno
Brasil, aparece entre as150
maiores
do
país,ocupando
o 146 lugar" (Bertelli, 1995: 79).Como
é visto a seguir,na
década de 80, a indústria de construção civilpredomina
nessa região.Os
dadosda
RAIS
- RelaçãoAnual
de Informações Sociais -para Santa Catarina, referentes a 1985,
apontam
a micro região de Florianópoliscomo
a única dentre todas as micro regiõesem
que
a construção civil,ocupa
oprimeiro lugar
em
número
de empresas. Concentra 22,9%
(173) empresas dasexistentes
no
estado e24,9%
(3.l28) dos trabalhadores (RelaçãoAnual
deinformações Sociais para Santa Catarina, 1986).
Em
termos de Santa Catarina, agoracom
base nos dadosdo
CREA/SC
,as empresas desse
ramo
da
atividade industrial, concentram-sena
faixa litorânea,entre os municípios de Joinville, ao norte, e de Criciúma, ao sul, Florianópolis,
213
(23,98%);
Blumenau, 90
(10,13%);São
José, 65 (7,32%); Joinville,60 (6,76%); Criciúma, 53 (5,96%); e Balneário Camboriu, 43 (4,84%)(CREA/SC,
1999).Especificamente
para a regiãoda Grande
Florianópolis (considerando-seos municípios de Florianópolis,
São
José,Biguaçu
e Palhoça),foram
obtidos os dadosdo
CREA/SC,
quanto à indústria de construção civil, para os anos de 1980 .à1999
oque nos permite perceber seu
movimento.
Em
1980, épocada
criaçãodo
sindicato patronal desta indústria(SINDUSCON),
a região possuíaum
total de 173 empresas e,em
1999 chegaa
234
construtoras.
Como
sepode
observarno
gráfico 1, Florianópolis concentra omaior
número
de empresas, seguida porSão
José, Palhoça e Biguaçu, nesta ordem.Em
termos percentuais, de crescimento, observa-se,
no
entanto,que
seno
municípiode
Florianópolis
em
1980 possuía90,75%
das empresasda Grande
Florianópolis,em
1992 este percentual decresce para 73,3%. Por outro lado,
São
José, que inicialmente apresentava6,94%
das empresas da região,em
1992tem
seu percentual acrescido,Todavia, enquanto a taxa de crescimento nas indústrias de construção civil
de
Florianópolis foi de 35,7%, amais
baixa,no
intervalo de 12 anos (1980 1992),o
município de
São
José apresentou a maior taxa44l,7%, no
mesmo
período, seguido por Biguaçú,200%,
e Palhoça, 166,7%. Isto caracteriza, o períodoonde
ocorreram muitasmudanças na economia
brasileira,um
período de sucessivos planos econômicos,com
as dificuldades de crédito para financiamento.GRÁFICO
1Empresas
de
Construção
Civilpor
municípiosda
Grande
Florianópolis.250
F Ê :Í ,V , 1200
1 , =;_
¿- “' fz Á 7- li 150-z, Ê IIIFIorianópoIis *São
José,
té
1 * 1100
â r ÉEIBiguaçu
É ff * â z EIPalhoça
so»
' z *N ,<¿ *. “i. zm, i ...,,., .;:'»s;~›. z-¿_éf`z‹"' 4: ; ›. 11:' 11980
1992
1999
š..~... _,..-.. vv 'En w¡¶~ \?\fl'nw.1=.'%:-:lim Fonte:CREA/SC
Convém
destacar,no
entanto,"O
maior crescimentodo
setorem
São
José deve-se à proximidadecom
Florianópolis, constituindo-se
num
mercado
dinâmico e promissor para a indústriada
construção civil" (Bertelli, 69:1995).
Entre as empresas existentes
em
1980 eem
1999, observa-se arotatividade das
mesmas
no
mercado, principalmenteem
Florianópolis,bem
como
amigração de algumas empresas deste município para outros.
Das
157 empresas de15
sendo
que
127 (80,89%)foram
excluídas; das trinta empresasque
se mantiveram,sete
migraram
paraSão
José duranteo
período.Em
São
José, dasdoze
empresasque
já existiam
em
1980,41,67%
aindaatuam no mercado
e58,33%
já deixaram 0mercado.
Observa-se ainda,
que
das empresas existentesem
Florianópolisem
1999, 190 (89,2%)foram
constituídasno
decorrerda
década de 80 eno
início de90
e23 (10,89%) nas décadas anteriores. Para
São
José, segtmdo Bertelli (1995), tevecomo
motivo
principal a açãodo
Instituto de PlanejamentoUrbano
de Florianópolis -IPUF,
que objetivava o planejamento e a ocupaçãodo
espaço urbano, limitando apartir de maior regulamentação, a expansão
da
indústria de construção civilem
Florianópolis. Para as empresas migrantes
0
acesso ao poder públicona nova
localização seria
mais
fácil, propiciando maior desenvolvimento e lucratividade àsempresas de construção civil.
3.2.
A
Estruturade Representação
e Divisãode
AtividadesEm
fins da
década de 70, o empresariadoda
indústriada
construção civil,ou
pelo menos. parte dele,dá
início ao seu processo político-organizativo,que
culmina
com
a constituição,em
1980,do
SINDUSCON
(Sindicatoda
Indústriada
Construção Civil
da Grande
Florianópolis).O
período histórico, quecompreende
a década de 70, foimarcado
poruma
fasede
grande prosperidadeno
setor imobiliário eo
agigantamentodo
Estadobrasileiro, que estende os seus beneficios burocráticos (administrativos,
principalmente) às capitais dos estados
da
federação, sendoque
são esses benefíciosque
condicionam oaumento do
número
de órgãos e de funcionários públicos.O
poder aquisitivo mais elevado destes facilita o acesso ao
financiamento
de moradias. Essemovimento
contribuiu tanto parapromover
o processo de urbanizaçãocomo
para ampliar o desenvolvimentodo
setorda
construção civil, responsável pelas obrasde edificações e de infra-estrutura.
As
obras de infra-estrutura (obras públicas),que
municípios de Florianópolis,
São
José, Palhoça e Biguaçu,marcaram
oque
sechamou
deuma
estrutura espacial conurbada."No
Brasil, a tutela exercida pelo Estado sobre a representação deinteresses, as organizações de classe, se
mantém
desde os anos trinta,permeada
porconstantes
movimentos:
autoritáriosou mais
democráticos" ( Bertelli, 74: 1995).O
progressodo
setor imobiliário, que consolidou as empresasconstrutoras de imóveis, trazia
no
seu interior a crisedo
Sistema Financeirode
Habitação -
SFH, que
eclodiuno
fmalda
década de70
e princípio de 80, face àinadimplência dos mutuários e a recessão que afetava a captação dos fundos
de
financiamento e ainda acirrava a disputa dos recursos públicos entre os diversos
setores
da
atividade econômica.Os
sinais de esgotamentodo
SFH
passam
a preocupar os empresáriosda
construção civil
da
regiãoda
Grande
Florianópolis,uma
vez
queo financiamento
éfator essencial
no
desenvolvimentodo
setor, instigando-os a consolidaruma
organização empresarial capaz
de
fazer frente aos obstáculos que seimpunham
a sua reprodução enquanto agente econômico. Se deum
lado nodinamismo econômico do
periodo anterior gerou o
aumento no
número
de
empresas e a ascensão dealgumas
construtoras, de outro a crise
com
o esgotamentodo
sistema levou o empresariadodo
subsetor de edificações a se preocupar
com
a organização e a defesa de seusinteresses, a
fim
de manter sua continuidadeno mercado
e aumentar politicamenteseu poder de barganha (Bertelli, 1995).
Conforme
os estatutos,o
SINDUSCON
éuma
entidade civil e apresentacomo
objetivos:"promover
estudos, coordenação, projeção e representação legalda
categoria
da
construção civilna
regiãoda
grande Florianópolis e colaborarcom
os poderes públicos e outras associaçõesno
sentidoda
solidariedade social"(SINDUSCON,
1991, capítulo primeiro).'
O
predomínio de empresas voltadas à construção de imóveis, objeto desteestudo,
fica melhor
evidenciadono
gráfico 2,onde
79,03%
das empresasatuam
17
GRÁFICO
2Área
de
Atuação
das
empresas
ligadas
ao
ramo
da construção
civilna
Grande
Florianópolis
89,00%
Éconstrução
de
imóveis
60
00%
iconstrução
40
u00%
pesada
u M , *..z‹v››w›.-.‹z.‹zmw ~\mwmwmmmwElcomercialização
20,00%
.de
imóveis
~ 0 O , O0
%
‹El
m
o
n
t ag
em
Porcentagem
mdustnal
_O
SINDUSCON
éuma
associação empresarial de indústrias voltadas àsedificações, portanto às obras cuja
demanda
émais
privadado que
pública,mesmo
que
estas empresastambém
executem, atividades ligadas às obras de infra-estruturavoltadas ao setor público,
ou
a projetos e serviços.Os
subsetores demontagem
industrial ede
construção pesadaaparecem
com
1,83%
e12,90%
das empresas respectivamente. Estas atividadestêm
como
característica básica o fato de que
formam
um
número
mais
reduzido de empresas deporte maior, o que justificaria a principio, o índice inferior destas empresas
representadas
no
SINDUSCON.
ÍA
comercialização dos produtos construídos (imóveis), segundo dadosdo
SINDUSCON
(1999), é realizada por poucas empresas associadas, 9,67%,caracterizando a existência forte
no mercado
deum
agente intermediário entre oconstrutor e o consumidor, as imobiliárias,
que
não são abrangidas pela açãodo
SINDUSCON.
Outro aspecto
que
se destaca éque
grande parte das empresas atuam, concomitantementeem
várias atividades,na
área de serviços (assessoria,administração de obras, terraplanagem, impermeabilizações, locação de máquinas,
de
mão
de obra, concretagem, entre outros).Verifica-se urna tendência à divisão de segmentos das atividades entre
empresas de construção pesada e de edificações.
As
empresasque
prestam serviçosde terraplanagem, por exemplo, geralmente
atuam
em
construção pesada, ao passo que as construtoras de edificações e incorporadoras estãomais
voltadas aos serviçosde assessoria, planejamento e administração de obras, entre outros. Certamente
que
outros tipos de serviços são prestados à industria
da
construção civil,mas
foram
estesos identificados para as empresas
em
estudo.Através
da
constituição das empresasno
exercício da atividadeconstrutiva percebe-se
não
apenas a antigüidade das empresas,mas
sua tradição eestabilidade
no
mercado.Tendo
como
referência o anode
registrona
Junta Comercialdo
Estado de Santa Catarina,como
mostrao
gráfico 3, subdividindo os períodos pordécadas, de 1960 a 1990, observa-se
que
há
uma
grande concentraçãode
finnasque
iniciaram suas atividades
na
década de 80, mostrando que as empresas têm,em
sua maioria cerca de20
anos.GRÁFICO
3Período
de origem
dasempresas de
construção civilno mercado
.šzg ' .‹ ,,. › ›.z¿.\_ ` i~= âzz ._ . »»~,».; 1 . ,z É 5; É _,/. . 5° ê âé , âgsâ, ; - 1 :riélríá 4o«¿
U4
1 L ,_
I EI17U3
N 00 ‹: c› nim ,..\_
102; ' 2 í 60-69 70-79 ao-89 90-92 92-99 ' Fonte:JUCESC
1960-199019
O
expressivo predomínio de empresas, 58,06%,que
se originaramna
década de 80, revela a sua constituição recente
no
mercado.Desdobrando
estepercentual nos quinquênios de 80-84 e 85-89
(com
27,42%)
e30,64%
respectivamente), observa-se
com
uma
pequena
diferençaem
relação às empresasconstituídas
na
década de 70, caracterizando os associados aoSINDUSCON
porserem
de baixa tradiçãono
setorda
atividade construtiva.Por
outro lado, ainstabilidade das empresas, principalmente as de
pequeno
porte, écomum
no
subsetorde edificações.
Em
relação a décadade
70, o percentual de empresas criadas é de27,42%.
Dentre estas,nove
têm
em
origem
Florianópolis, cincoem
São
José, duasdo
interior de Santa Catarina e
uma
deSão
Paulo.Em
relação a essas empresas (17)criadas,
com
exceção de duasque
são sociedades de capital aberto, asdemais
sãosociedades limitadas e caracterizam-se,
segundo
o porte,como
pequenas emédias
CAPÍTULO
IV
-NOVAS TECNOLOGIAS
E
OS
CUSTOS
4.1.
Composição
dos custosna
construção civilAs
construtorasda Grande
Florianópolis ,têm
como
principais fatores decompetição a qualidade e o preço, o
que
foi constatado nas pesquisas feitas junto aalgumas
construtoras da região. Estes dois fatores variamna
mesma
direção: quantomaior
a qualidademaior
o custoda
obra, influenciando positivamenteno
preço finaldo
produto.É
por isso que as construtorasvêm
investindo cada vezmais
em
tecnologia e inovação
no
intuito de diminuir o custo,sem
contudo, perder aqualidade. Isto vai desde a escolha
da
localizaçãodo
imóvel, passando pela estrutura,até a estratégia de
venda
ao consumidor.É
neste sentidoque
se faz necessário,primeiramente,
uma
explanação a respeito decomo
são levantados os custos deuma
edificação,
no
caso deste trabalho aos custos das obras prediais multifamiliares.A
estimativa de custonuma
obra de construção civil é usualmente feitapelo
método do
orçamento,compondo-se
os custos unitários das atividades,multiplicando-se pelas respectivas quantidades, as quais levantadas a partir de
dados
do
projeto e posteriormentesomando-se
aos resultados."Para diferenciar os diversos níveis de qualidade e tipo de edificação a
norma
define 24
padrõesem
função de níveis B(baixo), N(norrnal) eA
(alto),número
de dormitórios e
número
de pavimentosda
edificação. Para cada padrão anorma
apresentaum
lote padrão de quantidades de materiais emão
de obraque
são revistosanualmente.
Com
base nestes lotes padrões, a lei estabeleceque
os Sindicatosda
Indústria
da
Construção Civildevem
publicarmensalmente
os custos unitários dos24
padrões estabelecidos
(R$/m2
construído, excluindo itens específicos)" (Neves,1993:l2).
O
regulamentotambém
faz referência a critérios enormas
para execuçãode orçamentos. ~
Em
particular as construções pelo S.F.H.têm
seu preçode venda
aomutuário regulados pelos seguintes parâmetros:
a). até
10%
do
custoda
construção, para o terreno ; b). até2%
do
custoda
construção, para terraplanagem;21
c). até
6%
do
custoda
construção, para projetos, fiscalização eadministração. l
Como
se vê, o setor ébem
regulamentado,o que não
impede
quenão
setenha a eficácia desejada (Neves, 1993).
Porém, quando
a redução dos custos é fatorextremamente
condicionante,por
serem
escassos os recursos dos usuários, a avaliaçãonão
pode
ser restringida aocusto
do
produto, que engloba as despesas de projeto, planejamento e construção,mas
deve incluirtambém
o custo de utilização. Isto é, ométodo do
"orçamento"com
ou
sem
aperfeiçoamentos de estimação probabílisticaou
correção de efeitosinflacionáveis,
não
permite a correta avaliaçãode
um
projeto.A
tecnologiana
construção civil visaa
melhoriada
qualidadedo
seu produto final, diminuir o desperdício, reduçãono
tempo da
construção,chegando
aoobjetivo primordial,
que
é diminuir o custoda
obra obtendo assimum
maior lucro.V
As
construtorasda
Grande
Florianópolisvêm
investindo pesadono
estudo de novas tecnologias, que
vão
desde a estruturada
edificação até o usode
máquinas
para a reciclagem de material.4.2.
Custo
globalQuanto
ao custo globalda
construção civil observa-se que:"O
custo global deuma
edificaçãoou
deum
empreendimento
abrangecustos intrínsecos e extrínsecos. Portanto, não inclui
somente
as despesas para a sua concepção e execução,mas
também
a parcela referente ao terreno, querdo
lote querdas áreas verdes, das áreas destinadas à infra-estrutura diária, à urbanização. Inclui
todas as despesas relativas à infra estrutura sanitária, ao equipamento comunitário, aos serviços públicos, aos transportes,
mesmo
que não
sejam pagos pelo mutuário, poisem
qualquer caso diretaou
indiretamenteoneram
o contribuinte" (Miranda,1979121).
Todavia,
o
custo abrangetambém
os custos futuros, isto é, aquelesnecessários para conservar, manter e operar a edificação durante a sua vida útil. Estes custos são diretamente condicionados pelo projeto e indiretamente pela qualidade dos
materiais escolhidos, pelo nível cultural e
econômico do
usuário e pelas condiçõesdo
Uma
edificação é desgastada pelo uso e determinada pela açãodo
meio
ambiente.Aos
poucos, portanto, sua efetividadeou
capacidade dedesempenho
vai sereduzindo até alcançar
um
nível de qualidadeno
qual são prejudicadas as funçõesessenciais e a habitabilidade. Assim, a vida útil de
uma
habitaçãonão
é concluídaquando
esta é demolida,mas
quando
o nível de qualidade é alcançado. Portanto, oscustos futuros incluem as despesas de
manutenção
e conservação destinadas aassegurar esse nível até o
fim
da
vida útil teórica previstano
projeto (Souza, 1991).Em
princípio três categorias de custosdevem
ser consideradas (Santos,1996):
a) de concepção,
que
compreendem
as pesquisas e levantamentos eprojetos;
b) de produção, que incluem custo
do
terreno, infra-estrutura,urbanização, custos
com
o processo produtivo(máquinas, material,mão
de obra); ec) de operação,
que abrangem
as despesasque
devem
ser apropriadas paraque
a habitaçãodesempenhe
com
sucesso as suas funções.As
duas primeiras categoriasenglobam
todas as despesas necessárias para criar a edificaçao, e a última abrange as atividades indispensáveis para a sua racional e completa utilização até a sua extinção.'A
definiçãodo
produto exige pesquisas e levantamentos, visandocaracterizar o
mercado
e omeio
ao qual se destina. Outras pesquisas objetivam aprocura de novas soluções,
ou
selecionarnovos
materiais.Levantamentos de
campo
são, por outro lado, necessários para definir olocal e suas características, desde os topográficos e geológicos até suas condições
de
integração
na
trama urbana. _'
A
despesacom
projetos, deverá abranger todas as fases de planejamento,e execução
em
relação direta aoempreendimento
visado.1
Para a completa avaliação, além da avaliação dos custos citados, também devem ser considerados os valores
23
Nas
despesas de produção, o terrenonão
é apenaso
loteem
que
a unidadeserá construída;
no
caso deum
conjunto habitacional inclui as áreas verdes, as áreasdestinadas ao sistema viário, ao equipamento comunitário e ao lazer, a certas partes
de infra-estrutura,
como,
por exemplo, o sistema de reservação e recalqueda água
ou
a estação de tratamento de esgotos.
À
infra-estrutura deve-se acrescentar os serviços públicos, porexemplo
acoleta
de
lixo domiciliar e a distribuiçãodo
correio,mas
estes são custos sociais enão
são avaliáveis.
Os
custos de operação incluem as despesas quedevem
ser apropriadaspara
que
a habitaçãodesempenhe
satisfatoriamente suasfimções.
A
classe média, nas suas construções, exige locais privilegiados.Sendo
ocusto
do
terreno considerado altoem
proporção -ao custo total
da
obra.As
construtoras
procuram
inovarno que
diz respeito à área construída e isto visa 0melhor
aproveitamentodo
terreno e a diminuiçãodo
impactono
custo totalda
obra.Segundo
informações obtidasem
urna das empresas,uma
das inovações,neste caso de obras prediais, é o aproveitamento
do
terreno por completo.Se
constrói,
em
lugar deum
apartamento por andar, por exemplo, dois apartamentoscom
amesma
área,porém
com
mais
deum
pavimento, oschamados
"Biplex",não
perdendo assim a qualidade, e principalmente, a utilidade requerida pelo comprador.
4.3.Tecnologias, Inovações e
Custo
FinalEsta s eç ão
tem
como
ob`etivo JP
rinci alP
a análisedo
uso de novastecnologias
no
setor e verificar deque
maneira tais tecnologias afetam os custosdo
produto final.
Os
resultadosda
análise são sustentados porum
questionárioque
foi respondido por representantes de diversos segmentosda
indústria.Assim,
no
fl ue se refere às inova Ç ões e tecnolo8
ias aP
licadas a materiais etécnicas, as opiniões, apesar de diferentes, dão grande importância para este
elemento.
Segundo
Sr. Mário, proprietário deuma
das empresas entrevistadas, adesperdício de materiais. Para solucionar este
problema
há
estudos freqüentes emuitas técnicas já são empregadas. Por exemplo:
A
0
Ferramentas para
cortede
paredes: são cortadores, úteisno
caso de precisarabrir
um
espaço,ou na
colocação deuma
portaou
janela.O
corte é feitona
medida
exata,sem
precisar destruiruma
parede,o
que causaria desperdício, vistoque
parte dela teria de ser reconstruída, enquanto quecom
esta técnicanada
seperde.
0 Materiais
sob
encomenda:
diz respeito a diversos materiaiscomo
tijolo, ferro,madeira, alumínio, entre outros.
Uma
vez estando o projeto pronto,com
asmedidas
definidas, os materiaistambém
teriam suasmedidas
definidas. Porexemplo, para
uma
obra de 120m2, seriaencomendado
uma
quantidadede
tijolosexata para a obra
sem
faltar,ou
sobrar tijolos.Acontecendo
omesmo
com
outrosmateriais.
0
Peças pré moldadas:
utilizadas, a princípio,na
construção de galpões e moradiaspopulares, hoje já incorporadas as edificações
mais
elaboradas.São
peçascomo
tijolos, vigas e outros materiaisque
permitem economia
detempo
eo
desperdícioé muito pequeno, visto
que
o materialvem
na
quantidade exata e na.forma
jáestabelecida, necessitando apenas
mão
de obra para o seu encaixe.0 Kits:
dizem
respeito ao acabamento, elementoem
que
o gastoda
construção émais elevado.
Segundo
o Engenheiro Rampinelli, responsável técnicoda
construtoraZita, estes "kits" são
montados
pela própria construtora, e o seu usocomo, no
casode
todas as outras técnicas,
tem
de serdefinido
jáno
projeto.Pode
citar-se oexemplo
dos aparelhos sanitários, cujos "kits" são
montados
deforma
a ocupar apenas urna parede (no casodo
banheiro),no
sentido deque
oencanamento não
necessitede
cortes
ou
curvas, diminuindo assim a quantidade de canos usados e facilitando a sua25
Uma
das inovaçõesque
também
permiteuma
economia
considerávelno
custo final nas obras prediais, é
um
equipamentomóvel
depequeno
porte,o
"moinho", criado para reciclar.
É uma
máquina
bastante simples e resistente,composta
poruma
caçamba
para depósito de material, rodas para locomoção, roloscompressores para amassar o entulho, duas pás raspadeiras e misturadoras,
além
deum
motor
para o acionamento.Este
moinho
tritura entulho a basede
argila, concreto e restos de argamassa desperdiçadana
hora de fazero
reboco, o que ocorre às vezes pordespreparo
do
operário,formando
um
agregadofino
que
oferece excelente qualidadeà argamassa de assentamento
ou
para revestimento de alvenaria."Com
estamáquina
o desperdício caiu de
15%
para4%.
A
economia
está entre30%
à40%
das despesascom
argamassas,o
que eqüivale aaproximadamente
7%
do
totalda
obra" (MárioEuclides de Melo,
MN
Construtora e IncorporadoraLTDA.
-São
José -SC).Segundo
a Sra. Marlene, diretorada
Edificar Construções,com
estemesmo
objetivo,algumas
construtoras utilizam técnicas mais simples para o aproveitamentoda
argamassa,como,
por exemplo,o
peneiramentoda
argamassaque
cai
na
horaem
que é feito o reboco, sendo reutilizado para amesma
finalidade.Entre estas técnicas
há
várias outras,como
equipamentos paratransporte vertical e horizontal de materiais,
dando
agilidade ao processo produtivo.É
feito o controle escrito de materiais, ferramentas e equipamentos, para evitar
o
desgaste
ou
atémesmo
a perda de materiais. Projetos executivos e coordenados é outra estratégia de grande importância, as empresas investemna
produtividade, estabelecendo metas ao seu grupo funcional,no
sentido de incentivar a produção.A
cada etapada
obrauma
quantidade de metros quadradosdevem
ser construídos,num
período pré determinado.
O
queficou
constatado a partirda
opinião das empresas entrevistadas éque a qualificação
da
mão
de obra é requisito fundamental para a reduçãodo
desperdício.
A
eficiência dosnovos
equipamentos destacadasacima
está fortementedependente
do
convencimento eda
especializaçãodo empregado
e istonão
tem
sidotarefa fácil.
Como,
em
geral, amão
de obranão
éfixa
- pertencente auma
dada
treinando 0
empregado do
concorrente,sem
entender que se todosfizessem
isso, todos osempregados
acabariam treinados.27
CAPÍTULO
v
-ESTRATÉGIAS
COMPETITIVAS
5.1.
A
Qualidade
O
mercado da
construção civil está setomando
cada vez mais exigente.Como
vistono
capítulo anterior, a qualidadetem
sido primazia para os consumidores. Para alcançar esta qualidade é necessário investirem
vários fatores, e nostempos
dehoje,
onde
a crise financeira éuma
constante, estes investimentostêm
de sercalculados de
forma
a não elevar muito o preçodo
produto.A
qualidadena
construção civiltem
sidouma
das palavras deordem
no
que
diz respeito à competitividade.As
estratégiasvão
desde a questãoda
mão
de obrano
sentido de especializá-la, passa pela buscada
qualidade total echegam
até àsformas de financiamento. V
_
Uma
empresa
para entrarno mercado da
construção civil (neste casouma
empresa
demédio
porte que edifica obras multifamiliares),tem
a necessidadede
investimentos muito elevados. Isto constitui
uma
barreira à entrada,além
do fatode
amoradia
constituirum
bem
de necessidade prioritária para o indivíduo. Assim, asempresas que desejarem entrar neste
mercado
terão de enfrentar a credibilidadeque
asconstmtoras já estabelecidas
possuem
diantedo
consumidor.Levando
em
consideração, a prática dealgumas
construtoras, devenderem 0
imóvel ainda
na
Planta, que consistena venda do
imóvelno
projeto,com
os recursos levantadoscom
avenda
das unidades, os construtores dão início à obra.Porém
havendo
problemas,como
por exemplo,a venda
parcialdo
projetoou
ainadimplência de
algum
comprador, visto que este plano é financiado pelo própriocomprador, o término
da
obrafica
comprometido. Isto acarretana
perdado
imóvel, pois esta práticanão
permite conceder, antesdo
términoda
obra, a escriturado
imóvel, já que ele ainda não existe.
Na
.Grande Florianópolishá
casos de váriasconstrutoras, algumas de renome,
que
decretaram falência ao adotarem esta prática,tendo
em
vistaque
em
razão destes problemas teriam de dispor de recursos próprios.Foi a partir dos problemas causados por este tipo de prática
que
as maioresprincipal estratégia a segurança
do
comprador do
imóvel.Segundo
o Sr. Paulo (Engenheiro Civilda
Construtora Zita), as construtorasbuscam
terum
nicho própriodo
mercado,atendem o comprador que
buscauma
moradia
praticamente pronta,onde
antes de
começar
a pagar ele conhece 0 imóvel sob o ponto de vistada
qualidade,da
sua estrutura e, ao fechar o contrato
tem
a garantia deque
a obra lhe será entregue.Nas
pesquisas feitas junto às construtoras, o que se .constatou foi o fatode
asempresas estarem utilizando o
financiamento
próprio,ou
seja,financiam
a obra diretocom
recursos próprios, omesmo
acontecena
horada venda
ao consumidor, isto devido ao fatoda
baixa ofertado mercado no que
diz respeito aofinanciamento
concedido pelo governo e Instituições Financeiras,
além
das elevadas taxasde
juros.Segundo
o Engenheiro Rampinelli,há
uma
necessidade de teruma
carteiraque
mantenha
a entrada de caixa, evitandoou amenizando
os problemascom
as variaçõesbruscas
da
economia.E
foi esta carteiraque
possibilitou a permanência de muitasconstrutoras
no mercado
após a implantaçãodo
Plano Real e todas as suas conseqüências.O
mercado da
construção civil estáficando
cada vezmais
exigente, asconstrutoras
agregam
tecnologias disponíveis e atuais, que se transformamem
diferenciais de produto
no
mercado.Segundo
Rampinelli, responsável técnicoda
Construtora Zita,
há
uma
busca intensa pela diversificação de produtos finais,que
passa indiretamente pela diversificação dos serviços.
Havendo
a necessidade deatualização de materiais e técnicas.
As
empresas de Santa Catarina 'estão descobrindo as vantagens dosnovos
sistemas de gestão.Os
certificados e selos de qualidade são anova
exigênciado
mercado.Duas
medidas
governamentaispodem
tirardo mercado
centenasde
empresas ligadas à construção civil.As
licitações públicasvão
exigir ainda esteano
certificados de qualidade e os produtos deverão se adequar às
normas
técnicas até2002. Essas duas
medidas
são partesdo
PBQP-H
(Programa Brasileiroda
Qualidadee Produtividade