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Implementação de projeto de outorga para o gerenciamento ambiental da água de abastecimento da cidade universitária José da Silveira Netto

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

ALZIRA MARIA RIBEIRO DOS REIS

IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO DE OUTORGA PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DA ÁGUA DE ABA DA CIDADE UNIVERSITÁRIA

JOSÉ DA SILVEIRA NETTO

BELÉM-PA 2019

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ALZIRA MARIA RIBEIRO DOS REIS

IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO DE OUTORGA PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO DA CIDADE UNIVERSITÁRIA

JOSÉ DA SILVEIRA NETTO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências e Meio Ambiente.

Área de Concentração: Recursos Naturais e Sustentabilidade.

Orientador: Prof. Dr. Gilmar Wanzeller Siqueira

BELÉM-PA 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará

Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

R375i REIS, Alzira Maria Ribeiro dos

Implementação de projeto de outorga para o gerenciamento ambiental das águas de abastecimento da cidade universitária JOSÉ DA SILVEIRA NETTO / Alzira Maria Ribeiro dos REIS. — 2019.

99 f.: il. color.

Orientador(a): Prof. Dr. Gilmar Wanzeller Siqueira Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará, Belém, 2019.

1. Gestão de recursos hídricos. 2. Políticas de recursos hídricos. 3. Cidade Universitária José da Silveira Netto. 4. UFPA. 5. Outorga de direito de uso de recursos hídricos. I. Título.

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À minha avó Cecilia dos Santos Ribeiro (in memoriam), pessoa fundamental na minha vida. Aos meus pais, Luís Firmino dos Reis (in memoriam) e Clemilde Ribeiro dos Reis, com todo o meu amor e gratidão, por tudo que fizeram por mim ao longo da minha vida e ao meu irmão Jorge pelo apoio de sempre.

Ao meu esposo, Benedito, pela paciência e companheirismo, o meu muito obrigado por ter estado ao meu lado nessa fase importante da minha vida e a minha filha Rafaela, pela colaboração e palavras de incentivo nesta caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço а Deus pela graça da vida e por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

À Universidade Federal do Pará (UFPA) através do reitor, Prof. Dr. Emmanuel Zagury Tourinho, pela oportunidade de qualificação a mim oferecida a qual faço parte como aluna e servidora técnica administrativa em educação, concedida para a realização desse mestrado e em especial aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente (PPGCMA) que foram essenciais na minha trajetória acadêmica.

Agradeço ao estimado Prof. Dr. Gilmar Wanzeller Siqueira, pelas orientações acompanhamento e confiança, elementos fundamentais para a realização deste trabalho.

Aos coordenadores do PPGCMA, Prof. Dr. Davi Brasil e Prof. Dr. Claudio Nahum Alves.

Ao Diretor de Infraestrutura da Prefeitura da UFPA, Adnilson Silva, que foi de fundamental importância na realização desse trabalho, por suas contribuições e atenção dispensada.

Á Profa. Ponciana Freire por ter me dado às diretrizes que precisava na realização desse trabalho, por suas contribuições e ensinamentos.

À Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), em especial a Sra. Marcia Nascimento, pelas contribuições através de documentos e informações de dados ofertados.

À doutoranda Raissa Cardoso, pelo apoio técnico e ajuda prestada neste trabalho. Ao meu sobrinho Douglas Costa pelo auxílio nas traduções.

À Turma do Mestrado de Ciências e Meio Ambiente pelas amizades e parcerias, principalmente a amiga Alda Camelo, por todo apoio e ajuda preciosa.

A todos aqueles que, de alguma maneira colaboraram com minha trajetória e contribuíram para o êxito de mais esta etapa em minha vida.

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A água de boa qualidade é como a saúde ou liberdade: só tem valor quando acaba.

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RESUMO

O presente estudo foi desenvolvido na Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto, sede da Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém-Pa., no sentido de avaliar a situação atual de regularidade quanto à Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos junto ao órgão gestor, Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS/PA). A Outorga é um dos instrumentos da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos e tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. O propósito é propor os procedimentos necessários para a implementação de um projeto de outorga para gerenciamento ambiental da água de abastecimento da cidade universitária José da Silveira Netto com base na Instrução Normativa nº 3 de 26/03/2014 da SEMAS/PA, sendo discorrido no corpo do trabalho sobre a Gestão de Recursos Hídricos e seus aspectos legais, Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos, seus instrumentos e se já foram implementados no Estado do Pará, com ênfase na outorga de direito de uso dos recursos hídricos, aspectos legais, infrações e penalidades. A metodologia foi realizada por meio de pesquisa qualitativa, quantitativa e de campo, fundamentada em fonte documental e bibliográfica, Relatório Técnico de Execução do Poço da FEMAC, fornecidos pela prefeitura da UFPA, dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e Prefeitura Municipal de Belém (PMB) conversas diretas na SEMAS, bem como levantamento de dados para os procedimentos administrativos e técnicos, disponíveis no próprio site do órgão. De acordo com os dados levantados sobre as condições atuais do poço, foi constatado que o mesmo não se encontra totalmente adequado para dar entrada na solicitação de outorga de uso dos recursos hídricos, por não estar atendendo as exigências padrões perante o órgão ambiental, tendo em vista problemas de ordens técnicas e saneamentos, assim como também deverá ser feito o procedimento de tamponamento dos poços inoperantes com o objetivo de restabelecer as condições originais do aquífero e evitar contaminação através do poço. Diante do que foi constatado, e com o objetivo de suprir essas exigências, foi sugerido ao administrador máximo da instituição um modelo de outorga de direito de uso de recursos hídricos para a Cidade Universitária José da Silveira Netto, e a nomeação de uma equipe multidisciplinar, com a presença de um profissional da área de geologia, solucionando as irregularidades em virtude de estar em risco a segurança do poço e da comunidade universitária, a fim de atender a legislação vigente, bem como todas as condicionantes técnicas propostas pelo órgão ambiental responsável.

Palavras-chave: Gestão de recursos hídricos. Políticas de recursos hídricos. Outorga de direito

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ABSTRACT

The present study was developed in the University City Prof. José da Silveira Netto, headquarters of the Federal University of Pará (UFPA), in the city of Belém, in order to evaluate the current status of regularity regarding the Granting of Right to Use Water Resources to the managing body, Environment and Sustainability Secretariat ( SEMAS / PA). Granting is one of the instruments of the National and State Policy of Water Resources and aims to ensure the quantitative and qualitative control of water uses and the effective exercise of rights to access the water. The objective is to propose the necessary procedures for the implementation of a granting project for the environmental management of the water supply of the university city José da Silveira Netto, being discussed in the body of the dissertation on Water Resources Management and its legal aspects, National and State Water Resources Policy, and if they have already been implemented in the state of Pará, with emphasis on the granting of the right to use water resources, legal aspects, infractions and penalties. The methodology was carried out through qualitative, quantitative and field research, based on a documentary and bibliographic source, Technical Execution Report of FEMAC that were available by the UFPA prefecture, data from the Mineral Resources Research Company (CPRM), direct conversations in SEMAS, as well as data collection for administrative and technical procedures, available on the agency's own website. According to the data collected on the current conditions of the well, it was found that it is not fully adequate to grant the application for granting water use, since it is not corresponding the standards requirements towards the environmental agency, in view of problems with technical orders and sanitation, as well as the buffering of inoperative wells with the objective of restoring the original conditions of the aquifer and avoid contamination through the well. In view of the above, and in order to supply these requirements, it was suggested to the institution's maximum administrator a model of granting the right to use water resources to the José da Silveira Netto University City, and the appointment of a multidisciplinary team, with the presence of a professional in the field of geology, solving the irregularities due to being a risk to the safety of the well and to the university community, in order to comply with current legislation, as well as all the technical restrictions proposed by the responsible environmental agency.

Keywords: Water resources management. Water resources policies. Granting of right to use

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5

Instrumentos de gestão dos recursos hídricos... Matriz Institucional dos Integrantes do SINGREH... Estrutura da Diretoria de Recursos Hídricos (DIREH)... Mapa de localização da Universidade Federal do Pará... Localização dos Setores da Cidade Universitária...

25 29 43 53 53 Figura 6 Mapa de localização de acidentes geográficos de acordo com a hidrografia

de Belém-Pa... 55

Figura 7 Modelo para elaboração do relatório técnico de outorga de direito de recursos hídricos... 58

Figura 8 - Procedimentos para Emissão e Manutenção da Outorga... 62

Figura 9 - Estação de Tratamento (ETA) da cidade universitária... 62

Figura 10 - Locais de abastecimento de água na UFPA (ETA e concessionária local) e localização dos poços... 63

Figura 11 Mapa de localização do poço e suas vias de acesso... 64

Figura 12 - Vista Geral do Poço em funcionamento... 65

Figura 13 - Vista da Boca do Poço... 66

Figura 14 - Modelo fotográfico de instalação dos dispositivos para outorga do poço... 66

Figura 15 - Fluxograma do Uso da Água nos setores da cidade universitária... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Teste Escalonado de Produção do Poço... 70 Tabela 2 – Dados obtidos do Teste de Recuperação de Nível... 70 Tabela 3 – Resultados Obtidos do Teste Escalonado... 71

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Rebaixamento específico x Vazão... 71 Gráfico 2 – Curva Característica do Poço... 72

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparação entre os instrumentos de gestão presentes na Lei Federal n° 9.433/1997 e na Lei Estadual n° Lei n° 6.381/2001... 34 Quadro 2 - Histórico da Legislação regulamentadora da Outorga no Estado do Pará. 49 Quadro 3 – Características dos poços... 69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ampl. Ampliada

ANA Agência Nacional de Águas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

Art. Artigo

Arts. Artigos

Atual. Atualizada

Av. Avenida

CBH Comitê de Bacia Hidrográfica CF/88 Constituição Federal de 1988

CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CIP Coordenadoria de Planejamento e Apoio à Gestão de Recursos Hídricos CNARH Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos

CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

COBRAPE Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

COR Coordenadoria de Regulação

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DAE Documento de Arrecadação Estadual

DIREH Diretoria de Recursos Hídricos

DRDH Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica

Ed. Edição

Fig. Figura

ETA Estação de Tratamento de Água

GEAP Gerência de Apoio e Gestão Participativa GECAD Gerência de Cadastro e Cobrança

GEOUT Gerência de Outorga

GEPLEN Gerência de Planos e Enquadramento

GESIR Gerência do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos

Hab. Habitantes

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IN Instrução Normativa

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Ltda. Limitada

MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas

Org. Organizador

PERH Política Estadual de Recursos Hídricos PMB Prefeitura Municipal de Belém

PNMA Política Nacional de Meio Ambiente PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos REGLA Sistema Federal de Regulação de Uso

Rev. Revisada

RH Regiões Hidrográficas

SAGRH Secretaria Adjunta de Gestão de Recursos Hídricos e Clima SECTAM Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente SEFA Secretaria de Estado da Fazenda

SEIRH Sistema de Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SEMAS Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade SIAGAS Sistema de Informações de Águas Subterrâneas

SIGERH Sistema de Gerenciamento Estadual de Recursos Hídricos

SIMLAM Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental SISEMA Sistema Estadual de Meio Ambiente

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos SNIRH Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos

TFRH Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos.

UFs Unidades de Federações

UFPA Universidade Federal do Pará UPFPA Unidade Padrão Fiscal do Pará

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...17 2 OBJETIVOS...19 2.1 Objetivo Geral...19 2.2 Objetivos Específicos...19 3 REFERENCIAL TEÓRICO...20

3.1 Gestão de Recursos Hídricos no Brasil...20

3.1.1 Aspectos Conceituais e Legais da Gestão de Recursos Hídricos...21

3.2 Política Nacional de Recursos Hídricos...23

3.2.1 Instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos...25

3.3 Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos e seus Aspectos Legais...25

3.4 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH...29

4.0 POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ...32

4.1 Instrumentos da Política Estadual dos Recursos Hídricos...34

4.1.1 Planos de Recursos Hídricos...34

4.1.2 Enquadramento dos Corpos de Água em Classes, segundo os Usos Preponderantes da Água...35

4.1.3 Outorga de direito de uso dos Recursos Hídricos...35

4.1.4 Cobrança pelo uso da Água...37

4.1.5 Compensação aos Municípios...38

4.1.6 Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos...38

4.1.7 Capacitação, Desenvolvimento Tecnológico e Educação Ambiental...40

4.2 Sistema de Gestão de Recursos Hídricos do Pará...41

4.2.1 Conselho Estadual de Recursos Hídricos...42

4.2.2 Órgão Gestor: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade...43

4.2.3 Comitês de Bacia Hidrográfica...44

4.2.4 Agências de Bacias...45

4.2.5 Órgãos dos Poderes Públicos estaduais e municipais – OPEM...45

4.3 Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos no Estado do Pará...46

(17)

5 METODOLOGIA...52

5.1 Área de Estudo...52

5.1.1 Caracterização Ambiental...54

5.2 Levantamento de Dados...56

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...57

6.1 Modelo de Outorga de Uso dos Recursos Hídricos da Cidade Universitária José da Silveira Netto...57

6.1.1 Procedimentos Administrativos da Outorga no Estado do Pará...59

6.1.2 Sistema de Abastecimento de Água Subterrânea da Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto...62

6.1.3 Análise de dados do Uso da Água Subterrânea da Cidade Universitária José da Silveira Netto...64

6.1.3.1 Estimativa de Consumo de Água Subterrânea da Cidade Universitária José da Silveira Netto...64

6.1.3.2 Condições Ambientais e Sanitárias do Poço em Uso na Cidade Universitária José da Silveira Netto...65

6.1.3.3 Análise da Qualidade da Água do Poço em Uso na Cidade Universitária José da Silveira Netto...67

6.1.3.4 Fluxograma do Uso da Água do Poço em Uso na Cidade Universitária José da Silveira Netto...67

6.1.4 Perfil Construtivo do Poço em Uso na Cidade Universitária José da Silveira Netto...68

6.1.5 Teste de Produção do Poço em Uso na Cidade Universitária José da Silveira Netto...69

7 CONCLUSÕES...74

REFERÊNCIAS...75

ANEXOS...84

ANEXO A – Instrução normativa nº 003, de 26 de março de 2014...84

ANEXO B – Requerimento de outorga...92

ANEXO C – Formulário técnico b – captação de água subterrânea...94

ANEXO D – Termo de referência – relatório técnico - captação de água subterrânea...98

(18)

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, é possível perceber que a população mundial, por diversos fatores distintos, está atribuindo maior importância às questões ambientais. Nessa perspectiva, têm-se como foco principal a questão da Outorga para a utilização dos recursos naturais, destacando-se a extrema relevância dos recursos hídricos e suas questões de predestacando-servação ambiental.

Para Gleick (2000), o acesso universal aos serviços básicos de água é uma das condições fundamentais do desenvolvimento humano. Não obstante, é de conhecimento universal que a água é um elemento essencial à vida humana, não existindo outro substituto para ela, e portanto, sem água não há vida.

A gestão e a regulação dos recursos hídricos, são de extrema importância, pois promovem a sustentabilidade nas demandas do tripé social, econômico e ambiental deste recurso, promovendo também a harmonia entre os usos atuais sem comprometer as gerações futuras. Por esse motivo que a regularização da outorga é indispensável para assegurar ao usuário o efetivo direito de acesso a água, de modo a realizar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água (RIBEIRO et al., 2014).

Segundo Silva e Monteiro (2004) apesar da preservação da água ser um dever de toda sociedade, cabe ao Poder Público, estadual ou federal, a responsabilidade pela sua administração, ou seja, qualquer intervenção que se pretenda fazer em um corpo de água é suscetível de autorização por parte do Poder Público competente, que de acordo com a legislação vigente, é denominada de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos.

A Outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos instrumentos da Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos por meio do qual o Poder Público autoriza o usuário, de recursos hídricos, sob condições preestabelecidas, a utilizar ou realizar interferências hidráulicas nos corpos hídricos, necessários ao seu consumo e às suas atividades produtivas, garantindo o direito de acesso a esses recursos, dado que a água é um bem de domínio público (PARÁ, 2014b).

A pesquisa está embasada no atual Modelo Sistêmico de Gestão de Recursos Hídricos que vem sendo implantado no Brasil de acordo com a Lei Federal n° 9.433/1997. A partir da mesma, e em consonância com as literaturas pertinentes ao tema, essa pesquisa visa uma análise da Outorga de Direito de Uso de recursos hídricos no Estado do Pará, a partir da Lei Estadual n° 6.381/2001.

Assim, considerando a Política Nacional e Estadual de Recursos Hídricos – PNRH procurou-se levantar dados que pudessem auxiliar na construção de algumas etapas propostas

(19)

nos objetivos deste trabalho. Para a realização desta Dissertação foi realizada pesquisa bibliográfica, em obras, artigos, dissertações, teses, e pesquisa documental sobre fontes diversificadas, tais como Constituição Federal de 1988, Leis, Decretos, Resoluções, Instruções Normativas, relatórios técnicos e documentos oficiais.

A pesquisa sobre outorga é importante para fazer o controle através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS/PA, sendo fiscalizados os poços construídos, para que não venham a comprometer a qualidade da água subterrânea e superficial. É através da Outorga de Direito de Uso que o poder público promove a harmonização entre os múltiplos usos, garantindo a todos os usuários o acesso aos recursos hídricos. Neste contexto, é mediante esse instrumento de gestão que a Política Estadual de Recursos Hídricos – PERH assegura que as atividades humanas se processem em um contexto de desenvolvimento socioeconômico sustentado, assegurando a disponibilidade dos recursos hídricos aos seus usuários atuais e às gerações futuras, em padrões adequados de qualidade e quantidade, inclusive a manutenção da vida.

O abastecimento público de água em áreas urbanas, em geral, e na Cidade Universitária Professor José da Silveira Netto, como no presente caso, tem por finalidade distribuir esse recurso com boa qualidade e quantidade adequada para suprir as necessidades da Comunidade Acadêmica e dos seus usuários e para garantir o acesso à água, recorre à fonte subterrânea.

Este estudo visa avaliar a situação atual de regularidade da mesma junto ao Órgão Estadual responsável pela Outorga de Recursos Hídricos e propor os procedimentos necessários para a implementação do instrumento de outorga para gerenciamento ambiental da água de abastecimento da cidade universitária José da Silveira Netto com base na Instrução Normativa nº 3 de 26/03/2014 da SEMAS (PARÁ 2014b). É necessário a regularização da outorga de direito de uso dos recursos hídricos para o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e evitar conflitos entre usuários a fim de assegurar o efetivo exercício dos direitos de acesso à água, conforme artigo 11 da Lei 6.381/2001, que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos no Estado do Pará (PARÁ, 2001).

(20)

2OBJETIVOS

Esta seção demonstra as finalidades gerais e específicas da pesquisa.

2.1 Objetivo Geral

Analisar a situação atual de regularidade de Outorga de recursos hídricos da cidade universitária Professor José da Silveira Netto, sede da UFPA na cidade de Belém-Pará, com base na Instrução Normativa nº 03 de 26 de Março de 2014 da SEMAS/PA.

2.1 Objetivos Específicos

 Analisar aspectos sobre legislação, gestão e política de recursos hídricos nos âmbitos federal e estadual, avaliando as etapas do processo de solicitação e obtenção de Outorga no Estado do Pará;

 Analisar as condições de captação e abastecimento de água na área de estudo;

 Propor um instrumento informativo para concessão de Outorga de Recursos Hídricos para a UFPA.

(21)

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Este item trata da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil, seus aspectos Conceituais e Legais, a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), bem como a Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

enquanto matriz referencial da gestão dos recursos hídricos no Brasil.

,

3.1 Gestão de Recursos Hídricos no Brasil

A Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil é o conjunto de ações de planejamento, monitoramento, alocação de recursos, implementação e fiscalização dos instrumentos legais existentes para a coordenação eficiente e sustentável do uso das águas no País (ANA,2017).

Segundo a Agência Nacional de Água (ANA, 2017, p.93), “a atual gestão de recursos hídricos do Brasil está baseada na PNRH, definida na Lei nº 9.433/1997, a chamada “Lei das Águas”. Esta Lei, estruturou, orientou e modernizou a gestão dos recursos hídricos, onde a partir dessa Lei que a gestão de recursos hídricos obteve avanços significativos no Brasil.

Para Fernandez e Garrido (2003):

Embora dois terços do planeta Terra sejam formados por esse composto químico, a água potável é, em realidade, um recurso escasso. A quantidade de água doce na natureza é limitada e corresponde a um percentual muito baixo em relação ao total existente no globo. As águas de oceanos e mares, portanto salgadas, representam cerca de 97% do total desse recurso na natureza. Os 3% restantes distribuem-se entre águas doces congeladas nas calotas polares, que representam cerca de 2%, e águas superficiais e subterrâneas que correspondem a 1% desse total. Desse percentual as águas superficiais e subterrâneas representam 97%, ou seja, 0,97% do total de água na natureza. Isso demonstra que as águas doces superficiais, as mais facilmente obteníveis, não passam de 0,03% do total dos recursos hídricos da Terra.

Para um melhor entendimento sobre a gestão de recursos hídricos, é importante resgatar alguns conceitos. Rebouças et al., (2002) conceituam água como o elemento natural desvinculado de qualquer uso ou utilização, onde os recursos hídricos estariam associados às finalidades do uso da água, sendo assim um bem econômico passível de utilização para determinado fim. Nesse seguimento, trazendo contribuições, Brochi (2005) declara que a gestão de recursos hídricos, consiste na administração das águas, mediante um conjunto de atividades e estratégias que destinam-se ao emprego racional do bem público e envolve também negociações entre instituições, estabelecimento de políticas públicas e de instrumentos de gestão e a criação de entidades para organismos já existentes, para a implementação prática dos

(22)

encargos decorrentes da gestão.

As expressões “água” e “recursos hídricos” geralmente são utilizadas como sinônimos, o que não é correto. Existem diferenças entre as duas expressões, como salienta Pompeu: “água é o elemento natural descomprometido com qualquer uso ou utilização, é o gênero”. ‘Recurso hídrico’ é a água que possui um valor econômico, passível de utilização com tal fim” (POMPEU, 2006, p. 28). Os recursos hídricos são “compreendidos como fontes de valor econômico essencial para a sobrevivência e desenvolvimento dos seres vivos” (KOBIYAMA, 2008, p. 9). Em contrapartida, no entendimento de Granziera:

O Código de Águas não efetuou a distinção entre “águas” e “recursos hídricos” e tampouco estabeleceu o entendimento de que o termo “águas” aplica-se à hipótese de não haver aproveitamento econômico e a expressão “recursos hídricos” refere-se ao caso de haver aproveitamento econômico. Ainda a Lei n° 9.433/97 não distingue o termo “água” da expressão “recursos hídricos” (GRANZIERA, 2001, p.29).

Segundo Aith e Rothbarth (2015), a Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente organizada pela ONU em janeiro de 1992, na cidade de Dublin (Irlanda), tratou pela primeira vez da necessidade de cada país em exercer uma eficiente “gestão de recursos hídricos”, partindo do princípio de que “a escassez e o mau uso da água doce são fatores de grande e crescente risco ao desenvolvimento sustentável e à proteção do meio ambiente” Nesse mesmo ano, realizou-se também a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de Janeiro, conhecida também como Rio 92, Eco-92 ou ainda, Cúpula da Terra. Dentre os resultados mais expressivos desse evento, destaca-se a Agenda 21, definida como “um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (ONU,1992).

A água para o abastecimento humano tem prioridade sobre qualquer outro tipo de uso, segundo o artigo 1º da Lei 9.433/97 (BRASIL, 1997), que estabelece que em condição de escassez, a prioridade deve ser dada ao abastecimento humano e à dessedentação de animais, daí a importância de sua reservação (armazenamento) em todos os mananciais, para essa finalidade, observando-se criteriosamente as características de qualidade aceitável para atender às crescentes necessidades das comunidades.

3.1.1 Aspectos Conceituais e Legais da Gestão de Recursos Hídricos

(23)

as questões relativa dos recursos hídricos” Barth (1987, p. 12). É executado por meio de procedimentos integrados de Planejamento (conjunto de procedimentos organizados que visam ao atendimento das demandas de água, considerada a disponibilidade restrita desse recurso) e de Administração, (que é o conjunto de ações necessárias para tornar efetivo o planejamento, com os devidos suportes técnicos, jurídicos e administrativos), condicionados à motivação política para a sua efetiva implantação (BARTH,1987).

O Decreto n. 24.643, de 1934 (BRASIL, 1934), conhecido como o Código de Águas, foi o marco legal do gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil. Segundo Antunes (2014), o Código de Águas reconhecia a água como um recurso dotado de valor econômico para a coletividade, merecendo especial atenção por parte do Estado. Já Moreira (2004), com o Código das Águas via como principal uso da água, a geração de energia elétrica. Por essa razão, a administração do recursos cabia ao setor elétrico. Isso se justifica, tendo em vista que o país buscava o crescimento econômico, deixando de ser um país agrícola para se tornar um país industrializado (GRANZIERA, 2001).

A primeira legislação efetiva sobre o instrumento de outorga no Brasil, surgiu pelo Decreto Lei nº 24.643, no ano de 1934, que ficou conhecida como o Código de Águas, em que o artigo 43, Capítulo IV destaca:

As águas públicas não podem ser derivadas para as aplicações da agricultura, da indústria e da higiene, sem a existência de concessão administrativa, no caso de utilidade pública e, não se verificando esta, de autorização administrativa, que será dispensada, todavia, na hipótese de derivação insignificante (BRASIL, 1934).

Segundo esse critério, a implantação do instrumento de outorga tinha o objetivo bem definido para as utilidades públicas necessárias ao desenvolvimento do país, onde outorgava-se ao interessado a concessão administrativa, e para os demais usos a autorização administrativa poderia ser dispensada em situações de usos insignificantes (JAQUES, 2017).

No Brasil, a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), disciplinou a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA e instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, integrado por órgãos federais, estaduais e municipais, responsáveis pela proteção ambiental. O órgão superior desse Sistema é o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, ao qual compete, entre outras atribuições, estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. No exercício de sua competência, o CONAMA editou a Resolução 357 de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005) que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como

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estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Classifica as águas doces, salobras e salinas no território nacional, definindo os padrões de qualidade de cada uma dessas classes, segundo os seus usos preponderantes e o enquadramento dos corpos de água deve estar baseado nos níveis de qualidade para atender as necessidade da comunidade.

A Constituição Federal de 1988 (CF/88), (BRASIL, 1988), modificou muito em alguns aspectos, o texto dos códigos de Águas. Sendo que o direito de domínio privado da água, presentes em alguns trechos daquele antigo diploma legal foi substituído passando todos os corpos de água a ser de domínio público, Assim, os antigos proprietários de poços, lagos ou qualquer outro corpo de água passaram à condição de meros detentores dos direitos de uso dos recursos hídricos caso obtenham a necessária outorga prevista em lei (COSTA, 2010).

O inciso III, do artigo 20 da CF/88 prescreve que são bens da União “os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham”.

O artigo 26 da CF/88 define como bens dos Estados, “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes e emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”. Houve uma considerável ampliação do domínio hídrico dos Estados, que passaram ter entre seus bens as águas subterrâneas, anteriormente sem titular definido.

A CF/1988 é de grande importância com relação a mudança de concepção sobre o meio ambiente e de sua proteção legal, onde o legislador estabeleceu em seu diploma legal, no capítulo destinado ao Meio Ambiente, conforme o caput do artigo 225, onde dispõe que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

A Constituição Federal repartiu a gestão de recursos hídricos com a divisão dos domínios das águas entre a União, os Estados e o Distrito Federal, deixando a competência para legislar sob o domínio apenas da União.

3.2 Política Nacional de Recursos Hídricos

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Recursos Hídricos, definida na Lei nº 9.433/1997, a chamada “Lei das Águas”. A PNRH estruturou, orientou e modernizou a gestão dos recursos hídricos, onde obteve avanços significativos no Brasil. Ela prevê que a gestão da água não deve dissociar aspectos de quantidade e qualidade, devendo considerar a diversidade geográfica e socioeconômica das diferentes regiões do País, o planejamento dos setores usuários e os planejamentos regionais, estaduais e nacional, além da integração com a gestão ambiental, do uso do solo, sistemas estuarinos e zonas costeiras (ANA, 2017). A PNRH baseia-se nos seguintes fundamentos:

Art. 1º I – a água é um bem de domínio público; II – um recurso natural limitado, e dotado de valor econômico; III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades (BRASIL, 1997).

O primeiro fundamento da PNRH é a natureza pública da água, inalienáveis, sendo permitida apenas a sua utilização. Dessa forma, prevalece que inexistem águas de propriedade particular no Brasil, uma vez que está previsto expressamente na lei 9.433/1997 como bem de domínio público. O Modelo adotado pela Política Nacional e pelas Políticas Estaduais preconiza a gestão integrada dos usos múltiplos da água, tendo por base a bacia hidrográfica. Propõe um modelo descentralizado e participativo baseado na criação de comitês de bacia compostos por representantes de órgãos dos diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal), dos usuários de água e das entidades não governamentais da sociedade civil.

A mesma Lei em seu artigo 2º, ainda destaca que são objetivos da PNRH:

I-assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II- a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III- a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais;

IV-incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais (BRASIL, 1997).

Segundo Amado (2011), constata-se a existência de uma preocupação da legislação federal para com a disponibilidade da água de boa qualidade para as futuras gerações mediante sua utilização sustentável, ou seja, o uso dos recursos hídricos deve estar em consonância com o princípio da economicidade, que por sua vez considera a limitação do processo natural de renovação da água em seu ciclo hidrológico.

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3.2.1 Instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos

Para a concessão de outorga de uso dos recursos hídricos em um determinado trecho de curso d’água, é fundamental observar a classe de uso em que este se encontra enquadrado, definida preferencialmente no plano de recursos hídricos. O plano é instrumento de planejamento que orienta em grande medida a aplicação dos instrumentos por sua grande influência em todos eles. O cadastramento de usuários e a fiscalização do uso dos recursos hídricos, por sua vez, são ações de gestão que subsidiam uma eficiente aplicação dos instrumentos de gestão, especialmente a outorga e a cobrança (ANA, 2017). A Figura 1 demonstra isso:

Figura 1 – Instrumentos de gestão dos recursos hídricos

Fonte: ANA (2017)

Os instrumentos da PNRH da figura acima, se inter-relacionam entre si e são 5: os planos de recursos hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes, a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; a cobrança pelo uso de recursos hídricos; a compensação a municípios; e o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos. Abordaremos a Outorga de direito de uso de recursos, que é tema de nosso estudo.

3.3 A Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

(27)

órgão governamental confere a terceiros uma determinada disponibilidade hídrica para fins determinados, e por certo intervalo de tempo”.

A outorga “é o instrumento pelo qual o poder público atribui ao interessado, público ou privado, o direito de utilizar privativamente o recurso hídrico” (GRAZIERA, 2001, p.180).

O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Instrução Normativa nº 4, de 21 de junho de 2000, assim define esse instrumento: “[...] ato administrativo, de autorização, mediante o qual o Poder Público outorgante faculta ao outorgado o direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato” (BRASIL, 2000a). Outorga de um recurso hídrico nada mais é que a autorização do poder público para que um determinado sujeito, público ou privado, se utilize privativamente do recurso hídrico.

Com o advento da Lei n.º 9.984/2000 (BRASIL, 2000) em seu artigo 4º, inciso IV, que estabelece como sendo da ANA a competência para outorgar por intermédio de autorização, o direito de uso dos recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, não restou margens a dúvidas quanto à natureza da outorga no que tange a ser uma autorização ou concessão de serviço público. Portanto, a natureza jurídica da outorga de direito de uso da água é de ato administrativo de autorização.

Pompeu (1992, p.173) define a autorização administrativa como “ato administrativo discricionário, pelo qual se faculta a prática de ato jurídico ou de atividade material, objetivando atender diretamente ao interesse público ou privado, respectivamente, de entidade estatal ou de particular, que sem tal outorga seria proibida”.

A Lei nº 9.433/97, no inciso X, artigo 35, dispõe que compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos e para a cobrança por seu uso. Neste contexto foi editada aResolução CNRH no 16, de 08 de maio de 2001, que estabeleceu critérios gerais para a outorga de direito de uso de recursos hídricos, estabelecendo também critérios para emissão dos atos administrativos pela autoridade outorgante. De acordo com a referida resolução, para a emissão das outorgas preventivas e de direito de uso deverão ser observadas as prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos, a classe em que o corpo de água estiver enquadrado, a preservação dos usos múltiplos previstos, a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso, e demais restrições impostas pela legislação (ANA, 2013).

Segundo o artigo 5º, inciso III da Lei nº 9.433/97, que trata da gestão desses recursos, a outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos instrumentos da Política Nacional de

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Recursos Hídricos, o que tem um significado importante para o uso dos recursos. (BRASIL, 1997). A seguir serão apresentados alguns artigos que regulamentam uma série de aspectos relacionados ao instrumento de outorga.

Os objetivos da outorga estão previstos no artigo 11 da mencionada Lei, que diz: “O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água”.

No artigo 12 da Lei nº 9.433/97, os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga são:

I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; II - extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.

Neste mesmo artigo, em seu §1º, estabelece os usos de recursos hídricos que independem de outorga, considerando-se um caso de dispensa:

I - o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;

II - as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes; III - as acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

O artigo 13 daquela Lei menciona que toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. E no parágrafo único a previsão de que a outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.

Com relação aos procedimentos referentes à obtenção da outorga dos recursos hídricos, no artigo 14 a lei definiu que a outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal. E no § lº estabelece que o Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

De acordo com a suspensão da outorga de direito de uso de recursos hídricos, o artigo 15 da Lei nº 9.433/97 previu que poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:

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I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água.

Conforme o artigo 16, toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo não excedente a trinta e cinco anos, renovável, ainda que possa haver renovação, suspensão, revogação e até sua transferência para terceiros (ANA, 2013).

Já o artigo 18 da lei, diz que a outorga não implica a alienação parcial das águas, que são inalienáveis, mas o simples direito de seu uso.

Com relação a cobrança pelo uso de recursos hídricos, o artigo 20, caput da Política Nacional de Recursos Hídricos especifica que os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, serão cobrados conforme o estabelecido no artigo 12 da referida política, pois é através da outorga que o órgão detentor do poder outorgante pode assegurar o controle quantitativo e qualitativo da água e tendo em vista que a água é um bem público, a cobrança pelo seu uso deve ser também exercida pelo detentor do poder outorgante.

No artigo 29 da Lei nº 9.433/97 e seguintes encontramos a competência para outorga de recursos hídricos. O Poder Executivo Federal: outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência e, indicará, por decreto, a autoridade responsável pela efetivação de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos sob domínio da União. Os Poderes Executivos Estaduais e do Distrito Federal: na sua esfera de competência outorgar os direitos de uso de recursos hídricos e regulamentar e fiscalizar os seus usos.

Com relação a infrações e penalidades da outorga do direito de recurso hídrico está previsto nos artigos 49 e 50 da Lei nº 9.433/97, respectivamente, que definiu que constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso; utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; e as penalidades como: advertência por escrito; multas que podem alcançar os dez mil reais, dependendo da gravidade da falta cometida; embargo, provisório ou definitivo, além da reposição, no seu antigo estado, dos recursos naturais degradados por força da infração cometida.

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3.4 Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH

A previsão constitucional do artigo 21, inciso XIX, determina que é de competência da União instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (BRASIL, 1988).

As instituições do SINGREH possuem diferentes naturezas jurídicas e têm funções distintas, podendo ser deliberativas (Conselhos de Recursos Hídricos e Comitês de Bacias) ou operacionais (Órgãos Gestores e Agências de Água) (ANA, 2017 p. 89). Nesse contexto, e considerando que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades, o SINGREH é a reunião de todos os órgãos e entidades que atuam na gestão dos recursos hídricos.

Embora autônomos, União, Estados, Distrito Federal e Municípios são, nas palavras de Machado (2013), “obrigatoriamente integrados” ao SINGREH. Para o referido autor, “a gestão das águas é descentralizada no Sistema Nacional de Recursos Hídricos, mas não pode ser antagônica e descoordenada”. Assim, União. Estados, Distrito Federal e Municípios são autônomos e, ao mesmo tempo, obrigatoriamente integrados no SINGREH.

O SINGREH é composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, pela Agência Nacional de Águas (ANA), pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH), pelos Órgãos gestores de recursos hídricos estaduais (Entidades Estaduais), pelos Comitês de Bacia Hidrográfica e pelas Agências de Água (art. 33 da Lei 9433/97), conforme disposto na Fig. 2:

Figura 2 – Matriz institucional dos integrantes do SINGREH

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O CNRH é composto por representantes dos Ministérios e Secretaria da Presidência da República; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, representantes dos usuários e das organizações civis de recursos hídricos (BRASIL, 1997).

O CNRH segundo Ana (2017), é o órgão consultivo, normativo e deliberativo que ocupa a instância mais alta na hierarquia do SINGREH. A presidência do CNRH é gerido por um Presidente, que é o Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional e um Secretário-Executivo, que é o titular do órgão integrante da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Regional, responsável pela gestão dos recursos hídricos (art. 36 I e II da Lei 9433/97). Segundo ANA (2017, p.90) “o Plenário do CNRH é composto por 57 conselheiros, com mandato de 3 anos, que representam o Governo Federal, as Unidades de Federações (Ufs), os usuários de água e as organizações civis”.

A ANA, de acordo com o artigo 3º da Lei 9.984/2000 (BRASIL, 2000), é uma autarquia que possui autonomia administrativa, como também financeira, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, devendo implementar a PNRH do SINGERH, cabendo, conforme o seu artigo. 4º:

[ ]

IV – outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, observado o disposto nos arts. 5o, 6o, 7o e 8o;

V – fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União; [ ]

XIV – organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos;

[ ]

XVI – prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos. [...]

O Comitê de Bacia Hidrográfica (CBH) é um fórum de debates para a tomada de decisões sobre questões relacionadas à gestão dos recursos hídricos de uma bacia hidrográfica específica. Os CBHs estão estruturados para promover a gestão participativa e descentralizada dos recursos hídricos, atuando no fomento à implementação dos instrumentos de gestão, da negociação de conflitos pelo uso da água e da promoção dos diferentes usos da água na bacia e são conhecidos como “parlamentos da água” e sua composição inclui entes do Poder Público e da sociedade civil (ANA, 2017).

Parte integrante do SINGREH, as Agências de Água ou de Bacia são entidades técnicas e executivas que atuam em apoio aos comitês, aportando subsídios ao planejamento e à gestão dos usos da água. Atuam na elaboração dos planos de recursos hídricos e na administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança e suas atividades são supervisionadas pelos

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respectivos CBHs a que estão vinculadas. As agências de água ainda não foram regulamentadas pelo Governo Federal (ANA, 2017).

É importante a integração de ações entre os entes federativos (União e Estados) estabelecida pelo domínio dos corpos d'água. O avanço no processo de gestão da água no Brasil depende de um eficiente sistema de gestão estadual. Em virtude disso e para fortalecer os sistemas estaduais de gestão, foi criado em 2013, o Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (Progestão) que visa fortalecer os Sistemas Estaduais de Gerenciamento de Recursos Hídricos com vistas a intensificar o processo de articulação e ampliar os laços de cooperação institucional no âmbito do SINGREH

O próximo item a seguir, faz uma análise da Política e do Sistema de Gerenciamento

de Recursos Hídricos do Estado do Pará, aos instrumentos presentes na legislação estadual, enfatizando os avanços que houve, com ênfase na Outorga de direito de uso de recursos hídricos.

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4 POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS NO ESTADO DO PARÁ

Em 2001, o Estado do Pará estabeleceu a Política e o Sistema de Gerenciamento Estadual dos Recursos Hídricos (SIGERH), lei 6.381/2001, sendo um dos últimos da federação a legislar suas águas através dos preceitos básicos acordados com a legislação federal. Ressalta-se que houve legislação anterior regulando a matéria: lei 5.793/94, que instituiu a política minerária e hídrica, atrelando o uso minerário como prioritário aos recursos hídricos, inclusive mencionando nos objetivos apenas demandas do setor, não entrando em questões referentes ao direito do cidadão, a água em qualidade e quantidade suficientes à manutenção da sadia qualidade de vida, preceitos do artigo 225 da CF/1988 (PARÁ, 2012a).

Apesar deste marco, institucionalmente a PERH só passou a ser implantada a partir da Lei n° 7.026 de 30 de julho de 2007, com a criação da Diretoria de Recursos Hídricos (DIREH) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA (PARÁ, 2012a), alterada pela Lei Estadual nº 8.096, de 01 de janeiro de 2015, que acrescentou sustentabilidade, ficando, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS).

De acordo com artigo 1º, a Política Estadual de Recursos Hídricos tem por objeto as águas superficiais, subterrâneas e meteóricas, em conformidade com os seguintes princípios:

I – a água é um bem de domínio público;

II – a água é um recurso natural limitado, dotado de função social e de valor econômico;

III – o uso prioritário da água é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV – a adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial para implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

V – o planejamento e a gestão dos recursos hídricos realizados de forma a: a) ser compatível com as exigências do desenvolvimento sustentável; b) assegurar os usos múltiplos das águas; c) descentralizar, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades; d) considerar as interações do ciclo hidrológico entre as águas superficiais, subterrâneas e meteóricas; e) considerar os aspectos econômicos, sociais e ambientais na utilização da água no território do estado do Pará (PARÁ, 2001).

A Política Estadual dos Recursos Hídricos em muito se assemelha à Política Nacional dos Recursos Hídricos, já que esta é o instrumento jurídico norteador daquela. Entretanto, existem algumas peculiaridades da Lei Estadual conforme as necessidades do Estado do Pará. Os princípios da Lei 6.381/2001 são os mesmos fundamentos elencados na Lei 9.433/1997, tanto no que concerne à dominialidade pública da água, ao valor econômico a ela atribuído, à finitude do recurso, às prioridades de uso em caso de escassez, à definição da bacia hidrográfica como unidade territorial para implementar a Política Hídrica e à descentralização e gestão

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participativa dos recursos hídricos. Todavia, a Lei Estadual acrescenta que o planejamento e a gestão dos recursos hídricos devem ser realizados de forma a considerar os aspectos econômicos, sociais e ambientais na utilização da água (artigo1º, V, e) (DIAS et al., 2017).

Por outro lado, os objetivos da PERH estão dispostos no artigo 2º da Lei nº 6.381/2001:

I – assegurar à atual e às futuras gerações a disponibilidade dos recursos hídricos, na medida de suas necessidades e em padrões qualitativos e quantitativos adequados aos respectivos usos;

II – o aproveitamento racional e integrado dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III – a proteção das bacias hidrográficas contra ações que possam comprometer o seu uso atual e futuro;

IV – o controle do uso dos recursos hídricos;

V – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais (PARÁ,2001).

Segundo Dias et al. (2017), quanto aos objetivos, a Lei Estadual elenca os mesmos da Lei 9.433/97 que são: assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável; a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais acrescenta dois que são: a proteção das bacias hidrográficas contra ações que possam comprometer o seu uso atual e futuro e o controle do uso dos recursos hídricos, dada importância legislativa que o poder executivo paraense confere à proteção da qualidade e quantidade da água quanto aos seus usos e ao instrumento da Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos para efetivar o Princípio da Prevenção Ambiental.

A Lei Estadual 6.381/2001 trata no Título III sobre as águas subterrâneas incluindo os artigos 64 a 77 e dispõe no artigo 64 que “para efeito desta Lei, são consideradas águas subterrâneas as que ocorrem natural ou artificialmente no subsolo, de forma suscetível de extração e utilização” (PARÁ, 2001). Conforme o artigo 66 da citada lei acima, as áreas de proteção e controle dos aquíferos classificam-se em:

I – Área de Proteção Máxima – compreendendo, no todo ou em parte, zonas de recarga de aquíferos altamente vulneráveis à poluição e que se constituam em depósitos de águas essenciais para o abastecimento público;

II – Área de Restrição e Controle – caracterizada pela necessidade de disciplina das extrações, controle máximo das fontes poluidoras já implantadas e restrição a novas atividades potencialmente poluidoras;

III – Área de Proteção de Poços e Outras Captações – incluindo a distância mínima entre poços e outras captações e o respectivo perímetro de proteção.

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4.1 Instrumentos da Política Estadual dos Recursos Hídricos

Os instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos de 2001, são os mesmos da Lei Federal, acrescentado de dois ao da Política Nacional, que são a capacitação, desenvolvimento tecnológico e educação ambiental e o da compensação aos municípios, que teve regulamentação vetada na Lei Federal. O Quadro 1, a seguir, faz a comparação entre os instrumentos de gestão.

Quadro 1 – Comparação entre os instrumentos de gestão presentes na Lei Federal n° 9.433/1997 e na Lei

Estadual n° 6.381/2001.

Instrumentos da política nacional de recursos hídricos Instrumentos da política estadual de recursos hídricos

Art. 5° São instrumentos da política nacional de recursos hídricos:

Art. 5° São instrumentos da política estadual de recursos hídricos:

I – os planos de recursos hídricos;

II – o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; IV – a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V – a compensação aos municípios (vetado);

VI- sistema estadual de informações sobre recursos hídricos.

I- os planos de recursos hídricos;

II- o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da agua;

III – a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV- a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; V – a compensação aos municípios;

VI- sistema estadual de informações sobre recursos hídricos;

VII – a capacitação, desenvolvimento tecnológico e educação ambiental.

Fonte: Brasil (1997) e Pará (2001)

Ressalte-se ainda que, apesar da Lei Estadual n° 6381/2001 ter a maior parte dos seus principais instrumentos regulamentados, porém ainda existem pendências (PARÁ, 2012a), assim, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), tem regulamentado através de suas resoluções, algumas lacunas da lei. Esses instrumentos serão analisados na sequência a seguir, considerando principalmente se os mesmos foram efetivamente implementados.

4.1.1 Planos de Recursos Hídricos

De acordo com o artigo 5º da Lei 6.381/2001, os Planos de Recursos Hídricos são Planos Diretores elaborados por bacia hidrográfica e para o Estado, que visam fundamentar e orientar a implementação do PERH e o gerenciamento dos recursos hídricos submetendo-o ao CERH.

Ainda de acordo com a citada Lei, artigo 8º os Planos de Bacias Hidrográficas serão elaborados pelas respectivas Agências de Bacias Hidrográficas, com atualizações periódicas de no máximo quatro anos, e aprovados pelo respectivo Comitê de Bacia Hidrográfica:

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§ 1º. Na inexistência da Agência de Bacia Hidrográfica, os Planos de Bacias

Hidrográficas poderão ser elaborados pelo órgão gestor dos recursos hídricos do Estado e aprovados pelos respectivos Comitês.

§ 2º. Na inexistência do Comitê de Bacia, os Planos de Bacias Hidrográficas poderão se aprovados pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (PARÁ/2001).

No entanto, o Plano Estadual de Recursos Hídricos, estratégico para o direcionamento Política Estadual e para a gestão dos recursos hídricos, ainda não se encontra implementado no Estado do Pará. Segundo Nascimento (2019), “o Plano Estadual de Recursos Hídricos está em fase de elaboração pela Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos – COBRAPE e SEMAS, com sua conclusão prevista em maio de 2020”.

4.1.2 Enquadramento dos Corpos de Água em Classes, segundo os Usos Preponderantes da Água.

O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água (art. 9° da Lei Estadual n° 6.381/2001) visa:

I – assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas;

II – diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes (PARÁ, 2001).

De acordo com as diretrizes ambientais para o Enquadramento, o artigo 38 da Resolução 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), dispõe: “O enquadramento dos corpos de água dar-se-á de acordo com as normas e procedimentos definidos pelo CNRH e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos”(BRASIL, 2005).

Segundo o artigo 42 da citada resolução acima, enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe mais rigorosa correspondente. Segundo Pará (2012), o Estado do Pará não possui suas águas enquadradas, sendo desta forma consideradas como classe 2.

4.1.3 Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos no Pará

No Estado do Pará, a Lei n° 6.381 que dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e instituiu o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos, entrou em vigor em 25 de julho de 2001. Dos instrumentos que estão dispostos na Política Estadual de Recursos Hídricos, a Outorga de Direito de Uso dos recursos Hídricos foi implantada no Estado

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no ano de 2008, por meio da Resolução nº 003, de 03 de setembro de 2008 do CERH (PARÁ, 2008a), do Decreto Estadual Nº 1.367, de 29 de outubro de 2008 (PARÁ, 2008) e na Instrução Normativa da SEMA nº 003, de 26 de março de 2014 (PARÁ, 2014a), afim de realizar a gestão das águas, tendo como unidade de planejamento a bacia hidrográfica, sempre em consonância com as diretrizes gerais conferidas pela Legislação Federal nº 9.433 de 1997 ou seja, é um instrumento com amplo amparo legal e que dá ao outorgado plenas garantias de direito de acesso e de uso de recursos hídricos (PARÁ, 2014b).

A Resolução nº 10, de 03 de Setembro de 2010 do CERH (PARÁ, 2010a), que dispõe sobre os critérios para análise de Outorga Preventiva e de Direito de Uso de Recursos Hídricos, em seu artigo 5º, leciona que as modalidades de outorgas são:

* Outorga Prévia: confere ao seu titular expectativa de direito de uso de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos e são indicadas para empreendimentos não implantados, que estão em fase de planejamento e para perfuração de poço tubular; * Outorga de Direito: ato administrativo em que o Poder Público Outorgante faculta ao Outorgado o uso de recurso hídrico, superficiais ou subterrâneos por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respectivo ato. Deverá ser requerida pelos empreendimentos já existentes;

* Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica – DRDH: aplicada ao processo de concessão, autorização e permissão do setor elétrico e deverá ser solicitado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (PARÁ, 2014).

De acordo com Resolução nº 10, de 03 de setembro de 2010 do CERH, existem outras Modalidades Administrativas, as quais constituem:

I – Renovação da Outorga: deve ocorrer 180 dias antes do vencimento do título de outorga, de forma a garantir sua prorrogação até que a nova outorga seja liberada; II – Alteração da Outorga: ocorrem para os casos de mudança de titularidade, alteração de vazão outorgada ou retificação de dados do título;

III – Desistência da Outorga: quando o usuário não tem mais interesse em realizar o uso de recursos hídricos em seu empreendimento;

IV – Suspensão Parcial ou Total da Outorga: pode ser estabelecida pelo órgão outorgante, quando o usuário deixa de cumprir os termos da outorga ou não faz uso de recursos hídricos por mais de três anos consecutivos;

V – Extinção da Outorga: ocorre para os usos que se enquadrem conforme disposto na Alteração da Resolução CERH nº 09/2010 (PARÁ, 2012).

Segundo Nascimento (2019), a Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos, está devidamente implementada no Estado do Pará. Falaremos deste instrumento mais adiante, dada importância do tema na presente dissertação.

Referências

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