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Relatório de Estágio Profissional "Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo"

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Academic year: 2021

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Por mais longa que seja a caminhada o mais

importante é dar o primeiro passo

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei 74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto-Lei 65/2018, de 16 de agosto e do Decreto-Lei nº 43/2007, de 22 de fevereiro.

Orientador: Professor Doutor Cláudio Filipe Guerreiro Farias

Ana Elisa Bessa Menezes Araújo Paiva

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II

Ficha de Catalogação

Paiva, A. (2019). Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo. Porto: A. Paiva. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO-APRENDIZAGEM ESTÁGIO PROFISSIONAL; MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA; MOTIVAÇÃO.

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III

Agradecimentos

Um, OBRIGADA muito especial à minha família! Por estarem sempre presentes ao meu lado nos momentos mais importantes da minha vida. Por me apoiarem e incentivarem todos os dias a ir atrás dos meus sonhos e pelos sacrifícios que fizeram para me ajudarem a concretizar este sonho! Sem eles não conseguia chegar onde estou hoje!

Aos meus alunos, sem eles isto não fazia sentido! Um enorme obrigada, por me terem recebido tão bem, por todas as conversas, por todos os momentos partilhados, e por todos os desafios que me colocaram. Fizeram-me crescer enquanto profissional e enquanto pessoa.

Aos meus colegas do Núcleo de Estágio, Alice Paiva, Rita Falcão e Alberto Senra, pelo companheirismo, brincadeiras, pelo apoio e sobretudo pela paciência que tiveram! Obrigada pela amizade que fomos criando ao longo deste ano, nunca me vou esquecer de vocês e das nossas vivências!

Ao Professor Cooperante, Pedro Cunha, por ter sido incansável, por todos os conselhos transmitidos que me permitiram evoluir, ajudando-me a ser melhor todos os dias. Por me ter acolhido tão bem e por me conduzir nesta longa jornada. Obrigada por tudo!

Ao Professor Orientador, Cláudio Farias, por me orientar tão bem, por toda a disponibilidade, ajuda e preocupação manifestada ao longo deste ano. Obrigada pelos ensinamentos, pelos conselhos, pelo apoio e pela simpatia com que sempre me tratou!

À Escola Secundária de Barcelos, por me ter dado esta oportunidade!

À Comunidade Educativa, por me ter recebido muito bem e me fazerem sentir parte integrante da mesma! Pelo apoio e por toda a confiança depositada em mim e nos meus colegas de estágio!

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IV

E, por fim, não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que, de certa forma, me apoiaram e me incentivaram ao longo deste grande percurso!

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V

Índice

Agradecimentos ... III Índice de Tabelas ... IX Índice de Figuras ... XI Índice de Anexos ... XIII Resumo ... XV Abstract ... XVII Lista de Abreviaturas ... XIX

1. Introdução ... 1

2. Dimensão Pessoal ... 3

2.1. Quem sou eu? ... 3

2.2. Expectativas iniciais ... 6

3. Enquadramento Institucional ... 9

3.1. Entendimento sobre o estágio profissional ... 9

3.2. O primeiro contacto com Estágio Profissional ... 10

3.3. A importância da disciplina de educação física na vida dos alunos 11 3.4. Contexto legal e institucional do estágio profissional ... 13

3.5. Caracterização da escola cooperante: Escola Secundária de Barcelos 15 3.6. Os brincalhões! ... 19

3.7. As baratas tontas! ... 20

3.8. O papel do estudante estagiário, do professor cooperante e do professor orientador ... 22

3.9. Núcleo de estágio: o seu significado! ... 24

4. Realização do estágio profissional ... 27

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e aprendizagem ... 27

4.1.1. Conceção ... 27

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VI 4.1.2.1. A importância do planeamento ... 30 4.1.2.2. Plano anual ... 31 4.1.2.3. Unidade didática ... 34 4.1.2.4. Plano de aula ... 37 4.1.3. A realização ... 40

4.1.3.1. Modelos de ensino: a necessidade de responder a problemas da prática 40 4.1.3.2. Gestão do tempo de aula ... 46

4.1.3.3. Instrução ... 47

4.1.3.4. Apresentação das tarefas ... 49

4.1.3.5. Demonstração e o Questionamento ... 51

4.1.3.6. Feedback ... 52

4.1.3.7. Observação ... 55

4.1.3.8. Avaliação ... 58

4.2. Área 2 – Participação na escola e relação com a comunidade ... 65

4.2.1. Tretatlo ... 66

4.2.2. Corta-Mato ... 66

4.2.3. Torneio Final de Período ... 67

4.2.4. Escola Aberta: atividades desportivas ... 71

4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional: O Modelo de Educação Desportiva influencia na motivação dos alunos? ... 73

4.3.1. Resumo ... 73

4.3.2. Abstract ... 74

4.3.3. Introdução ... 75

4.3.3.1. Motivação ... 76

4.3.3.2. Modelo de Educação Desportiva ... 78

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VII

4.3.4.1. Objetivo Geral e Específicos do estudo ... 79

4.3.5. Metodologia ... 80

4.3.5.1. Desenho do Estudo ... 80

4.3.5.2. Participantes ... 80

4.3.5.3. As unidades de ensino: aplicação do MED ... 80

4.3.5.4. Instrumentos ... 81

4.3.6. Procedimentos de análise ... 83

4.3.7. Apresentação dos Resultados ... 83

4.3.8. Discussão dos Resultados ... 89

4.3.9. Conclusões ... 91

4.3.10. Referências Bibliográficas ... 93

5. Conclusão ... 95

6. Referências bibliográficas ... 97 Anexos ... XXI

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IX

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Momentos em que foram aplicados os questionários nas três turmas,

referente às duas modalidades ... 82

Tabela 2 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação,

regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de andebol . 83

Tabela 3 - Valores de médias e desvio padrão referentes à amotivação,

regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada, motivação intrínseca, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de basquetebol ... 84

Tabela 4 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à

satisfação, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de andebol 85

Tabela 5 - Valores de médias e desvio padrão referentes ao esforço e à

satisfação, nos dois momentos de avaliação na unidade didática de basquetebol ... 85

Tabela 6 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no

pré-teste, na unidade didática de andebol ... 86

Tabela 7 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no

pós-teste, na unidade didática de andebol ... 86

Tabela 8 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no

pré-teste, na unidade didática de basquetebol ... 88

Tabela 9 - Correlações de Spearman referente aos resultados obtidos no

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XI

Índice de Figuras

Figura 1 - Localização geográfica ... 15

Figura 2 - Escola Secundária de Barcelos ... 16

Figura 3 - Pavilhão desportivo ... 17

Figura 4 – Multiusos ... 17

Figura 5 - Campo exterior 1 ... 17

Figura 6 - Campo exterior 2 ... 18

Figura 7 - Sala de musculação ... 18

Figura 8 - Roulement ... 18

Figura 9 - Turma residente ... 19

Figura 10 - Turma partilhada ... 20

Figura 11 - Núcleo de Estágio ... 25

Figura 12 - Evento culminante ... 43

Figura 13 - Cartaz ... 68

Figura 14 - Tabela de pontuação e calendário ... 69

Figura 15 - Futebol e Voleibol ... 69

Figura 16 – Basquetebol... 70

Figura 17 - Medalhas ... 70

Figura 18 - Vencedores do torneio final de período ... 71

Figura 19 - Mapa de rotações ... 72

Figura 20 - Escola Aberta: atividades desportivas ... 72

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XIII

Índice de Anexos

Anexo 1 - Distribuição de matérias ... XXI Anexo 2 - Plano anual ... XXII Anexo 3 - Constituição das equipas ... XXIII Anexo 4 - Grelha de observação ... XXIV Anexo 5 - Grelha de observação sobre a atividade dos alunos... XXVI Anexo 6 - Grelha de observação sobre o contexto de aula ... XXVII Anexo 7 - Folha de inscrição ... XXVII Anexo 8 - Folha de pontuação ... XXVII

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XV

Resumo

O Estágio Profissional insere-se no plano de estudos do 2º ano do Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, apresenta-se como a última etapa de formação inicial e é onde o estudante estagiário é, pela primeira vez, confrontado com a realidade. É neste confronto que todo o conhecimento académico adquirido no decurso da formação inicial irá ser colocado em prática, o Relatório de Estágio espelha o percurso de uma estudante-estagiária, apresentando as diversas aprendizagens e experiências vividas numa escola do concelho de Barcelos. O presente documento está estruturado em cinco capítulos: o primeiro capítulo diz respeito à introdução. O segundo, à dimensão pessoal, onde relata a minha história de vida e as vivências que me influenciaram nesta escolha profissional. No terceiro, no enquadramento institucional, reflito sobre o papel do estágio e a importância da disciplina de educação física na vida dos alunos, retrato o estágio profissional a nível legal e institucional, apresento a escola cooperante, assim como caracterizo as minhas turmas e refiro o papel do estagiário, do professor cooperante, do professor orientador e qual o significado do núcleo de estágio. O quarto capítulo, a realização do estágio profissional, organiza-se em torno de três grandes áreas: área 1 – organização e gestão do ensino e aprendizagem, que evidencia temas como a conceção, o planeamento, a realização, a observação e a avaliação; área 2 – participação na escola e relação com a comunidade, que incorpora todas as atividades realizadas pelo estagiário para a comunidade educativa; área 3 – desenvolvimento profissional, agrega o estudo de investigação intitulado “O Modelo de Educação Desportiva influencia na motivação dos alunos?”. Por último, no quinto capítulo, faço um balanço final deste ano, destacando o que foi para mim ser professora e a importância desta experiência na minha vida profissional, bem como as minhas expectativas para o futuro.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ENSINO-APRENDIZAGEM ESTÁGIO PROFISSIONAL; MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA; MOTIVAÇÃO.

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XVII

Abstract

The Professional Internship is inserted in the study plan of the second year of the Master’s Degree in Teaching in Physical Education in Primary and Secondary Education, from FADEUP. It presents itself as the last step of initial training, and it’s where the intern is confronted with the real world for the first time. It’s within this confrontation that all the academic knowledge acquired throughout the initial training is going to be put into practice. The Internship Report mirrors the path of an intern by presenting different learnings and experiences lived at a school in the district of Barcelos. This document is structured in five chapters: the first chapter is the introduction. The second is related to the personal dimention where I talk about my life experience and what has influenced me to choose this profession. The third, the institutional framework, I mention the role of the intern and the importance of Physical Education in students’ lives. I portrait the Professional Internship on a legal and institutional level, I present the cooperating school as well as my classes, keeping in mind the role of the intern, the cooperating professor, the thesis advisor and the meaning of the internship group. The fourth chapter, the execution of the professional internship, is organised around three major areas: area 1 – organisation and management of teaching and learning which highlights themes such as conception, planning, performance, observation and evaluation; area 2 – participation in the school and relationship with community which incorporates all the activities performed by the intern for the educational community; area 3 – professional development which includes the investigation study “Does the model of Sports Education influences students’ motivation?”. Finally, the fifth chapter where I give my final balance of this year emphasising what was for me being a teacher and the importance of this experience in my professional life as well as my expectations for the future.

KEY-WORDS: PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-LEARNING, PROFESSIONAL INTERNSHIP, SPORT EDUCATION MODEL, MOTIVATION.

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XIX

Lista de Abreviaturas

AD - Avaliação Diagnóstica

AEB – Agrupamento de Escolas de Barcelos AF – Avaliação Formativa AS – Avaliação Sumativa EC – Escola Cooperante EE – Estudante Estagiário EF – Educação Física EP – Estágio Profissional

ESB – Escola Secundária de Barcelos

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto FB – Feedback

MAPJ – Modelo de abordagem progressiva ao jogo MED - Modelo de Educação Desportiva

MID – Modelo de Instrução Direta NE – Núcleo de Estágio

PC – Professor Cooperante

PES – Prática de Ensino Supervisionada PO – Professor Orientador

UD – Unidade Didática

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1. Introdução

O presente documento, é designado por Relatório de Estágio (RE), foi elaborado no âmbito da unidade curricular do Estágio Profissional (EP), inserida no 2º ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física (EF) nos Ensinos Básico e Secundário, pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Este documento, narra as experiências e vivências do Estudante Estagiário (EE) ao longo do ano letivo.

A prática de ensino supervisionada (PES), decorreu numa escola cooperante (EC), situada no concelho de Barcelos, distrito de Braga, com um núcleo de estágio (NE), constituído por mais três colegas, tendo o nosso acompanhamento sido realizado por dois professores: o professor cooperante (PC), da escola e o professor orientador (PO), da faculdade. O facto de estarmos constantemente juntos, fez com que fosse criada uma ligação forte entre nós, isto levou a que houvesse momentos de partilha, de preocupações e conhecimentos relacionados com a disciplina, havendo sempre um sentimento de entreajuda uns com os outros, lutando em prol do mesmo objetivo.

Segundo Nóvoa (2009), é importante construir uma formação de professores dentro da profissão. O EP enquanto espaço de formação, configura-se como o terreno privilegiado para o início dessa construção pessoal. A necessidade do EP se desenrolar em espaço real de exercício é considerada determinante, pois é através deste contacto que o EE conhece os contornos da profissão. Tornando-se, pouco a pouco um membro dessa comunidade educativa (Batista et al., 2012). Segundo Falkenbach (2002) o EP é considerada uma etapa de extrema importância para o EE, porque permite uma aproximação profissional com os alunos, vivenciando os seus comportamentos, as suas necessidades e os seus desejos, componentes reais, pouco presentes durante o primeiro ano de mestrado. De acordo com Queirós (2014) o EP é um momento de excelência de formação e reflexão, uma vez que os saberes teóricos da formação inicial são confrontados com os saberes práticos. O EP possibilita ao EE aplicar os seus conhecimentos, tanto práticos como teóricos no contexto real da profissão.

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Durante este ano letivo (2018/2019) tive a meu cargo duas turmas, uma turma residente do 9º ano e uma turma partilhada do 5º ano. Ao longo deste ano conjuntamente com os meus colegas do NE e com o grupo de EF realizei algumas atividades desportivas.

Com o intuito de espelhar as minhas experiências e vivências ao longo do EP, o presente documento está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo diz respeito à introdução, onde é contextualizado o presente documento, apresentando um breve enquadramento do EP e fazendo uma caracterização do que foi o meu EP, bem como a estrutura do RE. O segundo corresponde à dimensão pessoal, onde relata um pouco sobre a minha história de vida e as vivências que me influenciaram nesta escolha profissional. No terceiro, enquadramento institucional, reflito sobre o papel do EP e a importância da disciplina de EF na vida dos alunos, retrato o EP a nível legal e institucional, apresento a escola onde realizei o meu EP, faço uma caracterização das minhas turmas e por fim, reflito sobre o papel do EE, do PC, do PO e qual o significado do NE. O quarto capítulo, a realização do estágio profissional, organiza-se em torno das três áreas de desempenho apresentadas no regulamento da unidade curricular Estágio Profissional. Assim este capítulo divide-se em três grandes áreas: área 1 – organização e gestão do ensino e aprendizagem, que evidência temas como a conceção, o planeamento, a realização, a observação e a avaliação; área 2 – participação na escola e relação com a comunidade, que incorpora todas as atividades realizadas pelo EE para a comunidade educativa; área 3 – desenvolvimento profissional, agrega o estudo de investigação intitulado “O Modelo de Educação Desportiva influencia na motivação dos alunos?”. Por último, no quinto capítulo, faço um balanço final deste ano destacando o que foi para mim ser professora e a importância desta experiência na minha vida profissional, bem como as minhas expectativas para o futuro.

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2. Dimensão Pessoal

A identidade profissional de cada EE começa a desenvolver-se quando estes se candidatam a cursos ligados à formação de professores, onde obtém conhecimento sobre o que é ser professor de EF. Segundo Dubar (1997) a identidade profissional é um processo de construção, influenciada pelas experiências e vivências do EE ao longo da sua vida. Esta identidade profissional começa a ser construída antes da formação de cada indivíduo com a socialização antecipatória (Flores & Day, 2006). Este processo de construção não termina após a sua formação inicial, permanecendo assim ao longo da sua carreira (Albuquerque et al., cit. por Gomes et al., 2014).

A socialização antecipatória, é um fenómeno que se desenvolve pelas experiências vividas ao longo da nossa infância, sendo responsável pelas escolhas que cada um toma, influenciando de certa forma na escolha da nossa profissão, neste sentido cada um irá acabar por escolher a profissão com que mais se identifica e se sente atraído (Costa et al., 2011).

Neste entendimento, Gomes et al. (2014) confirmam que uma das razões principais que levam os EE a escolher a área da docência como profissão, sobretudo como professores de EF, é devido ao gosto pelo desporto e às vivências e experiências que tiveram em contextos desportivos. No estudo desenvolvido por Costa et al. (2011) uma professora apresentou as razões que a levou a escolher a área da docência como profissão. As razões foram, então: a identificação que esta tinha com um antigo professor de EF e com o desporto; as manifestações que os pais apresentavam sobre a sua competência para o desporto; e principalmente, devido às suas vivências positivas nas aulas de EF.

2.1.

Quem sou eu?

O meu nome é Ana Elisa Bessa Menezes Araújo Paiva, sou de nacionalidade Portuguesa, tenho 23 anos e nasci a 17 de novembro de 1995. Nasci em Braga na Clínica Santa Tecla, mas resido em Barcelos, mais conhecida como “a cidade do galo”. Em documentos antigos referentes a esta cidade monumental, encontram-se expressões como “Coração do Minho” ou “Princesa do Cávado”, nomes encontrados para designar Barcelos. Porém, também, tenho

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um carinho especial pela cidade da Póvoa de Varzim, como se fosse a minha segunda casa. Quanto à minha família, tenho duas irmãs, a Paula Sofia, a mais velha, formada há um ano no curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia do Porto, e a Alice, a minha irmã gémea, que ainda hoje fazemos tudo juntas, tanto a nível académico como desportivo.

Desde que eu me lembro de andar, correr, saltar e brincar, a PAIXÃO pelo desporto já se fazia sentir, os meus tempos livres eram passados a jogar à bola, para todo o lado que ia, levava sempre uma bola de futebol debaixo do braço. Relembrando assim os meus tempos de infância, sempre tive a liberdade de brincar na rua, pois tinha o privilégio de ter um “ringue” atrás de casa onde podia jogar futebol, jogar às caçadinhas, jogar basquetebol. Na escola, durante os intervalos estava sempre com os meus amigos a jogar à bola. Quando não havia uma bola de futebol, tínhamos sempre no “bolso” outros planos, como jogar futebol sem bola, saltar à corda, entre muitas outras atividades. Ainda durante a minha infância, muitos dos fins de semana eram passados na casa da minha avó, onde eu e a minha irmã gémea mais alguns vizinhos construíamos campos de futebol nos jardins da casa e assim passamos as tardes a jogar à bola. Por essa razão, às vezes pergunto-me: - “o que seria da minha vida sem o desporto!?” O desporto sempre me cativou e sempre foi uma parte integrante da minha vida, foi através das vivências e experiências que tive no desporto, que desenvolveu em mim um espírito de entrega, de superação, de dedicação e de persistência, ajudando-me a ser uma pessoa melhor todos os dias.

Ao longo de toda a minha vida pratiquei desporto e sempre consegui conciliar com os estudos. É uma ideia errada, quando dizem que é difícil conciliar os estudos com a prática desportiva, só depende da aspiração e motivação de cada um de nós.

O meu sonho em pequena era ser jogadora de futebol, mas nessa altura existiam poucas equipas para jogar, então optei pela natação, tive a sorte de ter as piscinas municipais em frente a casa, foram perto de cinco anos de prática. Após estes cinco anos, o meu sonho começava a tornar-se realidade através do início de uma academia de futebol mesmo em frente a casa, só que o meu percurso enquanto jogadora de futebol não durou muito tempo, após dois anos

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a academia terminou, impedindo-me assim de continuar a jogar. Mas quando pensava que estava tudo perdido, apareceu uma “luz ao fim do túnel”. Um dia, eu e a minha irmã gémea fomos buscar o nosso primo ao Basquete Clube de Barcelos e foi aí que despertou em mim o gosto por uma nova modalidade, o basquetebol.

Durante sete anos pratiquei basquete no clube de Barcelos, onde tive a sorte de fazer grande parte da minha formação. Ao fim destes sete anos e devido ao ingresso na faculdade, tive que optar por outro clube e foi assim que fui jogar para o Clube Desportivo da Póvoa, durante quatro anos. Foram quatro anos muito exigentes, pois tinha de conciliar os treinos com a faculdade. Mas tive momentos muitos bons como: a subida à 1º Divisão e momentos piores, no último ano, tivemos a infelicidade de descer. Contudo, levo amizades para a vida, aprendi imenso enquanto jogadora e sobretudo enquanto pessoa.

Durante estes quatro anos também tive o privilégio de passar pelo mini basket como treinadora, foi um ano incrível e de muitas aprendizagens. Ficando assim o “bichinho” para mais tarde ingressar nesta área do treino. Este ano tive a oportunidade de conseguir o estágio em Barcelos, foi assim que voltei às origens, ao Basquete Clube de Barcelos. Não posso esquecer, um dos momentos mais marcantes na minha vida, ocorreu no ano passado, tendo sido campeã nacional universitária pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

“Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo.” Vinícius de Moraes

Desde cedo que o meu objetivo era chegar onde estou hoje, no mestrado 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. A minha grande paixão era ser professora de EF, enquanto os meus colegas andavam indecisos, eu já tinha a minha decisão tomada desde criança, ser professora de EF.

Todo este querer de ser professora de EF começou muito cedo e esta foi uma decisão tomada meramente pela paixão que tenho pelo desporto. A

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disciplina de EF era, sem dúvida a minha disciplina favorita. Uma das razões que me levou a seguir esta área, foi o entusiasmo que senti dos meus professores de EF, que fizeram com que ficasse com o gosto e com a vontade de poder ensinar mais sobre o desporto e sobre a disciplina de EF. Sendo assim, enquanto professora, gostaria de um dia conseguir incutir nos alunos esta paixão que trago comigo.

Em 2014, após terminado os estudos na Escola Secundária de Barcelos ingressei na Escola Superior de Educação do Porto onde realizei a minha licenciatura em Ciências do Desporto. Após os três anos de licenciatura sem qualquer razão de dúvida, candidatei-me ao mestrado 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, onde estou hoje.

2.2.

Expectativas iniciais

Segundo Rodrigues (s.d., p. 6) “a profissão de professor se aprende na escola e na sala de aula e é um processo longo de uma vida”. Para mim esta citação diz tudo sobre a formação de um professor, só aprendemos a ser melhores profissionais dentro do verdadeiro campo e através das experiências vividas. Este é, sem dúvida, o momento mais importante da nossa formação inicial, uma vez que nos permite aplicar na prática todos os conhecimentos adquiridos no primeiro ano de mestrado.

Passados quatro anos chegou o início de uma grande etapa, o estágio profissional (EP). Para realizar o EP voltei à escola que me ajudou a crescer, foi um grande desafio, porque os que faziam parte da comunidade educativa, nomeadamente os professores, tinham sido meus professores, e eram agora os meus colegas, de tal forma que não os conseguia tratar pelo nome próprio, o que me fez muita confusão numa fase inicial.

Segundo Doyle (cit. por Silva et al., 2014) a profissão de professor é uma atividade de enorme diversidade e durante a sua formação inicial, tem como objetivo criar um corpo docente bem qualificado para as escolas através de um vasto conjunto de experiências. Olho para este último ano letivo como o culminar de quatro anos de muitas aprendizagens, onde utilizei ao máximo todo o

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conhecimento adquirido ao longo da minha vida académica e pessoal com o intuito de dar início à construção da minha identidade, enquanto futura docente. Acabando esta grande etapa com um sentimento de dever cumprido. Foi um ano que tenho a certeza que dei o meu melhor, procurei ao máximo aprender com o meu PC e com o meu PO, uma vez que estes têm um alargado conhecimento e experiência nesta área.

Ao longo do EP esperava atingir um conjunto de expetativas, estas incidiam nomeadamente: na aquisição de competências e experiências como professora de EF; melhorar o meu processo de ensino-aprendizagem; adquirir mais conhecimento sobre as diversas matérias a ensinar; obter um conjunto de ferramentas e estratégias para num futuro conseguir adaptar-me da melhor maneira a diferentes situações/problemas com que me irei confrontar no dia a dia.

Segundo Gomes et al. (2017, p. 87) “um ensino de qualidade em educação física depende, em grande parte, da capacidade do professor organizar as situações de aprendizagem com vista a que todos os alunos, independentemente das suas características, desenvolvam os conhecimentos, atitudes e competências necessárias para adotarem e manterem um estilo de vida fisicamente ativo e saudável durante a escolaridade e ao longo da vida”.

Foi um ano que tive oportunidade de mobilizar tudo o que aprendi ao longo da minha formação académica, mais propriamente aplicar o conhecimento adquirido na área das didáticas específicas correspondentes ao 1º ano do mestrado. Tive a capacidade de proporcionar uma boa aprendizagem a todos os alunos, de forma a incutir nos alunos, o gosto pelo desporto e os valores do desporto, tais como: o empenho; a superação, o esforço; o confronto; o respeito; a partilha. Também, consegui promover experiências educacionalmente ricas e autênticas nas aulas de EF, de forma a cativar e despertar nos alunos o gosto para a prática das aulas de Educação Física e pela prática de exercício físico fora da escola. Este foi sem dúvida o trajeto que tentei seguir ao longo do EP.

Em relação à minha prática enquanto professora, pretendi enriquecer o meu leque de conhecimento acerca das várias matéria; melhorar a minha capacidade reflexiva com o intuito de melhorar a minha prática pedagógica; na

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transmissão de conhecimento, adquirir as melhores estratégias para este efeito e desenvolver uma boa relação com todos os elementos envolvidos na escola, desde os alunos aos professores e funcionários.

Um dos meus anseios iniciais, antes de começar o meu estágio profissional era saber com quem iria partilhar o meu dia a dia na escola, ou seja, quem iriam ser os meus colegas de estágio. Numa primeira reunião com os meus colegas e com o PC senti uma grande afinidade, perspetivando assim, uma relação positiva com todos. Neste sentido, ambicionei que se criasse um clima de amizade, que trabalhássemos em equipa, que nos apoiássemos uns aos outros nas horas mais difíceis, sobretudo esperava que houvesse uma total cooperação, entreajuda, momentos de partilha, de conhecimentos, vivências e sentimentos dentro do grupo. Penso que os momentos que passamos juntos, as opiniões, as críticas, as reflexões e o nosso comprometimento foram fundamentais para melhorar a nossa prática pedagógica. Contei com um grande acompanhamento e apoio do PC e mesmo do PO, que me ajudaram a evoluir e fizeram-me sair da minha “zona de conforto”.

Por fim, a consciência das minhas principais lacunas, limitações e dificuldades, foram um dos aspetos mais importantes para a construção do meu eu como professora. Sempre estive consciente de que o EP seria um caminho duro e cheio de desafios, espero ter sido capaz de cativar e motivar os alunos para a prática de exercício físico e ter conseguido desenvolver na maior parte deles uma vontade de aprender, e frequentarem as aulas de EF com um olhar diferente do que tinham inicialmente. Espero ter alcançado cada tarefa que me foi proposta de forma positiva, adquirindo um crescimento gradual, não só, pessoal como profissional, cumprindo assim com o meu objetivo de vida, sendo ele profissionalizar-me como professora de Educação Física.

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3. Enquadramento Institucional

3.1.

Entendimento sobre o estágio profissional

De acordo com Lave e Wenger (cit. por Queirós, 2014) durante a formação inicial, o contacto com os espaços reais da profissão, nomeadamente o EP, constitui o processo onde o professor estagiário conhece os contornos da profissão. Adquirindo novos papéis e aprofundando o seu entendimento sobre a sua identidade e de que modo esta se vai edificando (Smit et al., 2014).

É uma fase intensa, com um misto de sentimentos, face às novas responsabilidades que o EE irá assumir. No estudo desenvolvido por Oliveira et al. (2009) os EE expressam um misto de sentimentos, no início do EP mostram-se motivados para começar este longo caminho, mas ao mesmo tempo tem medo de não conseguirem corresponder às suas expetativas, às expetativas do PC e do PO e de não conseguirem aplicar os conhecimentos adquiridos no primeiro ano de mestrado.

De acordo com Fletcher e Kosnik (2016) o estágio é fulcral na formação dos futuros docentes, uma vez que este dá oportunidade aos EE aplicar na prática o que aprenderam no ano anterior. Neste entendimento, o EP para os EE é como o primeiro mergulho no mundo da docência, considerando na minha perspetiva o momento mais marcante da sua formação inicial. É um momento de construção individual, onde cada um mobiliza para a prática todos os seus conhecimentos aprendidos no primeiro ano de mestrado, adquirindo novas experiências.

Para Sinner (2010) o estágio é o espaço, onde o EE vivencia, assimila e aprende sobre as rotinas diárias de um professor, desenvolvendo princípios, valores, partilhando tradições, uma vez que estes aspetos influenciam de alguma forma a maneira pensar e de se ser professor. Neste sentido, o EP é reconhecido como uma das ferramentas mais importantes nos processos de formação individual de profissões.

Umas das dificuldades sentidas inicialmente, deveu-se à perceção que eu tinha dos alunos sobre o seu entendimento e envolvimento nas aulas de EF. Ou seja, sendo eu treinadora de basquete, para mim o uso da terminologia do jogo surgia de forma fácil. Por exemplo, “meninos vamos, jogam 3 contra 3 com GR

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avançado” para mim é uma organização óbvia. Contudo, quando eu usei esta terminologia pela primeira vez na aula apercebi-me que maior parte dos alunos não sabia a que me referia exatamente, provocando ambiguidade e ‘distúrbio’ organizativo. Outra dificuldade que senti passou pela explicação e demonstração dos exercícios, no decorrer das primeiras aulas da UD de voleibol, apercebi-me que os alunos demoravam imenso tempo para iniciar os exercícios, porque não percebiam o que realmente era para fazer. Estas dificuldades fizeram-me entender que dar aulas na escola é totalmente diferente de dar treinos. Neste sentido, tive que alterar a minha forma de atuar e procurar estratégias para ultrapassar estas dificuldades. Desta forma, procurei realizar exercícios simples e adequados ao nível dos alunos, e usar uma terminologia clara e fácil de perceber.

Como narra Flores (1999) o EP é um período marcado por intensas aprendizagens e rico em termos de novas experiências pedagógicas, assumindo um papel importante na formação do EE. Segundo Simões (2008) o estágio é um período único e significativo na vida pessoal e profissional de qualquer professor.

3.2.

O primeiro contacto com Estágio Profissional

Os estagiários antes de ingressarem no EP possuem sentimentos de familiarização com o ensino, acham que conhecem verdadeiramente o sítio onde se vão inserir. Os futuros professores constroem uma imagem sobre a profissão a partir das situações experienciadas ou observadas enquanto alunos, e por mais que a formação inicial destes estagiários seja a mais apropriada, é difícil evitar o chamado “choque com a realidade”. De acordo com Huberman (cit. por Queirós, 2014) “a entrada no ensino é repentina e bruta”. De um dia para o outro, o EE tem de assumir as mesmas responsabilidades que um professor experiente (Flores, 1999). No início do estágio senti o chamado “choque com a realidade”, este choque direto com a realidade aconteceu porque queria cumprir com o planeamento previsto e não conseguia, estando constantemente a alterá-lo.

No dia-a-dia da profissão docente ocorrem constantemente problemas inesperados, como por exemplo, o pavilhão está ocupado por algum motivo, ou

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de acordo com o roulement está previsto dar a aula no exterior e está a chover, entre outros problemas, e isto implica sempre uma alteração no planeamento, desenvolvendo assim nos professores a capacidade de improvisação. Já aconteceu chegar à hora da aula e ter de alterar o plano de aula devido a uma troca de espaço com outro professor ou ter de reduzir conteúdos que estavam previstos na unidade didática (UD) porque não ia conseguir lecionar o número de aulas que estavam previstas.

Segundo Queirós (2014) após este “choque com a realidade” o EE deverá aproveitar ao máximo o tempo que passa na escola para aprender e sobretudo desenvolver as suas capacidades, enquanto tem a oportunidade de ter profissionais experientes orientando-o nesta grande etapa da sua vida. Uma vez que este espaço proporciona diálogos entre os professores principiantes e os professores experientes, direcionado para questões sobre o modo como se aprende e se ensina, gerando no EE novos conhecimentos e novas competências. Esta interação com toda a comunidade educativa que o EP proporciona ao EE é considerado como um dos elementos centrais que caracteriza o espaço do estágio, sendo possível refletir sobre todo o trabalho desenvolvido, ajudando o EE a encontrar respostas (Batista & Pereira, 2012).

Assim, concluísse que o trabalho de grupo e a cooperação são pontos chave neste momento da formação do EE e este confronto direto com a realidade que o EP proporciona ao EE, é determinante para o seu desenvolvimento enquanto futuro professor, permitindo ao estagiário adquirir um reportório de competências, valores, atitudes e novos conhecimentos.

3.3.

A importância da disciplina de educação física na

vida dos alunos

A escola é considerada como uma das instituições mais importantes e responsáveis pela construção do nosso “eu” (Nunes, 2006). A escola tem um papel fundamental na formação dos cidadãos, uma vez que permite aos alunos aprender de forma a conseguirem viver e trabalhar neste mundo em constante mudança. A escola é conhecida como a “instituição do saber”, mas esta vai para além da transmissão de conhecimentos, exercendo um papel importante nas

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relações sociais dos indivíduos, neste entendimento a escola deverá ser entendida como a “preparação” para a vida (Pontes & Palma, 2014).

Um panorama geral que acontece na disciplina de EF, atualmente, é a desvalorização que os alunos e a sociedade dão à disciplina de EF. Tal facto, se verifica no significado que lhe é atribuída relativamente às outras áreas disciplinares, questionando-se assim a sua legitimidade enquanto componente obrigatória do currículo escolar (Hirst & Peter cit. por Batista & Queirós, 2015, p.33). A EF é uma das principais disciplinas que se encontra numa situação de vulnerabilidade face ao contexto curricular, precisando desta forma procurar novos trilhos, capazes de atrair e de incutir vontade e energia aos estudantes e professores, de modo a construir um conjunto de aprendizagens enriquecedoras e culturalmente significativas (Azzarito & Ennis, 2003).

Através desta desvalorização da disciplina de EF, atualmente estamos a formar cidadãos que não sabem lidar com o seu próprio corpo, e não desenvolvem noções de cooperação, superação, partilha e respeito. Portanto, a EF enquanto matéria de ensino deverá ser encarada como uma disciplina curricular que utiliza o desporto como uma forma especifica de lidar com a “corporalidade”, devendo deste modo ser-lhe atribuída o mesmo grau de importância comparativamente às outras disciplinas (Bento, 1999).

Devido à constante preocupação de recolocar a EF, enquanto disciplina paritária às restantes, a UNESCO enfatiza a importância desta disciplina através das suas diretrizes, reforçando a ideia de que “todo o ser humano tem o direito fundamental de acesso à educação física e ao desporto, que são essenciais para o pleno desenvolvimento da sua personalidade. A liberdade de desenvolver aptidões físicas, intelectuais e morais, por meio da educação física e do desporto, deve ser garantido dentro do sistema educacional, assim como em outros aspetos da vida social” (UNESCO, 2015, p. 10).

Segundo Graça (2015) a disciplina de EF contribui para o bem-estar dos alunos, para a realização das pessoas e para a melhoria da sociedade, possibilitando a todos aumentar a sua capacidade de compreender e agir no mundo através do seu valor educativo. Neste entendimento, a aula de EF deve ser fundada nos valores do desporto, tais como, a cooperação, a confiança, o

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respeito, o espírito de equipa, a superação, o esforço, a resiliência e a comunicação, procurando desta forma o desenvolvimento integral do aluno nos domínios motor, cognitivo e sócio afetivo.

Segundo Masurier e Corbin (2006) a educação física é a única disciplina na escola, na qual os alunos têm oportunidade de aprender e desenvolver capacidades motoras, bem como adquirir conhecimentos que lhes permitem participar numa variedade de práticas corporais e desportivas. Sendo a única disciplina em que o exercício físico é um meio fundamental para atingir objetivos educativos. É no seio da EF que os alunos aprendem a ter disciplina, a serem responsáveis, aprendem a trabalhar com os colegas, para além de que aprendem questões referentes à saúde, de tal forma, estes aspetos são importantes para que o aluno na sua vida profissional saiba se relacionar com os outros e saiba cuidar da sua própria saúde.

Assim, a EF tem um forte significado na vida dos alunos preparando-os para a prática do desporto e para a sua vida social e profissional ao longo da vida, contribuindo para a promoção de comportamentos saudáveis para consigo mesmo, e para com os outros.

3.4.

Contexto legal e institucional do estágio profissional

O EP é uma unidade curricular, inserida no 2º ciclo de estudos, pertencente ao mestrado em ensino de educação física nos ensinos básicos e secundários da FADEUP.

Este EP agrega duas componentes: a) a PES realizada numa EC com protocolo com a FADEUP, incluindo um PC e um PO, e um grupo constituído por um máximo de 4 EE, designado por NE. Cada um destes 4 elementos fica responsável por uma das turmas do PC para a concretização do EP até ao final do ano letivo; b) o RE, orientado por um professor da Faculdade e pelo PC, responsável pela supervisão do estagiário no contexto de PES (Batista & Queirós, 2013, p. 37).

Como enfatiza Batista e Queirós (2013, p.33) “a prática de ensino oferece aos futuros professores a oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos,

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costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela comunidade específica.” Nesta perspetiva, é essencial desenvolver uma formação de professores dentro da profissão, sendo o EP visto como o terreno privilegiado para esse início de construção (Nóvoa, 2009). O EP integra o EE no mundo do trabalho de forma progressiva e orientada, em contexto real, aperfeiçoando as suas competências profissionais promovendo o seu desempenho crítico e reflexivo, sendo capaz de responder aos desafios e exigências da profissão (Matos, 2013).

O EE para exercer a profissão de professor de EF e desenvolver competências profissionais terá de dominar 4 grandes áreas de desempenho: a área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem engloba 4 tarefas, a conceção, onde o EE analisa os programas de EF e os planos curriculares. O planeamento, onde o EE elabora o planeamento anual, a unidade didática e o plano de aula. A realização, onde o EE atua de acordo com as tarefas didáticas conduzindo com eficácia a realização da aula, promovendo aprendizagens significativas e desenvolver no aluno a noção de competência, e deve utilizar a terminologia específica da disciplina, sobretudo otimizar o tempo potencial de aprendizagem. Por fim, na tarefa de avaliação, o estagiário deve construir instrumentos de avaliação, definir objetivos e realizar as diferentes modalidades de avaliação; a área 2 – Participação na escola e Relações com a comunidade, o EE participa em todas as atividades não letivas, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar. Compreendendo a atividade de ensino e treino do Desporto Escolar e compreender o papel do diretor de turma; por último, a área 3 – Desenvolvimento profissional, pretende-se que o estagiário elabore o Projeto de Formação Individual, participe em ações de formação, elabore o RE, atas e outros documentos, e, recorra principalmente à investigação como forma a melhorar a sua qualidade de ensino.

Como descreve Batista e Queirós (2013, p. 39), a componente de investigação é fundamental no processo de formação dos estagiários. Esta atividade investigativa deve-se direcionar para as práticas educativas permitindo aos estagiários adquirir novos saberes de forma a mobilizar no exercício da sua profissão.

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3.5.

Caracterização

da

escola

cooperante:

Escola

Secundária de Barcelos

A EC, onde estou inserida para a realização do meu estágio profissional pretende ao Agrupamento de Escolas de Barcelos (AEB). Este agrupamento teve a sua génese no dia 4 de julho de 2012, resultante da agregação do Agrupamento de Escolas Abel Varzim e da Escola Secundária de Barcelos (ESB). Este agrupamento tem por sede a ESB (figura 2), situada na Avenida João Paulo II, apartado 166, 4750-304 Barcelos (figura 1), pertencente ao concelho de Barcelos.

Este agrupamento tem uma dimensão significativa, com implantação num vasto território do Concelho de Barcelos, nas duas margens do Cávado e oferece resposta educativa à população estudantil desde a zona urbana de Barcelos até aos limites das fronteiras concelhias com Póvoa de Varzim e Esposende.

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Figura 2 - Escola Secundária de Barcelos

A sua principal missão é exercer a sua função educativa e formativa, procurando sempre uma boa qualidade de trabalho, promovendo e incentivando o desenvolvimento intelectual, físico, social e moral de todos os alunos, tornando-os cidadãos responsáveis e ativos. Incutindo nos alunos hábitos de cooperação, respeito, responsabilidade, a solidariedade, autonomia, entre outros. Valorizando assim cada aluno como um indivíduo único e capaz.

Em relação às instalações da escola, esta encontra-se em muito bom estado e com ótimas condições devido à sua reconstrução. Relativamente às instalações para a prática da disciplina de educação física a escola oferece dois espaços, um interior e um exterior. Sendo que no espaço interior temos o pavilhão desportivo (figura 3) composto por três espaços de aula mais um multiusos (figura 4), onde se realizam nomeadamente as aulas de ginástica (aparelhos, solo e acrobática) e ainda existe uma sala de dança e uma sala de musculação (figura 7). No espaço exterior, existe um campo de relva sintética (figura 5) para as modalidades de futebol e andebol, mais uma pista e uma caixa de saltos dentro do mesmo espaço, para além destes espaços, existe um campo polidesportivo (figura 6) para a prática do voleibol e do basquetebol. Estes espaços designados anteriormente são servidos por balneários próprios e uma arrecadação de material. Quanto ao material, a escola oferece um vasto equipamento para a prática das mais diversas modalidades.

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Figura 3 - Pavilhão desportivo

Figura 4 – Multiusos

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Figura 6 - Campo exterior 2

Figura 7 - Sala de musculação

Devido ao excesso número de turmas a utilizar o pavilhão, foi elaborado um mapa de rotações de espaço (figura 8) permitindo aos professores uma melhor organização das suas aulas, contudo sempre que fosse necessário havia a possibilidade de trocar de espaço com outro professor, desde que fosse comunicado com antecedência. Devido às alterações climatéricas, sempre que estava a chover havia sempre a hipótese de ocupar a sala de musculação ou a sala de dança, sendo que nestes espaços, as aulas eram direcionadas para o desenvolvimento da aptidão física dos alunos.

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3.6.

Os brincalhões!

Figura 9 - Turma residente

Quando o meu PC teve conhecimento das suas turmas optou por distribuir as turmas pelos seus estagiários de forma aleatória através de um sorteio. Assim, a turma que me foi atribuída corresponde ao 9º ano de escolaridade.

A turma é constituída por 20 alunos, sendo que 65% (13) dos alunos corresponde ao sexo feminino e os restantes 35% (7) são do sexo masculino. Com idades entre os 13 e os 14 anos. A esta turma esteve destinada uma carga horária de 135 minutos por semana.

Antes de começarem as aulas o PC propôs-nos a elaboração de um questionário para os alunos preencherem na aula de apresentação, com o objetivo de reter uma informação mais detalhada sobre cada aluno. Este questionário permite aos professores conhecer cada aluno individualmente, permitindo perceber se algum aluno tem problemas de saúde, qual a sua motivação para as aulas de Educação Física, qual a modalidade que mais gostam, entre outros aspetos.

Assim, através da análise dos questionários confirma-se que a turma apresenta uma taxa 30% de reprovação, o motivo apresentado pelos alunos deveu-se, a excesso de faltas, problemas com o professor, questões de saúde e falta de estudo.

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Relativamente a questões de saúde, apenas 4 alunos são portadores de doença, são elas: escoliose, diabetes, bronquite e hiperatividade.

Numa escala, de 1 a 5, onde 1 representa “nada motivado” e 5 “muito motivado”, a média da turma assume-se “motivado”, correspondendo ao nível 3. As modalidades que maior parte da turma gosta, são o futebol e o basquetebol. E onde tem mais dificuldades é na ginástica.

Verifica-se que a prática regular de atividade física fora da escola é muito baixa, sendo que só 20% (4) alunos praticam desporto. 2 praticam futebol, 1 ginástica e 1 natação.

No que concerne, ao domínio motor a turma era pouco participativa e homogénea, é constituída por alunos com muitas dificuldades ao nível da coordenação e apresentam muitas debilidades técnicas na maior parte das unidades didáticas (UD) lecionadas. Por essa razão, o planeamento das UD baseou-se somente no nível inicial de cada uma das modalidades.

Correspondentemente ao domínio cognitivo, ao longo das aulas verificou-se pouco conhecimento sobre as várias modalidades, a nível de regras, conteúdos e habilidades.

Em relação ao domínio sócio afetivo, a turma manifestou uma boa interação entre todos, porém nas primeiras aulas do 1º Período apercebi-me que 3 alunos se colocavam de parte, não interagindo com os restantes elementos da turma.

3.7.

As baratas tontas!

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A turma partilhada, a qual o NE ficou encarregue de lecionar as aulas no 2º Período, não pertencia à Escola Secundária de Barcelos, tendo em conta que esta não engloba o 2º ciclo. Assim, a nossa atuação decorreu na Escola Básica 2º e 3º Ciclos Abel Varzim, por esta razão o NE optou por escolher o horário mais compatível de duas das turmas que o PC nos apresentou, ficando a nosso cargo uma turma do 5º ano de escolaridade, sendo que a outra turma que havia, correspondia ao 6º ano.

Através de uma análise feita ao planeamento anual referente à turma partilhada e de acordo com o número de elementos do NE, decidimos lecionar as aulas no 2º período, porque era o único momento que estava previsto a lecionação de quatro UD. Sendo feita uma distribuição equitativa das UD por todos.

A esta turma foi-lhes entregue na mesma os questionários referidos anteriormente, com o intuito de obtermos uma informação mais individualizada de cada aluno.

A turma era constituída por 16 alunos, sendo que o número de alunos do sexo feminino e masculino é idêntico. Com uma média de idades entre os 9 e os 10 anos. A esta turma esteve destinada uma carga horária de 135 minutos por semana.

Quanto a problemas de saúde, só 3 alunos é que eram portadores de doença. Um deles tinha hiperatividade, mas estava medicado e os outros 2 alunos apresentavam síndrome de asperger, esta doença afeta as capacidades de comunicação e de relacionamento e integra o grupo de doenças dentro do espetro do autismo.

Numa escala, de 1 a 5, onde 1 representa “nada motivado” e 5 “muito motivado”, a média da turma assumiu-se “bastante motivado”, correspondendo ao nível 5. Mais de 60% da turma (11 alunos) referenciou que a disciplina preferida é a Educação Física.

As modalidades que maior parte da turma gostava, eram a dança, o futebol e a ginástica. E onde demonstraram ter mais dificuldades foi no futebol e no basquetebol.

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Verificou-se que a prática regular de atividade física fora da escola era muito baixa, sendo que só 31,25% (5) alunos praticavam desporto. 3 praticavam futebol, 1 ginástica e 1 raquetes e 1 corrida, sendo que 1 dos 5 alunos praticava duas modalidades. Em relação ao desporto escolar só participava 37,5% da turma. 2 praticavam futebol e 1 dança, os restantes 3 alunos não referiram que modalidade praticavam.

3.8.

O papel do estudante estagiário, do professor

cooperante e do professor orientador

No segundo ano de mestrado de 2º Ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundários, os EE assumem o papel de professores através da realização de um EP em contexto real de prática pedagógica supervisionada (Silva et al., 2014). Os EE para poderem realizar o seu EP assumem uma das turmas do PC, ficando responsáveis pelo processo ensino-aprendizagem dessa turma até ao final do ano letivo.

Relativamente ao PC, o que o diferencia dos restantes professores da escola é o acréscimo das suas funções, tornando-se responsável pelo apoio e coordenação do trabalho desenvolvido pelos estagiários (O’Brian et al., cit. por Silva et al., 2014). Para além disto, o PC tem um papel fundamental na formação dos estagiários, uma vez que deve desempenhar o seu papel de forma positiva, partilhando ideias e conhecimentos, orientando e ajudando os estagiários a trilharem o seu caminho com sucesso (Silva et al., 2014, p. 119). De acordo com Gomes et al. (2014) quando o clima entre o EE e o PC é positivo salienta-se que os EE ganham novas aprendizagens, sobretudo quando existe uma relação de partilha e de companheirismo.

No início do ano letivo ficou delineado um compromisso entre o PC e o meu NE, ou seja, no final de cada aula havia sempre uma reunião com todos os elementos do NE presentes. Esta reunião tinha como objetivo, apresentar o nosso ponto de vista sobre a aula do colega ou mesmo da sua. Explicando o que correu melhor e pior durante a aula, quais os aspetos que poderiam ser melhorados e como. No final o PC transmitia-nos o seu feedback. Nestas reuniões debatemos sobre os temas onde apresentávamos mais dificuldade,

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como por exemplo, a gestão do tempo de aula, do clima, do controlo da turma, das tarefas de aprendizagem, do plano de aula, entre outras coisas, ajudando-nos de certo modo a melhorar a ajudando-nossa prática pedagógica ao longo do ano.

“Por fim, tenho alguns aspetos a melhorar, como o tom de voz, os alunos sentiram muitas dificuldades em perceber o que eu dizia, e reduzir o tempo de instrução. Em relação ao plano de aula, estava tudo bem só que tenho de ter mais atenção aos conteúdos e aos objetivos específicos de cada exercício.” Diário de Bordo - 1º Período

Numa das reuniões iniciais o PC avisou-nos que estava cá para nos ajudar em tudo o que nós precisássemos, mas que não nos ia dar as soluções para os nossos problemas. Desta forma, o PC recorreu ao método de ensino pela descoberta guiada, promovendo-nos uma aprendizagem pela descoberta.

Segundo Rodrigues (2013, p. 102) “o orientador é um profissional, com mais experiência e com conhecimentos mais claros e reflexivos sobre as situações, dificuldades e problemas que ocorrem na ação docente”. Segundo Albuquerque et al. (2005) os PO tem com função guiar e ajudar os seus estagiários no início da sua formação inicial. O PO, juntamente com o PC coordena a sua ação de supervisão e orienta os estagiários na elaboração do RE. O orientador tem como responsabilidade acompanhar, orientar e avaliar os seus estagiários (Rodrigues, 2013). O PO tem como missão integrar o EE no estabelecimento de ensino, ajudando-o a desenvolver as suas competências de reflexão, de autoconhecimento e de inovação, de modo a tornar-se num bom profissional (Rodrigues, 2013). Ao mesmo tempo, os PO “são observadores, conselheiros, colaboradores, confidentes, modelos de ensino, organizadores e avaliadores” (Albuquerque et al., 2005, p. 41). Contudo, os orientadores ao longo do ano devem assegurar aos estagiários uma visão à cerca da sua própria evolução ao longo do estágio, através das observações que realizam.

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O PO, durante o estágio, demonstrou-se sempre disponível para nos ajudar. Às segundas feiras teve sempre a preocupação de realizar reuniões com todos os NE, o objetivo era discutir sobre os problemas que os EE estavam a sentir na lecionação das aulas, assim como possíveis soluções a utilizar para resolver esses mesmos problemas. No entanto, também, nos dava a possibilidade de agendar reuniões com ele através do doodle e mesmo que lhe enviássemos algum email respondia na hora. A intervenção do PO também se remeteu nas observações realizados durante o ano às aulas dos seus estagiários.

Em suma, o PC e o PO têm como principal missão ensinar e facilitar as aprendizagens dos EE, ajudando-os a tornarem-se melhores profissionais e através do seu desenvolvimento deverão resultar novas formas de ensinar, influenciando as aprendizagens dos alunos que tem à sua responsabilidade (Alarcão & Tavares, cit. por Rodrigues, 2013). Neste entendimento, posso afirmar que todos os momentos com os meus professores foram momentos de grande aprendizagem e através das reuniões que tivemos ao longo do ano, fui adquirindo ferramentas e estratégias necessárias para a construção do meu “eu”, enquanto professora de EF.

3.9.

Núcleo de estágio: o seu significado!

Segundo Batista e Queirós (2013), o protocolo que a FADEUP estabelece com as instituições cooperantes, possibilita ao EE desenvolver a sua formação através de um processo de interação, ou seja, em cada EC existe um NE, que é constituído por um PC, um PO e 3 a 4 EE.

Ao longo do EP, os estagiários passam por sentimentos de insegurança, ansiedade, receio de falhar, entre outros, então a cooperação, o respeito e o trabalho de grupo são fundamentais, sendo fulcral a união do NE durante o ano de estágio (Queirós, 2014, p. 74). Segundo Wenger (cit. por Cardoso et al., 2014) quanto mais partilha de conhecimentos, princípios e valores houver dentro do grupo, haverá de certa forma uma melhoria na prática pedagógica de cada um, influenciando a sua forma de pensar e de ser professor.

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Como enfatiza Rolim (2013, p. 59), “o relacionamento do PC e do PO para com os estagiários, sem deixar de ser vigilante, passa a ser um relacionamento de cooperação, de colaboração, de facilitador, de mediador, em que o estagiário tem a oportunidade de apresentar as suas conceções, defender os seus pontos de vista e as suas crenças, refletir e justificar as suas opções (…)”.

Neste entendimento, os NE devem funcionar como comunidades práticas, permitindo aos EE adquirir novos conhecimentos e novas competências, e através da manifestação dos seus problemas, das suas dificuldades e das suas limitações ao longo do ano letivo, permite-lhes construir uma relação de cooperação, de companheirismo, de entreajuda entre todos os elementos do grupo, havendo uma forte união dentro do grupo.

Ao longo do ano, dentro do meu NE, houve momentos de partilha de ideias, opiniões, conselhos e, sobretudo, partilha de conhecimento, sendo imprescindível para a nossa formação enquanto futuros docentes, ajudando-nos a refletir sobre determinados pontos importantes, para a melhoria da nossa prática profissional.

O meu NE (figura 11) funcionou sempre de maneira positiva, no sentido de nos ajudarmos mutuamente e, sobretudo, no sentido de minimizar ao máximo todos os erros cometidos por quem fosse adquirindo assim novas aprendizagens. Desta forma, só tenho a agradecer aos meus colegas de estágio pelas vivências que me proporcionaram durante o ano letivo, agradecer pela paciência que tiveram por me aturarem, por todas as risadas e brincadeiras que o estágio nos harmonizou. Levo comigo grandes amizades e momentos inesquecíveis.

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4. Realização do estágio profissional

4.1.

Área 1

– Organização e gestão do ensino e

aprendizagem

4.1.1.

Conceção

A conceção que cada um têm acerca da disciplina de EF é influenciada pelas vivências e experiências ao longo da sua vida. Neste sentido, afirmo que chegamos ao início da nossa formação inicial com algumas ideias acerca da disciplina de EF, mas após o primeiro ano de formação o nosso modo de olhar para a disciplina de EF modifica-se, moldando assim a nossa conceção.

De acordo com Graça (2001, p. 110), “as conceções que os professores possuem acerca dos conteúdos de ensino e acerca dos alunos com quem trabalham refletem-se no modo como pensam e desenvolvem as suas práticas de ensino”. Segundo Bento (2003) a conceção é uma tarefa de grande relevância na primeira fase da atividade do professor, pelo que deve ser colocado um rigor e cuidado especiais nesta preparação consciente do ensino. Segundo Tan et al. (2012) as conceções de ensino sobre a disciplina de EF tem evoluído ao longo do tempo, transpondo de uma abordagem centrada no professor para uma abordagem mais centrada no aluno, onde são confrontados com o desenvolvimento da resolução de problemas, pensamento crítico e autonomia, tomando decisões sobre o uso mais apropriado de uma determinada habilidade dentro do contexto de jogo, ou seja, o aluno deverá selecionar a resposta mais adequada para o problema confrontado, colocando desta forma o aluno a pensar (McPherson & French, 1991). Com o intuito de potenciar o desenvolvimento destes três aspetos, optei por recorrer aos modelos de ensino, aos quais fui familiarizada no primeiro ano de mestrado, algo que iria contra ao ensino tradicional, ao qual fui acostumada no meu percurso enquanto aluna de EF. Portanto, no decorrer do meu EP guiei-me por quatro modelos de ensino, dos quais se destacam: o Modelo de Educação Desportiva (Siedentop, 1994), o Modelo de Abordagem progressiva ao Ensino do Voleibol (Mesquita, 2006), o Modelo de Ensino dos Jogos pra a Compreensão (Bunker & Thorpe, 1982) e o Modelo de Instrução Direta (Rosenshine, 1979).

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De acordo com as Normas Orientadoras, a conceção tem como objetivo analisar as competências gerais e transversais dos planos curriculares; analisar os programas de EF, mais especificamente as suas finalidades, objetivos, conteúdos e orientações metodológicas; de ter em conta os dados da investigação em educação e ensino e o contexto cultural e social da escola e dos alunos, de forma a construir decisões que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem desejáveis. Neste entendimento, este trabalho surge da necessidade de serem definidas linhas orientadoras fundamentais com apropriação sólida da matéria para a sua exercitação e aplicação, visando um ensino educativamente eficaz, uma vez que o professor tem influência direta na formação dos alunos, transmitindo-lhes determinados saberes e competências.

Neste entendimento, os professores analisam uma série de documentos e materiais auxiliares que os ajudam a concretizar e adaptar as exigências centrais às condições locais e situacionais da escola, como forma de organizar o ensino. Assim, a fim de minimizar as dúvidas que surgiram inicialmente e de modo a reunir toda a bagagem de conhecimento necessária para iniciar a minha prática de ensino, fiz uma primeira análise ao Projeto Educativo da ESB, no qual pude perceber quais eram os princípios, os valores, as metas e as estratégias pelos quais a escola se orienta como forma de cumprir a sua função educativa. De seguida, analisei o regulamento da respetiva disciplina, uma vez que este determina as regras fundamentais a serem respeitadas tanto pelos professores como pelos alunos, a nível de instalações, materiais, horários, regras de higiene e de segurança. Com o objetivo de perceber quais eram as modalidades a abordar neste ano letivo de acordo com o ano de escolaridade que me foi atribuído, recorri a uma análise e interpretação de um documento construído pelo grupo de EF. Por último, o foco esteve na análise dos Programas Nacionais de EF referente ao 3º ciclo ensino básico, os quais me forneceram uma informação pertinente acerca da matéria de ensino a lecionar no 9º ano. Segundo Jacinto et al. (2001) os programas são um meio orientador para a ação do professor, onde este encontra indicadores que o ajudam a orientar a sua prática em conjunto com outros professores, com o intuito de potenciar o desenvolvimento dos seus alunos.

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Através da interpretação feita ao Programa Nacional de EF, deparei-me com algumas divergências entre o que estava estabelecido no programa e o que foi efetivamente aplicado em contexto real. Como é possível verificar-se no Programa Nacional de EF referente ao 3º ciclo, o número de UD previstas são sete e no documento realizado pelo grupo de EF estavam previstas nove, ou seja, não há concordância entre o número de modalidades que se devem abordar neste ciclo de ensino. Por isso, em discussão com o meu NE, decidimos retirar as modalidades alternativas, pois consideramos que não havia tempo suficiente para lecionar tantas modalidades para um número de aulas tão reduzido. Portanto, decidimos juntar a ginástica de solo à ginástica de aparelhos, com o intuito de rentabilizar o tempo previsto. Porém, de modo a conseguir lecionar todas as modalidades foi necessário proceder a uma divisão equitativa de todas as modalidades pelo número de aulas previstas em cada período, o que dificultou imenso no cumprimento dos conteúdos programáticos previstos no Programa Nacional de EF referente a cada modalidade. Neste entendimento, penso que o número de UD a abordar devia ser reduzido, proporcionando uma aprendizagem mais rica aos alunos. Tal facto, não se verifica na realidade atual, em que são abordadas muitas modalidades, prejudicando assim a aprendizagem dos alunos, que é diminutiva. Outra divergência, deveu-se às vivências dos alunos nos anos anteriores. Como descreve o Programa Nacional de EF, “o 9º ano será dedicado à revisão das matérias, aperfeiçoamento e/ou recuperação dos alunos (…)”, tal facto não se sucedeu na modalidade de andebol. Através de um diálogo com a turma percebi que grande parte dos alunos nunca tinha tido contacto com o andebol. Tendo em conta o sucedido, isto levou-me a fazer uma adaptação dos conteúdos programáticos que estavam previstos no programa nacional de EF.

Concluindo, o Ministério da Educação elabora os programas com o intuito de fornecer uma equidade, a nível nacional, dos conteúdos a lecionar. No sentido de indicar qual a direção geral do desenvolvimento dos alunos, apresentando as competências a adquirir e a desenvolver em cada ano de escolaridade por blocos, áreas ou modalidades. Porém, através da minha experiência no EP, creio que estes conteúdos e competências muitas das vezes não vão de encontro às

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