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Complementaridades entre análise temática e lexical sobre abordagens das minorias sexuais e de gênero na graduação em saúde

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Complementaridades entre análise temática e lexical sobre abordagens das

minorias sexuais e de gênero na graduação em saúde

Alfredo Almeida Pina-Oliveira1, Jane Grace Andrade de Faria2, Maíra Rosa Apostolico3, Maria José Duarte Osis4, Maria Helena de Sousa5 e Ana Cláudia Puggina6

1,2,3Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem da Universidade UNIVERITAS-UNG Guarulhos, Brasil. 1alfredo.almeida@prof.ung.br; 2jane.gafaria@sp.senac.br; 3maira.apostolico@prof.ung.br

4,5,6Faculdade de Medicina de Jundiaí, Brasil.

4mjosis@yahoo.com; 5stat@fmj.br; 6claudiagpuggina@gmail.com

Resumo. Formar estudantes de graduação da área de saúde sensíveis às necessidades da população de

lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros, intersexos, queer, assexuais e aliados aos serviços de saúde representa uma iniciativa para enfrentar as iniquidades e violações de direitos humanos. Objetivo: caracterizar as contribuições de graduandos da área de saúde para o cuidado relacionado às minorias sexuais e de gênero. Método: Trata-se de um estudo de casos correspondentes a duas Instituições de Ensino Superior no estado de São Paulo, Brasil. Participaram 202 estudantes de uma Universidade (Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia e Psicologia) e 120 estudantes de um Centro Universitário (Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia) selecionados por meio de amostra probabilística randomizada. Adotou-se a complementaridade entre a modalidade temática e lexical de Laurence Bardin para a análise dos conteúdos das respostas relacionadas à pergunta aberta “Como você acha que a sua formação acadêmica poderia contribuir para lidar com as minorias sexuais? Relate brevemente sua opinião”. As respostas transcritas foram categorizadas tematicamente por dois pesquisadores e para a análise lexical foi empregado o software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), versão 0.7 alpha 2. Projeto aprovado com parecer número 2.407.147 do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade participante. Resultados: a primeira categoria “saber lidar com o cuidado das minorias sexuais” engloba “garantir um cuidado respeitoso”, “promover ações educativas empáticas”, “prevenir infecções sexualmente transmissíveis” e “incluir gênero e orientação sexual na formação em saúde”. A segunda categoria “tornar-se um profissional de saúde aberto à diversidade humana” consiste em “ajudar a superar o preconceito”, “contribuir para enfrentar a violência” e “manter a ética profissional na abordagem individual e familiar”. Conclusão: a associação dual das modalidades de análise de dados qualitativos contribuiu para o levantamento dos temas e de questionamentos confirmatórios sobre as necessidades de aprendizagem manifestadas pelos estudantes de graduação.

Palavras-chave: Minorias Sexuais e de Gênero; Ensino Superior; Relações Interprofissionais; Estudantes de

Ciências da Saúde.

Thematic and lexical analysis complementarities regarding sexual and gender minorities on health undergraduate courses

Abstract. Developing health undergraduate students concerned about lesbians, gays, bisexuals, transvestites,

transgenders, intersex, queer, asexual and allies needs in healthcare services represents an initiative to tackle inequities and human rights violations. Objective: characterize health undergraduate students' contributions related to sexual and gender minorities care. Method: it is a case study in two Higher Education Institutions in São Paulo state, Brazil. Two hundred and two University students (Nursing, Physiotherapy, Odontology, and Psychology) and one hundred and twenty University Centre (Nursing, Physiotherapy, and Psychology) were selected by a randomized sample. We adopted the complementarity between thematic and lexical Laurence Bardin's content analysis for responses to the open question "How do you think about the contributions of your health formation to take care of sexual minorities? Relate your opinion briefly". Two independent researchers analyze students’ responses for thematic modality and the software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), version 0.7 alpha 2. was applied in the lexical analyses. This project has ethical approval under #2.407.147. Partial results: the first category "knowing to deal with sexual minorities" comprises "assuring respectful care", "promoting empathetic educational activities", "preventing sexually transmissible infections", and "including gender and sexual orientation into health formation". The second category "becoming an open-minded healthcare professional" consists of "helping to overcome prejudice", "contributing to tackling violence", and "maintaining professional ethics within the individual and familiar approaches". Conclusion: we have evinced potentialities regarding

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the dual association between thematic and lexical analyses to reinforce qualitative and quantitative data to confirm learning needs regarding health undergraduate students' viewpoints.

Keywords: Sexual and Gender Minorities; Higher Education; Interprofessional Relations; Students, Health

Occupation.

1 Introdução

Durante a formação acadêmica dos diferentes profissionais de saúde valoriza-se a construção de competências para a prestação de assistência aos indivíduos e aos grupos sociais de maneira singular, personalizada e livre de preconceitos com o intuito de promover um cuidado integral e equitativo. A diversidade integra a condição humana. Sendo assim, cuidar da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, intersexos, queer, assexuais e aliados representa um desafio para prestar boas práticas assistenciais a esse grupo social que, em geral, apresenta vulnerabilidades em diferentes aspectos relacionados ao seu processo saúde-doença.

Sem a pretensão de esgotar as convergências e as especificidades relacionadas aos conceitos de sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual, fundamentou-se no conceito de minorias sexuais e de gênero, ao afirmar que este grupo populacional “têm em comum não o fato de expressarem um menor contingente populacional, mas, sim, de representarem valores que foram construídos ao longo da história, como antagônicos a valores expressos como superiores e desejáveis” (Motta, 2016, p. 74).

Dada à heterogeneidade conceitual e de necessidades deste grupo social, optou-se por manter a terminologia LGBT+ com o intuito de abarcar as múltiplas nomenclaturas encontradas na literatura internacional especializada (Fenway Institute, 2016; Goldhammer, Maston, Kissock, Davis, & Keuroghlian, 2018; Human Rights Campaign, 2018) a fim de buscar alternativas para superar práticas hegemônicas centradas na heterossexualidade e na identidade cisgênero.

Sob a égide da universalidade, interdependência, indivisibilidade e inter-relação dos direitos de todo ser humano, esse documento se torna um instrumento relevante para a defesa de direitos das pessoas LGBT+. O acesso a informações fidedignas para a melhor tomada de decisão relativa ao cuidado integral em saúde e a tratamentos adequados e livres de quaisquer tipos de discriminação representa uma das áreas estratégicas para o alcance de uma vida digna e justa (Yogiakarta, 2008).

No tocante às políticas públicas de atenção à saúde deste grupo no Brasil, mostram a necessidade de garantias da igualdade no tratamento e nas relações interpessoais, uma vez que práticas discriminatórias e excludentes ainda são uma realidade frente ao atendimento de saúde das minorias sexuais e de gênero e de outros grupos mais vulneráveis (Brasil, 2016; Fenway Institute, 2016; Siqueira, Hollanda, & Motta, 2017).

A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSILGBTT) fundamenta a atuação dos profissionais no Sistema Único de Saúde (SUS) com a finalidade de promover um cuidado universal, integral e equitativo em defesa da vida e da promoção da saúde frente a complexa articulação entre sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação ou práticas afetivas e sexuais (Brasil, 2013).

No bojo desses avanços nas Políticas Públicas de saúde, identificou-se uma lacuna na formação dos profissionais de saúde que exige um esforço de docentes e gestores das Instituições de Ensino Superior (IES) na inclusão de conteúdos e estratégias que abordem as minorias sexuais e de gênero em seus currículos, seus materiais de ensino e suas práticas educacionais desde a formação inicial (Bonvicini,

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2017; De Guzman, Moukoulou, Scott, & Zerwic, 2018; Dorsen & Van Devanter, 2016; McCann & Brown, 2018).

Portanto, torna-se necessária a discussão sobre a criação de espaços democráticos e inclusivos durante toda a vida acadêmica, favorecendo a redução da discriminação e da garantia de direitos para esses indivíduos, sem prescindir de suas famílias e ou suas comunidades (Costa, Peroni, de Camargo, Pasley, & Nardi, 2015; Jackman, Bosse, Eliason, & Hughes, 2018; Nietsche et al., 2018; Rufino & Madeiro, 2017).

Em estudo com graduandos da área de saúde relata que a inexistência de estruturas curriculares sobre a temática LGBT+ nas Instituições de Ensino Superior em que se inserem, reduzindo as chances do desenvolvimento de competências para lidar com as minorias sexuais e de gênero em sua formação inicial (Rufino & Madeiro, 2017).

Neste sentido, o desafio para os docentes consiste em criar oportunidades para que as temáticas relacionadas à população LGBT+ sejam incluídas no decorrer da formação de estudantes de graduação em saúde com a finalidade de ampliar o conhecimento e sensibilizá-los para descontruir mitos e estereótipos prévios em prol de relações interpessoais mais respeitosas, plurais e empáticas.

Diante dessas considerações iniciais, realizou-se a seguinte pergunta norteadora do presente estudo: “Como os temas relacionados às minorias sexuais e de gênero são referidos pelos graduandos da área de saúde? Como tais temas podem contribuir para a construção de suas futuras identidades profissionais?”. O presente estudo objetiva caracterizar as contribuições de graduandos da área de saúde para o cuidado relacionado às minorias sexuais e de gênero.

2 Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, baseada no estudo de casos múltiplos incorporados (Yin, 2015) e derivada de um projeto maior de métodos mistos intitulado “Atitudes de estudantes de graduação da área da saúde face a minorias sexuais: enfoque na empatia e impactos sociais”, que transcorre em parceria com três Instituições de Ensino Superior (IES) no Estado de São Paulo. Entretanto, para o presente estudo adotaram-se duas unidades de análise que permitiram a coleta de dados no período compreendido entre fevereiro a abril de 2018:

• IES 1: Centro Universitário com fins lucrativos, situado no município de Campo Limpo Paulista e que dispunha, à época, de cinco cursos de graduação da área da saúde (Enfermagem, Farmácia, Biomedicina, Fisioterapia e Psicologia) e 456 estudantes no total.

• IES 2: Universidade com fins lucrativos, localizada na cidade de Guarulhos e que apresenta 9 cursos de graduação da área da saúde (Biomedicina, Enfermagem, Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Farmácia, Educação Física, Medicina Veterinária e Psicologia), totalizando 6275 estudantes no segundo semestre de 2017.

Utilizou-se a amostra probabilística randomizada composta por estudantes de graduação na área de saúde que atendessem aos critérios de inclusão, quais sejam: ser maior de 18 anos de idade e de ambos sexos biológicos; pertencer ou não a grupos de minorias sexuais e de gênero; estar regularmente matriculado no seu curso de graduação em saúde em diferentes períodos de sua formação acadêmica. Foram selecionados os cursos de Enfermagem (IES1 e IES2), Fisioterapia (IES1 e IES2), Psicologia (IES1 e IES2) e Odontologia (IES2). Em seguida, a randomização referiu-se aos estudantes matriculados em cada um desses cursos.

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Com base no cálculo amostral para as etapas quantitativas do projeto maior, participaram 202 (IES1) e 191 (IES2) estudantes dos diferentes cursos de graduação. Na IES1, participaram 38 graduandos de Enfermagem, 13 de Fisioterapia, 62 de Odontologia e 89 de Psicologia. Na IES 2, aderiram a esta pesquisa 79 graduandos de Enfermagem, 13 de Fisioterapia e 28 de Psicologia.

Em relação à IES1, o grupo de pesquisadores foi constituído por duas estudantes de Enfermagem sob supervisão de um docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da IES2 e com vínculo docente na IES1. Durante seis semanas no início do semestre letivo e fora do período de avaliações (março a abril de 2018), as duas pesquisadoras abordaram os participantes nas próprias salas de aulas ou nos laboratórios, antes ou durantes os intervalos das aulas.

O recrutamento dos participantes da IES2 foi realizado por um grupo de pesquisadores composto por oito estudantes de graduação de Enfermagem supervisionados por duas docentes do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da própria IES2. O período de coleta de dados ocorreu entre fevereiro e abril de 2018, sendo que os participantes foram identificados e esclarecidos a respeito dos objetivos do estudo antes ou após as aulas.

Em ambas IES, os pesquisadores responsáveis enviaram e-mails para a diretora da IES1, o reitor da IES2 e dos respectivos coordenadores dos cursos de graduação selecionados para formalizar o início da coleta de dados.

Devido à vinculação do presente estudo ao projeto maior, os participantes responderam a três instrumentos de coleta de dados: a caracterização dos participantes, a Escala Multidimensional de Atitudes Face a Lésbicas e a Gays (EMAFLG) e o Inventário de Empatia.

O instrumento de caracterização dos participantes é composto por 14 variáveis: idade, naturalidade, estado civil, cor auto referida, religião, renda individual em salários mínimos, sexo (registro civil), identidade de gênero (como o indivíduo se percebe), orientação sexual (interesse em relações sexuais), curso, semestre, bem como das seguintes perguntas atinentes à análise qualitativa das respostas:

“Você já sofreu alguma violência motivada pela sua identidade de gênero ou orientação sexual?” “Você já teve contanto com assuntos relacionados às minorias sexuais durante sua formação na sua Faculdade ou Universidade? Se sim, em qual contexto?”

“Até o momento da sua formação, você acha que estará preparado profissionalmente para lidar com as minorias sexuais?”

“Como você acha que a sua formação acadêmica poderia contribuir para lidar com as minorias sexuais? Relate brevemente sua opinião”

Em seguida, para o tratamento das repostas, adotou-se a análise de conteúdo definida por “um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo dos discursos, visando obter indicadores (qualitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) desses discursos”(Bardin, 2016, p. 48) em três fases: a) pré-análise; b) exploração do material e c) tratamento dos resultados - inferência e interpretação.

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Pretende-se iniciar o tratamento dos dados (Bardin, 2016) codificados após o Exame de Qualificação, uma vez que a pesquisadora realizará inferências baseadas em categorias analíticas derivadas do referencial teórico-operacional baseado na Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Brasil, 2013), a saber:

Eixo 1: Acesso da população LGBT à Atenção Integral à Saúde,

Eixo 2: Ações de Promoção e Vigilância em Saúde para a população LGBT,

Eixo 3: Educação permanente e educação popular em saúde com foco na população LGBT e o Eixo 4: Monitoramento e avaliação das ações de saúde para a população LGBT.

Optou-se pela análise de conteúdo em suas modalidades temática e lexical (Bardin, 2016) para potencializar as vantagens de ambas em relação aos corpora das IES avaliadas.

A complementaridade dessas duas modalidades (Nascimento & Menandro, 2006) objetivou potencializar a compreensão do objeto investigado e fortalecer o rigor metodológico, a recuperação de dados e a transparência do processo adotado.

Decorrentes da análise temática, os trechos ilustrativos das respostas serão representados, respectivamente, por E (Enfermagem), P (Psicologia), F (Fisioterapia) ou O (Odontologia) acrescido de algarismo romano que indica a ordem da inclusão dos participantes no banco de dados, independentemente da IES de origem.

Para a contagem e decodificação das respostas dos estudantes de graduação em saúde será utilizado o software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), em sua versão 0.7 alpha 2, para a análise lexical do corpus deste estudo (Camargo & Justo, 2013; Souza, Wall, Thuler, Lowen, & Peres, 2018).

A linha de comando para as análises no IRAMUTEQ incluiu as seguintes variáveis: numeração do indivíduo na listagem, idade, estado civil, religião, sexo, identidade de gênero, orientação sexual, curso, vivência da temática LGBT+ na formação, percepção de sentir-se preparado para cuidar das minorias sexuais e de gênero e IES de origem. Por exemplo:

**** *Ind_888 *Id_44 *Ec_2 *Rel_3 *Sex_1 *Idg_2 *Ori_1 *Cur_1 *Cont_1 *Prep_1 *Ies_2

Este estudo foi realizado após aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa cujo número do parecer é 2.407.147 e número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAEE) é 77547417.7.1001.5506.

Para sintetizar (Figura 1), entende-se que as questões de investigação e as opções metodológicas baseadas nas análises combinadas podem contribuir para melhorias na coerência interna e na escolha de referenciais teóricos.

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Questões de

Investigação Objetivos de Investigação

Corpus de

Dados Tipo de Análise

Observações e Expectativas Quais temas emergem das respostas dos estudantes? Compreender os elementos que caracterizam a potencial incorporação do cuidado voltado às necessidades das minorias

sexuais e de gênero.

Respostas dos estudantes

Análise temática realizada por dois

pesquisadores independentes Verificar a frequência e a presença de temas relevantes ao objeto estudado.

Quais palavras mais aparecem nas respostas dos estudantes com base nos diferentes

cursos?

Avaliar as palavras mais frequentes

Respostas dos estudantes

Análise lexical por meio de Especificidades e

Análise Fatorial Combinatória

Inferir sobre o conjunto de palavras mais empregado nas diferentes graduações em saúde. Quais co-ocorrências de palavras se destacam por cursos? Verificar a proximidade e as potenciais relações entre as palavras agrupadas com base na Teoria dos Grafos

Respostas dos estudantes

Análise lexical por meio da Análise de

Similitude

Identificar comunidades de palavras que mais se

interligam a fim de reforçar as interpretações

anteriores.

Fig. 1. Quadro de coerência interna da pesquisa relacionada às temáticas das minorias sexuais e de gênero na formação em

graduação de estudantes da área de saúde. Guarulhos, 2019.

3 Resultados Parciais

A análise temática proporcionou duas categorias empíricas centrais. A primeira correspondeu ao “Saber lidar com o cuidado das minorias sexuais” que contemplou “garantir um cuidado respeitoso”, “promover ações educativas empáticas”, “prevenir infecções sexualmente transmissíveis” e “incluir gênero e orientação sexual na formação em saúde”. A segunda “Tornar-se um profissional de saúde aberto à diversidade humana” foi composta por “ajudar a superar o preconceito”, “contribuir para enfrentar a violência” e “manter a ética profissional na abordagem individual e familiar”.

O resumo lexicográfico do IRAMUTEQ produziu: 259 textos, 182 segmentos de textos, 5404 ocorrências, 1298 formas e 773 palavras com ocorrência única no texto (hápax). Os temas levantados para o corpus do estudo foram decorrentes da análise de similitude com halos a fim de identificar a frequência e o agrupamento de palavras próximas entre si e compará-los com a análise temática realizada por dois codificadores de maneira independente.

Entende-se que a integração dessas duas formas de análise podem auxiliar no questionamento crítico e complementar a fim de garantir maior rigor metodológico na etapa de codificação na análise temática de conteúdo e, de modo complementar, apoiar-se na objetividade de análises estatísticas textuais para constatar pontos convergentes com os temas e as categorias empíricas identificadas.

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4 Conclusões

Os respondentes desta pesquisa indicam duas categorias principais que podem contribuir na incorporação da temática da população LGBT+ na formação de graduação em saúde. Entende-se que a necessidade de aprender a cuidar das especificidades das minorias sexuais e de gênero implica na contemplação de elementos essenciais para tornar-se um futuro profissional de saúde consciente da diversidade humana para iniciar processos de mudança curriculares e ou institucionais.

No sentido metodológico, evidencia-se que o processo dual de análise de dados representa uma estratégia potencializadora da compreensão dos aspectos interpretativos dos pesquisadores independentes na análise temática e nos questionamentos realizados pela equipe de pesquisa apoiado na aplicação de diferentes técnicas de análise lexical com suporte do software IRAMUTEQ, em especail, na utilização de métodos mistos.

Agradecimentos. A todos os representantes das Instituições de Ensino Superior partícipes.

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