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Ao Dr. Murillo Ronald Capella, cuja colabo-
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raçao foi indispensavel para a realizaçao deste
SUMÁRIO
In RESUMOfaooooQoo¢0c¡0onibolonoooønøooouonuoounon
_ ~
II- INTRQQUçAOooio;nqoooonqooaonøoqunnnnaooooogunqnz
III. MATERIAL E MÉToDos... . . . . . ...
IVO RESUIf|`T_A:pAO›S_`noniooQuocegos;noooohouocøooouoooonna
Vo DIScUS`SÃOuoÇonouønooogooQounonouou n o o n o oogooooi
_~
VI. cONC:I¬IUS'OE_Sø`o0§0QQnauonoaonoaoooouconcuonooooqoa
VII. SUMMARY...
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...
PÁGINA 01 02 06 08 14 20 21 22
Foram analisados, em estudo prospectivo, 121 crianças
com diagnostico de Distopia Testicular internadas no Serviço de
CIPE do HIJG - Florianópolis-SC, no período de janeiro de 1984 a
janeiro de 1987, com a idade variando de 2 meses a 14 anos, sendo
18 (15%) lactentes, 68 (56,l%) prê-escolares e 35 (28,9%) escola-
res. Apenas 3 pacientes fizerem uso prévio de HCG.
Os testículos distôpicos eram bilaterais em 22
(l8,2%) pacientes e 99 (8l,8%) unilaterais. Destes, 57 (47,l%)
eram do lado direito e 42 (34,7%) ã esquerda. Havia 2 casos (
1,6%) de criptorquia, 14 (ll,6%) de ectopia, 90 (74,4%) de testí-
culo retido, 2 (l,6%) de testículo retido e ectopia, 9 (7,4%) de
atrofia e 4 (3,4%) de agenesia. Das doenças associadas, 18 casos
(60%) eram de hérnia inguinal, 7 (23,3%) de fimose, 3 (10%) de hi
pospadia e l (3,35%) de hidrocele.
A
persistência do conduto peritõnio vaginal (PCPV) foi verificada em 89 (73,5%) pacientes. Os
testículos distõpicos eram menores que os tõpicos, sendo maior a
» INTRODUQÃO coNcE1To E cLAss1F1cAÇÃo I › i
Distopia Testicular (DT) refere-se a qualquer testícu
lo fora da bolsa escrotal.
A DT foi classificada pelo comitê de Cirurgia Pediá-
trica da SBP, em 1985 (9), da seguinte maneira:
l - Criptorquia - Designa o testículo que ao exame fi
sico não pode ser visto nem palpado.
2 - Testículo retido - Testículo fora da bolsa mas
que parou no seu trajeto de progressão normal.
3 - Testículo ectõpico - Testículo não sô fora da bol
sa como localizado fora do seu trajeto normal de
progressão (períneo, subcutãneo da região ingui-
nal, base do pênis, hemibolsa contralateral).
4 - Testículo retrátil ou migratório - Testículo tem-
porariamente fora da bolsa mas que espontaneamen=
te ou por manobras digitais pode ser levado ao
fundo da mesma (ainda que ao ser largado retorne
imediatamente ã região inguinal).
5 - Anorquia - Ausência do testículo. Quer seja por
~ ~
nao formaçao como por atrofia.
HISTÓRICO
A
primeira observaçao de testículos distõpicos foifeita por John Hunter, no século XVIII, o qual constatou que em
recêm nascidos prematuros as gõnadas encontravam-se intra-abdomi-
nalmente, enquanto que as de recêm nascidos a termo encontravam-
Até 1900, pacientes com DT eram submetidos a.orquiectQ
mia, o que foi mudado por Bevan, no início do século XX, introdu-
zindo a or ' ' (17)
quiopexia .
ETIOLOGIA
~ A ~
As causas de DT sao: hormonais, mecanicas e nao deter
minadas. Os estudos de Hadziselinovic e Herzog mostraram a direta
relação entre gonadotrofina coriõnica e a descida testicular. Co-
mo fatores mecânicos encontram-se: disfunção do gubernäculo, artš
ria espermãtica curta, anel ou canal inguinal estreito, adesões
dos testículos fetais aos tecidos retroperitoniais, hiperativida-
de do músculo cremastérico, anomalias da parede abdominal (Sín-
drome de Prune Belly) e outras desordens anatõmicas(5).
ALTERAÇÕES TESTICULARES
Vãrias alteraçoes podem ser decorrentes da DT:
a) Fertilidade: estudos histolõgicos demonstram a di-
minuição acentuada de células germinativas e do diâmetro dos túbu
los relativos ã idade do paciente; enquanto ocorre preservação
das células de Leydig, os níveis séricos de hormônio luteinizante
tendem,a ser normais, ao passo que o hormônio folículo estimulan~
te encontra-se elevado(4' lo). Os testículos com localização abdg
minal apresentam menor número de espermatogõnias do que aqueles
localizados no canal inguinal ou na bolsa inguinal superficial(9).
Mesmo apõs tratamento cirúrgico, no período pré-pubere apenas cer
ca de 60% dos pacientes tornaram-se férteis(l4);
b) Malignidade: a chance de ocorrer malignização em
testículos distõpicos foi de 30 a 50 vezes maior do que nos não
distõpicos, em estudo com pacientes numa idade média de 32 anos.
O testículo abdominal tem uma predisposição em tornar-se maligno,
I
O4
xia ou terapia hormonal) ou descida espontânea. Logo, como medida
preventiva, estaria indicada a orquiectomia. O risco de ocorrer
degeneração maligna também está aumentado no testículo contralate
ral ao distõpico, mesmo estando em posição normal. A incidência
de malignização em DT está em torno de 12%. Como fatores oncogêni
cos são citados: o meio alterado, desequilíbrio hormonal e atro-
fia ou disgenesia testicular
c) Hêrnia: a incidência de hérnia inguinal associada
ã DT ë muito variável, uma vez que o conceito de hérnia refere-se
ã presença de estrutura abdominal no saco herniãrio, causando dor
A PCPV e a DT "per se" não determina sintomatologia(5);
d) Torção: estudos revelam que a incidência de tor-
ção ê maior em testículos distõpicos do que nos normais, alëm de
ser de difícil diagnostico, aumentando ainda mais a inviabilidade
dos testículos que sofrem torção. A degeneração maligna no testí-
culo distõpico parece aumentar a incidência de torçao, mas nao
hã, ainda, uma causa estabelecida(5);
e) Trauma: testítulos distõpicos estão mais sujeitos
a sofrerem traumatismo (traumas diretos, contração da musculatura
abdominal, rigidez e inelasticidade da parede em relação ã bolsa
escrotal) e desenvolverem um processo neoplãsico(5).
‹
ANOMALIAS ASSOCIADAS
A associação de outras anomalias com testículos distõ
picos está mais acentuada nos casos bilaterais. As anomalias po-
dem ser:
a) no trato urinãrio: a agenesia renal ipsilateral ë
a mais freqüentemente associada â DT unilateral;
b) no epidídimo e vaso deferente: quanto ao epidídimo
pode ocorrer atresia de cabeça, corpo ou cauda, agenesia ou alon-
gamento, sendo esse ütlimo o achado mais comum; Q
c) cromossõmicas: anomalias cromossomicas determinan-
tes de estados intersexuais parecem estar ligadas ã DT bilateral
(5).
OBJETIVO
Realizar trabalho com vistas a estabelecer o lado, a
posiçao e o tamanho de testículos distõpicos correlacionando-os
com os grupos etários em estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisados, em estudo prospectivo, l2l meninos
com idade variando de 2 meses a 14 anos, internados no Serviço de
Cirurgia Pediátrica (CIPE) do Hospital Infantil Joana de Gusmão -
Florianópolis-SC, no período de janeiro de 1984 a janeiro de 1987
com diagnõstico de DT.
Considerou-se DT a ausência do(s) testículo(s) na
bolsa escrotal apõs exame realizado pela seguinte técnica: o exa-
me era feito em ambiente aquecido, com as mãos previamente lava-
das e aquecidas. Colocavam-se dois dedos da mão esquerda, um de
cada lado no colo do escroto, a fim de prevenir a subida dos
tes-~
tículos pelo reflexo cremastérico, enquanto que os dedos da mao
direita palpavam cada.hemibolsa escrotal. Desse modg, verifiça-se
a presença ou não dos testículos na bolsa escrotal. Quando ausen-
te, palpava-se a regiao inguinal delicadamente ã procura do tes-
tículo e, se alí presente, tentava-se levã-lo ã bolsa escrotal.
De acordo com os achados, o tipo de distopia era en-
quadrado na classificação citada anteriormente. Salientamos que
no material em estudo não foram incluídos os casos de testículo
retrátil.
Destes pacientes foram coletados os seguintes dados:
idade, raça, uso prévio de hormônio, lado da distopia e posição
pré e trans-operatõria, histõria prévia de hérnia inguinal asso-
ciada, doenças associadas diagnosticadas pela inspeção, persistên
cia do conduto peritõnio vaginal e tamanho do testículo distõpico
e do tõpico.
Os grupos etários foram considerados de acordo com o
seguinte critério: recém nascido (de 0 a 28 dias), lactentes (de
7 anos em diante).
As medidas dos testículos foram obtidas pelo uso de
rëgua de papelão calibrada em centímetros, durante o trans-opera-
tõrio.
As variações de tamanho (comprimento e largura) dos
testículos distõpicos foram tomadas em relação aos testículos tõ-
picos e distribuídas de acordo com o diagnóstico e os grupos etã-
RESULTADOS
~
A avaliaçao dos grupos etários nos l2l pacientes es-
tudados estã demonstrada na tabela l.
TABELA l - DISTOPIA TESTICULAR
DISTRIBUIÇÃO Dos GRUPOS ETÃRIOS*
GRUPO ETÃRIO NÚMERO %
RECEM-NAscIDo 00 0,00
LACTENTE 18 15,00
PRÉ-EscoLAR 68 56,10
EscoLAR 35 28,90
TOTAL l2l 100,00
* SERVIÇO DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
Em relaçao ã raça, 114 (94,2%) eram brancos, 2
(l,7%) pardos e 5 (4,l%) negros.
A
V O estudo de uso prévio de hormonio revelou que ll7
(97%) não fizeram tratamento hormonal e 4 (3%) fizeram.
Quanto ã localização da distopia, em 22 casos (
18,2%) ela era bilateral e em 99 (8l,8%) unilateral. Destes, 57
(47,l%) eram do lado direito e 42 (34,7%) do lado esquerdo.
A classificação do tipo de distopia encontrada no
prê-operatório e trans-operatório está demonstrada nas tabelas 2
TIPO DE DISTOPIA UNILATERAL BILATERAL NÚMERO % CRIPTORQUIA 31 EcToPIA 05 TESTICULO RETIDQ 63 TESTÍCULQ RETIDO E CRIPTQRQUIA oo TESTICULO RETIDO E EcToP1A oo 34 07 76 03 01 28,00 5,80 63,00 2,40 0,80 TOTAL 99 l2l 100,00
* sERv1Ço DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
TABELA 3 - DISTOPIA TESTICULAR
cLAssIF1cAÇAo TRANS OPERATÓRIA*
TIPO DE DISTOPIA UNILATERAL BILATERAL NÚMERO %
CRIPTORQUIA 02 ECTQPIA 12 TESTICULO RETIDO 73 TESTICULO RETIDO E ECTOPIA 00 ATROFIA 09 AGENESIA 03 02 14 90 02 09 04 1,60 ll,60 74,40 1,60 7,40 3,40 TOTAL 99 l2l 100,00
I 10
No estudo dos 121 casos de DT a histõria prêvia de
hérnia inguinal associada foi encontrada em 24 (l9,8%) pacien-
tes. Como doenças associadas haviam 30 casos, sendo 18 (60,0%)de
hërnia inguinal, 07 (23,3%) fimoses, 03 (10%) hipospãdias, Ol
(3,35%) hidrocele e 01 (3,35%) caso de recidiva de distopia.
com os diag
TABELA 4 -
As doenças associadas foram distribuídas de acordo
nõsticos, segundo a tabela 4.
DISTQPIA TESTICULAR
DOENÇAS AssocIADAs/DIAGNÓSTICO*
DOENÇA Ass OCIADA TEST. RETIDO ECTOPIA ANORQUIA N? %
HÉRNIA ING FIMQSE HIPOSPÃDIA HIDRQCELE RECIDIVA D UINAL 16 06 02 Ol Ol 01 00 Ol 00 00 Ol Ol 00 00 00 18 07 03 01 Ol 60,00 23,30 10,00 3,35 E DT 3,35 TOTAL 26 02 02 30 100,00 * sERv1ço ‹
DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
A persistência do conduto peritõnio vaginal está de-
TABELA 5 - DISTOPIA TESTICULAR
PERSISTENCIA DO CONDUTO.PERITONIO VAGINAL
DIAGNÓSTICO SIM % NAO % NÚMERO %
CRIPTORQUIA ECTOPIA TEsTIcULo RETIDO 02 14 90 02 09 71 1,60 7,50 58,65 00 05 19 0,00 4,10 15,70 TESTÍCULO RETIDO E ECTOPIA ANORQUIA 00 08 02 13 02 05 1,60 4,10 0,00 6,70 1,65 11,60 74,40 1,65 10,70 TOTAL 89 73,50 32 26,50 121 100,00
* SERVIÇO DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
Quanto ao tamanho, foi feito comparaçao entre o tes-
tículo tõpico e o distõpico. Encontrou-se igualdade em 43 casos
(36,l%) e desigualdade em 76 (63,9%), sendo destes 12 (l5,8%) em
lactentes, 43 (56,5%) em prë-escolares e 21 (27,7%) em
escola-~
res. Em dois casos os testículos nao foram medidos. A variaçao
de tamanho dos testículos desiguais, correlacionada com o grupo
etãrio e o diagnõstico, está demonstrada nas tabelas 6, 7 e 8.
TABELA 6 - DISTOPIA TESTICULAR
‹
~ *
VARIAÇAO DE TAMANHO - LACTENTES
DIAGNOSTICO VAR.COMP.(Cm) VAR.LARG.(Cm) NÚMERO %
~ TESTICULO RETIDO 0 - 1,5 0,2 - 0,5 CRIPTORQ ECTOPIA ATROFIA AGENESIA 0/7 o¡4 1,5 0,5 08 01 00 01 02 66,60 8,35 0,00 8,35 16,70 TOTAL 12 100,00
12
TABELA 7 - DISTOPIA TESTICULAR
~ *
VARIAÇAO DE TAMANHO - PRÉ-ESCOLARES
DIAGNÓSTICO vAR.coMP-(¢m) vAR.LARG.(¢m) NÚMERO %
TESTÍCULO RETIDO 0 - 1,5 0 - 1,7 0,3 0, CRIPTORQ ECTOPIA ATROFIA AGENESIA UIA 0,0 _ l¡O _ 33 01 04 03 02 76,80 2,30 9,30 7,00 4,60 2 0,7 0,2 - l,0 1,3 0,0 - 1,7 TOTAL 43 100,00
* sERv1ço DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
TABELA 8 - DISTOPIA TESTICULAR
VARIAÇAO DE TAMANHO . ESCOLARES *.
DIAGNÓsTIco` vAR.coMP.‹cm) vAR.LARG.(cm) NÚMERO %
TESTÍCUL CRIPTORQ ECTOPIA ATROFIA AGENESIA O RETIDO 0,0 UIA - 0,5 - 0,2 '0,8 0,5 - 0,9 1 - 02 13 00 04 02 3¡0 O¡4 _ l¡5 62,00 00,00 19,00 9,50 9,50 3,5 1,5 TOTAL 21 100,00
* SERVIÇ O DE CIPE-HIJG - jan/84 a jan/87
Observou-se que a incidência de DT foi maior nos prš
escolares. Por essa razão, as idades foram sub-divididas e corre
lacionadas com os diagnósticos, variaçao em comprimento e em lar
TABELA 9 - DISTOPIA TESTICULAR
IDADE/VARIAÇÃO DE TAMANHQ - PRE-ESCOLARES 'k
GRUPO ETÃRIO DIAGNOSTICO N9 VAR COMP.(cm) VAR .LARG.(cm)
2
A
3 ANOS 3 A 4 ANOS 4A
5 ANOS 5A
6 ANOS 6 A 7 ANOS TEST. RETIDO CRIPTORQUIA ECTOPIA ATROFIA AGENESIA TEST. RETIDO CRIPTORQUIA ECTOPIA ATROFIA AGENESIA TEST. RETIDO CRIPTORQUIA ECTOPIA ATROFIA AGENESIA TEST- RETIDO CRIPTORQUIA ECTOPIA ATROFIA AGENESIA TEST. RETIDO CRIPTORQUIA ECTOPIA ATROFIA AGENESIA 05 02 01 01 07 01 01 10 01 01 01 06 01 05 0,0 o¡0 1,0 0,5 0,0 1,3 0,1 0,3 0,7 0,1 1,0 0¡l - 0,8 _ 0¡5 _ l¡0 _ l¡2 _ l¡5 0,2 0,2 0,0 0,0 l¡0 015 0,0 0¡2 0¡5 0,0 1,7 - 1,0 0,0 - 0,5 - 0,3 _ 0¡5 - 0,6 - 1,7 _ 0¡5 TOTAL 43~
DISCUSSAO
A descida dos testículos é, talvez, a fase menos com-
preendida da diferenciaçao sexual masculina, tanto na natureza
das forças envolvidas no movimento testicular quanto nos fatores
hormonais que regulam o processo. Em termos anatõmicos, o movi-
mento dos testículos pode ser dividido em três fases: (l) movi-
mento transabdominal dos testículos do seu local de origem acima
do rim para o anel inguinal, (2) formaçao de uma abertura no ca-
nal inguinal (processo vaginal) através do qual o testículo aban
dona a cavidade abdominal, e (3) movimanto dos testículos atra -
vés do canal inguinal para sua localização permanente no escroto
Todo o processo tem uma duração de seis a sete meses,
iniciando-~
se por volta da sexta semana de gestaçao. Em alguns indivíduos o
processo sô se torna completo depois do nascimento. Qualquer que
~ A ....
seja a sua açao, o androgenio nao é, provavelmente, o único hor-
mõnio responsável por este processo. A falha de qualquer um dos
eventos anatõmicos acima pode ser responsável pela falta de des-
cida de um ou ambos os testículos(l6).
O eríodo neonatal é o melhor ara se fazer o dia 9nõs
_
tico de DT. Nessa ocasiao a bolsa escrotal do recém nascido é re
lativamente maior do que em qualquer outra idade além de ser fã-
cil examinar seu conteúdo, associado ao fato de que a gordura
A ~ ¢
subcutanea da regiao inguinal e mais escassa e o reflexo cremas
térico é praticamente ausente. O reflexo cremastérico torna-se
Ê
parente em torno do terceiro mês de vida e atinge seu máximo en
tre 5 e l0 anos de idade(l2). _
O diagnóstico definitivo não deve ser firmado em um
ê fácil, necessitando de um exame cuidadoso pois a conduta depen-
de do diagnóstico. Antes de mais nada deve¬se descartar a possibi
lidade de um testículo retrátil. Para isso usa-se de uma manobra
simples que consiste.na colocação¡~sem tensão, do testículo no
fundo do escroto. Além disso, em casos de testículos retráteis,
o desenvolvimento da bolsa escrotal ë amplo e igual de ambos os
lados.
O diagnóstico de DT na criança ë exclusivamente palpa
tõrio. Exames complementares como a cintilografia, ultrassonogra-
fia e tomografia computadorizada fornecem poucos subsídios. A flg
bografia e arteriografia são contra indicadas(9).
Para a diferenciação entre criptorquia bilateral e
anorquia pode-se fazer estimulação com gonadotrofina coriõnica hu
mana. Nos casos de testículos criptorquídicos observa-se aumento
dos níveis basais de testosterona. Deve-se observar que este mëtg
do, na prática, tem um certo percentual de resultados falsos(l2).
Finalmente, em casos de dúvida, a exploraçao cirúrgi-
ca fornecerá o diagnõstico definitivo.
A incidência dos testículos não descidos ê uma fun-
ção da idade. Scorer notou que a incidência de ausência de desci-
da era de praticamente l00% nos bebês prematuros com um peso infg
rior a 900 gramas e de aproximadamente 65% naqueles com menos de
1.800 gramas.
A
incidência nos bebês a termo ë de 2,7 a 3,4% (13)de 0,2 a 0,8% no primeiro ano de idade (13) e de 0,3 a 0,8% no
adulto (3). `
Nos 121 casos aqui descritos não havia nenhum recêm
nascido pré-maturo ou a termo, 18 (l5,0%) eram lactentes, 68
(56,l%) prë-escolares e 35 (28,9%) escolares.
Essa variação na incidência dependente da idade ê bag
16
tradição pensar que pode ocorrer o descenso espontâneo do testí-
culo até o momento da puberdade. Essa idéia, juntamente com a
~
preocupaçao de que a cirurgia em uma idade mais precoce tem um
~
risco maior de lesar os vasos do cordao deferente e espermático,
levou muitos autores a realizar orquiopexia imediatamente antes
da puberdade. Esse conceito baseia-se em uma análise feita por
inúmeros observadores, que sugere uma incidência aproximada de
ausência de descenso de 5% nos escolares, caindo espontaneamente
para 0,4% na época.da puberdade (15).
Estudos mais recentes, com uma análise por um único
observador e com a atenção dirigida para a exclusão de casos de
testículos retráteis, descreveram uma incidência em torno de
0,8% em crianças e.adultos. Baseando-se nesses dados, juntamente
' ~
4 4 ~
com o achado de deterioraçao histologica dos testículos nao des-
cidos que começa durante o segundo ano de vida, é que se indica
a realização deorquiopexia entre as idades de l e 2 anos(l3).
Em nossa casuística apenas l8 pacientes (l5,0%) rea-
lizaram a orquiopexia dentro dessa faixa etária que é a conside-
rada ideal. Isso se deve ao fato de que os demais pacientes pro-
curaram o serviço de CIPE em idades mais avançadas.
. Embora aorquiopexia seja o alicerce da terapia para
os testículos não descidos, a terapêutica hormonal continua a
ser uma importante modalidade de tratamento da DT. O emprego da
gonadotrofina coriõnica humana (HCG), foi primariamente descrito
por Shapiro, em 1931.
A
HCG estimula as células de Leydig a pro-duzir testosterona e tem um leve efeito de hormônio folículo es-
timulante sobre o epitélio gonadal. A resposta é observada em um
tempo muito curto, sendo indicado um cuidadoso acompanhamento,
mesmo nos casos bem sucedidos, porque a taxa de retração dentro
dos primeiros seis meses é superior a 10%. O sucesso da terapia
pela HCG varia de 10 a 50% e é mais elevado em crianças mais ve-
lhas do que nas mais jovens, o que é provavelmente devido ao
maior grau de desenvolvimento das células de.Leydig nas crianças
Em nosso material havia apenas 4 casos (3,0%)de uso
prévio de hormônio, o que não nos permitiu uma melhor avaliação
~ A
com relaçao ao sucesso da terapeutica hormonal.
No que tange ao lado da distopia, os resultados encon
trados coincidem com os obtidos por outros autores(l2). Na casuís
tica em estudo foram encontrados 99 casos (8l,8%) de DT unilate-
ral, sendo 57 (47,l%) ã direita e 42 (34,7%) ã esquerda. A locali
-zação da DT ficou determinada pelo achado no trans-operatório e
não no exame clínico pré-operatório citado anteriormente. Assim
sendo, dos casos de DT unilateral, foi encontrado criptorquia em
2 (l,7%), ectopia em 12 (l0,1%), testículo retido em 73 (60%),
atrofia em 9 (7,5%) e agenesia em 3 (2,5%). Dos bilaterais, ecto-
pia em 2 (l,6%), testículo retido em 17 (l4,l%), testículo retido
e ectopia em 2 (l,6%) e agenesia em l (0,8%).
De acordo com a literatura várias doenças.podem estar
associadas ã DT, tais como: estados intersexuais (disgenesia gona
dal mista e pseudohermafroditismo masculino), hiperplasia congêni
ta da supra-renal(;l), hipospãdia, hérnia inguinal e alterações
renais, do epidídimo e do canal deferente.
Alguns autores chegam a citar que aproximadamente 90%
~ ~
.dos pacientes com testículos verdadeiramente nao descidos terao
~
z . . . _ . 7 . .
hernias inguinais indiretas importantes( ). Essas sao corrigidas
no momento da orquiopexia e tem uma baixa incidência de recidiva.
A hérnia pode ser a queixa inicial e exigir correção na infância.
Deve-se fazer a orquiopexia nesse mesmo tempo apesar da idade do
paciente.
Em nosso levantamento observou-se 30 casos (24,79%)de
associação de DT com outras doenças, sendo 18 (60%) de hérnia in-
guinal (24 tinham histõria prévia), 7 (23,3%) de fimose, 3 (10%)
de hipospãdia, l (3,35%) de hidrocele e l (3,35%) de recidiva de
distopia. O fato de haver histõria prévia de hérnia inguinal (24
18
nos leva a crer que a presença de.um testículo subcutâneo era
interpretado pelos familiares como hérnia inguinal.
Quanto ao conduto peritõnio vaginal (CPV), postula-se
que sua obliteraçao ocorre após a descida completa do testículo
(1). Dessa forma, ë de se esperar que a.persistência do CPV este-
ja presente na quase totalidade dos casos de DT.
No estudo realizado ela foi verificada em 90 (74,4%)
pacientes dos quais 2 eram portadores de criptorquia, 9 de ecto-
pia, 71 de testículo retido, 2 de testículo retido e ectopia e 5
de anorquia. '
No que diz respeito ao tamanho sabe-se que os testícg
los distõpicos são menores que os tõpicos(l2).
'No material em estudo foi encontrado nos lactentes
~
uma variaçao de 0.a l,5cm em comprimento e O a l,7cm em largura
para os testículos retidos, O,7cm em comprimento e 0,4cm em largu
ra para os criptorquídicos.e os atrõficos variaram l,5cm-em
com-~
primento e 0,5cm em largura. Nao foram encontrados casos de ecto-
pia em lactentes.
~
Nos pré-escolares houve variaçao de 0 a l,5cm em com-
primento e 0 a l,7cm em largura para os testículos retidos, de
0,3cm em comprimento.e 0,2cm em largura nos criptorquídicos, de 0
a O,7cm em comprimento e 0,2 a l,0cm em largura nos ectõpicos e
os atrõficos variaram de l,0 a l,3cm em comprimento e O a l,7cm
em largura.
Com relaçao aos escolares, os testículos retidos vari
aram de O a 3,0cm em comprimento e de 0,4 a l,5cm em largura, os
ectõpicos de 0,5 a 0,8cm em comprimento e de 0,5 a 0,9cm em largu
ra e, finalmente, os atrõficos de 0,2 a 3,5cm em comprimento e de
l,5cm em largura. Nessa faixa etária não houve casos de criptor-
quia. '
Esses achados nos permitem concluir que os testículos
~ - 4
. ~ _
distõpicos.sao menores do que os topicos, sendo a variaçao de ta
1
~
CONCLUSOES
l. Dos pacientes em estudo, 18 (15%) eram lactentes, 68 (56,l%)
pré-escolares e 35 (28,9%) escolares e apenas 4 (3%) fizeram uso
prêvio de hormônio (Gonadotrofina coriõnica humana);
2. Quanto â localização do testículo distõpico 22 (l8,2%) eram
.bilaterais e 99 (8l,8%) unilaterais. Destes, 57 (47,l%) eram do
“lado direito e 42 (34,7%) do lado esquerdo.
3. O achado trans-operatõrio mostrou 2 casos (l,6%) de criptor-
quia, 14 (ll,6%) de ectopia, 90 (74,4%) de testículos retidos, 2
(l,6%) de testículo retido e ectopia, 9 (7,4%) de atrofia e 4
(3,4%) de agenesia testicular.
4. Das doenças associadas diagnosticadas pela inspeçao havia 18
casos (60%) de hérnia inguinal, 7 (23,3%) de fimose, 3 (10%) de
hipospâdia, 1 (34,35%) de hiõrocele e 1 ‹3,35%) de recidiva de DT.
Q
5. A persistência do conduto peritonio vaginal esteve presente em
89 pacientes (73,5%). ~
6. Com relação ao tamanho, os testículos distõpicos eram menores
do que os testículos tõpicos, sendo a variação maior quanto mais
The authors have studied prospectively l2l children
diagnosed for'dy5topi¢ testis, admitted at the Service of Pediatric
Surgery of the Joana de Gusmão Children's Hospital, Florianópolis
-SC, from january l984 through january 1987, ages rauging from 2
months to 14 years-old. Eighteen (15%) patients .were infants, 68
(56%) were pre-scholar and 35 (28,9%) were scholar group. Only
three of the patients studied have.previourly used HCG. The
dystopic testes were bilateral in 22 (l8,2%) and unilateral in
99 (8l,8%) patients. From the latter group, 57 (77,l%) were loca-
ted on the right side and 42 (34,7%) on the left side. There were
2 cryptorchid testes (l,6%), 14 ectopic testes (ll,6%), 90 retrag
tile testes (74,4%), 2 retractile testesassociated with ectopic
testes, 9 (7,4%) atrophic testes and 4 (3,4%) absent testes. In
our sample, there were 18 cases of inguinal hernia, 7 cases of
phimosis, 3 cases of hypospadia and l case of hydrocele associated
with the dystopic.testes@.Persistency of the processus vaginalis
was observed in 89 (73,5%) subjects. The dystopic testes were
smaller than the topic ones, the varyation.bring greater as the
\
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Autor Silva, Andréa Man
Tltulo Dlstopla testlcular