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Gestão de RSAE no Banco do Brasil Análise das práticas de gestão dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável no município de Manaus/AM

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Academic year: 2021

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(1)Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas Departamento de Ciências Administrativas Programa de Pós-graduação em Administração – PROPAD. Romilianne Cavalcante Pessôa. Gestão de RSAE no Banco do Brasil - Análise das práticas de gestão dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável no município de Manaus/AM.. Recife, 2009.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco é definido em três graus: "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas); "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada; "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia; A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração. Título da Monografia: Gestão de RSAE no Banco do Brasil - Análise das práticas de gestão dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável no município de Manaus/AM. Nome do Autor: Romilianne Cavalcante Pessôa Data da aprovação: 11 de dezembro de 2009 Classificação, conforme especificação acima: Grau 1. X. Grau 2 Grau 3 Recife, 11 de dezembro de 2009 ______________________________ Romilianne Cavalcante Pessôa.

(3) Romilianne Cavalcante Pessôa. Gestão de RSAE no Banco do Brasil - Análise das práticas de gestão dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável no município de Manaus/AM. Orientadora: Lilian Soares Outtes Wanderley, PhD.. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração.. Recife, 2009.

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(5) Pessoa, Romilianne Cavalcante Gestão de RSAE no Banco do Brasil – Análise das práticas de gestão dos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável no município de Manaus/AM / Romilianne Cavalcante Pessôa. - Recife : O Autor, 2009. 134 folhas : fig. ,quadro, abrev. e siglas. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Administração, 2009. Inclui bibliografia, apêndice e anexo. 1. Desenvolvimento sustentável. 2. Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. 3. Desenvolvimento econômico Aspectos ambientais (Manaus/AM). 4. Responsabilidade por danos ambientais (Manaus/AM). I. Título. 658 658. CDU (1997) CDD (22.ed.). UFPE CSA2010 -035.

(6) Agradecimentos A Deus, pelo dom da vida e por me permitir realizar este grande sonho. Aos meus pais, Rômulo e Lia, pelo apoio, incentivo, amor, carinho e dedicação durante todos esses anos. Ao meu grande amigo e companheiro Auricélio, pelo amor, carinho e principalmente compreensão durante o tempo que precisei me ausentar do seu convívio. Ao meu irmão Ronnie e sua amiga Daniele pela colaboração e apoio técnico. Ao meu sobrinho Gustavo pela alegria que me proporciona todos os dias. As minhas grandes amigas Ana Rosa, Iana Oliveira, Regina Lúcia e Simônica Sidrim pela amizade, incentivo e alegrias compartilhadas. A Professora Marivan Tavares pela colaboração na correção e revisão deste trabalho. A todos os professores do MINTER, que compartilharam conosco seus conhecimentos e contribuíram para o nosso crescimento profissional e em especial à Professora Lilian Outtes, minha orientadora, pela paciência, compreensão, incentivo, valiosa contribuição e pelo esforço conjunto para a conclusão do trabalho numa autêntica força-tarefa. Aos administradores da agência Praça XV de Novembro, Altemar e Marta, pelo apoio e compreensão durante a realização deste trabalho. A minha gerente, Elen Bitencourt, pela compreensão, apoio e incentivo ao meu crescimento profissional. Ao meu colega e amigo Alexandre Magno, pela colaboração com suas experiências vivenciadas no desenvolvimento dos projetos de DRS da agência Praça XV/BB. E a todos que contribuíram direta ou indiretamente para mais esta conquista..

(7) Resumo. Esta dissertação aborda projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do Banco do Brasil (BB) em Manaus/AM. Vinte e cinco projetos são estudados objetivando responder: Quais as práticas de gestão e resultados obtidos pelos projetos de DRS do BB em Manaus? Os objetivos específicos envolvem: levantamento dos projetos de DRS; análise dos modelos de gestão dos projetos e práticas de monitoramento e avaliação; e estudo da eficácia da estratégia de DRS. Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Socioambiental Empresarial, Sustentabilidade Corporativa e Desenvolvimento Regional Sustentável são os temas do arcabouço teórico. A matriz de gestão de RSAE de Husted (2003), analisando decisão referente a alternativas de gerenciamento de projetos de forma doméstica, terceirizada ou híbrida é não somente utilizada, mas também adaptada para a presente investigação. Trata-se de estudo qualitativo cujos projetos de DRS apresentam modelo de gestão exclusivamente hibrido, caracterizando o BB em parceiro estratégico. Tal exclusividade remeteu a uma nova aplicação do modelo de Husted, analisando a natureza da atividade de parceria em cada projeto que são variadas – dezenove – comércio varejista (cinco projetos), cabeleireiro (quatro projetos), extrativismo, padaria, transporte de passageiros e empresa de táxi (dois projetos cada um) a apicultura, artesanato, bubalinocultura, comércio de material reciclável, confecção, cultivo de cupuaçu, floricultura e ovinocultura (um projeto de cada); com de três até dezessete organizações parceiras impactando diretamente sobre aproximadamente 5.500 famílias de baixa renda. Mostra-se relevante registrar a dificuldade de acesso a registros de práticas referentes aos processos de monitoramento a avaliação. Concluindo, a aplicação alternativa do modelo de Husted identifica o tipo de atividade colaborativa alinhada com a atividade-fim do BB quando tal exclusividade não foi identificada em estudos anteriores. Contribuições práticas e teóricas resultam deste estudo. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Socioambiental Empresarial, Sustentabilidade Corporativa e Desenvolvimento Regional Sustentável..

(8) Abstract. This dissertation deals with projects of Sustainable Regional Development (SDR) of the Bank of Brazil (BB) in Manaus / AM. Twenty-five projects were studied aiming to answer: What are the management practices and results of CRS projects from the Sustainable Regional Development program of Bank of Brazil in Manaus/AM? Specific objectives involved: To map the CSR projects with its localities, developed activities, partners and beneficiaries; identify the CSR governance model adopted in each project; examine the practices used to monitor and evaluate CSR projects and verify the effectiveness of the of SRD strategies. Sustainable Development, Corporate Social Responsibility, Corporate Sustainability and Sustainable Regional Development are the themes which composes the literature review. The matrix RSAE management by Husted (2003), analyzing a decision of the. alternative project management in a domestic outsourced or hybrid is not only used but also adapted to this research. This is a qualitative study of SRD whose projects have management model exclusively hybrid, featuring the BB in a strategic partner. Such exclusivity referred to a new application model by Husted, analyzing the nature of partnership activity in each project are different - nineteen - retail (five projects), hairdresser (four projects), extraction, bakery, carrying passengers and business Taxi (two projects each) bee keeping, handicrafts, buffalo keeping, trade in recyclable materials, manufacturing, cupuaçu plantation, flowers and sheep (one project each) with three up to seventeen partner organizations directly impacting on approximately 5,500 low income families. Shows it is relevant to record the difficulty of access to records of practice relating to procedures for monitoring the evaluation. In conclusion, the alternative application of the Husted model identifies the type of collaborative activity aligned with the core activity of the BB when such exclusivity was not identified in previous studies. Practical and theoretical contributions result from this study. Key-words: Sustainable Development, Corporate Social Responsibility, Corporate Sustainability and Sustainable Regional Development..

(9) Lista de siglas e abreviações AABB – Associação Atlética Banco do Brasil ACA – Associação Comercial do Amazonas ACOCAM – Associação dos Criadores de Ovelha do Amazonas ACONTEMA – Associação dos Condutores de Transporte Escolar de Manaus ADCAM – Associação das Donas de Casa do Estado do Amazonas ADS – Agência de Desenvolvimento Sustentável AFAPA – Associação da Feira de Artesanato e Produtos do Amazonas dos Artesãos da Eduardo Ribeiro AFEAM – Agência de Fomento do Estado do Amazonas AMEC – Associação de Mulheres Empreendedoras da Cooperativa de Produtores de Leite da Região de Autaz-Mirim APETRAM – Associação dos Permissionários de Transporte Alternativo do Amazonas BB – Banco do Brasil CBMP/VISANET – Companhia Brasileira de Meios de pagamento CDACRPATM – Conselho de Desenvolvimento das Associações Comunitárias Rurais do Projeto de Assentamento Tarumã-Mirim CDLM – Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus CETAM – Centro de Educação Tecnológica do Amazonas CMM – Câmara Municipal de Manaus COOCPAM – Cooperativa dos Condutores de Transportes de Passageiros Autônomos de Manaus COOPERMO – Cooperativa dos Permissionários do Transporte Alternativo de Passageiros, Modalidade Lotação e de Transporte Coletivo Urbano; COOPFITOS – Cooperativa de Produtores e Beneficiadores de Plantas Medicinais, de Fitoterápicos e Fitocosméticos de Manaquiri COOPLAM – Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de Autaz-Mirim COOPLEITE – Cooperativa dos Produtores de Leite e seus Derivados de Autazes COOPTAF – Cooperativa de Transporte Alternativo, Coletivo Urbano do Estado do Amazonas COOPTAM – Cooperativa de Transportes Alternativo e Urbano de Manaus COPANSAM – Cooperativa de Produção dos Industriais da Panificação COPVARZEA – Cooperativa Agropecuária Mista do Careiro da Várzea COSMENORTE – Produtos de Higiene e Beleza LTDA CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária em Manaus DRS – Desenvolvimento Regional Sustentável DS – Desenvolvimento Sustentável EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ENCOARTE – Associação de Artesãos Encontro das Artes ESBAM – Escola Superior Batista do Amazonas FAEA – Federação da Agricultura do Amazonas FBB – Fundação Banco do Brasil.

(10) FECOMÉRCIO – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas IDAM – Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas IMPLURB – Instituto Municipal de Planejamento Urbano IMTT – Instituto Municipal de Trânsito e Transporte Urbano IMTU – Instituto Municipal de Transporte Urbano INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INPA – Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas ITEAM – Instituto de Terras do Amazonas MANAUSTUR – Fundação Municipal de Turismo OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras OIT – Organização Internacional do Trabalho PMM – Prefeitura Municipal de Manaus RSAE – Responsabilidade Socioambiental Empresarial SDS – Secretaria de Estado do Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável SEBRAE – Serviço de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas SEMED – Secretaria Municipal de Educação de Manaus SEMPAB – Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento SEMSA – Secretaria Municipal de Saúde SEMTRAD – Secretaria Municipal do Trabalho e Desenvolvimento Social SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem de Transporte SEPROR – Secretaria de Estado de Produção Rural SESC – Serviço Social do Comércio SINDICONF – Sindicato da Indústria de Confecção do Amazonas SINTRAPAM – Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Panificação, Confeitaria, Massas Alimentícias e Biscoitos de Manaus; SISBISIM – Sindicato dos Salões de Barbeiros Cabeleireiros Institutos de Beleza e Similares de Manaus SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus UEA – Universidade do Estado do Amazonas.

(11) Lista de figuras Figura 01 (2): Modelo de Rigidez Estrutural das Dimensões de Desenvolvimento Figura 02 (2): Pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll Figura 03 (2): RSAE e sustentabilidade empresarial Figura 04 (2): Evolução das expectativas da sociedade Figura 05 (3): Responsabilidade Socioambiental Empresarial no BB Figura 06 (3): Tripé da Sustentabilidade Figura 07 (4): Mobilização Social da Estratégia para o DRS do BB Figura 08 (4): Processo de concertação Figura 09 (4): Cadeia de Valor. 24  29  31  32  46  51  52  54  56 .

(12) Lista de quadros Quadro 01 – Matriz de decisão do modelo de gestão de RSAE Quadro 02 – Projetos de DRS e Parceiros Quadro 03 – Projetos de DRS e o papel do BB Quadro 04 – Projetos de DRS e famílias atendidas Quadro 05 – Projetos de DRS e modelos de gestão de RSAE Quadro 06 – Projetos de DRS, Centralidade e Especificidade Quadro 07 – Índice de Qualidade DRS/Dimensões e Indicadores Quadro 08 – Status das Ações (%). 37  61  78  82  87  90  97  98 .

(13) Sumário 1 Introdução 1.1 Objetivos da Pesquisa 1.1.1 Objetivo Geral 1.1.2 Objetivos Específicos 1.2 Relevância e justificativa da pesquisa 2 Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Socioambiental Empresarial 2.1 Desenvolvimento Sustentável 2.2 Responsabilidade Socioambiental Empresarial 2.3 Sustentabilidade empresarial 2.4 Desenvolvimento Regional Sustentável 2.5 Modelos de gestão de RSAE 3 Metodologia 3.1 Delineamento da pesquisa 3.2 A Coleta de Dados 3.3 Delimitação do Campo Empírico 3.4 Pesquisa de Campo 3.5 O Banco do Brasil 3.5.1 RSAE no Banco do Brasil 3.5.2 Estratégia de DRS no Banco do Brasil 3.5.2.1 Detalhando a Estratégia Negocial de DRS do Banco do Brasil 4 Projetos e Atividades do DRS/BB em Manaus/AM 4.1 Atividades desenvolvidas pelos projetos de DRS/BB 4.2 Projetos de DRS e o papel do BB em cada um 5 Alternativas de Gestão no Programa DRS/BB e Resultados 5.1 Modelos de Gestão dos Projetos DRS/BB – Centralidade e Especificidade 5.2 Resultados obtidos pelos projetos de RSAE 6 Considerações Finais 6.1 Limitações 6.2 Contribuições e sugestões para pesquisas futuras Referências APÊNDICE A - Roteiro de entrevista semi-estruturada ANEXO A – Cartilha IQDRS. 11  15  15  15  16  20  20  25  31  33  35  38  38  39  41  42  43  44  49  51  61  64  78  85  86  96  101  104  105  107  113  114 .

(14) 11. 1 Introdução Com a expansão da abertura dos mercados por meio da globalização, a competitividade tornou-se mais acirrada, exigindo assim uma nova postura das organizações, não somente em termos econômicos e sociais, mas também ambientais, ou seja, empresas que atuem de forma socialmente responsáveis. Assim, os bancos como instituições financeiras apresentam papel de extrema relevância, pois são agentes de intermediação financeira e representam a base do sistema monetário brasileiro. Dessa forma, torna-se relevante investigar o comportamento de empresas do setor bancário, no intuito de analisar as práticas de gestão em suas ações de Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSAE), monitoramento e resultados obtidos no sentido de que tais práticas e resultados possam ser conhecidos permitindo eventual replicação por outras empresas e/ou aprimoramento pelas organizações envolvidas. Em virtude das novas exigências que se impõem às organizações no que diz respeito à temática da RSAE, o presente trabalho aborda o programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) no Banco do Brasil no município de Manaus tendo como objetivo principal analisar as práticas de gestão e os resultados obtidos. A preocupação com os impactos do comportamento empresarial sobre o meio ambiente e as questões sociais nos últimos anos teve grande repercussão no meio acadêmico e empresarial, suscitando a discussão sobre a crescente importância da RSAE a nível mundial. Muito se tem discutido sobre a contribuição que as empresas podem ou devem ter para a melhoria das condições de vida da população ou, em outras palavras ser socialmente responsáveis, e sobre as vantagens que elas podem obter em termos de competitividade e de agregar valor aos negócios (BELLEN, 2006; SACHS, 2008; ETHOS, 2008). Nesse contexto, o desempenho das empresas não é mais mensurado somente em termos de vendas de produtos e lucros auferidos, mas também pelo monitoramento e avaliação de resultados não monetários de ações empresariais sobre a qualidade de vida. Um novo desafio se.

(15) 12 estabelece: garantir a sustentabilidade dos negócios e a perenização da vida, ou seja, buscar um equilíbrio entre as necessidades ambientais, sociais e econômicas visando ao Desenvolvimento Sustentável (DS) da sociedade e dos negócios. (ELKINGTON, 2001; BUARQUE, 2008; ETHOS, 2008; BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). No Brasil, uma variedade de estudos envolvendo RSAE tem sido realizada havendo também análises bibliométricas sobre o tema (MORETTI; FIGUEIREDO, 2007; MORETTI; CAMPANARIO, 2008). Tais estudos apontam a tendência de reprodução dos discursos dominantes e das repetidas fontes bibliográficas em RSAE que podem ser reduzidas ao se utilizar periódicos mais recentes. Assim, organizações de todos os segmentos têm intensificado investimentos em pesquisa no âmbito da RSAE buscando se adequar aos novos padrões de exigências impostos pela sociedade, pautando suas ações em atitudes mais responsáveis para garantir negócios mais sustentáveis. Nesta perspectiva o Banco do Brasil também está inserido desenvolvendo a RSAE em seus projetos de DRS. O presente estudo utiliza como referencial teórico os temas desenvolvimento sustentável e responsabilidade socioambiental empresarial, abordando o conceito de sustentabilidade corporativa para então detalhar desenvolvimento regional sustentável como estratégia negocial adotada pelo Banco do Brasil. Antecipando a relação existente entre RSAE e Desenvolvimento Sustentável (DS), podese afirmar que:. [...] uma organização pratica de modo genuíno a RSAE quando é gerida em concordância com os princípios e os temas focais do DS. Portanto, é indispensável para a prática de uma gestão socialmente responsável que os administradores conheçam em profundidade e tenham plena compreensão da filosofia e das propostas do DS e da razão pela qual essa abordagem é crucial para a perpetuidade dos empreendimentos. (YOUNG, 2008).. A contribuição de empresas para o desenvolvimento sustentável mostra-se como norteador de diversos entendimentos sobre o papel do setor privado na sociedade, mesmo diante da inexistência de uma definição universalmente aceita sobre RSAE..

(16) 13 O Banco do Brasil decidiu em dezembro de 2003 ser um dos agentes fomentadores e articuladores de ações que contribuam para o desenvolvimento sustentável, criando a estratégia negocial de DRS (BB, 2007a). O programa de DRS do Banco do Brasil é uma estratégia negocial que busca a geração de trabalho e renda com soluções inclusivas e participativas, por meio de adoção de práticas que permitam um salto de qualidade nos indicadores de desenvolvimento socioeconômico e ambiental (BB, 2007a). Apesar da enorme diversidade e abundância de recursos que o Brasil apresenta se houver a predominância de um consumo inconsciente de tais recursos, em pouco tempo veremos desaparecer àqueles vitais a sobrevivência do homem e das outras espécies, o que provocará um desequilíbrio no planeta. Os desequilíbrios ambientais trazidos pelo crescimento desenfreado dos grandes centros urbanos despertaram na sociedade a preocupação com a ética, responsabilidade social e preservação do meio ambiente, estimulando a produção de documentos sobre sustentabilidade (BB, 2007b). A degradação do meio ambiente por meio da utilização inadequada dos recursos tem suscitado discussão no meio empresarial e acadêmico sobre o comportamento e a contribuição das empresas neste processo, ou seja, é preciso avaliar a forma de utilização dos recursos disponíveis possibilitando a reprodução das espécies, que são vitais para o equilíbrio do planeta. Os recursos naturais não são infinitos, é preciso criar a consciência de sua utilização, buscar novas alternativas para o desenvolvimento que possibilitem não só a sustentabilidade dos negócios, mas também dos recursos. Pode-se então, entender por sustentabilidade, “o princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitarão a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações” (ELKINGTON, 2001, p. 20). Neste sentido, as organizações têm buscado intensificar ações mais responsáveis no intuito de atender as novas exigências impostas pela sociedade que demanda por bens e serviços que não provoquem a degradação e destruição do meio ambiente. Assim para o Banco do Brasil, a busca pela sustentabilidade requer um amplo sistema integrado com sete interfaces – política, econômica, social, produtiva, tecnológica, internacional e administrativa. Sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo.

(17) 14 decisório. Sistema econômico capaz de gerar excedentes e know how técnico em bases confiáveis e constantes. Sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não equilibrado. Sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento. Sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções; um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento. E sistema administrativo flexível e capaz de se autocorrigir (BB, 2007d). Pode-se incluir entre as formas de interação empresa e ações sociais os modelos de gestão de RSAE que são o foco desta investigação ao escolher os projetos de DRS para realizar análise definindo como pergunta principal: Quais as práticas de gestão e resultados obtidos pelos projetos de Desenvolvimento Regional Sustentável do Banco do Brasil no município de Manaus? Para modelos de gestão tem-se como arcabouço teórico estudos realizados nacional e internacionalmente sobre circunstâncias nas quais as empresas tendem a terceirizar a gestão de RSAE, realizar diretamente na empresa, in-house, ou ainda utilizar uma alternativa hibrida (HUSTED, 2003; WANDERLEY, 2005a; ROCHA et al., 2008; FRANÇA et al., 2008). Contudo, no que diz respeito aos resultados, o Banco do Brasil tem em sua metodologia de estratégia negocial etapa de monitoramento e avaliação de resultados (BB, 2007c). A utilização do referido modelo se justifica pela necessidade de compreender a constituição de tais projetos/a escolha das atividades priorizadas por cada um deles e se o enquadramento em um ou outro modelo influencia seu desenvolvimento. O estudo a partir deste modelo possibilitará investigar o comportamento das empresas deste segmento específico, no sentido de analisar as práticas de gestão em suas ações de RSAE, monitoramento e resultados obtidos possibilitando conhecer tais práticas e resultados que permitam uma possível replicação por outras empresas e/ou aprimoramento pelas organizações envolvidas Enquanto os objetivos e a justificativa são apresentados ainda neste capítulo, no próximo tem-se o detalhamento do referencial teórico e o caminho pelo qual passam para chegar às referências sumariamente citadas no parágrafo anterior..

(18) 15. 1.1 Objetivos da Pesquisa Para se responder à pergunta de pesquisa foram traçados os objetivos geral e específicos, descritos a seguir.. 1.1.1 Objetivo Geral Investigar as práticas de gestão e resultados obtidos pelos projetos de desenvolvimento regional sustentável do Banco do Brasil no município de Manaus.. 1.1.2 Objetivos Específicos 1. Efetuar levantamento dos projetos de DRS do Banco do Brasil que estão sendo desenvolvidos no município de Manaus; 2. Mapear as comunidades de atuação e os beneficiários dos projetos; 3. Identificar os modelos de gestão utilizados nos projetos de DRS; 4. Analisar as práticas utilizadas para monitorar e avaliar os projetos de DRS. 5. Verificar a eficácia dos planos de negócios de DRS..

(19) 16. 1.2 Relevância e justificativa da pesquisa No âmbito da RSAE o Banco do Brasil vêm desenvolvendo projetos que tem por finalidade incentivar o desenvolvimento de regiões mais carentes, gerando emprego e renda, de acordo com as necessidades de cada localidade e atividades potencialmente identificadas que possam ser sustentáveis em longo prazo. Com a dinâmica de uma sociedade em ambiente globalizado houve a expansão dos mercados, pressionando as organizações a adotarem uma postura diferenciada, para se manterem mais competitivas. O desafio estava lançado, a postura a ser adotada precisava levar em consideração fatores até então pouco conhecidos, ou mesmo deixados em segundo plano. A busca por desenvolver ações mais sustentáveis que promovam a perenidade dos negócios passa para o campo central como foco principal das organizações que visam obtenção de aceitação pela sociedade como parte do processo de legitimação (SROUR, 2003). Os esforços estarão voltados, como afirma Elkington (2001, p. 01) para observância aos três pilares, "o enfoque na prosperidade econômica, na qualidade ambiental e no elemento ao qual as empresas tendem a fazer vistas grossas, a justiça social". No Brasil, os Estados da região Norte e Nordeste são historicamente conhecidos por terem municípios com maior problema de exclusão social (BB, 2007). Tais registros são confirmados também por estudos que abordam o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – e de desigualdade social – Gini (PNUD, 2007). A vulnerabilidade social, histórica reflete-se hoje no acesso extremamente restrito à educação, à alimentação, ao mercado de trabalho e a outros mecanismos de geração de emprego e renda (BB, 2007). Isso gera um ciclo vicioso que parece consolidar e perpetuar o quadro histórico de exclusão social local (BB, 2007). As instituições financeiras são responsáveis pela geração e movimentação de grande parte da riqueza mundial, influenciando os resultados de atividades dos setores da economia e privilegiando empreendimentos em nível mundial. Assim, os bancos, em razão de suas funções, passam a exercer influência nas empresas, comunidades, governos e até na vida cotidiana das pessoas. Daí a importância do segmento financeiro da economia para o desenvolvimento sustentável por meio de iniciativas e ações que proporcione melhoria na qualidade de vida das pessoas (BB, 2005)..

(20) 17 Dessa forma, o Banco do Brasil como empresa bicentenária vem buscando intensificar sua atuação pautada em ações de responsabilidade social, visando proporcionar melhoria na qualidade de vida da população de baixa renda, a partir do programa de DRS, incentivando a produção de produtos e serviços ecologicamente sustentáveis, economicamente rentáveis e socialmente justos, respeitando a diversidade cultural local, e almejando assim garantir a perenidade de seus negócios. A prioridade do BB na Região Norte para a implementação da estratégia DRS está diretamente relacionada com o IDH. Entre 1991 a 2000 houve uma evolução no IDH de Manaus (3,89%) passando de 0,745 para 0,774 (SEPLAN/AM, 2009). No entanto, o atlas do desenvolvimento humano de Manaus, aponta desigualdades entre os próprios bairros da cidade (PRIMAPAGINA, 2006). Vários indicadores como educação, renda, saúde, habitação, população e saneamento foram analisados nos bairros da cidade de Manaus mostrando grandes desigualdades, apontando bairros com IDH semelhante à Noruega, o maior do mundo, como Nossa Senhora das Graças/Vieiralves e Adrianópolis, e outros menores que o do Vietnã, como São José e Grande Vitória (PRIMAPAGINA, 2006). Nesta perspectiva o Banco do Brasil ao adotar o programa de DRS, preocupou-se inicialmente em identificar as necessidades de comunidades locais que pudessem se beneficiar por meio de seus projetos (BB, 2007). O mais alto IDH do país está na região Centro-Oeste, em Brasília com 0,874, seguida de Santa Catarina com 0,840 na região Sul do país, enquanto o mais baixo encontra-se na região Nordeste, no Estado de Alagoas com 0,677 (MALI, 2008). Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de outubro de 2009 apesar do IDH do Brasil ter melhorado entre 2006 (0,808) e 2007 (0,813) o País ficou em 75º no ranking mundial entre 182 países e territórios (MALI, 2009). A atual dinâmica da sociedade possibilita às empresas atuar de forma diferenciada. Trabalhar com visão negocial numa empresa cidadã, que acredita no desenvolvimento regional sustentável, exige uma nova postura. A visão imediatista, focada apenas no resultado a curto prazo, deve ceder lugar a um planejamento de oferta de produtos e serviços no médio e longo prazo, pois as oportunidades de negócios podem estar exatamente em acompanhar a trajetória do negócio do cliente, seu crescimento e superação de obstáculos (BB, 2007). A partir de 2004 o Banco do Brasil adotou como estratégia para sua atuação no mercado, o desenvolvimento de diversas ações na área de DRS envolvendo os mais diversos segmentos da.

(21) 18 sociedade brasileira por meio de organizações variadas como ONG’s, universidades, governo, sindicatos, cooperativas, empresas e associações. Para que esta estratégia desse certo era de vital importância que seus funcionários estivessem preparados para atuar nesta área, por isto o banco resolveu investir em treinamento e em cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado para qualificar seus funcionários e se tornar cada vez mais competitivo no mercado (BB, 2005; BB, 2007). Em cinco anos de investimentos o BB apresenta um número expressivo de projetos de DRS perfazendo um total de 4.532 projetos, sendo 352 na região Norte, 1.743 na região Nordeste, 348 na região Centro-Oeste, 763 na região Sul e 1.326 na região Sudeste. Tais projetos abrangeram aproximadamente 4.236 municípios com 1.173.010 famílias atendidas (BB, 2009b). Desta forma, o presente trabalho se justifica pela necessidade de estudos que propiciem a compreensão das formas de atuação das empresas diante das exigências da sociedade no que diz respeito à RSAE, servindo de subsídios para tomada de decisão, bem como possibilitem às mesmas promover ações que atestem realmente sua atitude socialmente responsável, incorporando-as aos seus objetivos e estratégias. Portanto, uma análise envolvendo as práticas de gestão utilizadas nos projetos de DRS do BB, incluindo as alternativas elaboradas a partir do referencial proposto por Husted (2003) para gerenciamento de ações – diretamente (ou in-house), outsourced (ou terceirizada), ou ainda um formato hibrido (ou colaborativo), e também de monitoramento e avaliação como propostos pelo BB, visam proporcionar rico material sobre a atuação corporativa em RSAE principalmente no que tange a sustentabilidade por meio de vários projetos que fazem parte do programa de DRS em Manaus/AM. Para melhor compreensão deste estudo, o trabalho foi estruturado em seis capítulos. O primeiro traz a contextualização do tema; a pergunta de pesquisa; o objetivo geral e os específicos e a justificativa da pesquisa. O segundo capítulo traz o arcabouço teórico da pesquisa apresentado os temas centrais como RSAE, desenvolvimento sustentável, sustentabilidade empresarial, desenvolvimento regional sustentável e os modelos de gestão de Husted (2003). No capítulo seguinte, serão explicados os procedimentos metodológicos, passando pelo delineamento da pesquisa; os sujeitos e a seleção dos mesmos para a pesquisa; uma breve abordagem histórica sobre o Banco do Brasil, apresentando a estratégia negocial de DRS..

(22) 19 No quarto capítulo, será apresentada a coleta de dados; o detalhamento da estratégia negocial DRS do BB, bem como os projetos de DRS e seus parceiros, as atividades desenvolvidas e o papel do BB. No penúltimo capítulo será feito a análise dos projetos de DRS do BB à luz do modelo de gestão RSAE proposto por Husted (2003) e os resultados obtidos, ou seja, a interpretação dos dados. E por fim, o sexto e último capítulo serão apresentadas as considerações finais do estudo, suas limitações e sugestões para futuros estudos..

(23) 20. 2 Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Socioambiental Empresarial Nesta seção são apresentados os temas relacionados ao problema de pesquisa e que foram utilizados para definição dos temas centrais deste estudo: inicialmente desenvolvimento sustentável e responsabilidade socioambiental empresarial são apresentados para em seguida o conceito de sustentabilidade empresarial e daí desenvolvimento regional sustentável ganhar seu espaço. A escolha de tal seqüência tem como justificativa a abordagem mais ampla que é a do desenvolvimento sustentável (1), seguida da perspectiva de inclusão de organizações com fins lucrativos – a empresa – neste processo de RSAE (2) que uma vez atingindo efetivamente os pilares 3Ps – Profit, People e Planet, caracteriza a sustentabilidade empresarial (3). Já as estratégias de desenvolvimento regional sustentável fazem parte da construção de políticas de desenvolvimento sustentável envolvendo a empresa e por sua vez se mostrando alternativa para a busca da sustentabilidade empresarial por meio da RSAE. Concluindo o referencial teórico o modelo de gestão de RSAE de Husted (2003) é apresentado assim como suas recentes aplicações no Brasil.. 2.1 Desenvolvimento Sustentável Com a Revolução Industrial, ocorreram conquistas tanto científicas quanto tecnológicas, propiciando melhorias na qualidade de vida de uma parte da população que vivia em meio aos benefícios gerados pelo acúmulo de capital no sistema conhecido universalmente como capitalismo, isto é, com melhorias nos sistemas de saúde, transporte, educação, trabalho e moradia..

(24) 21 No entanto, para obtenção de tais melhorias, houve a sobrecarga dos sistemas naturais comprometendo as condições de vida da maioria de outras pessoas que não tiveram a oportunidade de alcançar um progresso de forma sustentável. Para alcançar o tão almejado desenvolvimento sustentável, é imprescindível lutar em meio às questões sociais e ambientais para garantir a disponibilidade dos recursos naturais, respeitando os limites da natureza e procurando reduzir a pobreza solucionando assim a questão social (BUARQUE, 2008). A questão da sustentabilidade ultrapassa a dimensão ambiental, envolve as complexas relações entre globalização, diversidade cultural, prosperidade econômica e equidade social. Diante de tal contexto, as organizações precisam se adaptar, buscando agregar às suas estratégias investimentos em programas socioambientais, resultado das relações existentes com os seus stakeholders – investidores, acionistas, clientes, funcionários, fornecedores, comunidade local meio ambiente, governo e sociedade (ELKINGTON, 2001; BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). O DS pressupõe o atendimento de várias expectativas que vão desde as econômicas até mesmo as diversidades culturais, ou seja, é preciso buscar primeiramente entender a problemática local para então procurar agir globalmente. No mundo globalizado, o Desenvolvimento Sustentável é um objetivo social desejado, visto ser uma possibilidade de vida melhor para todas as gerações sem agredir o meio ambiente (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Desenvolvimento Sustentável tem sua definição como apresentada em 1987, resultado da Assembléia Geral das Nações Unidas, no relatório Our Common Future (Nosso Futuro Comum), conhecido como Relatório Brundtland, devido ao fato do encontro ter sido presidido por Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega. Neste relatório foram analisados os principais problemas mundiais com vista a soluções globais e expresso pela primeira vez o conceito de desenvolvimento sustentável utilizado até os dias atuais e definido como aquele que “atende as necessidades do presente sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras, por meio da sustentabilidade do desenvolvimento que implica uma mudança nas relações econômicas, político-sociais, culturais e ecológicas”. Desta forma a natureza passa a ser vista como parte integrante de um sistema que originalmente deveria ser cíclico, excluindo o comportamento predador do modelo desenvolvimentista predominante (CMMAD, 1991, p. 09)..

(25) 22 Posteriormente as idéias de desenvolvimento sustentável foram disseminadas em conferências no Rio de Janeiro em 1992, como a ECO 92 – onde foi a criada a Agenda 21 que representa o compromisso dos países para a implantação do DS, e em Johanesburgo, a Rio +10 em 2002. Percebe-se desta forma, que o debate sobre o DS se torna cada vez mais presente na sociedade, envolvendo governos, empresas, ONG’s entre outros. Os desafios impostos a sociedade diante do novo paradigma de desenvolvimento, remete a discussão de conceitos e práticas que exigem uma redefinição de papéis que irão dar suporte a construção de um novo modelo: o desenvolvimento sustentável, entendido não apenas como um modismo, mas como algo para organizar e nortear as ações das empresas neste novo cenário. A. abordagem. do. desenvolvimento. sustentável. está. fundamentada. em. bases. socioeconômicas e políticas decorrentes de antecedentes técnicos e conceituais que permeiam todo o entendimento a cerca de uma determinada concepção. O desenvolvimento sustentável se difunde como uma proposta de desenvolvimento diferenciada e, ao mesmo tempo, torna-se uma alternativa viável e não mais apenas uma utopia ou fantasia organizadora da sociedade, precisamente pelas condições do paradigma de desenvolvimento emergente, principalmente os avanços científicos e tecnológicos (BUARQUE, 2008). A partir da perspectiva de Desenvolvimento Sustentável, Barbieri e Cajazeira (2009) ressalta a relevância e a necessidade de envolver países, governos e sociedade civil para buscar solucionar os problemas globais. Nesse contexto, as empresas passam a desempenhar papel fundamental, visto que grande parte dos impactos socioambientais foi provocada em decorrência do exercício de suas atividades. Segundo a proposta de desenvolvimento sustentável de Sachs e Vieira (2007), Barbieri e Cajazeira (2009) compartilham da idéia de que o planejamento do desenvolvimento sustentável deve compreender as cinco dimensões do conceito de sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Dessa forma, a sustentabilidade social é aquela que trata dos aspectos relacionados à promoção da equidade na distribuição de renda e de bens visando diminuir as diferenças entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres e conseqüente melhoria das condições de vida das populações. A sustentabilidade, sob o aspecto econômico é aquela que deverá ser capaz de gerenciar e alocar eficientemente os recursos produtivos, bem como o fluxo regular de investimentos.

(26) 23 públicos e privados. A ecológica diz respeito às ações que busquem ampliar a carga do planeta evitando, no entanto danos ao meio ambiente, ou seja, priorizar a utilização de recursos renováveis em substituição aos não-renováveis, reduzir a emissão de poluentes e o volume de resíduos, preservar a biodiversidade protegendo o meio ambiente. A sustentabilidade espacial trata-se de uma configuração rural-urbana equilibrada e melhor distribuição para os assentamentos humanos, buscando reduzir a excessiva concentração em regiões metropolitanas, inibir a destruição de ecossistemas frágeis, adotar práticas modernas e regenerativas de agricultura e explorar o potencial de industrialização. Por fim, a sustentabilidade cultural está relacionada à diversidade de soluções que podem ser apresentadas de acordo com cada ecossistema, cada cultura e cada local. Ou seja, processos de mudanças e modelos de modernização que possibilitem resguardar a continuidade cultural dentro das especificidades de cada contexto sócio-ecológico. Pressupondo equilíbrio nas dimensões social, econômica e ecológica, Sachs e Vieira (2007) estabelecem alguns padrões de crescimento por meio destas três dimensões: o crescimento selvagem que enfatiza os aspectos econômicos de forma positiva, causando impactos negativos ao ambiente ecológico e social; o crescimento socialmente benigno que abrange positivamente as dimensões econômicas e sociais, mas não se preocupa com os impactos negativos ao ambiente; o crescimento ambientalmente sustentável ou estável que provoca impactos positivos nas dimensões econômicas e ecológicas, mas ignora as questões sociais; e finalmente o desenvolvimento que decorre da priorização das três dimensões, ou seja, dos impactos positivos que ocorrem nas dimensões econômica, social e ambiental. Corroborando com a proposta de Sachs e Vieira (2007), Buarque (2008, p. 67) salienta que o desenvolvimento local sustentável, considerando o comprometimento com o futuro e a solidariedade entre gerações, deve compatibilizar, “no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômicos, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a equidade social”. Essa percepção compreende três grandes dimensões interligadas e com papéis distintos no processo de desenvolvimento: a elevação da qualidade de vida e a equidade social são em tese “o propósito final de todo esforço de desenvolvimento a curto, médio e longo prazos” (BUARQUE, 2008, p. 67); a eficiência e o crescimento econômicos se caracterizam como fundamentais para a elevação da qualidade de vida com equidade, embora representem uma condição necessária, não são suficientes para o desenvolvimento sustentável (BUARQUE, 2008); e a conservação ambiental é.

(27) 24 fator decisivo condicionante da sustentabilidade do desenvolvimento a longo prazo, sem o qual não é possível assegurar a qualidade de vida para as gerações futuras e a equidade social de forma sustentável e contínua no tempo e no espaço (BUARQUE, 2008; SACHS e VIEIRA, 2007). Buarque (2008, p. 68) salienta ainda que “o propósito central de uma proposta de desenvolvimento sustentável consiste na implementação de iniciativas e ações que gerem, ao mesmo tempo, uma maior equidade um nível elevado de conservação ambiental e uma maior racionalidade (eficiência) econômica”. Graficamente, significa ampliar o espaço combinado de equidade, conservação ambiental e racionalidade econômica, ou seja, o ponto de intersecção – o desenvolvimento sustentável, apresentados na Figura 01 (2) o modelo de rigidez estrutural das dimensões do desenvolvimento proposta por Buarque (2008).. Figura 01 (2): Modelo de Rigidez Estrutural das Dimensões de Desenvolvimento Fonte: Adaptado de Buarque (2008, p. 68). Do esquema gráfico apresentado acima, percebe-se que o desenvolvimento sustentável é concebido somente quando se prioriza as três dimensões, e que movimentos isolados em qualquer uma delas podem provocar alterações nas demais neutralizando o efeito positivo gerado na primeira, reduzindo inclusive, o espaço de intersecção. Ou seja, tentar promover o desenvolvimento a partir da equidade social com qualidade de vida e conservação ambiental não é possível devido à ausência de realismo econômico para manter o elevado padrão de consumo. Ao mesmo tempo em que estabelecer uma boa estrutura de renda, priorizando a equidade social e a eficiência econômica é inviável em longo prazo, pois pode ocasionar a degradação ambiental. Por outro lado, se buscar contemplar somente a eficiência econômica e a conservação ambiental.

(28) 25 tem-se o estabelecimento de alto padrão de tecnologia o que pode ocasionar desequilíbrios sociais (BUARQUE, 2008). Dessa forma, nos últimos anos vários aspectos foram adicionados ao conceito de sustentabilidade: as perspectivas de crescimento econômico, proteção ao meio ambiente, equidade social, dimensão político institucional, identidade cultural e a sustentabilidade espacial relacionada ao desenvolvimento regional (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Devido à necessidade de compreender melhor o conjunto de ações e práticas sociais por parte das organizações para o alcance da sustentabilidade, associado ao conceito de RSAE a médio e longo prazos, visto que podem influenciar o planejamento dos negócios e a tomada de decisão das empresas, a próxima seção aprofundará tal discussão.. 2.2 Responsabilidade Socioambiental Empresarial Com a integração dos mercados e a queda de barreiras comerciais, através do processo de globalização, a economia mundial precisou se ajustar às mudanças ocorridas decorrentes deste fenômeno. A competitividade ficou mais acirrada e as empresas em um curto espaço de tempo se viram forçadas a mudar suas estratégias negociais para enfrentar os desafios que surgem e se adaptar às novas exigências de um mercado comprador, altamente competitivo e globalizado. E principalmente com o avanço da internet, devido ao grande fluxo de informações, novos mercados surgiram intensificando o aumento das demandas da sociedade, exercendo pressão para que as empresas adotassem uma nova postura (INSTITUTO ETHOS, 2008). O estudo da RSAE envolve o entendimento da complexa relação existente entre empresas e sociedade, incluindo comunidades, governos e até mesmo outras empresas. Significa refletir sobre sua função para conseguir responder às demandas da sociedade. Desta forma, a cada dia se intensifica mais a relevância da RSAE, em razão das enormes desigualdades sociais e da expansão histórica de carências. As empresas passam a cumprir importante papel, atuando como agentes de desenvolvimento, para a construção de uma.

(29) 26 sociedade melhor e mais justa, a partir de uma mudança social (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009; SACHS; VIEIRA, 2007; BUARQUE, 2008; ELKINGTON, 2001). As empresas são importantes agentes de mudança social, tanto positiva quanto negativa. Assim devem buscar incorporar às suas ações, aspectos da esfera social, política e ambiental até então pouco relacionadas ao seu vocabulário. No entanto, em razão da diversidade de empreendimentos e das próprias características de cada empresa e de seu ambiente sócio-econômico-político, não é possível estabelecer um modelo único de RSAE. É necessário o comprometimento efetivo de uma governança corporativa, para construir um ambiente adequado, pautado na ética e na transparência para que as ações responsáveis possam ser incorporadas à gestão estratégica da organização. Atuar de forma responsável significa participar de um processo contínuo onde os objetivos e as metas devem ser revisadas em diferentes circunstâncias. Ou seja, buscar a melhoria contínua alicerçada na cooperação, na ética e na transparência, com foco na sustentabilidade (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009; ELKINGTON, 2001). Ou seja, a RSAE encontra-se imbricada, portanto, com um comprometimento ético, com a ética empresarial, que pressupõe a construção de uma comunicação transparente com seus stakeholders. No cenário mundial e global são perceptíveis as transformações que ocorrem na sociedade, são alterados os papéis do estado, das empresas e dos indivíduos/pessoas. A noção de cidadania e os direitos coletivos são redefinidos e ganham novas formas de expressão. Esse contexto apresenta um novo desafio para as empresas: a conquista de níveis cada vez maiores de competitividade e produtividade, induzindo a preocupação crescente com a legitimidade social de sua atuação (SROUR, 2003; BB, 2007a). No Brasil, visando fortalecer o movimento pela responsabilidade social, foi fundado em 1989 o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, uma organização da sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável (INSTITUTO ETHOS, 2008). Responsabilidade socioambiental empresarial, segundo o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2008, p. 78):.

(30) 27 É a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.. Com a falta de credibilidade e a crise fiscal dos governos em muitos países, mais acentuadamente na América Latina, o papel do Estado tem sido muitas vezes reduzido em quantidade e qualidade na provisão dos serviços públicos, inclusive nas áreas sociais, como educação, saúde e assistência social. Além disso, a estagnação econômica das últimas décadas tem levado a um agravamento do quadro social, com o desemprego, a não diminuição significativa da pobreza e o aumento da criminalidade. Tais problemas afetam diretamente o ambiente em que muitas empresas estão instaladas, e fazem com que recaia sobre elas a responsabilidade de mitigá-los, provendo escolas, hospitais e segurança para comunidades ao seu redor. Empresas e cidadãos estão se conscientizando da importância de uma ação empresarial responsável (OLIVEIRA, J., 2008). O foco em RSAE tornou-se maior também em razão da descrença por parte da sociedade em relação às instituições públicas responsáveis pelo bem-estar social da população. Com isso cresce a expectativa da sociedade sobre as organizações privadas, voltando sua atenção para as práticas de responsabilidade social, passando a demandar para que cumpram o papel que o Estado não consegue desempenhar. Por esta razão, no Brasil, a responsabilidade socioambiental empresarial ganhou um caráter bastante ligado à ação social empresarial. Assim, os imensos problemas sociais que temos e a incapacidade do Estado de resolvê-los sozinho levam ao surgimento de uma demanda por parte da sociedade para que as empresas atuem mais firmemente em projetos sociais, muitas vezes esta demanda pode até mesmo gerar a expectativa equivocada de que tais problemas poderiam ser resolvidos pelas empresas quando em substituição ao Estado (OLIVEIRA, J., 2008). O fato é que as empresas não teriam interesse em assumir este ônus sozinhas (IPEA, 2002), e nem apresentam tal expertise dada sua própria natureza industrial, comercial ou de serviços com finalidade de remuneração do capital como prioridade. O conceito de RSAE associa-se ao fato de que uma organização é responsável pelos impactos que suas práticas e ações gerenciais produzem que não se referem somente ao âmbito da.

(31) 28 empresa em suas atividades de negócios em si, mas apresentam também cunho interno e externo (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Por outro lado, as organizações criam expectativas de melhorias a partir da RSAE, pois neste cenário de grandes transformações, as mudanças influenciam seu comportamento gerando forte tendência a expansão de seu potencial econômico. O contexto que se apresenta é o de empresas que não podem atuar de forma isolada da comunidade. Em contrapartida aos recursos que lhes são disponibilizados – humanos, materiais, naturais, entre outros – devem contribuir para a sociedade com empregos, impostos e com sua imagem, transmitida não só pela venda dos produtos, mas como é vista pelos colaboradores e comunidade. A integração das empresas com a comunidade é essencial para entender de forma mais expansiva suas carências e anseios. Pois empresas que se integram progressivamente no meio em que atuam, tem maiores possibilidades de cumprir seu papel de empresa cidadã. Assim, deve pautar suas práticas e ações na ética e na transparência buscando atuar de forma socialmente responsável, para alcançar a perenidade de seus negócios sem esgotar os recursos dos quais necessita para crescer e se solidificar no mercado. A RSAE deve ser entendida como um diferencial competitivo visto que pode oferecer grandes vantagens às empresas em diversos aspectos, seja no social, econômico ou ambiental. Os riscos financeiros tendem a ser minimizados quando se busca reduzir desperdícios com água e energia, por exemplo; aumentar a produtividade quando se buscar obter melhor grau de satisfação entre colaboradores e parceiros; melhorar a imagem no mercado influenciando positivamente o comportamento dos consumidores; e ainda ganhos para os acionistas e mercado financeiro, pois cada vez mais as bolsas de valores têm considerado os indicadores de responsabilidade social na avaliação de empresas (OLIVEIRA, J., 2008). Para Carroll (1991), a responsabilidade socioambiental empresarial abrange as expectativas econômicas, legais, éticas e filantrópicas (Figura 02), que a sociedade tem em relação às organizações em dado período, a saber: a) As responsabilidades econômicas indicam que as empresas devem ser lucrativas, ou seja, tem a responsabilidade de produzir bens e serviços que atendam as expectativas da sociedade em troca da venda para obtenção de lucro;.

(32) 29 b) A responsabilidade legal diz respeito às leis que regulamentam o contrato das empresas com a sociedade para o exercício de suas atividades; c) A responsabilidade ética se refere à obrigação de fazer o que é certo e justo, de forma transparente, evitando ou minimizando danos às pessoas; d) A responsabilidade filantrópica em substituição a discricionária abrange as expectativas da sociedade para atuação das empresas como boa cidadã. Está relacionada ao comprometimento em ações e programas para promoção do bem-estar humano.. Figura 02 (2): Pirâmide da Responsabilidade Social de Carroll Fonte: Adaptado de Carroll (1991, p. 42). Para muitas empresas ainda resta dúvidas sobre a definição de Responsabilidade Socioambiental Empresarial, entendida algumas vezes como filantropia exclusivamente. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (stakeholders diversos como acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários. Por sua vez, a filantropia trata basicamente de ação social externa da empresa, tendo como beneficiário principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários,. organizações. não-governamentais,. associações. comunitárias,. etc.. A.

(33) 30 responsabilidade socioambiental empresarial focaliza a cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público amplo como mencionado (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cujas demandas e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar em seus negócios. Assim a RSAE trata dos negócios da empresa e como ela os conduz (BB, 2007a). A responsabilidade socioambiental empresarial tem sido tema de grande interesse para as empresas, em razão do impacto que as questões ligadas à RSAE podem ter no valor econômico das mesmas, bem como os impactos econômicos diretos de uma atitude socialmente irresponsável, como o recebimento de multas, paralisações e indenizações. Questões sociais e ambientais refletem o valor da marca da empresa. Quaisquer problemas podem ter um impacto significativo no valor da marca (OLIVEIRA, J., 2008). A responsabilidade socioambiental empresarial praticada no ambiente empresarial deve ser percebida como uma alavanca da sua imagem e como elemento de diferenciação no processo estratégico e não como uma contrapartida por ações mal executadas. Agir de forma responsável significa entender a RSAE como atitude a ser vivenciada diariamente, incorporada em suas estratégias, diferente de ações individuais caracterizadas como filantropia ou mesmo reposição de recursos ambientais. Ou seja, é necessário cumprir com seu papel com a razão de sua existência, observando os problemas emergentes oriundos do ambiente no qual está inserido, contribuindo para solucioná-los de forma ética e sustentável. Para Oliveira J. (2008), um dos objetivos de se estudar a RSAE é exatamente buscar compreender o impacto que as empresas causam na sociedade sejam eles econômicos, sociais, políticos ou ambientais e como ela responde a tais impactos. As mudanças ocorridas nas últimas décadas no cenário econômico, político e social tem influenciado significativamente o comportamento das empresas e da sociedade em relação às questões de RSAE. Os líderes empresariais e executivos que desejarem abraçar integralmente o desafio que defronta suas empresas e mercados necessitarão empreender uma auditoria da sustentabilidade diante das necessidades e expectativas emergentes guiadas pela linha dos três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social – conhecidas também como triple bottom line (ELKINGTON, 2001). O atendimento das questões sociais, econômicas e ambientais leva ao que se argumenta como sendo a sustentabilidade empresarial, que pode ser definida como: “assegurar o sucesso do negócio em longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o.

(34) 31 desenvolvimento econômico e social da comunidade, um ambiente saudável e uma sociedade estável” (ETHOS, 2009).. 2.3 Sustentabilidade empresarial Para Barbieri e Cajazeira (2009), a empresa sustentável é aquela que procura incorporar em suas políticas e práticas, os conceitos e objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável. Ou seja, “contribuir para o desenvolvimento sustentável é o objetivo da empresa e a responsabilidade social o meio para tornar sua contribuição efetiva” (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 70).. Figura 03 (2): RSAE e sustentabilidade empresarial Fonte: Marrewijk (2003 apud BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 71). O conceito de empresa sustentável surge a partir da confluência de dois movimentos: responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, que ao longo do tempo foi incorporando a sua trajetória, comprometimentos com a demanda da sociedade como ilustra a Figura 04..

(35) 32. Figura 04 (2): Evolução das expectativas da sociedade Fonte: Hitchcock e Willard (2006 apud BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 72). Para atender as expectativas da sociedade, as empresas devem começar no mínimo respeitando as leis em vigor, os regulamentos e honrando os contratos existentes. No que diz respeito à saúde e segurança no trabalho na maioria dos países seguem as disposições constantes em convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em relação à qualidade podemos evidenciar dois fatores que culminaram para seu aparecimento: as legislações de defesa do consumidor e as exigências especificadas nos contratos nos contratos de fornecimento de matérias-primas e produtos; e as contribuições da qualidade de forma mais abrangente entendida como a conformidade com as especificações técnicas. A gestão ambiental surge a partir das legislações ambientais instituídas para pressionar as empresas no sentido de controlar a poluição, que se deu por meio do uso de tecnologias de mediação, captação e tratamento de poluentes no final de seu processo produtivo. A preocupação ambiental por parte de vários setores da sociedade tem estimulado cada vez mais o alinhamento da gestão ambiental com as estratégias empresariais, pressionando as autoridades por mais rigor nas leis e efetiva fiscalização. O que se espera alcançar com o atendimento a estas expectativas é o avanço das empresas na busca da responsabilidade social como meio de contribuir para superação das crises sociais e ambientais e alcance da sustentabilidade, que pode ser entendida como sinônimo de sobrevivência dos recursos naturais dos empreendimentos e da sociedade. Implica em uma nova.

(36) 33 postura, adotar a sustentabilidade para mudar a ordem dos atuais modelos de negócios e padrões de desenvolvimento (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Na prática para se alcançar a sustentabilidade empresarial é necessário desenvolver negócios de acordo com os princípios socioambientais, respeitando o tripé da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Qualquer combinação realizada sem envolvimento dos três pilares é provável o aparecimento de problemas: enfatizar somente questões econômicas e sociais ocorrerá degradação do meio ambiente. Ao mesmo tempo, se forem priorizadas as questões econômicas e ambientais ocasionará desigualdade social. E por último, observar apenas questões sociais e ambientais, não haverá viabilidade econômica (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009; SACHS; VIEIRA, 2007; BUARQUE, 2008). Portanto, se torna imprescindível neste processo o envolvimento das empresas, do governo e da sociedade civil para determinar a velocidade da ruptura e da implantação de um novo modelo: o desenvolvimento regional sustentável.. 2.4 Desenvolvimento Regional Sustentável O conceito de desenvolvimento local/regional pressupõe a idéia recursos econômicos, humanos, institucionais, ambientais e culturais em localidades e territórios, para constituir seu potencial de desenvolvimento (ZAPATA, 2004). Outro conceito que pode advir no sentido de contribuir para o entendimento sobre o desenvolvimento regional/ local é apresentado pelo Banco do Brasil. [...] é aquele que leva à construção de comunidades humanas que buscam atingir um padrão de organização em rede, com características de interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade, considerando-se que as ações sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas e culturalmente diversificadas” (BB, 2005, p. 13).. O uso de tal conceito implica assumir um compromisso com a continuidade das espécies, ou seja, a perenização da vida mediante as transformações provocadas pelo ser humano na.

(37) 34 natureza. Isso requer habilidades e conhecimentos específicos para implantação de processos que sejam viáveis tecnicamente e também eticamente desejáveis (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009; SACHS; VIEIRA, 2007; BUARQUE, 2008). Segundo Zapata (2004, p. 2), o desenvolvimento local/regional “busca construir um modelo de desenvolvimento com mais participação, equidade social e sustentabilidade ambiental, a partir das potencialidades e vocações produtivas locais. Trata-se, portanto, de uma estratégia que busca estimular a solidariedade e um desenvolvimento mais integrado”. Para promover o desenvolvimento regional, é preciso dinamizar os aspectos produtivos/econômicos e buscar potencializar as dimensões sociais, culturais, políticas e ambientais. Outro aspecto relevante é o fomento da agricultura familiar e de micro e pequenas empresas, que são responsáveis pela geração de emprego e renda para amplas camadas da população, e que contribuem para um modelo de desenvolvimento com melhor distribuição de renda (ZAPATA, 2004). A visão tradicional da política de desenvolvimento regional baseava-se no modelo de crescimento concentrado, que visava influenciar a distribuição das atividades econômicas mediante a transferência de recursos externos às áreas menos favorecidas por meio de políticas fiscais compensatórias. A nova proposta pretende superar os desequilíbrios fomentando o desenvolvimento em todas as regiões potenciais com ativos locais como: capital humano e social, parcerias, redes de cooperação com agentes econômicos, instituições públicas e financeiras que possam promover a diversificação e competitividade da economia local (ZAPATA, 2004). O modelo de desenvolvimento existente precisa ser repensado no sentido de que já não consegue atender mais aos anseios da sociedade do século XXI. Questões relativas ao meio ambiente e as condições de vida da população mais pobre, que eram colocadas em segundo plano, hoje são o centro das discussões. A desigualdade na distribuição das riquezas reforça a idéia de que os pobres como maioria da população estejam fora da economia de mercado global. Não é possível falar em desenvolvimento, em uma realidade de bilhões de miseráveis. Mas esta realidade pode ser modificada se as empresas estiverem dispostas a mudar seu modelo de negócios, tornando a camada formada pelos mais pobres em um mercado rentável. Portanto, se faz necessário aliar as necessidades do mundo contemporâneo e seus desafios em busca do desenvolvimento sustentável às estratégias negociais (BB, 2005)..

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