/
T'MYERSIDADE DEÉVORA
MEsrxÂDo
EM
TNTERvENçÃo
sócro-orcrrzlcroNlr,
NC
slúpr
Cuno minig6ado empaÍoeriacom aEccol. fupcriordc Teonlogla d. §údGdcLiúoe
(DR-tr
Série, oo. 250 &,29 de OutubÍo ijaâ0íJ,2)Área de especiat ízarÃo em
Políticas de Administração e Gestão d,e Serviços de Saúde
numcnaçÃo
pRoFrssroNAL Dos
EIsrERMErRos
rsprirsórs
No
srsrEMA
pr
sa{pr
poRTuerÉs
-
Cmo PARTIcUTAR: C:gNTRO HOSPITALAR DE TORRES VNPNAS-Dissertação de Mestrado apresentada poÍ:
Helga
Marili a
lla
§ilva
Rafael
HenÍiqu€s
Orientador:
Prof.
Doutor.
CarlosAlberto
da Sitva[Esa dissertação não inclui as críticas e sugestttes feitas pelo
júril
Évora
U§TYER§IDADE
DE
ÉVORA
MESTRADo
EM
ThITERvENçÃo
sócro-onctrra,croNAl
ml srúpp
Cuno ministrado em parceria com a Eccola §uperior dc Teorologla da
§údc
dc Llcboa (DR- II
Série, no. 250&29
&
Ourubro de 2002')Área de especi atizaçâo em
PoHticas de AdministraçAo e Gestllo de Serviços de Saúde
rNrEcRAçÁo
pRoHssroNAL Dos
ETIFERMEIRoS
EspArvnórs
xo
srsrEMA
pr
saúpr
ponrucrrÊs
-
CESO PennCULAR: CnNrno HoSPITALAR pr ToRRES Veonas-Dissertação de Mestrado apÍesentada por:
HetgaMaÍíUa
da
§ilva
Rafael
HenÍiques
Orientador:
Prof. Doutor.
CarlosAlberto
daSilva
[Esa dissetação não inclui as críticas e sugsstões feitas pelo júri]
4fá
q13
Évora
Novembro
de 2Í105Ir.rmcnlçÁo Pnorrsgoxlr,
pos
Elvrrrurenos
EsBmrrórs
No
ss:rrvrl
pr
§lúpn
PornrcuÊs
ItE§rn
o
Os
acontecimentosda
sociedadeactual,
irrefutavelmente condicionados pela tendênciaglobalizante dos
mercados, pautam-sepor
importantes üansformações aonível
dos
conúextosde
acçãoe
das práticas
de
gesüto.A
diversidadecultural
emcontexto
de trabalho
ganhauma nova
expressãoao nível da
enfermagem,com
a admissilo de enfermeiros espanhóis em organizações de saúde poúuguesas.O
interesse por esta problemáticamotivou
arcalízacfio dum estudo exploratóriode
carácter
qualitativo,
cujo
principal
interesse consisteem dar
respostaa
duas perguntas de investigação: Como se processaa
integraçãoprofissional
dos enfermeiros espanhóisno
sistema de saúde português? Que medidasa
implementarno
sentido de melhorar a integração destes profissionais nas organizações de saude?O
processo de integração profissional dos enfermeiros espanhóisno
sistema de saúde português resulta querda
adaptaçb
do recém-chegado ao contexüo de trabalho, quer do ajustamento da organização de saúde aos seus elemerúos. Desta co-participação nos locais de trabalho resulta a integraçito profissional, que ocorre segundo três planos: a integração estrutural, a integração instrumental e a integração relacional. Os resultadosdemonstam
que a integração instrumental é mais valonzadapelos entrevistados do quea
integraçãoestnrtural
e
que
a
dimensãorelacional
atravessatodo
o
processo de integração.Os
aspectos relacionadoscom
a
mudançade
paíssito
aquelesque
maisinterferem
negativamenteno
processode
integração dos enüeüstados.A
interacção estabelecidacom
os outos
foi
identiÍicada como
o
factor
que mais
interferiu
positivamente
na
integração
profissional, sendo
a
competência
inter-relacionalfundamenal para que se verifique aprendizagem e adaptação nos locais de trabalho.
Os resultados desta investigação acrescentam
um
conjunto de novos dados queajudam ao
entendimentoda
problemáticada
integraçãoprofissional
dos enfermeiros espanhóis nasorganizaç&s de
saúde portuguesas, resultados possivelmentea
aplicar e/ou compararnuma
situaçãode
integraçãoprofissional dum
estrangeiro qualificado nnma oryanízação de saúde portugues4 ou em qualquerouta
áreq
em qualquerouto
país.
Pslrro§-úave:
Integração Profissional, co-participaçâo, Enfermage,m, EspmhóisPnorrssrour,Irrncmrror
or
Spexrsn Nunsfsl INTuEPonrucursu
Eulr
rn
C.lnn
§ysrnu
ABSTRACT
The
happeningsof
today's society,
undeniably
ruled
by
the
globalisation tendencyof
markets, arebound
to
the
important
changesin
action backgromd
and management practice.Cultural
diversity
in
labour
context gainsa
new
expressionin
terms
of
nursing, due to thehiring
of
Spanishilrses
by Portuguese health organisations.The
intereston
this
issue leadto
a
qualitativeexploraüon
study, whose main interest isto
answertwo
research questions:Hot,
does the Spanish nurses' professionalintegration
in
the
Portuguese
health rystem
work? tlthat
meosuresshould
beimplemented towards the improvement
of
theintegration
inhealth
institutionsof
theseprofessionals?
The process
of
professional integrationof
Spanish nurses is both the result of thenewcomeni'
adaptation
to
the
labotr
context
and
the
adjustnent
of
the
healthorganisation
to
its
elements.From
this
co-participation
in
the
work
places comes professional integration, this happensin
three levels:stuctural
integration, instnrrrental integraüon and relational integraüon. Results show that instnrmental integration is more valued by the interviewees than süuctural integraüon and that relaüonal dimension goesthrough all
integration process. The aspects related to changingcouns
are those wtrichmost
negatively
interfere
in
the
interviewecs'
integration
proc€ss.The
interactionestablished
with
others wasidentified
asthe
onewhich
interfered mostpositively
in
professional
integratio4
inter-relational
competence provedto
be
fundamentalfor
the learning and work place adaptation.The results
of
this
research adda
setof
new data that helps undersanding theissue
of
SpanishnuÍses'
professionalintegration
in
Porhrgrresehealth
organisations, resultsto,
possibly,apply
and/or comparcin
the professional integrationof
aqualified
foreignerin
a Porhrguese health organisaüon" or in any other area,in
any othercoun§.
AcnarlEcrMENTos
Ao
Sr.Prof. Doutor
CarlosAlberto
da
Silva
pela orientação,incentivo
permanente e apoio prestado ao longo deste trabalho.A
Sra.Enfermeira
Teresa Santos Potra pela disponibilidade e sugestões, fuirdamentaisWa
aconcretização do enquadramento conceptual.Ao
Sr. Enfermeiro Óscar Ferreira pelo encorajamento àreatizaçáodeste mestado.Às
colegas e amigas, Patrícia Alves eFilipa
Ganilho, pela disponibilidade e sugestões que contribuíram para o enriquecimento deste trabalho.Ao
meu marido, Diogo Henriques, pelo apoio em todas as ocasiões, pelos momentos de ausência e pela constante disponibilidade para discutir temas inerentes a este üabalho.À
minhairmã, Lucélia
Rafael, pelo apoio e valiosas sugestõesWa
aconcretização de alguns capítulos deste trabalho.Ao
CentroHospitalar de
Torres Vedras,na
pessoado
Sr. EnfermeiroDirector
lúário
Vilela, pela
amabilidade, breüdade
na
aceitação
da
rcalização
do
estudo
edisponibilidade
no
fornecimento
de
dados,em
tempo
útil,
para
a
realização deste trabalho.A
todos
os
colegas,
enferrreiros
espanhóis,
que
pacienterrente
me
conced€rarnentrevistas
e,
assim, deram
um contributo
fuÍrdâmental paraa
concretização deste trabalho.A
todos aqueles que,dirccta ou
indirectamente, confribuíÍam paraa
realização deste trabalho desejo pÍestar o meu reconhecimento.Ír*lnrcB
Resumo Abstract Agradecimentos Índice de Quadros Índice de Í'iguras Índice de GráfrcosINTRODUÇÃO
c.lpÍrulO
l-
Fuxontntru
|Eórucas
r PzaspecwvtsAtuüncts
1
-
OLugar
daEnfermqgem
no Sistema de Saúde PortuguêsLl
-
Breve Perspectiva Histórica da Enfermag,em1.2
-
AEnfermag,em Como Elemento do Sistema de Saude Português2
-
Gestão do Processo deIntegração Organizacional
2.1-
Org@izações deTrúalho
2.2
-latagn#o
Profissional-
O Acolhimeirto Organizacional2.3
-
Integração Profissional e Diversidadc Cultural em Contocto de Trabalho 3-
As Pessoes em Contextos deTrabalho
3.1 - A Socialização Profissional
3.1.1 - Perryeutvus Amlítica
&
fuidizn&
3.1.2-
fuialfztr&
Orgnizrciwul
3'2
-
Dos sab€res às Prfticas org;anizacionais-
A Aprendizagem como ProcessoFundamental
3.3
-
O Indivídtro como Peça Fundamental do hocesso de Integração Profissional3.4
-O
Pryel do grupo 4 § 6 10u
n
t2
17 17l7
20 24 24 32 35 39 39 39 4t 45 49 62CAPiTULO
II-
C,tntcrururzAçÃo DoCoxwmo
DEEstttw
1
-
O
Centro Hospitalar
deTorres Vedras
l.l
-
Breve Resenha Histórica 1.2-
Recusos HumanosCAPiTULO
III -
OreÕnsMsroootfurcn
s
I
-
Metodologia
l.l
-
Técnicas de Recolha de DadosI.l.
t -
Os Entrevistados e Criterios de Selecfio 1.2-
Técnicas de Analise e Tratamento dos DadosClplrur,o
fY -ANÁuse
o
Tntrnttotnv
oos
Dn»u OsnNS
1
-
SerEstrangeiro
aExercer Enfermagem
noCETV
1.1
-
Caracterização Sócio-Demognífioa dos Entreüstados1.2
-
Situaçâo Profissional dos Entrevistados1.3
-
Motivagões dos Ennevistadospra
Trabalhar em PoúugalI. 3.
I
- Ausêrcia&
Traballp emFsWta
1.3.2 - Ewiqtecimento
fu Gnríaio
Profissiorul1.3.3 -
Prutra
de Mellpres Cordições&
Traballp1.3.4
-
Eristêrcia fu Integr«§ows
krviços de Soúde Pornguews1.3.5 -Colegas
l. 3.6
-
Cotrlpcer PortugaUDivertimento1.3.7
-Proximifu
deErytln
2
-
IntegraçÍo
ProÍissional
dorEnfermeiros Espanhóir
noCEIY
2.1
-
Práticas Organizacionais dc Integração Profissional2. l.
I
- Práficas&
Itugrú&
Estruural2.1.2 - Práticas
&
htegraçfu Instrunental2.2
-
Aryros
que Interferem na Integração dos Enfemneiros Espmhóis2. 2.
I
- Áryectosfrcilitúres
fu
irúegrtrfu2.2.2 - Aryectos
inibibes
ú
iríegw&
2.3
-
Estrdégias Utiüzadas para Ultrapassar as Dificuldades Sedidss pelos EnfermeirosEspanhóis Drante o Período de Integraçâo 2,3.1
-Relrciorús
con a bsreira lingulstica2. 3.2 -
Releiadas
comlalta&
cottlucimentos / eryriêrcia.2.4
-
Sugestões PaÍa uma Melhor Integração Profissionsl dos Enfermeiros de Nacionalidade Espanhola 69 69 7t 72 75 75 77 79 8l 85 85 85 86 88 90 90 90 91 9l 92 92 92 92 93 98 109il0
115 124 t25 125I
2.4.1 * Em relação à orgmizaç.ão do
Wriúo
de integrafio2.4.2 - Em relação ao Orientdor
2.4.3
-
Em relação à dntisúo de enferuteiros espanhoisDISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES
1-
Iliscussão dos Resultados e Conclusões2
-
Recomendações2.L
-
Plano de Intervençâo Sócio-Organizacional na Sarde2.
I.l
-
Problematica2.1.2 - A Política Orientadora
2.1.3 - Prrcesso de Implementa$o
2.1.4 - Estrategias de Implementaçtio
2.1.5 - Avaliação fu Plano de Interuenção Sociúrganizacional
BIBLIOGRAFIA
ANEXOS
Anexo I
-
Organigrama doCHTV
fuiexo
II-
Programa da Formação doCHTV
Anexo
tII
-
Guião da Entrevista aos Enfermeiros Espanlróis AnexoIV
-
Autorização para a Realização do Estudo noCHTV
fuiexo
V-
Entrevista ao E3fuiexo
vI
-
Corpus de Análise da Entrevista E3fuiexo
VII
-
Tratamento dos Dados das Entrevistast26 126 t27 t28 129 t29 137 138 138 138 139 140 147 14E 154 155 157 160 r66 169 t77
l8t
ÍnurcEDE
Quallnos
Quadnol
-
Fases de Relacioneme,nto enúe Tutor e Protfué de Crreenberg aBarron
35(luadno
II
-
Reqüsitos da Fase de Aqüsição eMudança
44Quadro
III
-
Aprendizage,m Orgoizaoional: Tipologia deMiller
48Quedno
IV
-
Estilos de Apre,ndizagem deKolb
52Quedro
V-
Reac{ões Indiüürais"Tipo Face à SocializaçâoOrganizacional
53Quedro
VI
-
IndicadoresSocio-Económicos
69Quedro
Vtr
-
Indicadores deSúde
70Quadro
Vm
-
Esafisticas Gerais 2004 doCHTV.
7l
QuadroD(-BalançoSocialdeDezembro
de2N4doCHTV
73Quadro X
-
DistribúçSo dos Ternas e CategoriasIdelrtificadas
83Quadro
)il -
Distribuigão das Motivações dos Entevistadospua
Trabalharem
88 PortugalQuadno
XII
-
Distribúgâo dasHticas
Organizacionais de IntegraçâoProfissional
93Qundro
Xm -
Disüibuição
dos
Aspeotosque Interfere,
na
Integraçâodos
110Enfermeiros Eqpmhóis
Quedro
XfV
-
Distibuigâo dâs Esúatégias Utilizadas paraUltryassu
asDificuldades
124 Sentidas pelos Enfermeiros Espanhóis Durante o Período de IntegraçãoQurdno
XV
-
Disüibrdgão das Sugestões paÍa una Melhor Intogração Profissionaldos
126Enfermeiros d€ Nacimalidada Espmhola
Quedno
XVI
-
Intervenções Plmoadas no Sentido daRepreseitaiúdade
142Quedro
Irytr
-
Intervengões Planeadas no Sentido daAutonomia
143aurdro XVItr
-
Interveirgões Plmeadas no Seirtido duma ComunicaçâoEficnz
146ÍunrcE rlnFrcuRAs
F[unl
-
Esüutura Organizacional dc Mintzbeqg Ffuure 2.-
AoÍggnizaçâo como Siste,ma AbertoFryure 3
-
Influàrcia dos Padrões de Cultrra nas Assungões, poccpções eComportamento Organizacional e de Ges6o Figura 4
-
Co-participação no Trabalhotr'[urr
5-
Ciclo da Aprendizagein de KolbF[ura
6-
Sisterna Input-Procesos-Outptt rlrrmGnrpo Orgeizacional Ffuura7-
Co-participaçâo nos Locais de Trabalho (Bill€tt, 2OO2)ÍnnrcEDE GRÁrrcos
Grífico I
-
Províncias de origem dos Enfermeiros Espmhóis Entevis.hdosGldfico 2
-
Servigos de Internamemto Onde os Enfermeiros Espmhóis Entreyistados Foram ColocadosGrÓfico 3
-
Motivações dos Enfermeiros Espmhóis Entrwistadospra
Trabalharm
portugalGúfico
4 -Distribuição do Tempo de Integração dos Enfemmciros Espohóis Entrwisados por Serviço26 30 37 57 58 64 135 86 87 89 103
IurnoDuÇÃo
A
afirmação
da
globalização
tem ündo
a
proporcionar
importantestransformações
no
mundo
contemporâneo
e
a
corroboraç
caÀavez
mais,
na interdependênciadas
economias nacionais.Este
actual acontecimentoobriga a
uma reconfiguraçãodos
habituais padrõesde
interacçÍto entreos vários
paísese
origina diferentes economias e culturas.Assim, o
progressivo aumento da circulação de bens,de
capial
e deforça
de trabalho promovem a expressão e até mesmoo
cruzamento devárias realidades culturais, profissionais, religiosas e étnicas, em contextos específicoq
e
vem
abrir
camiúo à
discussãoem
torno da
problemática
da
integração
úrm
estrangeiro no país de acolhimento. Por outro lado, esta realidade tambem coloca novos desafios aosvários
países, principalmenteno
que se refere à gestâo desta diversidade cultural aonível
dos vários contextos onde ela ocoÍre.Entre
1994
e
2000
veriÍicou-se
um
aumento
do
número
de
trabalhadores estrangeiros ao serviço das instituições dosMnistério
da Saúde Português na ordem dos829o/o.
Se
em
1994
pr
cada
1000 efectivos
do Mnistério da
Saúdeexistiam
3 tabalhadores estrangeiros,em
1998 essevalor
subiu aos 11 e em 2000 paxa os 25. Osgrupos profissionais dos
médicos
e
enfermeiros
são
aquelescuja
incidência
deproÍissionais
estaÍlgeiros
é
mais significativa
@aganha,Ribeiro
&
Pires,
s.d.).
A
Espanha surge
como
o
país
de
recrutamento desses profissionaiscuja
evolução nosentido
ascendente
é
mais
signiÍicativa
Em
l9g4
a
Espanha
tinha
r
a representatiüdadede
8,3o/odo total
de
profissionaisde
saúde estrangeiros, passandopra
59% em 2000 (Baganha etal.
s.d.). Entre 2000e
2003, a evoluçãodo
nthnerc de profissionais espanhóis atabalhar
em Portugalfoi
igualmente notória: de 350 nofinal
de 2000, passoupra740
em Dezembro de 2001, duplicando em2002 paraos
153? eem 2003
atingu
os 1801 (Ordem dos EnfeÍmeiros, 2004).Em
Dezembro
de
2003,os
enfermeiros estrangeirosa
üabalhar
em
Portugalperfaziam
rur
total
de
2298,
ou sejq
mais
de
5o/odt
totalidade
dos
recursos de enfermagernao
nível
nacional. Nesse mesmoano,
oeÍca de4,13
%
dos enferrreiros inscritos na Ordem dos Enfermeiros (1815indiüduos)
tiúam
nacionalidade espanholqseguindo-se
0,32o/o(139
indiüduos)
com
nacionalidade
brasileira (Ordem
dos Enfermeiros, 2004).Em
2003, os enfermeiros deorigem
espanhola concentravam-se principalmenteno
disüito de
Lisboa
(1107),
seguindo-seFaro
(271)
e
Aveiro (161) (ordem
dosEnfermeiros, 2004).
Situados essencialmente nas
faixas
etárias abaixo dos30
anos, os enfemreirosespanhóis
a
trabalhar
em
Portugal
revelaram maioritariamente
uma vontade
de permanecer mais decinco
anos. Segundo dadosda
Ordem dos Enfermeiros, mais de60%
daqueles enfermeiros permanecemem
Portugalpor
um período de pelo
menoscinco
anos,ou
seja,«de
um total de
2277
enfermeirosoriginrírios
do
país vizinho
inscritos na Ordem
entre
1999e
2003, apenas 462 prooedeÍatn, nesse mesmo período, ao cancelamento ou anulaçâo do referidotítulo
profissional e dos restantes somam 377os
que apresentammais de
um
anode
quotasem
atraso»(Ordem
dos Enfermeiros, 2004,p.2).Os
ütimos
anos registaram importantes alteraçõesao nível da
profissito
de enfermagem. Se, por um lado, severificou
um conjunto de mudanças estnrturais com a integraçãodo
curso
de
enfermagemno
ensino superior
e com
a
elevaçãodo
grau académico aonível
da licenciatura;por
outro lado, estes acontecimentos, associados aoconstante
avanço tecnológico
e
científico,
constituíram importantes
factores
de transformações aonível cultural
e dossúeres.
Da mesmaformq
também a imigraçãode
enfermeiros
estrangeirostem vindo
a
irúerferir
na
construçãoda
profissão
de enfermagem.Uma reflexão
aceÍsa da actualidadÊ da profissão de enfermagem em Portugal leva, então, a concluir que parte da sua história contemporÍinea passa pela referência aosmovimentos sociais de migração. Seja pela saturação
do
mercado detrúalho
ou
pela instabilidade económico-políüca do país de origem, seja pela situação de carrência quase extrema de enfemteiros aonível
das várias insütuições de saúde poúuguesas,o
certo éque
a
afluência de enfermeiros estrangeiros a Portugal nosultimos
anos aumentou deforma
exponencial, sendo francamentenotória
a admissão de espanhóisno
sistema de saúde porhrguês.I
Estefacto originou
ineütavelmenüe situagões novas que exigiranr algumas respostas das organizaçôesde
saúdee
dos
gupos
que
nela
operam. Estehabalho surgru,
assim,
na
tentativa
de
coúecer
algumas
dessas respostase
det
No final de 2003, para cada mil habitanteq erdstiam uma média do 4,2 enfermeiros, seirdo o rácio médio
daUnião Europeia 5,9, o que significa que faltam cerca de 20 000 profissionais de enfermagem (Ordem
perspectivar outras
eventualmente
adequadase
facilitadoras
da
integraçilo
dos enfermeiros estangeiros no Sistema de Saúde Português.Só
no
início
da década de noventa é que a questâo daimigraçilo
e presença deminorias
étnicasfoi
valorizadaem
Porhrgal.Maria do
Céu Esteves,em
1991, numestudo
que
realizou
aceÍcados ciclos
migratórios, das
comunidades imigradas em Portugal e das suas condições devida,
constata que as questões específicas do mercado de trabalho aparecem «subvalorizadas face ao tratamento mais desenvolvido de oufros aspectos» (Baganha, Ferrão&
Malheiros, 2002, p.76).E
inegávelque
o
local de
trabalho
ocupauma
imporüanteparte da
vida
daspessoas.
Se
por um
lado, as
organizagões dependem das pessoaspara funcionar
e alcançar os seus objectivos; poroutro
lado, o homem procura a sua subsistência e/ou asua
realização pessoal nas organizaçõesde trabalho.
Isto
ganhaainda mais
sentido quando falamos de indivíduos queüvem
e trabalham num país diferente do de origem, como é o caso dos enfermeiros estrangeiros atabalhar
em Portugal.A
discussãoàvolta
da forma
como seadapam
osimigrantes
enfatizao
local
detrabalho
como principal área para o sucesso do processo de integração @ismark&
Sitter, 2003).A
integração nolocal
de üabalho constitui,
destaform4
um
dos
importantespilares
que suportaÍn aadaptaçito do imigrante ao seu pars de acolhimento.
Assim, torna-se fundamental
coúecer
a forma comou
organizações detabalho
entendem asi pessoas e se relacionam com elas, ou sejq torna-se fundamental fazer uma abordagem do conjunto de políticas e práticas que sirvam os pÍocessos de recrutamen'to, selecção, forrnação profissional, reeompensa
e
avaliação dedesempeúo
das pessoasinseridas
numa
oryanizacfio.No
caso
do
sistemade
saúde português alguns destespÍocessos estâo preüstos ou previamente definidos, enquanto que outros, como é o caso
da
integração profissional,
sâo
constnrídosde
acordo
com
o
meio em que
cada organizzçlo se insere.A
integração
proÍissional dos
enfenneiros
espanhóisno
sistema
de
saúdepoúuguês,
como
em
qualquer
outro
caso
de
integração
profissional, implica
a conjugação de vários factores, que envolvem quer o integrador, quer o integrante, quer ainstituição, qu€r
atéo
próprio
sistema.A
Ordem
dosEnfermeiros
teÍr
demonstradoestar atenta
à
questâo
da
imigração
dos
enfermeiros
esfrangeirosem
Portugal.Recentemente publicou na sua revista periódica um artigo
-
"Mgração
de enfermeirosespanhóis:
Que
implicações?"
-
que vem reforçar
a
necessidadede
repensar asestratégias de integração profissional dos enfermeiros estrangeiros em Portugal.
O
coúecimento
mais
aprofundado
desta
realidade fomecerá
dados eventualmente uteis às organizações de saúde interessadasun
adeqrara
organizaçáo das suas unidades (como seja, a estruturação de planos de integração dos profissionaisde
saúdeestangeiros
ou
a
criaçâo de novas formasde
gestão da diversidadecultural
dento
dos
serviços
de
saúde)
e
adequara
prestaçilo
dos
seus serviços
a
estesfuncionários. Também possibilitará
a
adequaçãode
medidas institucionais
a
esta realidade,como
sejama
estruturaçãoe
organizaçlo dos
viârios serviços(criação
deplanos
de integraçdo ajustados ou tomada de medidas facilitadoras de todo o processode
integração).Da
mesmaform4
as
descoberüas resultantes destetrabalho
poderãotanrbém tornalem-se
úteis para
organizaçõesligadas
à
profissão
de
enfermagem (Ordem, Escolas Superiores de Enfermagem e Sindicatos), legisladores, investigadorese
empregadores de saúde, quer sejampúlicos
ou privados. Tratar-se-ão de resultados úteis aos profissionais de enfermagem, às instituições e ao próprio sistema de saúde.Perante a dimensão e as implicações
-
poucocoúecidas
mas muito especuladas-
deste fenómeno, surgea
necessidadee a
curiosidade pessoalde
coúecer a
forma
como se integram os enfenneiros espanhóis no sistema de saúde português.
Colocam-se,
então, duas
grandes questõesde
partida
que sê
constituem, simultaneamente, em pergrrntas desta investi gaçáo:.
Como
se processaa
integraçãoprofissional dos
enfermeiros espanhóis no sistema de saúde português?.
Que
medidas
a
implementar
no
sentido
de
melhorar
a
integração destes profissionais nas organizações de saúde?Estabeleceu-se o seguinte objectivo geral:
.
Analisar
o
processo de integraçãoprofissional
dos enfermeiros espanhóis no sistema de saúde português;Fonnulou-se um conjunto de objectivos específicos:
.
IdentiÍicar
as
práücas
organizacionaisque compoúam
o
processo de.
Coúecer os
aspectosque
interferem
na
integração
dos
enfermeiros espanhóísdurante
o
período
de
integração profissional
no
sistema
de
saúdeportuguês;
.
PerspectivaÍ propostas facilitadoras do processo de integração profissional dos enfermeiros espanhóis em organizações de saúde portuguesas.Este
trabalho inicia-se
com
esta
introdução
e é
constituído
por
um desenvolümento, que envolve quatro capítulos.No
primeiro capítulo,
enquadm-se teoricamente o tema em estudo, com recurso a várias áreas do conhecimento, como agestito
de
recunios
humanos,
a
pedagogra,
a
psicologia
e a
sociologia
dasoryanzaerões.
Nos
capítulos
segundoe
terceiro,
procede-se, respectivamente, à caracteizaçitodo conteúo
de estudoe
descrevem-se as opções metodológicas.No
último
capítulo
apresentam-seos
dadosobtidos.
Termina-secom
a
discussão dosresultados e conclusões, onde sÍlo apresentadas algumas recomendações relativas ao tema em estudo.
cAPÍrutoI
Furro^lugNTos
Tnónrcos
n
PpnspECTrvAs
Axlr,Írrcs
1 - O r,ucARDA ENTERIIÍacEMNo
Srstp*n
onSlÚou
PonrucuÊs
1.1-
Breve
perspectivahistórica
da enfermagemDesde
sempreque se
conhecea
origem da
enfermagemlipda
ao
serviçoreligioso.
A
característica essencialdos
cuidados
prestadospor
religiosas
era
((a obediência eo
servir,no
sentido mais dilatado do cristianismo e na sua expressão maisnobilitante» (Carvalho, 1996,
p.39).
Com
o
objectivo
único
de
satisfazer
asnecessidades
da
pessoa doentee
desprotegda,as
religiosas procuravamdignificar
a vida humana pondo em prática o amor ao próximo.Durante
séculos manteve-seintacta
a
herança dasmonjas
agostinianas, «<dehábito branco e de cruz ao peito, sorriso bondoso, mÍtos
cariúosas
e sempÍe disponíveis para cuidarem a chaga, a ferida imunda»» (Carvalho, 1996, p.40).Nos finais do
séculoXD(
FlorenceNightingale
revolucionaa
enfennagem eabre
camiúos
paÍa
a
EnfermagemModeÍna"
A
enfermagemdeixa
de
ser entendidaoomo
um
tabalho
unicamede
experimental,
cujo
exercício
não
depende dumaaprendizagem
formalizad4
nem
exige
neúum
coúecimento
específico.Em
1860,Florence Nightingale,
cria a primeira
escolade
enfemragem, aner(aao
St
ThomasHospital de
Londres,
e
posteriormentefimda
novas
escolasnos
EstadosUnidos
eCanadá (Soares, 1997), abrindo assim
camiúos
àprofissional@Ao
da enfermagsm eao
exercício
desta profissão
ligada
a
um
saber
sújacente.
Florence
Nightingaleao
saudável durantetodo
o ciclo
deüda
e nilo
apenas aos doentese
moribundos em sittrações críticas da sua vidasunes,
2003).Em
1887 assiste-se à criação da primeira associação de enfermeiras no mrmdo,British Nurse's
Association.
A
partir desa
data
mútas
sllo as
personalidadese
osmomentos que se vêm a constituir nraÍcos importantes na história da enfermagem.
Em
Portugal,
a
obra de Nightingale teve «um lento poder de
penetração»§unes,
2003, p.20).
Em
1881 deu-seinício ao primeiro
curso
de
enferrragem
em Portugal sob a administração de Costa Simões na Escola de Enfermagem dosHospitais
da
Universidade
de Coimbr4
criada
na
mesrnadata.
Contudo,esta
escolaviria
a enc€Írar mais tarde por falta de meios fisicos e financeiros.
Só
em
1887 é que se assiste à criação dumnovo
curso de enfennagem, regidopor Artur Ravarq
desta vez no Hospital Real de S. José, mas a sua duraçãoveio
a ser efémera pois tambémfoi
encerrado em Novembro delggg
(soares, 1997).A
criação da Escola Profissional de Enfermeiros, afecta ao Hospital ReaI de S. José, sem qualqueraúonomiq
acontece êpenasem
1901,vindo a
transformar-se emEscola Profissional
de
Enfermagem
em
1918,
com
a
reforma
da
legislação
dosHospitais. Também
os
serviços
do
Hospital
da
Universidade
de
Coimbra
sãoreorganizados e é também criada uma escola de enÊnnagem, à se,melhança
do
que sepassou em Lisboa.
Qualquer
destas escolasdefine como Íinalidade
«a habilitaçãode
pessoal deenfermagem'
em
especial,
a
dos indiüduos que
desejam ingressarno
qgadro
de enfermagem dos hospitais respectivos, para os quaiso
diploma do curso será condição expressade proümento»
(Soares, 1997,p.37).
Embora estas escolas se mantivessem sob a alçada da adminisüação dos respectivos hospitais, a mudança de terminologia de EscolaPro/issional
de Enfermeirosp:ra
EscolaProfissional
de Enfermagem constituium
nrarco imporhnte
na
história
da
enfermagemem
Portugal.
por
um
ladq
aEnfermagem passa
a
seÍ tida
formalmente como
uma
profissâo,por
orÍro
lado,
o suporte legal permite uma afirmaçâo social e política dos fonnados naquela escola.Em
1930,
a
Escola Profissional
de
Enfermagem converte-seem
Escola
de EnfermagemArturRavara,
em homen4gem ao regente do primeiro cumo.A
partir de
1942 todas as escolas de enfermagem, enfietanto criadas, passam aser tuteladas
pelo
Mnistério
da Educação nacional,à
excepção da Escola Técnica de Enfermeiras que se manteve ligada ao Instituto Português de Oncologia de Lisboa.Pelo Decreto-Lei 480/88 de
23
de
Dezembro,
o
ensino
de
enferrragem
éintegrado no Sistema Educativo Nacional ao nível do ensino superior politécnico, sendo
que
a
conclusâo,com
apÍovaçãodo
cun;osuperior
de
enfennagemconferia
o
gÍau académico de bacharel e odtulo
profissional de enfermeiro.A
Portaria
239194de
16 de
Abril
cria
cursos
de
Estudos
superioresEspecializados
na
área da Enfermagem na Comunidade, Saúde MaÍemae
Obstétrica SaúdeInfantil
e Pediátrica" Saúde Mental epsiqüátric4
Médico-Ciúrgica,
Reabilitação e Administraçâo de Serviços de Enfermagem.
A
conclusão, comaprovação, de todas as
unidades curriculares
confere
o
diploma
de
estudos superiores
especializados eequivalência ao grau académico licenciado.
Em
1997,a
Lei ll5l97
de
19
de
Setembroe
a
Resoluçãodo
Conselho deMnistros
149/97de
19 deNovembro
alteraa Lei
de Basesdo
Sistema Educativo e pa§sa a permitir a criação doCtrso
de Licenciatura de Enfermagem, assim como oAno
complementar de Formação para os enfermeiros bacharéis.
Em
1998 assiste-se à criação da Ordem dosEnferrreiros,
pela«necessidade de
se
procederà
regulamentaçãoe
controlo
do
exercícioproÍissional
dos enfermeiros» (Ordem dos Enfermeiros, 2003,p. 3).Através
dos
tempos
o
papel
da
enfermeira foi-se
transformando.
Desdeconsoladora
do
doente, servindoum
ideale
uma vocação, aauxiliar
do médico, cuja submissão àaúoridade
médica era bemwidente
§unes,
2OO3),a enfermeira passou aconviver com
o
sexo oposto
na
profissão
de
enfermageme,
fruto
da
evolução dasociedade e da própria profissão de enfennagem, os cüdados de enfennagem foram-se
redefinido
e
assumindoformas
diferentes.Actualmente
o
exercício da
enfermagem «centra-sena
relação
interpessoalentre
o
enfermeiro
e
uma
pesso3,ou
entre
um enfermeiro eum
grupo de pessoas» (Ordem dosEnfermeiros,
2003,p4).
Esta relação deve ser alicerçada no respeito pelo outro e deve ser consúruída no sentido de prevenir a doençae
promover
processosde
reabilitação apósa
doença,ngm
contínuo desde o nascimento atéà
morte.
Constituem aindaobjecüvo
doscüdados
dos enfermeiros a satisfação das necessidades htrmanas frrndamentaise a
máxima
independência nas actiüdades deüda
diária (Ordem dos Enfermeiros,2003).A
Ordem
dos
Enfermeiros
prwê um
conjunto
de
competênciaspara
oenfermeiro de cuidados gerais aquando das suas intervengões:
2-
Consideram-se autónomas as acções Íealizadas pelos enfermeiros, sobsua fuiica e exclusiva
iniciativa
e responsabilidade, de acoido com as respectivas qualificações profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão norúino,
*
fonnação ou na assessoriq com oscontribúos
na investigação em enfermagem.3- Consideram-se independentes as acções realizadas pelas os enfeãneiros de acordo com as-respectivas qualificações profissionais, em ôonjgnto com
outos
técnicos;
paÍa atingir
um
objectivo comum,
decorrentesde planos de
acção preüamente definidos pelas equipas multidisciplinares em queeiao
integradas edas prescrições ou orientações preüamente formatizaaas.
4-
Para efeitos dos
números anteriores
e
em
conformidade
com
odiagrróstico de enfermagem, os enfermeiros, de acordo com as suas qualificações
profissionais,
a)
organizam,
coordenanr, executam, supervisame
avaliam
as intervenções
de
enfermagemnos
três níveis de
prevenção;b)
decidem
sobre técnicas e meios a
utilizar
na prestação de cuidadoia"
rúrá"g"*,
pot"*i*do
e rentabilizando os recursos existentes, criando a confiança
"
"
p"rtirii.çío
activado
indivíduo, da familia, dos grrpos
e
da
comunidaáe;c)'utilizám
úr"ir*
gróprias da profissão de enfermagem, com
üsta
à manutençãó e recuperação des funçõesütais,
nomeadamente,respiraç!9,
alimentação,eliminação,'circjação,
comunicação, integridade cutânea e mobilidade;
d)
participam na coordenação e dinamização das actividades inerentesà
situação áisarideTdoença,queÍ
o
utenteseja
seguido
em
internamento,ambulatório
ou
domiciliário;'")
proc"a"m
a administraçil,o dateraÉutica
prescrita, detectando os seut efeitosá
*t
*ao
"-conformidade, devendo,
em
situação
de
emergência"agrr
de
acordo com
a qualificação e oscoúecimenlos
que detém, tendo como frnAiaaOe"1;1*ut"oçao
ou recuperação das funçôes
vitais;
f)participam
na elaboração e concretizaçãode protocolos referentesa
noÍmase
critérios
para aOminisuáçaode
tratamentos emedicamentos;
e g)
procedem
ao
ensino
do
utente
sobrea
administraçao
eutilização de medicamentos ou tatamentos.
5-
os
enfermeirosconcebem,
realizarne
promovem
e
participam
emtabalhos
de investigação que visem o progresso da ãnfermagem,"-
par[icular, eda saúde, em geral.
6- Os
enfermeiroscontibuem,
no
exercício da suaactiüdade
na área de g-estâo, investigação, d.o_cQncia formação e assessoria, pana amelhoria e evolução
da
prestaçÍlo
dos
cuidados
de
enfermagem, nomeadamente:a)
organizanâo,coordenando,
executando,
supervisionando
€
avaliando
a
rot--"çao
ao,
enferrreiros;
b)
avaliando
e
propondo
os
recursos humanos
necessários àprestação
dos cúdados de
enfermageÍn, estabelecendonormas
e
critérios
de actuação e procedendo à avaliação dodesempeúo
dos enfermeiros;c)
propondo protocolos e sistemas de informação adequadãs para a prestação doscúiãados; a) dando parEcer técnico aceÍca de instalações, materiais e eqúpamentor
,rtitúot
na
prestaçãode
cuidados
de
enfermagem;e)
colaborandona
elaboraçãode
protocolos
entre
as
instituições
de
saúde
e
as
escolas,
facilitadóres
e dinamizadores da aprendizagem dos
forrrandos;
f)
participandó na avaliaçao-Oas necessidades da populaçâo e dos recursos existenteJe"rmãt*ia
de enfermàgem e propondoa política
geral parao
exerçício
da profissão, ensinoe formaçío
e6
enfermagem;
g)
promovendo
e
participando
nos
estudos necessários
àreestruturação,
actwlizaqão e
valorizaçâoda
profissão de enfermagem.(ordem
dosEnferrreiros,2003,
p. 7).1.2 -
a
Enfermagem
como
Elemenúo dosistema
de seúdeportuguà
Antes
de
1970o
acesso à saúde dava-se quer afiavés das Misericórdias (geriamgrande
parte das
instituições
hospitalaresdo
país), dos
Serviços
Médico-Sociais (prestavam
cüdados
médicos aos beneficiários da Federação de Caixa depreüdência),
dos Serviços de Saúde Pública (vocacionados paÍa a protecção da saúde), dos Hospitais estatais, gerais e especializados e dos serviços de saúde privados (Baganha et al., s.d.).
Na década de 70 assiste-se
à
organizaçilo e esúuturação doMinistério
da Saúde, ondeo
Estado passaa
ser responsável pela definição e condução da política de saúde. Pelaprimeita
vez
é
consagradoo
direito à
saúdee,
consequentemente,o
direito
ao acesso aos serviçosde
saúde, ao mesmo tempo que se criavam carreiras profissionais paÍa o pessoal de saúde.Em
1971,a
clriaçãlo doDecreto-Lei
413/71 de 27 de Setembro veio reformar a saúde em Portugal, não só porque introduziu odireito
à saúde de todos os cidadãos, mas também porquetouxe
novosprincípios de
cuidadosde
saúdeprimários.
Criaram-se,então'
duas estrufurasfuncionais:
os
Centrosde
Saúdee
os Hospitais, às quais
foi
atribuído poder executivo.
A
responsabilidade dapolítica
de saúde passava, então, a sercenfralizada no
Mnistério
da saúde, enquanto que a execução aparecia descenüalizada nosCentos
de Saúde e Hospitais.Este diploma
preüa
ainda
a
integraçãodas
várias actividades
de
saúde eassistência existentes,
no
sentidode optimizar os
recursos existentese
defazer
uma melhor articulação entre os cuidados de saúde primrârios e secundfuios.Esta reforma
<<estavalonge
de
ser
congnrentecom
a
orientaçãopolítico-ideológica
do
Governode
entllo,pelo
que as suas potencialidades sómais
tarde,já
depois do 25 deAbril,
é que serão desenvolüdas, levando nomeadamente à criação do Serviço Nacional de Saúde, em1979»»(Graçq
2000).Em
1979, oDecreto-ki
56n9
de26 de Agosto prevê que o Serviço Nacional de Saude, assentenos princípios
daunivenalidade,
generalidadee
gratuitidade, passe a estar dependente da Secretaria de Estado da Saude doMnistério
dos Assuntos Sociais.Contudo, aquele
que
viria
a
ser
o
actual
Sistema
de
Saúdeportuguês
só
ficou
formalizado na década de noventa" com a conjugação de dois diplomasfirndamentais: a
Lei
de Bases da Saúde(r.ei
4s190 de 24 de Agosto) e o Estatuto do Serviço Nacional de Saúde(I€i
11193de
15 de Janeiro). OArtigo
lo desteultimo
defineo
Serviço Nacionalde
Saúde(SNS) oomo «um conjunto
ordenadoe
hierarquizadode
instituiçõese
deserviços
oficiais
prestadores de cuidados de saúde, fuircionando sob a superintendênciaou
atutela
doMnistério
da Saúde».O Serviço Nacional de Saude está organizado de forma descenüalizada, sendo o contasto entre o
nível
local e oMnistério
da Saúde estabelecido afiavés das Regiões desaúde Norte,
centro,
Lisboa
e
vale
do Tejo,
Alentejo
e Algawe,
cadauma çqm
a respectiva Administração Regional de Saúde (ARS). Existemainda
18 sub-regiões que correspondemàs
áreasde
cadaum
dosDistritos do
Continente.As
áreasde
saúdecorrespondem às áreas dos municípios.
O
Sistema de Saúde é, então, constituído pelo ServiçoNacional
de Saúde e por «todas as entidades públicas que desenvolvam actiüdades de promoçilo, prevenção e tratamenÚo na iírea da saúde, bem çomo por todas as entidades privadas epor
todos osprofissionais
livres
que acordemcom a primeira a
prestaçãode
todasou de
algumas daquelas actividades»»,tal
como descreve aLei
de Bases da Saúde(Lei
4gl90 de 24de
Agosto).
É
nestevasto leque,
compostopor
entidadespúblicas
e
privadasou
porprofissionais
liwes,
que se inseremos
enfermeiros em Portugal,no desempeúo
dassuas funções.
No
Sistema de Saúde Poúuguês, os processos de agregar enfermeirosta6bém
sematerializam
sob
a
fonna
de
recrutamento
e
selecção.Estes meios
gaÍantemqualificações
formais
ajustadasàs
competências estabelecidaspara
o
exercício
da actividade de enfermagem. O recnrtamento é feíto através de anúncios emjornais
ou da publicaçâo deconcusos
emDiário
da República" onde são esclarecidos oscriterios de selecção
e
adnrissão, sendoobrigatório
queo
indivíduo
possuatítulo
proÍissional
deenfermeiro emitido pela Ordem dos Enfermeiros.
Conforme as alíneas a), b),
c)
ed)
do artigo 7" doDecreto-Lei
lo4tgg de2l
deAbril,
referents ao Estatuto da Ordem dos Enfermeiros, ofitulo
de enfermeirorecoúece
a competênciacieúfica,
técnica e humana para a prestação decuidados de enfermagem gerais ao
indiüduo,
àfamília
e àcomunid;d",
nostês
níveis de
prevenção.Este
título
é
atibúdo
aos profissionais
com
turso
deEnfermagem
Geml
o-u equivalente legal;.o curslo de üacharelato em Enfermagemou
equivalentelegal;
o
curso
de
licenciatura em
Enfermageme
outros
cursos superiores de Enfermagem que, nos termosdo diploma dalnstituição,
confiram competência para a prestação de cuidados gerais.Os
n.*
3 e
4
do
artigo
6o
do
mesmoDecreto-ki
esclarecemque
podeminscrever-se na Ordem dos Enfermeiros
porhrgueses
e
estrangeiros
diplomados
em
Enfennagem
por
escola portuguesa ou estrangeira, desde que, neste caso, tenharn obtido equivalência nos cursosminisnados
em
Porhrgal,ou
nos
termos
de
disposições internacionaisaplicáveis. Para efeitos
de
exercício
da
profissão
de
enfermeiro
em
Portugal, podemtambém
inscrever-seos oriundos
de
outros estados-membrosda
Uniâo Europeia, quando titulares das habilitações académicas e profissionais requeridas legalmente para o exercício, no respectivo estado de origem.Fica,
assim,claro
que
no
casodos
enfermeirosespnhóis
recém-chegados a Portugal, a Ordem dos Enfermeiros faz a homologação de competências e consequente atribuição de carteira profissional, mediante apresentação decertificado
de habilitações académicas e profissionais duma qualquer escola de enferm4gem espanhol4 ou doufro país pertencenteàUnião
Europeia.Na
sequênciado
recrutamentoe
selecção de pessoas, surgem os Processos deAplicar
Pessoas que assumem especial importância durante a integração profissional doindiüduo.
Conhecer
estes
processos
numa
determinada organização,
mais especificamente os processos de as irúegrarno
seulocal
detabalho
permite perceber quefilosoÍia
lhes está subjacente e desmontar as estrategias adoptadas pelaorganizaçío
no sentido de se adaptar ao meio incerto em que se insere.
A
política
de recursos humanosdo
Serviço Nacional de Satrdeé
definida peloMinisto
da Saúde e executada pelos órgãos de administração regional.A
Lei
de Bases da Saúde estabelece que apolítica
de recursos humanos para a saúdevisa
satisfazer asnecessidades
da
população,
garantir
a
formaçlo,
a
segurançae o
estímulo
dos profissionais, incentivar a dedicação plena,facilitar
a mobilidade entreo
secüorptülico
e o sector privado e procurar uma adequada
cobertua
no território nacional.De acordo com o Estatuto do Serviço Nacional de Saúde, os vários mbalhadores
afectos
ao
Serviço
Nacional de
Saúdepodem
estarvinculados
a
ele
através dum Contratode
tabalho
a termo
certoou
fazer
parte dos quadrosde
pessoal das várias instituiç,ões.No
çaso da enfermagun, existe uma legislação específica que, em conjunto coma Lei
de Basesda
Saúdee
oomo
Estatutodo
ServiçoNacional
de
Saude, regulao
exercício
profissional dos
enfermeiros-
Regulamentodo
Exercício Profissional
dosEnfermeiros, descrito
no
Decreto-Lei
n.o
161/96,de
4
de
Setembro.Este clariÍica
conceitos,
çaracterizaos
cúdados
de
enfermagem,especifica
a
competência dos profissionais de enfermagem habilitadose
define responsabilidades,direitos
e deveresdos enfermeiros. Este Regulamento do E>lercício Profissional dos Enfermeiros permite
recoúecer à
enfermagem uma posiçãoprivilegiada
em todoo
Sistemade
Saúde. Ascompetências atribuídas
e recoúecidas
aos enfermeiros oferecem todas as condigõespara que o exercício da enfermagem passe
por
uma mediaçâo utente-sistema de saúde.Esta
mediação
pode
acontecersegundo mecanismos
reguladoresde
relações
ouorientadores
de
percepções,em que
a
enfermagem-mediador4 enquanto elemento integraÍltedo
sistemade
saúde, posiciona-seente
a
realidadedo úente e o
próprio sistema.Com o objectivo
que os mediados desenvolvamcoúecimento
sobre as mais vaiadas situações e fomentem habilidades paÍa asgenÍ,
a enfermagemcontribü,
assim, para uma adaptação dinâmica (relativa) do sistema ao úente, e vice-versa.2
-
GnsrÃo
DoPnocnsso
DE lr.rrncRAÇÃoOncaxrz^lcloNAt.,
2.1-
Organizações deTrabalho
O
homemé um
ser social, quetem
necessidade de relacionamentocom
ouüas pessoa§, deviver
em grupo. Desde os tempos mais primórdios que o homem percebeu que quando se organizacom
outrosno
sentido de
resolver determinados problemas, aumenta o seucoúecimento
e melhora as suas habilidades, actrmulando, assim, saberesque passa a
transmitir
às gerações queo
sucedem.OÍa,
as organizações surgem desta tendência nattual, pois «qualquer oryanizaçáo é composta por duas ou mais pessoas, que interagem entresi,
através de relações recíprocas, para atingirem objecüvos somuns»(Teixeira,
1998,p.2l).Esta
interacçâo ocorrc segundo padrões (preoonizadosou
nâo), ousejq
segundo a estnrtura de cada oryanizacrão. Por estnrtura organizacional entende-seo
«conjtmto das relações formais entne os grupos e os indivíduos que constituem a organização»(Teixeira"
1998,p.90).
A
estnrtura organizacional estabelece,en6o,
asfimções de cada unidade
da
oryanização, assimcomo
as formascomo
as unidades serelacionam e se coordenam, o que explica que a estnrtura adoptada por
una
organimçãoteúa
«lma
infltÉncia
müto
grande
no
comportamento
e
nas
atitudes
dos trabalhadores»(Teixeira,
1998,p.9l).
Assim,
se a estnrtura pode ser entendida oomo oe§queleto
da
organização,toma-se
en6o
evidente
que
«o
esqueletoinfluencia
e constrange o comportiamento da e na organizaçãa»(Cunha lg99,p.Zsl).
De
acordocom Mintzberg
(1995a)a
esüutura organizacional compreende duas componentes fundamentais: o modo como aorgaaizaqãodivide
o trabalho em multiplas tarefas e a forma como estabelece a coordenação entre elas.O
mesmo autor, consideraque
esta
coordenaçãopode ocorrer
segundocinco
mecanismos fuirdamentais daestrutura organizacional:
ajustamentomútuo,
supervisãodirecta,
padronização dos prose§sos detrabalho, pdronização
dos resultados e padronizaçâo das habilidades dorabalhador
(Mintzberg
199 5 a).Enquanto
o
ajustamento
múuo
obtérr
a
coordenaçrãodo
trabalho
pelacomunicação
informal,
a
supervisâodirecta
conseguea
coordenaçãoahavés
duma pessoaque
tem
a
responsabilidadepelo
trúalho
dos
outos,
dando
instruções e monitorizando as suas acções(Mintzberg
1995a). Já a padront?Âção dos processos detrúalho,
dos resultadose
das habilidades dos trabalhadores permitema
coordenação quando existe uma programação ou especificação àprtiaa
(Mintzberg
1995a).Bolman e Deal (1991) baseiam o estudo da estruttua organizacional num conjunto de seis premissas, que ajudam a perceber melhor o conceito de estrutura organizacional:
L
As organizações existem para alcançar os objectivos definidos2.
A
estnrtura de cada organização deve serdeseúada
e implementada deforma
a ajustar-se às características específicas dessa organízação (e,lnterrros
depessoas, estratégia, produtos,
tecnologiq
etc.)3. As
organizaçõestendem
a
funcionar melhor
quando
a
inwrteza
écontrolada
por um
conjunto de
normas elaboradascom a
finalidade
precisa deeütar
a ambiguidade.4.
A
especializaçãofacilia
a
obtenção de níveis elevados de desempenho, nomeadamente parafacilitar
a
wdaindivíduo o coúecimento
completo dás strasatribuições
5.
A
eficácia não
é
possível sema
correcta coordenaçãoe
controlo
dasactividades
indiüduais
6. Os problemas organizacionais resultam, muitias vezes, de estnrturas pouco apropriadas às reais noessidades da organizaçâo (Cunha, 1999,p.253).
A
estnrtura organizacional,
dita
formal,
é,
entâo,
planeadano
sentido
dedeterrrinar
quen
fazo
quêe
onde,e
deeüdenciar
as relações de autoridadee
poder existentes entue os componentes organizacionaisno
sentido de alcançar os objectivos a quea
organização se propõe.Paralelamente