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Gerenciamento de riscos nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural de 2006 a 2014 no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E CIÊNCIAS ATUARIAIS

GEYSLLA ROSÁLIA TOMAZ DA SILVA

GERENCIAMENTO DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL DE 2006 A 2014 NO BRASIL

Natal - RN 2017

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GEYSLLA ROSÁLIA TOMAZ DA SILVA

GERENCIAMENTO DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL DE 2006 A 2014 NO BRASIL

Monografia de conclusão de curso apresentada ao Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à conclusão do curso Bacharelado em Ciências Atuariais.

Orientador: Profº. Dr. Moisés Alberto Calle Aguirre

Natal - RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

CaCatalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET

Silva, Geyslla Rosalia Tomaz da.

Gerenciamento de riscos nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural de 2006 a 2014 no Brasil /

Geyslla Rosalia Tomaz da Silva. - 2017. 52f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Ciências Atuariais. Curso de Ciências Atuariais. Natal, RN, 2017.

Orientador: Moisés Alberto Calle Aguirre.

1. Riscos - Monografia. 2. Sinistros - Monografia. 3. Gerenciamento - Monografia. 4. Exploração - Monografia. 5. Produção - Monografia. 6. Petróleo - Monografia. I. Aguirre,

Moisés Alberto Calle. II. Título.

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GEYSLLA ROSÁLIA TOMAZ DA SILVA

GERENCIAMENTO DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL DE 2006 A 2014 NO BRASIL

Monografia de conclusão de curso apresentada ao Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à conclusão do curso Bacharelado em Ciências Atuariais.

Aprovada em: 30 de Novembro de 2017

BANCA EXAMINADORA ________________________________ Profº. Dr. Moisés Alberto Calle Aguirre Orientador – UFRN

_______________________________ Profº. Dr. José Vilton Costa

Examinador 1 – UFRN

_______________________________ Profª. Dra. Luz Milena Zea Fernández Examinador 2 – UFRN Natal - RN

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e, em especial, à minha mãe, pelo imenso apoio recebido desde o início da minha vida, na escolha da minha graduação e por sempre incentivarem meu crescimento pessoal e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria em todos os momentos, sobretudo para que eu pudesse concluir este trabalho;

Agradeço a minha mãe, Maria, e meu pai, Geraldo, por estarem sempre ao meu lado me apoiando, me ensinando os melhores valores que um ser humano pode ter e por fazerem de tudo para que eu pudesse ser quem sou hoje;

Ao meu noivo, Marcel, por sempre acreditar no meu potencial e na minha capacidade, por ser o meu porto seguro e por me ensinar todos os dias que “um simples sorriso muda tudo”;

Aos meus irmãos e sobrinhos, pela alegria que todos eles trazem à minha vida; Ao professor Moisés, por aceitar ser o meu orientador nesta jornada chamada Monografia, pelo apoio prestado nas aulas ministradas, pelas orientações, críticas e sugestões a mim feitas e por desempenhar com excelência o seu papel de educador; A todos os professores do DDCA (Departamento de Demografia e Ciências Atuariais), por terem me acompanhado durante o curso e me ensinado o que aprendi sobre as Ciências Atuariais, sem eles este trabalho não seria possível.

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“Tudo o que acontece na sua vida é você que atrai. É fruto do que você pensa. ” Bob Proctor – The Secret, O Segredo.

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RESUMO

A exposição a riscos é algo iminente e passível de acontecer em toda e qualquer atividade, além disso, a gravidade desses riscos é que definirá a proporção dos sinistros provocados por eles, bem como o impacto sobre os envolvidos. Na área de Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás natural, a maioria dos sinistros é de alta gravidade, pois tem seus impactos refletidos na questão ambiental, agredindo o meio ambiente no caso dos derrames de substâncias no mar, por exemplo, além de possuir impactos refletidos também na questão financeira, uma vez que envolvem grandes perdas econômicas para as indústrias do setor, bem como no tocante às situações consideradas ainda mais graves, quando da ocorrência de óbitos dos trabalhadores envolvidos nas atividades. Partindo dessa premissa, o presente trabalho terá como finalidade realizar uma análise do gerenciamento de riscos nas atividades deste setor praticadas no período entre 2006 e 2014 no Brasil; tal análise será voltada para a observação do histórico de sinistros ocorridos, realizando com isso análises de estatística descritiva e de séries temporais para notar como se comportaram os sinistros ligados às operações de E&P, por conseguinte, serão feitas predições para verificar quais as ocorrências futuras de cada tipo de sinistro, averiguando sobretudo se a tendência indicada no período dos dados observados permanecerá inalterada ou se se alterará com o passar dos anos. Espera-se, ao final, demonstrar maneiras de realizar melhorias no tocante a dirimir ainda mais a ocorrência de sinistros, apresentando soluções que se mostrem viáveis de serem postas em prática não somente pelas indústrias de petróleo e gás natural, mas sim para toda e qualquer empresa que busque alcançar a excelência de possuir zero sinistros ligados às suas operações.

Palavras-chaves: Riscos. Sinistros. Gerenciamento. Exploração. Produção. Petróleo. Gás natural.

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ABSTRACT

The exposure to risks is something imminent and believable to happen in any activity, beyond that, its seriouness is that will define the proportion of the accidents caused by them, as well as the impact on those involved. In the Exploration and Production (E&P) of oil and natural gas, the most of the accidents are of high gravity, because have their impacts reflected in the environmental issue, atacking the environment in the case of spills of substances at sea, for example, also have an impact on the financial question, since they involve great economic losses for the industries of the sector, in addition to the situations considered even more serious, when the occurrence of deaths of the workers involved in these activities. Based on this premise, the present work will have analysis of the risk management in the activities of this sector practiced in the period between 2006 and 2014 in Brazil; the analyse will be directed to the observation of the history of accidents occurring, executing analyzes of descriptive statistics and time series to note how the accidents related to E&P operations behaved, therefore, will be made predictions to verify the future ocurrences of each type of accident, mainly ascertaining whether the trend indicated in the period of the observed datas will remain unchanged or will change will passing years. Finally, it is hoped to demonstrate ways to make improvements to further the occurrence of accidents, presenting solutions that are feasible to be implemented not only by oil and natural gas industries, but also for all company that seeks to achieve the excellence of having zero accidents related to its operations.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ...11 1.1 PROBLEMA ...12 1.2 HIPÓTESES ...12 1.3 OBJETIVOS ...13 1.3.1 Objetivo Geral ...13 1.3.2 Objetivos Específicos ...…...13 2. REFERENCIAL TEÓRICO ...14 2.1 ANÁLISE DE RISCO ...14 2.2 SINISTRO ...15 2.3 RISCO AMBIENTAL ...17

2.4 EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS ...18

3. MATERIAIS E MÉTODOS ...20

3.1 DADOS ...20

3.1.1 Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) ...20

3.1.2 Classificação de sinistros nas atividades de E&P ...22

3.1.3 Comunicação de sinistros à ANP ...23

3.2 MÉTODO ESTATÍSTICO ...24 3.2.1 As Séries Temporais ...24 3.2.1.1 Componente Tendência (𝑇𝑡) .………..…..26 3.2.1.2 Componente Sazonal (𝑆𝑡) ……….…..…30 3.2.1.3 Variações cíclicas (𝐶𝑡) ……….……30 3.2.1.4 Variações irregulares (𝐼𝑡) ……….30 3.3 O MICROSOFT EXCEL® ... 31 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...32

4.1 ANÁLISE DE ESTATÍSTICA DESCRITIVA ...32

4.2 ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS ...35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...48

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Sabe-se que a área de análise e gerenciamento de riscos é muito importante e abrangente, sobretudo na atuária, que tenta fazer o gerenciamento de todos os riscos, suas causas e consequências para que, com essa gestão prévia, seja possível dirimir as suas probabilidades de ocorrência. Para uma visão mais clara da relação entre risco e sinistro, define-se risco como um evento incerto que independe da vontade das partes vinculadas sendo, ainda, tido como a expectativa do sinistro, já este, por sua vez, refere-se à materialização do risco, ou seja, é o acontecimento do evento incerto anteriormente mencionado.

Com base nisso, o presente estudo visa tratar do gerenciamento de riscos praticado na segurança operacional das atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural do Brasil, utilizando para tal informações e dados disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por ser ela o órgão responsável pela fiscalização dessas atividades no país, segundo o disposto no art. 8 da Lei nº 9.478/1997, que estabelece que:

Art. 8. “A ANP terá como finalidade promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis(...).” – (BRASIL, Lei nº 9.478, de 6 de Agosto de 1997).

Sendo assim, esta pesquisa utilizar-se-á sobretudo de dados, notas e estudos técnicos obtidos através do sítio da ANP, com vistas a embasar suas análises através das informações prestadas pela fonte fiscalizadora dessas atividades, conforme demonstrado através do artigo 8 da Lei 9.478/1997 anteriormente citada.

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1.1 PROBLEMA

Pode-se afirmar mediante as premissas indicadas na introdução que o problema abordado neste estudo diz respeito a tentar responder a seguinte questão: Como o gerenciamento de riscos vem influenciando na ocorrência do número de sinistros dentro da segurança operacional de exploração e produção de petróleo e gás natural do Brasil?

É importante mencionar que para tal serão levantadas hipóteses prévias que poderão ser confirmadas ou não ao longo do trabalho.

1.2 HIPÓTESES

Foram levantadas as seguintes hipóteses:

 A realização de análises de risco tem influência na ocorrência de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural do Brasil;  A fiscalização com foco preventivo é importante para apontar as não

conformidades existentes nas atividades praticadas pelas indústrias de petróleo e gás natural, visando adequá-las à prevenção de sinistros.

Dessa forma, espera-se com essa pesquisa avaliar a relação entre o gerenciamento de riscos feito pelas indústrias de petróleo e gás natural do Brasil e a ocorrência dos sinistros causados pela exposição aos riscos que levem à acidentes ambientais inerentes a estas atividades visando, sobretudo, evitar danos ao meio ambiente, à saúde humana bem como evitar prejuízos materiais ao patrimônio próprio ou de terceiros.

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral:

Analisar o gerenciamento de riscos por meio do índice de ocorrência de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil.

1.3.2 Objetivos Específicos:

Verificar através das séries temporais o comportamento da distribuição de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, de 2006 a 2014 no Brasil.

Fazer predições para o quinquênio 2015-2019 das ocorrências futuras de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, com base nas séries temporais.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ANÁLISE DE RISCO

O termo risco é originado do latim risicu ou riscu, que significa ousar, este pensamento era embasado em algo negativo ou retratando algo que poderia não dar certo, tendo atualmente uma visão diferenciada em relação ao conceito inicial devido, sobretudo, à inclusão da qualificação e quantificação dos riscos, bem como os possíveis ganhos ou perdas em um planejamento (SCOFANO et al, 2013).

Conforme Brown, (1998) com o desenvolvimento da era industrial pós-guerra e, principalmente, das indústrias químicas e petroquímicas, os potenciais de risco presentes em qualquer atividade industrial aumentaram consideravelmente, sobretudo pelo uso de novas e sofisticadas técnicas empregadas nesses tipos de processos industriais.

Sendo assim, o risco passa a ser definido como algo que possui elementos incertos ao que está sendo esperado, influenciando os ambientes e podendo causar prejuízos, quando não são gerenciadas as suas possibilidades de ocorrência (SCOFANO et al, 2013).

Dados os motivos citados, pode-se dizer que a análise de riscos em qualquer ramo de atividade tem como objetivo diminuir a ocorrência de sinistros, utilizando para tal meios de prevenção e proteção para todas as variáveis envolvidas, sejam elas pessoas, meio ambiente, recursos financeiros, entre outras.

Como toda e qualquer área do conhecimento, se faz importante ter conhecimento acerca das normas que norteiam esse tipo de conteúdo e, conforme diz a norma internacional ISO 31000: Risk management – A practical guide for SMES, as análises de risco podem ser simplificadas através do agrupamento de riscos por atividades, para que possam ser gerenciados mais efetivamente (NBR ISO 31000/2009).

Segundo Rosa (2004), a análise de riscos apresenta-se como um processo racional e estruturado de forma que denote apoio à tomadas de decisões, tendo como finalidade controlar e mitigar os riscos envolvidos de maneira tal que as tarefas planejadas sejam cumpridas com o mínimo de – ou nenhuma – perda.

Ainda, Barreto (2008) também trata do tema análise de risco, afirmando que essa prática visa mitigar ou mesmo eliminar riscos e “tem se consolidado como uma

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das mais importantes ferramentas da boa prática da governança corporativa, além de representar um excelente método de controle interno. ”

Os autores Takashina e Moreira (1991) dizem que com as novas tecnologias aplicadas, as quais impulsionam também à novos desafios, é necessário fazer uso das análises de risco visando sempre promover uma melhoria dos sistemas, eliminando as perdas que poderiam ocorrer pelo não uso delas. Além disso, eles também afirmam em seu artigo que “além de promover a qualidade, produtividade, segurança e competitividade” as análises de risco permitem, dentre outras coisas, criar referências para ações preventivas, visando melhorar a segurança bem como selecionar questões alternativas frente aos riscos porventura encontrados.

Por outro lado, admitindo-se a probabilidade como o mecanismo de funcionamento do risco, pode-se dizer que os riscos de maneira geral se apresentam em casos onde exista além da probabilidade, fatores suscetíveis, situações vulneráveis, acaso ou até mesmo azar que possa incorrer em algum tipo de ameaça, problema ou desastre (DAGNINO et al, 2007).

Assim, pode-se dizer que o principal objetivo de se fazer análises de riscos é elaborar estudos de identificação desses riscos e, por meio desses estudos, emitir avaliações técnicas sobre as instalações e processos, de modo que sejam criadas as devidas recomendações a serem seguidas para tornar as atividades efetivamente mais seguras e minimizar as probabilidades de risco.

2.2 SINISTRO

Uma das definições do termo sinistro no dicionário da língua portuguesa refere-se a um “acontecimento muito negativo ou que provoca muitos danos” (DICIONÁRIO, 2017); ainda, na linguagem atuarial diz respeito ao acontecimento sofrido em virtude da ocorrência de um risco, sendo tratado nesta pesquisa os sinistros vinculados a riscos ambientais.

Calixto (2006) em seu artigo apresenta a definição de sinistro como sendo a ocorrência de uma situação ou evento indesejado que possa causar danos à saúde física e/ou mental do trabalhador, às instalações e equipamentos, podendo além destes, ocasionar danos ao meio ambiente, incluindo as populações de áreas vizinhas às instalações industriais.

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Para tratar dos danos e prejuízos provocados pela ocorrência de um sinistro é necessário que sejam feitos seguros que busquem evitá-los ou que, na hipótese de não conseguir evitar, possam garantir meios para ajudar em sua ocorrência. Sendo assim, para se contratar um seguro é preciso fazer isso através de um segurador, o qual irá prever as bases de aceitação dos riscos e mensurá-los adequadamente, para emitir a apólice (contrato) que melhor se adeque aos objetivos e coberturas desejados.

Conforme Polido (2007) "Ao obter garantia do interesse para a hipótese de realização do risco predeterminado (sinistro), o segurado obtém uma vantagem ou atribuição patrimonial sem a qual permaneceria em estado potencial de dano”, ou seja, quando a seguradora aceita cobrir os riscos comprometendo-se a indenizar o segurado caso ocorra a realização do sinistro, ele passa a obter uma vantagem que sem o seguro ele não teria.

Ainda, pode-se dizer que a ocorrência de um sinistro para o segurado quando existe um contrato de seguro firmado com um segurador pode não significar muita coisa para ele, pois o risco, neste caso, é do segurador e não dele; cabe ao segurador prever as bases de aceitação desses riscos, mensurando-os adequadamente.

Sabe-se, contudo, que o progresso da humanidade, além de fornecer mecanismos cada vez mais frequentes no campo das ferramentas e inovações tecnológicas, tem também influenciado consideravelmente no aumento da exposição dos serem humanos à ocorrência de sinistros, uma vez que, conforme Barreto (2008), após a Segunda Guerra Mundial as indústrias bélica, nuclear, química e aeroespacial foram as que mais contribuíram para o aumento do número de riscos, que, por sua vez, provocam a crescente magnitude dos sinistros por eles causados.

Segundo Ribeiro (2004), quanto mais precisas forem as informações armazenadas nos bancos de dados sobre a ocorrência de sinistros, mais segura se torna a prevenção deles, sendo esses sinistros de qualquer natureza. Porém, Calixto (2006) reforça que, apesar dos esforços na criação e implantação de sistemas de segurança, qualidade e na própria gestão de riscos em si, muitas empresas ainda continuam tendo seus nomes envolvidos em sinistros, sendo alguns dos motivos a subestimação dos possíveis riscos envolvidos ainda na fase do projeto, bem como da probabilidade de ocorrência e da potencialidade do dano.

Por conseguinte, mesmo sendo de suma importância ter o máximo de informações, infelizmente essa prática ainda não é muito difundida nas empresas, fazendo com que muitos sinistros não sejam relatados, seja por não terem sido de

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grandes proporções imediatas, ou até mesmo por não terem tido impactos visíveis num curto prazo, o que faz com que se tenham menos práticas em termos de antecipação e prevenção desses sinistros.

2.3 RISCO AMBIENTAL

Os riscos de maneira geral referem-se à “probabilidade de que um evento – esperado ou não esperado – se torne realidade. A ideia de que algo pode vir a ocorrer, já então configura um risco” (DAGNINO et al, 2007).

Sendo assim, entende-se como risco ambiental todas as possibilidades de ocorrência de acidentes que envolvam o meio ambiente, sendo muitos desses riscos reparáveis somente à longo prazo, sobretudo aqueles a que se refere este estudo, pois carregam consigo a iminência de desastres ambientais oriundos das ações malsucedidas envolvendo as atividades de petróleo e gás natural.

De acordo com Dagnino et al (2007), os riscos ambientais “resultam da associação entre os riscos naturais e os riscos decorrentes de processos naturais agravados pela atividade humana e pela ocupação do território. ”

Ainda, conforme Cunha (2008) em seu artigo, a avaliação de riscos ambientais se torna na engenharia ambiental um processo por meio do qual os riscos são identificados, avaliados e quantificados, principalmente aqueles relativos à saúde humana ou a algum bem de relevante interesse ambiental a ser protegido.

Pode-se dizer que a utilização do conceito de risco ambiental nas áreas de exploração e produção na indústria do petróleo tem sido notória, principalmente devido ao elevado grau de incertezas que acompanha os projetos relacionados à essas atividades, conforme dito por Costa e Shiozer (2006) em seu trabalho acerca da aceleração do processo de análise de risco aplicada no desenvolvimento de campos de petróleo.

Por fim, Calixto (2006) define o conceito de prevenção aos riscos como sendo uma antecipação dos possíveis impactos provocados pelos riscos ambientais, danos à saúde humana e perdas econômicas ocasionadas por sinistros. Ele diz ainda que a indústria do petróleo tem presenciado vários sinistros graves com impactos ambientais muitas vezes irreversíveis, que poderiam ter sido evitados caso fosse realizado um gerenciamento de riscos ambientais de maneira eficaz, avaliando esses impactos como uma forma preventiva de mitigação ou até mesmo de erradicação dos riscos envolvidos nos processos.

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2.4 EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS

A exploração e produção de petróleo e gás constituem a base da indústria petrolífera, pois é através delas que se ampliam os conhecimentos acerca das técnicas envolvidas nessas atividades, bem como impulsiona a economia do país que as realiza. Os primeiros dados que se têm conhecimento a respeito da busca por petróleo no Brasil estão relacionados às concessões dadas pelo imperador em 1858 e em 1864, porém o evento mais importante no país até então foi a criação da Petrobras, em 1953, sendo detentora da responsabilidade de atuação exclusiva neste segmento da indústria. (LUCCHESI, 1998).

Conforme Takashina e Moreira (1991), nas atividades de exploração e produção de petróleo a confiabilidade dos processos é um item de relevância crescente a ser considerado, pois visa sobretudo a redução de sinistros, aumento da disponibilidade dos poços de produção, entre outras razões que, quando os estudos da confiabilidade e dos riscos são bem executados, auxiliam as atividades de E&P de maneira geral.

Pode-se dizer também, conforme detalha Repsold Jr. (2008), que os desafios na indústria do petróleo têm crescido a nível mundial, e por isso essas indústrias vivem num cenário em que elevados níveis de riscos devem ser assumidos no tocante às atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural.

Assim, no Brasil a criação da Petrobras, maior empresa da América Latina e quarta maior empresa petrolífera de capital aberto e energia do mundo, ocorreu em 1953 e marcou o início de uma melhor industrialização deste setor no país, uma vez que não haviam empresas nacionais com recursos financeiros e tecnologia adequados para a exploração da atividade petrolífera (SOARES et al, 2012).

Atualmente a empresa desenvolve atividades de exploração e produção em 28 nações diferentes, atividades de compra e venda de petróleo, participação e acompanhamento do desenvolvimento das economias de diversos países, operações financeiras, recrutamento de pessoal especializado, afretamento de navios, apoio em eventos internacionais, entre outras atividades (SOARES et al, 2012).

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No campo da exploração e produção de petróleo e gás natural, passou a vigorar no Brasil a partir do ano de 2010 o regime regulador misto, através da Lei nº 12.351, promulgada em 22 de dezembro de 2010, que estabeleceu o regime de partilha da produção para as áreas do pré-sal e outras áreas que sejam consideradas estratégicas. Para todo o restante do território – cerca de 98% da área total das bacias sedimentares brasileiras –, vigora o regime de concessão estabelecido pela Lei nº 9.478, de 06 de agosto de 1997 (ANP, 1997).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para realizar as análises sobre as quais versam esta pesquisa, sobretudo no tocante entre o gerenciamento de riscos e a ocorrência de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, serão observados os históricos de incidentes comunicados à ANP no período compreendido entre os anos de 2006 e 2014, seguindo a classificação de incidentes indicada pela própria ANP.

3.1 DADOS

Este capítulo versará sobre a base de dados a ser utilizada para a pesquisa, denotando sua fonte, princípios legais, definições e classificações.

A fonte de dados provém dos Relatórios Anuais da Segurança Operacional das atividades que envolvem a exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, e foi sistematizada e organizada para a finalidade deste trabalho em um arquivo matricial (Tabela 1). A seguir serão apresentados o Regulamento de onde são extraídas as diretrizes que norteiam a base de criação desses relatórios, as características do banco de dados propriamente dito, será feita também uma apresentação de como se classificam os tipos de sinistros sobre os quais está tratando esta monografia, como é realizada a comunicação de suas ocorrências, além de outros informes relevantes para um melhor entendimento do escopo da pesquisa.

3.1.1 Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO)

O Regulamento Técnico do Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO) foi criado em 2007 pela ANP visando estabelecer diretrizes e requisitos de controle para a prevenção de sinistros dentro das atividades envolvendo a exploração e produção de petróleo e gás natural. Por este regulamento, as empresas que realizam esse tipo de atividade devem comprovar que mantêm controlados os possíveis riscos existentes em toda e qualquer operação que envolva as instalações de exploração e produção offshore (do inglês, “afastado da costa”), ou seja, as instalações localizadas no mar.

É importante dizer que quando são percebidas não-conformidades (não cumprimento às medidas de segurança operacional), as empresas responsáveis devem solucionar os desvios para que se diminuam as probabilidades de ocorrência

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de sinistros, respeitando-se os prazos máximos indicados pela ANP, conforme o seu grau de relevância. Em se tratando de uma não-conformidade de alto grau, todas as operações e atividades são interditadas até que se solucione o problema.

Ainda segundo o Regulamento Técnico do SGSO, entende-se como incidente (nesse caso trataremos incidente com a palavra sinistro) qualquer ocorrência decorrente de fato ou ato intencional ou acidental, e que envolva:

a) risco de dano ao meio ambiente ou à saúde humana; b) dano ao meio ambiente ou à saúde humana;

c) prejuízos materiais ao patrimônio próprio ou de terceiros;

d) ocorrência de fatalidades ou ferimentos graves para o pessoal próprio ou para terceiros; ou

e) interrupção não programada das operações da Instalação por mais de 24 horas.

Com base nisso, dentro do conceito de incidente do Regulamento Técnico do SGSO são tratados os eventos chamados de Quase Acidentes, os quais são quaisquer eventos inesperados que carreguem consigo um risco em potencial para a segurança operacional, e que possam causar danos à saúde humana e/ou ao meio ambiente, bem como os Acidentes, cujos são quaisquer eventos inesperados que causem danos ao meio ambiente e/ou à saúde humana, prejuízos materiais ao patrimônio, ocorrência de fatalidades bem como a interrupção das operações por mais de 24 horas.

Faz-se mister definir o que significa segurança operacional dentro desta base de pesquisa, a qual pode ser definida como a prevenção, mitigação e resposta aos riscos existentes que possam provocar sinistros, os quais, por sua vez, colocam em risco a vida de pessoas, o meio ambiente, bem como as próprias instalações industriais das atividades de petróleo e gás.

Desta forma, serão utilizados como material e fonte de dados os relatórios anuais de segurança operacional emitidos pela ANP para analisar e observar a distribuição do número de sinistros que ocorreram entre 2006 e 2014 nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás, buscando avaliar como se comporta a média desses eventos em cada uma das categorias de incidentes, indicando, com isso, quais ações de fiscalização com foco na segurança operacional vêm sendo tomadas no decorrer do tempo para auxiliar na contenção desses sinistros, visando sempre manter a integridade das atividades e dos seus envolvidos.

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3.1.2 Classificação de sinistros nas atividades de E&P

De acordo com a classificação dos sinistros reportados à ANP, podem ser citados os derrames ou vazamentos de petróleo ou derivados, derrame ou vazamento de água oleosa, derrame ou vazamento de fluido de perfuração, derrame ou vazamento de outras substâncias, explosão e/ou incêndio, parada não programada, blowout (fluxo descontrolado de hidrocarbonetos, gás ou água saindo de um poço de petróleo devido à uma falha no seu sistema de controle de pressão), abalroamento (colisão de embarcações com plataformas), adernamento (inclinação em graus de embarcação ou plataforma), feridos em incidentes operacionais e óbitos em incidentes operacionais.

Observe a Figura 1 a seguir retratando os tipos de sinistros que são reportados à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP):

Figura 1 – Classificação de sinistros reportados à ANP

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Visando demonstrar em números reais os dados a serem utilizados nessa pesquisa, criou-se a Tabela 1 contendo o número de ocorrências de cada sinistro nas

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atividades de E&P, por ano, no período compreendido entre 2006 e 2014 no Brasil. Inicialmente, apenas para fins de observação primária, é possível perceber que dentre os sinistros comunicados à ANP os de maior incidência são os derrames de substâncias, explosões ou incêndios ocorridos nas instalações, paradas não programadas, número de feridos e número de óbitos em incidentes operacionais. Veja a Tabela 1 a seguir contendo o lançamento destes dados:

Tabela 1 - Sinistros reportados à ANP sobre as operações nas atividades de E&P, de 2006 a 2014 no Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

3.1.3 Comunicação de sinistros à ANP

Tomando a classificação de sinistros indicada no tópico anterior, é necessário saber que a própria ANP criou uma resolução, a Resolução nº 44/2009, cuja divulgação foi realizada no Diário Oficial da União (DOU) de 24 de dezembro de 2009, e dispõe sobre o procedimento para comunicação de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil.

Ao ocorrer algum sinistro nas atividades de E&P, as empresas envolvidas devem comunicar à agência reguladora ANP, prestando informações completas que

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Derrame ou vazamento de

petróleo ou derivados 65 72 59 101 86 79 109 89 170 830 Derrame ou vazamento de água

oleosa 0 0 2 7 24 95 35 21 19 203

Derrame ou vazamento de Outras

Substâncias 5 6 0 7 18 39 17 0 0 92

Derrame ou vazamento de fluido

de perfuração 0 0 5 15 27 42 33 35 58 215

Explosão e/ou incêndio 3 6 2 5 11 50 79 65 91 312

Parada não programada 12 10 6 32 43 56 58 62 49 328

Blowout 3 1 0 1 2 1 0 0 0 8

Abalroamento 0 1 0 0 2 1 1 1 4 10

Adernamento 0 1 0 0 2 1 1 0 1 6

Número de óbitos em incidentes

operacionais 4 4 8 3 3 6 2 2 2 34

Número de feridos em incidentes

operacionais 8 11 7 8 14 26 31 58 75 238

TOTAL 100 112 89 179 232 396 366 333 469 2276

ANO DE OCORRÊNCIA

(24)

esclareçam e definam o tipo de sinistro, as condições de ocorrência, efeitos que o causou entre outras questões, podendo essas informações serem retificadas a qualquer momento, caso necessário, de modo a denotar as mais reais informações sobre o evento ocorrido.

Com a comunicação realizada, a própria ANP registra as informações em um banco de dados próprio e as cataloga em relatórios anuais (os quais estão sendo utilizados como base de dados para esta pesquisa) a fim de que sejam realizadas análises estatísticas para cada vez mais identificar formas de melhoria da segurança operacional nessas atividades, bem como promover análises que visem a contenção do número de sinistros. Com isso, a ANP realiza ações de fiscalização com foco preventivo, visando eliminar as não-conformidades em potencial, bem como ações de análise dos sinistros ocorridos, tendo nisso o foco corretivo para eliminar os riscos e corrigir os sinistros já identificados.

3.2 MÉTODO ESTATÍSTICO

Como foi possível observar na base de dados, tem-se para este trabalho o número de ocorrências de sinistros relativas às atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no período compreendido entre 2006 e 2014 no Brasil (vide Tabela 1). Sendo assim, a seguir será explicado o método que será utilizado para chegar aos resultados esperados, definidos nos objetivos geral e específicos (

3.2.1 As Séries Temporais

Antes mesmo de se definir o que vem a ser uma série temporal, é preciso passar pelo conceito dos processos estocásticos, que são representados por conjuntos de variáveis aleatórias ordenadas no tempo, através dos quais é possível ver a evolução de seus valores. Seja:

{𝑥𝑡, 𝑡 ∈ 𝑇} (1)

onde T é um conjunto ordenado de índices, pode-se dizer que uma série temporal será tida como as realizações de 𝑥𝑡, ordenadas no tempo.

Com base nisso, segundo Reis (2006), as séries temporais consistem em conjuntos de observações de uma ou mais variáveis, ordenados no tempo e registrados em períodos regulares. Podem-se citar como exemplos a variação do consumo de energia elétrica mês a mês, as oscilações dos fechamentos diários de

(25)

ações na bolsa de valores, entre outras variáveis que têm suas características e comportamentos analisados no decorrer de períodos de tempo. Ainda, segundo Relvas (1998), “uma série temporal reflete uma relação causal, cuja variável dependente é a que se deseja prever e a variável independente é o tempo, que pode ser horas, dias, semanas, meses, trimestres, anos e décadas, dependendo do caso em estudo”.

De acordo com Azevedo (2016), pode-se dizer que os principais objetivos de se analisar séries temporais consistem em descrever o comportamento apresentado pela série, verificar o passado das variáveis observadas e, com base nisso, fazer predições de como se darão os seus comportamentos futuros, bem como procurar periodicidades relevantes nos dados. Todos esses fatores servem, dentre outras coisas, para orientar a tomada de decisões em relação aos seus impactos e resultados.

Como toda e qualquer função, as séries temporais possuem alguns componentes que servem para auxiliar nas suas análises e, para verificar esses componentes e suas influências na série, é necessário realizar uma decomposição do modelo analisado. Segundo Bouzada (2012), “A decomposição clássica consiste em um modelo univariado que utiliza formulações matemáticas simples para separar a série em quatro componentes principais a partir dos quais são feitas as previsões”, permitindo que a decomposição seja feita escrevendo-se a série como uma soma ou multiplicação de seus componentes.

Seja 𝑌𝑡 = 𝑓(𝑇𝑡, 𝑆𝑡, 𝐶𝑡, 𝐼𝑡) (2) onde 𝑌𝑡 é o valor da série temporal, 𝑇𝑡 é a Tendência, que consiste no padrão de comportamento da série numa determinada direção (tendência de crescimento, de decrescimento), 𝑆𝑡 é a Sazonalidade, cuja reflete um comportamento em forma de

flutuações dentro dos anos e que se repetem sistematicamente de ano para ano, 𝐶𝑡

são as variações cíclicas (ou Ciclos) , e que são representadas por flutuações na variável com duração superior a um ano que se repetem com regularidade, além do 𝐼𝑡, cujo representa as variações da série, que consistem em flutuações irregulares presentes na série. Apesar de existirem esses componentes, nem sempre todos eles são encontrados numa mesma série temporal, sendo necessário fazer análises e a decomposição dela para que se permita identificar quais componentes estão de fato atuando. Conforme Werner (2005), as variações cíclicas são incluídas em modelos de

(26)

séries temporais quando se está trabalhando com períodos longos, dessa forma, por se tratar de uma base de dados de 9 períodos, este componente não será levado em consideração.

No modelo aditivo, como o próprio nome sugere, considera-se que a série com a qual se está trabalhando é uma soma dos componentes citados acima, já no modelo multiplicativo, considera-se que ela é resultado do produto de seus componentes.

 Modelo Aditivo: 𝑌𝑡= 𝑇𝑡+ 𝑆𝑡+ 𝐼𝑡 (3)

 Modelo Multiplicativo: 𝑌𝑡 = 𝑇𝑡∗ 𝑆𝑡∗ 𝐼𝑡 (4) Neste trabalho será utilizado o modelo de decomposição aditivo (3), uma vez que a observação dos dados está sendo feita anualmente e não dentro dos anos, logo, também não existe a componente sazonalidade nessas séries (𝑆𝑡 = 0), pois conforme

já dito, esta componente refere-se à flutuações que ocorrem dentro dos anos e que se repetem sistematicamente de ano para ano, podendo ser levada em consideração somente se os períodos forem inferior a um ano e mesmo assim se a base contiver vários anos de observação.

3.2.1.1 Componente Tendência (𝑇𝑡)

Para se calcular a tendência das séries de sinistros, optou-se pela curva de tendência no modelo polinomial de grau 2, pois de todas as curvas geradas foi verificado que ela apresentou uma menor variabilidade em relação aos valores observados, sendo a que mais se aproximava dos dados reais. Dessa forma,

considerando a função como um polinômio de grau 2 na forma: 𝑦 = 𝛼 + 𝛽𝑡 + 𝛾𝑡² (5)

a função estimativa de regressão a ser obtida para calcular a tendência é

ŷ = 𝑎 + 𝑏𝑡 + 𝑐𝑡² (6) porém, para achar os coeficientes da função de regressão (𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐), deve-se encontrar a curva que minimize a distância entre o ponto observado e a curva estimada, impondo-se a condição:

𝑚𝑖𝑛 ∑𝑛𝑖=1(𝑦𝑖−ŷ)² → 𝑚𝑖𝑛 ∑ (𝑦𝑛𝑖=1 𝑖 − 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖 − 𝑐𝑡𝑖²)² (7)

Dessa forma, os resultados dos coeficientes (𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐) que minimizam a expressão são calculados por meio das derivadas parciais da equação (7), sendo seus resultados aqueles que anulam as derivadas, conforme passo-a-passo explicado a seguir:

(27)

𝜕𝑓 𝜕𝑎 = ∑ 2(𝑦𝑖− 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖− 𝑐𝑡𝑖²) 𝑛 𝑖=1 ∗ (−1) ⟹𝜕𝑓 𝜕𝑎 = −2 ∑(𝑦𝑖− 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖− 𝑐𝑡𝑖2) 𝑛 𝑖=1 = 0 ⟹ ∑ 𝑦𝑖 − ∑ 𝑎 𝑛 𝑖=1 − ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 − ∑ 𝑐𝑡𝑖2 = 0 𝑛 𝑖=1 𝑛 𝑖=1

Assim, para a primeira derivada parcial (f em relação a 𝑎), temos a seguinte equação: ∑𝑛𝑖=1𝑦𝑖 = 𝑛𝑎 + ∑𝑛𝑖=1𝑏𝑡𝑖 + ∑𝑛𝑖=1𝑐𝑡𝑖² (9) Onde n representa o tamanho da amostra de observações.

De forma análoga, serão calculadas as derivadas parciais em relação a 𝑏 e em relação a 𝑐, ficando da seguinte forma:

𝜕𝑓 𝜕𝑏= ∑ 2(𝑦𝑖− 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖− 𝑐𝑡𝑖²) 𝑛 𝑖=1 ∗ (−𝑡𝑖) ⟹𝜕𝑓𝜕𝑏= −2 ∑(𝑡𝑖) ∗ (𝑦𝑖 − 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖 − 𝑐𝑡𝑖2) 𝑛 𝑖=1 = 0 𝜕𝑓 𝜕𝑏 = −2 ∑(𝑡𝑖𝑦𝑖− 𝑎𝑡𝑖 − 𝑏𝑡𝑖2 − 𝑐𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ³) = 0 ⟹ ∑ 𝑡𝑖𝑦𝑖 − ∑ 𝑎𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 − ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ² − ∑ 𝑐𝑡𝑖³ = 0 𝑛 𝑖=1 𝑛 𝑖=1 ∑𝑛𝑖=1𝑡𝑖𝑦𝑖 = ∑𝑛𝑖=1𝑎𝑡𝑖 + ∑𝑛𝑖=1𝑏𝑡𝑖² + ∑𝑛𝑖=1𝑐𝑡𝑖³ (10) 𝜕𝑓 𝜕𝑐 = ∑ 2(𝑦𝑖 − 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖 − 𝑐𝑡𝑖²) 𝑛 𝑖=1 ∗ (−𝑡𝑖²) ⟹ 𝜕𝑓 𝜕𝑐 = −2 ∑(𝑡𝑖²) ∗ (𝑦𝑖 − 𝑎 − 𝑏𝑡𝑖 − 𝑐𝑡𝑖2) 𝑛 𝑖=1 = 0 𝜕𝑓 𝜕𝑐 = −2 ∑(𝑡𝑖𝑦𝑖− 𝑎𝑡𝑖2− 𝑏𝑡𝑖3− 𝑐 𝑛 𝑖=1 𝑡𝑖4) = 0 ⟹ ∑ 𝑡𝑖²𝑦𝑖 − ∑ 𝑎𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ² − ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ³ − ∑ 𝑐𝑡𝑖4 = 0 𝑛 𝑖=1 𝑛 𝑖=1 ∑𝑛𝑖=1𝑡𝑖²𝑦𝑖 = ∑𝑛𝑖=1𝑎𝑡𝑖²+ ∑𝑛𝑖=1𝑏𝑡𝑖³ + ∑𝑛𝑖=1𝑐𝑡𝑖4 (11)

Por meio das equações (9), (10) e (11) criou-se o sistema com três equações e três incógnitas exemplificado abaixo para poder encontrar os coeficientes 𝑎, 𝑏 𝑒 𝑐:

∑ 𝑦𝑖 𝑛 𝑖=1 = 𝑛𝑎 + ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 + ∑ 𝑐𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ² ∑ 𝑡𝑖𝑦𝑖 𝑛 𝑖=1 = ∑ 𝑎𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 + ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ² + ∑ 𝑐𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ³ ∑ 𝑡𝑖²𝑦𝑖 𝑛 𝑖=1 = ∑ 𝑎𝑡𝑖² 𝑛 𝑖=1 + ∑ 𝑏𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ³ + ∑ 𝑐𝑡𝑖4 𝑛 𝑖=1 (12)

(28)

A seguir está exemplificado como resolver o sistema da equação (12) para o primeiro sinistro (“Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados”) com uso da Tabela 2 a seguir, tendo sido feito o mesmo procedimento para os demais tipos de sinistros:

Tabela 2 – Combinações de t e y para resolver o sistema de equações:

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017 830 = 9𝑎 + 45𝑏 + 285𝑐 ⟹ 𝑎 =830 9 − 5𝑏 − 95 3 𝑐 4699 = 45𝑎 + 285𝑏 + 2025𝑐 32301 = 285𝑎 + 2025𝑏 + 15333𝑐 4699 = 45 (830 9 − 5𝑏 − 95 3 𝑐) + 285𝑏 + 2025𝑐 32301 = 285 (830 9 − 5𝑏 − 95 3 𝑐) + 2025𝑏 + 15333𝑐 4699 = 4150 − 225𝑏 − 1425𝑐 + 285𝑏 + 2025𝑐 32301 =78850 3 − 1425𝑏 − 9025𝑐 + 2025𝑏 + 15333𝑐 549 = 60𝑏 + 600𝑐 18053 3 = 600𝑏 + 6308𝑐 549 = 60𝑏 + 600𝑐 18053 = 1800𝑏 + 1892

Ano Derrame ou vazamento de

petróleo ou derivados 2006 1 65 65 1 1 1 65 2007 2 72 144 4 8 16 288 2008 3 59 177 9 27 81 531 2009 4 101 404 16 64 256 1616 2010 5 86 430 25 125 625 2150 2011 6 79 474 36 216 1296 2844 2012 7 109 763 49 343 2401 5341 2013 8 89 712 64 512 4096 5696 2014 9 170 1530 81 729 6561 13770 Total 45 830 4699 285 2025 15333 32301 𝑡𝑖 𝑡 𝑖* 𝑦𝑖 𝑡𝑖² 𝑡𝑖³ 𝑡𝑖4 𝑡𝑖2 * 𝑦𝑖 (𝑦𝑖)

(29)

549 − 600𝑐 = 60𝑏 𝑏 =549 60 − 10𝑐 ⟹ 𝑏 = 183 20 − 10𝑐 Assim, 18053 = 1800 (183 20 − 10𝑐) + 18924𝑐 18053 = 16470 − 18000𝑐 + 18924𝑐 1583 = 924𝑐 ⟹ 𝑐 =1583 924 ⟹ 𝑐 = 1,7132 Logo, 𝑏 =183 20 − 10𝑐 ⟹ 𝑏 = −7,982 E 𝑎 =830 9 − 5𝑏 − 95 3 𝑐 ⟹ 𝑎 = 77,881

Dessa forma, usando a equação (6) da função de estimativa de tendência, pode-se dizer que a tendência polinomial de grau 2 para o sinistro “Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados” é estimada por: ŷ = 77,881 − 7,982𝑡 + 1,7132𝑡2.

Com base nesses cálculos, criou-se a Tabela 3 a seguir com as equações de tendência para os demais sinistros de que trata este trabalho.

Tabela 3 – Equações de tendência polinomial de grau 2 calculadas com base no sistema de equações (12).

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

SINISTRO EQUAÇÃO DE TENDÊNCIA (ŷ)

Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados 77,881 - 7,982t + 1,7132t² Derrame ou vazamento de água oleosa -38,19 + 24,699t - 1,9816x² Derrame ou vazamento de Outras Substâncias -13,857 + 12,328t - 1,1861t² Derrame ou vazamento de fluido de perfuração -10 + 6,3939t + 0,0606t²

Explosão e/ou incêndio 0,3095 - 2,2173t + 1,4351t²

Parada não programada -12,571 + 14,3t - 0,71t²

Blowout 2,4762 - 0,434t + 0,0184t²

Abalroamento 0,7381 - 0,3435t + 0,066t²

Adernamento -0,2619 + 0,3913t - 0,0325t²

Número de óbitos em incidentes operacionais 4,0476 + 0,5149t - 0,0898t² Número de feridos em incidentes operacionais 19,5 - 9,8864t + 1,7803t²

(30)

3.2.1.2 Componente Sazonal (𝑆𝑡)

A sazonalidade consiste em oscilações de curto prazo que ocorrem dentro de uma série temporal, logo, elas ocorrem sempre no decorrer do ano e podem ser verificadas por se repetirem de ano para ano. Dessa forma, devido as séries deste trabalho serem valores observados anualmente, sem divisão de períodos dentro dos anos, pode-se dizer que elas não possuem sazonalidade, ficando o valor da componente sazonal para efeitos de cálculo igual a zero.

3.2.1.3 Variações cíclicas (𝐶𝑡)

Para se calcular as variações cíclicas, assim como os valores da componente sazonal, é preciso ter muitos períodos de observação, uma vez que os ciclos são melhor visualizados nessas condições, apresentando os altos e baixos da série analisada. Sendo assim, as variações cíclicas não serão levadas em consideração para fins deste trabalho.

3.2.1.4 Variações irregulares (𝐼𝑡)

Quando gerados os gráficos com os valores observados das séries, percebeu-se que as séries não possuíam variações irregulares, visto que essas, conforme Reis (2006) são “resultado de fatos fortuitos e inesperados como catástrofes naturais, atentados terroristas, decisões intempestivas de governos, etc.”

Nesse caso, para o cálculo das predições serão considerados apenas a componente tendência, visto que é possível que uma série apresente somente esta, pois nem sempre um modelo de série temporal possui todos os componentes mencionados.

Sendo assim, no presente trabalho, buscar-se-á identificar os padrões de ocorrência dos sinistros mencionados para com isso verificar como se comportaram no período de observação. Serão feitas, também, predições das séries temporais dos sinistros ocorridos nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural pelas empresas no Brasil entre 2006 e 2014, por meio das equações de tendência indicadas na Tabela 3, para com isso verificar como se comportaram e realizar a previsão dos possíveis comportamentos futuros de ocorrência dos sinistros para 5 anos a partir do último período, estando, portanto, este período de valores futuros compreendido entre 2015 a 2019.

(31)

Além das análises de séries temporais citadas, serão feitas análises de estatística descritiva para melhor examinar o conjunto de dados que está sendo trabalhado, tendo como foco a comparação entre duas ou mais variáveis de sinistros buscando, com isso, averiguar as principais semelhanças e divergências ocorridas entre elas.

3.3 O MICROSOFT EXCEL®

A ferramenta a ser utilizada para aplicar o método desta pesquisa será o software Microsoft Excel®, que consiste num programa criado pela Microsoft e que serve para executar funções e análises de bancos de dados, por meio de suas ferramentas de cálculo e geração de gráficos. Espera-se com isso tornar possível as análises de séries temporais pretendidas e verificar o comportamento da série de ocorrências de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, cujo é o escopo deste trabalho.

Antes do Microsoft Excel surgiram alguns programas que permitiam trabalhos e cálculos com planilhas, porém segundo Lopes (2016), o Microsoft Excel foi o pioneiro a permitir ao usuário que este definisse a aparência das planilhas no tocante a fontes, atributos de caracteres, bem como aparência das células. Além disso introduziu cálculos inteligentes, por meio dos quais apenas células dependentes da célula a ser modificada pudessem ser atualizadas, ao passo que outros programas recalculavam tudo o tempo todo ou aguardavam um comando específico do usuário.

Sendo assim, como método estatístico para analisar a ocorrência dos sinistros demonstrados anteriormente nas atividades de E&P, pretende-se verificar através das séries temporais o número de ocorrências de cada tipo de sinistro dentre os citados, no período compreendido entre 2006 e 2014, visando analisar o comportamento dessa série bem como notar a sua periodicidade de ocorrência e suas tendências, por exemplo. Essa análise de séries temporais servirá para corroborar com as análises de estatística descritiva a serem explicitadas no presente trabalho.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme mencionado no decorrer do trabalho, neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com base nas análises e verificações realizadas, sendo um dos principais objetivos demonstrar o comportamento das ocorrências de sinistros nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás do Brasil, tendo como foco as análises de estatística descritiva bem como as análises de séries temporais.

4.1 ANÁLISE DE ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Nota-se pela Tabela 1 que, com o passar dos anos, alguns sinistros tiveram seus números de ocorrências aumentados, sendo os casos de maior crescimento o Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados, que em 2006 registrava 65 ocorrências e em 2014 passou a registrar 170 (um aumento de 161% comparado com o ano inicial das observações), os sinistros de Derrame ou vazamento de fluido de perfuração, iniciando com 0 ocorrências em 2006, chegando a 58 em 2014, bem como os casos de Explosão e/ou incêndio e as Paradas não programadas.

Por outro lado, nota-se que o número de ocorrências de Óbitos em incidentes operacionais diminuiu no decorrer do tempo, considerando os anos inicial e final, inicialmente contando com 4 ocorrências registradas em 2006 e chegando a 2014 com 2 ocorrências, o que revela um decréscimo de 50% dos registros de 2014 comparados com os de 2006.

Fazendo uma análise descritiva geral para observar os dados da Tabela 1, já sabendo que eles foram comunicados à ANP e catalogados em sua base de dados, criou-se o Gráfico 1, o qual denota claramente que os sinistros que mais ocorreram no período analisado entre 2006 e 2014 foram os derrames de petróleo ou derivados, correspondendo a 37% do número de ocorrências, as paradas não programadas e explosões ou incêndios ocorridos nas instalações, com 14% do total cada um, seguidos pelo número de feridos em incidentes operacionais (11%). Isso corrobora com as análises feitas em relação à Tabela 1 e que foram especificadas no tópico 3.1.2.

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Gráfico 1 – Percentual do número de sinistros informados à ANP nas atividades de E&P, de 2006 a 2014 no Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Para uma melhor verificação dos dados, optou-se por fazer uma comparação entre tipos de sinistros, como por exemplo o tipo “Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados” e o sinistro “Derrame ou vazamento de água oleosa”, resultando no gráfico 2 que demonstra que o tipo 1 foi superior em número de ocorrências (exceto no ano de 2011, onde houve um maior derramamento de água oleosa do que de petróleo ou derivados) quando comparado com o tipo 2. Observe o gráfico 2 indicado:

Gráfico 2 – Relação entre o derrame ou vazamento de Petróleo ou derivados e de Água oleosa de 2006 a 2014, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados

Derrame ou vazamento de água oleosa

(34)

Nota-se, conforme mencionado, que em 2011 a ocorrência de sinistros relativos à derrames ou vazamentos de água oleosa superou a ocorrência do mesmo tipo de sinistro com o material sendo petróleo ou alguns de seus derivados; essa observação pode ser verificada pelo pico que é mostrado no ano de 2011 e representado pela linha laranja no gráfico 3, além de ser comprovada por meio dos resultados da tabela 1 que denotam que no ano citado os derrames ou vazamentos de água oleosa oleosa apresentaram 95 ocorrências enquanto que os derrames ou vazamentos de petróleo ou derivados apresentaram 79.

Ainda, além de analisar os sinistros envolvendo o ramo não-vida, faz-se mister voltar os olhos também para o ramo vida, neste caso observando as ocorrências do número de pessoas que vieram a óbito nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, bem como o número de feridos que se acidentaram em incidentes operacionais. Para isso, criou-se o gráfico 3 demonstrando a relação entre o número de óbitos e feridos nessas atividades.

Gráfico 3 – Relação entre o número de óbitos e de feridos em incidentes operacionais, 2006 a 2014, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

É possível notar que os números de óbitos e feridos infelizmente não chegaram a zero, o que denotaria um cenário ideal para a segurança operacional dessas atividades caso isso ocorresse.

Além do que foi demonstrado, calculou-se também a média de cada ocorrência dos sinistros no período designado, para verificar como se comportou cada classe de

0 10 20 30 40 50 60 70 80 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Número de óbitos em incidentes operacionais

Número de feridos em incidentes operacionais

(35)

sinistro reportada à ANP. Notou-se com isso que os sinistros com menor índice de ocorrência são especificamente aqueles que necessitam de uma definição mais clara, uma vez que apenas pela classificação não dá para inferir a respeito do que tratam. São eles: “Adernamento”, que consiste na inclinação em graus de embarcação ou plataforma, “Abalroamento”, cujo trata da colisão de embarcações com plataformas fixas e, por último, o “Blowout”, referindo-se a uma perda de hidrocarbonetos, gás ou água saindo de um poço de petróleo devido à alguma falha ocorrida no sistema de pressão. Com isso, gerou-se o gráfico 4 a seguir, mostrando que durante o período analisado, a ocorrência dos sinistros indicados ficou, em média, de 1 sinistro ao ano.

Gráfico 4 – Média do número de sinistros ocorridos nas atividades de E&P, com destaque para os três tipos de menor incidência, 2006 a 2014, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

4.2 ANÁLISE DE SÉRIES TEMPORAIS

Tomando como base a metodologia indicada no tópico 3.1.2 das séries temporais, no cálculo da componente Tendência (𝑇𝑡) foram utilizadas as equações de tendência contidas na Tabela 3 para se calcular as tendências em cada tipo de sinistro, tanto no período de observação dos dados, que foi de 2006 a 2014 (linhas contínuas no Gráfico 5), quanto no período futuro de 2015 a 2019 (linhas tracejadas).

(36)

Tabela 4 – Valores da tendência de sinistros nas atividades de E&P calculados por meio das equações de tendência na forma polinomial de grau 2, apresentadas na Tabela 3, de 2006 a 2019, Brasil.

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Observação: Onde há valores negativos, considerar que o número de sinistros será zero, visto que todos foram calculados com base nas equações de tendência apresentadas na Tabela 3.

Para uma visualização imediata das tendências, criou-se o Gráfico 5 abaixo:

Gráfico 5 – Tendência da ocorrência de sinistros nas atividades de E&P, 2006 a 2019, no Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

SINISTRO 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados 71,61 68,77 69,36 73,37 80,81 91,68 105,97 123,69 144,83 169,40 197,40 228,82 263,67 301,95

Derrame ou vazamento de água oleosa -15,47 3,28 18,07 28,90 35,77 38,67 37,60 32,58 23,59 10,64 -6,27 -27,15 -51,99 -80,80 Derrame ou vazamento de Outras Substâncias -2,72 6,05 12,45 16,48 18,13 17,41 14,32 8,86 1,02 -9,19 -21,77 -36,72 -54,04 -73,74 Derrame ou vazamento de fluido de perfuração -3,67 2,55 8,64 14,61 20,45 26,18 31,79 37,27 42,64 47,88 53,00 58,00 62,88 67,64 Explosão e/ou incêndio -0,47 1,62 6,57 14,40 25,10 38,67 55,11 74,42 96,60 121,65 149,57 180,36 214,02 250,55 Parada não programada 1,02 13,19 23,94 33,27 41,18 47,67 52,74 56,39 58,62 59,43 58,82 56,79 53,34 48,47 Blowout 2,06 1,68 1,34 1,03 0,77 0,53 0,34 0,18 0,06 -0,02 -0,07 -0,08 -0,06 0,01 Abalroamento 0,46 0,32 0,30 0,42 0,67 1,05 1,57 2,21 2,99 3,90 4,95 6,12 7,43 8,87 Adernamento 0,10 0,39 0,62 0,78 0,88 0,92 0,88 0,79 0,63 0,40 0,11 -0,25 -0,67 -1,15 Número de óbitos em incidentes operacionais 4,47 4,72 4,78 4,67 4,38 3,90 3,25 2,42 1,41 0,22 -1,15 -2,70 -4,43 -6,34 Número de feridos em incidentes operacionais 11,39 6,85 5,86 8,44 14,58 24,27 37,53 54,35 74,73 98,67 126,17 157,23 191,85 230,03

-100,00 -50,00 0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 250,00 300,00 350,00 Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados

Derrame ou vazamento de água oleosa

Derrame ou vazamento de Outras Substâncias

Derrame ou vazamento de fluido de perfuração

Explosão e/ou incêndio Parada não programada Blowout

Abalroamento Adernamento

(37)

Pode-se perceber analisando o Gráfico 5 e com base na Tabela 4 que há uma grande tendência de crescimento em vários sinistros, sendo alguns com uma maior e outros com uma tendência menor. Os sinistros que possuem uma maior tendência de crescimento são os derrames ou vazamentos de petróleo e seus derivados, os casos de explosão e/ou incêndios nas instalações, bem como o número de feridos em incidentes operacionais. Em contrapartida, os sinistros que possuem uma maior tendência de decrescimento são os derrames ou vazamentos de outras substâncias, derrames ou vazamentos de água oleosa e o número de óbitos em incidentes operacionais, com todos eles chegando a uma tendência 𝑇𝑡 < 0, conforme pode ser

visto no Gráfico 5.

Sabe-se que o ideal seria que houvesse uma tendência de decrescimento em todos os sinistros, mas infelizmente não é a situação vivenciada nessas atividades, devido sobretudo à grande exposição aos riscos a que são submetidas.

Sendo assim, fazendo uso da equação (3) com a decomposição do modelo aditivo para esta série temporal, foi gerada a Tabela 6 abaixo com as previsões de ocorrência dos sinistros para o período futuro de 2015 a 2019, para os quais não se tinham dados de observação.

Tabela 6 – Previsão da ocorrência de sinistros nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil.

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Com as previsões calculadas, observe agora os gráficos contendo os resultados mencionados acima, com os reais observados e as projeções de ocorrências futuras para os sinistros, bem como as discussões realizadas.

SINISTRO 2015 2016 2017 2018 2019

Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados 169,40 197,40 228,82 263,67 301,95

Derrame ou vazamento de água oleosa 10,64 -6,27 -27,15 -51,99 -80,80

Derrame ou vazamento de Outras Substâncias -9,19 -21,77 -36,72 -54,04 -73,74

Derrame ou vazamento de fluido de perfuração 47,88 53,00 58,00 62,88 67,64

Explosão e/ou incêndio 121,65 149,57 180,36 214,02 250,55

Parada não programada 59,43 58,82 56,79 53,34 48,47

Blowout -0,02 -0,07 -0,08 -0,06 0,01

Abalroamento 3,90 4,95 6,12 7,43 8,87

Adernamento 0,40 0,11 -0,25 -0,67 -1,15

Número de óbitos em incidentes operacionais 0,22 -1,15 -2,70 -4,43 -6,34

(38)

Gráfico 6 – Previsão da ocorrência de Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

No caso do sinistro “Derrame ou vazamento de petróleo ou derivados”, percebe-se que a tendência foi de crescimento, tendo sido as suas ocorrências em grandes quantidades no longo prazo, comparando-se sobretudo o ano inicial com o ano final das ocorrências.

Partindo do Gráfico 6, pode-se notar que a previsão sobre o número de ocorrência de derrame ou vazamento de petróleo ou derivados, a partir do ano de 2015 até 2019 para os quais ainda não se tem relatórios, se distribuirá conforme segue: 2015 – 169 derrames ou vazamentos de petróleo ou derivados, 2016 – 197, 2017 – 229, 2018 – 264 e 2019 – 302.

Da mesma maneira como feito para o primeiro sinistro (apresentado anteriormente), será feito para todos os outros na sequência, apresentando um gráfico para cada contendo suas observações reais, as projeções realizadas bem como a linha de tendência para o período supracitado (2015 a 2019).

(39)

Gráfico 7 – Previsão da ocorrência de Derrame ou vazamento de água oleosa nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Nota-se que para o sinistro em questão, a previsão do número de ocorrências será negativa para os anos seguintes, chegando a um valor de -81 ocorrências; isso leva a crer que será reduzido a zero os derrames ou vazamentos de água oleosa nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Tal dado é relevante para as análises, pois indica que é um sinistro a menos que poderá ocorrer nessas indústrias, o que reflete sobretudo na salvaguarda do meio ambiente, que é frequentemente exposto à esse tipo de risco nessas atividades.

Gráfico 8 – Previsão da ocorrência de Derrame ou vazamento de Outras Substâncias nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

(40)

O mesmo ocorrido com o sinistro de derrame ou vazamento de água oleosa, mostrado no Gráfico 7, ocorre com os derrames ou vazamentos de outras substâncias, visto que pode-se observar no Gráfico 8 que a previsão realizada indica que este sinistro também possui valores negativos (ou seja, abaixo de zero) nas suas previsões, o que indica que suas ocorrências de 2015 a 2019 serão zero, refletindo num indicador positivo para a segurança dessas atividades, no tocante a esse tipo de sinistro.

Ao contrário do demonstrado para os sinistros anteriores, o sinistro Derrame ou vazamento de fluido de perfuração possui uma previsão de crescimento relativamente grande, uma vez que iniciou em 2006 com zero ocorrências e chegou a 2014 com 58 ocorrências; os valores observados por si só já demonstram uma tendência de crescimento superior aos demais sinistros já apresentados, logo, conforme a Tabela 6 com as predições realizadas, foi gerado o Gráfico 9 a seguir, refletindo o comparativo com as ocorrências observadas desse sinistro, bem como com as predições realizadas.

Gráfico 9 - Previsão da ocorrência de Derrame ou vazamento de fluido de perfuração nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

(41)

Por sua vez, o Gráfico 10 reflete também um crescimento considerável para o sinistro de explosão e/ou incêndio nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Vale mencionar que essas indústrias possuem grande maquinário atuando em suas atividades, instalações elétricas de alta, média e baixa tensão, motores, bombas, entre outros, que precisam de manutenções preventivas constantes, além de outras características inerentes à toda e qualquer indústria de grande porte. Todavia, muitas vezes não são realizadas manutenções preventivas com a frequência adequada, em suma pela necessidade do uso ininterrupto dos equipamentos e instalações, que se houver uma pausa pode refletir em grandes perdas de produção e, consequentemente, financeiras; isso faz com que operadores tentem aumentar o tempo de utilização dos equipamentos, deixando para realizar apenas manutenções corretivas, cujas já decorrem de algum problema que acaba tornando inutilizado o equipamento, até que a manutenção seja, de fato, realizada.

Vale ressaltar que este pensamento trata-se de uma hipótese através da qual seriam explicadas as ocorrências de explosões e incêndios na exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, podendo esses sinistros serem resultado de outros agentes não mencionados.

Gráfico 10 – Previsão da ocorrência de Explosão e/ou incêndio nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

(42)

O pensamento indicado acima serve para inferir sobre algumas das possíveis causas do aumento da ocorrência de explosões e incêndios nas instalações de indústrias que trabalham com a exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, mas pode também ser aplicada à toda e qualquer indústria de modo geral.

Gráfico 11 - Previsão da ocorrência de Parada não programada nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

Pecebe-se com base no Gráfico 11 que as paradas não programadas têm aumentado no decorrer do tempo, principalmente se comparadas as ocorrências do ano inicial de observação (2006, com 12 ocorrências) com as do ano final observado (2014, com 49). Com essa tendência de crescimento, é possível notar que a tendência de previsão também se manteria nesses intervalos, tendo as predições permanecidas quase inalteradas de 2015 a 2019.

(43)

Gráfico 12 - Previsão da ocorrência de Blowout nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

O sinistro Blowout, cujo consiste em perdas desordenadas de hidrocarbonetos, gás ou água de poços de petróleo por alguma falha nos mecanismos do sistema de pressão, começou com um número de ocorrências muito baixo, sendo, em média, o segundo sinistro com menos ocorrências nessas atividades, perdendo apenas para os adernamentos. Sendo assim, devido a já ter poucas ocorrências, as previsões indicam que este sinistro chegará a zero no quinquênio analisado, não apresentando variações significativas de 2015 a 2019, conforme pode ser visto no Gráfico 12 acima.

Gráfico 13 - Previsão da ocorrência de Abalroamento nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

(44)

As previsões de abalroamento também denotam um crescimento considerável deste sinistro nas atividades analisadas, o que indica que ele está indo ao encontro das previsões de crescimento tal qual nos sinistros de derrames ou vazamento de petróleo e derivados e os sinistros de explosões ou incêndios, por exemplo.

Gráfico 14 - Previsão da ocorrência de Adernamento nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Fonte: Elaboração própria com base em dados da ANP, 2017

No que diz respeito ao sinistro Adernamento, percebe-se com base no Gráfico 14 que suas previsões indicam um decrescimento, com o total de ocorrências chegando a zero; isso indica de maneira positiva que mais um tipo de sinistro está com previsões de decréscimo na área de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil.

Gráfico 15 - Previsão da ocorrência de óbitos nas atividades de E&P, de 2015 a 2019, Brasil

Referências

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