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Memórias de uma escola: da nucleação à extinção da Escola Otaviano de Souza Barros

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA. SUZANA BARROS SOARES. MEMÓRIAS DE UMA ESCOLA: DA NUCLEAÇÃO À EXTINÇÃO DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS. Delmiro Gouveia 2019.

(2) SUZANA BARROS SOARES. MEMÓRIAS DE UMA ESCOLA: DA NUCLEAÇÃO À EXTINÇÃO DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS. Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em História pela Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão.. Orientadora: Profa. Ma. Sheyla Farias Silva. Delmiro Gouveia 2019.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia Bibliotecária responsável: Renata Oliveira de Souza CRB-4/2209 S676m. Soares, Suzana Barros Memórias de uma escola: da nucleação à extinção da Escola Otaviano de Souza Barros / Suzana Barros Soares. – 2019. 64 f. : il. Orientação: Profa. Ma. Sheyla Farias Silva. Artigo monográfico (Licenciatura em História) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de História. Delmiro Gouveia, 2019. 1. História. 2. Memória. 3. Escola Municipal Otaviano de Souza. Barros. 4. Educação. 5. São José da Tapera – Alagoas. I. Silva, Sheyla Farias. II. Universidade Federal de Alagoas. III. Título. CDU: 981(813.5):37.

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(5) SUMÁRIO 1.. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 6. 2. AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES COMO LUGARES DE MEMÓRIAS ............. 9 3. A HISTÓRIA DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS ....................... 10 4. AS MEMÓRIAS DA COMUNIDADE SOBRE A ESCOLA MUNICIPAL OTAVIANO DE SOUZA BARROS ............................................................................ 14 5.. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 22 REFERÊNCIAS..........................................................................................................23 APÊNDICES...............................................................................................................25 APÊNDICE A.............................................................................................................25 APÊNDICE B.............................................................................................................26 APÊNDICE C.............................................................................................................28 APÊNDICE D.............................................................................................................29 APÊNDICE E.............................................................................................................32 APÊNDICE F..............................................................................................................33 APÊNDICE G.............................................................................................................39 APÊNDICE H.............................................................................................................40 APÊNDICE I...............................................................................................................42 APÊNDICE J..............................................................................................................43 APÊNDICE K.............................................................................................................45 APÊNDICE L.............................................................................................................46 APÊNDICE M............................................................................................................48.

(6) 6. Memórias de uma escola: Da nucleação à extinção da Escola Otaviano de Souza Barros Suzana Barros Soares1 Sheyla Farias Silva2. RESUMO Este trabalho tem o objetivo de analisar as memórias que ficaram da Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, localizada no Sítio Alto do Angico, São José da Tapera/AL. A temática se enquadra no campo da história das instituições escolares e busca identificar os motivos que levaram a nucleação e extinção desta escola. A partir da metodologia da história oral, de questionários, atas e fotografias procuramos reconstruir a história desta instituição, que além de ser um espaço educacional, foi também o espaço cultural e religioso para a comunidade local, sendo assim um espaço de experiencias e vivencias, um lugar de memórias, e que portanto, reconstruir a história desta instituição escolar e questionar sobre seu fechamento e demolição, reafirma a importância da nossa pesquisa. Palavras-chave: Memórias. Instituições escolares. Nucleação.. ABSTRACT This paper aims to analyze the memories that remained of the Otaviano de Souza Barros Municipal School, located in the Alto do Angico Farm, São José da Tapera /AL. The theme fits into the field of the history of school institutions and seeks to identify the reasons that led to the nucleation and extinction of this school. From the methodology of oral history, questionnaires, minutes and photographs we seek to reconstruct the history of this institution, which in addition to being an educational space, was also the cultural and religious space for the local community, thus being a space of experiences, a place of memories, and therefore to reconstruct the history of this school institution and question its closure and demolition, reaffirms the importance of our research. Keywords: Memories. School institutions. Nucleation.. 1 2. Graduanda em História pela Universidade Federal de Alagoas. Suzanabarros.2@hotmail.com Professora da Universidade Federal de Alagoas. sheylafarias@live.com.

(7) 7. 1 INTRODUÇÃO. Abordamos neste artigo as memórias que ficaram da Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, após sua nucleação e extinção. A temática se enquadra no campo da história das instituições escolares, que vem se destacando nas pesquisas em História da Educação desde os anos de 1990. Esses estudos são de suma importância para a compreensão da história da Educação de uma determinada sociedade, pois busca investigar entre outras coisas, os sujeitos enquanto atores no processo de escolarização, através dessa investigação compreende-se além dos métodos e funcionamento, a história das instituições. Dentro desse campo historiográfico, procuramos reconstruir a História da Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, localizada no Sítio Alto do Angico, município de São José da Tapera/AL, fechada em 2007, como parte de uma política economicista que se expande por todo o país de forma desordenada. Além disso, parte da história dessa instituição, foi apagada quando no ano de 2017 a mesma foi totalmente demolida. Diante dessas informações surgiram algumas inquietações que foram o pontapé inicial para nossa pesquisa. Por que fechar e demolir essa instituição? Qual a representatividade dessa escola para os membros da comunidade? Quais as recordações que ficaram desta instituição? Para tanto a investigação teve como objetivo geral analisar as memórias da comunidade escolar. E como objetivos específicos procuramos, identificar os fatores que levaram a nucleação e extinção da escola, conhecer a história da Escola Otaviano de Souza Barros e registrar as memórias construídas pelos membros desta comunidade escolar. Além das inquietações pessoais que surgiram a partir de conversas com membros da escola: pais, alunos e funcionários, que recordavam momentos vivenciados na instituição, e a insatisfação com o seu fechamento. A proposta em discutir tal tema torna-se relevante por preservar a história e o registro da memória desta instituição escolar. As fontes para se trabalhar com a história das instituições escolares de acordo com Silva ‘‘enfrenta o mesmo problema existente em toda investigação documental. As precárias condições de preservação dos arquivos fontes e acervos bem como o armazenamento e manutenção das fontes especialmente pelas escolas públicas’’. (SILVA, 2009, p. 215). Na instituição analisada não foi diferente, além dos problemas destacados por Silva, o prédio da escola já não existe, o que dificultou ainda mais o acesso às fontes documentais, os únicos documentos que conseguimos da Escola Otaviano de Souza Barros, foram algumas atas que.

(8) 8. estavam na Secretaria Municipal de Educação, que aliada às memórias dos membros escolares, carregadas de emoções e sentimentos permitiu-nos reconstruir, a história desta escola, as funções sociais, bem como o perfil dos alunos que por ali passaram e a representatividade para a comunidade local. Delgado (2010), que nos orientará sobre a história oral afirma que, a ‘‘história oral e pesquisa documental, muitas vezes caminham juntas e se auxiliam de forma mutua’’ (p. 240). Então, para colocarmos em prática nossa pesquisa, o primeiro passo foi analisar os documentos, as atas da Secretaria Municipal de Educação de São José da Tapera/AL, que serviu de base para sabermos quando a escola começou a funcionar, quando foi fechada, e possibilitounos também encontrar nomes de professores e alunos que seriam relevantes para o trabalho. Verificamos em seguida os dados do Censo escolar (2010-2018) do município encontrados no portal eletrônico, para sabermos se o fechamento da Escola Otaviano de Souza Barros foi um caso isolado, ou se é uma política que se repete ano após ano em São José da Tapera/AL. O próximo passo foi selecionar os sujeitos que seriam entrevistados, a escolha dos nomes a princípio foram os encontrados nas Atas de 1976, a primeira ata, e do ano de 2007, ano que a escola foi fechada, mas também tiveram alguns nomes que foram indicados por outros entrevistados e por moradores da comunidade, ao todo foram seis entrevistas: dois professores, uma auxiliar de serviços gerais e três alunos, infelizmente nenhum pai quis participar da pesquisa, estas entrevistas foram de suma importância para que o trabalho fosse constituído, mais não suficiente para concluirmos, por isso, elaboramos também um questionário para fazermos com outros membros da instituição, essas perguntas foram respondidas por: uma mãe, duas professoras e 5 alunos, e nos forneceu dados importantes. Na primeira parte da nossa pesquisa item 2, abordamos sobre a história das instituições escolares enquanto campo historiográfico, bem como sua importância dentro da ciência histórica, sobre a ótica de Silva História da Educação: instituições escolares como objeto de pesquisa (2009), e Gatti Júnior & Vale Gatti A História das instituições escolares em revista: fundamentos conceituais, historiografia e aspectos da investigação recente (2015), em seguida item 3, apresentamos a história da Escola Otaviano de Souza Barros, a partir dos documentos encontrados e dos registros de memória. A concepção de história e memória é guiada por Michel Pollak Memória, Esquecimento e Silêncio e Memória (1989) e Identidade Social (1992), respectivamente, para ele as memórias são consideradas fontes históricas por que servem para narrar o passado de uma sociedade. Além de Pollak, nos embasamos também em Delgado (2010), em seu livro História oral: memória, tempo, identidades, nossa base metodológica e também teórica, visto que a.

(9) 9. autora tem definições que se aproximam da pesquisa, para ela a memória é uma construção sobre o passado, atualizada e renovada no tempo presente. ‘‘A memória, principal fonte dos depoimentos orais, é um cabedal infinito, onde múltiplas variáveis – temporais, topográficas, individuais, coletivas – dialogam entre si’’. (DELGADO, 2010, p. 16). A partir desta perspectiva, iremos analisar os momentos lembrados pelos membros escolares que participaram da pesquisa, para que assim possamos entender qual a importância desta instituição, e o quão prejudicial para a comunidade foi sua extinção. Essa abordagem se encontra no item 4, no qual, apresentamos as análises feitas em nossa pesquisa, sobre o processo de nucleação e extinção desta escola, os motivos, e a avaliação que os membros da comunidade fazem de tal processo, fazendo um aparato com o processo de nucleação e extinção das escolas localizadas no campo, no país e em Alagoas, com base nas discussões teóricas que nos auxiliaram.. Entre elas: Borges. A representação social de. moradores do entorno das escolas rurais paralisadas/extintas no município de Almirante Tamandaré, PR (2016), Rodrigues Nucleação de Escolas no Campo: conflitos entre formação e desenraizamento(2017), Silva Terra, Território e Educação: o fechamento das escolas no campo na mesorregião do Sertão de Alagoas (2015) e Vedramini Qual o futuro das escolas no campo? (2015). O trabalho contribui para a historiografia local e regional por trazer discussões acerca do processo de nucleação e extinção de escolas rurais, uma temática que vem sendo discutida com bastante frequência em outras regiões do país e com pouco entusiasmo no Estado e no município de São José da Tapera/AL, sendo este um município com grande quantidade de escolas fechadas. Além disso, este é o primeiro trabalho sobre nosso objeto de estudo, a Escola Otaviano de Souza Barros, então, reconstruir a história desta instituição escolar e questionar sobre seu fechamento e demolição, reafirma a importância da nossa pesquisa.. 2 AS INSTITUIÇÕES ESCOLARES COMO LUGARES DE MEMÓRIAS O conceito de memória a partir da Escola dos Annales, no século XX, será um grande aliado da história, com o surgimento de novas abordagens e novas metodologias, entre elas a história oral. A memória se torna, de acordo com Delgado, ‘‘fonte inesgotável de informações para a história’’(2010, P. 66). Assim, esse método possibilita o conhecimento de versões e interpretações da história antes silenciadas, permite também conhecer a história de pessoas e grupos antes vistos como povos sem história..

(10) 10. É no século XX também que a pesquisa em História da Educação se constitui no Brasil, na década de 1950, e junto com ela, de acordo com Gatti Júnior & Vale Gatti 2015, a temática da história das instituições escolares, esses autores ainda afirmam que:. A pesquisa em Educação e, particularmente, a pesquisa em História da Educação, antecede à criação dos cursos de pós-graduação em Educação no Brasil, pois os primeiros, sediados em universidades católicas brasileiras, no Rio de Janeiro e em São Paulo, datam de meados da década de 1960. Todavia, é a partir deste lugar, a pósgraduação em Educação, que a maior parte dos investimentos teve lugar na investigação sobre a História das Instituições Escolares. (GATTI JÚNIOR & VALE GATTI, 2015, p. 328).. Com os investimentos e a expansão dos cursos de pós- graduação em História da Educação pelo Brasil, desde a década de 1990 o número de pesquisas na área da História das instituições escolares cresce cada vez mais, e esses estudos são importantes, para a compreensão da história de uma determinada sociedade, pois busca investigar entre outras coisas os sujeitos enquanto atores no processo de escolarização, através dessa investigação compreende-se além dos métodos e funcionamento, a história das instituições escolares.. Foi a partir do termo cultura escolar que as investigações passaram a assumir como uma categoria de análise abrangente nas investigações como: o contexto histórico do surgimento da instituição escolar, a arquitetura escolar, organização do espaço, seus alunos, professores e gestores, currículo, livros didáticos, projeto pedagógico, normas disciplinares, regimentos e outros. (SILVA, 2009, p. 214).. É dentro desse campo historiográfico que centralizamos nossa pesquisa, a fim de analisarmos, como os sujeitos, alunos, professores, pais e funcionários, enquanto atores educativos que fizeram parte da Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, veem a nucleação e extinção desta escola. Nesses relatos da vida escolar, analisamos também as lembranças que ficaram da escola na memória dos depoentes.. 3 A HISTÓRIA DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS A Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, ficava localizada no Sítio Alto do Angico, município de São José da Tapera, AL, foi construída durante o mandato de Antônio Souza Barros, entre os anos de 1970 e 1973, este prefeito teve como destaque na gestão, a criação do Departamento de Educação e Cultura, órgão responsável pela política educacional e cultural do município 3. Otaviano de Souza Barros, nome dado a instituição municipal de 3. Estas informações constam na lista dos prefeitos do município de São José da Tapera, AL, na síntese biográfica..

(11) 11. ensino, morou no Sitio Alto do Angico, durante sua trajetória de vida, e doou o terreno a prefeitura para que a escola fosse construída. Figura 1- Otaviano de Souza Barros. Fonte: Jose Agnaldo Anjos Barros. Desde o início do seu funcionamento até ser fechada em 2007, a escola atendia, em sua maioria, descendentes de Otaviano e também alunos dos sítios vizinhos. Na escola funcionava a primeira etapa do ensino fundamental, da 1ª a 4ª série4, e em alguns momentos da sua história como observamos nos relatos as turmas foram multisseriadas, principalmente a terceira e a quarta série. Quando a escola começou a funcionar em 1975, ‘‘as matriculas eram feitas de casa em casa’’, nas palavras de uma das professoras que respondeu ao questionário, uma forma de incentivo para que os filhos dos agricultores, tivessem acesso à educação, fruto da campanha nacional de escolas através da lei nº 144, de 30 de março de 1974, um dos destaques da gestão de Lucilo José Ribeiro, prefeito sucessor de Antônio Souza Barros5. A campanha e a construção de escolas, pelo que observamos, obteve resultados, pois, o número de escolas, principalmente rurais eram bem expressivos no município. Os primeiros dados do censo escolar de São José da Tapera, ano 2010, nos mostram que neste ano funcionavam, só no meio rural 44 escolas municipais, o que atendia a população majoritariamente rural, 18.451 dos 30.088 habitantes de São José da Tapera, que viviam no. 4 5. Atualmente correspondem aos 2º, 3º, 4º e 5º anos. Estas informações constam na lista dos prefeitos do município de São José da Tapera, AL, na síntese biográfica..

(12) 12. campo6. No entanto, o número de escolas rurais pode ter sido bem maior, pois a Escola Otaviano de Souza Barros, nosso objeto de estudo, foi fechada em 2007, ou seja, três anos antes do primeiro censo, de lá para cá, as escolas rurais do município sofrem uma política inversa da que ocorreu em 1974. Ao todo, até o ano de 2018 foram fechadas em de São José da Tapera AL, 22 escolas rurais municipais7, das 44 escolas rurais que funcionavam em 2010, em 2018 apenas 22 estavam atendendo as crianças do campo no município. Esses dados nos revelam o quão preocupante é esse procedimento, pois em menos de 10 anos foram fechadas metade das escolas rurais, com isso os alunos percorrem cada vez caminhos mais distantes, até chegarem à escola, e a preocupação pelo desgaste físico, além da perca cultural desses alunos não existe por meio dos gestores, que a todo custo desejam conter os gastos da Educação. Diante desse número expressivo de escolas fechadas, nos debruçamos sobre a Escola Otaviano de Souza Barros, para entender como ocorreu todo o procedimento de nucleação e como a comunidade ficou sem seu espaço educativo. A Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, foi fechada no ano de 2007, durante o mandato de José Antônio Cavalcante, que tinha como Secretaria de Educação a sua esposa, Maria Francisca da Costa Cavalcante, que por coincidência, ou não, são os mesmos que estão nos cargos de prefeito e Secretaria de Educação desde 2017, ou seja, foram os mesmos, responsáveis pela demolição da escola supracitada. Nas palavras do aluno Edivaldo Vieira Barros, que estudou na Escola Otaviano de Souza Barros, de 1991 a 1996 e atua como professor na rede municipal de ensino:. [...]eles fecharam uma série de escola naquela época, como estão fechando também agora no governo atual deles, a ideia de se fechar aquela escola, segundo esse pessoal, era pra fazer a contenção de gastos, dado que, a educação aqui no município da Tapera, tem um número de funcionário muito grande, ultrapassa a folha, e o fechamento se deu justamente nesse sentido, de contenção de gastos e também pelo quantitativo de alunos[...]. (entrevista realizada em 11 de outubro de 2019).. Percebemos que o fechamento da Escola Otaviano de Souza Barros, não foi um caso isolado, nem feito por questões pessoais, é uma política adotada pelo gestor para conter gastos do município, porém, cabe avaliar a quem irá beneficiar essa economia, uma vez que foram. 6. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/al/sao-jose-da-tapera/panorama. Acessado em 02 de outubro de 2019. 7 Disponível em: https://www.qedu.org.br/cidade/5471-são-jose-da-tapera/censo-escolar. Acessado em 02 de outubro de 2019..

(13) 13. feitas denúncias sobre o desvio de verbas na Educação8, e também de irregularidades no transporte escolar de São José da Tapera9, mostrando assim que não há tanta economia, por parte da gestão, e que não está investindo em uma educação de qualidade para as crianças do município, pois, com a quantidade de escolas que foram fechadas, o transporte deveria ser o de melhor qualidade. Figura 2- Escola Municipal Otaviano de Souza Barros após ser fechada. Fonte: google maps 2019. 8. Disponível em: https://correionoticia.com.br/post/jairo-ribeiro/enfraquecido-politicamente-prefeito-de-taperaescapa-da-cassacao-/28/24011. Acessado em 13 de novembro de 2019. 9 Disponível em: https://www.alagoas24horas.com.br/1208921/mpe-encontra-irregularidades-em-transporteescolar-de-sao-jose-da-tapera/. Acessado em 13 de novembro de 2019..

(14) 14. 4 AS MEMÓRIAS DA COMUNIDADE SOBRE A ESCOLA MUNICIPAL OTAVIANO DE SOUZA BARROS As memórias de acordo com Pollak, são consideradas fontes históricas por que servem para narrar o passado de uma sociedade. E foram essas memórias que possibilitou-nos conhecer a história da Escola Municipal Otaviano de Souza Barros e os motivos que levaram ao fechamento da escola. Para tanto recolhemos os depoimentos na seguinte ordem, primeiro entrevistamos a auxiliar de serviços gerais dona Antônia dos Anjos Barros e a aluna Benigna Alves Barros Santana no dia 21 de abril de 2019, como ocorreram dificuldades em relação a disponibilidade de tempo para fazer as entrevistas, os outros depoimentos só foram recolhidos no mês de outubro de 2019, no dia 11 entrevistamos o aluno Edivaldo Vieira Barros, no dia 12 a aluna Elissandra Melo Barros e no dia 13 os professores José Agnaldo Anjos Barros e Rosicleide Pereira Santos. A escolha desses nomes não foram aleatórios, a primeira aluna entrevistada é aluna da primeira turma da escola como consta nas atas da Secretaria Municipal de Educação, a auxiliar de serviços gerais trabalhou na instituição até o último ano de funcionamento assim como a professora, já os outros, foram indicados em conversas informais tanto por moradores como por outros membros que por ali passaram, nesses depoimentos pudemos analisar as emoções e também as lembranças que ficaram da escola, enquanto um lugar de memórias. Além das entrevistas elaboramos também um questionário, que foi respondido por 08 membros escolares, 1 mãe, 5 alunos e duas professoras, sendo um professora que lecionou no início do funcionamento da escola e a outra no último ano, afim de recolhermos mais informações que pudessem auxiliar no nosso trabalho, infelizmente nenhum pai quis participar das entrevistas e apenas uma mãe aceitou responder o questionário. A primeira parte do roteiro da entrevista bem como do questionário tinha como intuito analisar sobre os motivos que levaram ao fechamento da Escola Otaviano de Souza Barros, e como a comunidade reagiu a tal procedimento, antes de apontarmos esses resultados, precisamos fazer um aparato sobre o processo de nucleação de escolas rurais de um modo geral. A política de fechamento das escolas rurais, não foi adotada apenas no município de São José da Tapera, ou no estado de Alagoas, é um procedimento que ocorre de modo geral em todo o país, tomaremos como base os dados do INEP 2014, que aponta para o fechamento de aproximadamente 37 mil escolas rurais nos últimos 15 anos no Brasil, utilizados por Borges.

(15) 15. 2016, no qual a mesma traz também o parágrafo único da lei 12.960, sancionada em 2014 que trata do fechamento de escolas rurais. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014.BRASIL, 1996.apud: Borges 2016, p. 46). ‘. Mesmo a lei 12.960, sendo sancionada depois que a Escola Otaviano de Souza Barros foi fechada, os dados que ela nos fornece são interessantes para entendermos em qual situação deve-se fechar escolas, e o que é preciso analisar antes que ocorra o procedimento, porém, mesmo dificultando a política de fechamento de escolas, a lei nem sempre entra em vigor, uma vez que para barrar esse procedimento é necessário que ocorra manifestação por parte da comunidade escolar, essa manifestação e a cobrança por escolas em sua comunidade é mais visível em escolas indígenas e quilombolas, com currículos diferenciados, quando se trata apenas de escolas no meio rural, sem um currículo voltado para o campo, como é o caso da Escola Otaviano de Souza Barros, há um certo conformismo por parte da comunidade, é o que percebemos a partir das bibliografias estudadas, bem como na coleta de nossa pesquisa. Em relação ao Estado de Alagoas, além de outras problemáticas que assolam a Educação, como analfabetismo, falta de estrutura nas escolas entre outros, o fechamento de escolas no campo, também se tornou uma política adotada pelo Estado sejam essas escolas estaduais ou municipais, de acordo com Silva: No que concerne a realidade do Estado de Alagoas, essa problemática toma rumos ainda mais discrepantes quando se remete a educação no campo, pois segundo dados dos Indicadores Demográfico Educacionais do Ministério da Educação (MEC, 2014) em um período de 7 anos foram fechadas 431 escolas do campo das redes municipais de ensino.(SILVA, 2015, p.117).. Dentre essas 431 escolas fechadas no Estado de Alagoas de 2007 até 2014, está a Escola Otaviano de Souza Barros, uma das primeiras a ser fechada no Município de São José da Tapera/AL. O procedimento para que as instituições escolares sejam fechadas, segundo Rodrigues, segue alguns critérios, a nucleação das escolas ocorre da seguinte forma:. Na primeira fase do ensino fundamental, se configura com o deslocamento de crianças e jovens das redes municipais e estaduais de ensino das escolas rurais, localizadas em comunidades que apresentam baixo número de matrículas ou caracterizadas como isoladas, devido à precária infraestrutura em relação às escolas de comunidades vizinhas melhores aparelhadas. (RODRIGUES, 2017, p. 709)..

(16) 16. Diante do conceito de nucleação, apresentado por Rodrigues, pudemos constatar que a Escola Municipal Otaviano de Souza Barros, obedecia a todos esses critérios, nesta escola funcionava a primeira etapa do ensino fundamental, ou seja, da 1ª a 4ª serie, em relação a estrutura, a escola não suportaria um grande número de alunos, tinha apenas 2 salas de aula, 1 cozinha e 1 banheiro, um dos critérios colocados pela gestão do município para fechar a escola, e que também é apontado por Rodrigues. O pequeno número de alunos por turmas colocado, por todos os depoentes como o principal motivo para que a escola fechasse é constatado nas imagens abaixo.. Figura 3- turma da 3ª série ano 2003 da Escola Otaviano de Souza Barros. Fonte: Rosicleide Pereira Santos.

(17) 17. Figura 4 - turma da 4ª série ano 2003. Fonte: Rosicleide Pereira Santos. De acordo com o professor José Agnaldo Anjos Barros, que também foi aluno e auxiliar administrativo da Escola Otaviano de Souza Barros, a escola foi fechada porque ‘‘precisava diminuir o quadro de professores, para que pudesse cada sala ter uma quantidade a partir de 25 alunos e a comunidade por ter poucos alunos, acabou tendo esse fechamento’’. Observamos nessas palavras, que os gestores almejam salas de aulas cada vez mais lotadas, o que dificulta o ensino aprendizagem desses alunos. O aluno Edivaldo Vieira Barros, nos explicou com mais detalhes os motivos que levaram ao fechamento da escola, de início deixa claro na sua entrevista o orgulho que teve em fazer parte daquela instituição, que era para a comunidade muito mais do que um espaço de escolarização:. Segundo esse pessoal, era pra fazer a contenção de gastos, dado que, a educação aqui no município da Tapera, tem um número de funcionário muito grande, ultrapassa a folha, e o fechamento se deu justamente nesse sentido, de contenção de gastos e também pelo quantitativo de alunos, desde que eu comecei a estudar lá naquela escola, a primeira serie era sempre só, mais as outras series eram multiseriadas, na minha época, estudava segundo e terceiro ou terceiro e quarta série, na época era série, então como a quantidade de aluno era pouco, a escola não... suportava evidentemente a quantidade de aluno, mais teria que se destinar mais funcionários, pra escola, auxiliar de serviços diversos, vigilante, professores, quando na verdade, por um desejo de se enxugar a folha, através da Secretaria de Educação, foi então dado o fechamento lá. (entrevista realizada em 11 de outubro de 2019)..

(18) 18. Para Edivaldo, o fechamento da escola foi uma perca para a comunidade pois era na escola onde tudo acontecia, as festas juninas, as celebrações de santa missa, e todos esses eventos unia a comunidade local e as comunidades vizinhas. A falta de luta da comunidade para a permanência da escola, de acordo com o mesmo, foi a falta de organização da comunidade:. A nossa comunidade ela não tem uma organização, não tem uma associação, não tem um grupo de moradores que pense com mais efervescência na defesa do espaço, que... tanto é que quando a escola foi fechada, o que a comunidade pensava, era que ali poderia se tornar um posto de saúde, ou doar para igreja e fazer a igreja, pra ser o centro da gente, mais no final foi fechada, caiu em ruínas, agora já não existe mais nada, só tem o espaço físico, e quando a gente passa lá diz: aqui tinha uma escola. (entrevista realizada em 11 de outubro de 2019).. Essas questões colocadas pelo entrevistado, é o que muitos da comunidade esperavam, mais que não veio a acontecer, o Sitio Alto do Angico, é um pequeno povoado, no qual atualmente vivem 25 famílias10, é uma comunidade que sofreu com o êxodo rural, de acordo com esse entrevistado, o que enfraqueceu o espirito de luta para que o espaço, no qual a Escola Otaviano de Souza Barros funcionava, se tornasse pelo menos, um espaço cultural ou religioso para a comunidade. A falta de expectativa dos pais, em relação a educação dos filhos no meio rural, é outro motivo que pode ter influenciado na falta de luta dos pais para a permanência da escola. A aluna Benigna Alves Barros Santana, estudou na Escola Otaviano de Souza Barros até 1982, nos seus relatos pudemos constatar um pouco do perfil dos pais e alunos no início do funcionamento da escola: Comecei a estudar a primeira série com 8 anos, e... gostava muito de estudar, nunca perdi um ano, graças a Deus, estudei até a quarta série, repeti a quarta série, passava de ano mais continuava estudando a quarta série, por que o meu pai não deixava a gente estudar na cidade, São José da Tapera, então eu gostava muito de estudar. (entrevista realizada em 21 de abril de 2019).. Além da falta de expectativa dos pais, os alunos do campo muitas vezes tem que conciliar o trabalho no campo e os estudos, esse foi o caso de Dona Benigna ‘‘a gente trabalhava de roça, como agricultora eu trabalhei muito, e eu achava bom quando ia pra escola a tarde por que a tarde a gente já não ia pra roça trabalhar, eu achava melhor estudar do que trabalhar’’. Conciliar o trabalho com os estudos, é um dos motivos para a evasão escolar, por que muitos não conseguem suportar essa rotina, no entanto, ao invés dos municípios de um modo geral incentivar essas crianças com uma educação mais acessível, a complicam cada vez mais, pois, 10. e-SUS Municipal/São José da Tapera.

(19) 19. o trajeto até a escola aumenta ainda mais o desgaste físico, dificultando assim na aprendizagem e levando a desistência desses alunos em concluírem seus estudos. Essas dificuldades são apontadas pela quarta entrevistada Elissandra Melo Barros, ela estudou na Escola Otaviano de Souza Barros entre os anos de 1994 e 1999, a repetição de série se deu pelo mesmo motivo da dona Benigna, o pai não deixou estudar na cidade de São José da Tapera. E de acordo com ela o fechamento da escola, dificultou e ainda dificulta o acesso à escola dos alunos da comunidade:. Foi ruim por que assim, as crianças pequenas sair da comunidade, pra outras comunidade fora aí fica muito difícil, por que são pequenos ainda, pra estarem em outras escola, por que hoje ainda dificulta até para os meus filhos, por que a gente mora em uma comunidade eles vão pra outra distante e fica muito complicado, dificulta muito.(entrevista realizada em 12 de outubro de 2019).. Essa dificuldade é também apresentada no trabalho de Veddramini 2015, com as escolas fechadas ‘‘os alunos têm que se deslocar para escolas mais distantes, em condições de transporte inseguro, irregular, inadequado para crianças e com longo trajeto e tempo de espera’’(p. 64). Esses aspectos que deixam em sua maioria de ser considerados, segundo Rodrigues, além de ‘‘afastar as crianças do acompanhamento dos pais e da participação comunitária, os mesmos não terão suas aprendizagens no local onde residem, e isto proporcionará um distanciamento das relações familiares, dos hábitos das famílias campesinas e da cultura local’’. (RODRIGUES, 2017, p. 716). Essa perca da cultura local com o fechamento da Escola Otaviano, fica claro nos depoimentos, o aluno Edivaldo Vieira Barros, exemplifica bem o que a Escola representava para a comunidade e o quão prejudicial foi seu fechamento.. [...]foi uma perca para nossa comunidade, que entre todas essas situações e bens comum de todos, que se tinha naquela comunidade, essa era o centro, era lá onde acontecia todos os eventos que a comunidade do Alto do Angico vivenciava, onde todo mundo podia chegar, onde era comum para todos, os maiores eventos, como por exemplo festa juninas, celebrações de santa missa, bingos, essas coisas de brincadeira, todo mundo se reunia na escola, então aquela escola não era apenas, o espaço de escolarização, ela era o espaço cultural da gente, e uma vez que ela foi fechada, a gente não perdeu só a escola, a gente perdeu o centro, o espaço que unificava todos[...]. (entrevista realizada em 11 de outubro de 2019)..

(20) 20. Figura 5 - apresentação natalina na Escola Otaviano de Souza Barros. Fonte: Rosicleide Pereira Santos. Figura 6 - apresentação do dia das mães. Fonte: Rosicleide Pereira Santos. Sobre as lembranças que ficaram da Escola Otaviano de Souza Barros, na memória daqueles que por ali passaram, as recordações que remetem a ordem sensorial se destacam, como o cheiro e o sabor da merenda, e também as comemorações. Sobre esses momentos, Pollak 1989, em sua pesquisa Memória, Esquecimento, silêncio, nos mostra que essas.

(21) 21. recordações são mostradas com maior precisão do que as datas. ‘‘As comemorações do dia das mães, das crianças’’, para a professora Rosicleide Pereira Santos, são suas principais recordações, assim como para dona Antônia aluna e também auxiliar de serviços gerais, que se recorda das festas juninas do qual participou, quando pergunto a ela sobre as datas que estudou e que trabalhou na Escola Otaviano de Souza Barros, ela não conseguiu lembrar, mais quando perguntei sobre um momento vivenciado na escola, que tenha marcado a vida dela, a resposta veio rapidamente, ‘‘tinha as quadrilhas pense como eu gostava (risos). Esses momentos se sobressaem, por que de acordo com Pollak ‘‘a memória é seletiva. Nem tudo fica gravado. Nem tudo fica registrado’’. (POLLAK, 1992, p. 203). Além das comemorações, os castigos e as vestimentas, foram os momentos marcantes vivenciados na instituição, mais citados por todos. Figura 7- ensaio junino na Escola Otaviano de Souza Barros. Fonte: Antônia dos Anjos Barros. As lembranças que os alunos têm da Escola Otaviano de Souza Barros, bem como dos professores, são sempre de gratidão, por tudo que aprenderam e vivenciaram na instituição, apesar de não se lembrarem das datas exatas que por lá passaram, o que é entendido por Pollak (1992) como normal, visto que a memória tem a função de lembrar, mas também de esquecer e silenciar momentos que marcaram a vida pessoal de cada um. Portanto, o espaço físico da escola com base em Pollak, 1992, seria um lugar de memória, para esses alunos, no qual eles.

(22) 22. poderiam olhar, e despertar todas as recordações que ficaram na sua memória da escola, no entanto, a escola foi demolida, apagando assim parte da história vivida por todos que ali passaram. A comunidade perdeu muito com fechamento da Escola Otaviano de Souza Barros, nas palavras do entrevistado Edivaldo Vieira Barros:. O que foi plantado na nossa pequena instituição Escola Otaviano de Souza Barros, foi de grande importância, foi ali que a gente aprendeu as primeiras letras e foi ali que a gente aprendeu a lutar e a galgar por espaços maiores e isso me emociona muito, por que ainda hoje eu tenho o maior carinho, maior respeito pelas meninas, as professoras, agora a gente trabalha no mesmo espaço juntos, mais a gente percebe assim a importância delas e a importância da escola como ela era importante pra gente, a gente perdeu o nosso maior bem, a escola do Alto do Angico era o maior bem daquela comunidade e a gente não lutamos e agora a gente começa a perceber que se nós tivéssemos lutado, ali seria uma outra coisa que não a escola, mais ainda assim seria o ponto de união daquela comunidade que agora não tem uma referência. (entrevista realizada em 11 de outubro de 2019).. As lembranças e as reflexões do entrevistado sobre esta instituição escolar reforçam a importância em se batalhar por a permanência das escolas no meio rural, pois além da educação, elas fortalecem o espirito de luta e união das comunidades rurais. Esse foi o único entrevistado que falou sobre a demolição, sobre a sua tentativa em tentar impedir que a escola fosse demolida, mais que infelizmente não foi atendida.. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A história das instituições escolares, enquanto campo historiográfico, nos permitiu reconstruir a história da Escola Otaviano de Souza Barros e compreender o que levou ao fechamento do prédio da escola. Além de ser o espaço de escolarização para os filhos dos moradores do Sítio Alto do Angico, a Escola Municipal Otaviano de Souza Barros era o lugar no qual aconteciam os ‘‘forrozinho de radiola no final de semana’’, o lugar no qual aconteciam as comemorações do dia dos pais, do dia das mães, dia das crianças, apresentações natalinas, as festas juninas, o catecismo, a santa missa, os batizados dos filhos dos moradores da comunidade, as reuniões preventivas, ou seja, a escola era o centro daquela comunidade, o lugar de encontros, no qual todos se uniam nos momentos mais importantes das suas vidas, mais infelizmente não se uniram para lutar pela permanência da escola na comunidade e muito menos para que a escola não fosse demolida..

(23) 23. Observamos que mesmo não havendo luta por parte da comunidade para que a escola continuasse funcionando, os entrevistados viram como ruim ou péssimo o fechamento da escola, seja pelo distanciamento que as crianças da comunidade tiveram que enfrentar até a próxima escola, seja pela perca do ponto unificador da comunidade que era aquela escola. Com isso concordamos com Rodrigues ao afirmar que ‘‘A nucleação das escolas do campo e o deslocamento para escolas distantes da sua comunidade desvinculam os sujeitos da sua forma de viver e da sua cultura, ou seja, de suas raízes’’. (RODRIGUES 2017, p.710). É esse pensamento que pudemos perceber nas pessoas entrevistadas, o distanciamento daquela comunidade de seus costumes, a partir do momento em que a escola deixa de funcionar. Por que não diferente de outras escolas a Escola Otaviano de Souza Barros era o ponto irradiador da comunidade. Contudo, percebemos que a escola por ser um espaço educacional, cultural e religioso para aquela comunidade foi um espaço de experiências e vivências, um lugar de memórias, e que, portanto, reconstruir a história desta instituição escolar e questionar sobre seu fechamento e demolição, reafirma a importância da nossa pesquisa..

(24) 24. REFERÊNCIAS BORGES, Vanusa Emilia. A representação social de moradores do entorno das escolas rurais paralisadas/extintas no município de Almirante Tamandaré – PR, 2016. CENSO ESCOLAR 2018 Disponível em:<https://www.qedu.org.br/cidade/5471-sao-jose-datapera/censoescolar?year=2018&localization=0&dependence=3&education_stage=0&item=outros>. Acessado em 02 de outubro de 2019. CENSO ESCOLAR 2010.Disponível em:< https://www.qedu.org.br/cidade/5471-sao-jose-datapera/censoescolar?year=2010&dependence=0&localization=2&education_stage=0&item=outros>. Acessado em 02 de outubro de 2019. CORREIA, Cícero. Elaborado por. Lista dos prefeitos do município de São José da Tapera/AL. DELGADO, Lucília de Almeida Neves. História oral- memória, tempos, identidades. – 2 ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2010. RIBEIRO, Jairo. Enfraquecido politicamente prefeito de Tapera escapa de cassação. Correio Notícia. Disponível em: https://correionoticia.com.br/post/jairo-ribeiro/enfraquecidopoliticamente-prefeito-de-tapera-escapa-da-cassacao-/28/24011. Acessado em 13 de novembro de 2019. MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. MPE encontra irregularidades em transporte escolar de São José da Tapera. Disponível em: https://www.alagoas24horas.com.br/1208921/mpeencontra-irregularidades-em-transporte-escolar-de-sao-jose-da-tapera/. Acessado em 13 de novembro de 2019. e-SUS Municipal/São José da Tapera. 2019. GATTI JÚNIOR, D.; VALE GATTI, G. C. A história das instituições escolares em revista: fundamentos conceituais, historiografia e aspectos da investigação recente. Educativa, v. 17, n. 2, 2015. POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol.-2, n. 3,1989, p.3-15. POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212. RODRIGUES, Ana Cláudia da et al. Nucleação de Escolas no Campo: conflitos entre formação e desenraizamento. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 42, n. 2, p. 707-728, 2017. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Atas de resultados finais São José da Tapera, ano 2007. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Atas de resultados finais São José da Tapera, ano 1976..

(25) 25. SILVA, Edilma José. Terra, Território e Educação: o fechamento das escolas no campo na mesorregião do Sertão de Alagoas. Sociedade e Território, Natal, vol. 27. Edição Especial I – XXII ENGA. p. 111-125, 2015. SILVA, João Carlos da. História da Educação: instituições escolares como objeto de pesquisa. Educere ET Educare. V.4, n. 8, p. 213-231, 2009. VENDRAMINI, Célia Regina. Qual o futuro das escolas no campo? Educação em Revista. Belo Horizonte v.31 n.03 p. 49-69, 2015..

(26) 26. APÊNDICE A- CARTA DE AUTORIZAÇÃO.

(27) 27. APÊNDICE B- ENTREVISTA COM A AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS Suzana: Hoje domingo 21 de abril de 2019, estou entrevistando a senhora Antônia dos Anjos Barros que ela vai contar um pouco sobre as memórias que ela tem, sobre a escola Otaviano de Souza Barros. Suzana: Dona Antônia, qual a sua relação com a escola Otaviano de Souza Barros? Dona Antônia: Eu era aluna da escola, passei quatro anos estudando, ai eu já era grande, já passei a ser funcionaria, fiz o concurso, passei e fiquei trabalhando, ai depois tinha o quinto ano o sexto, ai nós começamos a estudar novamente, era funcionária e trabalhava, estudava e trabalhava, ai quando foi depois, mudaram a escola fecharam a escola que não tinha mais aluno, os aluno era pouco ai botaram pra, Sussuarana ai nós passamos pra lá e fomos estudar lá e trabalhar. Suzana: Quais os motivos que levaram o fechamento da escola? Dona Antônia: O motivo era por que os alunos era pouco, ai tiveram que levar eles pra lá. Suzana: Tinha algum tipo de vandalismo na escola que ajudou a eles fecharem a escola, tipo a escola era destruída? Dona Antônia: Era a sempre, sempre era destruída, que foi num foi, roubava, ai esbagaçavam tudo, consertavam ai com dois dia tava tudo esbagaçado de novo, beiço de pista ai os ladrão aproveita mesmo. Suzana: Como a senhora avalia o fechamento desta escola? Dona Antônia: Pra mim foi muito ruim, por que a escola bem pertinho de casa né pra comparar, pra gente se deslocar daqui pra longe, pegando carro, no sol quente, nesses beiços de pista. Suzana: Houve luta da comunidade para a permanência da escola? Dona Antônia: A luta foi pouca por que... os alunos era pouco né ai... os pais queria que permanecesse ai mais... os alunos não queria e os professores levaram pra lá. Suzana: Para onde foram removidos os alunos e funcionários da escola?.

(28) 28. Dona Antônia: Pra escola Sussuarana, sei lá... eu nem sei como é o nome da escola, Bob Pierce, eu nunca aprendi dizer esse nome direito. Suzana: A senhora foi também trabalhar nessa escola? Dona Antônia: eu fui trabalhar lá, trabalhar e estudar lá. Suzana: Além da educação a escola exercia mais alguma função social para a comunidade? Dona Antônia: Tinha festinha, tinha missa, tinha catecismo, tinha quadrilha Suzana: Tudo isso aproximava a comunidade? Dona Antônia: Tudo isso aproximava a comunidade e o povo, incentivava mais. Suzana: Tem algum momento vivenciado na escola que marcou sua vida? Dona Antônia: Tinha as quadrilhas, pense como eu gostava (risos). Suzana: A senhora dançava também? Dona Antônia: Dançava também, eu só dançava quando faltava aluno, que as vezes faltava aluno, aí eu já era mais velha eu não gostava não de dançar, mais quando faltava aluno aí eu ia e completava. Suzana: O que a escola representava para a senhora? Dona Antônia: Muita coisa né, por que né bom a gente trabalhar ter seu empreguinho certo né, concursada, se divertir, até quando eu me aposentei senti até falta por que deixei de ir, ficava aquela diferença, acostumada muitos anos a gente trabalhando, trabalhava de manhã, outra hora trabalhava a tarde, mais enfrentava tranquila. Suzana: muito obrigada dona Antônia pela entrevista.

(29) 29. APÊNDICE C- CARTA DE AUTORIZAÇÃO.

(30) 30. APÊNDICE D- ENTREVISTA COM UMA ALUNA DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS Suzana: Hoje domingo 21 de abril de 2019, estou entrevistando a senhora Benigna Alves Barros Santana, onde ela vai falar um pouco sobre o fechamento da Escola Otaviano de Souza Barros. Suzana: Dona Benigna, qual a sua relação com escola Otaviano de Souza Barros? Dona Benigna: Era muito bom, porque assim... gostei muito de estudar... Suzana: Qual o tempo que a senhora estudou? Dona Benigna: Comecei a estudar a primeira série com 8 anos, e... gostava muito de estudar, nunca perdi um ano, graças a Deus, estudei até a quarta série, repeti a quarta série, passava de ano mais continuava estudando a quarta série, por que o meu pai não deixava a gente estudar na cidade, São José da Tapera, então eu gostava muito de estudar. Suzana: A senhora sabe quais foram os motivos que levaram o fechamento da escola? Dona Benigna: No meu ver, eu acho que foi fechado mais por que acontecia muito assalto na escola, tinha merenda, o pessoal levava a merenda, roubava bujão, eu acho mais que o motivo foi mais por causa disso também, e os alunos que estudavam gostavam dali, mais depois que passou pra estudar em Suçuarana eles gostavam de irem pra lá por causa que iam andarem de carro, os bixinhos num passeava muito de carro (risos) então eles achavam bom ir passear. Suzana: E esses transportes eram bons? Dona Benigna: Acho que sim, assim... eram aqueles carros, caminhonete. Nesse tempo eu já não estudava mais lá. Suzana: No caso a senhora estudou até que ano? Dona Benigna: Eu estudei até 82 Suzana: Como a senhora avalia o fechamento da escola? A senhora acha que foi bom pra comunidade, que ela deveria ter continuado? Dona Benigna: Eu achava melhor ter continuado por que a escola era perto de casa, perto dos alunos, no meu tempo quando eu estudava eu achava muito bom por que a tarde... a gente.

(31) 31. trabalhava de roça, como agricultora eu trabalhei muito, e eu achava bom quando ia pra escola a tarde por que a tarde a gente já não ia pra roça trabalhar, eu achava melhor estudar do que trabalhar. Suzana: Houve luta da comunidade para a permanência da escola? Dona Benigna: Não! Suzana: Os pais aceitaram facilmente que a escola fosse fechada? Dona Benigna: Os pais aceitaram, que com tanto roubo ninguém ia aguentar mais, quando amanhecia o dia a escola amanhecia arrombada que levavam as coisa merenda e tudo, ai os alunos não tinham do que merendar, ai acharam melhor irem estudar em Suçuarana, Pedra Miúda. Suzana: Esses foram os lugares que eles foram levados? Essas escolas eram perto? Dona Benigna: Era mais distante um pouco. Suzana: Além da Educação a escola exercia mais alguma função social para a comunidade? Dona Benigna: No meu tempo não, mais depois dos outros alunos mais novo, tinha missa... no meu tempo só tinha assim as vezes um forrozinho de radiola pra gente se divertir os domingo, no meio da semana não tinha não, ai as vez tinha assim fazia uma loteria que era aqueles bilhete de loteria pra dar aqueles prêmio, pra aqueles alunos, pra vê quem era que ganhava, então tinha assim esse divertimento, só assim nos dia de domingo, um forrozinho no final e pronto, era um divertimento pra comunidade. Suzana: Tem algum momento vivenciado na escola que marcou sua vida? As lembranças que ficaram da escola? Existe alguma assim que a senhora lembre? Dona Benigna: Não... sim só esses negócio de forró a gente gostava muito, as festinha que tinha, era o divertimento que a gente tinha os nossos pais não deixava a gente ir pra festa nem essas coisa assim, ai quando tinha assim esses forrozinho a gente ia satisfeita, e assim mesmo ainda tinha vez que os pai não deixava (risos). Suzana: O que a escola representava para a senhora? Dona Benigna: Muito bom, representava... as aula muito boa, as professora muito boa, a Maria Laudice Pereira, era uma professora excelente, Maria da Conceição também, e a Maria Melo, a.

(32) 32. última professora que eu estudei foi a Eva Gadi, outra professora muito boa foi a quarta série que eu estudei com ela, eu repeti três anos, mais nunca perdi um ano, repetia pra não ficar sem estudar, por que eu gostava muito de estudar. Suzana: Por que não tinha as outras séries? só na cidade. Dona Benigna: Só na cidade, não tive oportunidade de estudar na cidade, meu pai sempre dizia assim: aprendeu a ler uma carta e escrever outra, já tá bom demais, era o que ele dizia, por isso que não tenho muito estudo suficiente, assim se eu tivesse estudado mais eu tinha passado mais pra outras séries mais pra frente, 8° série, mais não estudei. Suzana: Muito obrigada pela entrevista dona Benigna. Dona Benigna: De nada..

(33) 33. APÊNDICE E- CARTA DE AUTORIZAÇÃO.

(34) 34. APÊNDICE F- ENTREVISTA COM O ALUNO DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS Suzana: Hoje 11 de outubro 2019, irei entrevistar Edivaldo Vieira Barros que é ex aluno da Escola Otaviano de Souza Barros. Suzana: Edivaldo qual a sua relação com a escola? E qual período que você fez parte da instituição? Edivaldo: A minha relação com a Escola Otaviano de Souza Barros, ela é uma relação além de aluno, dado que Otaviano era nosso bisavô, o nome dado a escola foi justamente o nome do bisavô da gente, e o terreno daquela escola, também era dele, foi uma doação que ele fez a prefeitura na época, no governo de Antônio Barros, que foi um prefeito que não foi eleito, mais foi indicado pelo governo na época, e a relação da gente foi, a partir de 91 que é quando eu começo estudar lá a primeira série, a professora Valdineide que também é parente, a relação toda nossa lá é de parentagem, e 91 até 95, 96 eu estudei naquela escola, então a nossa relação, ela se dá pela vontade de se estudar e também, com outros atrativos do tipo, a questão da religiosidade, que se centrava-se a questão da santa missa, no espaço, a catequese em 2002 eu fui catequista por lá, assim como outros parentes, então a nossa relação se dá nesse campo, no campo tanto educativo, através da escolarização, como também, como espaço educativo de forma religiosa, na religiosidade da gente que é o catolicismo. Suzana: E quais foram os motivos que levaram o fechamento da escola Otaviano? Edivaldo: O fechamento da escola ela se deu por volta de 2008, 2009, 2007 por aí, no governo de José Antônio e Francisca, a esposa dele secretaria de educação, eles fecharam uma serie de escola naquela época, como estão fechando também agora no governo atual deles, a ideia de se fechar aquela escola, segundo esse pessoal, era pra fazer a contenção de gastos, dado que, a educação aqui no município da Tapera, tem um número de funcionário muito grande, ultrapassa a folha, e o fechamento se deu justamente nesse sentido, de contenção de gastos e também pelo quantitativo de alunos, desde que eu comecei a estudar lá naquela escola, a primeira serie era sempre só, mais as outras series eram multiseriadas, na minha época, estudava segundo e terceiro ou terceiro e quarta série, na época era série, então como a quantidade de aluno era pouco, a escola não... suportava evidentemente a quantidade de aluno, mais teria que se destinar mais funcionários, pra escola, auxiliar de serviços diversos, vigilante, professores, quando na.

(35) 35. verdade, por um desejo de se enxugar a folha, através da Secretaria de Educação, foi então dado o fechamento lá, por conta dessa situação. Suzana: Como você avalia o fechamento da escola? Edivaldo: Bem foi uma perca para nossa comunidade, que entre todas essas situações e bens comum de todos, que se tinha naquela comunidade, essa era o centro, era lá onde acontecia todos os eventos que a comunidade do Alto do Angico vivenciava, onde todo mundo podia chegar, onde era comum para todos, os maiores eventos, como por exemplo festa juninas, celebrações de santa missa, bingos, essas coisas de brincadeira, todo mundo se reunia na escola, então aquela escola não era apenas, o espaço de escolarização, ela era o espaço cultural da gente, e uma vez que ela foi fechada, a gente não perdeu só a escola, a gente perdeu o centro, o espaço que unificava todos, independe das intrigas da comunidade, fulano, não falava com fulano, mais na hora que ia lá pra escola, aí todo mundo ia junto, então era um espaço que fazia a comunhão da comunidade, não só da nossa, mais das outras comunidades que estavam ali adjacentes, que também comungavam das mesmas ideias, vinha o pessoal de Batatas, Bom Jardim, uma parte do Medeiro também, Saco Bonito vinha pra cá, tanto é que quando fecharam a casa que tinha uma escola lá em Saco Bonito, os alunos de Saco Bonito vinham pra cá, por que a escola do Alto do Angico ela era muito grande. Suzana: Houve luta da comunidade para que não houvesse o fechamento da escola? Edivaldo: Não, e se houve eu não tenho assim a compreensão de que houve, sei que ficamos tristes, e muito se reclamavam por conta das crianças que teriam que sair da comunidade e ir para uma outra mais distante, como foi no caso de muitos parentes nossos que deixaram de estudar lá e foram estudar, em Pedra Miúda ou... em Sussuarana, e ai era mais distante, precisaria de transporte e ai a prefeitura disponibiliza o transporte, mais a gente ficava com aquele pé atrás, será mesmo que vão garantir que os meninos possam estudar? E foi garantido. Suzana: E o transporte, as condições dos transportes seriam boas ou ruins? Edivaldo: Isso, todas essas questões foram colocadas pela gente, evidentemente que o transporte ocorreu, num é o melhor transporte, dado que é muitas crianças, mais enfim... foram, mais foi difícil pra gente, eu penso aqui não como um ser humano observador do fato, mais como alguém que comungou e que viveu toda essa perca, juntamente com os parentes, com a mãe, com o pai, com o primo com o vizinho, todos nós ficamos assim triste, mais não houve uma organização de luta..

(36) 36. Suzana: Até por que vai da conscientização da comunidade, em aceitar tudo que é imposto... Edivaldo: Isso, o fato... Suzana de não ter luta é justamente, por que a nossa comunidade ela não tem uma organização, não tem uma associação, não tem um grupo de moradores que pense com mais efervescência na defesa do espaço, que... tanto é que quando a escola foi fechada, o que a comunidade pensava, era que ali poderia se tornar um posto de saúde, ou doar para igreja e fazer a igreja, pra ser o centro da gente, mais no final foi fechada, caiu em ruínas, agora já não existe mais nada, só tem o espaço físico, e quando a gente passa lá diz: aqui tinha uma escola. Suzana: Você já citou vários momentos, mais assim qual um que teria te marcado mais? Edivaldo: Ora, foram tantos momentos eu até me arrepio de pensar nos momentos, por que foi o primeiro contato com alguém que não era da minha família, eu lembro que como os meus irmãos, nós temos uma quantidade muito grande de irmãos, íamos todos nós para lá, e nessas andanças, umas das coisas que mais me apaixonou, foi no primeiro contato, eu lembro que o meu primeiro contato com aquela escola e com a professora Valdineide que é nossa parente, nossa prima, eu me apaixonei da maneira que ela ensinava, eu corria atrás dela assim, pra onde ela ia eu ia atrás, uma vez eu até deixei de ir pra casa, e ela morava de um lado da rodovia e a gente morava do outro, e eu fui andando por dentro dos matos atrás dela, por que eu tinha uma paixão tão grande, e eu achava bacana a maneira como ela ensinava pra gente, e hoje também com o magistério, como professor eu começo a observar como foi importante o contato com ela e o que ela me fez ser, tanto é que as primeiras letras foram ela que me ensinou e assim esse contato foi muito excelente, existe outros o momento de uma peça que ainda hoje está gravado em mim quando eu tinha sete anos, oito anos, numa festa de final de ano, que a gente apresentava e falava do natal, já foi com a professora Rosicleide, que foi a minha segunda professora, e acredito que foi sua também, de quase todo mundo, nesse contato era muito bom, as brincadeiras, as correrias, na roba bandeiras que a gente fazia, foram momentos assim excelentes, eu lembro dos hinos que a gente tinha que cantar da sexta feira, lembro também de fatos assim interessantes que não se dá somente pelas professoras mais também pelas serviçais, Pureza, Toinha, Roseane quando lá vinham elas com a panela na cabeça, e a gente já sabia que vinha a merenda e a merenda era boa, ela cozinhava na casa dela, e trazia, não sei como ela trazia aquela panela tão grande na cabeça, depois assim um outro fato que me lembra foi de uma vez que furei a cabeça, que a gente tava brincando e topou um no outro, furou a cabeça, mais eu morria de medo da minha mãe, minha mãe era brava, quem não tinha, naquela época, a vara da infância e da adolescência era uma vara de catingueira, não é como essa de hoje, e.

(37) 37. assim, a gente era obediente a professora lembro como se fosse agora, mais foram momentos assim que foram muito importantes e nos constituiu pessoas decentes e lutadoras. Suzana: Até por que se a gente for olhar assim, a maioria dos alunos que passaram por ali, hoje, uma boa parte seguiu a Educação... Edivaldo: Sim, sim é um exemplo assim que foi uma pessoa que ajudou muito a gente foram os meninos de Roseane o professor Agnaldo, Rosangela, que eles eram exemplo, como eles foram os primeiros a estudar na rua, como a gente dizia quando terminava lá a quarta série vou estudar na rua, era estudar na escola da cidade, então eles foram os desbravadores, depois veio a gente, e esses exemplos esse contato com essas pessoas nos ajudaram muito, e na maioria, não vamos dizer todos por que todos não foram, por exemplo, meus irmãos, muitos não quiseram estudar, os que quiseram estudar foram depois de mim, e aí a gente perceber que uma pessoa que estudou naquela escola, e não tinha tanta visão e não foi de ter tanta visão, mais era necessário para gente, chegar a ir para Universidade ser um filho de pessoa pobre trabalhador da roça que não tem recurso nenhum, chegar no sábado não saber o que ter para comprar e conseguir chegar a Universidade como você chegou agora, como eu já cheguei algum tempo, como Agnaldo foi entre outros, a gente começa a perceber que o que foi plantado na nossa pequena instituição Escola Otaviano de Souza Barros, foi de grande importância, foi ali que a gente aprendeu as primeiras letras e foi ali que a gente aprendeu a lutar e a galgar por espaços maiores e isso me emociona muito, por que ainda hoje eu tenho o maior carinho, maior respeito pelas meninas, as professoras, agora a gente trabalha no mesmo espaço juntos, mais a gente percebe assim a importância delas e a importância da escola como ela era importante pra gente, a gente perdeu o nosso maior bem, a escola do Alto do Angico era o maior bem daquela comunidade e a gente não lutamos e agora a gente começa a perceber que se nós tivéssemos lutado, ali seria uma outra coisa que não a escola, mais ainda assim seria o ponto de união daquela comunidade que agora não tem uma referência, os filhos que estudaram saíram, deixaram a comunidade fizeram o êxodo rural, fomos para a cidade, fomos trabalhar e lá tá os nossos avós, os nossos pais que ainda permanecessem, mais a referência agora é outra e essa referência não é na comunidade é onde a gente está, a gente perdeu muito com isso. Suzana: O que a escola representava para você? Edivaldo: A escola representava um bem assim tão grande e aí eu fico lembrando daquela sala a maior e depois foi construída aquela menorzinha, e ali foi um espaço assim de muita brincadeira, de muito aprendizado e o jeito da gente se unir, vinha ali os meninos das Batatas,.

(38) 38. as brigas que a gente tinha... como lá em casa era muita gente, a gente parecia assim os donos, um outro ponto que eu tô lembrando aqui Suzana, era que lá na primeira segunda série como lá em casa era muita gente, e como minha mãe como você sabe não era de muitas posses a gente definia basicamente a farda escola, por que mamãe comprava... ai éramos o que? 11 filhos estudando, mamãe costureira, mamãe fazia a farda da gente e todo o resto da escola parecia que tinha que pegar aquela farda, por que lá de casa já vinha quatro, cinco menino com a mesma roupa, só mudava a bolsinha, os meninos era com a camisa rosa e a calça azul, as meninas com a saia, eu lembro qual era até a sainha, que era uma saia de secretaria que até hoje usa, mamãe já era chique, ai a gente definia a farda da escola, e era muito bacana, mais não é que a gente queria definir a farda da escola, era por que a gente não tinha mesmo recurso e aquela, era de andar o ano inteiro, e todo os outros se aproximava desse, essa é uma memória assim que ainda eu tenho hoje, eu tinha uma raiva disso, por que tinha que vestir a mesma roupa, mais era o que tinha, é uma lembrança bacana que eu lembro, eu tenho várias lembranças, que vai me suscitando assim a cada momento, esses dias eu tava pensando num pouquinho disso, eu lembro que uma parente minha, foi uma das primeiras brigas que eu tive isolada assim, além das questões boas também tinha as partes não tão boas, e isso era muito importante pra gente, o primeiro intrigado também foi na escola, depois a gente já adulto, a gente se encontrou, eita rapaz se lembra daquele fato que eu fiz uma brincadeira ele foi contar a Cleide, aí Cleide ficou muito brava, naquela época a gente tinha um respeito pelo professor como se o professor fosse o nosso pai ou a nossa mãe, e assim quando mamãe vinha na escola, ela já chegava na porta e dizia: olhe, daqui pra fora eu sou a mãe daqui é ela. E a gente tinha esse respeito pelos professores que é diferente da atualidade, a gente percebe que hoje a juventude eles não têm mais aquela obediência, aquele respeito, na verdade que falta é mesmo respeito pelos professores, como nós tínhamos na década de 90. Suzana: Não tenho mais perguntas se quiser acrescentar mais alguma coisa. Edivaldo: Pronto eu fiquei, assim pensando, quando começou a demolir a escola, que algumas pessoas da vizinhança vieram e um pegava a telha outro pegava a porta e não houve nenhuma intervenção por parte do poder público, inclusive no momento eu sentei com o prefeito e conversei; prefeito não permita que a escola seja demolida e que a gente fique sem aquela referência, e aí você sabe que no meio público, especificamente nessa parte de administração, eles não valorizam tanto como a gente, poderia ser valorizado, a valorização de certa forma ela foi abolida da gente e a gente perdeu muito, muito, muito mesmo..

(39) 39. Suzana: Obrigada pela entrevista Edivaldo vai me ajudar bastante Edivaldo: Tá certo Suzana, eu que agradeço, a sua escolha em poder conversar um pouquinho comigo e quero dizer que estou à disposição para o que puder.. APÊNDICE G- CARTA DE AUTORIZAÇÃO.

(40) 40. APÊNDICE H- ENTREVISTA COM A ALUNA ELISSANDRA DA ESCOLA OTAVIANO DE SOUZA BARROS.

Referências

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