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Florística de plantas vasculares dos estratos herbáceo e arbustivo da Ilha do Arvoredo – Santa Catarina, Brasil

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Santa Catarina

Rennan Lopes Chagas

Florística de plantas vasculares dos estratos herbáceo e arbustivo da Ilha do

Arvoredo – Santa Catarina, Brasil

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Florianópolis 2019

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Rennan Lopes Chagas

Florística de plantas vasculares dos estratos herbáceo e arbustivo da Ilha do Arvoredo – Santa Catarina, Brasil

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Biológicas do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Licenciado em Ciências Biológicas

Orientador: Profª. Dr. Mayara Krasinski Caddah Coorientador: Ma. Anelise Nuernberg da Silva

Florianópolis 2019

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Ficha de identificação da obra

Chagas, Rennan Lopes

Florística de plantas vasculares dos estratos herbáceo earbustivo da Ilha do Arvoredo – Santa Catarina, Brasil /Rennan Lopes Chagas ; orientadora, Mayara KrasinskiCaddah, coorientadora, Anelise Nuernberg da Silva, 2019. 56 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Graduação em Ciências Biológicas, Florianópolis,2019.

Inclui referências.

1. Ciências Biológicas. 2. Mata Atlântica. 3. Ilha doArvoredo. 4. Florística. 5. Ervas, arbustos, trepadeiras eepífitas. I. Krasinski Caddah, Mayara. II. Nuernberg daSilva, Anelise. III. Universidade Federal de SantaCatarina. Graduação em Ciências Biológicas. IV. Título.

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Rennan Lopes Chagas

Florística de plantas vasculares dos estratos herbáceo e arbustivo da Ilha do Arvoredo – Santa Catarina, Brasil

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Licenciado em Ciências Biológicas” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Ciências

Biológicas.

Florianópolis, 10 de julho de 2019.

________________________ Prof. Carlos Roberto Zanetti, Dr

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Mayara Krasinski Caddah, Dra

Presidente da banca - Orientadora ________________________ Ma. Anelise Nuernberg da Silva

Coorientadora

________________________ Prof. Rafael Trevisan, Dr.

Avaliador

________________________ Profª Julia Meirelles, Dra.

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Este trabalho é dedicado aos meus colegas de laboratório, amigos, à minha mãe e irmãos.

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AGRADECIMENTOS

Esse trabalho tornou-se possível com a ajuda direta e indireta de diversas pessoas. Tanto pessoas que ajudaram na confecção dos dados, do texto, quanto pessoas que me apoiaram e me levaram à sério durante esse percurso de formação. Sem essas pessoas, eu não seria quem eu sou hoje.

Agradeço primeiramente à minha mãe Mônica Lopes Chagas, que de forma incondicional esteve apoiando tanto motivacionalmente quanto financeiramente os meus estudos na Universidade Federal.

Aos meus irmãos, Danniel e Brunno.

Aos meus colegas de laboratório, Fernando Cabral, Mariana Wagner, Júlia Meirelles, Rafael Trevisan e minha orientadora Mayara e coorientadora Anelise que se mantiveram dispostos constantemente para auxiliar nas minhas identificações e confirmação das espécies, além de indicações de material para leitura.

Aos meus amigos da biologia, que tornaram o percurso da graduação infinitamente mais agradável.

À Caroline Schmitz que também, de forma compreensível e amável, esteve me motivando a nunca desistir e dar o meu melhor.

Ao ICMBio que tornou possível as saídas de campo com todo o apoio oferecido com transportes, guias e equipamentos de campo para as expedições à ilha do Arvoredo.

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RESUMO

A Mata Atlântica é reconhecida como um dos biomas de maior biodiversidade do planeta, porém, é também um dos mais degradados por conta da expansão urbana brasileira. Por se localizar geograficamente principalmente região costeira do Brasil, foi o primeiro bioma a sofrer com a colonização portuguesa no séc. XV. A Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente ao seu tamanho, a maior diversidade biológica do país. Os levantamentos florísticos são trabalhos basais de imprescindível importância para uma documentação espacial e temporal da flora de determinada região geográfica e se constituem como a etapa inicial do conhecimento ecossistêmico local, fundamentando a realização de trabalhos biológicos futuros. Levantamentos florísticos florestais com enfoque em sinúsias não-arbóreas não são comuns, devido à importância econômica das árvores. Dentro de uma Unidade de Conservação, tal trabalho é excepcionalmente importante, pois seus resultados podem ser usados no manejo da unidade e justificar ações de conservação necessárias à preservação da biodiversidade. Dentro da REBio Arvoredo, os trabalhos realizados com o componente vegetal terrícola são ainda incipientes e insuficientes e, portanto, é necessário que se conheça melhor a flora vascular da Reserva, a começar por sua maior e mais diversa ilha, a Ilha do Arvoredo, que poderá servir de subsídio a estudos nas ilhas menores da REBio. Nesse trabalho foram totalizadas 189 plantas coletadas em duas fitofisionomias (floresta ombrófila densa e restinga), abrangendo um número maior que a metade das 195 espécies identificadas no antigo plano de manejo, confirmando a alta riqueza de espécies na ilha do Arvoredo, incluindo uma espécie considerada vulnerável na lista vermelha da CNCFlora (Mendozia velloziana (Mart.) Nees.). Porém mesmo com o esforço amostral, ainda não foi alcançado uma suficiência amostral, indicando que ainda há uma riqueza desconhecida na ilha que poderá ser futuramente estudada em outros estudos.

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ABSTRACT

The Atlantic Forest is recognized as one of the most biodiverse biomes on the planet, but it is also one of the most degraded due to the Brazilian urban expansion. Because it is geographically located mainly in the coastal region of Brazil, it was the first biome to suffer with Portuguese colonization in the 19th century. XV. The Atlantic Forest presents, in proportion to its size, the greatest biological diversity in the country. The floristic surveys are basic works of essential importance for a spatial and temporal documentation of the flora of a certain geographic region and constitute as the initial stage of the local ecosystem knowledge, grounding the realization of future biological works. Forest floristic surveys with a focus on non-arboreal sinus are not common due to the economic importance of trees. Within a Conservation Unit, such work is exceptionally important because its results can be used in the management of the unit and justify conservation actions necessary for the preservation of biodiversity. Within REBio Arvoredo, the work carried out with the terrestrial vegetable component is still incipient and insufficient and, therefore, it is necessary to know better the vascular flora of the Reserve, starting with its larger and more diverse island, Arvoredo Island, which may serve as a subsidy for studies on the smaller islands of REBio. In this work, 189 plants were collected in two phytophysiognomies (dense ombrophylous and restinga forest), covering a number greater than half of the 195 species identified in the old management plan, confirming the high species richness in Arvoredo Island, including a species considered vulnerable in the red list of CNCFlora (Mendozia velloziana (Mart.) Nees.). However, even with the sample effort, a sample sufficiency has not yet been reached, indicating that there is still unknown wealth on the island that may be studied in other studies in the future.

Keywords:​ 1. Dense Ombrophilous Forest. 2. Restinga. 3. Arvoredo Island

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – ​Localidade de cada ilha no arquipélago da REBio Arvoredo. 21 Figura 2 - Mapa de Santa Catarina, seguido da posição geográfica da REBio Arvoredo em

imagem de mapa e de satélite. 22

Figura 3 - ​Track ​da trilha usado para amostragem em diversos ângulos, representando área

abrangida 23

Figura 4 - As famílias mais ricas da Ilha do Arvoredo, representadas no estrato herbáceo-arbustivo comparadas com suas correspondentes em outros trabalhos. 27 Figura 5 - Algumas das plantas coletadas nas regiões de restinga no Rancho Norte e Baía do Engenho. 29 Figura 6 - Algumas das plantas coletadas na região de Floresta Ombrófila Densa. 31 Figura 7 - Curva do coletor com as coletas de ervas, arbustos e trepadeiras realizadas para este

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista da espécies de ervas, arbustos, trepadeiras e epífitas encontrados na Ilha do

Arvoredo, Santa Catarina. 32

Tabela 2 - Espécies coletadas e identificadas na ilha do Arvoredo no atual trabalho e presença no Plano de Manejo, Ponta do Araçá, Macaé de Cima e ilha da Queimada Grande . 38 Tabela 3 - Lista de espécies arbóreas encontradas na ilha do Arvoredo. 41 Tabela 4 - Lista das espécies de samambaias encontrados na Ilha do Arvoredo. 43 Tabela 5 - Espécies de samambaias da ilha do Arvoredo compartilhadas com o plano de Manejo, com Macaé de Cima e com a Ilha da Queimada Grande. 44

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 15 1.1 OBJETIVOS 20 1.1.1 Objetivo Geral 20 1.1.2 Objetivos Específicos 20 2 Material e Métodos 21 2.1 Área de estudo 21 2.2. Logística 24 2.3. Coletas e identificação 25 3 Resultados e discussão 26 3.1. Fitofisionomias 27 3.2. Composição florística 31 4 Considerações finais 45 REFERÊNCIAS 47

APÊNDICE A – Herbário fotográfico 50

APÊNDICE B - As famílias mais ricas de samambaias da Ilha do Arvoredo comparadas com suas correspondentes em outros trabalhos. 53

ANEXO A – ​Lista de plantas incluídas no plano de manejo da Ilha do Arvoredo

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1. INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é conhecida como um dos biomas de maior biodiversidade do planeta, porém, é também um dos mais degradados pela ocupação humana em nosso país (MYERS, et al. 2000). Por se localizar geograficamente na região costeira, sofreu e continua a sofrer com retirada seletiva de espécies de forma exploratória, poluição, fragmentação, desmatamento para expansão urbana, agricultura e pecuária (CAMPANILI, 2010). A Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente ao seu tamanho, a maior diversidade biológica do país (CAMPANILI, 2010). Mesmo reduzida e muito fragmentada, estima-se que haja aproximadamente 20.000 angiospermas em seu território, constituindo 6,7% de todas as espécies do mundo e o equivalente a cerca de 33% a 36% de todas as espécies que existem no Brasil, sendo 6.663 (49%) dessas espécies consideradas endêmicas e muito susceptíveis à impactos da atividade humana e também à extinção.

Segundo o Ministério do Meio ambiente (2010), no primeiro contato dos Europeus com a Mata Atlântica, o bioma ocupava cerca de 1,3 milhões de km² ao longo da costa atlântica brasileira, o equivalente à aproximadamente 15% de todo o território nacional. Junto disso, estimativas do IBGE de 2014, compiladas pela Fundação SOS Mata Atlântica (2016), vivem no território da Mata Atlântica atualmente quase 72% da população brasileira. São mais de 145 milhões de habitantes em 3.429 municípios em 17 estados diferentes, resultando em uma alta expansão urbana e levando este bioma a ser reduzido a um remanescente de 29%, incluindo os diversos estágios de regeneração e ecossistemas associados da cobertura original do bioma, devido à ocupação e atividade humana. Agora separando somente os remanescentes bem conservados dessa região original, com base no mapa dos remanescentes florestais costeiros (SOS MA-INPE, 2018), restam somente 12,5% da área original do bioma. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2016), a Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista, Estacional Decidual e Estacional Semidecidual) e ecossistemas associados, (como restingas, manguezais e campos de altitude). Tomando como base o mapa fitogeográfico de Santa Catarina, elaborado por Klein (1978), Vibrans ​et al​. (2013) estimaram que a região fitoecológica da Floresta Ombrófila Densa cobria originalmente uma área de aproximadamente 29.300,00 km² no estado de Santa Catarina, o equivalente a quase 31% da superfície do estado. Atualmente, porém, restam desta floresta apenas 17,41% da cobertura

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original no estado de Santa Catarina Vibrans ​et al​. (2013). Estes dados evidenciam a pressão antrópica sofrida por esse bioma.

O padre Raulino Reitz e o ecólogo Roberto Miguel Klein alavancaram a produção da obra mais completa acerca da flora e vegetação estadual de Santa Catarina, tornando o estado um pioneiro, com reconhecimento internacional, no estudo de flora. O conhecimento da flora do estado de Santa Catarina estima-se de alcançar atualmente cerca de 90% do total de espécies que ocorrem em todas as formações vegetacionais (KLEIN, 1978). Em Santa Catarina, atualmente são reconhecidas 4.753 espécies de angiospermas, sendo dessas 182 endêmicas, 467 espécies de samambaias de licófitas, com 2 endêmicas (LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL, 2015), com uma estimativa alcançando 6.500 espécies (REIS et al. 2011).

Os dados mais recentes compilados de 2016 a 2017 mostraram uma queda substancial do desmatamento da Mata Atlântica (SOS-MA, 2018), quando foram destruídos cerca de 125 km² nos 17 estados deste bioma, números que foram os menores da história deste o monitoramento. Para comparação, no intervalo de 2015 a 2016, o alcance do desmatamento alcançou quase 300 km². Mas mesmo com esse decréscimo, é importante, para que o índice de desmatamento continue decaindo, que ainda haja estudos de flora e licenciamento, propiciando uma base para o diálogo entre pesquisadores e a sociedade, em especial com os proprietários de terra, governos e empresas, principalmente no estado político-social em que o Brasil se encontra.

Parcelas significativas deste bioma foram reconhecidas como Patrimônio Mundial pela ONU e consideradas como Sítios Naturais do Patrimônio Mundial e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO. Além disso tudo, a Constituição Federal Brasileira de 1988 considera a Mata Atlântica como um Patrimônio Nacional (SOS MA- INPE, 2008). A Mata Atlântica faz parte de uma das cinco regiões que possuem a maior concentração de biodiversidade de todo o planeta, onde junto da região da Sonda, Caribe, Andes tropicais e Madagascar, possuem 20% de todas as espécies de plantas do mundo. Esses são considerados os 5 ​hotspots mais importantes da Terra, de um total de 25. ​Hotspots são qualificados como um ecossistema que perdeu 70% ou mais da sua vegetação primária, sendo assim um habitat que contém uma maior quantidade de espécies endêmicas (MYERS, et al. 2000). Das sete espécies brasileiras consideradas extintas no final do século XX, todas encontravam-se distribuídas pela Mata Atlântica (BRASIL, 1998), e 83% (529) do total das espécies

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reconhecidas como ameaçadas de extinção são endêmicas desse bioma, com 356 distribuídas pela Floresta Ombrófila Densa. Essa formação constitui pouco mais de 18% da área total da Mata Atlântica e possui cerca de 57% de toda a riqueza do bioma e 71% de suas espécies são endêmicas (STEHMANN et al., 2009).

De acordo com dados do IBGE (2004), o estado de Santa Catarina faz parte dos 17 estados por onde o bioma da Mata Atlântica se estende e está situado inteiramente neste bioma. Esse estado segue possuindo a segunda maior porcentagem de área original do Bioma preservada, com aproximadamente 30% do território preservado, segundo os dados mais recentes do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (SOS MA-INPE, 2018). Mesmo com um número representativo, os remanescentes deste bioma estão muito fragmentados, com o trabalho de Vibrans et al. (2013) trazendo dados de que cerca de 80% desses remanescentes estão com uma área inferior a 0,5 km².

Muitas das formações florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica trazidas pelo Ministério do Meio Ambiente (2016) estão representadas em Santa Catarina pelos dados trazidos pelo IBGE (2012). Essas são: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista (ou Florestas de Araucárias), Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, estepes (ou campos) e sistema Edáfico de Primeira Ocupação (vegetações pioneiras). Pelo Mapa Fitogeográfico de Santa Catarina (KLEIN, 1978), a vegetação mapeada do estado foi delimitada como Floresta Tropical Atlântica, Floresta de Araucárias e Faxinais, Floresta Subtropical do Rio Uruguai, Floresta Nebular, Campos do Planalto (ou campos de altitude) e toda a vegetação litorânea, incluindo restingas e mangues.

Ecossistemas próximos de grandes populações estão sempre sujeitos a sofrerem graves impactos, e a falta de informações ecológicas sobre as espécies endêmicas, raras ou ameaçadas acentua a importância das Unidades de Conservação deste Bioma no estado de Santa Catarina. Mesmo sendo o segundo estado que menos desmata a Mata Atlântica, o aumento notável da população traz consigo uma urbanização preocupante nas últimas décadas no litoral catarinense, acarretando uma grande perda de habitat e comprometimento dos ambientes litorâneo. Em Santa Catarina, de acordo com o ICMBio (2012), não muito mais que 2% da área original está protegida nas unidades de conservação, sendo 16 federais, 11 estaduais, 13 municipais, 4 particulares e 30 não enquadradas no SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) e SEUC (Sistema Estadual de Unidades de Conservação) como disponibilizado pelo Ministério Público de Santa Catarina (sem acesso à data) em um

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compilado de informações do ICMBio (2012) e FATMA (2012), com todas classificadas na categoria de sustentáveis, com pequenas dimensões.

A Ilha do Arvoredo se insere neste contexto, e passou a ser utilizada como local de uso humano em 1877, a partir da instalação do farol, e com ele, as famílias dos faroleiros, que utilizavam as terras para plantar, uma vez que a chegada de mantimentos era difícil (STRENZEL, 1997). No entanto, a utilização daquelas terras em maior escala parece ter iniciado após 1953, com a realização de queimadas ocorrendo ainda décadas depois, dificultando a recomposição da vegetação original nas áreas ocupadas (STRENZEL, 1997).

A pesca artesanal e, posteriormente, comercial, e a exploração do ambiente das ilhas do arquipélago do Arvoredo se intensificou com o aumento populacional e do potencial turístico das regiões de entorno, com a difusão das práticas de mergulho que utilizavam amplamente as ilhas e seu entorno até a criação, em 1990, de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (REBio Arvoredo), privando a área destinada à reserva de interferência humana direta.

Alguns poucos estudos sobre plantas vasculares foram realizados na REBio Arvoredo após a sua criação, dentre eles, foi produzido um Plano de Manejo lançado em 2004, onde neste plano foram listadas na ilha um total 195 espécies, como afirmado no site oficial do ICMBio. Entretanto, pela diversidade apresentada pela Floresta Ombrófila Densa e pela vegetação de restinga, além da pequena quantidade de epífitas e samambaias e algumas espécies raras presentes nesta lista, acredita-se que um esforço amostral mais sistemático poderá aumentar o conhecimento da flora vascular deste remanescente ímpar de Mata Atlântica.

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Os levantamentos florísticos são trabalhos basais para a compreensão da composição da flora de determinada região geográfica e se constituem como a etapa inicial do conhecimento ecossistêmico local, fundamentando a realização de trabalhos biológicos futuros. Dentro de uma Unidade de Conservação, tal trabalho é ainda mais importante, pois seus resultados podem ser usados no manejo da unidade e justificar ações de conservação necessárias à preservação da biodiversidade. Dentro da REBio Arvoredo, os trabalhos realizados com o componente vegetal terrícola são ainda incipientes e insuficientes e, portanto, é necessário que se conheça melhor a flora vascular da Reserva, a começar por sua maior e mais diversa ilha, a Ilha do Arvoredo, que poderá servir de subsídio a estudos nas ilhas menores.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

● Ampliar o conhecimento da flora vascular da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, por meio da produção de um levantamento florístico com foco nas espécies herbáceas e arbustivas da maior ilha da reserva, a Ilha do Arvoredo, amostrando em casos excepcionais espécies arbóreas que se desenvolveram como arbustos ou que somente eram materiais floridos e de fácil coleta. Também será realizada a comparação com outros trabalhos florísticos similares no território continental e um em território insular.

1.1.2 Objetivos Específicos

● Coletar espécimes que estiverem férteis nos caminhos a serem percorridos na Ilha do Arvoredo, com algumas exceções de indivíduos estéreis de fácil identificação, priorizando espécies herbáceas e arbustivas;

● Identificar todos os espécimes até a categoria taxonômica de espécie;

● Depositar os espécimes coletados no Herbário FLOR, ampliando significativamente o número de coletas provenientes desta localidade incorporadas a coleções biológicas; ● Produzir uma listagem das espécies da Ilha do Arvoredo, classificando por suas

respectivas famílias segundo o sistema de classificação APG III (2016) e samambaias segundo o modelo filogenético da Botânica Criptogâmica (SMITH, 1979;

● Avaliar a existência de registros novos para o estado de Santa Catarina; ● Avaliar a ocorrência na ilha de espécies raras e/ou ameaçadas de extinção;

● Analisar criticamente os dados por meio de comparação dos resultados obtidos com os de trabalhos realizados em áreas continentais e um em área insular.

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2 Material e métodos

2.1 Área de estudo

A Unidade de Conservação federal de Proteção Integral foi criada em 12 de março de 1990 pelo decreto nº 99.142, com sede em Florianópolis, na av. Luiz Boiteux Piazza, Cachoeira do Bom Jesus. A reserva localiza-se no litoral de Santa Catarina, englobando águas dos municípios de Florianópolis, Governador Celso Ramos, Porto Belo, Bombinhas e Tijucas. Possui 17.600 hectares de superfície e abriga em seu interior as Ilhas do Arvoredo, Galé, Deserta e o Calhau de São Pedro, e uma grande área marinha que circunda este arquipélago (ICMBio; Figura 1).

Figura 1: Localidade de cada ilha no arquipélago da REBio Arvoredo.

Fonte: ICMBio, acesso em 2017

A Ilha do Arvoredo localiza-se a cerca de 20 km ao norte de Florianópolis e a cerca de 7 km do continente do estado de Santa Catarina (CHLUDINSKI et al., 1991-93), com coordenadas do centro da ilha de 27º28’42”S, 48º36’47”W (Figura 2). É uma das três ilhas que compõem o arquipélago da REBio e também é a maior, apresentando uma extensão de 3.704 m no sentido norte-sul, 1.853 m de largura e 300 m de altitude máxima, com 2,7 km de relevo acidentado (MATZENBACHER et. al., 1997).

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Figura 2: Mapa de Santa Catarina, seguido da posição geográfica da REBio Arvoredo em imagem de mapa e de satélite.

(Fonte: Google Maps, acesso em 2017)

A ilha do Arvoredo, junto das outras ilhas costeiras distribuídas de forma heterogênea no litoral de Santa Catarina, ocorre na plataforma continental, enquadrando-a como uma ilha continental (ICMBio, 2004), com uma distribuição espacial relacionada diretamente com variações geológicas costeiras, assim como suas condicionantes estruturais, o que é notável quando é comparada sua paisagem com a paisagem costeira continental.

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A área autorizada para coletas foi baseada na trilha principal da ilha, aberta originalmente pelos faroleiros no séc. XIX. Com a administração do ICMBio atualmente, a manutenção é realizada pela própria equipe da instituição. Essa trilha abrange uma distância de 1,88 km de ponta a ponta, começando à noroeste, na região chamada hoje de Rancho Norte, e terminando ao sul na Baía do Engenho (Figura 3).

Figura 3: ​Track ​da trilha usado para amostragem em diversos ângulos, representando área abrangida

Fonte: ICMBio, acesso em 2017

A Ilha do Arvoredo possui uma pequena praia na região do rancho norte, uma das áreas de desembarque, onde tem a sua área mais nivelada. Entretanto, apresenta muitas encostas íngremes ao longo da trilha principal, com uma variação de altitude que parte da altura do mar e sobe para aproximadamente 150m de altitude. É coberta, em sua maior parte,

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pela Floresta Ombrófila Densa, com algumas áreas mais próximas ao mar constituídas por vegetação de restinga e muitos costões rochosos. De acordo com o Mapa Geológico de Santa Catarina (ano), nessa região da Serra do Mar está presente um afloramento magmático de monzogranito Ediacariano, soerguido nos eventos tectônicos Brasilliano II e Brasilliano III, assim como a ilha de Santa Catarina, que também possui uma presença representativa de granitos na maior parte de seu território (CARUSO, 1993; WILDNER, et. al., 2014).

Segundo a classificação de Köppen e dados do ​climate-data​, a região litorânea catarinense possui clima temperado úmido, com verões quentes. Por fins de proximidade geográfica e dados mais atualizados, usaremos as médias extraídas em Florianópolis. Temos temperaturas médias de 24.7ºC no mês de Janeiro 16.6ºC em junho, sendo estes os meses mais quente e mais frio respectivamente, com umidade relativa do ar constantemente elevada, sempre acima de 84% (CLIMATE-DATA, 1982-2012). A REBio Arvoredo está constantemente submetida a um vento nordeste durante todo o ano, com uma comum ocorrência do vento sul oriundo de regiões antárticas e subantárticas durante o inverno (IBAMA, 1996 apud; ICMBio, 2004; CLIMATE-DATA, 1982-2012).

As precipitações anuais estão pela média de 1462 mm, tendo um período mais intenso de chuvas no verão, sendo que Janeiro, o mês mais chuvoso, alcança uma média de 195 mm e no mês de junho, este sendo o mais seco, apresenta uma média de 71 mm (CLIMATE-DATA, 1982-2012). Com ocorrências de ventos sul, a região marítima na REBio e entorno têm sido usada como abrigo para embarcações durante esses eventos (VIVACQUA, 2005).

2.2 Logística

Por se tratar de uma Reserva Biológica, é proibida a visitação pública, exceto com objetivo educacional, de acordo com regulamento específico (MMA, 2011) e também de pesquisa científica, que depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento (MMA, 2011). Dessa forma, para obter a autorização necessária para a realização das coletas na Ilha do Arvoredo, o projeto foi submetido ao SISBio, o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade, vinculado ao ICMBio, e, portanto, as atividades necessárias para a logística de chegada na REBio Arvoredo foram e continuarão a ser executadas junto a este órgão ambiental.

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2.3 Coletas e identificação

O esforço amostral fundamentou-se em quatro saídas de campo, com datas escolhidas de forma a compreender estações com maior floração, entre dezembro de 2017 e outubro de 2018. O transporte foi realizado pelo ICMBio, por meio de lancha da instituição, com acompanhamento de técnicos. As coletas foram realizadas baseadas no método do Caminhamento (FILGUEIRAS et al., 1994), sendo que o percurso da trilha principal foi realizado lentamente e caminhando, observando e coletando espécimes férteis encontradas ao longo do trajeto, com foco em espécies arbustivas e herbáceas.

Os hábitos coletados foram classificados com base nos conceitos de Vidal e Vidal (2006), consistindo no desenvolvimento do caule e do substrato. Espécies arbustivas foram definidas como plantas lenhosas ao menos na base. Possuem no máximo 5 m de altura, com ramificações do caule começando próximas do chão, estabelecendo um tronco não muito proeminente. Os subarbustos foram caracterizados por serem arbustos de pequeno porte, com uma base lenhosa, alcançando uma altura máxima de 1 m. As plantas herbáceas foram as que possuíram o caule pouco desenvolvido, com pouca ou nenhuma lenhosidade, resultando em uma consistência estrutural delicada e estatura muito baixa. Lianas foram coletadas quando possível e foram definidas como os cipós lenhosos trepadores, alcançando grandes comprimentos. Gentry (1991, apud SEGER, 1991) classificou trepadeiras em diversas categorias, dentre elas as vinhas e as epífitas, sendo respectivamente as plantas com caule fino que germinam na terra e ao crescer necessita de um substrato aéreo para sustentação e as plantas que germinam em árvores, geralmente com presença de raízes adventícias e nem sempre entrando em contato com o chão. Para o propósito desse trabalho, lianas e vinhas serão agrupadas em uma categoria só, sendo essa as trepadeiras. Epífitas serão classificadas em uma categoria separada.

Os arbustos foram coletados usando tesouras de poda. Os indivíduos herbáceos e as Bromeliáceas pequenas foram coletados por inteiros. Bromélias de maior porte tiveram um máximo de três folhas coletadas, junto da inflorescência, com ajuda de tesoura de poda, salvo em alguns casos no qual o indivíduo inteiro foi devidamente cortado e disposto em páginas diferentes do jornal na prensa. Arvoretas que estiveram à alcance também foram coletadas.

Em campo, as plantas foram prensadas em prensas de campo compostas por papelão e jornal, além de registradas em uma caderneta, para então serem levadas ao Laboratório de Sistemática Vegetal da UFSC, para o processo de herborização, e posterior identificação a

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nível de família, gênero e espécie. Todas as anotações dessa caderneta foram transcritas em uma tabela de Excel para posterior inclusão no sistema Jabot, conforme modelo utilizado pelo Herbário FLOR. Todos os materiais coletados nesse trabalho serão tombados e incorporados no acervo.

3 Resultados e discussão

Até o momento foram coletadas 189 plantas, correspondendo a 113 táxons identificados em nível de espécie, 43 morfoespécies identificadas apenas a nível de gênero e mais 25 apenas em nível de família. Sete plantas permaneceram indeterminadas, sendo seis angiospermas e uma samambaia. Do total, tiveram 166 angiospermas distribuídas em 49 famílias com 97 espécies de ervas, arbustos, trepadeiras e epífitas identificadas, 42 só até gênero, 23 só até família (Tabela 1) com excepcionalmente 11 (Tabela 3) desse total caracterizadas como árvores ou arvoretas e outras 12 constituindo um grupo de samambaias (Tabela 4). A família mais rica foi Orchidaceae com 16 morfotipos, sendo somente dois indeterminados. A segunda mais rica foi Rubiaceae com 14 morfotipos coletados e seguindo em terceiro lugar, Fabaceae tiveram 11 morfotipos. Essas três famílias já abrangem 21.69% de todas as espécies. Outras famílias representativas foram Asteraceae e Piperaceae com nove morfotipos cada, Acanthaceae com sete, Bromeliaceae e Maranthaceae com seis cada, e Convolvulaceae, Euphorbiaceae, Malvaceae, Poaceae e Verbenaceae com cinco morfotipos cada. Das famílias restantes, 31 possuem somente uma espécie (16,4%) e outras 12 possuem de duas a quatro espécies (6,35%), com seis coletas sem família identificada até o momento (3,17%). Foi avaliada a presença das espécies herbáceas deste trabalho com as de outros trabalhos realizados também em regiões de Mata Atlântica (Tabela 2). Quando comparando com o plano de manejo prévio (ICMBio, 2004), as famílias mais ricas de ervas e arbustos deste trabalho não coincidiram com as registradas previamente, sendo Asteraceae a família mais representativa desses estratos no plano de manejo enquanto neste trabalho ela se encontra em quarto lugar.Em comparação com um trabalho realizado na Ponta do Araçá, em Porto Belo, Santa Catarina, área geograficamente próxima e com alta influência marítima, que também foi enfocado em plantas herbáceas e arbustivas (NUERNBERG, 2013), a ilha do Arvoredo compartilha quatro de suas famílias mais ricas, sendo essas, Orchidaceae, Fabaceae, Asteraceae e Bromeliaceae. E em outro trabalho realizado na Serra de Macaé, na Reserva Ecológica de Macaé de Cima, em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, também enfocado erva e

(25)

arbustos (de LIMA & BRUNI, 1997), ainda em Mata Atlântica porém mais distante do litoral, a Ilha do Arvoredo compartilha de duas de suas famílias mais ricas, Orchidaceae e Rubiaceae, sendo que essas famílias, na Serra de Macaé, são também as primeiras e segundas respectivamente. Colocando a ilha do Arvoredo em paralelo com a flora de outra região insular, neste caso a vegetação da Ilha Queimada Grande, Fabaceae que foi a terceira família mais rica deste trabalho, foi a família mais rica em Queimada Grande (Figura 4 ).

Figura 4: As famílias mais ricas da Ilha do Arvoredo, representadas no estrato herbáceo-arbustivo comparadas com suas correspondentes em outros trabalhos(ver texto). Com Ilha do Arvoredo 1 representando o trabalho atual.

3.1. Fitofisionomias Costões rochosos e restinga

Os costões rochosos circundam toda a ilha, representados por algumas grandes pedras expostas formando paredões de rochas ao sul, próximo ao farol, sendo estes submetidos às ondas e respingos, em especial quando em influência de ventos sul. Na porção norte da ilha, é comum que os costões sejam menos expressivos, apresentando rochas menores que a sul, podendo ser explicados pela incidência de ventos nordeste anualmente, o que resulta em

(26)

maior hidrodinamismo e uma maior erosão de rochas, dando origem a um solo de areia grossa no Rancho Norte. Em todo o entorno da ilha nota-se a presença de vegetação de restinga, de largura variável com a inclinação do substrato, sendo esta mais larga em solos com maior declive (tendo a parte mais larga na região leste da ilha, a qual não tivemos acesso) e menor em regiões de menor declive, resultando em uma transição mais homogênea entre a restinga e a floresta. Nos extremos da trilha principal, sendo esses os possíveis pontos de embarque e desembarque, ocorre a restinga, caracterizada pela presença de plantas herbáceas crescendo sobre solo mais arenoso. A porção do Rancho Norte apresenta uma restinga bem característica próxima à praia, com uma notável representatividade no estrato herbáceo de capitães-do-brejo (​Hydrocotyle bonariensis Lam.), pepino-do-mato (​Melothria pendula​L.) e ​Commelina erecta L..Já subindo um pouco a trilha foram coletadas também a vassoura ( ​Chromolaena laevigata (Lam.) R.M. King & H.Rob.) ​, ​e ​no estrato arbustivo e subarbustivo, a aroeira-vermelha (​Schinus terebinthifolius Raddi) a capororoca (​Myrsine ​sp.), a guabiroba-amarela (​Campomanesia littoralis ​D. Legrand) e a maria-mole (​Guapira opposita ​(Vell.) Reitz).

Próximo do ponto de desembarque foi notável a presença de espécies herbáceas crescendo por entre as edificações presentes na ilha, apropriadas pela equipe do ICMBio para a reserva de equipamentos e realização do desembarque. Nestes locais foram coletadas ervas do gênero ​Plantago​, ​Cyperus e bromeliáceas que se desenvolveram por entre as fendas no chão, muros e costões. Como descrito por Meirelles (1990), assim como orquidáceas, bromélias com velame possuem uma capacidade de crescimento independente de solo, o que foi visto neste primeiro contato com a ilha e coleta de espécies rupícolas.

Foram notadas similaridades entre a vegetação da ilha do Arvoredo com a do trabalho realizado na Ponta do Araçá, em Porto Belo, Santa Catarina (NUERNBERG, 2013), região próxima no continente: pode-se observar na parte de costões e restinga, onde existe uma alta influência marítima, uma acentuada presença de ​Guapira opposita, Cyperus sp. ​e ​Plantago sp. ​(Figura 5)

(27)

Figura 5: Algumas das plantas coletadas nas regiões de restinga no Rancho Norte e Baía do Engenho: A – ​Plantago sp.​; B -​ Cyperus ligularis ​L.; C - ​Abutilon costicalyx ​K.Schum. ex C. Takeuchi & G.L. Esteves; D – ​Hydrocotyle bonariensis ​Lam..

Fotos: Anelise Nuernberg (2017 – 2018)

Floresta Ombrófila Densa

A Floresta Ombrófila densa ocupa a maior parte da ilha do Arvoredo, não sendo representada nas demais ilhas da REBio (ICMBio, 2004). Ela está distribuída em todas as encostas da ilha, por cima de picos rochosos e até o ponto mais alto da ilha, a cerca de 300m acima do nível do mar. Esta formação é estritamente florestal, com uma complexidade estrutural maior que a vista nas restingas e costões, mostrando uma diversidade maior de sinúsias e uma alta representatividade de árvores. O dossel vai de 12 a 18 m, com alguns indivíduos excepcionais atingindo altura mais alta. Essa altura reduzida quando colocada lado a lado com as de outras comunidades florestais continentais se dá por conta do solo raso e muito pedregoso da ilha (ICMBio, 2004). Isso demonstra muitas plantas, que em

(28)

circunstancias convencionais teriam hábito de árvores, neste campo se desenvolveram como arvoretas e arbustos.

Na região do Rancho Norte , situa-se a área mais antropizada na extremidade norte da trilha, está onde se estabeleceu um rancho de pesca próximo ao mar, e demonstra um estado inicial de regeneração, com uma vegetação mais rasteira herbácea e arbustiva. Como o esperado, o número de coletas de ervas, cultivadas e exóticas, é maior nessa porção da trilha. Também nessa área mais descampada foram encontradas muitas samambaias nativas, por essas terem caráter pioneiro em ambientes degradados. Nesses pontos destaca-se uma alta representatividade de asteráceas e acantáceas, com muitos indivíduos de ​Lepidaploa chamissonis ​(Less.) H.Rob.​, ​e presença de ​Justicia carnea ​Lindl. ​e ​Justicia brasiliana ​Roth, com menção às camarás ( ​Lantana camara ​L.​). Ao adentrar na parte da mata de Floresta Ombrófila Densa, distante do ponto de maior altitude, como descrito no Plano de Manejo, existe uma mata mais fechada, onde foram coletadas menos variedades de ervas e arbustos que no ponto mais alto da trilha e nas regiões mais descampadas, ainda em regeneração da atividade dos pescadores. No entanto, encontramos ainda assim uma notável diversidade de ervas e algumas epífitas. Como exemplo de epífita, temos algumas aráceas coletadas, como por exemplo​Anthurium pentaphyllum​(Aubl.) G.Don, além de muitas marantáceas terrícolas pela maior parte da trilha, como por exemplo ​Ctenanthe muelleri Petersen e a ​Maranta divaricata ​Roscoe. ​Esses exemplos também foram catalogados no trabalho de Nuernberg (2013) que traz uma notável predominância de ​Ctenanthe muelleri adentrando na floresta de encosta, onde foi citada também ​Justicia carnea​, planta muito comum na ilha do Arvoredo. Além dessas, tiveram outros exemplos de espécies em comum entre a ilha do Arvoredo e a Ponta do Araçá, tal como ​Oceoclades maculata ​(Lindl.) Lindl. (Orchidaceae), ​Pereskia aculeata​ Mill. (Cactaceae) e ​Tillandsia gardneri ​Lindl. (Bromeliaceae).

No ponto mais alto da trilha existe um decréscimo da altura do dossel e do número de espécies florestais, apresentando áreas com uma notável densidade de trepadeiras, citando como exemplo ​Dioscorea​ spp. e ​Ipomoea ​spp.

Ao longo da trilha, com exceção das regiões com predomínios de trepadeiras em clareiras nas encostas de maior altitude, houve uma presença representativa de rubiáceas do gênero ​Psychotria​. e outras (Figura 6).

(29)

Figura 6: Algumas das plantas coletadas na região de Floresta Ombrófila Densa: A – ​Psychotria

carthagenesis Jacq.; B – ​Coccocypselum cf.​; C – ​Psychotria laciniata ​Vell.; D – ​Chiococca alba ​(L.) Hitchc.

Fotos: Anelise Nuernberg (2017 – 2018), Julia Meirelles (2018).

3.2​ ​Composição florística Angiospermas

Ainda comparando com os dados trazidos por Stehmann e colaboradores (2009), das 10 famílias mais diversas de angiospermas do Brasil, todas estão representadas na ilha do Arvoredo, tomando nota que o trabalho de Stehmann considerou todos os hábitos, incluindo árvores. Como o foco deste trabalho foi amostrar ervas, arbustos, trepadeiras e epífitas, famílias tipicamente lenhosas tiveram menor representatividade do que teriam normalmente. Orquidaceae, sendo a família mais rica da Mata Atlântica, qualificou também como a mais rica da ilha do Arvoredo, somando 16 espécies. Rubiaceae é a nona família mais rica no domínio atlântico, porém qualifica em segundo lugar nas coletas no Arvoredo devido as suas

(30)

14 espécies coletadas. Fabaceae, que é a segunda mais diversa da Mata Atlântica, tem 10 morfotipos coletados na REBio. Asteraceae somou 9 morfotipos coletados e é a terceira mais rica do domínio atlântico (STEHMANN et al. 2009). Piperaceae é a quarta mais rica no domínio Mata Atlântica, com alta representatividade nesse trabalho, contando também com 9 morfotipos coletados. Acanthaceae foi bem representativa neste trabalho, somando 7 morfotipos. Poaceae e Euphorbiaceae totalizaram 5 morfotipos cada, estando em quinto e oitavo lugar respectivamente dentre as mais ricas do domínio atlântico. Myrtaceae teve quatro morfotipos e Apocynaceae teve 3 coletados na ilha do Arvoredo, sendo também a sexta e décima famílias mais ricas do domínio atlântico. Por último, Melastomataceae que é a sétima mais rica da floresta Atlântica, nesse trabalho foi representada por apenas uma morfotipo. Em relação às angiospermas, 57% das angiospermas da floresta Atlântica ocorrem na Floresta ombrófila Densa com 4745 espécies endêmicas, enquanto na restinga 12%, com 740 endêmicas (STEHMANN, et al 2009).

Tabela 1. Lista da espécies de ervas, arbustos, trepadeiras e epífitas encontrados na Ilha do Arvoredo, Santa Catarina, classificadas em família, espécie, hábito (A=arbusto; E=ervas; T= trepadeiras e lianas; EP= epífitas), número de coleta (Chagas, R.L.) e ​status de conservação, com base em dados da CNCFlora.

família espécie hábit

o

statu s

Acanthaceae Mendoncia velloziana Mart. E 19

1 EN

Justicia brasiliana Roth E 71 LC

Justicia carnea Lindl. E 30 NE

Justicia sp.1 E 20 Justicia sp.2 E 31 indet. 85 indet. 32 Aliaceae indet. E 11 7 Alstroemeriaceae Bomarea edulis (Thussac) Herb. T 95 NE

Amaryllidaceae Hippeastrum sp. E 93

Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi A 11

0 NE Apocynaceae Oxypetalum banksii R.Br. ex Schult. T 33 NE

Oxypetalum tomentosum Wight ex Hook. & Arn T 34 NE Tabernaemontana catharinensis A.DC. A 70 NE Araceae Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G.Don EP 11 NE

(31)

9 Anthurium loefgrenii Engl. EP 21

5 NE

Anthurium urvilleanum Schott. EP 22

3 VU Monstera adansonii Schott. EP 26 NE Araliaceae Hydrocotyle bonariensis Lam. E 25 NE Aristolochiaceae Aristolochia triangularis Cham. & Schltdl. T 35 NE Asteraceae Bacharis dracunculifolia DC. A 78 NE

Chromolaena laevigata (Lam.) R.M. King & H.Rob. A 15

3 NE Cyrtocymura scorpioides (Lam.) H.Rob. E 13 NE Lepidaploa chamissonis (Less.) H.Rob. A 77 NT Mikania involucrata Hook. & Arn. A 80 LC

Mikania lundiana DC. A 12 1 VU indet. 29 indet. 15 5 indet. 17 7 Begoniaceae Begonia sp.1 E 15 Begonia sp.2 E 15 6

Boraginaceae Heliotropium transalpinum Vell. E 27 NE Bromeliaceae Aechmea comata (Gaudich.) Baker EP 18

8 NE Tillandsia gardneri Lindl. EP 39 LC

Tillandsia stricta Sol. EP 92 NE

Vriesea platynema Gaudich. E 10

7 LC

indet. 16

6

indet. 12

0

Cactaceae Pereskia aculeata Mil. T 18

4 LC Rhipsalis baccifera (J.M.Muell.) Stearn T 17

8 DD

Cannaceae Canna indica L. E 48 NE

Commelinaceae Commelina benghalensis L. E 12 NE

Commelina erecta L. E 51 NE

Tradescantia unbaculifera Hand. –Mazz E 14

5 NE

Convolvulaceae Ipomoea alba L. T 14

4 DD

Ipomoea cairica (L.) Sweet T 46 NE

(32)

Ipomoea sp.1 97

Ipomoea sp.2 10

5

Cucurbitaceae Melothria pendula L. E 47 NE

Cyperaceae Cyperus ligularis L. E 12

2 NE

Scleria gaertneri Raddi E 81 NE

Scleria latifolia Sw. E 21

9 NE

Scleria secans (L.) Urb. E 82 NE

Dilleniaceae Davilla rugosa Poir. T 83 NE

Dioscoreaceae Dioscorea multiflora Mart. ex Griseb. E 12

6 NE Dioscorea scabra Humb. & Bonpl. ex Willd. T 16

5 NE

Dioscorea sp.1 13

0

Dioscorea sp.2 16

1 Euphorbiaceae Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. A 19

3 NE

Acalypha gracilis Spreng. E 52 NE

Croton sp. 12

9

Dalechampia ficifolia Lam. T 44 NE

indet. 53

Fabaceae Centrosema virginianum (L.) Benth. E 79 NE

Clitoria cf E 16 7 Desmodium sp.1 12 5 Desmodium sp.2 12 7 Desmodium sp.3 16 3 Desmodium sp.4 11 2 Desmodium sp.5 94

Mucuna urens (L.) Medik T 54 NE

Vigna caracalla (L.) Verdc. T 79 NE

indet​. 16

7 Iridaceae Neomarica caerulea (Ker Gawl.) Sprague E 58 NT

Lamiaceae indet. 12

4

Lauraceae indet. 10

3 Loganiaceae Strychnos trinervis (Vell.) Mart. 61 LC

(33)

Malpighiaceae indet. 13 4 indet. 12 9 indet. 17 3 indet. 15 8 Malvaceae Abutilon costicalyx ​K.Schum. ex C. Takeuchi & G.L.

Esteves A 59 LC

Sida carpinifolia L.f. A 56 NE

Sida planicaulis Cav. A 55 NE

Sida sp. 14

6

indet. 16

0 Maranthaceae Ctenanthe marantifolia (Vell.) J.M.A. Braga & H. Gomes E 60 NE

Ctenanthe sp. E 15

9 Goeppertia eichleri (Petersen) Borchs. & S.Suárez E 19 NE

Maranta divaricata Roscoe E 99 NE

indet. 16

8

indet. 69

Melastomataceae Ossaea amygdaloides (DC.) Triana A 22

5 VU

Meliaceae Guarea cf macrophylla Vahl A 11

3 NE Menispermaceae Cissampelos andromorpha DC. T 18

2 LC

indet. 57

Moraceae Dorstenia sp. 15

2 Myrtaceae Calyptranthes rubella (O.Berg) D.Legrand A 15

1 NT Campomanesia littoralis D.Legrand A 16 NE

Myrcia hebepetala DC. A 75 NE

Myrcia sp. 22

6 Onagraceae Ludwigia leptocarpa (Nutt.) H.Hara E 90 NE Orchidaceae Acianthera saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase EP 10

4 VU Acianthera sp. EP 91 Brasiliorchis sp.1 E 11 4 Brasiliorchis sp.2 E 17 0 Campylocentrum pauloense (Schltr.) Hoehne E 15 NE

(34)

0

Cattleya sp. EP 14

9 Cyrtopodium flavum Link & Otto ex. Rchb.f. EP 89 LC

Epidendrum fulgens Brongn. E 62 LC Eulophia alta (L.) Fawc. & Rendle E 12

8 DD

Habenaria parviflora Lindl. E 21

1 LC Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. E 13

5 NE

Oncidium sp. E 10

2 Rodriguezia bracteata (Vell.)Hoehne EP 19

2 NE Sarcoglottis sp. E 84 indet. 11 5 indet. 13 8

Oxalidaceae Oxalis rhombeo-ovata A.St.-Hil. E 74 LC

Plantaginaceae Plantago sp.1 E 18

Plantago sp.2 E 18

2 Piperaceae Peperomia castelosensis Yunck. E 20

8 NE Peperomia corcovadensis Gardner E 19

5 NE

Peperomia sp. E 63

Piper arboreum Aubl. A 20

1 NE

Piper miquelianum C.DC. A 13

3 NE

Piper mosenii C.DC. A 20

9 NE

Piper xylosteoides (Kunth) Steud. A 21

0 LC

Piper sp.1 68

Piper sp.2 11

6

Poaceae Arundo donax L. E 18

0 NE

Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & Soderstr. E 24 NE

Olyra humilis Nees E 23 NE

Olyra glaberrima Raddi E 22

4 NE Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv. E 73 NE

Rubiaceae Chiococca alba (L.) Hitchc. E 14

(35)

Coccocypselum cf E 22 7 Galium hypocarpium (L.) Endl. ex Griseb. E 67 NE Psychotria carthagenesis Jacq. A 17

2 NE

Psychotria laciniata Vell. A 17 NE

Psychotria nuda (Cham. & Schltdl.) Wawra A 76 NE Psychotria suterella Müll.Arg. A 19

8 NE Psychotria sp.1 64 Psychotria sp.2 88 Psychotria sp.3 66 Psychotria sp.4 65 Psychotria sp.5 17 5 Rudgea jasminioides (Cham.) Müll.Arg. E 20

6 VU

indet. 17

1 Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. A 18

7 NE

Smilacaeae Smilax sp. E 18

1 Trigoniaceae Trigonia nivea var. pubescens Cambess. A 19

7 NE Urticaceae Parietaria debilis G.Forst. E 18

6 NE

Verbenaceae Stachytarpheta sp. E 41

Lantana camara L. A 43 NE

Lantana undulata Schrank A 11 NE

Lantana sp.1 A 10

1

Lantana sp.2 A 42

Zingiberaceae Hedychium coronarium J. Koenig E 87 NE

indet. 13 1 indet. 13 2 indet. 98 indet. 86 indet. 96 indet. 16 9

Foi avaliada também a presença de espécies desse trabalho (Tabela 2) com as da Ponta do Araçá, Porto Belo - SC (NUERNBERG, 2014), Serra de Macaé de Cima, Nova Friburgo -

(36)

RJ (ANDREATA et al, 1997) e Ilha da Queimada Grande, Itanhaém - SP (KURTZ,2017), assim como as coletadas e identificadas para o antigo plano de manejo da Ilha do Arvoredo (ICMBio, 2004). Foi notável o compartilhamento de espécies do trabalho atual com o de Nuernberg (2014) realizado em Porto Belo e também certa similaridade com o de Kurtz (2017) realizado na ilha da Queimada Grande. Poucas espécies encontraram-se compartilhadas com o campo realizado em Macaé de Cima, o que é esperado devido à grande distância geografica. Muitas plantas novas foram coletadas nesse trabalho que não foram identificadas no plano de manejo, o que evidencia uma necessidade de maiores estudos para ter uma representatividade maior das espécies da Ilha do Arvoredo.

Tabela 2:Lista de espécies coletadas e identificadas na ilha do Arvoredo no atual trabalho e presença no Plano de Manejo (2004), Ponta do Araçá (2014), Macaé de Cima (1997) e ilha da Queimada Grande (2017). Família Espécie PdM Ponta do Araçá Macaé de Cima Ilha da Queimad a Grande

Acanthaceae Mendoncia velloziana​ Mart. X

Justicia brasiliana​ Roth X x Justicia carnea ​Lindl. x X Alstroemeriacea

e Bomarea edulis ​(Thussac) Herb. X Anacardiaceae Schinus terebinthifolius ​Raddi x

Apocynaceae

Oxypetalum banksii ​R.Br. ex

Schult. X

Oxypetalum tomentosum Wight ex Hook. & Arn

Tabernaemontana catharinensis A.DC.

Araceae

Anthurium pentaphyllum ​(Aubl.)

G.Don X

Anthurium loefgrenii ​Engl. Anthurium urvilleanum ​Schott. Monstera adansonii ​Schott.

Araliaceae Hydrocotyle bonariensis ​Lam. x X

Aristolochiacea e

Aristolochia triangularis​Cham. &

Schltdl. x

Asteraceae Bacharis dracunculifolia ​DC. X

Chromolaena laevigata ​(Lam.)

R.M. King & H.Rob. x X

(37)

H.Rob.

Lepidaploa chamissonis ​(Less.)

H.Rob. x X

Mikania involucrata ​Hook. &

Arn. X

Mikania lundiana ​DC.

Boraginaceae Heliotropium transalpinum ​Vell. X

Bromeliaceae

Aechmea comata ​(Gaudich.) Baker

Tillandsia gardneri ​Lindl. X

Tillandsia stricta ​Sol. X X

Vriesea platynema ​Gaudich.

Cactaceae Pereskia aculeata ​Mil. x X X

Rhipsalis baccifera ​(J.M.Muell.) Stearn

Cannaceae Canna indica ​L. x X X

Commelinaceae Commelina benghalensis ​L.

Commelina erecta ​L. X

Tradescantia unbaculifera ​Hand. –Mazz

Convolvulaceae Ipomoea alba ​L.

Ipomoea cairica ​(L.) Sweet X

Ipomoea tiliacea ​(Willd.) Choisy X X

Cucurbitaceae Melothria pendula ​L. X X

Cyperaceae Cyperus ligularis ​L. X X

Scleria gaertneri ​Raddi

Scleria latifolia ​Sw. X

Scleria secans ​(L.) Urb. x X

Dilleniaceae Davilla rugosa ​Poir. x X

Dioscoreaceae

Dioscorea multiflora ​Mart. ex Griseb.

Dioscorea scabra ​Humb. & Bonpl. ex Willd.

Euphorbiaceae

Actinostemon concolor ​(Spreng.) Müll.Arg.

Acalypha gracilis ​Spreng. Dalechampia ficifolia ​Lam. Fabaceae

Centrosema virginianum (L.)

Benth. X X

Mucuna urens ​(L.) Medik x

Vigna caracalla ​(L.) Verdc. Iridaceae

Neomarica caerulea ​(Ker Gawl.) Sprague

Loganiaceae Strychnos trinervis ​(Vell.) Mart. x Malvaceae

Abutilon costicalyx ​K.Schum. ex C. Takeuchi & G.L. Esteves

(38)

Sida carpinifolia ​L.f.

Sida planicaulis ​Cav. X X

Maranthaceae

Ctenanthe marantifolia ​(Vell.) J.M.A. Braga & H. Gomes

Goeppertia eichleri ​(Petersen) Borchs. & S.Suárez

Maranta divaricata ​Roscoe X

Melastomatacea e

Ossaea amygdaloides ​(DC.) Triana

Meliaceae Guarea cf macrophylla ​Vahl x X

Menispermacea Cissampelos andromorpha ​DC. Myrtaceae

Calyptranthes rubella ​(O.Berg) D.Legrand

Campomanesia littoralis D.Legrand

Myrcia hebepetala ​DC. Onagraceae

Ludwigia leptocarpa ​(Nutt.) H.Hara

Orchidaceae

Acianthera saundersiana

(Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase X X

Campylocentrum pauloense (Schltr.) Hoehne

Cyrtopodium flavum ​Link & Otto ex. Rchb.f.

Epidendrum fulgens ​Brongn. x x X

Eulophia alta ​(L.) Fawc. &

Rendle X

Habenaria parviflora ​Lindl. X

Oeceoclades maculata ​(Lindl.)

Lindl. x X X

Rodriguezia bracteata

(Vell.)Hoehne

Oxalidaceae Oxalis rhombeo-ovata ​A.St.-Hil.

Piperaceae Peperomia castelosensis ​Yunck.

Peperomia corcovadensis ​Gardner X

Piper arboreum ​Aubl. X

Piper miquelianum ​C.DC. X

Piper mosenii ​C.DC.

Piper xylosteoides ​(Kunth) Steud. Poaceae Arundo donax ​L.

Homolepis glutinosa ​(Sw.)

Zuloaga & Soderstr. X

Olyra humilis ​Nees Olyra glaberrima ​Raddi

Oplismenus hirtellus ​(L.) P.

(39)

Rubiaceae Chiococca alba ​(L.) Hitchc. X X Galium hypocarpium​(L.) Endl. ex

Griseb.

Psychotria carthagenesis ​Jacq. X

Psychotria laciniata ​Vell. X

Psychotria nuda ​(Cham. & Schltdl.) Wawra

Psychotria suterella ​Müll.Arg. X

Rudgea jasminioides ​(Cham.) Müll.Arg.

Sapindaceae

Allophylus edulis ​(A.St.-Hil. et

al.) Hieron. ex Niederl. x X

Trigoniaceae

Trigonia nivea var. pubescens Cambess.

Urticaceae Parietaria debilis ​G.Forst.

Verbenaceae Lantana camara ​L. x X

Lantana undulata ​Schrank X

Zingiberaceae Hedychium coronarium ​J. Koenig x X

Devido ao esforço amostral de angiospermas não ter sido direcionado ao estrato arbóreo, espécies deste hábito foram coletadas somente em casos convenientes, onde o material foi julgado bom e de fácil acesso. Isso resultou em um número reduzido de árvores (tabela 3) na ilha do Arvoredo, não correspondendo ao total definitivo de toda a ilha por não ter sido o propósito desse trabalho.

Tabela 3: Lista de espécies arbóreas encontradas na ilha do Arvoredo.

família espécie statu

s

Arecaceae Indet. 11

8

Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume 49 NE Combretaceae Terminalia catappa L. 17

9 NE Clusiaceae Garcinia garderiana (Planch. & Triana) Zappi 50 NE Fabaceae Bauhinia forficata Link 20

2 VU

Moraceae Ficus sp. 14

(40)

Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. 20

0 NE Nyctaginacea

e Guapira opposita AR 22 NE

Primulaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. 14

3 NE Santalaceae Phoradendron crassifolium (Pohl ex DC.) Eichler 13

6 NE Solanaceae Cestrum bracteatum Link & Otto 18

5 NE

Samambaias

Samambaias de Floresta Ombrófila Densa compõem cerca de 75% do total de samambaias da Mata Atlântica, com 269 espécies endêmicas desse domínio, enquanto as de Restinga compõem somente 4%, com apenas 1 espécie endêmica. As cinco famílias de samambaias identificadas no trabalho estão entre as 10 famílias mais ricas da Mata Atlântica, de acordo com Stehman et al. (2009). Aspleniaceae foi representada neste trabalho com duas espécies, sendo a terceira mais rica deste trabalho, ao mesmo tempo é elencada como a quinta mais rica na Mata Atlântica. Dryopteridaceae totalizou 3 espécimens e Polypodiaceae totalizaram quatro espécies cada, ficando em segundo lugar e em primeiro respectivamente em maior riqueza de samambaias da ilha, porém sendo, respectivamente, as segundas e terceiras mais ricas da Mata Atlântica. Anemiaceae e Blechnaceae se apresentaram com somente uma espécie cada, empatando em terceiro lugar em riqueza na ilha (tabela 4), enquanto estão em oitavo e nono lugares respectivamente em maior riqueza da Mata Atlântica. Já em se falando em nível de gênero, dos dez gêneros mais ricos do Brasil, foram encontrados na Ilha do Arvoredo apenas ​Asplenium​, ​Anemia e ​Blechnum​, que estão em terceiro, quinto e sétimo lugares respectivamente num contexto Mata Atlântica.

(41)

Tabela 4. Lista das espécies de samambaias encontrados na Ilha do Arvoredo, Santa Catarina.

família espécie hábito n° status

Anemiaceae Anemia phyllitidis (L.) Sw. E 29 NE Aspleniaceae Asplenium brasiliense Sw. E 15

4 NE

Asplenium muellerianum Rosenst. E 16

4 LC Blechnaceae Neoblechnum brasiliense Gasper & V.A.O. Dittrich E 10

6 NE Dryopteridaceae Rumohra adiantiformis (G.Forst.) Ching E 12

3 NE

indet. 14

7

indet. 13

7 Polypodiaceae Microgramma vaccinifolia ​(Langsd. & Fisch.)

Copel. EP

14

1 NE

Polypodium sp. 13

9 Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C.Presl E 14

2 NE

Campyloneurum rigidum Sm. E 19

0 NE

Indet. 40

Para as samambaias também foi realizado um paralelo para a avaliação de ocorrência das espécies de samambaias com as de Macaé de Cima (ANDREATA, et al 1997), com as da Ilha da Queimada Grande (KURTZ, 2017) e com o plano de manejo da REBio Arvoredo (2004). Não foi possível fazer essa análise com o trabalho realizado na Ponta do Araçá por este não ter amostrado samambaias. Houve um menor compartilhamento de espécies e somente com o plano de manejo e com a Ilha da Queimada Grande. Levando em conta que em um dos trabalhos é representativo do mesmo campo do atual e que não houve uma quantidade muito alta de samambaias coletadas neste trabalho (tabela 5).

(42)

Tabela 5: Lista de espécies de samambaias da ilha do Arvoredo compartilhadas com o plano de Manejo, com Macaé de Cima e com a Ilha da Queimada Grande.

Família Espécie PdM

Macaé de Cima

Ilha da Queimada Grande Anemiaceae Anemia phyllitidis ​(L.) Sw.

Aspleniaceae Asplenium brasiliense ​Sw. Aspleniaceae

Asplenium muellerianum Rosenst.

Blechnaceae

Neoblechnum brasiliense

Gasper & V.A.O. Dittrich X Dryopteridaceae

Rumohra adiantiformis

(G.Forst.) Ching X X

Polypodiaceae

Microgramma vaccinifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C.Presl

Campyloneurum rigidum Sm.

Suficiência amostral

A curva do coletor não alcançou o platô (figura 7) mesmo com o esforço amostral na trilha principal da ilha. Isso aponta que novos campos nesta mesma trilha poderá trazer novas espécies para este levantamento, almejando alcançar um número mais aproximado da quantidade exata de espécies herbáceo-arbustivas existentes no caminho percorrido.

(43)

Figura 7 : Curva do coletor com as coletas de ervas, arbustos e trepadeiras realizadas para este trabalho nos dias 8 de dezembro de 2017, 9 de março de 2018, 28 de março de 2018 e 17 de outubro de 2018 respectivamente.

Outra evidência que aponta que uma suficiência amostral ainda encontra-se distante é a presença alta de ervas, arbustos e trepadeiras identificadas no plano de manejo (ICMBio, 2004) que não foram localizadas nas saídas de campo realizadas neste trabalho .

4 Considerações finais

A baixa representatividade de ervas e arbustos em estudos de flora se dão devido à escassez de estudos, no qual o foco para inventários são quase exclusivos ao estrato arbóreo, trazendo listas incompletas acerca das espécies herbáceo-arbustivas (de LIMA & BRUNI, 1997). No entanto, os dados coletados neste estudo demonstram uma presença marcante de representantes desses hábitos na ilha do Arvoredo, alcançando mais que a metade do total das espécies amostradas nos últimos estudos realizados na REBio.

O material produzido por estudos de florística de ilhas abre janelas para muitas discussões acerca dos padrões de biogeografia, dado que os fatores físicos que constituem um continente, oceano, montanha, deserto ou ilha são primordiais na delimitação de regiões onde se crescem plantas (LAWRENCE, 1966). Além disso, levantamentos florísticos servem como

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