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Avaliação da sustentabilidade da produção agrícola familiar em Barra de São Miguel-PB: uma aplicação do modelo Mesmis.

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS

NATURAIS

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO

AGRÍCOLA FAMILIAR EM BARRA DE SÃO MIGUEL - PB: UMA

APLICAÇÃO DO MODELO MESMIS

Maria Aparecida Gomes Sousa

Orientador: Sérgio Murilo Santos de Araújo

Área de Concentração: Sociedade e Recursos Naturais

Linha de Pesquisa: Sociedade, Desenvolvimento e Competitividade

Campina Grande, Agosto de 2019.

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AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO

AGRÍCOLA FAMILIAR EM BARRA DE SÃO MIGUEL - PB: UMA

APLICAÇÃO DO MODELO MESMIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, como parte dos requisitos para obtenção de Grau de Mestre em Recursos Naturais na área de Sociedade e Recursos Naturais.

Orientador:

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S725a Sousa, Maria Aparecida Gomes.

Avaliação da sustentabilidade da produção agrícola familiar em Barra de São Miguel - PB: uma aplicação do modelo MESMIS / Maria Aparecida Gomes Sousa. - Campina Grande, 2019.

123 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais) - Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, 2019. "Orientação: Prof. Dr. Sérgio Murilo Santos de Araújo”.

Referências.

1. Sustentabilidade. 2. Mercado. 3. Agricultura Familiar. I. Araújo, Sérgio Murilo Santos de. II. Título.

CDU 502.1(043)

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECÁRIO GUSTAVO D. DO NASCIMENTO CRB-15/515

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A Deus, por toda provisão e cuidado. Por ter me sustentado e guiado por todo o caminho percorrido.

Dedico também a meus pais, Maria dos Anjos Gomes Sousa e Atagibe Batista de Sousa, meus irmãos e minhas irmãs, amigos, colegas de estudo e de trabalho, minha companheira e todos os que contribuíram para meu aperfeiçoamento pessoal e por todo o apoio e suporte recebido.

Aos professores e colegas que muito contribuíram para o crescimento acadêmico que conseguimos adquirir durante o percurso do curso.

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Ao professor Dr. Sérgio Murilo Araújo, por sua excelente orientação, por sua confiança e paciência, que me incentivou e instruiu nestes anos de trabalho e parceria, aprendi muito com sua dedicação e disciplina ao trabalho.

Agradeço também a todos os professores e alunos do PPGRN, que embora não citados, me ajudaram nas disciplinas, seminários, etc., merecem meu respeito e agradecimentos.

Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade Federal de Campina Grande, professores e funcionários por todo apoio que tiveram com nossa turma, conhecimentos compartilhados, seriedade e compromisso com aprendizagem.

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Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR EM BARRA DE SÃO MIGUEL - PB: UMA APLICAÇÃO DO MODELO

MESMIS

Autora: Mª Aparecida G. Sousa Orientador: Sergio Murilo Araújo 29/08/2019, PPGRN, Campina Grande, 2019

Esta Dissertação tem por objetivo avaliar a sustentabilidade da agricultura familiar utilizando o método MESMIS (Marco para Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade) como um instrumento para gestão interna da produção agrícola em duas comunidades, no município de Barra de São Miguel-PB. A metodologia de pesquisa utilizada foi de natureza quantiqualitativa, uma vez que se baseia na interpretação dos processos e dados numéricos relacionados com a agricultura familiar e análise do método MESMIS, sob a ótica dos aspectos que este método trabalha. Um dos maiores desafios deste século tem como tema central a sustentabilidade, devido ao crescimento da população mundial e consequentemente ao aumento da demanda por recursos naturais, como água, alimento, energia. A principal dificuldade quando se debate a questão da sustentabilidade da agricultura familiar é abordar de forma holística os recursos naturais. Daí a necessidade de criar um instrumento de mensuração que aborde estes recursos e que seja capaz de traduzir dados em um resultado passível de interpretação. Para isto existem ferramentas validadas como o MESMIS. Os resultados apresentados utilizando essa metodologia são indicadores de sustentabilidade da agricultura familiar e a contribuição desse projeto será a disponibilidade de uma gama de informações precisas que poderão subsidiar politicas públicas que contribuirão para o desenvolvimento sustentável da região e de outros locais, entidades e órgãos responsáveis e que tenham interesse nesta temática destinada aos tomadores de decisão para auxiliar no desenvolvimento de estratégias e politicas de desenvolvimento.

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Master Dissertation

Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais Universidade Federal de Campina Grande

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR EM BARRA DE SÃO MIGUEL - PB: UMA APLICAÇÃO DO MODELO MESMIS

(ASSESSMENT OF THE SUSTAINABILITY OF FAMILY AGRICULTURAL PRODUCTION IN BARRA DE SÃO MIGUEL - PB: AN APPLICATION OF THE MESMIS MODEL)

Author: Mª Aparecida G. Sousa Advisor: Sergio Murilo Araújo 29/08/2019, PPGRN, Campina Grande, 2019

This search has the aim to evaluate the way of sustainability of family farming culture using the MESMIS (Framework for Evaluating Natural Resource Management Systems Incorporating Sustainability Indicators) method like an instrument for internal management of agricultural production in two communities in the city of Barra de São Miguel-PB. The research methodology used was quantitative and qualitative in nature, since it was based on the interpretation of the process and numerical data related to family agriculture and analysis of the MESMIS method, considering the aspects that this method works. The main difficulty when discussing the sustainability of family farming is to holistically address natural resources. Hence the need to create a measuring instrument that addresses these features and is capable of translating data into an interpretable result. It has been the need to create a measurement instrument that addresses these resources in a holistic way and that is capable of translating data into a result that can be interpreted. There are validated tools like MESMIS. The results presented using this methodology are indicators of sustainability of family farming culture and the contribution of this project will be the availability of a range of accurate information that can support public politcs that will contribute to the sustainable development of the region and other places, entities and responsible bodies interested in this issue for decision makers to assist in the development of strategies and politics.

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Figura 1 Mapa dos países onde se tem levado estudos de caso do MESMIS...22

Figura 2 - Mapa das Áreas Suscetíveis à Desertificação e Núcleos de Desertificação...27

Figura 3 - Mapa da localização do município de Barra de São Miguel – PB ... 29

Figura 4 - Ciclo de avaliação do MESMIS...32

Figura 5 - Plantação de milho...49

Figura 6 - Solo arado ...50

Figura 7 - Plantação de palma forrageira...54

Figura 8 - Criação de caprinos ... ...56

Figura 9 - Criação galinhas caipira ...57

Figura 10 - Criação de galinhas poedeiras ...57

Figura 11 - Produção de ovos e pintinhos ...58

Figura 12 - Feira Livre na comunidade B ...67

Figura 13 - Primeira feira com produtos da agricultura familiar na Comunidade B...67

Quadro 1 - Exemplos de indicadores que podem ser adotados em aplicações do MESMIS...36

Quadro 2 - Média das despesas da comunidade A e B...71

Quadro 3 - Média das receitas da comunidade A e B...73

Gráfico 1 - Escolaridade ...40

Gráfico 2 - Mão-de-Obra...40

Gráfico 3 - Tarefas principais ...41

Gráfico 4 - Estado de saúde ...42

Gráfico 5 - Serviços públicos na comunidade A ...43

Gráfico 6 - Serviços públicos na comunidade B ...44

Gráfico 7 - Participação comunitária e aposentados ...45

Gráfico 8 - Posse da terra ...47

Gráfico 9 - Forma atual de uso da terra na comunidade A...48

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Gráfico 11 - Rebanhos da comunidade B ...56

Gráfico 12 - A água utilizada está sujeita a algum tipo de contaminação ...62

Gráfico 13 - Consumo em litros de água ...63

Gráfico 14 - Produtividade das culturas e preços alcançados, comunidade A...64

Gráfico 15 - Produtividade das culturas e preços alcançados, comunidade B...64

Gráfico 16 - Informações sobre o mercado de orgânicos na comunidade A ...68

Gráfico 17 - Informações sobre o mercado de orgânicos na comunidade B ...69

Gráfico 18 - Despesas gerais da comunidade A ...70

Gráfico 19 - Despesas gerais da comunidade B ...71

Gráfico 20 - Receita Bruta (meses) da comunidade A ...72

Gráfico 21 - Receita Bruta (meses) da comunidade B ...72

Gráfico 23 - Dívidas e Créditos Comunidade A ...74

Gráfico 24 - Dívidas e créditos na comunidade B ...75

Gráfico 25 - Necessidade de recorrer a empréstimo na comunidade A ...76

Gráfico 26- Necessidade de recorrer a empréstimos na comunidade B ...76

Gráfico 27 - Empréstimos - comunidade A ...77

Gráfico 28 - Empréstimos - comunidade B ...77

Gráfico 29 - O que levou a produzir orgânicos - comunidade A ...79

Gráfico 30 - O que levou a produzir orgânicos - comunidade B ...80

Gráfico 31 - Como obtém informações sobre a produção de orgânicos - comunidade A ...81

Gráfico 32 - Como obtém informações sobre a produção de orgânicos - comunidade B ...81

Gráfico 33 - Participação em curso de capacitação ...82

Gráfico 34 - Opinião da comunidade A sobre associativismo ...83

Gráfico 35 - Opinião da comunidade A sobre associativismo ...84

Gráfico 36 - Crédito - comunidade A ...84

Gráfico 37 - Crédito - comunidade B ...85

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Gráfico 40 - Satisfação com a agricultura orgânica na comunidade A ...86

Gráfico 41 - Satisfação com a agricultura orgânica na comunidade B ...87

Gráfico 42 - Satisfação com a qualidade de vida - comunidade A ...88

Gráfico 43 - Satisfação com a qualidade de vida - comunidade A ...88

Gráfico 44 - Intenção de futuro para a atividade - comunidade A...89

Gráfico 45 - Intenção de futuro para a atividade - comunidade B. ...89

Gráfico 46 - Intenção para os filhos - comunidade A...90

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Tabela 1- População por faixa etária ...39

Tabela 2 - Produção vegetal nas comunidades ...54

Tabela 3 - Criação de animais em cabeças ...56

Tabela 4 - Extrativismo ...59

Tabela 5 - Destino do esterco ... 59

Tabela 6 - Problemas sanitários ...60

Tabela 7 - Disponibilidade de água para uso agrícola ...61

Tabela 8 - Número de unidades familiares e destino de sua produção ...65

Tabela 9 - Número de unidades familiares e destino de sua produção na comunidade B...67

Tabela 10 - Valores patrimoniais por família ...69

Tabela 11 - Histórico do produtor da comunidade A ...72

(13)

Capitulo 1- INTRODUÇÃO ... 9

1. 1 Relevância do Estudo e Caracterização do Problema ... 9

1.2 Justificativa ... 11

1.3 Objetivos ... 12

Objetivo geral ... 12

Objetivos específicos: ... 12

1.3.3 Estrutura do trabalho ... 13

Capitulo 2 - REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1 - Desenvolvimento sustentável ... 14

2.2 Indicadores de sustentabilidade e o Mesmis ... 19

2.3 - Método MESMIS ... 20

2.4 Agricultura e Produção... 23

2.5 - Degradação e Desertificação ... 25

Capitulo 3 – METODOLOGIA... 29

3.1 - Caracterização da Área de Estudo ... 29

3.2 - Dados secundários e primários ... 31

3.1 Procedimentos Metodológicos ... 33

Capitulo 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 39

4. 1 - Das Informações Gerais e Caracterização Sociocultural ... 39

4.1.2 - Composição familiar ... 39

4. 1.4 - Mão de obra ... 41

4.1.5 - Estado de Saúde ... 41

4.1.6 - Infraestrutura do lar ... 42

4.1.7 - Acesso a serviços públicos ... 43

4.1.7 - Participação Comunitária e Aposentados ... 44

4.1.9 - Trajetória na Agricultura ... 46

4.2 - Caracterização da Unidade de Produção ... 46

4.2.1 - Posse da terra ... 47

4.2.2 - Forma atual do uso da terra (ha) ... 48

4.3 - Indicadores Técnicos-Agronômicos ... 53

4.3.1 - Produção vegetal ... 53

(14)

4.3.4 - Fonte de Matéria Orgânica ... 60

4.3.5 - Problemas sanitários ... 61

4.3.5 - Disponibilidade, qualidade e consumo de água de uno agrícola ... 61

4.3.6 - Qualidade da água ... 62

4.3.7 - Consumo ... 63

4.4 - Aspectos de Mercado ... 64

4.3.8 - Destino da Produção ... 66

4.3.9 - Como obtêm informações sobre o mercado de orgânicos? ... 69

4.4 - Aspectos econômicos ... 70

4.4.1 - Valores patrimoniais por família ... 71

4.4.2 - Despesas Gerais ... 71

4.4.3 - Média das Despesas das Comunidades A e B ... 73

4.5.1 - Média das Receitas das Comunidades A e B ... 75

4.6 - Dívidas e créditos ... 76

4.6.1 - Tem necessidade de recorrer a empréstimos? ... 77

4.6.2 - Se houver uma emergência, quem pode lhe emprestar dinheiro? ... 78

4.7 - Descrições Gerais... 80

4.7.1 - Histórico do produtor ... 80

4.7.2 - O que levou a produzir orgânicos? ... 81

4.7.3 - Como obtém informações sobre produtos orgânicos? ... 82

4.7.4 - Já participou de algum curso de capacitação?... 83

4.8 - Opiniões do produtor ... 84

4.8.3 - Assistência técnica ... 87

4.8.4 - Satisfação com a agricultura orgânica ... 88

4.8.5 - Satisfação com a qualidade de vida ... 89

4.8.6 - Intenção para o futuro para a atividade ... 90

4.8.7 - Intenção para os filhos ... 91

4.8.8 - Sustentabilidade da Agricultura Familiar ... 93

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS... 94

REFERENCIAS ... 100

(15)

Capitulo 1-

INTRODUÇÃO

1. 1 Relevância do Estudo e Caracterização do Problema

A realidade agrária e suas particularidades tem sido objeto de constantes estudos no âmbito das ciências. As pesquisas buscam compreender as principais atividades realizadas no espaço rural nas mais diversas regiões do mundo, além do modo de vida rural próprio de cada lugar que e as consequências das atividades humanas no ambiente em que estão inseridos, como afirma Williams (1989) essa vida rural, campestre tem muitos significados em termos de sentimentos e de atividades, no espaço e no tempo, Abramovay (1992) reforça a discussão sobre esta realidade agrária é resultante da complexa interação do homem com a terra e das influências do capital sobre as relações de trabalho existentes no campo que, por sua vez, são intermediadas pela técnica.

Para compreender esta realidade rural é preciso entender como e o que acontece, entender a dinâmica dos grupos sociais que ocupam estes espaços e as relações estabelecidas com outros grupos sociais, compreender, como afirma Williams (op. cit.), que a longa história das comunidades humanas sempre esteve bem evidente essa ligação entre a terra da qual todos nós, direta ou indiretamente, extraímos nossa subsistência, e as realizações da sociedade humana. As populações rurais com seu estilo e modo de vida e trabalho, sua cultura, assim como sua concepção de mundo estão em transformações constantes, embora suas características tradicionais fundamentais, que as fazem reconhecê-las enquanto tal permaneça estruturando as relações sociais, econômicas, culturais e simbólicas do mundo rural (SANTOS, 2008).

A realidade atual mostra que a região semiárida no Brasil tem sofrido períodos cíclicos de seca e estiagens o que tem gerado impactos econômicos, sociais e políticos como também restrições ecológicas. Estes impactos tem afetado a produção familiar do município de Barra de São Miguel - PB como também tem impactos diretos no desenvolvimento sustentável desta região que também faz parte do território do Cariri Oriental da Paraíba. Diante desta situação é necessário que se avalie a sustentabilidade da produção agrícola familiar deste município com a utilização dos indicadores de sustentabilidade do modelo Marco para Evaluación de Sistemas de Manejo de Recursos

Naturales Incorporando Indicadores de Sustentabilidad (MESMIS).

O Território assim como o desenvolvimento, de acordo com Sequet (2011), são processos históricos, relacionais e multidimensionais contendo relações de poder,

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identidades, redes e a natureza exterior ao homem bem como todas as relações imanentes à nossa vida cotidiana, segundo este autor os atores sociais deste território veem, percebem, concebem, constroem de forma dinâmica o território a partir das territorialidades cotidianas.

O semiárido com suas particularidade climáticas tem sofrido com o processo de desertificação de vastas áreas, como afirma Caetano et al. (2017) a desertificação é um dos fenômenos ambientais mais danosos em escala global, incorrendo em agravamento dos quadros social e econômico, no desaparecimento da fauna nativa e na mudança da paisagem. O agravamento do quadro climático, juntamente com as intensas e indevidas intervenções antrópicas em ambientes frágeis, causa uma série de impactos que levam a diminuição da qualidade de vida e a redução considerável dos ativos ambientais nas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD). De acordo com dados da Agência 21 Global do Portal do Meio Ambiente cita as diretrizes propostas pela Agenda 21 global, importante documento norteador lançado pela RIO-92, que dedica todo o Capítulo 12 (Manejo de Ecossistemas Frágeis: a luta contra a desertificação e a seca) a ações de desenvolvimento sustentável e proteção ambiental recomendadas para regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas.

A forma que a agricultura tradicional vem sendo praticada, como mostra Sampaio; Araújo; Sampaio B, (2005) sobre as evidências da degradação como a derrubada crescente da vegetação nativa; densidade animal excessiva; sobre pastoreio com eliminação sazonal da cobertura de herbáceas; solos descobertos com marcas visíveis de erosão e baixos teores de matéria orgânica; queda na produção pecuária, já com níveis baixos de produtividade; redução da renda dos pecuaristas abaixo do salário mínimo, agravada pela diminuição do tamanho das propriedades, na sua maioria já muito pequenas tem causado desertificação de enormes áreas territoriais.

De acordo com estudos do Projeto LUCINDA (Land Care in Desertification

Afected Areas) do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, de Portugal, o

processo de desertificação está a tornar a todos mais pobres e menos saudáveis. Tendo assim que se gastar dinheiro a substituir os serviços que foram perdidos através de negligência ou ignorância acerca dos processos ambientais. A desertificação afeta a saúde, resulta em temperaturas ambientes mais elevadas, que podem causar desidratação, e mais poeira, que causa problemas respiratórios. Há mais fogos florestais, que reclamam mais vidas e meios de subsistência.

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Diante disso é pertinente questionar: Existe sustentabilidade da produção

familiar nas comunidades rurais a serem avaliadas pelo MESMIS? Quais são as práticas de manejo necessárias para se alcançar a sustentabilidade e maior equilíbrio das unidades produtivas?

1.2 Justificativa

A agricultura familiar tem sido objeto de estudo de diversas pesquisas e projetos fundamentais como mostra relatórios da Comissão Europeia (CE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) onde destacam a importância da agricultura familiar não só para a produção de alimentos, mas também como motor de integração social e de preservação do meio ambiente. A agricultura familiar é essencial para o desenvolvimento sustentável em muitos aspectos, incluindo a erradicação da pobreza, a fome e todas as formas de má nutrição, além da preservação dos recursos naturais e da biodiversidade. (SILVA, 2018).

Diante disso, se faz necessário investigar os problemas relacionados à sustentabilidade da produção agrícola enfrentados pelos agricultores familiares, utilizando o método MESMIS. Buscaremos o comprometimento e participação efetiva de todos os atores envolvidos no processo de desenvolvimento e valorização do conhecimento local, encontrar estratégias que atendam as necessidades reais da comunidade, como também ajudar na construção e o comprometimento da comunidade em enfrentar futuras dificuldades. Assim os agricultores passarão a ser sujeitos das pesquisas em ambientes rurais e não apenas objetos de estudo, contribuindo para a geração de novos conhecimentos e consequentemente para a transformação da sociedade, principalmente a busca pela sustentabilidade da agricultura familiar, o trabalho busca auxiliar os agricultores a acompanharem de maneira ativa e sistêmica a evolução dos aspectos que influenciam na sustentabilidade de suas propriedades.

Neste sentido, SOUZA, (2012) afirma que a realização de estudos de mensuração e avaliação da sustentabilidade da agricultura familiar vem se mostrando uma importante ferramenta para a fundamentação da tomada de decisões, a partir do estudo dos pontos críticos como afirmam torna-se possível o gerenciamento da propriedade para o desenvolvimento sustentável no município de Barra de São Miguel - PB. A escolha deste município se deu pela importância da temática da sustentabilidade da agricultura familiar, produção e desenvolvimento, como também aspectos relacionados à desertificação e indicadores de sustentabilidade que fornecerão uma

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gama de conhecimentos em busca da sustentabilidade das suas unidades de produção como também dados que poderão auxiliar aos tomadores de decisões nas políticas públicas que possam contribuir de forma significativa na vida dos agricultores familiares deste município.

As duas comunidades pesquisadas estão localizadas na zona rural do município de Barra de São Miguel - PB, (figura 3, capítulo 3 - Metodologia), uma delas é o distrito do Riacho Fundo (comunidade A), é banhado pelo Rio Paraíba, predomina a agricultura familiar com terras que predominantemente pertencem às próprias famílias, existem outras atividades como funcionários públicos, pescadores e aposentados. Existem também na região a criações de ovinos, caprinos, bovinos, porcos e pequenas criações de aves criadas nos quintais das casas.

Na comunidade do Assentamento Bom Jesus I, era a Fazenda Melancia e através dos trabalhos de base da Pastoral da Terra, organização dos camponeses conseguiram junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) uma área para serem assentados. Estes cidadãos já eram camponeses e residiam nas comunidades próximas a fazenda Melancia.

1.3 Objetivos Objetivo geral

Avaliar a sustentabilidade da agricultura familiar utilizando o método MESMIS como um instrumento para gestão interna da produção agrícola em duas comunidades, no município de Barra de São Miguel-PB.

Objetivos específicos:

a) Caracterizar o município de Barra de São Miguel em seus aspectos sociais, econômicos e ambientais;

b) Identificar as propriedades/comunidades e suas formas de manejo dos recursos naturais envolvidos na produção agrícola e criação de animais;

c) Relatar, baseado em indicadores, como estão estas propriedades rurais quanto ao nível de sustentabilidade das atividades realizadas;

d) Apontar possíveis soluções para se alcançar a sustentabilidade econômica, social e ambiental das unidades familiares.

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1.3.3 Estrutura do trabalho

Visando alcançar os objetivos propostos e buscando responder ao problema da pesquisa, estruturou-se o presente trabalho em seis capítulos.

O capitulo 1 presenta a relevância do presente estudo e a caracterização do problema, justificativa e objetivos.

No capitulo 2 - Apresenta-se o histórico, conceitos e definições do desenvolvimento sustentável, como também dos indicadores de sustentabilidade, aborda-se o Método MESMIS - Marco para a Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade, como também aborda-se o tema da agricultura, produção, degradação e deaborda-sertificação.

No capitulo 3 - Apresentam-se a caracterização da área de estudo, com os dados primários e secundários, procedimentos metodológicos a partir do método MESMIS.

No capitulo 4 - Apresentam-se os resultados e discussão fornecendo dados confiáveis das comunidades pesquisadas.

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Capitulo 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 - Desenvolvimento sustentável

As questões ambientais têm sido discutidas com mais ênfase a partir da década de 1980 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) retomou o debate sobre este tema, a primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. A comissão foi criada em 1983, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões. (ARAÚJO, 2010). A ONU foi criada no período pós-Segunda Guerra Mundial, em 1945, por meio do documento de fundação conhecido como Carta das Nações Unidas a ONU teve motivação para a sua criação nos conflitos internacionais que destruíram diversos territórios e vitimaram milhares de pessoas, trazendo, assim, à tona a necessidade de buscar a paz entre as nações. (ESCOLA, 2019).

De acordo com dados do Portal Ambiente Brasil (2017) a ONU retomou o debate das questões ambientais. Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland. Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades”. Este importante documento foi publicado após três anos de audiências com líderes de governo e o público em geral, ouvidos em todo o mundo sobre questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento e este processo possibilitou que diferentes grupos expressassem seus pontos de vista em questões como agricultura, silvicultura, água, energia, transferência de tecnologias e desenvolvimento sustentável em geral.

De acordo com dados da Biblioteca Didática de Tecnologias Ambientais, 2019, os movimentos sociais estiveram presentes ao longo do tempo pressionando as entidades governamentais para que tomassem providências quanto as questões ambientais no Brasil e no mundo, desse movimento de mais de 50 anos para prover as necessidades das gerações presentes sem comprometer as futuras gerações de prover as suas próprias, além de fazer com que as sociedades se conscientizem cada vez mais, resultou numa série de mecanismos que visam impedir a deterioração ambiental, tais como: Políticas ambientais, Auditorias Ambientais, Sistemas de Gestão Ambiental, Levantamentos de Passivos Ambientais e Projetos de Desenvolvimento Sustentável.

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O termo sustentabilidade apresenta diversas nuances dependendo do contexto, neste trabalho parte-se do princípio do uso produtivo de recursos naturais que pode ser orientado para beneficiar as populações locais sem prejudicar o Meio Ambiente, respeitando a cultura e potencialidades locais em busca de melhorias na condição de vida das populações e, ainda, baseando-se na solidariedade com as futuras gerações.

Diante desta realidade a realização de estudos de mensuração e avaliação da sustentabilidade da agricultura familiar vem se mostrando uma importante ferramenta para a fundamentação da tomada de decisões, a partir do estudo dos pontos críticos torna-se possível o gerenciamento da propriedade para o desenvolvimento sustentável. (VERONA, 2008)

Segundo informações do portal Ambiente Brasil, 2017 a World Commissionon

Environment and Development, 1987 o desenvolvimento sustentável é aquele

desenvolvimento que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Em 2006 enfatizando esta afirmação Van Bellen cita Pronk e ulHaq (1992) o desenvolvimento é sustentável quando o crescimento econômico traz justiça e oportunidades para todos os seres humanos do planeta, sem privilegio de algumas espécies, sem destruir os recursos naturais finitos e sem ultrapassar a capacidade de carga do sistema.

O estudo e o conceito de desenvolvimento sustentável deve ser inserido na relação dinâmica entre o sistema econômico humano e um sistema maior, com taxa de mudança mais lenta, o ecológico. Mostrando-se um desafio de construir um desenvolvimento dito sustentável e indicadores que demonstrem isso é compatibilizar o nível macro com o micro. (COSTANZA, 1991).

Em seu artigo Neodesenvolvimentismo: Quinze anos de gestação, Veiga (2006) traz a concepção do indiano Amartya Sen e do paquistanês Mahbud ul Haq de que só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento servem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e ser capaz de participar da vida da comunidade. Na ausência destas quatro, estarão indisponíveis todas as outras possíveis escolhas. E muitas oportunidades na vida permanecerão inacessíveis. Além disso, há um fundamental pré-requisito que precisa ser explicitado: as pessoas têm que ser livres para que suas escolhas possam ser exercidas, para que

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garantam seus direitos e se envolvam nas decisões que afetarão suas vidas. Na verdade, o objetivo básico do desenvolvimento é alargar as liberdades humanas. (VEIGA, 2006)

Para o economista polonês Ignacy Sachs (1997) sendo a sustentabilidade um conceito dinâmico que engloba um processo de mudança, o desenvolvimento sustentável apresenta cinco dimensões: Social, econômica, cultural, geográfica e ecológica.

A proteção do meio ambiente tem sido uma temática recente frende as demais teorias pertencentes a outras ciências, como afirma Gaviolli et al. (2016), esse tema, apesar de recente, tem sido discutido a partir de um processo histórico e da tomada de consciência dos problemas ambientais, crises econômicas e desigualdades sociais, sendo por demais complexa, devendo ser contínua e sistemática.

As teorias de proteção do ambiente natural sofreram uma divisão no início do século XX, preservacionismo que atinha-se à ideia de preservar as áreas virgens de qualquer uso que não fosse de natureza recreativa e educacional, enquanto conservacionismo assumia a ser o planejamento eficiente e racional do uso dos recursos naturais, como o solo, florestas, fauna e água (AFONSO, 2006).

Segundo dados do portal Educação (2019), o Relatório do Clube de Roma contribuiu com impacto para reunião de Estocolmo, propondo assim a desaceleração do desenvolvimento industrial nos países desenvolvidos e do crescimento populacional, nos países subdesenvolvidos, vez que o modelo e processo de industrialização eram altamente poluidores e a pobreza de países emergentes era atribuída ao aumento da população. Este relatório prever ajuda dos primeiros para que os segundos pudessem se desenvolver, no evento foi demonstrado que o crescimento econômico estava em rota de colisão com a preservação ambiental (MORAIS NETO, PEREIRA, & MACCARI et al., 2012). Criado em 1968, o Clube de Roma foi formado por 36 cientistas e economistas que se ocupavam com estudar o impacto global das inter-relações entre a produção industrial e o uso dos recursos naturais (MEADOWS et al., 1972; SILVA & PEREIRA, 2008; NASCIMENTO, 2012).

Como os resultados do relatório e destas ações tiveram pouco impacto face à contínua degradação ambiental (VIZEU, MENEGHETTI, & SEIFERT, 2012), em dezembro de 1983, o secretário geral das Nações Unidas apontou, para coordenar uma comissão independente com ênfase nos problemas relacionados à crise ambiental e ao desenvolvimento, a então primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland.

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Iniciativa esta, conhecida por Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve seus trabalhos encerrados em 1987 com a publicação do relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como “Relatório Brundtland”.

Neste relatório Brundtland que a expressão “desenvolvimento sustentável” foi definida como “o desenvolvimento que atende às necessidades presentes sem comprometer a habilidade das gerações futuras em atenderem às suas próprias necessidades” (WCED, 1987, p. 43).

Mesmo com as definições, estudos e teorias o termo sustentável apresenta variações como afirma Gibberd (2015), apesar da existência de uma ampla gama de definições para sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, não há consenso sobre o que é sustentável de forma clara. Dentro da perspectiva amplamente aceita, como é o caso da definição de WCED (1987), é difícil traduzir essa definição em ação. Assim:

As necessidades e as aspirações são subjetivas e as interpretações variam no que isso significa. Também não se faz referência explícita às limitações ambientais que determinam se as gerações atuais e futuras são capazes de satisfazer suas necessidades (GIBBERD, 2015, p. 50).

De acordo com os estudos de Aligleri (2011) em sua tese intitulada: “A adoção de ferramentas de gestão para a sustentabilidade e a sua relação com os princípios ecológicos nas empresas”, que relaciona a sustentabilidade com um paradigma que possibilita continuidade da vida, assegurando a manutenção da civilização humana ao longo das gerações e a define como a harmonização da eficiência econômica, equidade social e prudência ecológica, implicando a compatibilização dos modelos de produção e gestão das instituições sociais com o sistema de organização e conservação da natureza. A autora, para definir sustentabilidade, utiliza os estudos de Elkington (2001), o qual ratifica que, no âmbito empresarial, as organizações deverão desenvolver um melhor entendimento sobre as novas visões do significado de desigualdade social, justiça ambiental e ética empresarial.

O crescimento econômico e o meio ambiente, são vinculados ao desenvolvimento sustentável, são relacionados também a três perspectivas, que interagem e se sobrepõem, afetando-se e condicionando-se mutuamente: a) a dos comportamentos humanos, econômicos e sociais, que é tratado pela teoria econômica e das demais ciências sociais, b) a da evolução da natureza, que é objeto das ciências

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biológicas, físicas e químicas e c) a da configuração do território, que é tratado pela geografia humana, das ciências regionais e da organização do espaço.(VEIGA, 2006).

Os comportamentos humanos tem exercido pressão sobre a base de recursos não renováveis será tão grande que, ou ocorrerá uma catástrofe ecológica ou se aprofundará o processo da exclusão social, privando as grandes maiorias, particularmente nos países de terceiro mundo, dos benefícios de um autêntico desenvolvimento. Furtado (1970). Ainda de acordo com este autor, a relação de dependência das economias periféricas com os países centrais inviabiliza qualquer tipo de desenvolvimento para os primeiros, visto que essa relação aumenta as disparidades entre esses dois grupos e entre ricos e pobres dentro dos países subdesenvolvidos.

É preciso também verificar a distância entre crescimento econômico e desenvolvimento sustentável, a diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. (GAGLIARDI, 2019).

Segundo Furtado, 1974 em seu livro “Mito do Desenvolvimento econômico” o autor faz uma critica ao atual política de desenvolvimento, esta sendo insustentável, injusta e promotora de destruição dos recursos naturais, dialogando com esta compreensão sobre “o conceito de desenvolvimento é como uma ruína na paisagem intelectual. Ilusões e reveses, fracassos e crimes foram assíduos companheiros e todos eles relatam uma mesma estória: o desenvolvimento não deu certo defasado e tornou-se obsoleto” (SACHS, W., 2000).

De acordo com as afirmações de Celso Furtado a ideia de desenvolvimento é um simples mito e graças a ela, tem sido possível desviar as atenções da tarefa básica de identificação das necessidades fundamentais da coletividade e das possibilidades que abrem ao homem o avanço da ciência, para concentrá-las em objetivos abstratos, como são os investimentos, as exportações e o crescimento (FURTADO, 1974).

Segundo estudos de José Eli da Veiga, Furtado continuou perseverando na formulação teórica do desenvolvimento, em vez de combater ao crescimento econômico, ou de uma recusa quase pueril do capitalismo, da globalização e do progresso em geral, ao afirmar que como o desenvolvimento traduz a realização das potencialidades humanas, é natural que se empreste à idéia um sentido positivo. As

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sociedades são consideradas desenvolvidas à medida que nelas o homem logra satisfazer suas necessidades e renovar suas aspirações. (VEIGA, 2006)

2.2 Indicadores de sustentabilidade e o Mesmis

As reflexões e debates iniciada na década de 1960 resultaram nos conceitos que temos sobre sustentabilidade, implicando na manutenção quantitativa e qualitativa do estoque de recursos ambientais, utilizando tais recursos sem danificar suas fontes ou limitar a capacidade de suprimento futuro, para que tanto as necessidades atuais quanto aquelas do futuro possam ser igualmente satisfeitas. (AFONSO, 2016)

Neste sentido a sustentabilidade é definida como a “.... capacidade de sustentar e isso incorpora duas condições dentro do conceito de sustentabilidade – uma capacidade natural de dar suporte e sustentar, ambas relativas ao conceito de durabilidade”. (ARAÚJO, 2008).

A análise dos Indicadores são assuntos que merecem destaque, pois contribuem de forma significativa para a implementação e avaliação de politicas públicas, descrevem resultados destas politicas e fornecem conhecimento aos pesquisadores e investigadores para o processo de desenvolvimento sustentável. (MARTINS e CÂNDIDO, 2015).

Os indicadores podem ser considerados os componentes de avaliação do progresso em direção ao desenvolvimento sustentável. Auxiliando na melhor compreensão do que seja exatamente desenvolvimento sustentável, propiciando uma gama de informações aos tomadores de decisão na avaliação de desempenho em relação aos objetivos estabelecidos, fornecendo bases para o planejamento de futuras ações, auxiliam também na escolha de alternativas políticas direcionando para metas relativas à sustentabilidade. (GALLOPIN, 1996).

Para Cândido et.al. (2015) entre outros métodos que também trabalham com indicadores de sustentabilidade tem-se utilizado o MESMIS, que é uma das ferramentas desenvolvidas para a avaliação de sustentabilidade de agrossistemas. Esta ferramenta metodológica:

Ayuda a evaluar la sustentabilidad de sistemas de manejo de recursos naturales, con énfasis en el contexto de los productores campesinos y en el ámbito local, desde la parcela hasta la comunidade; Brinda una reflexión crítica destinada a mejorar las posibilidades de éxito de las propuestas de sistemas de manejo alternativos y de los propios proyectos involucrados en la evaluación. El MESMIS se propone

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como un proceso de análisis y retroalimentación. Se busca evitar que el análisis proporcione simplemente una calificación de los sistemas de manejo en escalas de sustentabilidade; Busca entender de manera integral las limitantes y posibilidades para la sustentabilidad de los sistemas de manejo que surgen de la intersección de procesos ambientales con el ámbito social y económico; Permite comparar a los sistemas de manejo en términos de su sustentabilidad, ya sea mediante la confrontación de uno o más sistemas alternativos con un sistema de referencia (comparación transversal) o bien mediante la observación de los cambios de las propiedades de un sistema de manejo particular a lo largo del tiempo (comparación longitudinal). (MESMIS, 2019)

O método fornece bases conceituais metodológicas para operacionalizar a sustentabilidade de agrossistemas em âmbito local por meio da definição, medição e monitoramento de indicadores. Este método parte de uma abordagem sistêmica, interdisciplinar e participativa, que visa favorecer a complexidade e especificidades das agrossistemas (MASERA; ASTIER; LÓPEZ-RIDAURA, 2000; SPEELMAN et al, 2007).

2.3 - Método MESMIS

Segundo estudos de Cândido et. al. (2015) o método MESMIS foi criado em 1995 por um grupo interdisciplinar e multi-institucional do México, com o intuito de traduzir princípios gerais de sustentabilidade em definições operacionais, indicadores e práticas no contexto da gestão de recursos naturais em comunidades camponesas (LÓPEZ-RIDAURA, MASERA, & ASTIER, 2002).

Os dados dos antecedentes deste método, no site do MESMIS, afirmam que: A pesar del auge en la discusión sobre desarrollo sustentable, existen todavía pocos esfuerzos sistemáticos y consistentes para hacer operativos los principios generales de sustentabilidad en casos concretos. Los procedimientos convencionales (por ejemplo, análisis de costo-beneficio) son insuficientes o simplemente inadecuados para incorporar los nuevos retos que presenta el análisis de sustentabilidad, tal como la existencia de variables no cuantificables y la integración de parámetros biofísicos con procesos sociales y económicos. Se ha tratado de paliar el problema mediante un esfuerzo "aditivo", es decir, simplemente añadiendo técnicas convencionales.Sin embargo, un análisis profundo de los requisitos de sustentabilidad implica un esfuerzo conceptual y práctico cualitativamente distinto. En particular, no se tienen marcos desarrollados para evaluaciones de sistemas de manejo de recursos naturales en el contexto campesino de los países del Tercer Mundo. Existe un trabajo relativamente amplio en el desarrollo de indicadores de tipo biofísico, especialmente para subsistemas muy concretos en condiciones controladas (indicadores de sustentabilidad del recurso suelo o para un cultivo determinado). (MESMIS, 2019).

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O método MESMIS busca identificar alterações antrópicas sobre um sistema com base em padrões de sustentabilidade. É aplicável em sistemas de produção agrícola, florestal e/ou pecuária, e procura apontar de forma holística, os limites e possibilidades de sustentabilidade do sistema sob as perspectivas econômica, social (incluindo cultural e política) e ambiental (MASERA, ASTIER, & LÓPEZ-RIDAURA, 2000).

De acordo com dados do site o projeto MESMIS:

El proyecto MESMIS es un esfuerzo impulsado y dirigido por investigadores(as) y profesionistas de diversas áreas interesados(as) en desarrollar y difundir herramientas para la evaluación de sustentabilidad de sistemas de manejo de recursos naturales. Los objetivos del proyecto se centran en el desarrollo del Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo de Recursos Naturales Incorporando Indicadores de Sustentabilidad (MESMIS), así como en su aplicación en estudios de caso en el sector rural, principalmente en el contexto campesino de Latinoamérica. Así mismo, busca capacitar individuos y organizaciones interesadas en la evaluación de sustentabilidad y la formación de recursos humanos a través de programas universitatios a nivel de licenciatura y posgrado. Para romper con el problema usual de que los desarrollos teóricos pocas veces tienen aplicación en la resolución de problemas concretos de nuestra sociedad, el proyecto se diseñó para cubrir cuatro tareas fundamentales: investigar-capacitar-aplicar-documentar. (MESMIS, 2019).

O Projeto MESMIS trabalha com quatro grandes áreas de ação fortemente integradas que são: Investigação sobre temas emergentes sobre sustentabilidade; Aplicação e sistematização de estudos de caso, Formação de Recursos humanos e geração e difusão de material de apoio. (MESMIS, 2019)

E tem sido utilizado em diversas partes do mundo, como podemos observar na figura 1 principalmente em sistemas de base familiar com ênfase em atividades com base ecológica (VERONA, 2008).

A partir da análise de 25 estudos de caso selecionados segundo o nível de detalhes e a qualidade dos dados disponíveis, estes autores citados acima fazem uma avaliação crítica do MESMIS, o objetivo foi identificar os pontos fortes e as limitações do método com o intuito de promover melhorias em aplicações futuras. A conclusão do estudo é que o MESMIS permite conduzir avaliações de sustentabilidade agrícola em diversos contextos sócio ecológicos com uma abordagem de longo prazo, participativa, interdisciplinar e multi-institucional. (CÂNDIDO, NÓBREGA, FIGUEIREDO, MAIOR, 2015).

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Figura 1. Mapa de los países donde se han llevado estudios de caso del MESMIS de 2005 a

2015. Fonte: Projeto MESMIS, 2019.

Ainda de acordo com Cândido et. al. (2015), os autores apresentam uma nova versão do MESMIS, ainda por ser testada e validada, incorporando ferramentas e técnicas interativas em cada um dos seis passos do ciclo de avaliação.

Contabilizando mais de 60 estudos de caso realizados principalmente na América Latina, mas também na Espanha, em Portugal e nos Estados Unidos (ASTIER, BARRIOS¬-GARCIA, GALVÁN-MIYOSHI, GONZÁLEZ-ESQUIVEL, & MASERA, 2012).

De acordo com dados do seu próprio site o MESMIS tem desde sua primeira edição em 1999, conseguido diferentes frutos:

Más de 60 estudios de caso, principalmente de Latinoamérica, pero también de Brasil, España, Portugal y Estados Unidos; Más de 30 publicaciones entre artículos y libros arbitrados, manuales, artículos de divulgación y documentos de apoyo; Impartición de más de 40 cursos, talleres y seminarios en Latinoamérica; Participación en 15 programas de licenciatura y posgrado en Iberoamérica; Más de 500 referencias nacionales e internacionales sobre sustentabilidad sistematizadas en la base de datos SUSTENTA; Colaboración con grupos de trabajo internacionales, incluyendo el proyecto FESLM de la FAO; Desarrollo de MESMIS Interactivo, un programa de simulación didáctico, amigable e interactivo acerca de la aplicación del marco MESMIS. (MESMIS, 2019)

De acordo com estudos de Cândido, Nobrega, Figueiredo e Maior, (2015) no Brasil o este método tem sido aplicado principalmente em unidades produtivas de base

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familiar como exercício acadêmico, na forma de dissertações, teses e outros projetos de pesquisa e extensão apoiados por órgãos de fomento.

2.4 Agricultura e Produção

Com o passar dos milênios as comunidades neolíticas sofreram uma importante mudança, o surgimento da agricultura, há cerca de 12 mil anos, e foi sendo disseminada por toda Europa nos 6 mil anos próximos. O domínio de técnicas agrícolas estabeleceu um novo padrão de vida calcado na disponibilidade regular de alimentos. (BRASIL ESCOLA, 2019)

Dessa forma, cada grupo humano construía seu espaço de vida com as técnicas que inventava para tirar do seu pedaço de natureza os elementos indispensáveis à sua própria sobrevivência. Organizando a produção, organizava a vida social e organizava o espaço, na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos (SANTOS, 1996).

As características específicas do espaço agrário vêm sendo, ao longo do tempo, objetos de preocupação das Ciências como um todo, exigindo desta uma abordagem crítica e pragmática acerca dos elementos que compõem os diferentes contextos rurais, uma vez que este espaço, conforme Wanderley (1999 apud VIEIRA, 2006, p. 23), “[...] é peculiar, espaço de produção de relações sociais específicas, com uma realidade própria e particularidades históricas e culturais. Ele ergueu-se sob uma estrutura de dominação social: posse, uso indiscriminado da terra e dos recursos naturais”.

No Brasil, estas características resultam, segundo Abramovay (1992), em duas formas de agricultura: o modelo patronal, baseado na grande propriedade, utilizando mão-de-obra contratada e sendo geralmente destinada ao mercado externo, e o modelo familiar, baseado na pequena propriedade, utilizando a mão-de-obra da própria família, destinada ao próprio consumo e voltado para o abastecimento dos mercados locais. Este modelo capitalista de uso da terra, da propriedade rural, as forças produtivas e as relações de produção dão forma e significados ao território.

Neste caso, o município pesquisado faz parte do território da micro região Cariri Oriental paraibano. O território é construído socialmente e, ao mesmo tempo, é condição para a valorização do capital, mediando à extração de mais-valia, numa compreensão eminentemente relacional do território. (SEQUET, 2011)

A forma de produção no semiárido brasileiro, especificamente na região Nordeste, a forma de produção agrícola mais comum é baseada no modelo familiar,

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sendo esta praticada, quase sempre, em condições precárias como afirma Baiardi e Mendes (2007) e Sabourin (1999), os produtores ainda desenvolvem uma agricultura bastante rudimentar em consequência das problemáticas condições que enfrentam, tanto de ordem natural, como social, política e econômica.

Dialogando com esta discussão Carneiro e Maluf (2003) vêm destacar o processo de absorção de novas características e construção de novas realidades agrárias em consequência disso, a agricultura acaba passando também por constantes mudanças, tornando-se, segundo os autores supracitados, uma atividade multifuncional, sendo o termo “agricultura familiar” o mais adequado para descrever esse novo contexto.

De acordo com estudos de Paiva, 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, em 30 de setembro de 2009, os dados do Censo Agropecuário de 2006, que são realizados a cada dez anos, as estatísticas oficiais sobre a Agricultura Familiar foram divulgadas neste censo pela primeira vez. Este acontecimento ocorreu pelo reconhecimento do Estado brasileiro da importância social e econômica da Agricultura Familiar, constituída pela pluralidade de silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. (PAIVA, 2017)

Ainda de acordo com o censo de 2006 constatou-se que 84,4% do total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros pertencem a grupos familiares. O que corresponde a aproximadamente 4,4 milhões de estabelecimentos, a metade deles está na região nordeste. De acordo com o estudo, a Agricultura Familiar constitui a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes; responde por 35% do produto interno bruto nacional; e absorve 40% da população economicamente ativa do país. (PAIVA, 2017)

A falta de manejo adequado na agricultura de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 2019 é uma das causas do processo de desertificação no Brasil, os projetos de irrigação sem critérios ambientais e manejo adequado, que degradam e salinizam os solos, entre outras forças que atuam sobre o ambiente e a sociedade, incluindo interferências humanas diretas e desastres naturais cuja ocorrência seja agravada pela ação antrópica agravam ainda mais a situação do semiárido brasileiro.

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2.5 - Degradação e Desertificação

De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, (2019) a desertificação e definida como degradação ambiental e socioambiental, particularmente nas zonas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores e vetores, incluindo as variações climáticas e as atividades humanas. A desertificação é definida como um processo de destruição do potencial produtivo da terra por meio da pressão exercida pelas atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa. (MMA, 2019).

A ONU classifica de desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência localizadas nas regiões de clima semiárido, árido e subsumido seco. Esse processo provoca três tipos de impactos: Ambientais, sociais e econômicos. (PAREJO, 2006).

Diante disso a desertificação é considerada a causa principal das alterações climáticas, tanto em nível local como globalmente, porque as mudanças adversas na superfície da Terra afetam profundamente as respostas e padrões da Atmosfera. Acima de tudo, por causa da desertificação tem‐se muito menos água onde mais é precisa:

A desertificação tem várias faces, uma das quais é o impacto dos processos de degradação da terra, causado pelos seres humanos sobre o Ambiente. Estes incluem, por definição, consequências a longo prazo, por vezes involuntárias, de erosão do solo, evaporação e salinização, incêndios, esgotamento e poluição das águas subterrâneas. O funcionamento e saúde do ambiente físico são afetados pela forma como se utiliza a terra e a água. Os impactos do clima e das mudanças climáticas são outra face, bem como o legado de degradação da terra e cultura herdadas. Pode estar‐se à altura do desafio da desertificação? A investigação mostra que, embora a desertificação seja complexa e difícil de quantificar, muitas soluções estão à mão. Requerem a aplicação de conhecimento científico e tecnológico; a participação da comunidade de agentes e decisões locais e nacionais; leis que sejam aplicadas para regular o impacto do uso do solo e alocação de água. O combate à desertificação deve ser uma pedra angular do desenvolvimento sustentável. (IMESON, s.d).

O Nordeste brasileiro, por encontrar-se em grande parte inserido nos climas semiárido e subsumido seco, apresenta um baixo índice pluviométrico, além de precipitações irregulares concentradas no início do ano e altas taxas de evapotranspiração, ou seja, fatos que obstaculizam o desenvolvimento de práticas agrícolas (ANGELOTTI et al., 2009).

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A região semiárida brasileira possui mais de 10% de seu território com alto grau de degradação (COLLADO, 2001; SANTANA, 2007). A área que representa o processo de desertificação no Brasil de forma intensa atinge por volta de 98.595 km2, este número abrange 10% do semiárido brasileiro (PAE, 2011). Um fator importante sobre o processo de desertificação são manchas que aparecem no solo do Semiárido nordestino, apresentando áreas de solos rasos, sem capacidade de retenção de água, deficiências em matéria de nutrientes, contribuindo para intensificar o processo de desertificação. (MEDEIROS; ISMAEL, 2012). Nos estudos pioneiros:

O surgimento dessas manchas foi denominado por Vasconcelos Sobrinho por núcleo de desertificação. Esses núcleos se caracterizam por se expandirem pelas áreas vizinhas e por apresentar o efeito máximo do processo de degradação ambiental. (PAN-Brasil, 2004). Os núcleos de desertificação são representados pelos municípios de Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Cabrobó (PE), e a região de Seridó (RN) (PAE, 2011). Paraíba no que se refere ao estado da Paraíba temos que 93,27% de seus municípios encontram-se em a ASD, somando um total de 208 municípios, dos quais 150 estão na área semiárida, 47 em áreas subúmidas secas e 11 em áreas de entorno. Apenas 15 municípios do estado não se encontram em ASD (ALVES et al., 2009).

As principais causas do processo de degradação são: Desmatamento excessivo, o super pastoreio, o uso inadequado da irrigação e, em alguns casos, as práticas de mineração, considerando também a indisponibilidade de tecnologias e a falta de conhecimento de como cuidar do solo de forma mais sustentável. Outro fator limitante é a falta de terra, onde os pequenos proprietários produzem em terras que não são suas com isso tendo que trabalhar em condições mínimas de subsistência, resultando em um processo de utilização intensa dos recursos naturais ocasionando a degradação destes (PAE, 2011). Barbosa et al. (2005) apontam que 63,54% do território paraibano esteja em processo de desertificação moderados ou severos o que é um dado alarmante.

Os maiores níveis de degradação do estado estão localizados nas microrregiões da Mesorregião da Borborema, mais especificamente no Cariri Oriental e Ocidental e Seridó Oriental e Ocidental e em algumas outras localizadas na Mesorregião do Sertão, em especial os municípios de Patos e partes de Catolé do Rocha, Piancó, Sousa, Itaporanga e Cajazeiras. Já no Seridó Oriental e Ocidental, ou seja, no centro-norte da Paraíba o que se observar é que há uma extensão das áreas degradadas do Seridó do Estado do Rio Grande do Norte (PAE, 2011). Nas microrregiões referidas anteriormente um fator muito relevante é que o nível de degradação praticamente permanente unindo grande parte das terras que limitam o Cariri Oriental e Ocidental ao Seridó Oriental e Ocidental e a Patos (PAE, 2011).

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Essas cinco áreas mais degradadas citadas anteriormente registram ocorrências de menor precipitação pluviométricas, ocasionando uma maior vulnerabilidade em consequência um uso mais intenso do solo. Nas Microrregiões de Piancó, Cajazeiras e Sousa, ás áreas que estão com o nível mais elevado de degradação estão localizadas no vale do rio Piancó, no entorno município de Cajazeiras e na bacia sedimentar de Sousa, possuem áreas com características de grande enfoque no desenvolvimento da agricultura e da pecuária bovina (PAE, 2011).

Vasconcelos Sobrinho (1971), em estudo que analisa indicadores de desertificação no Nordeste, apontou as áreas em estado avançado de desertificação e destaca que a cidade de Irauçuba/CE como um dos núcleos de desertificação do Brasil, junto a Gilbués/PI, Cabrobró/PE e Seridó/RN (Figura 2).

Figura 2. Mapa das Áreas Suscetíveis à Desertificação e Núcleos de Desertificação. Fonte: Caetanoet. al. 2017.

O mapeamento das áreas mais afetadas por processos de desertificação, realizado por Soares, Leite e Martins (1992) e apresentado na primeira Conferência Internacional sobre Impactos de Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável

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em Regiões Semiáridas (ICID, 1992), a população pobre dessas áreas tem uma grande dependência dos recursos naturais para o consumo de subsistência e, diante das necessidades fisiológicas básicas, extrai de um ambiente que já é frágil, contribuindo para o incremento dessas dificuldades.

O município pesquisado Barra de São Miguel - PB faz parte do território da micro região do Cariri paraibano, de acordo com dados do relatório executivo do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS), 2010, do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA que adota o conceito de território como “um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo a cidade e o campo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos.

Sequet (2011) afirma que há diferentes usos do termo território que precisam ser compreendidos e um deles é o uso para reprodução da força de trabalho, em que os autores evidenciam os desejos dos trabalhadores, os custos dos transportes, de habitação etc. Este autor afirma que estes elementos que interferem na organização territorial que, por sua vez, influencia na reprodução dos trabalhadores, encarecendo ou não o custo de vida, o que envolve a questão da renda.

Os diferentes níveis de renda interferem diretamente no uso e apropriação do território a partir dos componentes puntiformes e relacionais; há pontos como fábricas e habitações. As relações estão ligadas às condições infra estruturais e são internas e externas, formando malhas. As redes e as malhas estão na base de cada território. (SEQUET, 2011).

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Capitulo 3

– METODOLOGIA

Esta seção aborda informações sobre o município em que se localizam as comunidades pesquisadas, aborda os procedimentos metodológicos utilizados na elaboração do presente estudo. São detalhados os tipos de pesquisa, método e técnicas utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa, assim como a forma da coleta de informações obtidas por diferentes fontes nas visitas in loco aos camponeses com a aplicação de observações, entrevistas e questionário.

3.1 - Caracterização da Área de Estudo

O município de Barra de São Miguel está localizado na Região Geográfica Imediata de Campina Grande. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010) a população total do município era de 5.611 e a população estimada par 2018 seria de 5.939 pessoas vivendo numa área territorial de 595 km² (Figura 2). Os primeiros habitantes da região foram os índios cariris, e em 1776, chegaram os primeiros sertanistas à região, quando começou a ocupação luso-brasileira. Inácio Tavares, parente de Raposo Tavares foi um dos sertanistas que fixou residência no local, e seu nome deu origem ao primeiro topônimo: Barra de Inácio Tavares. Posteriormente, o nome foi mudado para Barra de São Miguel, em homenagem ao padroeiro. Na figura 3 podemos observar o mapa a localização do município.

Figura 3 – Mapa da localização do município de Barra de São Miguel – PB. Fonte: Elaborado por Anselmo Barbosa (2019).

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O distrito foi elevado à categoria de município com a denominação de Barra de São Miguel, pela lei estadual nº 2623, de 14 de dezembro de 1961, desmembrado de Cabaceiras. A instalação do município deu-se em 8 de abril de 1962. O município está incluído na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional em 2005. Esta delimitação tem como critérios o índice pluviométrico, o índice de aridez e o risco de seca. A precipitação média anual é de 431,8 mm. (IBGE,2010).

Este distrito foi criado com a denominação de Barra de São Miguel, pela lei municipal nº 2, de 6 de maio de 1866, subordinado ao município de Cabaceiras. Pela lei estadual nº 166, de 10 de julho de 1900, Barra de São Miguel passou a ser sede do município de Cabaceiras. Tal condição foi alterada em 1907, retornando a sede do município para Cabaceiras. Em 1938, o distrito passou a denominar-se São Miguel. Em 1943, nova denominação é adotada: Potira. (IBGE, 2010).

A maior parte do território está inserida na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja. A vegetação é composta por Caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta Caducifólia. Ao norte, o município insere-se no Planalto da Borborema e encontra-se inserido nos domínios da bacia hidrográfica do Rio Paraíba.

Segundo dados do site do IBGE, (2010) a Densidade demográfica do município pesquisado é de 9,43 hab./km², em relação ao trabalho e rendimento o salário médio mensal era de 1.5 salários mínimos, a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 6.4%. Na comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 144 de 223.

Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, tinha 45.7% da população nessas condições, o que o colocava na posição 205 de 223 dentre as cidades do estado e na posição 2066 de 5570 dentre as cidades do Brasil. Em relação a taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 15.15 para 1.000 nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0.8 para cada 1.000 habitantes. Comparado com todos os municípios do estado, fica nas posições 1 de 223 e 121 de 223, respectivamente. Quando comparado a cidades do Brasil todo, essas posições são de 1 de 5570 e 2710 de 5570, respectivamente. (IBGE, 2010)

Em relação ao território e Meio Ambiente o site do IBGE, (2010) informa que o munícipio apresenta 12.2% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 95.1%

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de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 5.7% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). (IBGE, 2010). Conta também com um PIB per capita de 7.526,20 R$, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,572, taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade 97,4 % , IDEB – Anos iniciais do ensino fundamental (Rede pública) de 4,9 e anos finais do ensino fundamental (Rede pública) de 4,1.(IBGE, 2010).

3.2 - Dados secundários e primários

Os dados primários foram coletados nas secretarias municipais de Saúde e Educação e departamento da agricultura, para identificar a quantidade de moradores nas comunidades pesquisadas e demais informações que serão úteis alcançar o objetivo proposto neste trabalho, também serão utilizados dados secundários a ser obtidos em sites que tenham informações oficiais.

A pesquisa foi desenvolvida junto aos agricultores familiares do Município de Barra de São Miguel- PB. Esta pesquisa enquadra-se nas metodologias de abordagem qualitativa e quantitativa que contemple a obtenção de dados descritos mediante o contato direto do pesquisador com a situação estudada e realizada da análise interpretativa das informações obtidas.

O método utilizado para o alcance do objetivo proposto consiste da aplicação do método MESMIS como instrumento para a gestão dos empreendimentos familiares. Para tanto, esta pesquisa realiza-se a partir de um estudo de caso junto aos agricultores familiares do município de Barra de São Miguel, região semiárida da Paraíba.

Para a aplicação dos questionários e entrevista foram feitas várias visitas ao campo, optou-se por trabalhar com uma Amostra não Probabilística. A opção por essa técnica de amostra mostrou-se como a mais adequada às condições do público alvo e do contexto da pesquisa, pois esse tipo de amostra é utilizado, geralmente, por questão de simplicidade na coleta dos dados e economia de custos e tempo despendidos no trabalho, além de ser uma técnica apropriada ao método estudo de caso, já que este não necessita obrigatoriamente de prospecções estatísticas. É aquela onde as amostras são selecionadas por critérios subjetivos do pesquisador, de acordo com a sua experiência ou com os objetivos do estudo, experiências que fornecem conhecimentos quanto aos camponeses que realmente trabalham como agricultores familiares. (GUILHOTO, 2002).

Referências

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