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Anorexia Nervosa A doença do século

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Academic year: 2021

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Acadêmico do Curso de Nutrição pela Faculdade União de Goyazes 2

Professora Orientadora da Faculdade União de Goyazes

ANOREXIA NERVOSA: A DOENÇA DO SÉCULO

Horrara Martins de Souza Siqueira¹ Larisse Monique Monteiro de Oliveira1 Profª Esp. Láudia Cristina Amaral Cunha2

RESUMO: O artigo faz uma revisão do tema Anorexia Nervosa, é um transtorno alimentar que apresenta alta morbidade e mortalidade, e sua incidência vem crescendo nas últimas décadas. Como a doença do século, a Anorexia Nervosa pode ser considerada um dos principais objetos de estudo da nutrição por que aborda os padrões alimentares dos indivíduos. Discutir esse assunto é salutar para quebrar mitos e construir uma noção mais real de saúde.

Não há uma única etiologia responsável pela anorexia nervosa acredita-se no modelo multifatorial, com contribuição de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares por isso é considerada uma condição de difícil tratamento. Sendo que o nutricionista é peça fundamental na equipe multidisciplinar para o sucesso e êxito do tratamento.

Tendo como base a importância do profissional nutricionista elaborou-se uma padronização de conduta ao atendimento nutricional do paciente com Anorexia Nervosa.

Palavras chave: Anorexia Nervosa, Transtorno Alimentar, Tratamento.

ANOREXIA NERVOUS: IN DISEASE OF THE CENTURY

ABSTRACT: The article reviews the topic Anorexia Nervous is an eating disorder that has a high morbidity and mortality, and its incidence has increased in recent decades. As the disease of the century, Anorexia Nervous can be considered one of the main objects of study of nutrition by addressing the eating patterns of individuals. Discuss this subject is healthy to break myths and build a more real sense of health.

There is no single etiology responsible for anorexia nervous believe in the multifactorial model, with a contribution of biological, genetic, psychological, sociocultural and family so it is considered a condition difficult to treat. Since the dietitian is a key part in the multidisciplinary team to success and the success of treatment.

Based on the importance of professional nutritionist prepared to conduct a standardization of the nutritional care of patients with Anorexia Nervous.

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1 INTRODUÇÃO

Anorexia Nervosa é caracterizada por alterações extremas do hábito alimentar, consideradas patológicas (anorexia nervosa, subtipo restritivo), associadas a outros comportamentos voltados para o controle do peso, como abuso de drogas laxativas e anfetaminas (presente nos inibidores de apetite), vômitos induzidos e exercícios físicos exagerados (anorexia nervosa, subtipo bulímico). O modelo etiológico atualmente aceito é multifatorial, incluindo características biológicas, psicológicas, familiares e fatores de risco socioeconômicos e culturais (FLEITLICH et al, 2000).

Como a doença do século, a Anorexia Nervosa pode ser considerada um dos principais objetos de estudo da nutrição por que aborda os padrões alimentares dos indivíduos. Discutir esse assunto é salutar para quebrar mitos e construir uma noção mais real de saúde.

Este é um transtorno que se manifesta principalmente em mulheres jovens, embora haja incidência em homens. Os pacientes anoréxicos chegam rapidamente à caquexia, um grau extremo de desnutrição, e o índice de mortalidade chega a atingir 15% a 20% dos casos (AMBULIM, 2008).

Em sua forma mais esperada, a anorexia nervosa atinge o sexo feminino em cerca de 95% das ocorrências, especialmente na faixa etária entre 14 e 17 anos, podendo surgir, tanto precocemente (aos 10 ou 11 anos), quanto tardiamente (após os 23). Trata-se de uma patologia grave, em que a taxa de mortalidade ronda os 5% quando associada a diagnóstico e tratamento tardios (SCHMIDT et al, 2008).

Os estudos sobre anorexia nervosa no Brasil são escassos, sobretudo com um enfoque populacional. As prevalências de comportamentos alimentares anormais que sinalizam risco para o desenvolvimento da anorexia nervosa oscilam entre 4,9% a 25%, variando conforme grupo étnico, idade, atividade ocupacional e grau de urbanização dos indivíduos investigados (ALVES et al, 2008).

Dados epidemiológicos têm mostrado que a incidência média anual da anorexia nervosa na população em geral é de 18,5 por 100.000 entre mulheres e 2,25 por 100.000 entre homens (GIORDANI, 2006).

Sabe-se que a anorexia nervosa é associada quase sempre a mulheres, porém atinge cada vez mais homens, que estão mais preocupados com a aparência.

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Em 1689, Richard Morton relatou o primeiro caso de AN, que chamou de nervous consumption, em um jovem de dezesseis anos juntamente com outro caso em paciente do sexo feminino. No século XVIII foram relatados mais dois casos. Robert Whytt, em 1764, publicou um estudo de caso de um menino de quatorze anos que alternava comportamento anoréxico e bulímico. Denominou a doença “atrofia nervosa”. Em 1790, Robert William publicou em Londres o relato Remarkable Case of Abstinence em que descreveu a morte de um rapaz que ficou 78 dias em jejum. William Gull, um dos primeiros a descrever a anorexia nervosa, também relatou, em 1874, um caso de anorexia nervosa em um paciente masculino (MELIN; ARAÚJO, 2002).

2 OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Procurar entender a problemática em torno da Anorexia Nervosa como patologia de maior tendência no século XXI.

2.2. Objetivos Específicos

 Discutir as causas da doença, para que as pessoas estejam a par do assunto e possam lidar com a realidade em que vivem;

 Identificar os sintomas e os critérios de diagnósticos de acordo com o DSM-IV (APA, 1994);

 Entender como se dá o tratamento para anorexia nervosa;

 Elaborar uma padronização de conduta de atendimento nutricional ao paciente com Anorexia Nervosa.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

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Foi realizado um estudo do tipo descritivo, exploratório e qualitativo, sendo, no entanto, uma revisão bibliográfica.

Levantamento Bibliográfico

A pesquisa foi realizada a partir de artigos colhidos em plataformas de dados: LILACS, Bireme, Scielo, Pubmed. Foram utilizados também livros da Biblioteca da Faculdade União de Goyazes.

Critérios de Inclusão

Foram considerados os artigos indexados com as seguintes palavras chaves: anorexia nervosa, transtorno alimentar e tratamento.

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso intensa e intencional às expensas de dietas extremamente rígidas com uma busca desenfreada pela magreza, uma distorção grosseira da imagem corporal e alterações do ciclo menstrual (CORDÁS, 2004).

A perda de peso em geral é obtida, principalmente, por meio da redução do consumo alimentar total. Embora os indivíduos possam começar excluindo de sua dieta aquilo que percebem como sendo alimentos altamente calóricos, a maioria termina com uma dieta muito restrita, por vezes limitada a apenas alguns alimentos. Métodos adicionais de perda de peso incluem purgação (isto é, autoindução ao vômito ou uso indevido de laxantes ou diuréticos) e exercícios intensos ou excessivos. Os indivíduos com este transtorno têm muito medo de ganhar peso ou ficar gordos. Este medo intenso de engordar geralmente não é aliviado pela perda de peso. Na verdade, a preocupação com o ganho ponderal freqüentemente aumenta à medida que o peso real diminui. A vivência e a importância do peso e da forma corporal são distorcidas nesses indivíduos (DSM IV (APA, 1994) e CID 10 (OMS, 1993)).

O modelo etiológico mais aceito atualmente para explicar a gênese e a manutenção dos transtornos alimentares é o modelo multifatorial que baseia-se na

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hipótese de que vários fatores biológicos, psicológicos e sociais estejam envolvidos, interrelacionando-se (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).

A anorexia nervosa é subdivida em: tipo restritivo e o tipo compulsão periódica/purgativo (BALLONE, 2011)

Tipo restritivo: O tipo restritivo observa-se que a perda de peso é conseguida principalmente através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos. Durante o episódio atual, esses pacientes não desenvolveram compulsões periódicas ou purgações.

Tipo compulsão periódica / purgativo: Indivíduos diagnosticados com o tipo compulsão periódica/purgativo se envolvem regularmente em compulsões alimentares seguida de purgações durante o episódio atual de anorexia. A maioria dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações mediante vômitos auto induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas. Alguns pacientes incluídos neste subtipo não comem de forma compulsiva, mas fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas quantidades de alimentos.

Comparados os dois grupos, os pacientes com Anorexia Nervosa, Tipo Restritivo, são menos graves e têm melhor prognósticos que aqueles com o Tipo Compulsão Periódica / Purgativo. Esses últimos estão mais propensos a ter outros problemas de controle dos impulsos, a abusarem de álcool ou outras drogas, a exibirem maior irritabilidade de humor e a serem sexualmente ativos (BALLONE, 2011).

Os sintomas se resultam em (MENDONÇA, 2010):

 Perda exagerada de peso em curto espaço de tempo, em casos graves o índice de massa corpórea pode ser inferior a 17 (kg/m2);

 Recusa em participar das refeições familiares;

 Preocupação exagerada com o valor calórico dos alimentos. O anoréxico chega a ingerir somente 200 kcal por dia;

 Interrupção do ciclo menstrual (amenorréia) e regressão das características femininas. Redução da produção de estrogênio, ocorrendo a cessação da menstruação;

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 Depressão, síndrome do pânico, comportamentos obsessivo-compulsivos;

 Visão distorcida do próprio corpo. Mesmo extremamente magros, os pacientes julgam-se com excesso de peso;

 Pele muito seca e coberta por lanugo (pelos parecidos com a barba de milho), perda de cabelo;

 Depressão aguda, baixo grau de autoestima, descuido da aparência pessoal;

 Pressão baixa e pouca resistência ao frio;

 Atitude autodestrutiva e autopunitiva por razões imaginárias;

 Os pacientes com anorexia nervosa mantêm um relacionamento familiar conturbado, uma preocupação exagerada com comida e um sentimento de perda de controle;

 Estão predispostos a um aumento de enfermidades devido à perda de peso, desenvolvem variações abruptas de peso e são desnutridas;

 Sofrem graves danos no coração e outros órgãos vitais, em função da perda exagerada de peso.

Relato de uma paciente (MENDONÇA, 2010): Histórico de uma paciente:

Começou de forma inocente:

--- “uma simples dieta, mas quando começou a perder peso, no oitavo mês, já não conseguiu parar”.

Cedo deixou de comer doces. Depois deixou de ingerir alimentos gordurosos e carne.

No final do ano, recorda:

--- “bebia água, comia pepinos e outros legumes, e mascava chiclete para enganar a fome”.

Em um ano e meio, a adolescente com 1,67 m de altura, baixara de 65 para 38 kg.

De acordo com o DSM-IV (APA, 1994) temos os critérios de diagnósticos para anorexia nervosa:

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 Recusa em manter o peso dentro ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura; por exemplo, perda de peso, levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado, ou fracasso em ter o peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menos que 85% do esperado.

 Medo intenso do ganho de peso ou de se tornar gordo, mesmo com peso inferior.

 Perturbação no modo de vivenciar o peso, tamanho ou forma corporais; excessiva influencia do peso ou forma corporal na maneira de se auto-avaliar; negação da gravidade do baixo peso.

 No que diz respeito especificamente às mulheres, a ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos, quando é esperado ocorrer o contrário (amenorréia primária ou secundária). Considera-se que uma mulher tem amenorréia Considera-se os Considera-seus períodos menstruais ocorrem somente após o uso de hormônios; por exemplo, estrógeno administrado.

A Anorexia Nervosa acompanha de uma variedade de anormalidades físicas, muitas das quais são consideradas atualmente secundárias aos padrões anormais de alimentação e ao baixo peso corporal. Embora os pacientes freqüentemente tenham poucas queixas físicas, um questionamento mais aprofundado costuma revelar aumento da sensibilidade ao frio e vários sinais e sintomas gastrintestinais, inclusive constipação intestinal, plenitude pós-prandial, sensação de distensão abdominal e dor abdominal vaga (MANN; TRUSWELL, 2009).

Outros sinais e sintomas incluem inquietação, perda de energia, apetite sexual reduzido, despertar precoce pela manhã e tontura ao ficar de pé. Em mulheres que tiveram a menarca e não estão usando contraceptivos orais é freqüente a ocorrência de amenorréia e a infertilidade se constitui em um problema para muitas mulheres. Ao exame físico, as pacientes estão muito emagrecidas e com peso abaixo do ideal. Quando a anorexia nervosa ocorre antes da puberdade, as pacientes são baixas e as mamas não se desenvolvem normalmente. Muitas vezes existe lanugem (pêlos finos e macios) no dorso, nos membros superiores e nas porções laterais do rosto. A pele tende a ser ressecada e as mãos e os pés são

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frios. Os níveis de pressão arterial e a freqüência de pulso são baixos e pode existir edema postural (MANN; TRUSWELL, 2009).

Temos então algumas anormalidades encontradas com freqüência na investigação diagnóstica:

Anorexia Nervosa

Endócrinas

Níveis baixos de hormônios sexuais femininos (hormônio luteinizante [LH], hormônio foliculoestimulante [FSH] e estradiol)

Níveis baixos de triiodotironina (T3), mas níveis normais de tiroxina (T4) e de

hormônio tireoestimulante (TSH)

Níveis elevados de hormônio do crescimento (GH) e de cortisol

Cardiovasculares

Hipotensão (sobretudo postural) Bradicardia

Outras arritmias

Hematológicas

Redução discreta da contagem de leucócitos Anemia (normocítica e normocrônica)

Velocidade de hemossedimentação (VHS) baixa

Outras anormalidades metabólicas

Níveis sanguíneos elevados de colesterol Níveis sanguíneos elevados de caroteno Hipoglicemia

Desidratação

Transtornos eletrolíticos (nas pessoas que vomitam com freqüência ou que consomem doses elevadas de diuréticos ou laxantes), especialmente hipopotassemia

Outros achados

Anormalidades no esqueleto (taxa aumentada de osteopenia associada a risco de fraturas)

Retardo do esvaziamento gástrico e prolongamento do tempo de trânsito gastrintestinal

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externos (“pseudo-atrofia”)

Quadro1: Anorexia Nervosa: anormalidades encontradas com freqüência na investigação diagnóstica (TURNER, Hannah; PEVELER, Robert, 2011).

Uma doença que possui grande relação com a anorexia é a bulimia nervosa. Embora seja aparentemente fácil distinguir estas duas perturbações alimentares, as pessoas que sofrem com a doença sentem sintomas comuns, podendo desenvolver bulimia depois de um período de meses ou anos de sintomas anoréxicos.

A bulimia nervosa caracteriza-se por grande ingestão de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos. A preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal leva o paciente a métodos compensatórios inadequados para o controle de peso com vômitos auto-induzidos, uso de medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite, laxantes), dietas e exercícios físicos intensos (CORDÁS, 2004).

Na bulimia, os sintomas são diferentes. Não é a magreza que chama a atenção. Às vezes, são mulheres de corpo escultural que cuidam dele de maneira obsessiva. Passam o dia fazendo dieta. Vão a restaurantes e pedem somente uma salada. Se houver uma batatinha palha no prato, colocam-na de lado. No entanto, de uma hora para outra abrem a geladeira ou vão a uma confeitaria e comem tudo o que vêem pela frente. Apesar de a ingesta normal do indivíduo variar entre 2.000 Kcal e 2.500 Kcal diárias, elas conseguem comer num único episódio de 5.000 Kcal a 20.000 Kcal de uma vez. Depois vomitam muito. Algumas chegam a vomitar 5, 10, 15 vezes por dia para evitar o aumento de peso e provocam tantos vômitos que chegam a ferir os dedos (CORDÁS, 2011).

Táki Cordás é médico psiquiatra e professor de Psiquiatria na Universidade de São Paulo e fez um comentário no site do Drauzio Varella sobre a anorexia (VARELLA, 2011):

“Antigamente, um pouco de gordura no corpo era sinal de saúde. Aí veio a medicina dizendo que não há vantagem nenhuma em acumular tecido adiposo; ao contrário, que

todos devemos ser magros.

Ao lado dessa recomendação médica, a pressão social do padrão de beleza que se baseia em modelos bonitas e absolutamente magras, sem um grama de gordura no

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corpo, tiranizou a vida de muita gente. Hoje, a quantidade de pessoas que luta para perder peso, faz dietas e toma remédios é enorme. Essa preocupação exagerada pode provocar um distúrbio psiquiátrico grave, cada vez mais freqüente, que é a distorção da auto-imagem. A pessoa se olha no espelho e vê uma figura obesa que não corresponde à realidade. Não nota a perda de gordura subcutânea nem os ossos proeminentes.

Iludida por essa falsa imagem, imagina-se

com excesso de peso e diminui

obsessivamente a ingesta até que, num dado momento, não consegue comer mais. Como conseqüência, pode desenvolver problemas graves de saúde que chegam, às

vezes, a ser fatais.

A anorexia nervosa se manifesta

especialmente nas mulheres, embora sua incidência esteja aumentando também nos homens.”

As metas do tratamento nutricional na anorexia nervosa (AN) envolvem o restabelecimento do peso, normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e saciedade e correção das seqüelas biológicas e psicológicas da desnutrição (APA, 2000).

O ganho de peso deve ser controlado. É recomendado um ganho de 900 g a 1,3 kg/semana para pacientes de enfermaria e 250 g a 450 g/semana para pacientes de ambulatório (APA, 2000).

A anorexia nervosa é caracterizada por anormalidades dos fluidos e eletrólitos (principalmente do fósforo) e pode levar a complicações cardiológicas, neurológicas, hematológicas e até à morte súbita. Portanto, a alimentação deve ser cautelosa, com monitoração dos eletrólitos (APA, 2000).

O consumo energético recomendado é de 30 a 40 kcal/kg por dia, podendo chegar até 70 a 100 kcal/kg por dia com a progressão do tratamento (APA, 2000).

Este aumento gradual pode ajudar a reduzir a ansiedade quanto ao ganho de peso, e permite que o trato gastrointestinal se adapte à realimentação. A proporção de macronutrientes deve ser igual às recomendações para populações saudáveis (LATTERZA et al, 2004).

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Em alguns pacientes, é extremamente difícil atingir as recomendações apenas pela via oral. Nessas ocasiões, a alimentação nasogástrica pode ser recomendada ao invés da intravenosa, que só deve ser utilizada em situações nas quais há risco de vida. A alimentação nasogástrica pode acarretar, contudo, retenção de fluidos, arritmia e falência cardíaca. Apesar de a maioria dos autores não recomendarem a nutrição enteral ou parenteral, Robb et al, (2002) relataram que o uso da sonda nasogástrica noturna pode trazer ganho de peso mais rápido do que somente com a alimentação oral (LATTERZA et al, 2004).

O nutricionista participa de todo processo de planejamento das refeições, ajudando o paciente a consumir uma dieta adequada e monitorando o balanço energético, assim como o ganho de peso. Deve-se ajudar o paciente a normalizar o seu padrão alimentar e aprender que a mudança de comportamento deve sempre envolver planejamento e o contato com os alimentos (ADA, 2001).

Tendo como base a importância do profissional nutricionista elaborou-se uma padronização de conduta ao atendimento nutricional do paciente com Anorexia Nervosa (Anexo1).

5 CONCLUSÃO

A participação do nutricionista no tratamento da Anorexia Nervosa é fundamental, posto que essa doença implica nas alterações profundas no consumo, padrão e comportamento alimentar.

Devido a sua etiologia multifatorial, a Anorexia Nervosa é considerada uma condição de difícil tratamento. A integração das abordagens médica, psicológica e nutricional é a base da terapêutica. A constituição de uma equipe multiprofissional é fundamental para o sucesso terapêutico e os profissionais envolvidos devem trabalhar de forma integrada (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).

O tratamento nutricional deve visar à promoção de hábitos alimentares saudáveis, a cessação de comportamentos inadequados e a melhora na relação do paciente para com o alimento e o corpo. Desta forma, mais estudos são necessários para que se possa, de fato, avaliar a eficácia de abordagem nutricional.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Emilaura; VASCONCELOS, Francisco; CALVO, Maria; NEVES, Janaina. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. 2008, v.24, n.3, p. 503-512.

GIORDANI, Rubia. A auto-imagem corporal na anorexia nervosa: uma abordagem sociológica. Paraná. 2006, v.18, n.2, p.81-88.

BORGES, Nádia; SICCHIERI, Juliana; RIBEIRO, Rosane; MARCHINI, Júlio; SANTOS, José. Transtornos Alimentares – Quadro Clínico. 2006, v.39, n.3, p.340-348.

BALLONE, G.J. Anorexia. In. Psiqweb. 2008. Disponível em: http://www.psiqweb.med.br/site/. Acesso em: 21 novembro 2011.

CLAUDINO, Angélica; APPOLINÁRIO, José. Transtornos Alimentares. Rev. Bras. Psiquiatr. Rio de Janeiro. 2000, v.22, (supl ll), p.28-31.

CORDÁS, Táki. Transtornos alimentares: classificação e diagnóstico. Rev. Psiq. Clin. 2004, v.31, n.4, p.154-157.

FLEITLICH, Bacy; LARINO, Maria; COBELO, Alícia; CORDÁS, Táki. Anorexia nervosa na adolescência. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro. 2000, v.76, n.3, p.323-329.

GUIMARÃES, A. Fraga; GALISA, M. Santiago. Cálculos nutricionais: Conceitos e Aplicações Práticas. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2008.

LATTERZA, Andréa; DUNKER, Karin; SCAGLIUSI, Fernanda; KEMEN, Elisa. Tratamento nutricional dos transtornos alimentares. Rev. Psiq. Clin. 2004, v.31, n.4, p.173-176.

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MENDONÇA, Rejane. Transtornos Alimentares. NUTRIÇÃO um guia completo de alimentação, práticas de higiene, cardápios, doenças, dietas, gestão. 1ª Edição. São Paulo: Editora Rideel, 2010. p. 187 – 191.

MANN, Jim; TRUSWELL, A. Stewart. Os Transtornos Alimentares: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e TASOE. Nutrição Humana. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2009. p. 377 – 387.

MELIN, Paula; ARAÚJO, Alexandra. Transtornos alimentares em homens: um desafio diagnóstico. Rev. Bras. Psiquiatr. Rio de Janeiro. 2002, v.24, (supl lll), p.73-76.

SCHMIDT, Eder; MATA, Gustavo. Anorexia Nervosa: uma revisão. Revista de Psicologia. 2008, v.20, n.2, p.387-400.

VARELLA, D. Anorexia nervosa e bulimia – Tirania da magreza. Disponível em: http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/anorexia-nervosa-e-bulimia/.

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ANEXO

Conduta de Tratamento Nutricional

Antropometria é a medida do tamanho corporal e de suas proporções. É um dos indicadores diretos do estado nutricional. As medidas antropométricas utilizadas para a avaliação do estado nutricional são o peso, a altura, o índice de massa corpórea, e a circunferência do braço.

 Peso

- Peso atual: o peso é obtido em uma balança calibrada de plataforma ou eletrônica; o indivíduo deve posicionar-se em pé no centro da base da balança, descalço e com roupas leves. Para o paciente acamado, utilizar, quando disponível, uma cama ou cadeira balança para a obtenção do peso.

- Peso usual: é utilizado como referência nas mudanças recentes de peso ou quando não há possibilidade de se medir o peso atual. Geralmente é o peso que se mantém por maior período de tempo.

- Peso ideal ou desejável: é o peso definido de acordo com alguns parâmetros, tais como idade, biótipo, sexo e altura. Devido a variações individuais no adulto, o peso ideal pode variar na faixa de 10% abaixo e 10% acima do peso teórico. É obtido pela equação:

PI = A²(m) x IMC médio

Onde: IMC médio homens = 22 kg/m² e IMC médio mulheres = 21 kg/m²

- Peso ajustado: usado quando o indivíduo apresenta-se com o peso superior ou inferior ao considerado normal, especialmente para cálculo de adequação de dietas. É obtido pela equação:

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- Adequação do peso: a porcentagem de adequação do peso atual em relação ao peso ideal ou desejável é calculada a partir da fórmula:

Adequação do peso (%) = peso atual x 100 peso ideal

Classificação do estado nutricional de acordo com a adequação do peso: Adequação do peso (%) Estado nutricional

≤ 70 Desnutrição grave 70,1 – 80 Desnutrição moderada 80,1 – 90 Desnutrição leve 90,1 – 110 Eutrofia 110,1 – 120 Sobrepeso > 120 Obesidade

- Mudança de peso: A perda de peso involuntária constitui-se num dado importante para a avaliação do estado nutricional. A fórmula abaixo fornece a determinação da variação de peso corporal.

Perda de peso (%) = (peso usual – peso atual) x 100 peso usual

A significância da perda de peso em relação ao tempo pode ser verificada na tabela abaixo:

Significância da perda de peso

Tempo Perda significativa de

peso (%)

Perda grave de peso (%)

1 semana 1 – 2 > 2

1 mês 5 > 5

3 meses 7,5 > 7,5

6 meses 10 > 10

Fonte: Blackburn GL & Bistrian BR, 1977

 Índice de massa corporal (IMC): é o indicador mais simples do estado nutricional calculado a partir da fórmula:

IMC = Peso atual (kg) Altura2 (m)

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Classificação do estado nutricional segundo o IMC

IMC (kg/m2) Classificação

< 16 Magreza grau III

16,0 – 16,9 Magreza grau II 17,0 – 18,4 Magreza grau I 18,5 – 24,9 Eutrofia 25,0 – 29,9 Pré-obeso 30 – 34,9 Obesidade grau I 35,0 – 39,9 Obesidade grau II

≥ 40 Obesidade grau III

Fonte: World Health Organization (WHO), 1997.

 Circunferência do braço: representa a soma das áreas constituídas pelos tecidos ósseos, muscular e gorduroso do braço. Para sua obtenção, localizar e marcar o ponto médio entre o acrômio e olecrano, com o braço a ser medido flexionado em direção ao tórax. Após, solicitar que o cliente estenda o braço ao longo do corpo, com a palma da mão voltada para a coxa. No ponto marcado, contornar o braço com a fita métrica flexível de forma ajustada, evitando compressão da pele ou folga. O resultado obtido é comparado aos valores de referência do NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey) demonstrado em tabela de percentil por Frisancho:

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(18)

A adequação da CB pode ser determinada pela equação abaixo: Adequação da CB (%) = CB obtida (cm) x 100

CB percentil 50

Classificação do estado nutricional segundo adequação da CB

Desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade

CB Grave Moderada Leve < 70 % 70 – 80 % 80 – 90 %

90 – 100 % 110 – 120 % > 120 %

 Necessidades calóricas Recomendação da RDA/NRC, 1989: GET = TMB X Fator atividade física

Taxas energéticas preconizadas pela FAO/OMS, 1985.

Esta fórmula deve ser utilizada para indivíduos sadios ou em acompanhamento ambulatorial com doenças leves.

TMB

Idade (anos) Masculino Feminino

10 – 18 16.6 P + 77 A + 572 7.4 P + 482 A + 217 18 – 30 15.4 P + 27 A + 717 13.3 P + 334 A + 35 30 – 60 11.3 P + 16 A + 901 8.7 P – 25 A + 862 > 60 8.8 P + 11 A + 1071 9.2 P + 637 A – 302 P= Peso (kg) A= A (m) Fator atividade

Faixa etária Gênero Classificação de atividade física

Leve Moderada Pesada

10 a 18 anos Masculino 1,60 2,50 6,00

Feminino 1,50 2,20 6,00

18 a 65 anos Masculino 1,55 1,78 2,10

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Acima de 65 anos Masculino 1,40 1,60 1,90

Feminino 1,40 1,60 1,80

Fonte: OMS (1985)

 Orientações Nutricionais

Como não há medicamentos específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. O tratamento começa com medidas que melhorem os hábitos alimentares e aumentem o peso do paciente. Comendo uma variedade de alimentos; realizando 5 refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar, além de 2 pequenos lanches intercalados); mantendo um peso saudável e balanceado.

Preferir

 Alimentos liquefeitos enriquecidos (sucos, vitaminas, sopas, mingaus) evoluindo para preparações pastosas;

 Alimentos frios ou gelados; Cereais integrais, leguminosas; Doces, bolos, sorvetes;

 Verduras cozidas e fracionadas;

 Comer frutas, verduras/legumes, e grãos integrais suficientes

 Refeições fracionadas com volume reduzido (aproximadamente intervalo de 2 a 3 horas entre as refeições);

 Beber líquidos em quantidade adequada, principalmente nos meses de verão e após exercícios;

Evitar

 Preparações gordurosas;

 Frituras;

 Tortas salgadas, empadas;

 Doces com excesso de cremes: bombas, torta alemã, creme de leite nas sobremesas;

 Refeições servidas em pratos pequenos;

 Refeições com temperatura extremamente elevada;

Referências

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