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Assistência à pacientes portadores de transtornos mentais em unidades de emergência e urgência: capacitação dos profissionais de saúde

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ELIANA ATANAZIO COLITO

ASSISTÊNCIA À PACIENTES PORTADORES DE TRANSTORNOS

MENTAIS EM UNIDADES DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA:

CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

FLORIANÓPOLIS (SC)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ELIANA ATANÁZIO COLITO

ASSISTÊNCIA À PACIENTES PORTADORES DE TRANSTORNOS

MENTAIS EM UNIDADES DE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA:

CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

FLORIANÓPOLIS(SC)

2014

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Atenção Psicossocial - do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista.

Profa. Orientadora: Giovana Dorneles Callegaro Higashi

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FOLHA DE APROVAÇÃO

O trabalho intitulado

ASSISTÊNCIA À PACIENTES PORTADORES DE

TRANSTORNOS MENTAIS EM UNIDADES DE EMERGÊNCIA E

URGÊNCIA: CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

de autoria do aluno ELIANA ATANAZIO COLITO foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área ATENÇÃO PSICOSSOCIAL.

_____________________________________

Profa. Dra. Giovana Dorneles Callegaro Higashi

Orientadora da Monografia

_____________________________________

Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes

Coordenadora do Curso

_____________________________________

Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos

Coordenadora de Monografia

FLORIANÓPOLIS (SC)

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SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO... 01 2FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 04 3MÉTODO... 08 4RESULTADO E ANÁLISE... 10 5CONSIDERAÇÕES FINAIS... 15 REFERÊNCIAS... 16 RESUMO

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O estudo realiza uma reflexão crítica a respeito da capacitação dos profissionais de saúde lotados em unidades de urgência e emergência, que após a Reforma psiquiátrica passou a prestar assistência também à pacientes psiquiátricos e aponta possíveis dificuldades em relação ao manejo assistencial e sensibilização do contato, escuta e acolhimento, almejando direcionamento adequado e integral dos casos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que buscou identificar e selecionar as melhores produções científicas, para atender o pressuposto utilizo busca de dados on-line da biblioteca virtual em saúde (BVS) e física, como critérios de inclusão utilizo estudos científicos publicados em periódicos nos últimos 10 anos (2003-2013), no descarte foram inseridos estudos recorrentes e dissertações.

Descritores: Atendimento em psiquiatria, psiquiatria, hospitais de emergência, urgência

psiquiátrica.

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A discussão a respeito da internação de pacientes portadores de transtornos mentais em enfermarias de hospitais gerais se iniciou basicamente na década de 50, mas foi com a discussão da reforma psiquiátrica que tal processo ganhou força.

Sabe-se que é significativo o quantitativo de pessoas no mundo sofrem de transtornos mentais ou neurobiológicos ou problemas sociais decorrentes do abuso alcoólico e/ou outras drogas, raras são as famílias sem um integrante com transtorno mental. Configurando-se como um sério problema de saúde pública.

O movimento de desinstitucionalização iniciado em 1987, com o movimento dos trabalhadores em saúde mental, cujo lema foi em prol de uma sociedade sem manicômios, propôs um novo modelo assistencial, remetendo a discussão na sociedade sobre questões sobre loucura, tratamento, cidadania, psiquiatria e manicômios. O movimento ressaltou que a pessoa com transtorno psíquico em fase aguda necessita de hospitalização e que esta deve ser feita em unidades de hospitais gerais, não em hospitais especializados considerando que, uma vez tratada esta fase, a pessoa pode ter alta hospitalar e acompanhamento em outros serviços que não a internação.

Além disso, essa modalidade de tratamento pode contribuir para a promoção e a proteção dos direitos, combatendo o estigma, a intolerância, a discriminação e a exclusão social. Surgiram desse movimento leis que passaram a regular os serviços de atendimento, a internação e o processo de desospitalização. Tendo como prioridade a manutenção e integração do paciente na comunidade. Os serviços de emergências psiquiátricas surgem como um dos pilares assistenciais deste contexto de atenção ao doente mental, provido de uma rede de atenção diversificada, descentralizada e integrada à rede de serviços de saúde.

Segundo Claudinei e Marina (2004), durante seu estudo, perceberam que a atuação do pessoal de enfermagem junto ao doente mental, em emergências com atendimento psiquiátricos, é de extrema importância, não só pelo fato de ser este o local onde, na maioria das vezes o paciente toma pela primeira vez contato com a instituição, mas também por ser, teoricamente, o pessoal de enfermagem quem, na maior parte do tempo, mantem contato com o doente.

Pode-se observar o despreparo do profissional de saúde, que assiste clientes psiquiátricos em hospitais gerais, podemos ter a percepção de que não houve investimento suficiente na capacitação e qualificação de profissionais durante a implantação da desinstitucionalização, tornando ineficaz o atendimento emergencial a

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esses clientes, repercutindo negativamente na assistência ao paciente.

Durante o processo de implantação, houve o choque da revelação do quão seria difícil manter a assistência voltada para os clientes portadores de distúrbios psiquiátricos e emocionais, o cuidado é a principal forma de estabelecer transformações no modo de viver e sentir o sofrimento de um portador de transtorno mental.

O acolhimento deve estar presente em qualquer situação, caracterizando o atendimento humanizado em saúde, que após algumas mudanças ao longo do tratamento em saúde mental, se tornou uma das prioridades do SUS. Pressupondo atender a todos, com escuta aberta dos seus pedidos e assumindo uma postura de resolutividade, capaz de dar respostas adequadas aos usuários, utilizando os recursos disponíveis e articulação com outros serviços para a resolução de problemas prestando atendimento com interesse e responsabilidade, orientando, quando for o caso, e encaminhando quando houver ausência do serviço necessário ao atendimento integral garantindo, assim a eficácia desse atendimento.

As necessidades de cada usuário podem ser muitas, elas podem ser a busca de respostas às questões socioeconômicas, às más condições de vida, à violência, à solidão, à necessidade de vínculos com um serviço/profissional, ou ainda o acesso a alguma tecnologia específica que lhe possa proporcionar qualidade de vida (Giselda, Maria, 2007)

Com as transformações alcançadas no território da saúde mental, num contexto de mudanças do Sistema Único de Saúde, o enfermeiro precisa estar atualizado e consciente do novo papel que a ele foi incumbido, tendo perspicácia para traçar modalidades terapêuticas capazes de serem empregadas durante a internação hospitalar, tornando o processo menos conturbado e sacrificante, tendo como benefício até mesmo a redução do seu tempo.

O presente tem por objetivo realizar uma reflexão crítica a respeito da

capacitação dos profissionais de saúde lotados em unidades de urgência e emergência que atualmente também dispensam assistência à pacientes psiquiátricos,

apontando possíveis dificuldades em relação ao manejo assistencial e sensibilização do contato, escuta e acolhimento, almejando direcionamento adequado para os casos. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, para tal, utilizo levantamento bibliográfico, e intervalo anual de publicações, entre 2003 e 2013.

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A reforma psiquiátrica, pode ser compreendida como um movimento, um processo histórico que se constitui pela crítica ao paradigma psiquiátrico clássico e pelas práticas que transformaram esse paradigma, no contexto brasileiro, a partir do final da década de 1970. Apresenta-se fundamentalmente como crítica à conjuntura nacional do sistema de saúde mental e, principalmente como crítica estrutural à “instituição” – psiquiatria. Como processo histórico, insere-se numa totalidade complexa e dinâmica, portanto também determinado nacionalmente pelo processo de redemocratização em curso no País a partir daquela época (Pires,1998)

Na atualidade, o trabalho da enfermagem em saúde mental caracteriza-se pela transição entre uma prática de cuidado hospitalar que priorizava a contenção do comportamento dos “doentes mentais” e a incorporação de princípios novos e desconhecidos, ao invés de buscar adequar-se a uma prática interdisciplinar, aberta a contingências dos sujeitos envolvidos em cada momento e em cada contexto, superando a perspectiva disciplinar e fragmentada de suas ações. É portanto, período crítico para a profissão e favorável para o conhecimento e análise do processo de trabalho nessa área (Oliveira et al, 2004)

Segundo Kaplan & Sadock (1993), a alta de um grande número de pacientes dos hospitais públicos para o tratamento externo em instalações diurnas é o processo conhecido como desinstitucionalização. Esta política que começou ao final dos anos 50, resultou em uma diminuição na população dos hospitais psiquiátricos públicos de mais de 560.000 leitos, naquela época para menos de 130.000 leitos, atualmente. Muitos destes pacientes foram liberados para várias clínicas ambulatoriais, onde continuavam a receber tratamento psiquiátrico e serviços de reabilitação. Outros eram colocados em outros tipos de instituições, tais como abrigos transitórios, pensões e unidades de asilos públicos. Muitos precisavam ser hospitalizados novamente, emergindo, daí, a “Síndrome da porta giratória”, com até cerca de 80% dos pacientes sendo readmitidos nos dois anos seguintes após a alta. Alguns chamam esse fenômeno de transferência do paciente do hospital público para outras instalações de “transinstitucionalização” e acreditam que todo um conjunto de problemas foi substituído por outro, sem a solução dos problemas dos doentes mentais crônicos.

Vários estudos demonstram claramente que sem um sistema de tratamento ativo multifacetado, que se disponha a assumir a responsabilidade contínua por todas as facetas do atendimento ao paciente, esses pacientes mentais crônicos voltarão a comunidade assim como ingressaram no hospital público. Um dos principais problemas

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enfrentados pelo doente mental crônico é que suas doenças interferem com suas habilidades de enfrentamento, tornando-os particularmente propensos a se moverem para baixo, ingressando em ambientes ainda mais estressantes e empobrecidos. O resultado final é um aumento no número de pessoas desabrigadas, nas áreas urbanas.

O movimento de desinstitucionalização propôs um novo modelo assistencial, tendo como prioridade a manutenção e integração do paciente na comunidade. Os serviços de emergência psiquiátricas surgem como um dos pilares assistenciais deste contexto de atenção ao doente mental, provido de uma rede de atenção diversificada, descentralizada e integrada à rede de serviços de saúde.

Tais serviços tinham o propósito de diminuir o tempo das internações e racionalizar os critérios para uma hospitalização, sendo priorizado internação para pacientes com transtornos agudos com condições de tratamento com remissão ou estabilidade em no máximo 72 horas.

A Declaração de Caracas (1990), marco dos processos de reforma da assistência em Saúde Mental nas Américas, declarou em um dos seus itens, o que a capacitação dos recursos humanos em Saúde Mental e Psiquiatria deve ocorrer a partir de um modelo, cujo tendo como elemento perpassa pelo serviço de saúde comunitária e viabiliza a internação psiquiátrica nos hospitais gerais, ancorado nos princípios que regulamentam e fundamentam esta reestruturação.

A enfermagem é uma profissão complexa e multidimensional, pois reflete as necessidades e valores da sociedade, implementa os padrões de desempenho profissional e os padrões de cuidado, busca atender as necessidades e especificidades de cada paciente e integra a pesquisa atual e as descobertas baseadas na evidência para prestar um serviço de altíssimo nível. Prestar cuidado de qualidade, com atributo profissionais de compaixão e atenção, capacita os enfermeiros a prestar o cuidado a cada paciente com o melhor da ciência e da arte de enfermagem.

Os enfermeiros exercem a profissão em uma variedade de ambientes, desempenhando muitos papéis e em conjunto com outros profissionais da saúde que influenciam em parte a assistência a ser prestada, como por exemplo cito a administração, gerência e mantedora do serviço hospitalar.

A educação continuada envolve programas educacionais, formais e organizados oferecidos peala instituições educacionais e de cuidado à saúde, tem como metas melhorar e manter a prática de enfermagem, promover e exercitar a liderança em mudanças eficazes nos sistemas de prestação de cuidados à saúde e satisfazer as

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necessidades de aprendizagem profissional, e auxiliar enfermeiros a se tornarem especialistas em uma determinada área prática e ensiná-los novas habilidades e técnicas. Como exemplo de educação continuada podemos citar a educação em serviço, que não demanda dias extras para realização das aulas e consiste no treinamento fornecido pelo hospital e aplicado no mesmo local, com o objetivo de aumentar o conhecimento, as habilidades e a competência dos enfermeiros e outros profissionais da área de saúde e funcionários da instituição.

Oliveira e Alessi (2003), apontam para um esquecimento do ensino de enfermagem no Brasil, no período de 1890-1923, ensino esse ministrado numa escola anexa ao Hospício Nacional. A Escola de Enfermagem Anna Nery, fundada em 1923, no Rio de Janeiro, considerada a primeira escola de enfermagem “moderna do brasil”, pela historiografia oficial, não incluiu em seu currículo, até o ano de 1949, nenhuma matéria relacionada às doenças mentais, quando passou a desenvolver estágio no Centro Psiquiátrico Nacional-Engenho de Dentro. O objetivo da Escola Profissional de enfermeiros e enfermeiras, anexa ao Hospício Nacional, criada através do Decreto nº 791 de 27/09/1890, era formar profissionais para hospitais psiquiátricos e militares existentes no país.

Essa falha no ensino, gerou/gera consequências no currículo atual dos profissionais enfermeiros, pois os acadêmicos que datam àquela época, foram ou são nossos professores hoje, dimensionando o quanto se torna perigosa a falta de investimento em disciplina na área.

Ao mesmo tempo, nos esbarramos no ensino à psiquiatria em hospícios, caps e outras instituições que realizam assistência ao portador de transtornos, porém não observamos ainda o ensino voltado ao paciente psiquiátrico que se encontra sob algum tipo de internação em hospital geral.

A didática implantada no ensino à saúde mental, estão embasadas em conceitos, e citações de autores como Botega (2006), cujo afirma que, o ambiente físico adequado para portadores de patologias psíquicas , deve favorecer a orientação no tempo e espaço (tendo relógios , calendários, espelhos e quadros), ter um refeitório, já que não se alimentam no leito, uma área de lazer para que possam participar de atividades físicas , sala de estar com rádio e televisão e que seja em andar térreo , facilitando a locomoção. Descrição incompatível com a realidade encontrada nos Hospitais Gerais, aos quais tais pacientes são internados, não é difícil encontrarmos pacientes contidos em seus leitos para evitar possível deambulação, por outro lado, relógios e calendários inexistem,

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espelhos são artigos impraticáveis.

Schineider e Mion (2003), apontam como um dos resultados de seu estudo, que os profissionais, quando avaliados quanto à qualificação profissional, demonstraram não se sentir preparados para atender a clientela com transtorno mental. E que tal situação era percebida enquanto enfermeira de hospital geral, onde a equipe multidisciplinar ao deparar-se com paciente portador de patologia psíquica, não se sentia à vontade para lidar com esta clientela e algumas falas evidenciavam que o despreparo da equipe constituía-se em um problema para a implantação de leitos psiquiátricos em hospital geral. Todos os discursos falam que seria viável a implantação dos leitos, desde que houvesse treinamentos e reciclagem para a equipe que atuaria junto ao doente.

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3. MÉTODO

Trata-se uma pesquisa bibliográfica onde buscou-se identificar e selecionar as melhores produções científicas, que abordassem a temática: Atendimento em psiquiatria associada à hospitais gerais de urgência e emergência.

Para atender o pressuposto foi utilizada uma busca de dados on-line da biblioteca virtual em saúde (BVS) e física, scielo, google acadêmico e lilacs. Os descritores de assuntos foram: Atendimento em psiquiatria, psiquiatria, hospitais de emergência, urgência psiquiátrica. Foram utilizados como critérios de inclusão, estudos científicos publicados em periódicos nos últimos 10 anos (2003-2013), no descarte foram inseridos estudos recorrentes e dissertações.

Banco de Dados Artigos científicos Autores Ano de publicação

Google acadêmico O trabalho de

enfermagem em saúde mental: contradições e potencialidades atuais

Oliveira AGB, Alessi NP 2003

Scielo Leitos psiquiátricos em hospital geral: Visão de profissionais que atuam em hospital geral

Mion JZ, Schneider JF 2003

Scielo O atendimento do doente mental em pronto-socorro geral: sentimento e ações dos membros da equipe de enfermagem

Campos CJG, Teixeira MB

2004

Scielo Perfil do adolescente que tenta suicídio em uma unidade de emergência Avanci RC, Pedrão LJ, Júnior MLC 2005 BVS O cuidado interdisciplinar à família do portador de transtorno mental no paradigma da desinstitucionalização

Waidman MAP, Elsen I

Scielo Algumas considerações sobre a utilização de modalidades terapêuticas não tradicionais pelo enfermeiro na assistência de enfermagem psiquiátrica

Andrade RLP, Pedrão LJ 2005

Scielo Demanda de usuários a um serviço de pronto atendimento e seu acolhimento ao sistema de saúde Marques GQ, Lima MADS 2007

Google acadêmico Indicativos do processo de avaliação de serviços de saúde mental

Cavalcante ACG, Esperidião E, Silva MS, Silva KS, Souza ACS

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Tabela 1-Descrição dos artigos consultados

4. RESULTADO E ANÁLISE

Os resultados do estudo, apontam para uma insegurança profissional durante a

prestação da assistência à portadores de transtornos mentais, demonstrando que as mudanças decorrentes da Reforma psiquiátrica, nos hospitais gerais, não foram programadas, se tornaram frágeis, e limítrofes do insucesso das intervenções.

Vale destacar que o estudo também aponta uma falta de estruturação física nos hospitais gerais para comportar os pacientes com comprometimento mental, ao quais não permanecem acamados e possuem séria necessidades de locomoção, o ambiente hospitalar possui planejamento físico que ameaçam a integridade física dos pacientes.

Quanto à qualificação dos profissionais, foi unânime os depoimentos em todo o material consultado, a afirmativa de que os mesmos se sentiam inseguros ao prestar assistência aos portadores de patologias mentais, alguns profissionais buscavam encontrar alternativas para que o processo pudesse se encaminhar e outros alegaram veemente que as internações em hospitais gerais jamais poderiam ter ocorrido, ou seja pela estrutura física hospitalar, ou seja pela qualificação profissionais dos sujeitos envolvidos.

É importante salientar, segundo Botega (2006), que os recursos comunitários destinados à assistência ao paciente com transtorno mental, concentram-se em algumas regiões do País e que, mesmo nessas áreas, são insuficientes. Pacientes com transtornos mentais agudos e graves, por exemplo, não encontram vagas para internação em grandes centros urbanos. Casos como esses, que não conseguem ser “acolhidos” pelos CAPS, necessitam de tratamento efetivo em uma unidade Psiquiátrica de Hospital Geral, ou seja, enfermarias especificamente de psiquiatria, em espaço delimitado, com equipe treinada e processos terapêuticos dinâmicos, aos quais momentaneamente são impossíveis de serem encontrados, tendo como consequência, padecimento do doente mental e de sua família.

Para assegurar à inclusão dos indivíduos acometidos por transtornos mentais na sociedade, e ainda, tendo em vista a atenção integral à saúde mental, evidencia-se entre outras, a necessidade de maior comprometimento político com a capacitação de profissionais e maior cobertura da assistência, garantindo os direitos de cidadania desses

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indivíduos.

O relatório final da III Conferência de Saúde Mental, realizada em Dezembro de 2001, que contou com representação de vários movimentos sociais, profissionais de saúde, usuários e seus familiares. E no conteúdo do Relatório final, encontra-se:

“Garantir que o Ministério da Saúde capacite os Grupos Técnicos de Saúde Mental instituídos pela Portaria/GM n.º 799/00 e que os estados e municípios efetivem estes grupos de forma a viabilizar o controle e vigilância em saúde mental.” A questão fundamental é o processo de formação e capacitação dos trabalhadores. É necessário pensar e propor programas descentralizados e contínuos e , também articular os já existentes , nos quais os conhecimentos e as práticas adquiridas estejam em consonância com as diretrizes de formação para o serviço público , o Sus , a reforma, e a orientação do modelo assistencial, é necessário também discutir e elaborar propostas de capacitação com vistas a criar e estabelecer as bases de um programa nacional permanente de capacitação pautado nas diretrizes supra citadas , e que contemple , por um lado, as necessidades e problemáticas locais e por outro lado, as diversas formas de produção do saber e os intercâmbios entre os atores envolvidos nos processos da reforma , inclusive com a cultura popular. A questão dos processos de capacitação introduz uma quarta questão. Como processo complexo de transformação, a reorientação do modelo assistencial abre um conjunto de novas indagações, competências e responsabilidades e requer não apenas a capacitação dos trabalhadores mas do conjunto de atores implicados neste processo (Gonçalves, 2008)

Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais

UF Número de Hospitais Gerais com leitos psiquiátrico s Número de leitos psiquiátricos disponibilizad o pelo SUS AC 16 16 AL - -AM - -AP 1 16 BA 6 106

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CE 8 31 DF 2 34 ES 5 28 GO 8 73 MA - -MG 25 183 MS 20 98 MT 2 2 PA 3 54 PB 2 3 PE 3 52 PI 2 19 PR 11 152 RJ 60 172 RN 2 4 RO 1 35 RR - -RS 129 637 SC 51 330 SE 2 24 SP 51 402 TO 5 17 TOTAL 415 2.568

Quadro 1. Demonstra número de leitos psiquiátricos disponibilizados pelo SUS. Fonte: Ministério da saúde,2010

Podemos observar na tabela acima, a discrepância entre número de vagas psiquiátricas por estado, salientando que em todos os estados existem pacientes carentes de assistência psiquiátrica, então podemos concluir existe busca por estados que possam realizar atendimento, esse por sua vez culminará em superlotação, devido à grande procura, afetando os profissionais assistenciais que além de não estarem preparados e devidamente capacitados para atendimento de sua demanda, será impactado pelas consequências de um mal planejamento na Saúde Mental no país.

Gonçalves (2008), concluiu em seu estudo que a falta de informação acerca das atuais propostas de atendimento em saúde mental, também são explícitas nas faltas dos sujeitos de sua pesquisa, quando interrogados sobre as ações desenvolvidas por eles, destinadas à saúde mental e o seu papel neste contexto. Apenas um profissional soube responder o papel que representa neste processo, os demais ou não sabem ou arriscam um palpite. Embora, afirmem desconhecer seus papéis no processo de reversão do modelo assistencial em saúde mental, alguns deles desenvolvem atividades estabelecidas pelo último protocolo de atendimento em saúde mental.

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Em virtude de a enfermagem ser uma profissão dinâmica, os programas de educação continuada ajudam os enfermeiros a manterem-se atualizados na habilidade e conhecimento. O enfermeiro possui como um dos seus objetivos profissionais: o cuidado. Como cuidador, ele procura recuperar a saúde através do processo de cura. O enfermeiro direciona as necessidades holísticas de cuidado de saúde do paciente, incluindo medidas para recuperação emocional, espiritual e bem estar social. Seguindo o conceito de saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde, temos: “Um estado de

completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.” Considerando que pacientes com transtornos mentais crônicos são internados em hospitais gerais para estabilizar o estado debilitado atual, e que o mesmo não sairá curado da intituíção, e sem entender o processo patológico aos quais os pacientes são acometidos, torna-se comum a presença de profissionais frustrados e desmotivados.

Defendo após coleta de todas as informações para composição deste estudo, a educação continuada em serviço, que tem por definição, “ Ensino ou treinamento fornecido por hospitais ou instituíções de cuidado à saúde. Esse programa é realizado na instituição e é elaborado de forma à aumentar o conhecimento , as habilidades e a competência dos enfermeiros e outros profissionais (Potter, 2005)

Segundo Libâneo (2010), o ensino abarca ações conjuntas do professor e dos alunos pelas quais estes são estimulados a assimilar, entender, consciente e ativamente, os con- teúdos e os métodos, de assimilá-los com suas forças intelectuais próprias, bem como a aplicá-los, de forma independente e criativa, nas várias situações escolares e na vida prática. O ensino busca obter resultados ainda para o trabalho, sobretudo para a vida em sociedade.

Baseada na Lei nº 12.202 de 14 de Janeiro de 2010, que faz pequena alteração na Lei nº 10.260,12 de julho de 2001, que trata do Fies1 (Financiamento

Estudantil) Capítulo II, Art. 6º-B, que diz:

O Fies poderá abater , na forma do regulamento mensalmente, 1,00% (um inteiro por cento) do saldo devedor consolidado , incluídos os juros devidos no período e independente da data de contratação do financiamento , dos estudantes que exercem as seguintes profissões:

I. Professor em efetivo exercício na rede pública de educação básica com jornada de , no mínimo 20 horas semanais , graduados em licenciatura; e II. Médico integrante de equipe de saúde da família oficialmente cadastrada ,

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com atuação em áreas e regiões com carência e dificuldades de retenção desse profissional definidas como prioritárias pelo Ministério da Saúde , na forma do regulamento.

§ 3º. O estudante graduado em medicina que optar por ingressar em programa credenciado Medicina pela Comissão Nacional da Residência Médica, de que trata a Lei nº 6.932 de 7 de julho de 1981, e em especialidades prioritárias definidas em ato do Ministro de Estado da Saúde terá o período de carência estendida por todo o período de duração da residência médica.

Diante do exposto neste estudo, que demonstra a falta de investimento em capacitação profissional do sujeito envolvido na assistência ao paciente acometido por transtornos mentais, elaboro e explicito proposta para que haja integração desses profissionais com sua atividade laboral, para que assim haja mais empenho e aprimoramento nos canais de comunicação, acolhimento e assistência ao paciente com extensão para sua família.

Considerem a possibilidade de elaboração de aulas durante a atuação dos profissionais, os chamados treinamentos em serviço, que poderiam ser aplicados por enfermeiros pós-graduados em saúde mental, através de convênio entre governo e as universidades onde haveriam isenções de algumas mensalidades desde que houvesse o interesse de participação no programa. O atendimento emergencial, porém já é sabido pelos profissionais, o que quase não se alteram, mas com o conhecimento dos sinais das patologias mentais e base para diferenciação das normalidades para as alterações sofridas, teríamos grande ganho para nossa reforma.

Evidentemente, teríamos que contar com a colaboração e extremo esforço dos profissionais que atualmente exercem suas atividades nos Hospitais Gerais, e com a intervenção do governo, acredito que esta, mais difícil, porém não impossível de ser conquistada, porém com base no material que até aqui foi estudado, existe grande discussão sobre o tema entre os sujeitos envolvidos, proporcionando porta aberta para realização da proposta.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão financeira pública é o principal meio dificultante para a implantação

de leitos psiquiátricos em Hospitais Gerais, para tal necessita-se de investimentos em sua estrutura física e capacitação contínua dos profissionais. É devidamente sabido, que a real reforma só ocorrerá quando houver uma mudança na conduta dos profissionais dos setores aos quais se envolvem com o paciente.

O momento necessita que acadêmicos sejam preparados para o trabalho interdisciplinar em saúde mental favorecendo a evolução profissional e da ciência, e melhorando as condições de assistência, aumentando a probabilidade de reestabelecimento, diminuindo a quantidade de dias de internações e consequentemente o risco de contaminações. Em virtude de a enfermagem ser uma profissão dinâmica, os programas de educação continuada ajudam os enfermeiros a manterem-se atualizados na habilidade e conhecimento.

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REFERÊNCIAS

Andrade RLP, Pedrão LJ. Algumas considerações sobre a utilização de

modalidades terapêuticas não tradicionais pelo enfermeiro na assistência de enfermagem psiquiátrica. Revista Latino-am Enfermagem 2005

setembro-outubro;13(5):737-42

Avanci RC, Pedrão LJ, Costa Júnior ML. Perfil do adolescente que tenta

suicídio admitido em uma unidade de emergência. Revista Brasileira de

Enfermagem 2005 setembro-outubro;58(5):535-9

Botega, José. Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência. Porto Alegre, Artmed, 2006, 572 p.

Brasil, Ministério da Saúde. Relatório Final da III Conferência Nacional da

Saúde Mental, 11 a 15 de dezembro de 2001.Brasília: Conselho Nacional de

Saúde/ Ministério da Saúde, 2002, 213p.

Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria –Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde. Legislação em saúde mental: 1990-2004. 5ed, Brasília: Ministério da Saúde,2004

Campos CJG, Teixeira MB. O atendimento do doente mental em

pronto-socorro geral: sentimentos e ações dos membros da equipe de enfermagem.

Revista Esc Enfermagem USP, v.35. n.2.p.141-9,jun.2001

Cavalcante ACG, Esperidião E, Silva NS, Silva KS, Souza ACS. Indicativos do

processo de avaliação de serviços de saúde mental. Revista eletrônica de

Enfermagem 2013 janeiro-março; 16(1): 109-16.Disponível em http://dx.doi.org/10.5216/ree.v16i1.19987

Gonçalves, Lilian. Integralidade e saúde mental, Sorocaba; São Paulo: Minelli,2008

Kaplan HI, Sadock BJ. Compêndio de psiquiatria, ciências comportamentais

–psiquiatria clínica, 6ª ed, Porto Alegre: Artes Médicas Sul,1993

Marques GQ, Lima MADS. Demandas de usuários a um serviço de pronto

atendimento e seu acolhimento ao sistema de saúde. Revista Latino-am

Enfermagem 2007 janeiro –fevereiro;15(1)

Mion JZ; Schneider JF. Leitos psiquiátricos em hospital geral: visão de profissionais que atuam em hospital geral. Revista Eletrônica de enfermagem,

(20)

v.5 n.1 p.38-42,2003. Disponível em http:/www.fen.ufg.br/Revista

Oliveira AGB, Alessi NP. O trabalho de enfermagem em saúde mental:

contradições e potencialidades atuais. Revista Latino-am Enfermagem 2003

maio-junho; 11(3):333-40

Potter PA, Perry AG. Fundamentos de enfermagem, 6ª ed, Rio de Janeiro: Elsevier,2005

Waidman MAP, Elsen I. O cuidado interdisciplinar à família do portador de

transtorno mental no paradigma da desinstitucionalização. Texto contexto

Referências

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