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GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO CANTEIRO DE OBRAS

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GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO

CANTEIRO DE OBRAS

RESUMO

Um dos desafios mais importantes que afligem a sociedade moderna é a grande geração de resíduos sólidos. Como é conhecido, nem sempre é possível evitar o desperdício que é gerado, a gestão é apresentada como uma ferramenta vantajosa, trazendo muitos benefícios, e para a construção não é diferente: os resíduos de construção também podem ser reutilizados, assim, ser benéfica tanto para o próprio meio ambiente e para o ambiente de trabalho como um todo, o que se torna mais barato por causa da reutilização. Este estudo procurou destacar a importância e a necessidade da gestão dentro do canteiro de obras.

Palavras chave: Gestão dos resíduos sólidos. Canteiro de obras. Reaproveitamento

INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil e no mundo, meio ambiente e sustentabilidade são palavras de ordem. Não por acaso, estes conceitos têm sido cada vez mais empregados em vários setores da economia.

Na construção civil não é diferente: além da utilização de novos materiais e tecnologias que visam causar menores impactos ambientais sem deixar de oferecer o mesmo conforto e usabilidade, nota-se que a preocupação com a Gestão dos resíduos sólidos gerados no processo construtivo ganha cada vez mais força, um dos maiores e expressivos desafios que assolam a sociedade moderna é a enorme geração de resíduos sólidos.

Infelizmente, no atual processo de consumo de bens duráveis, não é levada em consideração a geração de resíduos provocada pela produção desenfreada, que utiliza recursos não-renováveis e de origem natural. Entretanto, com o advento da industrialização, ocorreu um acelerado crescimento populacional, aumentando exponencialmente a densidade demográfica dos centros urbanos. Dessa maneira,

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os resíduos sólidos passaram a representar uma grande preocupação para as cidades, e o gerenciamento dos mesmos passou a tornar-se cada vez mais oneroso, principalmente a partir do momento em que as áreas de deposição começaram a ficar escassas.

É notório que ações isoladas não são capazes de solucionar o problema dos resíduos sólidos. No entanto, os recursos naturais não renováveis tendem a diminuir, e nesta preocupação se pauta a necessidade de uma reeducação ecológica, de modo que a produção de bens duráveis seja voltada para a sustentabilidade. Neste sentido, a construção civil é um dos ramos da economia que mais tem potencial de se adequar a esse novo modo de produção, tanto no momento da geração, quanto no momento do descarte.

Sabendo que nem sempre é possível evitar que os resíduos sólidos sejam totalmente inexistentes, a reciclagem se apresenta como uma ferramenta vantajosa, podendo gerar diversos benefícios, tais como: diminuição da necessidade da exploração dos recursos naturais não-renováveis, uma vez que poderão ser substituídos por materiais reciclados; minimização da geração de resíduos e consequente redução das áreas onde aterros se fazem necessários; redução da poluição, etc.

Desenvolvimento Sustentável

Embora os pioneiros na área de gestão de RCC terem registrados as suas primeiras experiências somente em meados dos anos de 1997 até hoje em dia o Brasil ainda é iniciante com trabalhos neste sentido no setor da construção civil, fundamentalmente no que se refere a possibilidade de reaproveitamento do material dentro do canteiro de obras onde deveria ser o primeiro lugar a se preocupar com o seu beneficiamento, segundo Suzuki e Reynaldo (2009), cita também que o ponto ambiental por si só não é um motivo incentivador para que as empresas coloquem em pratica a incorporação destas atitudes em seu cotidiano na empresa, devendo buscar novas tecnologias que vise garantir lucro para todos envolvidos neste procedimento.

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Cenário Atual

A construção civil vem se destacando cada vês mais no cenário nacional e mundial, no Brasil cerca de 15% do produto interno bruto (PIB) é do campo da construção civil, destacando-se como um dos principais ramos da economia (produção) nacional (NAGALLI, 2014).

Porém condução da construção civil nos dias atuais, apresenta-se como grande geradora de resíduos, onde boa parte dos processos construtivos Brasileiros são essencialmente manuais e tal execução é feita principalmente no canteiro de obras, (NAGALLI, 2014).

Ainda segundo Nagalli (2014) é preciso diferenciar a gestão dos RCDs do seu gerenciamento, ele ressalta que, gestão é um processo amplo composto por políticas públicas, leis e regulamentos que balizam e direcionam a atuação dos agentes do setor.

Já o gerenciamento se ocupa das atividades operacionais cotidianas e do trato direto com os resíduos. Com isso, o gerenciamento aborda as ações desenvolvidas por empreendedores e construtores com o intuito de antever, controlar e gerir a manipulação dos resíduos de suas obras (NAGALLI, 2014).

Sustentabilidade na Construção Civil: A Reciclagem de Resíduos

Sólidos

Nos últimos tempos, a sustentabilidade na construção civil vem se destacando e ganhando proporções nunca antes atingidas. Porém, neste sentido, o Brasil ainda está apenas engatinhando. Um dos maiores problemas em cidades, principalmente nos grandes polos populacionais, é a falta de locais apropriados para deposição adequada dos resíduos sólidos.

De acordo com Lopes (2003), a produção de resíduos sólidos em um país indicam o grau de maior ou menor desenvolvimento do mesmo, viso que quanto maior é o poder aquisitivo dos cidadãos, tendem a consumir mais, de modo que, por consequência, acarreta na produção de mais resíduos. Assim, é possível observar

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que países com maior Produto Interno Bruto (PIB) tendem a desperdiçar mais, causando mais impactos ambientais que os países subdesenvolvidos.

De acordo com Jacobi e Besen (2011), a preocupação com o gerenciamento inadequado e deposição irregular tem se mostrado um tema prioritário desde a Conferência Rio 92, onde tanto países ricos quanto países subdesenvolvidos se dispuseram a priorizar a gestão sustentável de resíduos sólidos, através de mudanças na atuação do governo, da indústria de produção e da sociedade. Dentre as propostas para a efetivação desse compromisso, incluem-se: a redução de resíduos nas fontes geradoras e a redução da disposição final no solo, a maximização do reaproveitamento, da coleta seletiva e da reciclagem com inclusão sócio produtiva de catadores e participação da sociedade, a compostagem e a recuperação de energia.

A gestão e disposição incorreta de resíduos sólidos causam inúmeros impactos sociais e ambientais, dentre eles: degradação do solo, comprometimento dos corpos d’água e mananciais, intensificação de enchentes, contribuição para a poluição do ar e proliferação de vetores de importância sanitária nos centros urbanos e catação em condições insalubres nas ruas e nas áreas de disposição final (BESEN et al., 2010).

E, desse modo, fica eminente que adotando novos padrões de produção e consumo que buscam a sustentabilidade e o correto gerenciamento adequado dos resíduos é possível que os impactos ao ambiente e à saúde humana sejam significativamente diminuídos (BESEN et al., 2010).

Ângulo et al. (2001) afirma que os cuidados com os resíduos da construção civil representam uma grande preocupação, considerando que a produção dos mesmos é consequência do descarte de produtos e matérias primas duráveis. Isto significa que a reciclagem e reutilização destes materiais são de extrema importância tanto no sentido de preservar os recursos naturais não renováveis utilizados em sua fabricação, quanto no sentido da preservação ambiental, evitando o descarte desnecessário ou em locais impróprios. Assim sendo, fica evidente a necessidade do aumento da discussão sobre o assunto, e a efetiva prática das leis e resoluções que tratam deste problema.

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A Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2002) define diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, dispondo os processos e ações necessários para minimizar os impactos ambientais causados pelos resíduos de construção e demolição.

O Artigo 2º da Resolução define resíduos de construção como sendo aqueles “provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos”. E que a gestão de resíduos sólidos é o “sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos”.

O advento da industrialização, aliado à ocupação urbana acelerada têm colaborado para a ampliação da geração de resíduos sólidos, transformando-os em graves problemas urbanos devido ao fato de seu gerenciamento ser demasiado oneroso e complexo, principalmente quando se leva em consideração a quantidade acumulada desses materiais.

E, em paralelo a isso, a falta de um tratamento apropriado a estes materiais, que muitas vezes acabam depositados irregularmente a céu aberto, tem agravado cada vez mais os problemas ambientais. Essa problemática é o pivô dos estudiosos no segmento da valorização do aproveitamento dos rejeitos da construção e demolição da construção civil (LIMA, 2005).

A conferência ECO-92 e a criação da Agenda 21 destacaram a necessidade urgente da implementação de uma gestão ambiental para os resíduos sólidos, propondo, inclusive, que uma solução para os resíduos gerados pela construção civil que tem um grande potencial de utilização é a reciclagem (GÜNTHER, 2000).

Embora os pioneiros na área de gestão de Resíduos de Construção Civil (RCC) tenham registrados as suas experiências em meados de 1997, até hoje o Brasil ainda é iniciante com trabalhos neste sentido, em comparação com outros países do mundo. Suzuki e Reynaldo (2009) afirmam que a questão ambiental por si só não é um motivo incentivador para que as empresas envolvidas no processo de

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construção e reforma coloquem em prática a incorporação destas atitudes em seu cotidiano na empresa.

É observável, inclusive, um enorme descuido por parte das empresas com relação à coleta, transporte e destinação dos RCC. Isso se dá tanto pela carência de conhecimento da Legislação Ambiental quanto pela já mencionada falta de inciativa direcionada ao reaproveitamento dos resíduos sobre este enfatiza também que o ponto ambiental por si só não é um motivo incentivador para que as empresas envolvidas no processo de construção e desconstrução coloquem em pratica a incorporação destas atitudes em seu cotidiano na empresa.

O desperdício de dinheiro está ligado diretamente com a geração dos resíduos da construção civil (RCCs), uma vez que os produtos e matérias primas descartados geram gastos com transporte, além dos gastos para o município com aterros e a remoção dos resíduos descartados aletoriamente. De acordo com Suzuki e Reynaldo (2009) cerca de 90% dos resíduos gerados durante os processos da construção civil são passiveis de reciclagem mesmo levando em conta a sua continua e crescente na geração dos mesmos.

A reciclagem dos Resíduos da Construção Civil (RCCs) e os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) são de fundamental importância ambiental e financeira. É possível que os mencionados resíduos retornem para a obra para substituir a implementação de novas matérias primas, evitando mais extrações desnecessárias. Esta atitude deve ser prioritariamente realizada no próprio canteiro de obras, mas também pode ser feita fora do mesmo quando necessário (SUZUKI E REYNALDO, 2009).

Durante o processo de concepção e elaboração do projeto de uma obra, é preciso se atentar para que sejam definidos os métodos construtivos mais eficientes, limpos e ficar atento as especificações de ambientação e tratamento dos resíduos (BATISTA JUNIOR e ROMANEL, 2013).

Assim, é preciso que esses processos sejam criteriosamente estudados, com o intuito de minimizar ao máximo as perdas com estes processos, evitando impactos ambientais e com a intenção de promover níveis adequados de sustentabilidade

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durante a implementação do projeto e também posteriormente a sua conclusão ao longo de sua vida útil (BATISTA JUNIOR E ROMANEL, 2013).

Novamente de acordo com Suzuki e Reynaldo (2009), a autoconstrução e as pequenas reformas, são responsáveis pela maior parte da geração dos resíduos da construção civil. Estas reformas produzem pequenos volumes, mas que acabam sendo transportados e descartados de maneira inadequada.

Em geral, o transporte é feito em veículos de pequeno porte ou em carroças de tração animal e os resíduos são depositados em ambientes impróprios como as extremidades das cidades córregos terrenos baldios e entre outros. Além disso, esse processo errado de descarte causa grande impacto ambiental, uma vez que há uma grande quantidade de obras deste porte espalhadas por toda a extensão das cidades.

Locais de Descarte Impróprio

O volume estimado dos resíduos da construção civil que é descartado em lugares incorretos, segundo Gusmão (2008), pode representar até a quantidade de 50% de todo resíduo de construção e demolição produzido no território brasileiro. Já para a Sinduscon-SP (2005) apud Nagalli (2014), a proporção pode chegar até 75%. Tamanha magnitude deste problema é ocasionada por uma série de fatores como o descaso dos órgãos competente e pela falta de informação da população, associada ao descompromisso dos geradores no manejo e, principalmente, na destinação dos mesmos (SINDUSCON-SP, 2005).

Portanto, deve-se atentar para com este assunto, que é de extrema importância, e é preciso mudar a maneira de ver os conceitos básicos sobre a problemática em questão, discutindo políticas públicas já existentes. É preciso proporcionar incentivos a novas tecnologias mais limpas, planejamento e fiscalização eficiente para que não haja tantos crimes ambientais, como é visto em tantos municípios brasileiros. E, caso tais crimes não possam ser evitados, que sejam no mínimo adequadamente punidos (SINDUSCON-SP, 2005).

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O Sinduscon-SP (2005) ressalta que a disposição irregular dos resíduos da construção e demolição provoca diversos impactos ambientais, tais como:

 Degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;

 Proliferação de agentes transmissores de doenças  Assoreamento de rios e córregos.

 Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, etc.

 Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de pessoas e veículos, além da própria degradação da paisagem urbana.

 Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.

Finalidade da Gestão dos RCDs

Para Nagalli (2014), a finalidade da gestão dos resíduos da construção e demolição é promover a melhor administração dos resíduos antes que estes sejam descartados de formas irregulares e em lugares inadequados, de tal modo que a gestão correta dos mesmos comece com atitudes de não geração, minimização, reutilização, reciclagem e descarte adequado dos resíduos.

De acordo com Nagalli (2014), afirma que o responsável pela obra deve estar “sempre priorizando pelas estratégias de não geração de resíduos na fonte”, como podemos ver na (Figura 1).

Afirma ainda que este assunto vem ganhando destaque e importância no cenário Brasileiro devido à aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, que proporcionou a regulamentação do setor impondo várias obrigações dos responsáveis como os governantes e corporações visando sempre a segurança ambiental e juntamente aliada com a qualidade produtiva em todas as obras.

Matéria Prima

A matéria prima é classificada em duas classes, matéria prima primária e matéria prima secundária. A matéria prima primaria é constituída de materiais naturais

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(virgens), e a sua origem pode ser mineral ou vegetal, que precisam de ser processados para utilização. Tais materiais, na sua maioria, apresenta homogeneidade alta e não foram contaminados com outros materiais anteriormente. Já as matérias primas secundárias são aquelas que podem ser reutilizadas através da sua recuperação ou reutilização, possuem alto índice de heterogeneidade, e raramente estes materiais são uniformes, por isso eles deverão ser coletados, classificados e preparados ou tratados antes do reuso (NAGALLI, 2014).

Figura 1 - Hierarquia do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Fonte: Nagalli (2014)

As Etapas Iniciais da Reciclagem no Canteiro de Obras

Segundo Nagalli (2014), a caliça que também chamada de entulho ou metralha entre outros variando o nome de acordo com a região costuma proporcionar problemas no gerenciamento de resíduos devido a sua contaminação por diversos materiais diferentes e também pela falta de conhecimento por quem o maneja, por exemplo operários maus trinados e também por motoristas que transportam as caçambas estacionarias. Esse material trata-se de resíduos da construção e de

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demolições ou detritos de reformas, que geralmente devido à ausência de cuidados com o gerenciamento dos mesmos se torna um conglomerado de várias partes de diferentes materiais.

É desejável que os resíduos que compõem a caliça sejam segregados ainda na fonte.” (NAGALLI, 2014). Desta maneira, as obras se tornaram mais limpas e os materiais menos contaminados, aumentando a sua chance de ser reaproveitado posteriormente ou até mesmo no canteiro de obras.

Acondicionamento

A etapa do acondicionamento é muito importante, uma vez que proporciona aos canteiros de obra uma melhor limpeza do local, evitando a proliferação de vetores e doenças como ratos, baratas moscas a também há a necessidade de diminuir a proliferação de insetos como os transmissores da dengue, febre amarela entre outros, eliminando os possíveis focos que acumulem agua como latas, lonas plásticas, tampas, pneus inservíveis (NAGALLI, 2014).

No canteiro de obras, é possível dividir o acondicionamento em duas etapas: acondicionamento inicial e acondicionamento final sendo as duas etapas igualmente importante para uma boa gestão dos resíduos da construção civil (SINDUSCOM-SP, 2005).

Diminuindo o possibilidade de que aconteça acidentes além diminuir o desperdício de RCDs por contaminação uma vez que a obra estará limpa e os materiais estarão organizados, assim poderão ser mais facilmente reaproveitados no próprio canteiro de obra (SINDUSCOM-SP, 2005).

Acondicionamento Inicial

O acondicionamento inicial deverá ser feito o mais próximo da origem onde está sendo gerado o resíduo proporcionado uma maior eficiência na limpeza, evitando que os operários se locomovam por grandes distancias para o acondicionamento do mesmo, gerando volumes maiores que no final do dia poderão ser realocados no acondicionamento final (SINDUSCOM-SP, 2005).

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É muito importante que tenha uma fácil identificação com sinalizações pertinentes as suas características, sendo de tal modo que os RCCs deveram ser depositados dentro de recipientes estrategicamente distribuídos e acondicionados até que atinjam volumes satisfatórios para a sua realocação até o posterior acondicionamento final, que terá uma maior dimensão de suporte do volume em relação ao acondicionamento inicial (SINDUSCOM-SP, 2005).

Em alguns casos não deverá ser feito o acondicionamento inicial e sim transportado o material diretamente para o acondicionamento final com intuito de evitar acúmulos exagerados de volumes, contaminações ou até mesmo a proliferação de vetores, além de evitar acidentes de trabalho dos operários e dos colaboradores (SINDUSCOM-SP, 2005).

Acondicionamento Final

O acondicionamento final será o elo entre o acondicionamento inicial e a coleta do material pelas empresas autorizadas ou o possível posterior reaproveitamento do material no próprio canteiro de obras (SINDUSCOM-SP, 2005).

Ele receberá todo o material do acondicionamento inicial além de materiais depositados diretamente, deverá ser feito em local estratégico que não atrapalhe o andamento da obra, seja de fácil acesso para os funcionários e para as empresas coletoras, esse acondicionamento dos resíduos da construção civil deverá seguir uma serie de critérios como proporções em volumes, quantidades produzidas e características físicas dos resíduos, além de suportar grandes quantidades conforme a disponibilidade para a coleta do material (empresa coletora) previamente separado (SINDUSCOM-SP, 2005).

Portanto a separação de cada categoria geralmente não será a mesma se tratando de volume do recipiente (ex: baias em tamanhos variados). Este acondicionamento deverá conter plaquetas com identificação de cada material, evitando haja mistura de materiais e futura contaminação do material proporcionando melhores resultados na separação dos mesmos e posteriormente um melhor reaproveitamento na própria obra ou na empresa coletora (NAGALLI, 2014).

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Além de uma melhor identificação pelos funcionários que trabalham no canteiro de obras, onde os materiais sairão para a sua reutilização e posteriormente ser destinada à reciclagem com prioridade para que seja reutilizado no próprio canteiro de obra de sua origem (SINDUSCOM-SP, 2005).

Transporte Interno

De acordo com o Suzuki e Reynaldo (2009), o transporte interno dos resíduos da construção civil geralmente é feito entre o acondicionamento inicial e o acondicionamento final ele será feito por carrinhos ou giricos, elevadores de carga, gruas e guinchos ou até mesmo manualmente.

Os operadores das gruas e dos elevadores de carga deverão aproveitar as descidas para transportar recipientes de (RCC) que já foram devidamente separados na fase de acondicionamento inicial e assim posteriormente realocados no acondicionamento final cada um no seu devido espaço identificado e destinado a ele, conforme a sua classificação. Portanto existem várias maneiras de transportar os resíduos da construção civil (RCCs) como condutores de entulhos, carrinhos de mão, giricos e guinchos através de sacos de rafia, bags ou fardos entre outros.

Sinalização

As etiquetas adesivas de sinalizações deverão respeitar as normas da Conama (2001), de acordo com as cores e tonalidades utilizadas para a identificação da coleta seletiva.

Estes procedimentos atendem aos parâmetros regulamentados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e são válidos em todo o território brasileiro. Deverão possuir as dimensões de 21,0cm de largura e 29,7cm de altura, nas respectivas cores como: vermelho destinado a materiais de plástico, azul para papel, amarelo para o metal, preta para a madeira e marrom para resíduos orgânicos entre outras como mostra na Tabela 1.

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Tabela 1 - Código de Cores Coleta Seletiva Fonte: Adaptado de Nagalli (2014)

Métodos de Prevenção

A prevenção na gestão dos resíduos da construção deve ser proporcionada de maneira precoce para que haja o mínimo de geração de material descartado, considerando que há geração de resíduos tanto na fase de operação como na fase de desconstrução da obra. Portanto é necessário que haja um bom planejamento do empreendimento, para que possa ser implantado o sistema de gerenciamento dos resíduos com grande eficiência na sua plenitude, fazendo boas escolhas do material e de processos produtivos ainda na fase de concepção do projeto. Assim, sendo possível evitar que ocorra problemas “crônicos” e de difícil solução que resultaram em novos processos para corrigir, consequentemente muitas dessas ocasiões serão de difícil solução na área da gestão dos resíduos (NAGALLI, 2014).

Prevenção Qualitativa

Uma das estratégias de gerenciamento é a prevenção qualitativa, que resumidamente seria a busca pela “qualidade do produto” ou seja a escolha assertiva de materiais com boa qualidade, durabilidade e/ou de fácil substituição, são materiais que possibilitem no seu futuro o seu reaproveitamento e reciclagem

CORES RESÍDUOS

Amarelo Metal

Vermelho Plástico

Branco Resíduo ambulatorial de saúde

Cinza Resíduo geral não reciclável, misturado ou contaminado, não passível de separação

Laranja Resíduo perigoso

Roxo Resíduo radioativo

Vede Vidro

Azul Papel

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por futuros profissionais que realizaram a troca ou até mesmo pelos os próprios usuários do empreendimento. Estes materiais estão constantemente sendo inovados, cada um visando a sua vantagem competitiva no mercado, se tornando uma constante e importante ferramenta para o processo de análise do ciclo de vida (NAGALLI, 2014).

Prevenção Quantitativa

Outra importante estratégia de gerenciamento é a prevenção quantitativa, que busca métodos construtivos mais “limpos”, industrializados, assim, tendo em vista que produtos pré-fabricados produziram menos resíduos e levaram menos tempo para ser implantado, também consequentemente devido a uma mão de obra especializada e bem treinada para a execução do empreendimento (NAGALLI, 2014).

METODOLOGIA

A primeira etapa desta monografia foi direcionada para uma pesquisa indireta utilizando pesquisa bibliografia, através vários meios de consultas como em artigos, revistas, sites de internet, livros publicados em periódicos e documentos online, tendo a ferramenta Google Acadêmico como base dos dados eletrônicos. Além disso, a pesquisa se estendeu à inspeção de documentos legislativos brasileiros, relacionados ao tema de sustentabilidade e reciclagem. A segunda etapa foi realizada através do estudo de caso onde foi possível identificar problemas na gestão dos resíduos da construção civil e propor soluções através da seleção de propostas sendo assim possível confrontar ideias e propor soluções para antigos problemas.

ESTUDO DE CASO

O estudo de caso teve como base três obras referencias no presente trabalho. A obra “A” referenciada neste estudo se trada de uma construção de 300M² um pavimento em estrutura de concreto armado que está na fase de levantamento da

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alvenaria por tijolos cerâmicos de nove furos e fechamento de formas para vigas e pilares.

Foi identificado vários fatores que contribuem com o desperdício de materiais como blocos cerâmicos por má alocação dos mesmos espalhados pela obra, o excesso de argamassa não caracteriza grande desperdício.

Sua destinação será um minimercado que contem seu galpão principal, deposito de gêneros, dois banheiros, padaria, área de serviço e garagem para veículo do comercio.

Não foi identificado um ponto especifico para o alojamento dos resíduos cerâmicos tendo em vista que eles serão utilizados como parte de enchimento dos vazios.

Foi identificado também um pequeno volume de madeiras, que estavam sendo alojadas separadamente em um volume para posteriormente ser reutilizadas no andamento da obra estas madeiras são provenientes da fase de montagem do canteiro obras.

Referente a limpeza do local foi possível identificar pequenas falhas que poderiam vir a trazer prejuízos à saúde dos operários tendo em vista que havia materiais como pregos em madeiras espalhados pela extensão da obra, foi identificado também a falta de acessórios para estocagem dos resíduos como bombonas. Foi proposto para obra “A” que implementasse atitudes simples para a atual fase e também para as posteriores, como a aquisição de bobonas para o acondicionamento inicial dos resíduos previamente separados em cada classe a fim de gerar melhores condições para os trabalhadores do local evitando com que ocorra acidentes por perfurações ou outros acidentes com o resíduo mal alojados além de fazer um melhor reaproveitamento destes resíduos previamente separados se caso necessário.

Também foi proposto melhores condições para a estocagem dos materiais como tijolos através do seu acondicionamento em pallets, assim os materiais ficaram armazenados em pontos estratégicos e não espalhados como anteriormente por toda a obra. Além da aquisição de caçamba estacionaria para a possível remoção dos resíduos.

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A obra “B” referenciada neste estudo se trada de uma construção de 90M² um pavimento com finalidade residencial de estrutura de concreto armado que está na fase de reboco externo e revestimento interno.

A limpeza do local se encontra em boas condições porem não houve nenhuma preocupação com a separação dos resíduos na sua devida classe, não houve preocupação com a reutilização de boa parte destes resíduos que foram armazenados na caçamba estacionaria, logo após foram remanejados através da empresa transportadora dos mesmos para o seu destino final que é o aterro sanitário.

Também foi identificado que os pisos foram trocados no primeiro cômodo devido a exigência do proprietário insatisfeito com o resultado do material os pisos foram assentados com muitos recortes que caracteriza a não preocupação com a paginação dos pisos que acaba acarretando no gasto desnecessário para a obra. Para a obra “B” foi proposto medidas que amenizasse o desperdício das argamassas no reboco, através de dispositivos que evitem o contato direto da argamassa com o chão como taboas para retenção.

A obra “C” referenciada neste estudo se trada de uma construção de 620M² dois pavimentos em estrutura de concreto armado que está na fase de levantamento da alvenaria do primeiro pavimento com tijolos cerâmicos de nove furos e fechamento de formas para vigas e pilares, sua destinação será duas salas de festa, cozinha, quatro banheiros além de depósitos de limpeza e de gêneros alimentícios. Esta construção apresenta boa limpeza do canteiro de obras além da estocagem adequada de alguns materiais o que caracteriza menos desperdício dos mesmos devido à má estocagem.

Porem seus resíduos não apresentam boa gestão devido à falta de dispositivos e acessórios no correto local para a disposição dos mesmos, tendo em vista que os resíduos são alocados sem nenhuma separação entre classes, o que caracteriza dificuldades para a seu posterior reaproveitamento devido à alta chance de contaminação destes resíduos por outros materiais.

Para obra “C” foi proposto aquisição de dispositivos como caçamba estacionaria, bombonas e também a confecção de baias para estocagem dos materiais, visando

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o seu posterior reaproveitamento dos mesmos ou a sua disposição e transporte adequados para local correto.

CONCLUSÃO

Considerando-se o campo de amostra do presente trabalho, ou seja, as três obra acima referenciadas Obra “A” “B” e “C” ver tabela 2, foram identificados várias falhas referente a gestão dos resíduos no canteiro de obras foi identificado que os empreiteiros não se preocupavam com a destinação final destes resíduos, se preocupando em apenas com a remoção dos mesmos por intermédio de carroceiros ou caçamba estacionarias porem não sabiam o seu destino final com isto potencializando a chance de descarte em locais errados.

Tabela 2 - Caracterização dos Empreendimentos (Amostra de Campo)

CARACTERÍSTICAS EMPREENDIMENTOS

OBRA A OBRA B OBRA C

Destinação Comercial Residencial Sala de festas

Nº de Pavimento 1 1 2

Padrão construtivo Médio Médio Médio

Porte Pequeno Pequeno Médio

Fase Alvenaria Reboco externo

e revestimento interno

Alvenaria

Área construída 300M² 90M² 620M²

O desperdício destes materiais estão ligados diretamente ao desperdício de dinheiro, se tratando de materiais que poderiam ser reaproveitados no próprio canteiro de obras.

A estocagem de materiais utilizados na obra “A” se apresentava com falhas estes materiais estavam espalhados pela construção em más condições, alguns impossibilitados de ser feito o seu devido reaproveitamento como tijolos quebrados por toda obra.

Foi identificado que os responsáveis pelas construções não se preocupavam com o layout dos pisos durante o processo de concepção e elaboração do projeto para

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que houvesse o mínimo de desperdício de materiais através projetos mais eficientes sendo que o layout dos pisos evita que haja recortes desnecessários, além de desperdício com mão de obra para tal função, deve-se atentar também para que seja utilizado métodos construtivos mais limpos e eficientes além de contratar mão de obra especializada visando um melhor aproveitamento dos materiais e com isso sempre priorizar a não geração dos resíduos.

Durante a elaboração do projeto deve-se pensar em todas possibilidades do melhor aproveitamento do local com intuito de que não seja feita posteriores alterações desnecessárias no projeto o que levaria a reformas ou substituições dispensáveis, a implementação do projeto deve ser pensada não somente na fase de concepção más também posteriormente da sua conclusão ao longo de sua vida útil através da compra de materiais de boa qualidade e durabilidade.

Portanto são necessárias atitudes de conscientização, tanto de quem gera os resíduos como grandes ou pequenas empresas, empreiteiros, funcionários e até mesmo o consumidor final para que haja toda uma cadeia para a conscientização deste processo lembrando que é possível não produzir resíduo no canteiro de obras produzindo matéria prima de segunda classe, sem agredir o meio ambiente e além de visar o lucro.

REFERÊNCIAS

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a reciclagem de resíduos na construção civil. 2001. 13 f. Departamento

Construção Civil, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.

BATISTA JUNIOR, V. R.; ROMANEL, C. Sustentabilidade na indústria da

construção: uma logística para reciclagem dos resíduos de pequenas obras.

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BESEN, G. R; GÜNTHER, W.M.R.; RODRIGUEZ, A.C.; BRASIL, A.L.

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ambiente e saúde: o desafio das metrópoles. São Paulo: Ex Libris, 2010.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas

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campanhas informativas para a coleta seletiva. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. Publicada no Diário Oficial da União em 19/06/2001.

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Referências

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