UN Il/ERSIDADE FEDERAL DA PARAfBA CENTRO DE FORMACffO DE PR0FES50RES DEPARTAMENTO DE EDUCACifa
CURSO* PEDAGOGIA - HABILITACffD EM SUPERSI5A*0 ESCOLAR
PLANE3AMENT0 CURRICULAR: UMA PROPDSTA DE E5TUD0 COM 05 SUPERVISORES DE SOUSA E CA3AZEIRA5.
DANUSA CLE*A ARAlfoo MENDE5
DANUSA CLE*A ARAU*30 fCNDES
PLANE3AMENT0 CURRICULAR: Um PR0P05TA DE ESTUDQ COM 05 5UPERVI50RE5 DE SOUSA E CA3A -ZE IRAS.
Trabalho apresentado a UFP8/CFP, na D i s c i p l i n e de Estagio Super-v i s i o n a d o com a Professora Idel. z u i t e , para a obtencao do Grau de L i c e n c i a t u r a em Pedagogia.
O r i e n t a d o r a : P r o f9. I d e l z u i t e de Sousa Lima
SUf^RIO PA*G. 1 . APRESENTACftO 08 2. MARCO TEdRICO 10 2.1 FUNDAMENTAL FIL050FICA 10 2.2 FUNDANENTACfiO SOCIOLO*GICA 10 2.3 FUNDAMENTACAO PSICOLdGICA 11 2.4 CONCEPCffO CRfTICA DE PLANEOAMENTO 11
2.5 CONCEPCffO CRfTICA DE CURRfcULO 12
3. HABILIDADES TE*CNICAS 14 3.1 0B3ETIV0S 14 3.2 CONTEJDO 14 3.3 PROCEDIMENTQS METODOLO*GICOS 16 3.4 SISTEMATIZACft) 17 3.5 AVALIACffO 17 4. IMPLANTACffO 19 5. ANALI5E CRfTICA 2 0 6. REFER?NCIAS BIBLIOGRAYICA5 21
1 . APRESENTACftO
Sabese que a educagao ao longo de sua h i s t o r i a tern s o f r i do i n f l u e n c i a s p o l i t i c o economico i d e o l o g i c a s para s a t i s f a z e r aos i n -t e r e s s e s da classe que de-tem o poder.
Com e f e i t o , com a supervisao tambem nao f o i d i f e r e n t e . Sua c r i a g a o , com o b j e t i v o de s a t i s f a z e r t a i s i n t e r e s s e s , desenvolveu durante muito tempo uma p r a t i c a v o l t a d a para os aspectos t e c n i c o - b u r o c r a t i c o em que o c o n t r o l e era a p r i n c i p a l e s t r a t e g i a assegurando assim o papel r e -p r o d u t o r da sociedade c a -p i t a l i s t s b r a s i l e i r a .
Sendo assim, f i c a f a c i l entender que a supervisao a n i v e l l o c a l tambem tern seguido o caminho de reprodutora do sistema.
Tal afirmacao pode ser confirmada nas monografias p r o d u z i -das pelos alunos c o n c l u i n t e s do curso de pedagogia - Campus V, periodos 92.2 e 93.1, onde demonstram atraves de suas pesquisas que os s u p e r v i s o -res e n t r e v i s t a d o s declaram exercer m u l t i p l a s funcoes, comprometendo a f u n gao e s p e c i f i c a do s u p e r v i s o r .
A r e f e r i d a pesquisa aponta inumeros problemas e x i s t e n t e s * na p r a t i c a c o t i d i a n a do s u p e r v i s o r , d e n t r e e l e s , a forma como e t r a b a l h a -da a proposta c u r r i c u l a r no ambito -das escolas e a p r o p r i a s i s t e m a t i z a c a o do planejamento c u r r i c u l a r .
Tendo em v i s t a as d i f i c u l d a d e s do t r a b a l h o do s u p e r v i s o r1 apresentadas pela pesquisa e, considerando o c u r r i c u l o como base v i t a l de todo o t r a b a l h o e s c o l a r , onde o mesmo pode c o n t r i b u i r com a n e l h o r i a da escola atraves de uma p r a t i c a c o l e t i v a , apresentamos essa proposta sobre planejamento c u r r i c u l a r .
Tal proposta sobre c u r r i c u l o e planejamento tern como o b j e -t i v o s u b s i d i a r os s u p e r v i s o r e s no -t r a b a l h o e d u c a -t i v o , com a preocupacao de formar cidadaos p o l i t i c a m e n t e conscientes de suas a t r i b u i g o e s , riesco-b r i n d o que t i p o de sociedade e de homem se quer formar e que t i p o de acao educacional e necessario para i s s o .
A proposta j u s t i f i c a - s e pela necess.idade da escola p u b l i c a assumir a escolarizagao dos meninos e meninas populares com a preocupagao de f a z e r uma escola verdadeiramente popular, evitando a formagao de a l i e -nados e ccmprometendo-se com o processo de despertar a consciencia para o ser - homem h i s t o r i c o .
Farsea i n i c i a l m e n t e uma fundamentagao f i l o s o f i c a , p s i c o -l o g i c a e s o c i o -l o g i c a j h a b i -l i d a d e s t e c n i c a s constando de o b j e t i v o s , conteu
do, metodologia, s i s t e m a t i z a c a o , avaliacao e por u l t i m o sera f e i t o uma ana-l i s e c r i t i c a prevendo a a p ana-l i c a b i ana-l i d a d e da mesma*
Esse t r a b a l h o s e r v i r a tambem para s u b s i d i a r nossa p r a t i c a en quanto p r o f i s s i o n a i s da supervisao, bem como o fazer pedagogico dos s u p e r v i sores na p r a t i c a do d i - a - d i a .
10
2. MARCO TEu*RICO
0 planejamento c u r r i c u l a r ocupa urn l u g a r muito importante ' dentro da escola, v i s t o que se r e f e r e ao aspecto q u a l i t a t i v o da educagao, visando f a v o r e c e r ao maximo o processo ensino aprendizagem.
Desse modo, o c u r r i c u l o deve ser fundamentado em referencias f i l o s o f i c a s , s o c i o l o g i c a s 8 p s i c o l o g i c a s porque sao areas que abrangem a t o t a l i d a d e do homem.
Assim, a concepcao de c u r r i c u l o abordada na nossa proposta* v i s a c o n t r i b u i r com a^/ormagao de homens p o l i t i c a m e n t e conscientes de suas a t r i b u i g o e s , capazes de c r i t i c a r os a r r a n j o s s o c i a i s e as desigualdades e-x i s t e n t e s numa sociedade de c l a s s e s .
Para que t a l concepcao de c u r r i c u l o se e f e t i v e e necessario que o planejamento c u r r i c u l a r r e a l i z a d o pelos supervisores e pelos p r o f e s -sores tenha como preocupagao a r t i c u l a r todos os elementos do processo edu-c a t i v o , desenvolvendo p r a t i edu-c a s pautadas em i n t e r e s s e s emanedu-cipatorios.
2.1 Fundamentacao F i l o s o f i c a
A fundamsntacao f i l o s o f i c a no c u r r i c u l o que o r a propomos / * c o n s i d e r a f o homem como s u j e i t o , como urn s e r em transformagao e como ser da p r a x i s .
0 i n d i v f d u o so aprenda o que tern s i g i n i f i c a d o para e l e . Por isso esta sempre em busca de novos s e n t i d o s e novas i n t e r p r e t a g o e s de acor; do com os anseios que possam ser detectados no seio da v i d a humana.
Nesta p e r s p e c t i v a o homem deve formar-se pela elevagao da c o n s c i e n c i a c o l e t i v a r e a l i z a d a concretamente no processo de t r a b a l h o ( i n t e r a g a o ) .
Deve-se entao considerar os elementos i n t e r n o s , as contrad^i goes no i n t e r i o r do i n d i v f d u o e da p r o p r i a i n s t i t u i g a o educacional, d e f e n -dendo uma concepgao de mundo adequado aos i n t e r e s s e s populares.
A educagao nao deve pretender acomodar, dsve p o r t a n t o , c r i a r espago para a opgao e a f i r m a r o homem como homem, desenvolvendo as potenci, a l i d a d e s humanas numa formagao o m n i l a t e r a l .
2.2. Fundamentacao S o c i o l o q i c a
A fundamentagao s o c i o l o g i c a para o c u r r i c u l o se baseia na dimensao do i n d i v f d u o face a r e a l i d a d e , suas r a i z e s h i s t o r i c a s , seu meio *
Concebe o homem como ser apto a assumir sua posigao na s o c i -de, com base no conhecimento da r e a l i d a d e onde e s t ! i n s e r i d o , para que possa de uma maneira c r i t i c a atuar na busca da transformacao s o c i a l .
Sendo assim, o homem devera p a r t i c i p a r ativamente da sua construcao h i s t o r i c a , superando o conhecimento confuso e fragmentado ( f r u t o da sociedade de c l a s s e s ) para o b t e r uma visao do todo.
Apoia-se no p r i n c f p i o d i a l o g i c o , problematizador e v o l t a d o 1 para a responsabilidade s o c i a l - p o l f t i c a .
2.3 Fundamentacao P s i c o l o o i c a
-A nossa proposta compreende o i n d i v i d u o engajado nas relacoes, v i s t o que o homem e urn s e r de relagoes tempora'rias a t r a n c e n d e n t a i s . "0 ho. mera esta no mundo e com o mundo". D a i porque dev8 e s t a r no estado de ernpa-t i a , sabendo r e l a c i o n a r - s e , levando em consideragao a d i f e r e n g a e x i s ernpa-t e n ernpa-t e , ' os i n d i v i d u o s que constituem o grupo, suas p o s s i b i l i d a d e s e capacidades.
A capacidade do r a c i o c i n i o a p a r t i r do desenvolvimento das h a b i l i d a d e s de relacoes permitem ao educando uma melhor visao do mundo e urn posicionamento c r i t i c o d i a n t e da sociedade em que v i v e .
0 " c l i m a e s t a b e l e c i d o no bo j o das i n t e r a c o e s grupais i n f l u e r j c i a a aprendizagem, uma vez que esta depende do processo s o c i a l e i n t e r a c i o n a l dos i n d i v i d u o s .
2.4 Concepcao C r i t i c a de C u r r i c u l o
5abe-se que o c u r r i c u l o f o i o r i g i n a d o nos Fstados Unidos e t r a z i d o para o B r a s i l como simples copia da tendencia t e c n i c i s t a , r e s u l t a n — do dependencia c u l t u r a l e alienagao, j a que o mesmo e derivado de o u t r o pais
si
e na da e x p e r i e n c i a l o c a l .
No B r a s i l , e l e f o i adotado no modelo t e c n i c o - l i n e a r , o que o tornou uma p r a t i c a p s e u d o - c i e n t i f i c a de c a r a t e r i d e o l o g i c o e r e p r o d u t o r .
A nossa proposta compreende um c u r r i c u l o que avance em r e l a -cao aos demais paradigmas t r a d i c i o n a i s , numa concep-cao c r i t i c a , tendo como o r i e n t a g a o p r i n c i p a l a pedagogia c r i t i c o s o c i a l dos conteudos e a educagao1 popular, buscando superar o determinismo e o pessimismo das t e o r i a s da r e -produgao e r e a f i r m a r a importancia da escola.
Considera-se as dinamicas de c l a s s e , genero e raga como nao r e d u t i v e i s umas as o u t r a s , iluminando os problemas t e o r i c o s e p r a t i c o s en -v o l -v i d o s na r e a l i z a g a o de e x p e r i e n c i a s a l t e r n a t i -v a s para as criangas das ca madas populares.
12
Bendo assim, todos os elementos do processo c u r r i c u l a r devem ser i n t e g r a d o s e t r a t a d o s de maneira a r t i c u l a d a , tanto no c u r r i c u l o f o r m a l1 como no o c u l t o .
Concebe-se c u r r i c u l o "numa p e r s p e c t i v a mais abrangente, ou s e j a , um instrumento de c o n f r o n t o de saberes: 0 saber s i s t e m a t i c o , i n d i s p e j i savel a compreensao c r i t i c a da r a a l i d a d e , e o saber de c l a s s e , que o aluno represents e que e o r e s u l t a d o das formas de s o b r e v i v e n c i a que as camadas populares criam" (VEIGA, 1991).
Apoia-se a i d e i a da qual o planejamento c u r r i c u l a r se l i g u e * diretamente ao papel que a escola deve assumir perante os alunos, educado -res, f u n c i o n a r i o s , pais e a sociedade em seu todo, implicando tomar d e c i — soes sducacionais e compreender as concepcoes c u r r i c u l a r e s e x i s t e n t e s , e n -volvendo uma visao de sociedade, de educagao e de homem p o l i t i c a m e n t e cons-c i e n t e de suas a t r i b u i g o e s .
Nesta perspectiv/a o c u r r i c u l o s i t u a - s e a p a r t i r da r e a l i d a d e concreta, descrevendo a p r a t i c a pedagogica v i v i d a e experimentada no seio da i n s t i t u i g a o e s c o l a r .
Considera-se como ponto de p a r t i d a , nesta concepgao de c u r r ^ c u l o , oconstante d i a l o g o com alunos, pais e educadores, vivenciado no c o t i diano da e s c o l a , bem como a explicagao e a compreensao da r e a l i d a d e de f o r ma c r i t i c a , procurando d e f i n i r o que e p r i o r i t a r i o para que a escola p o s -sa superar ou pelo menos minimizar as suas d i f i c u l d a d e s .
Cabe aos educadores estabelecer propostas de mudangas coeren tes com seus o b j e t i v o s , r e g i s t r a r as rnesrnas em um piano concreto de agoes,' mais conhecido como piano c u r r i c u l a r ou piano g l o b a l da escola, que atenda' as necessidades detectadas.
A execugao do c u r r i c u l o proposto c o n s i s t e em r e a l i z a r o que f o i d e c i d i d o c o l e t i v a m e n t e , sendo o mesmo s u j e i t o a modificagoes.
A avaliagao p a r t e da necessidade de conhecer a r e a l i d a d e e s -c o l a r , bus-cando e x p l i -c a r e -compreender -c r i t i -c a m e n t e as -causas da e x i s t e n -c i a da problemas, bem como suas relagoes, suas mudangas, se esforgando para pro por agoes a l t e r n a t i v e s .
E quanto aos conteudos c u r r i c u l a r e s , podem ser organizados 1 dependendo de uma a n a l i s e da composigao socio economics, devendo encora -j a r e p r o d u z i r um crescimento i n t e l e c t u a l .
2*5 Concepcao C r i t i c a de Plane iamento
Nossa proposta aponta para uma mesma d i r e g a o , ou s e j a , a de que o planejamento t r a n s f o r m e , esclarega e t o m e p r e c i s o a agao do grupo em que atuamos.
Concebemos planejamento como uma p r a t i c a p a r t i c i p a t i v a , l i -bertadora e democratica, visando o bem e s t a r do homem e da sociedade.
Sabemos da e x i s t e n c i a de d i v e r s a s d e f i n i c o e s sobre p l a n e j a -mento, porem, a que mais se r e l a c i o n a com a r e f e r i d a proposta e a de "trans^ formar a r e a l i d a d e numa diregao e s c o l h i d a " (GANDIM. 1 9 9 l ) . Isso porque a mesma nos f a z d e f i n i r qual o melhor caminho para se p l a n e j a r , levando em consideracao a r e a l i d a d e s o c i a l , p o l i t i c a e economics de onde se atua, pa-ra a p a r t i r d a i t r a n s f o r m a - l a .
Um planejamento no q u a l , todas as pessoas que compoem um ' grupo, p a r t i c i p e m de todas as etapas, aspectos ou momentos do processo*
T a l concepcao, d e f i n e , antes de qualquer agao c o l e t i v a , qual a concepgao de homem e de sociedade, para que se saiba o que se pretende al, cangar com o planejamento, c o n t r i b u i n d o para um determinado t i p o de homem e de sociedade.
Temos que acabar com a relacao entre piano e a r q u i v o . Deve -mos p l a n e j a r para executar, e executar bem. Ao p l a n e j a r , pensa-se em funcao da execugao. D a i a necessidade de v e r a r e a l i d a d e , para que o planejamento' s e j a realmente executado.
Nessa p e r s p e c t i v a , o grupo que p l a n e j a tern que se d e f i n i r , 1 expressar sua i d e n t i d a d e , ou s e j a , d i z e r quern sao, o que e a i n s t i t u i g a o e o que pretendem a l c a n g a r .
Esta busca de i d e n t i d a d e leva em consideragao as concepgoes* f i l o s o f i c a , s o c i o l o g i c a e p s i c o l o g i c a d e s c r i t a a n t e r i o r m e n t e ; pois e i m -p r e s c i n d i v e l -para um -piano educacional a com-preensao socio-economica -p o l i t y c a c u l t u r a l do momento, porque e dentro deste todo que se i n t e g r a a educa -gao.
0 planejamento e um processo em que todos devem p a r t i c i p a r 1 para e l a b o r a r antecipadamente as agoes i n t r a e s c o l a r e s , levando em c o n s i d e -ragao a r e a l i d a d e l o c a l a t r a v e s de pesquisas, estudos, r e f l e x o e s , em busca* de uma escola verdadeiramente popular e cumpridora de seu papel s o c i a l e po l i t i c o .
3. HABILIPADES TSfCNICAS
As h a b i l i d a d e s t e c n i c a s sao instrumentos que t o r n a r a o conere t a nossa proposta, no s e n t i d o de c o n t r i b u i r para o aprofundamento acerca de c u r r i c u l o e de planejamento, tendo como p r i n c i p i o a concepcao de homem a t u ante no seu c o n t e x t o .
3.1 Qb.ietivos
Os o b j e t i v o s dessa proposta s e r v i r a o para que se pense a teci r i a em funcao da sua p r a t i c a e a relacao e n t r e acao e r e f l e x a o .
Eles estao v o l t a d o s para a c o n t i n u i d a d e e a s i s t e m a t i z a c a o 1 da r e f e r i d a proposta, no i n t u i t o de o b t e r sua v a l i d a d e .
• R e a l i z a r sessoes de estudos com os supervisores para discu concepcao de planejamento c u r r i c u l a r , examinando o i m p o r t a n -t e papel da p a r i -t i c i p a c a o c o l e -t i v a de -todo esse processo; • Estabelecer, cooperativamente, estudos condizentes com uma
p e r s p e c t i v a de educagao transformadora e v o l t a d a para o i n t e resse das camadas populares.
3.2 Conteudos
Os conteudos devem v t f i ^ t o r n a r concreta a nossa proposta e f i r m a r — s e em questoes c r f t i c a s determinadas com v i s t a s a d e s p e r t a r no homem uma c o n s c i e n c i a c r i t i c a na busca da transformacao s o c i a l .
TEXTOS AUTOR ANEXO
• Ningusm nasce f e i t o : B expsrimentan • Paulo F r e i r e 01 do-nos no mundo qus nos nos fazemos*
• Escola, C u r r i c u l o e Ensino • lima Passos A. 02 Veiga
• Repsnsar para t r a n s f o r m a r . • Danusa Clea 03 Araujo Mendes
• Planejamento e construcao do c u r r i • 3oel M a r t i n s 04 c u l o .
• A Construgao do c u r r i c u l o e a sua • 3oel M a r t i n s 05 fragmentacao.
• A preocupacao com o c u r r i c u l o da es • Antonio F l a v i o 06
c o l a de 1B Grau. B. Moreira
• Tendencia C u r r i c u l a r C r i t i c a - • Antonio F l a v i o *» ~ # 07 B. Moreira
• Os debatss sobre conteudo c u r r i c u - • Antonio F l a v i o 08
l a r . B. Moreira
• Perspectivas derivadas das a n a l i s e s • Antonio F l a v i o 09
do campo c u r r i c u l a r b r a s i l e i r o - B. Moreira
• 0 c u r r i c u l o como c i e n c i a c r i t i c a * • Terezinha Maria 10
N e l l i S i l v a
• Planajamento como p r a t i c a e d u c a t i v a . • Danilo Gandim 11
• C u r r i c u l o da escola • Grade c u r r i c u l a r
Obss Apos os estudos dos t e x t o s , do c u r r i c u l o da escola e da grade c u r r i -c u l a r , sera f e i t o uma nova proposta para a es-cola •
3.3 Procedimentos Netodolooicos
Os procedimentos metodologicos desta proposta visam f a c i l i — t a r os estudos dos temas, fazendo com que os pajj^iciipantes se interessem em p ar^ti^cjjj a r ativamente do curso.
"Que a r e f l e x a o seja um constante elemento de promocao do e,s p i r i t o c r i t i c o " .
A metodologia u t i l i z a d a para os estudos e a s e g u i n t e : • Texto nC 01 - Estudo do t e x t o ; - A n a l i s e C r i t i c a . • Texto NO 02 - Exposicao O r a l ; - Debate. . Texto NO 03 - Estudo do t e x t o ? - Seminario, - A n a l i s 8 c r i t i c a * . Texto NO 04 - L e i t u r a do t e x t o ; - discussao em grupo. • Texto NO 05 - Aula e x p o s i t i v a d i a l o g a d a j - debate.
• Texto Nfi 06 - Estudo do texto? - Seminario.
. Texto NO 07 - Estudo do texto? - Debate? - A n a l i s e c r f t i c a . • Texto NC 08 - L e i t u r a do texto? - Debate? - Questionamento• . Texto NC 09 - L e i t u r a do t e x t o - Discussao em grupo?
- Reflexoes sobre o tema p r o p o s t o . . Texto NA 10 - Estudo do texto?
- Seminario;
- A n a l i s e g e r a l de todos os t e x t o s • Texto NC 11 - Estudo por c a p i t u l o
- L e i t u r a de cada ponto - Discussao em grupo
r i e n c i a s ;
Sistematizacao dos conteudos d i s c u t i d o s durante todo pro -cesso;
- Trabalho e s c r i t o ( f i n a l do c u r s o )
3.4 Sistematizacao do Plane.iamento
• Ter c l a r e z a e precisao a ^ r o p r i u t ^ f p ;
• e x p l i c i t a r os fundamentos da acao do grupo?
• Por em acao um conjunto de t e c n i c a s para r a c i o n a l i z a r a agao? . aproximar a r e a l i d a d e a um i d e a l ;
• d e f i n i r o que se pretende alcangar?
• v e r i f i c a r a d i s t a n c i a que se esta d a q u i l o que queremos alcangar? . 0 que f a z e r para d i m i n u i r a d i s t a n c i a ?
. Questionar sua f u n c i o n a l i d a d e ; • Pensar em funcao da execugao; • expressar sua i d e n t i d a d e ; • s i t u a r os f i n s ;
• d e f i n i r enfoques ou p r i o r i d a d e s que serao sublinhados no periodo do piano; • f a z e r um j u i z o sobre a i n s t i t u i c a o planejada em todos ou em alguns aspec
-tos t r a c a d o s ; • Ser p a r t i c i p a t i v o ;
• i n c l u i r objetiv/os, p o l i t i c q s e e s t r a t e g i a s com a f i n a l i d a d e de que as c o i -sas que nao conseguimos r e a l i z a r plenamente, tenham orientagao?
. adaptar ao t i p o de agao que o grupo que pretende p l a n e j a r r e a l i z a r ; • motivagao para mudanga?
• capacitagao para o planejamento, i n c l u i n d o conhecimento dos esquemas mais' amplofs da metodologia de implantacao de um processo e, sobretudo, dominio dos pontos basicos do modelo de piano adotado;
• competencia p r o f i s s i o n a l
• a t e o r i a deve e s t a r presente sVe^re^a p r a t i c a ? e • ser dinamico e r e f l e x i v e
3.5 Avaliacao
A avaliagao do curso sera r e a l i z a d a sistematicamente com a p a r t i c i p a g a o de todos os i n t e g r a n t e s , i n c l u i n d o tambem o questionamento so. bre a proposta, a f i m de v e r i f i c a r a v a l i d a d e de sua continua$na&.
Para esta a v a l i a g a o , a p a r t i c i p a g a o , e i m p r e s c i n d f v e l , v i s t o que a mesma e um meio para a e f i c i e n c i a , para e f i c a c i a e, e um f i m a ser
18
buscado na organizagao das i n s t i t u i g o e s e da sociedade em g e r a l .
A avaliagao nesta p e r s p e c t i v a chama a atengao para se pensar o planejamento, o c u r r i c u l o e o ensino do c o n t e x t o s o c i a l mais amplo.
4. IMPLANTACffP
Essa proposta tem v a r i a s i m p l i c a c o e s , v i s t o que e um processo que v i s a uma transformacao da p r a t i c a j a e x i s t e n t e no c o t i d i a n o dos s u -p e r v i s o r e s .
Considerando a aproxiacao da acao com a r e f l e x a o e o r e a l do i d e a l , devemos l e v a r em consideracao as v a r i a s i m p l i c a c o e s . Dentre e l a s : os p r o f e s s o r e s aceitarem t a l proposta a disporem de tempo para as sessoes de estudos, debates, questionamentos, enfim de todo o processo.
Tendo em v i s t a as i m p l i c i d a d e s e levando em consideracao o espaco de tempo reservado para t a l proposta, e p o s s i v e l sua a p l i c a b i l i d a d e * v i s t o que e um processo s i s t e m a t i c o em que nos da oportunidade de rever nos. sa p r a t i c a , saindo do e s t a b e l e c i d o para uma p r a t i c a l i b e r t a d o r a , num momen-t o h i s momen-t o r i c o em que a sociedade c i v i l a s p i r a por uma nova educacao p u b l i c a , em bases democraticas•
5. ANALISE CRfTICA
A n a l i s a r c r i t i c a m e n t e o t r a b a l h o qua o r a realizamas a a n a l i s a r a curso como um todo, uma vez que as d i f i c u l d a d e s que sentimos por ocasiao * do E s t a g i o , tern suas r a i z e s na forma como o curso ao longo de sua duragao ' t r a b a l h o u a questao t e o r i c a que t a n t o precisamos neste t r a b a l h o .
A d i f i c u l d a d e maior se deu em consequencia da pouca fundamenta gao t e o r i c a que o curso nos ofereceu, da f a l t a de h a b i t o de l e i t u r a a obras completas, ocasionando assim d i f i c u l d a d e s de r e l a c i o n a r o conteudo das mes-mas a necessidade da producao e s c r i t a .
A proposta em s i e um d e s a f i o porque sugere um repensar sobre a e s c o l a , uma modernizacao do c u r r i c u l o , uma novap^ostura dos p r o f i s s i o n a i s * ao t r a b a l h a r o c u r r i c u l o usando conteudos c r i t i c o s que l h e s de maior c o n s c i -e n t i z a c a o .
Esperamos que a execugao deste t r a b a l h o c o n t r i b u a para a cons trugao de uma nova p r a x i s e d u c a t i v a , c o n s t i t u i n d o - s e tambem como ponto de p a r t i d a para o u t r a s n f l e x o e s .
E* uma proposta inacabada e que as c r i t i c a s serao grande v a l i a e c o n t r i b u i r a o para um melhor desempenho de uma nova p r a t i c a .
6, REFERJlNCIAS B I B L I O G R A F I C A S
ALVES, N i l d a . Formagao de P r o f e s s o r e s . Pensar e Fazer. Sao Paulo, Car; t e z . 1992. (Questoes da nossa epoca) V. 1 .
CADERNO CEDES 2 - Centro de Estudos Educagao a Sociedade. A formagao' do educador em debate. 5§ ed. Sao Paulo, Cortez. 1989.
CERVO, Amado L u i s & BERUIAN, Pedro A l c i n o . Metodologia C i e n t i f i c a . E d i t o r a He Granu H i l l do B r a s i l , LTDA. 1976.
FREIRE, Paulo. P o l i t i c a e educagao. Sao Paulo, Cortez. 1993. (Questoes da nossa epoca). V. 23.
Educacao e mudanga. 3a ed. Rio de J a n e i r o , Paz e t e r r a . 1981. (colegao educagao e mudanga) V . l .
GADOTTI, Moacir, Concepgao d i a l e t i c a da Educagao. Um estudo i n t r o d u t o -r i o . 89 ed. Sao Paulo, Cortez: Autores Associados. 1992. (colegao ' educagao contemporanea).
GANDIK, D a n i l a Planejamento como p r a t i c a e d u c a t i v a . 6§ ed. Sao Paulo, Loyola. 1991.
MARTINS, J o e l . Um enfoque fenomenologico do c u r r i c u l o , Educagao como poieses: Organizagao do t e x t o V i t o r i a Helena Cunha E s p o s i t o . Sao Paulo, Cortez. 1992.
MEDEIROS, Luciene 4 ROSA, Solange. Supervisao e d u c a c i o n a l : P o s s i b i l i -dades e l i m i t e s . 2§ ed. Sao Paulo, Cortez. 1987.
MOREIRA, Antonio F l a v i o B. C u r r i c u l o s e programas no B r a s i l . Sao Pau-l o , Papirus. 1990. ( coPau-legao t r i o e t r a b a Pau-l h o pedagogico )
MURAM0T0, Helenice Maria Sbrogio. Supervisao da e s c o l a : Para que t e quero? Uma proposta aos p r o f i s s i o n a i s da Educagao na escola p u b l i -ca. Sao Paulo, I g l u . 1991.
RIBEIRO, Maria Luisa Santos. A Formagao p o l i t i c a do p r o f e s s o r de l e e 2fi graus.,Sao Paulo, Cortez. 1987.
R0DRIGUE5, Neidson. Por uma nova e s c o l a : o t r a n s i t o r i o e o permanente na educagao. 58 ed. Sao Paulo, C o r t e z . 1986.
SILVA, Terezinha Maria N e l l i . A construgao do c u r r i c u l o na sala de ajj l a : 0 p r o f e s s o r como pesquisador. Sao Paulo, EPU. 1990.
VEIGA, Uma P. A. & CARDOSO, Maria Helena F. ( o r g s . ) Escola Fundamental C u r r i c u l o e ensino. Campiras - SP. Papirus. 1991 (colecao m a g i s t e r i o i formacao e t r a b a l h o pedagogico).
23
ANEXO 01
Ninguem nasce f e i t o t E* experimentando-nos no mundo que nos nos fazemos.
Paulo F r e i r e
Ninguem nasce f e i t o . Vamos nos fazendo aos poucos, na p r a -t i c a s o c i a l de que -tomamos p a r -t e .
Nao n a s c i p r o f e s s o r ou marcado para s e l o , embora minha i n f a n c i a e adolescencia tenham estado sempre cheias de "sonhos" em que r a -ras vezes ma v i encarnardo f i g u r a que nao fosse a de p r o f e s s o r .
"Brinquei*1 t a n t o de p r o f e s s o r na adolescencia que ao dar as p r i m e i r a s aulas no curso entao chamado de 1 ,admissaon no c o l e g i o Osiualdo 1 Cruz do R e c i f e , nos anos 40, nao me era f a c i l d i s t i n g u i r o p r o f e s s o r do i -maginario do p r o f e s s o r do mundo r e a l . E e r a f e l i z em ambos os mundos. Fe-l i z quando puramente sonhava dando auFe-la e f e Fe-l i z quando, de f a t o , ensinava.
Eu t i n h a , na verdade, desde menino, um c e r t o gosto docenta, que jamais se desfes em mirtw Um gosto de ensinar e de aprender que me em-purrava a p r a t i c a de ensinar que, por sua vez, v/eio dando forma e s e n t i d o ' aquele gosto. Umas dubidas, umas i n q u i e t a c o e s , uma c e r t e z a de que as, c o i -sas estao sempre se fazendo e se refazendo e, e, l u g a r de inseguro, me seji t i a f i r m e na compreensao que, em mini, c r e s c i a de que a gente nao e, de 1 que a gente esta sendo.
As vezes, ou quase sempre, lamentavelmente, quando pensamos ou nos perguntamos sobre a nossa t r a j e t o r i a p r o f i s s i o n a l , o c e n t r o exclusi, vo das r e f e r e n c i a s esta nos cursos r e a l i z a d o s , na formagao academica na ex p e r i e n c i a v i v i d a na area da p r o f i s s a o . Fica de f o r a como algo sem importan c i a a nossa presenca no mundo. E* como se a a t i v i d a d e p r o f i s s i o n a l dos h o -mens e das mulheres nao t i v e s s e nada que v e r com suas e x p e r i e n c i a s de meni no, de jovem, com seus desejos, com seus sonhos, com seu bem querer ao mun do ou com seu desamor a v i d a . Com sua a l e g r i a ou com seu mal - e s t a r na * passagem dos d i a s e dos anos.
( . . . )
A maneira sempre aberta como me experimentei em casa, com d i r e i t o posto em p r a t i c a , de perguntar, de d i s c o r d a r , de c r i t i c a r , nao po-de ser po-desprezada na compreensao po-de como venho sendo p r o f e s s o r . De como, desde os comecos de minha i n d e c i s a p r a t i c a docente, eu j a me i n c l i n a v a , 1 c o n v i c t o , ao d i a l o g o , ao r e s p e i t o ao aluno. Minha p r a t i c a d i a l o g i c a com meus p a i s me preparara para c o n t i n u a r a v i v e - l a com meus alunos.
25
Posso a f i r m a r que as p r a t i c a s v i v i d a ao longo daqueles dez anos reforgaram i n t u i g o s que me tomavam desde a juventude e que vivam sendo confirmadas ao longo de minha e x p e r i e n c i a p r o f i s s i o n a l . Uma d e l a s t Voce so t r a b a l h a realmente em f a v o r das classes populares se voce t r a b a l h a com elas, d i s c u t i n d o com r e s p e i t o seus sonhos, seus desejos, suas f r u s t a g o e s , seus me dos, suas a l e g r i a s .
Isso nao s i g n i f i c a que o educador - p o l i t i c o ou p o l i t i c o - _e ducador se acomode ao n i v e l de maior ou menor ingenuidade das classes popul a r e s , em dado momento. I s t o s i g n i f i c a nao ser p o s s f v e popul esquecer, s u b e s t i -mar, negar as aspiragoes das classes populares, se a nossa e uma opcao p r o — g r e s s i s t a .
Neste sentido e que trabalham em f a v o r da reageo t a n t o o i n -t e l e c -t u a l que, dizendo-se p r o g r e s s i s -t a , menospreza o saber popular, quan-to o que, dizendo-se igualmente p r o g r e s s i t a , f i c a porem, girando em torno do saber popular, sem buscar supera-lo.
( . . . )
Faz p a r t e da i m p o r t a n c i a dos conteudos a qualidade c r i t i c o -e p i s t -e m o l o g i c a da posigao do -educando -em fac-e d -e l -e s . Em o u t r a s palavras* * por mais fundamentals que sejam os conteudos, a sua i m p o r t a n c i a e f e t i v a nao r e s i d e apenas neles, mas na raaneira como sejam apreendidos pelos educandos*
% 0 0 0 0
e incorporados a sua p r a t i c a . Ensinar conteudos, por i s s o , e algo mais se-r i o e complexo do que f a z e se-r d i s c u se-r s o s sobse-re seu p e se-r f i l .
( ... )
... E quando sobre tudo I s s o penso, algo me faz c r e r que uma das marcas mais v i s i v e i s de minha t r a j e t o r i a p r o f i s s i o n a l e o empenho a que me entrego de procurar sempre a unidade e n t r e a p r a t i c a e a t e o r i a . E neste s e n t i d o que meus l i v r o s , bem ou mal, sao r e l a t o r i o s t e o r i c o s de que fazeres com que me e n v o l v i .
Nao n a s c i , porem, marcado para ser um p r o f e s s o r assim. Vim ma tornando desta forma no corpo das tramas, na r e f l e x a o sobre a agao, na observagao atenta a o u t r a s p r a t i c a s ou a p r a t i c a de o u t r o s s u j e i t o s , na l e i . t u r a p e r s i s t e n t e , c r i t i c a , de t e x t o s t e o r i c o s , nao importa se e l e s estava de acordo ou nao. t i m p o s s i v e l ensinarmos e s t a r sendo deste modo sem uma a b e r -t u r a c r i -t i c a aos d i f e r e n -t e s e as d i f e r e n g a s , com quern e com que e sempre ' p r o v a v e l aprender.
Uma das condigoes necessarias para que nos tornemos um i n t e l e c t u a l que nao teme a mudanga a a percepgao e a aceitagao de que nao ha v i da na i m o b i l i d a d e . De que nao ha progresso na estagnagao. De que, se sou, * na verdade, s o c i a l e p o l i t i c a m e n t e responsavel, nao posso me acomodar, as
e s t r u t u r a s i n j u s t a s da sociedade. Nao posso, t r a i n d o a v i d a , bendize-las Ninguem nasce f e i t o . Vamos nos fazendo aos poucos na p r a t i -ca s o c i a l de que tomamos p a r t e .
FREIRE, Paulo. Ninguem nasce f e i t o : e experimentando-nos no mundo que nos nos fazemos. I n : FREIRE. P o l i t i c a e Educagao. Sao Paulo, Cortez - 1993 (colegao Questoes da nossa epoca. V. 23) P. 79. 68.
ANEXO 02
ESCOLA, CURRtCULO E ENSINO
lima Passos A l e n c a s t r o Veiga
Apreender a escola como o b j e t o de estudo, captando as suas c o n t r a d i c o e s , desvelando seus c o n f l i t o s , sua organizagao e seus compromissos nao e t a r e f a f a c i l , porque coloca alguns pontos de r e f l e x a o a r e s p e i t o do c u r r i c u l o e do ensino que se concretizam no seu c o t i d i a n o .
Minha postura i m p l i c a c o n s i d e r a r a escola como uma i n s t i t u i -gao s o c i a l , or-gao por e x c e l e n c i a que dimensiona a educa-gao de um angulo fq£ mal e s i s t e m a t i c o , c o n s t i t u i d a c o n t r a d e t o r i a m e n t e de duas faces. A conserve dora e a p r o g r e s s i s t a .
A escola, de acordo com sua face conservadora, tern hoje, seus pressupostos, predominantemente l i g a d o s a d o u t r i n a l i b e r a l . Sua preocupagao basica e o c u l t i v o i n d i v i d u a l , a f i m de p r e p a r a r o homem para o desempenho1
Mm 0 * 0 de papeis s o c i a i s . F a c i l i t a d o r a do processo de d i v i s e o t e c n i c a e s o c i a l do
t r a b a l h o , na verdade e l a r e f o r g a as desigualdades s o c i a i s , porque se propoe i g u a l h a r i n d i v i d u o s d e s i g u a i s .
A escola, na visao p r o g r e s e i s t a , p a r t e do p r i n c i p i o de que a educagao popular e p a r t e i n t e g r a n t 8 da sociedade. E l a r e f l e t e as contradi. goes da e s t r u t u r a s o c i a l . Colabora na divulgagao de uma nova concepgao de mundo, t r a b a l h a em p r o l das camadas mais pobres da populagao. Visa a
preparagao do i n d i v i d u o para a v i d a socio p o l i t i c a e c u l t u r a l . Seu i d e a l p o l i t i -co - pedagogi-co esta v o l t a d o para a emancipagao do homem.
A passagem de uma escola conservadora para uma escola de con cepgao p r o g r e s s i t a tern s i d o d i f i c i l , p o i s sao inumeros os o b s t a c u l o s por veneer.
( ... )
Nessa concepgao a escola e v i s t a como espago de l u t a , espago de contestagao. Nesse s e n t i d o , as i n s t i t u i g o e s e s c o l a r e s , a s e r v i g o dos i n -teresses populares,
Buscando t o r n a r de f a t o de todos a q u i l o que a i d e o l o g i a l i b e r a l proclama ser d i r e i t o de todos, contribuem para f a z e r pre. dominar a nova formagao s o c i a l que esta sendo gerada no seio da velha formagao a t e agora dominante ( Saviane 1983 P. 3 3 ) . Em t a l posigao, a escola e a l i c e r g a d a no d i r e i t o de todos os cidadaos de d e s f r u t a r uma formagao basica comum e r e s p e i t o aos v a l o r e s c u l
-28
t u r a i s e a r t f s t i c o s , n a c i o n a i s e r e g i o n a i s , independente de sua condigao de origem (sexo, idade, raga, convicgao r e l i g i o s a , f i l i a g a o p o l i t i c a , c l a s s e 1
s o c i a l ) • Uma escola f o r m a t i v a , humanistica, que assume a fungao de p r o p o r -c i o n a r as -camadas populares, a t r a v e s de um ensino e f e t i v o , os i n s t r u m e n t o s ' que l h e s permitam c o n q u i s t a r melhores condigoes de p a r t i c i p a g a o c u l t u r a l e p o l i t i c a e r e i v i n d i c a g a o s o c i a l .
... Nessa p e r s p e c t i v a a escola esta fundada nos p r i n c i p l e s ' que deverao n o r t e a r o ensino democratico, p u b l i c o e g r a t u i t o t
•Igualdade de condigoes para acesso e permanencia na escola? •Qualidade que nao pode ser p r i v i l e g i o de m i n o r i a s economicas
e s o c i a i s ?
•Liberdade de aprender, e n s i n a r , pesquisar e d i v u l g a r a a r t e1 e o saber. Assim, c u r r i c u l o , condigoes de i n g r e s s o , promogao e c e r t i f i c a g a o , metodos, a v a l i a g a o , recursos d i d a t i c o s e mat e r i a l s serao d i s c u mat i d o s amplamenmate, de forma que o i n mat e r e s -se da m a i o r i a , em termos pedagogicos, -seja r e s p e i t a d o . Isso e v i t a i r c i d i r e m sobre o ensino e a produgao do saber i m p o s i -goes de ordem f i l o s o f i c a , i d e o l o g i c a , r e l i g i o s a e p o l i t i c a ? •Gestao democratica e exercida pelos i n t e r e s s a d o s o que i m
-p l i c a o re-pensar da e s t r u t u r a de -poder da escola* Sua conere t i z a g a o envolve a d e f i n i g a o de c r i t e r i o s t r a n s p a r e n t e s de * c o n t r o l e democratico da produgao e divulgagao do m a t e r i a l d^ d a t i c o , o c o n t r o l e democratico da arrecadagao e u t i l i z a g a o ' das verbas bem como a g a r a n t i a do d i r e i t o a p a r t i c i p a g a o de educadores, f u n c i o n a r i o s , alunos na d e f i n i g a o da gestao da escola e do c o n t r o l e da qualidade do ensino?
•Valorizagao do m a g i s t e r i o que procure g a r a n t i r uma s e r i e de r e i v i n d i c a g o e s dos educadores.
A i m p o r t a n c i a desses p r i n c i p i o s esta em g a r a n t i r sua opera -c i o n a l i z a g a o nas e s t r u t u r a s e s -c o l a r e s , p o i s uma -c o i s a e e s t a r no papel, na l e g i s l a g a o , na proposta, no c u r r i c u l o , e o u t r a e e s t a r ocorrendo na d i n a m i -ca i n t e r n a da escola, no r e a l , no c o n c r e t o .
...Se se pretende uma escola p r o g r e s s i s t a e democratica, ha ne-cessidade de romper com a a t u a l organizagao de t r a b a l h o pedagogico.
( ... )
Neste t r a b a l h o , c u r r i c u l o e concebido, de uma p e r s p e c t i v a * mais abrangente, como o conjunto das a t i v i d a d e s da escola que afetam, d i r e
nhecimento. Nesta p e r s p e c t i v a , e p o s s i v e l a f i r m a r que o c u r r i c u l o e um i n s -trumento de c o n f r o n t o de saberes: 0 saber s i s t e m a t i z a d o , i n d i s p e n s a v e l a compreensao c r i t i c a da r e a l i d a d e , e o saber de c l a s s e , que o aluno represen t a e que e o r e s u l t a d o das formas de s o b r e v i v e n c i a que as camadas populares c r i a m . V a l o r i z e o saber de classe e coloca como ponto de p a r t i d a para o tra.
balho e d u c a t i v o .
Por essa razao o planejamento do c u r r i c u l o esta l i g a d o d i r e -tamente ao papel que a escola deve assumir perante os alunos, os educadores, os f u n c i o n a r i o s , os p a i s e a sociedade em seu todo.
... 0 planejamento c u r r i c u l a r t e r a de se fundamentar numa * concepgao de educagao que:
• pressupoe que o aluno seja s u j e i t o de seu processo de a— prendizagem}
• p r i v i l e g i a p r i n c i p a l m e n t e o saber que deve ser produzido,' sem r e l e g a r a segundo piano o saber que o aluno j a possui; • as a t i v i d a d e s de c u r r i c u l o e ensino nao sao separadas da
t o t a l i d a d e s o c i a l e visam a transformagao c r i t i c a e c r i a t i va do c o n t e x t o e s c o l a r , e mais especificamente de sua f o r -ma de se o r g a n i z a r j
• esssa transformagao ocorre atraves do acirramento das c o n -t r a d i g o e s e da elaboragao de propos-tas da agao, -tendo em v i s t a a suparagao das questoes apresentadas pela p r a t i c a ' pedagogica.
( ... )
C u r r i c u l o e v i s t o como a t o que so se r e a l i z a na c o l e t i v i d a -de. P l a n e j a r c u r r i c u l o e, p o r t a n t o , um a t o c o l e t i v o que se o r i g i n a de uma11 r e f l e x a o ou s e j a , do a t o de s i t u a r , de c o n s t a t a r "as rnanif estagoes fenome-n i c a s de como o problema aparece" ( O l i v e i r a , 1985, P. 7 0 ) .
( ... )
0 a t o de s i t u a r compreende t r e s passos fundamentals e intirqa mente r e l a c i o n a d o s :
. p a r t i r da r e a l i d a d e c o n c r e t a , i r a essencia dos dados do c o n t e x t o s o c i a l em que esta i n s e r i d a a escola, c o n f i g u r a n do em l i n h a s g e r e i s a sua h i s t o r i a , r e c o n s t r u i n d o a h i s t o -r i a dos s u j e i t o s da agao educativa ( educado-res e alunos ). E* p r e c i s e tambem descrever a p r a t i c a pedagogica v i v i d a e experimentada no s e i o da i n s t i t u i g a o e s c o l a r . E* o momento ' da descrigao da r e a l i d a d e . E* o ponto de p a r t i d a do p l a n e j e mento c u r r i c u l a r . D a i a necessidade de se v i v e n c i a r o c o t i -diano da escola, de observar a sala de a u l a , de p a r t i c i p a r '
30
de suas a t i v i d a d e s , d i a l o g a r com os alunos, p a i s e o u t r o s educadores*
( ... )
• o ato de s i t u a r envolve a explicagao e a compreensao da re a l i d a d e de forma c r i t i c a . • • Trata-se de e x p l i c a r e compre-ender a p r a t i c a dos educadores na sua t o t a l i d a d e , procuraji do desvelar as suas c o n t r a d i c o e s .
• ... procura-se d e f i n i r o que e p r i o r i t a r i o para que a esco l a possa p o s t e r i o r m e n t e , propor a l t e r n a t i v a s de superagao' ou minimizacao de suas d i f i c u l d a d e s . Compete aos educado -res s i s t e m a t i z a r a p r o p r i a p r a t i c a pedagogica de modo que estabalegam propostas de mudangas coerentes com seus o b j e -t i v o s que lhes permi-tam avangar.
0 a t o de e l a b o r a r e o momento propriamente d i t o da e l a b o r a -gao do piano c u r r i c u l a r contendo a proposta de mudanga mais coerente com a r e a l i d a d e e s c o l a r . 0 piano c u r r i c u l a r como produto desse processo c o l e t i -vo e intensamente p a r t i c i p a d o e d e c i d i d o por todas as pessoas e n v o l v i d a s ' com o processo e d u c a t i v e
( ... )
Decisoes basicas do c u r r i c u l o abrangem questoes r e f e r e n t e s ' ao "que","para que", e o "como" e n s i n a r a r t i c u l a d a s ao "para quern".
( ... )
0 planejamento de c u r r i c u l o , assentado nos pressupostos de uma pedagogia c r i t i c a , tern um compromisso com a transformagao s o c i a l . Nesse s e n t i d o ha um a l v o por ser a t i n g i d o pela escola* a s o c l a l i z a g a o do saber, 1 das c i e n c i a s , das l e t r a s , das a r t e s , da p o l i t i c a e da t e c n i c a , para que o aluno possa compreender a r e a l i d a d e socio-economico- p o l i t i c a e c u l t u r a l , ' para que se t o r n e capaz de p a r t i c i p a r do processo de construgao de uma no-va ordem s o c i a l .
( ... )
Dentre as decisoes a serem tomadas no ato de e l a b o r a r , uma ' das mais fundamentals d i z r e s p e i t o a selegao e organizagao dos conteudos ' c u r r i c u l a r e s . Tomar decisoes sobre conteudo c u r r i c u l a r , alem de ser uma t a -r e f a complexa, ap-resenta algumas c a -r a c t e -r i s t i c a s que todo educado-r deve t e -r prasentes em sua agao pedagogica.
Em p r i m e i r o l u g a r , e i m p o r t a n t e e n f a t i z a r que os conteudos a serem trabalhados nao sao neutros mas marcados pelos i n t e r e s s e s de c l a s s e s ' que e s t r u t u r e r a m d i f e r e n t e s v i s o e s de sociedade, de homem, de educagao.
Nessa p e r s p e c t i v a , os conteudos c u r r i c u l a r e s deverao ser mais v i n c u l a d o s a r e a l i d a d e e x i 3 t e n c i a l dos alunos e mais ajustados as circunstan, c i a s de cada turma. Isso i m p l i c a o encontro da e x p e r i e n c i a t r a z i d a pelo a l u -no e a explicagao do p r o f e s s o r .
( ... )
A metodologia apropriada a esse enfoque c u r r i c u l a r pressupoe, em p r i m e i r o l u g a r , que o aluno seja o s u j e i t o a t i v o do seu processo de apreji dizagemj em segundo l u g a r , que desenvolva a c r i a t i v i d a d e a t r a v e s da e x p l i c a gao das contradigoes que permeiam o processo ensino aprendizagem e da e x p l i -cagao e compreensao das questoes que precisam ser r e s o l v i d a s e quais conheci mentos sao necessarios para r e s o l v e - l a s > e, em t e r c e i r o , a c r i a t i v i d a d e mani festada pelos educandos a t r a v e s da "capacidade de expressarem uma compreen -sao da p r a t i c a em termos tao elaborados quanto era p o s s i v e l ao p r o f e s s o r " ' ( S a v i a n i , 1983, P. 75 ) . E* a fase da expressao elaborada, considerada o pon-t o culminanpon-te do processo educapon-tivo*
( ... )
0 0 n
A metodologia proposta e calcada no d i a l o g o , considerado "uma forma de c r i a g a o , desde que o mesmo fornece o meio e da s i g n i f i c a d o as multj,. p l a s vozes que constroem os " t e x t o s " c o n s t i t u t i v o s da v i d a d i a r i a , s o c i a l e moral" ( Giroux, 1987, P. 81 ) .
( ... )
Essa abordagem metodologica nao s i g n i f i c a a adogao de uma t e c n i c a de ensino mas i m p l i c a uma nova postura por p a r t e dos educadores.
( ... )
Uma o u t r a decisao basica do c u r r i c u l o e a que se r e f e r e a aya l i a g a o da aprendizagem. Em uma proposta de educagao transformadora e de c u r -r i c u l o com um enfoque c -r i t i c o , so se pode f a l a -r em um p-rocesso de avaliagao' que s e j a compativel com essa concepgao de educagao e de c u r r i c u l o .
( ... )
Em p r i m e i r o l u g a r , e l a deve ser pensada em fungao da t o t a l i d a . de do processo ensino - aprendizagem e v o l t a d a para o julgamento q u a l i t a t i v o da agao.
Em segundo l u g a r , busca uma postura c r i t i c a e mais v o l t a d a pj| ra a fungao d i a g n o s t i c a , que procura v e r i f i c a r se os alunos estao u i t r a p a s sando o senso comum (desorganizagao dos conteudos) para a c o n s c i e n c i a c r i t i -cs ( s i s t e m a t i z a g a o dos conteudos).
( . . . )
As decisoes basicas de execugao dizem r e s p e i t o a proposigao • de medidas o b j e t i v a s de agao c o l e t i v a , no s e n t i d o do aperfeigoamento do a t o
de e x e c u t a r . A medida que, em termos p o l i t i c o s e pedagogicos, a escola p e r s i ga o b j e t i v o s v o l t a d o s para os i n t e r e s s a s das camadas populares, e p r e c i s o que os pressupostos e as decisoes o p e r a c i o n a i s do piano c u r r i c u l a r estejam 1 adequados a esse t i p o de o b j e t i v o . Em fungao do alcance dos o b j e t i v o s propqs t o s conjuntamente e e s p e c i f i c a d o s no piano c u r r i c u l a r , ha necessidade de se l e v a r em consideragao as condigoes c o n c r e t a s e as p o s s i b i l i d a d e s de a escola a t i n g i - l o s . A forma de alcanga^-los nao pode ser desvinculada dos conteudos 1 transformadores dos o b j e t i v o s nem das condigoes concretas da e s c o l a .
A a v a l i a g a o do c u r r i c u l o calcada nos pressupostos da pedago g i a c r i t i c a p a r t e da necessidade de conhecer a r e a l i d a d e e s c o l a r , busca e x -p l i c a r e com-preender c r i t i c a m e n t e as causas da e x i s t e n c i a da -problemas bem como suas relagoes, suas mudangas e se esforga por propor agoes a l t e r n a t i v a s ( c r i a g a o c o l e t i v a ) .
( . . . )
0 processo de avaliagao envolve t r e s momentost a descrigao da r e a l i d a d e e s c o l a r , a compreensao c r i t i c a da r e a l i d a d e d e s c r i t a e a proposi — gao de a l t e r n a t i v a s de agao, momento de c r i a g a o c o l e t i v a que corresponds ao ato de e l a b o r a r e executar o piano c u r r i c u l a r . Esses t r e s momentos nortearao a escolha dos procedimentos t a i s como! e n t r e v i s t a s , observagao p a r t i c i p a n t e , a n a l i s e documental, discussoes em grupo e t c . Os dados q u a n t i t a t i v o s nao sao deixados de lado, sabendose, e n t r e t a n t o , que nesse t i p o de enfoque a a n a l i -se e eminentemente q u a l i t a t i v e .
A avaliagao nessa p e r s p e c t i v a chama a atengao para pensar o c u r r i c u l o e o ensino dentro do c o n t e x t o s o c i a l mais amplo.
( ... )
As consideragoes aqui f e i t a s nao tern a pretensao de ser d e f i n i t i v e s ou unicos. Ao c o n t r a r i o , e l a s despontam como um ponto de p a r t i d a p a -ra se d i s c u t i r a questao do c u r r i c u l o e do ensino que se cpncretizam na esco, l a .
VEIGA, lima D.A & CARDOSO, Maria Helena F. ( o r g s . )
Escola C u r r i c u l o e ensino. I n : VEIGA 4 CARDODO. Escola Fundamental C u r r i c u l a r e ensino. Campinas. SP. Papirus, 1991 (colegao M a g i s t e r i o e t r a b a -lho pedagogico) P. 77 . 94.
ANEXQ 03
Repensar para t r a n s f o r m a r
Danusa Clea A. Nendes E s t a g i a r i a
E* sabido que na m a i o r i a das escolas o planejamento quase nao e x i s t e e quando acontece e de forma bastante mecanizada sem muita nogao do que e para que f a z e - l o . 0 c u r r i c u l o e entendido como grade c u r r i c u l a r , e 1 nao e e s t r u t u r a d o para b e n e f i c i a r as a t i v i d a d e s educacionais. Nesta concep-cao, o homem e considerado o b j e t o , r e p r o d u t o r do sistema, mao de obra f a c i l e b a r a t a , e reforgando uma sociedade c l a s s i s t a de dominantes e dominados, * sociedade e s t a , i n j u s t a e c r u e l com as camadas populares.
Diante d i s t o , e necessario que se renove a educagao, t r a n s -formando-a num v e i c u l o a servigo das camadas populares, visando uma socied.a, de mais j u s t a e i g u a l i t a r i a onde o homem seja v i s t o como s u j e i t o de suas * agoes, tenha uma c o n s c i e n c i a p o l i t i c a e seja engajado nas relagoes s o c i a l s ' a d q u i r i n d o condigoes para r e i v i n d i c a r seus d i r e i t o s perante a sociedade.
Cabe a escola o mais irnportante papel: dar ao educando a • oportunidade de tomar c o n s c i e n c i a e repensar toda a p r a t i c a , se v o l t a n d o p& ra uma nova concepgao de educagao.
£ necessario que se tenha um aprofundamento t e o r i c o , para ' u n i r s e a p r a t i c a r e f l e t i d a e analisada c o l e t i v a m e n t e por todos os e n v o l v i -dos e realmente i n t e r e s s a d o s por uma educagao decente e i g u a l para to-dos.
Como j a e sabido, o planejamento c u r r i c u l a r e a base de toda uma e s t r u t u r a e s c o l a r , onde o mesmo deve ser v i s t o como um processo sistema t i c o , f l e x i v e l e merecedor de toda a atengao e r e f l e x a o .
Para que essa transformagao se e f e t i v e , e n e c e s s a r i o , antes de mais nada, que se r e v e j a esse processo de p l a n e j a r lavando em c o n s i d e r a -gao os pontos mais r e l e v a n t e s deste a t o , ou s e j a t
• p l a n e j a r c o l e t i v a m e n t e considerando o pensamento do grupo* em que se a t u a l
. conhecer a r e a l i d a d e l o c a l , para que nao c o r r a o r i s c o de p l a n e j a r para uma r e a l i d a d e d i s v i n c u l a d a da p r a t i c a .
• e l a b o r a r as agoes i n t r a - escolaras a t r a v e s de estudos, * pesquisas e r e f l e x o e s , no i n t u f t o de buscar uma escola ver dadeiramente popular e cumpridora do seu papel s o c i a l e po l i t i c o .
• supere o determinismo e o pessimismo das t e o r i a s de r e p r o -dugao,
• r e a f i r m e a i m p o r t a n c i a da escola;
• considers as dinamicas de c l a s s e , genero e raca, como nao r e d u t i v e i s uma as o u t r a s ;
• i l u m i n e os problemas t e o r i c o s e p r a t i c o s envolvidos na 1 r e a l i z a c a o de e x p e r i e n c i a s a l t e r n a t i v a s para as c r i a n c a s 1 das camadas populares;
• desenvolva senso c r i t i c o da r e a l i d a d e socio-economica - po, l i t i c a e c u l t u r a l ;
• que se a r t i c u l e m conteudos, metodologia, relacao professor aluno e avaliagao; e f i n a l m e n t e ,
• que envolva uma visao de sociedade, de educagao e de ho-mem p o l i t i c a m a n t e consciente de suas a t r i b u i g o e s .
Para t a n t o t o r n a r - s e necessario que se d e f i n a que t i p o de ho men e de sociedade se pretende formar, a t r a v e s da compreensao socio — econo mica - p o l i t i c a - c u l t u r a l do momento, porque e dentro deste contexto que a educagao acontece.
DANUSA CLE*A A. CODES ESTAGIARIA.
ANEXO 04
Planejamento e Construgao de C u r r i c u l o 3oel M a r t i n s
0 termo c u r r i c u l o c o n s t i t u i , no momento presente, um ponto -chave no v o c a b u l a r i o dos educadores. Ha masrno, poder-se-ia d i z e r , quase uma obsessao pelo uso do termo e uma tendencia a superusa-lo nos a r t i g o s sobre* educagao como nos programas de preparagao de p r o f e s s o r . E n t r e t a n t o , quando' se observa em reuniao os e s p e c i a l i s t a s d i s c u t i n d o c u r r i c u l o , pode-se desco b r i r , que cada i n d i v i d u o possui pela maneira como e o r i e n t a d a a discussao ' e o pensamento para os extremos mais variados e d i s t i n t o s . Esta condicao de i n d i v i d u a l i d a d e , ambigua e mesmo c o n t r a d i t o r i a , algumas vezes e mais f r e — quentemente observada nas reunioes de e s p e c i a l i s t a s de v a r i o s paises, onde o conteudo do termo ainda nao passou para o vernaculo com um conteudo espe-c i f i espe-c o , indiespe-cando uma agao ou uma espe-c e r t a a t i v i d a d e organizada.
( . . . )
Ainda que o c r i t e r i o l i n g u i s t i c o usado r e v e l e uma evolugao ' l e n t a para o termo c u r r i c u l o , e n t r e os educadores, a d e f i n i g a o , pelo uso, ' parece t e r apressado a extensao, passando a e x p r i m i r uma forma de pensamen-t o educacional. A pensamen-tese de que nao sao as e x p e r i e n c i a s a d q u i r i d a s a pensamen-t r a v e s de l i v r o - t e x t o , do t r a t a d o g e r a l das d i v e r s a s d i s c i p l i n a s , dos e x e r c i c i o s * r e a l i z a d o s ou do c o n t a t o com o p r o f e s s o r , que resultam numa forma de apren-dizagem, mas tambem o u t r a s e x p e r i e n c i a s c o l a t e r a i s ou a u x i l i a m o d e s e n v o l v i mento da personalidade e formam o homem socialmente educado, amplica a e x tensao do termo c u r r i c u l o , passando o mesmo a ser d s f i n i d o da seguinte f o r -ma:
A t i v i d a d e que abrange realmente todo o programa e s c o l a r } c u r r i c u l o , como expressao educacional, c o n s t i t u i o meio e s s e n c i a l de educagao' que abrange as a t i v i d a d e s dos alunos e de seus p r o f e s s o r e s . Dessa forma, ' c u r r i c u l o tern um s i g n i f i c a d o duplo, r e f e r i n d o - s e as a t i v i d a d e s r e a l i z a d a s e aos produtos apresentados.
No momento presente, o termo c u r r i c u l o e d e f i n i d o de uma sje r i e de a t i v i d a d e s c a r a c t e r i s t i c a s :
1 . um piano de educagao i n s t i t u c i o n a l i z a d a ;
2. um conjunto de e x p e r i e n c i a s e oportunidades r e a i s que sao o f e r e c i d a s num determinado tempo e l u g a r ;
nos aprandizes e que se relacionam, como consequencia das a t i v i d a d e s desen-v o l desen-v i d a s comumente na i n s t i t u i c a o e d u c a t i desen-v a .
Duas concepgoes basicas podem ser encontradas para o c u r r f c u los
De acordo com a concepcao t r a d i c i o n a l , c u r r i c u l o e um piano* de estudos que h a b i l i t a o p r o f e s s o r a o r g a n i z a r e a d i r i g i r o seu t r a b a l h o , assim como q, de seus alunos. Assim concebido, c u r r i c u l o e o conjunto de ma-t e r i a s que c o n s ma-t i ma-t u i o ma-t r a b a l h o e s c o l a r , organizados de maneira parmenorizj^ da. Neste conjunto de f a t o s , o metodo de ensino, o m a t e r i a l e s c o l a r , assim* como as a t i v i d a d e s em que os alunos possam e s t a r i n t e g r a d o s , constituem os elementos e x t r a c u r r i c u l a r e s . As a t i v i d a d e s e x t r a c u r r i c u l a r e s da escola por serem i n f o r m a i s , a t e c e r t o ponto, nao obedecem a um planejamento r f g i d o , en quanto que as a t i v i d a d e s que constituem o c u r r i c u l o ou planejamento de estu dos, ou programa, sao a t i v i d a d e s organizadas e preparadas de antemao.
Cur-r i c u l o , p o Cur-r t a n t o dentCur-ro dessa concepgao educacional, e apenas um dos elemeCur-ri t o s , i s t o e, o planejamento d a q u i l o que deve ser formalmente aprendido.
A concepgao seguinte, frequentemente encontrada pelo c u r r i -c u l o , e aquela que o -con-ceitua -como sendo a soma t o t a l das e x p e r i e n -c i a s dos alunos e que sao olanejadas pela escola como uma i n s t i t u i g a o , envolvendo * t a n t o os alunos como os professores, e processos de ensino e de t r a b a l h o . ' Esta concepgao decorre dos o b j e t i v o s estabelecidos para a educagao e para a escola. Esta concepgao i n c l u i r i a nao somente os estudos que os alunos devem r e a l i z a r , na escola, como, tambem, todas as o u t r a s a t i v i d a d e s que se desenvolvem sob a orientagao do p r o f e s s o r , i n c l u i n d o a atmosfera de t r a b a l h o a s -sim como o metodo de ensino. Nao e p o s s i v e l , p o r t a n t o , separar-se do concejL t o de c u r r i c u l o os alunos, os p r o f e s s o r e s , os metodos e o m a t e r i a l d i d a t i -cot todas estas v a r i a v e i s c o n s t i t u e , o c u r r i c u l o . Os elementos p r i n c i p a l s ' do c u r r i c u l o . Os elementos p r i n c i p a l s do c u r r i c u l o , e n t r e t a n t o , para aque -l e s de que desejam uma p a r t i c u -l a r i z a g a o -l o g i c a do todo, seriamt
1. A organizagao c u l t u r a l dentro da qual a escola se s i t u a . (estudo da comunidade);
2. A d e f i n i g a o dos o b j e t i v o s a serem alcangadas pela escola! 3. As areas de estudos e de a t i v i d a d e s ;
4. 0 aluno como um ser em desenvolvimento; 5. 0 p r o f e s s o r e o metodo de ensino;
6. A s i n t e s e harmoniosa destas p a r t e s , que, por sua vez, 1 constituem tambem t o t a l i d a d e s menores, c o n s t i t u i o s u b s t r a t o dentro do qual desenvolve-se a personalidade i n t e g r a l dos alunos.
A conceituagoes sao aspectos importances na compreensao do c u r r i c u l o . e n t r e t a n t o , de maior u t i l i d a d e nesse processo de compreensao
parses ser a concordancia que deve haver e n t r e os e s p e c i a l i s t a s no que se r e -f e r e a concepcao que devem p o s s u i r sobre a natureza do c u r r i c u l o considerari do-o mais como um planejamento que a f e t a a v i d a do i n d i v i d u o , do que como um c o n j u n t o de regras ou piano a s e g u i r .
As s e g u i n t e s construcoes h i p o t e t i c a s sao necessarias para or ganizar o esquema dentro do qual o desenvolvimento do c u r r i c u l o deve b a -saar-se:
I - Todo planejamento de c u r r i c u l o processa-se num c o n t e x t o1 s o c i a l e abrange no seu desenvolvimento uma concepcao do homem e do u n i v e r -so.
As condigoes de vida humana, t a i s como g u e r r a , paz, t r a b a l h o l a z e r , educagao e a n a l f a b e t i s m o , pobreza e r i q u e z a , i n f l u e n c i a m todo um pro grama de v i d a a de educagao. A p a r t i c u l a r i z a g a o deste p r i n c i p i o s sao os se-g u i n t e s i t e n s :
1 . deterrninagao dos f i n s a a t i n g i r ,
2. forrnulagao de uma t e o r i a de aprendizagem; 3. forrnulagao de uma p o l i t i c a educacional.
I I - Todo planejamento de c u r r i c u l o deve propor questoes con-cernentes aos v a r i o s dominios da educagao.
Os f i n s precisam ser d e f i n i d o s , os meios para a t i n g i r t a i s ' f i n s precisam ser estudados e os r e s u l t a d o s precisam ser a v a l i a d o s .
I l l - Todo planejamento de c u r r i c u l o requer a p a r t i c i p a g a o dos p r o f e s s o r e s que vao e n s i n a r . As decisoes e, comum dos p r o f e s s o r e s r e f l e t e m ' sua concepgao sobre o ensino de aprendizagem e abrangem, as percepgoes so-bre as r e a l i d a d e s que se devem processar dentro da sala de a u l a , assim como sobre a variedade de f a t o r e s e f o r g a s e x i s t e n t a s f o r a da sala de a u l a .
IV - 0 desenvolvimento do c u r r i c u l o e p a r t e dos processos de administragao e s c o l a r , de supervisao e de organizagao da sala de aula.
Cabe aos e s p e c i a l i s t a s na escola a r e s p o n s a b i l i d a d e de c r i a r as condigoes e s p e c i a i s dentro das quais o c u r r i c u l o deve desenvolver-se e a p e r f e i g o a r - s e . Essa r e s p o n s a b i l i d a d e v e r i f i c a - s e a t r a v e s da l i d e r a n g a , das p r o v i d e n c i a s tomadas para e n c o n t r a r as f a c i l i d a d e s , m a t e r i a l necessario e a c r i a g a o de um esquema do qual a i n s t i t u i g a o se processa.
MARTINS, 3 o e l . Planejamento e Construgao de c u r r i c u l o . I n : MARTINS. Um e n f g que fenomenologico do c u r r i c u l o ; educagao como p o i e s i s . Sao Paulo, cor -t e z . 1992. P. 96 - 100.
ANEXO 05
A Construgao de C u r r i c u l o e a sua fragmentacao
J o e l M a r t i n s
No seculo XIX, enquanto no B r a s i l busca-se compor uma educa. gao de forma ampla, nos Estados Unidos esta j a se organiza em fungao das aspiragoes da comunidade e dos p r o f e s s o r e s , orientando-se em termos do que os alunos deveriam f a z e r e aprender. Naquela pretensao i d e i a de c u r r i c u l o * d i r i g i a - s e para os estudos c l a s s i c o s , maternatica, cienciasm e Geografia, * garantindo-se aos alunos a p o s s i b i l i d a d e de v i r a l e r e estudar t a n t o os t e x t o s da l i t e r a t u r a c l a s s i c a (grago e l a t i m ) quanto aqueles das l i n g u a s * v i v a s modernas. E n t r e t a n t o , e ainda nos Estados Unidos, no seculo XX e com ampla repercussao no c o n t e x t o educacional b r a s i l e i r o , que se c a r a c t e r i z a o momento da t r a d i g a o n a c i o n a l de v a l o r i z a g a o do pragmatismo. E* nesta c o n f i -guragao que o c u r r i c u l o passa a s i g n i f i c a r mais do que a introdugao do a l u no em materias acadamicas p a r t i c u l a r e s e em metodologias de e n s i n o j v e i o a s i g n i f i c a r uma forma de apresentar um modo e s p e c i a l de v i d a - Observe-se *
* f ~
que a i d e i a de c u r r i c u l o derivada do pragmatismo o r i e n t a - s e para a agao e-d u c a t i v a que se r e a l i z a no presente mas com p e r s p e c t i v a s que se abrem ao f u t u r o . Dessa forma, o r i g i n s — s e em o b j e t i v o s a serem alcangados e que de— rivam de e x p e c t a t i v a s da sociedade na qual a escola e f a m f l i a s se enqua -dram,
( . . . )
Nesta p e r s p e c t i v a , a i d e i a que se v e i c u l o u de C u r r i c u l o f o i a de um instrumento p r a t i c o e f u n c i o n a l , que p o s s i b i l i t a r i a a escola de-senvolver um t r a b a l h o em educagao mais p r o d u t i v o e economico. R e v i s t i a - s e , assim, esta concepgao de c u r r i c u l o de v a l o r p r a t i c o e de l u c r o a ser o b t i -do.
( ... )
A i d e i a de Dewy*, que f l o r e s c e u durante o periodo da depress sao economica, anunciava que a educagao se c o n s t i t u i r i a na grande i n s t i t u i gao democratica que c a p a c i t a r i a os cidadaos, mesmo os mais humildes, a se desenvolverem e ascenderem na v i d a socioeconomica Tais i d e i a s encontra ram guarida t a n t o nos meios educacionais, como nos governanmentais b r a s i -l a i r o s , que passaram a v e r na esco-la e na educagao por e -l a m i n i s t r a d a um grande elemento de nivelamento s o c i a l e economico.
* DEWEY, John, Democracy and Education. New York, Mac M i l l a n , Tree Press E d i t i o n 1966.
As c r i t i c a s que se sucederarn produziram e v i d e n c i a s de que a escola t a l como estava concebida nao poderia r e s o l v e r o problema das d e s i -gualdades socio-economicas e x i s t e n t e s . Outras, ainda mais r a d i c a l s , aponta-vam as escolas como agentes de educagao que se ligaaponta-vam a ordem e m p r e s a r i a l e i n d u s t r i a l , mais do que a uma ordem s o c i a l em mudanga.
Alimentou-se assim o debate, apoiando-se os autores nas mais d i f e r e n t e s concepgoes de homem, mundo e sociedade enfocando d i f e r e n t e s pers p a c t i v a s do fenomeno educagao, irnplementando-se inumeras a l t e r n a t i v / a s peda-gogicas.
( ... )
... Atraves do seculo XIX, os l f d e r e s p o l i t i c o s d i s c u t i a m o s i g n i f i c a d o do termo "igualdade de o p o r t u n i d a d e sM a ser v i a b i l i z a d a , ao of e r e c e r s e as criangas de n i v e i s socioeconomicos mais baixos a o p o r t u n i d a -de -de m a t r i c u l a r - s e num mesmo curso que as -demais. A i d e i a -de "igualda-de -de oportunidades" logo f o i r e j e i t a d o , quando p s i c o l o g o s educacionais passaram* a c o n s i d e r a r as d i f e r e n g a s i n d i v i d u a l s . E i s s o em 1960.
1 - Alguns modelos c u r r i c u l a r e s surgiram no decorrer do seculo XX, dentre ' os quais merecem destaquet
V a r i o s modelos c u r r i c u l a r e s surgiram no d e c o r r e r do seculo ' XX, d e n t r e os quais merecem destaque:
- C u r r i c u l o e n f a t i z a n d o agrupamentos ou encaminhamentos, Nes t e modelo c u r r i c u l a r as p r a t i c a s eram c e n t r a l i z a d a s e os alunos d i s t r i b u i d o s por t a i s p r a t i c a s . Os agrupamentos ( a l u n o s f r a c o s , mt'dios e f o r t e s ) r e a l i z e vam-se nas d i f e r e n t e s d i s c i p l i n a s i Portugues, Matematica, Estudos S o c i a i s ,? C i e n c i a s . A t a l forma de organizagao denominavase agrupamentos por c a p a c i
-dades, tthabilidades", n i v e i s ou r e a l i z a g o e s . E s t a b e l e c i a - s e a t e mesmo uma equagao:
j Capacidade ~ h a b i l i d a d e •» t r e i n o . j
- f * <w
Tais capacidades eram medidas em n i v e i s de r e a l i z a g a o , pa.s sando-se a v e r i f i c a r a precisao dos t e s t e s pelascapacidades decorrentes do t r e i n o .
- C u r r i c u l o e n f a t i z a n d o as p e r s p e c t i v a s dos alunos, i s t o e, a opgao pela c a r r e i r a u n i v e r s i t a r i a , a t i v i d a d e s t e c n i c a s , mercado de t r a b a -l h o e, ainda, por uma educagao mais amp-la, socia-lmente considerada de bom* n f v e l e d e s t i t u i d a de t r e i n o v o c a c i o n a l ou t e c n i c o .
D i s t i n g a o e n t r e escolas academicas d i r i g i d a s a U n i v e r s i d a -de e escolas t e c n i c a s , i n s t a l a d a s com gran-des recursos, -des-de o p r e d i o a t e o equipamento. T a l e x p e r i a n c i a o r i g i n a l m e n t e desenvolvida nos Estados Unidos
e denominada t r a c k i n g , ao ser i n t r o d u z i d a no B r a s i l , nao obteve o r e s u l t a -do espera-do, p o i s independentemente -do planejamento c u r r i c u l a r , to-dos os alunos encaminhavam-se para a u n i v e r s i d a d e .
2 - A t i v i d a d e s E x t r a c u r r i c u l a r e s .
A concepgao de c u r r i c u l o t r a z i a na sua i d e i a o r i g i n a l a ne-cessidade de ser c o n s t r u i d o pela escola um instrumento que a guiasse na 1 sua obra de educar, envolvendo desde o equipamento como o p r e d i o , A d i d a t i ca, p r o f e s s o r e s , a d m i n i s t r a d o r e s , a t i v i d a d e s de ensino, de aprendizagem e de a v a l i a g a o , a t e os recursos da comunidade. A i d e i a o r i g i n a l foram sendo. gradualemte, acrescentadas as chamadas a t i v i d a d e s e x t r a - c u r r i c u l a r B S . Des-v i a - s e , entao, a atengao do c u r r i c u l o que se r e a l i z a na escola como um to, do, para i n c l u i r e m - s e as opgoes dos alunos, a serem desenvolvidas f o r a da1 escola e que se c o n s t i t u i a m num i n v a s t i m e n t o de tempo e e n e r g i a em ativida. des de competigao, t r a b a l h o em horas l i v r e s , e s p o r t e s , s o c i a l i a g a o , m i n i s -trados a t r a v e s de cursos e x t r a c l a s s e .
( ... )
3 - Como v e r C u r r i c u l o no B r a s i l , hoje
Na escola p u b l i c a e em grande p a r t e nas escolas p a r t i c u l a res no B r a s i l , o c u r r i c u l o atualmente e v i s t o numa p e r s p e c t i v a de d e p a r t a -mentalizagao, como um c o n j u n t o de d i s c i p l i n a s organizadas em ordem sequen-c i a l e de p r e - r e q u i s i t o s d e f i n i d o s pelo governo a t r a v e s de suas a g e n d a s ' responsaveis pela educagao. E n t r e t a n t o , o que se observa, e que a proposta do Conselho Federal da Educagao preve um numero minimo de horas e uma r e l a gao de materias ( d i s c i p l i n a s e areas de estudo o b r i g a t o r i a s e o u t r a s o p t a -t i v a s ) que devem comprar o C u r r i c u l o das Escolas. Considera, ainda, que e_s t a s possam u l t r a p a s s a r t a i s minimos e mesmo f a z e - l o , se a escola e s t i v e r * em condigoes para t a l . Esta i d e i a de ultrapassagem de minimos nunca f o i 1 compreendida.
Por o u t r o lado, t e n t a t i v a de planejamanto c u r r i c u l a r conexj,, onadas com um pensar subjaconte se f i z e r a m presentes. T a l e o caso j a mencionado da Pedagogia C r i t i c a que pretende c o l o c a r a educagao no seu s e n t i do mais amplo, c u l t u r a l , o que a s i t u a na t r a d i g a o de uma concepgao de f i -l o s o f i a p u b -l i c a da educagao.
Destacam-se ainda t e n t a t i v a s marxistas que se fundamentam ' no m a t e r i a l i s m o h i s t o r i c o , o qual ve a escola como uma i n s t i t u i g a o p o l i t i -ca, e a vida i n t e l e c t u a l da sociedade determinada pelas f o r g a s economicas. Outras ha que se fundamentam no m a t e r i a l i s m o d i a l e t i c o , ou s e j a , na neces-sidade da mudanga s o c i a l que considera que o c u r r i c u l o deve e n c o r a j a r as