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Atividade física e a doença de Alzheimer

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO - DHE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CAMPUS SANTA ROSA

JAQUELINE BUSANELLO

ATIVIDADE FÍSICA E A DOENÇA DE ALZHEIMER

SANTA ROSA - RS 2015

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JAQUELINE BUSANELLO

ATIVIDADE FÍSICA E A DOENÇA DE ALZHEIMER:

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Educação Física da Unijuí - Campus Santa Rosa, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientadora: Ms. Fabiana Ritter Antunes

SANTA ROSA – RS 2015

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DEDICATÓRIA

À minha família, que fizeram do meu sonho realidade, passando por angústias e preocupações por minha causa, mas sempre dando-me força, apoio e compreensão para enfrentar os desafios que foram impostos a mim. Dedico-lhes essa conquista como gratidão!

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente à Deus, que iluminou meu caminho, mе dando saúde е força para superar as dificuldades e não desistir.

Em especial os meus pais e minha irmã, que não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Muito obrigada pelo amor e paciência de sempre!

A minha orientadora por ser uma excelente professora e profissional, esteve sempre disposta a me ajudar, procurando disponibilidade de tempo e material, sempre com uma simpatia contagiante.

A todos os professores da graduação por transmitirem todos seus conhecimentos que foram tão importantes na minha vida acadêmica.

Aos meus colegas acadêmicos pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxilio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem comigo nesta caminhada tornando-a mais fácil e agradável.

Agradeço de forma especial a Associação das Damas de Caridade Lar do Idoso, o Asilo de Santa Rosa - RS, por cederem o espaço para poder desenvolver essa pesquisa.

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RESUMO

Devido ao aumento da expectativa de vida mundial é cada vez maior o número de idosos com doenças crônicas e degenerativas, sendo uma das mais frequente a Doença de Alzheimer, que afeta idosos e compromete a integridade das funções cognitivas e físicas, levando a dependência total na fase mais avançada da doença e exigência de cuidados cada vez mais complexos. O presente estudo tematiza a importância da prática de atividade física para a manutenção da qualidade de vida no desenvolvimento das capacidades físicas e cognitivas em uma paciente com Doença de Alzheimer, buscando através de uma intervenção pratica de três meses de duração, identificar quais seriam os reflexos da atividades física sobre a qualidade de vida e a visão da equipe multiprofissional diante do estado físico e cognitivo da paciente com Doença de Alzheimer. Diversos autores como Hernández et al (2010), Heyn (2003) e Vital et al. (2012), enfatizam que idosos com Doença de Alzheimer fisicamente ativos supervisionados obtiveram benefícios quanto à manutenção das funções cognitivas e funcionais. De acordo com os objetivos da pesquisa este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva exploratória e do ponto de vista da abordagem, optou-se por realizar uma pesquisa de estudo de caso como o método quali-quantitativa, devido à complexidade do fenômeno estudado. A partir da intervenção do programa de atividade física, obtivemos como resultados a manutenção e melhora dos níveis anteriores, como o equilíbrio, velocidade, agilidade, destreza, coordenação motora e funções cognitivas de acordo com os gráficos analisados, possibilitando assim uma melhora na qualidade de vida proporcionando um bem estar para realizar as tarefas do dia a dia. Sendo assim, a atividade física pode representar uma importante abordagem não-farmacológica no sentido de contribuir para reduzir a taxa de declínio físico e cognitivo à progressão da doença.

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ABSTRACT

Due to the increase in global life expectancy is increasing numbers of seniors with chronic and degenerative, being one of the more common Alzheimer's disease, which affects the elderly and compromises the integrity of the cognitive and physical functions, leading to total dependence on the stage of the disease and increasingly complex care. This study discusses the importance of the practice of physical activity for the maintenance of the quality of life in the development of physical and cognitive capabilities in a patient with Alzheimer's disease, seeking through an intervention practices of three months duration, identify what are the reflections of physical activities on the life quality and multi-professional team vision before the physical and cognitive state of patients with Alzheimer's disease. Several authors as Hernández et al. (2010), Heyn (2003) and Vital et al. (2012), emphasize that seniors with Alzheimer's physically active supervised obtained benefits regarding the maintenance of cognitive functions and functional. In accordance with the objectives of this research study is characterized as descriptive exploratory and research from the point of view of the approach, it was decided to perform a case study as the quali-quantitative method, due to the complexity of the phenomenon studied. From the intervention of the physical activity program, obtained as a result the maintenance and improvement of the previous levels, as the balance, speed, agility, dexterity, coordination and cognitive functions according to the graphics, thus enabling an improvement in the quality of life by providing a welfare to carry out day to day tasks. So, physical activity can represent an important non-pharmacological approach to help reduce the rate of physical and cognitive decline the progression of the disease.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Ilustração gráfica do teste Timed up and Go ... 34 FIGURA 2. Ilustração gráfica do Teste de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico ... 35

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Comportamento da idosa no teste Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em pontos ... 40 GRÁFICO 2. Comportamento da idosa no Teste do Relógio avaliado em pontos ... 42 GRÁFICO 3. Comportamento da idosa na Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) em pontos ... 43 GRÁFICO 4. Comportamento da idosa no teste Timed Up and Go avaliado em número de passos e o tempo em segundos (TUG) ... 44 GRÁFICO 5. Comportamento da idosa no teste de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico (AGILEQ) em segundos (s) ... 45

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1. OBJETIVOS ... 11

1.1 OBJETIVO GERAL ... 11

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 11

2. CONTEXTUALIZANDO A DOENÇA DE ALZHEIMER... 12

3. ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA DE ALZHEIMER .... 17

4. QUALIDADE DE VIDA E DOENÇA DE ALZHEIMER ... 21

5. DIMENSÕES METODOLÓGICAS ... 25

5.1 ABORDAGEM DA PESQUISA...25

5.2 TIPO DA PESQUISA...25

5.3 CONTEXTO DA PESQUISA...26

5.4 SUJEITOS DA PESQUISA ...28

5.5 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA...31

5.6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...35

5.7 QUESTÕES ÉTICAS DA PESQUISA...36

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 46

REFERÊNCIAS ... 48

APÊNDICES ... 54

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INTRODUÇÃO

A doença de Alzheimer é um mal, cuja incidência vem crescendo na mesma medida em que a expectativa de vida da população brasileira. No Brasil, a expectativa de vida que era de 45 anos em 1950, passou para 69 anos no ano de 2000 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000).

Neste contexto as estimativas para 2025 indicam que, a população idosa pode exceder 30 milhões de pessoas, chegando a representar quase 13% da população do país. Desta forma, à medida que essa expectativa de vida torna-se mais elevada, há um aumento de demências, onde prevalece a Doença de Alzheimer, sendo ela uma doença neurodegenerativa e progressiva.

Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz, 2015) a Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas que pode e deve ser tratada, sendo possível retardar o seu avanço e ter mais controle sobre os sintomas, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente. Ela se apresenta como demência, ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais e apresenta manifestações lentas prejudicando o paciente dependendo assim de cuidados (ABRAz, 2015).

Neste sentido, para que o paciente com Alzheimer possa ter o controle da doença e a manutenção sobre os sintomas, precisa ter uma vida ativa, hábitos saudáveis, manter uma relação social afetiva, ter tempo para lazer e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem, desta forma terá uma boa manutenção da qualidade de vida.

E se tratando de definição sobre qualidade de vida, atualmente a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996) descreve como a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em

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relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito abrangente, que incorpora de uma forma complexa, a saúde física, o estado psicológico, o nível de dependência, as relações sociais, as crenças pessoais e o relacionamento com características que se destacam no ambiente.

Em relação à Doença de Alzheimer, compromete progressivamente em razão da neurodegeneração, a integração cognitiva e os componentes cognitivos, levando ao comprometimento das áreas de desempenho, assim como nas atividades de vida diária. Segundo o Manual de Perícia Oficial em Saúde do Servidor Público Federal (2010) são as tarefas pessoais, concernentes aos autocuidados: escovar os dentes, pentear os cabelos, vestir-se, tomar banho, e também a outras habilidades pertinentes ao cotidiano de qualquer pessoa como: cozinhar, lavar louça, arrumar a cama, usar o telefone, escrever, dentre outras.

Além de comprometer as atividades de vida diária a Doença de Alzheimer também prejudica as atividades de lazer impossibilitando de realizar algumas tarefas cognitivas ou físicas. Segundo Camargo (2006), as atividades de lazer são um conjunto de atividades gratuitas, prazerosas, voluntárias e liberatórias, centradas em interesses culturais, físicos, manuais, intelectuais, artísticos e associativos, realizados num tempo livre roubado ou conquistado historicamente sobre a jornada de trabalho profissional e doméstico e que interferem no desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.

A Demência do tipo Alzheimer é uma doença discreta, com confusões, esquecimentos e evolui progressivamente com o aparecimento de dificuldade de realizar pequenas tarefas físicas e cognitivas, portanto é uma doença que torna-se mais comum entre os idosos, ocorre entre homens e mulheres, na mesma proporção, sendo que, a incidência é de 8% da população idosa. Pode ter início ao redor dos 50 anos, porém é mais frequente em idades mais avançadas (AZEVEDO, 2001).

Ainda não existe um tratamento definitivo que possa curar ou reverter a deterioração do funcionamento cognitivo causada pela Doença de Alzheimer. Do ponto de vista farmacológico, o tratamento atual consiste na prescrição de anticolinesterásicos (rivastigmina, donepezil e galantamina) e de memantina (antiglutamatérgico), tanto para declínio cognitivo, quanto para distúrbios de comportamento (Seow e Gauthier, 2007).

Entretanto, intervenções não-farmacológicas têm apontado resultados favoráveis no manejo de pacientes com Doença de Alzheimer. Há evidências científicas que indicam a ação benéfica da atividade física, como um tratamento não farmacológico para a Doença de

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Alzheimer, resultando em efeitos positivos na cognição, redução nos distúrbios de comportamento e melhora na função motora dos pacientes.

Portanto, a presente pesquisa buscou responder a seguinte questão norteadora como a atividade física pode influenciar na qualidade de vida da paciente desde o momento do diagnóstico até o fim das atividades ou até as etapas mais avançadas da Doença de Alzheimer?

Perante essas estimativas que se pretende justificar a importância da prática de atividade física proporcionando o bem estar na vida de pacientes com a doença de Alzheimer. A partir disso, este trabalho procurou enfocar a importância de um programa de atividade física desenvolvida com uma idosa com a doença de Alzheimer:

1. OBETIVOS

1.1. OBJETIVO GERAL

Analisar a partir de um programa de atividade física a influência na qualidade de vida de uma paciente com a Doença de Alzheimer.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar através de observações quais são as atividades físicas que uma paciente com a Doença de Alzheimer consegue realizar;

 Verificar se após um período de três meses de desenvolvimento de um programa de atividade física, a paciente com a Doença de Alzheimer obteve alguma mudança em sua qualidade de vida;

 Analisar o estado cognitivo da paciente com Doença a partir de testes mentais e exercícios de memória;

 Identificar a partir da visão da equipe multiprofissional - Educadora Física, Psicóloga, Assistente Social e Enfermeira - como está o desenvolvimento da Doença de Alzheimer e a relação da qualidade de vida da paciente antes das atividades do programa de atividade física;

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2. CONTEXTUALIZANDO A DOENÇA DE ALZHEIMER

A origem do termo Mal de Alzheimer, deu-se em 1901 quando o médico alemão Alois Alzheimer (1864-1915) iniciou o acompanhamento do caso de uma paciente. Em 1906, durante um Congresso na Alemanha, Alois Alzheimer fez uma conferência sobre uma enfermidade especifico sobre o córtex cerebral onde relatou o caso de sua paciente e o definiu como sendo uma patologia neurológica (BALLONE, 2000).

Após fazer uma autopsia no cérebro da mesma, descobriu uma lesão nunca vista antes, tratava-se de um problema dentro dos neurônios, os quais apareciam atrofiados em vários lugares do cérebro, cheios de placas estranhas e fibras retorcidas, enroscadas uma nas outras, que serias as placas senis e os novelos neurofibrilares. Desde então, este tipo de degeneração nos neurônios ficou conhecida como Placas Senis, característica principal da Doença de Alzheimer (BALLONE, 2000).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR, 2002), a Doença de Alzheimer é um tipo de demência senil, de declínio cognitivo crescente e irreversível, com múltiplos déficits cognitivos, dos quais um obrigatoriamente é a memória, que causam impacto nas atividades de vida diária e no avanço de cada uma destas etapas, pode-se observar gradativa perda da autonomia, e consequente aumento das necessidades de cuidados e supervisão de cuidadores. Tais perturbações devem comprometer o funcionamento ocupacional ou social, representam declínio em relação a um nível anterior de funcionamento.

Em termos epidemiológicos, segundo Petersen (2006), a Doença de Alzheimer se coloca como o tipo mais comum de demência, sendo responsável por cerca de 56% do número total de casos e sua prevalência afeta aproximadamente 5% dos indivíduos com mais de 65 anos e 20% daqueles com mais de 80 anos. À medida que a expectativa de vida aumenta em cada década, um aumento pode ser esperado no número de idosos com a doença de Alzheimer.

Alguns estudos têm mostrado que a doença se desenvolve mais em mulheres do que em homens. Na visão de Oliveira et al (2005), isto pode induzir a erro, porque as mulheres, enquanto grupo, vivem mais tempo do que os homens. Isto significa que se os homens vivessem tanto tempo como as mulheres, e não morressem de outras doenças, o número afetado pela Doença de Alzheimer poderia ser sensivelmente igual ao das mulheres.

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Cabe ressaltar, que a Doença de Alzheimer pode ser e/ou estar relacionada à demência e na visão da Associação Brasileira de Alzheimer (2015), demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e habilidades visuais-espaciais. Essas alterações podem ser acompanhadas por mudanças no comportamento ou na personalidade (sintomas neuropsiquiátricos)

A demência, entretanto, perturba a vida diária do paciente com Alzheimer, pois resulta na falta de condições cognitivas que ocorrem quando o cérebro não mais consegue funcionar corretamente provocando assim os primeiros sintomas da doença, e esses sintomas não são naturais do envelhecimento. Os sintomas naturais e fisiológicos do envelhecimento compreendem uma série de alterações nas funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de manter o equilíbrio homeostático e todas as funções fisiológicas gradualmente começam a declinar (CANCELA, 2007).

Os primeiros sintomas a surgir nos pacientes com Alzheimer são os défices na capacidade da memória, os quais geram ainda mais frustrações, pois influenciam a capacidade do paciente realizar as atividades diárias, comprometendo assim a sua qualidade de vida. Isso faz com que o doente, com o avanço da patologia se torne cada vez mais dependente, o que implica o aumento da necessidade de cuidados (ÁVILA, 2003; DEPARTMENT OF HUMAN HEALTH & HUMAN SERVICES, 2006).

As alterações da linguagem são consideradas uma das manifestações mais visíveis nesta patologia (CULLELL et al, 2006), incluindo dificuldades para encontrar palavras, completar ideias ou seguir instruções, o que justifica o facto de uma das queixas mais mencionadas por familiares e cuidadores ser a dificuldade em manter a comunicação eficiente e independente. São igualmente características segundo Carvalho (2006), sensações de confusão e perdas na capacidade de julgamentos.

Além disso, as perdas motivadas pela doença, podem também afetar as capacidades visuais, olfativas e gustativas o que se revela muito complicado para o paciente e para a família, devendo assim se empreendidas especificas ações tanto por parte do paciente como pelos seus cuidadores e familiares (LUCAS et al, 2013). Deste modo, os cuidadores devem ter considerações que novos sons, odores e ambientes podem ser fatores que aumentam a confusão e agitação no paciente com Alzheimer, assim como mudanças na rotina diária.

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Segundo os autores Oliveira et al (2005), ocorrem ainda mudanças físicas, como perda de peso, pois pode ocorrer mesmo quando se mantém a ingestão da quantidade usual de alimentos, assim como, quando esquecem de mastigar ou de engolir, mas em particular nos últimos estágios da doença. Uma outra consequência da doença de Alzheimer é a redução da massa muscular, e uma vez acamados, surge lesões na pele gerando o aumento da vulnerabilidade para infecções.

É muito comum que os sintomas nos estágios iniciais da Doença de Alzheimer, o idoso tende a se confundir com facilidade e se esquecer de fatos recentes. À medida que a doença progride, o paciente passa a ter dificuldades para desempenhar tarefas simples, como utilizar utensílios domésticos, vestir-se, cuidar da própria higiene e alimentação. Na fase final, o idoso apresenta distúrbios graves de linguagem e fica restrito ao leito. Em cada uma destas etapas sucessivas, pode-se observar gradativa perda da autonomia, e consequentemente o aumento das necessidades de cuidados e supervisão de cuidadores (PETERSEN, 2006).

Os idosos pacientes desta doença não sofrem os mesmos sintomas pela mesma ordem, ou com o mesmo grau de gravidade. No entanto, existe um padrão geral de evolução da doença, que permite descrever as três fases.

Segundo Mazo (2001), as três fases são: fase inicial: teoricamente, dura de dois a quatro anos, manifesta-se pela perda de memória recente, dificuldade para aprender e reter novas informações, distúrbios de linguagem, dificuldade progressiva para as atividades da vida diária, apatia, falta de cuidado com a aparência pessoal, e no ambiente de trabalho. Dois grupos de comportamento são bastante conhecidos: um, pela apatia, passividade e desinteresse e, outro, pela irritabilidade, egoísmo e agressividade;

Já na fase intermediária pode-se perceber segundo o autor que: pode durar de três a cinco anos e se caracteriza pelo agravamento da fase inicial. Manifesta-se pela: a) perda do poder de expressão através da fala, da escrita ou de sinais; b) incapacidade de compreensão da palavra escrita ou falada, sem alteração dos órgãos vocais; c) incapacidade de executar os movimentos apropriados para um determinado fim, contando que não haja paralisia; e d) perda do poder de reconhecimento perceptivo-sensorial, auditivo, visual, táctil, etc.; nessa fase, o paciente encontra-se em estado de total dependência;

E o estágio avançado, que é o mais próximo da total dependência e da inatividade. Distúrbios de memória são muito sérios e o lado físico da doença torna-se mais óbvio. De acordo com Mazo (2001), a memória antiga apresenta-se bastante prejudicada, o mesmo ocorrendo com a memória intelectual, igualmente prejudicada ou totalmente deteriorada;

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estado de apatia, prostração e confinamento ao leito; incapacidade de se expressar (fala mímica, sorriso); as alterações neurológicas se agravam, aparecem convulsões com tremores, indiferença a tudo o que o cerca, incontinência urinária e fecal.

O diagnóstico de certeza da Doença de Alzheimer, segundo Paixão, et al (1998), só pode ser feito através da demonstração de alterações patológicas compatíveis em material de biópsia ou necropsia, porém estes exames não são de rotina e implicam em riscos. O que pode ser feito são exames clínicos que, na visão de Bertolucci (2005) estes exames ou como também são chamados diagnósticos clínicos são realizados vários testes para poder excluir os diversos tipos de patologias que tem a demência associada a elas, para então poder concluir que realmente é doença de Alzheimer.

Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (2015) a certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência. Exames de sangue e de imagem, como tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças.

A Associação Brasileira de Alzheimer (2015) relata ainda que, uma novidade nas pesquisas científicas é a análise de biomarcadores de beta-amiloide (das placas senis) e de proteína tau (dos emaranhados neurofibrilares) que estão sendo estudados para auxiliar no diagnóstico preciso da Doença de Alzheimer. Porém, essa análise ainda não é indicada para a prática clínica. Por enquanto, ela está restrita a pesquisas. No campo das pesquisas na área da genética, sabe-se que alguns genes estão relacionados a maior risco de desenvolvimento da doença.

No início da Doença de Alzheimer, os sintomas iniciais são confundidos com o processo de envelhecimento normal e fazendo com que a doença é diagnosticada tardiamente. Por isso, conforme Cayton et al (2000), o diagnóstico é fundamental, pois pode constatar que os sintomas podem ter causas diferentes, permite que os familiares se planejem em relação ao futuro e principalmente, porque encaminha o paciente com Alzheimer ou qualquer outra patologia a tratamentos adequados.

Ainda não existe um tratamento definitivo que possa curar ou reverter a Doença de Alzheimer. Conforme Associação Brasileira de Alzheimer (2015), os objetivos dos

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tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo.

Os tratamentos indicados podem ser farmacológicos e não farmacológicos, pois não há medidas específicas e a ênfase primária é a amenização em longo prazo dos problemas comportamentais e neurológicos associados. O estudo abordará com maior importância sobre o tratamento não farmacológico, no próximo capítulo será relatado sobre a importância e os efeitos da atividade física para os pacientes com Alzheimer.

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3. ATIVIDADE FÍSICA E SUA RELAÇÃO COM A DOENÇA DE A LZHEIMER

A prática regular e sistematizada de atividade física está se tornando uma eficiente estratégia para evitar a deterioração cognitiva e funcional associada à Doença de Alzheimer, uma doença progressiva, degenerativa e irreversível. Portanto algumas evidências científicas relacionadas ao tratamento da Doença de Alzheimer de forma não-farmacológicas, ou seja, através da atividade física, demonstram efeitos positivos na cognição, redução nos distúrbios de comportamento e melhora na função motora destes pacientes (ROLLAND et al., 2000; HEYN, 2003; GROPPO et al, 2012; HERNÁNDEZ et al., 2010).

Devido à significativa prevalência da Doença de Alzheimer, ao impacto negativo na qualidade de vida dessas pessoas, é de sema importância a prática de atividade física par a amenização da patologia. A Organização Mundial da Saúde (2014) define como atividade física qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que requer gasto de energia - incluindo atividades desenvolvidas durante o trabalho, jogar, realizando tarefas domésticas, viajar, e se engajar em atividades recreativas.

A atividade física se constitui excelente instrumento de saúde em qualquer faixa etária, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas. Segundo Meirelles (1997) ela pode levar ao bem estar físico e mental e autoconfiança por meio do domínio do corpo, aumento da prontidão para atividade (maior disposição), maior mobilidade articular, intensificação da circulação sanguínea, sobretudo nas extremidades, capacidade de coordenação e reação, combate a depressão, medo, decepções, aborrecimentos, tédio e solidão.

Sabe-se que o exercício juntamente com atividade física promove diminuição no desenvolvimento de doenças crônicas, atuando como um fator que contribui para longevidade. Para Castilhos (2006), doenças como esclerose múltipla e Alzheimer, a atividade física tem preconizado por melhorar o equilíbrio e a marcha; trazer menor dependência para realização de atividades diárias melhora os sintomas de depressão e aspectos da função cognitiva, consequentemente melhora a capacidade de trabalho, diminuindo a incapacidade e a necessidade de cuidados de longa duração muito dispendiosos.

Entre os benefícios citados a cima que são proporcionados pela atividade física, resultam em melhoras na capacidade física e mental de pacientes com Doença de Alzheimer, devido a ter uma vida ativa. Desta formar, Manidi (2001), afirma que a atividade física deve estimular o paciente, no sentido de: facilitar a redescoberta do esquema corporal; preservar as

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capacidades funcionais remanescentes durante o máximo de tempo possível; melhorar o aspecto moral e a confiança; restituir a autoestima e consequentemente, ajudar a manter certa qualidade de vida.

Além do mais, a avaliação vai permitir o melhor acompanhamento do impacto positivo ou não do exercício físico. De acordo com Manidi (2001) e Brazão (2005), antes de se prescrever a atividade física é necessário fazer uma avaliação médica completa das condições clínicas, possibilidades físicas e a compreensão do paciente, este último é indispensável.

No contexto afetivo, Vital et al. (2012), observaram que, pacientes com Doença de Alzheimer fisicamente ativos apresentaram menores intensidades de sintomas depressivos em relação aos seus pares sedentários. Tendo em vista que dentre os distúrbios neuropsiquiátricos observados em pacientes com Doença de Alzheimer, a depressão é o mais comum com uma prevalência estimada, no Brasil, de 38.3% (TATSCH et al, 2006).

Em outro estudo longitudinal de Rolland et al. (2000), 23 pacientes com Doença de Alzheimer moderada e grave (média de idade de 78 anos) participaram de um programa de exercícios de endurance que consistiu em caminhar e pedalar, com duração média de 35 minutos, durante sete semanas. Os pacientes melhoraram o desempenho cognitivo global. Entretanto, este foi um estudo aberto e não foi especificada a frequência semanal do programa de exercícios físicos.

Em seu estudo aberto, Heyn (2003) adotou um programa de exercícios aeróbios, de flexibilidade e com pesos, técnicas de respiração e relaxamento simultaneamente com estimulação cognitiva (atenção) e sensorial (tato, audição e visão). Foram incluídos 13 pacientes (12 mulheres e um homem, com média de idade de 85,7 ± 6,5 anos) portadores da Doença de Alzheimer. Após oito semanas de exercício com frequência de três vezes semanais, constatou-se manutenção das funções cognitivas.

De acordo com os estudos relatados, todos demonstraram efeitos positivos da atividade física sistematizada na capacidade cognitiva de pacientes portadores de Alzheimer. Funções executivas e atenção constituíram os domínios cognitivos nos quais se observou melhora ou atenuação do declínio.

Na cidade de Rio Claro, São Paulo, Brasil, Groppo et al. (2012) desenvolveram um estudo com 12 idosas sobre sintomas depressivos portadores da doença de Alzheimer, onde foram submetidas a um programa de exercícios físicos sistematizados por um período de seis meses. Foram distribuídas em dois grupos: 1º) um grupo treinamento (GT; n = 6), que

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realizava o exercício físico no período estabelecido e o 2º) um grupo controle (GC; n = 6), onde não realizavam nenhum tipo de prática de atividade motora.

O grupo Treinamento realizou um programa de exercício físico generalizado e sistematizado. Foram realizadas três sessões semanais em dias não consecutivos por um período de seis meses (24 semanas). Dentro do protocolo foram incluídos exercícios que enfatizavam o trabalho dos componentes da capacidade funcional (agilidade, equilíbrio, resistência de força e capacidade aeróbia) associados às tarefas cognitivas.

De acordo com Groppo et al. (2012), para a realização dos componentes funcionais, a agilidade foi desenvolvida com exercícios envolvendo mudança de direção e mobilidade; o equilíbrio foi trabalhado por meio de circuitos com estimulações nos sistemas somatossensorial, vestibular e visual com materiais de diferentes densidades e dimensões de superfícies para realizar as tarefas motoras; para resistência de força o protocolo envolvia prioritariamente exercícios com os principais e grandes grupos musculares com séries longas (15 a 20 repetições) e baixa sobrecarga. Materiais foram inseridos à medida que o treinamento avançava a fim de realizar a sobrecarga.

Atividades de marcha que estimulassem a mobilidade e deambulação dos participantes eram realizadas de maneira leve para o trabalho cardiorrespiratório. Os aumentos das intensidades eram realizados assim que se observava que a atividade proposta não era capaz de manter a frequência cardíaca máxima dos participantes.

O grupo Controle não participou de nenhum programa de programa de exercícios físicos ou atividades sistematizadas similares (fisioterapia, terapia ocupacional, etc.). Ambos os grupos mantinham o tratamento farmacológico por todo o período da investigação.

Com relação aos sintomas depressivos, Groppo et al. (2012) observaram uma melhora nos pacientes que passaram por treinamento realizando três sessões semanais de exercícios físicos e uma piora nos pacientes que não participaram de nenhum tipo atividade física. O programa de exercícios generalizados proposto visou também realizar estímulos em diversas esferas da funcionalidade e, além disto, foi capaz de promover melhoras significativas nos sintomas afetivos de idosos portadores da Doença de Alzheimer, podendo ainda fazer com que o avanço da doença seja de maneira menos acentuada nos pacientes fisicamente ativos.

Com enfoque na mesma cidade do estudo anterior, Hernández et al. (2010) desenvolveu outro estudo, com 16 idosos portadores da Doença de Alzheimer, divididos em dois grupos: grupo intervenção (GI; n=9) e grupo rotina (GR; n=7) com idade média de 78,5±6,8 anos e tempo de doença de 3,0±1,0 anos. Ambos os grupos foram avaliados antes e

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após seis meses de atividade física, além disso, mantiveram sua assistência farmacológica e rotina médica sem alterações. No entanto, o Grupo Rotina não participou do protocolo de exercícios.

As sessões do programa de atividade física regular, sistematizado e supervisionado foram realizadas três vezes por semana, em dias não consecutivos, cada sessão com duração de 60 minutos, durante seis meses, executadas em grupo, com auxílio de estagiários. Tal programa foi prescrito de acordo com a capacidade funcional e cognitiva dos idosos, visando à manutenção da independência física e redução do risco de quedas.

De acordo com Hernández et al. (2010), os exercícios foram estruturados com o intuito de promover a estimulação motora e cognitiva, simultânea ou isoladamente, dos participantes. Para o desenvolvimento motor, foram prescritas atividades de alongamento, treinamento com pesos, circuitos, jogos pré-desportivos, sequências de dança, atividades lúdicas e relaxamento. Aparelhos auxiliares foram utilizados, como pesos, caneleiras e bastões, visando principalmente ao desenvolvimento dos componentes da capacidade funcional de coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade, força e capacidade aeróbia.

Em relação aos resultados do estudo, os autores mencionados concluíram que, pacientes com Doença de Alzheimer participantes do programa de atividade física sistematizado obtiveram benefícios quanto à manutenção das funções cognitivas, ao melhor desempenho no equilíbrio e menor risco de quedas. Ao contrário, pacientes que não participaram do programa de atividade física apresentaram um maior declínio das funções cognitivas, redução no equilíbrio e aumento no risco de quedas.

Destaca-se, portanto, que a atividade física pode representar uma importante contribuição não farmacológica no sentido de atenuar a taxa de declínio cognitivo e motor à progressão da doença, destacando-se também como meio de promoção de saúde e qualidade de vida nos pacientes com Doença de Alzheimer, a fim de se buscar benefícios e melhoria de outras variáveis que possam influenciar a qualidade de vida desta população. Neste sentido, o próximo capítulo será abordado a questão da qualidade de vida na doença do paciente com Alzheimer.

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4. QUALIDADE DE VIDA E A DOENÇA DE ALZHEIMER

O tema qualidade de vida vem sendo amplamente estudado em pesquisas científicas e ensaios clínicos sobre doenças crônico-degenerativas e demências. Os profissionais de saúde têm reconhecido a importância em avaliar até que ponto uma intervenção melhora a qualidade de vida da pessoa tratada.

Não existe um consenso sobre o que constitui a Qualidade de Vida, uma tentativa de definição engloba desde estado de saúde, assim como uma variedade de domínios, como meio-ambiente, recursos econômicos, relacionamentos, tempo para trabalho e lazer, portanto, destaca-se o conceito de padrão ou nível de vida, de satisfação das necessidades humanas.

Deste modo, segundo Ferreira (2008), o termo qualidade de vida surgiu pela primeira vez nos Estados Unidos após a segunda guerra mundial (1939 a 1945), relatando que os bens materiais como carros, casas entre outros influenciavam na qualidade de vida. Ainda neste tempo, o termo qualidade de vida era relacionado ao "dia de amanhã", influenciando as pessoas a pensarem no que deixariam para seus filhos e qual seria a qualidade de vida deles. Segundo o autor, já na década de 1980 o termo qualidade de vida foi utilizado como sinônimo de autoestima, bem estar, felicidade e habilidade de cuidar de si mesmo.

A qualidade de vida para muitos estudiosos é abordada como direito a uma boa educação, bem estar e como sinônimo de saúde. De acordo com Leal (2008), a qualidade de vida está relacionada com a percepção que cada indivíduo tem dentro de si, dos outros e do mundo que o rodeia. Qualidade de vida diz respeito a como as pessoas vivem, envolvendo saúde, educação, transporte, moradia, trabalho entre outros.

A qualidade de vida é um conceito ligado ao desenvolvimento humano. Não significa apenas que o indivíduo ou o grupo social tenha saúde física e mental, mas que esteja de bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas queridas, enfim, é estar em equilíbrio.

Qualidade de vida é uma percepção eminentemente humana que embarca diversos significados derivados de experiência, valores e conhecimentos individuais e coletivos. É um tema abrangente, que envolve múltiplas definições, as quais enfatizam a ideia de bem-estar físico, emocional, social, econômico, satisfações com a própria vida e, ainda, boas condições de saúde, educação, moradia, transporte, lazer e crescimento individual (CAMPOS, 2007).

Em uma tentativa de análise da qualidade de vida de forma mais ampla, Minayo; Hartz; Buss (2000) abordam qualidade de vida como uma representação social criada a partir

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de parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, realização pessoal) e também objetivos, cujas referências são a satisfação das necessidades básicas e das necessidades criadas pelo grau de desenvolvimento econômico e social de determinada sociedade. Esses parâmetros e objetivos apenas acontecem se o indivíduo possui um conjunto de condições que contribuem para o bem físico e espiritual, pois sem condições e saúde, nenhuma pessoa é capaz de ter uma boa qualidade de vida.

A qualidade de vida da pessoa idosa, que é proporcional à duração de sua vida, está em geral assegurada se ele vive no seu lar. O lar deve ser um lugar onde cada um se sente importante, útil, único e desempenhando o seu papel. Afinal, a qualidade de vida pode ser indicada pela capacidade que o idoso tem de desempenhar as atividades básicas da vida diária de modo que seja independente. (MINCATO; FREITAS, 2007).

Como a expectativa de vida da população vem sofrendo aumentos no decorrer do contexto histórico, a preocupação que devemos ter não é com a longevidade, mas com a boa qualidade de vida, e segundo a Organização Mundial da Saúde (2005), “a medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência”. Entende-se, assim, que o termo qualidade de vida engloba o conceito amplo de bem-estar, mas isso depende do autojulgamento do próprio indivíduo, ou seja, o quanto ele está ou não satisfeito com a qualidade subjetiva de sua vida. É um conceito subjetivo que depende de padrões históricos, culturais, sociais e até mesmo individuais.

Os princípios de um envelhecimento com qualidade de vida descrevem o idoso como proativo, definindo seus objetivos e lutando para alcançá-los, reunindo recursos que são úteis na adaptação à mudança e ativamente envolvidos na manutenção do bem-estar. Este modelo compreende desde a satisfação com a vida a modelos baseados em conceitos de independência, controle, competências sociais e cognitivas (SOUSA; GALANTE; FIGUEREDO, 2003).

Existem diferentes opiniões sobre o conceito atual de qualidade de vida, e o problema está em desenvolver uma definição adequada para seu uso em demência. Quando nos deparamos com quadros de demência, em especifico a do tipo Alzheimer que reconhecidamente afetam a capacidade do indivíduo de fazer julgamentos e expressar conteúdos subjetivos, a avaliação da qualidade de vida torna-se uma tarefa difícil.

Um dos pontos importantes é a definição do grau de prejuízo cognitivo até o qual o indivíduo é capaz de avaliar sua qualidade de vida. Atualmente, os estudos de qualidade de

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vida na Doença de Alzheimer têm se concentrado no desenvolvimento de instrumentos acurados de avaliação (WHITEHOUSE, 2000).

O uso das medidas de qualidade de vida é relevante na avaliação de saúde, tanto dentro da perspectiva social quanto individual, sobretudo nos quadros de doenças degenerativas, em que a mensuração da eficácia do tratamento se traduz na qualidade de vida aos anos vividos, diante da ausência de cura (Paula et al., 2008). Diante do envelhecimento populacional, tanto dos países desenvolvidos quanto dos em desenvolvimento, segundo Ferri

et al., (2005), o gerenciamento destas doenças torna-se aspecto relevante de saúde pública,

não somente ao grande número de indivíduos acometidos como de cuidadores destes indivíduos, já que muitas destas doenças, ao prejudicarem a autonomia e/ou a dependência do portador da doença, tornam necessária a figura de alguém responsável pelos seus cuidados.

Ainda são poucos os trabalhos científicos que tratam dos instrumentos avaliativos adequados e especificamente da qualidade de vida na Doença de Alzheimer, mas uma definição proposta por Ettema et al. (2005) sobre qualidade de vida especifica sobre a doença é que pode ser uma avaliação multiprofissional e individual do sistema pessoa-ambiente, em termos de adaptação as consequências percebidas. Esta definição está apropriada para todos os estágios da doença e serve como base para os estudos que envolvem esta temática.

Um estudo exploratório realizado por Dröes et al. (2006) identificaram quais aspectos os próprios idosos com demência do tipo Alzheimer acreditavam ser importantes para a qualidade de vida. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com 106 sujeitos que responderam as seguintes questões norteadoras “O que faz você se sentir feliz?”, “Na sua vida, o que é importante para você?”, “Quais aspectos da sua vida cotidiana tem influência negativa na sua qualidade de vida?” e “O que pode te incomodar ou aborrecer?”. Os resultados foram apresentados em domínios dispostos na tabela 1.

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Tabela 1- Aspectos que os próprios idosos com demência acreditavam ser importantes para a qualidade de vida segundo o estudo de Dröes et al. (2006), p.30.

Apesar de muitos autores já terem enumerado as dimensões da qualidade de vida na Doença de Alzheimer, ainda são se sabe como os sintomas a afetam. Supõe-se que o desconforto, particularmente nos estágios mais severos, pode ser interpretado como

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minimizador da qualidade de vida. Outra variável importante que não pode ser negligenciada é o ambiente no qual a pessoa está inserida (ETTEMA et al., 2005).

5. DIMENSÕES METODOLÓGICAS

5.1. ABORDAGEM DA PESQUISA

Adotou-se uma pesquisa quali-quantitativa devido à complexidade do fenômeno estudado, que é a inter-relação da paciente com Doença de Alzheimer, a atividade física e a visão dos profissionais de saúde em relação a paciente, focalizando os impactos que a atividade física traz em relação a sua qualidade de vida.

Desta forma, segundo Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa qualitativa é uma metodologia com relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

Para os mesmos autores mencionados, a pesquisa quantitativa é considerado tudo que pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, e ainda deve-se formular e classificar a relação entre as variáveis para garantir a precisão dos resultados, evitando contradições no processo de análise e interpretação (PROANOV e FREITAS, 2013).

Para Minayo e Sanches (1993) a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa são formas de se aproximar da realidade, porém, nenhuma é tão boa que possa ser suficiente para a compreensão completa dessa realidade. Portanto, podem e deve ser utilizadas como complementares, desta forma um estudo quantitativo pode gerar questões que podem ser aprofundadas qualitativamente e vice-versa.

5.2. TIPO DE PESQUISA

De acordo com os objetivos este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva exploratória e uma pesquisa de estudo de caso, pois é adequado quando se pretende investigar

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o como e o porquê de um conjunto de eventos. O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso profundo de um ou mais objetos, tentando esclarecer uma decisão, ou um conjunto de decisões, seus motivos, implementações e resultados (YIN, 2001).

O estudo de caso segundo Gil (2010, p. 37), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. Define-se, também, um estudo de caso da seguinte maneira: “[...] uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto. [...] Igualmente, estudos de caso diferem do método histórico, por se referirem ao presente e não ao passado”.

Na pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Incluem-se, entre as pesquisas descritivas, a maioria daquelas desenvolvidas nas ciências humanas e sociais, como as pesquisas de opinião, mercadológicas, os levantamentos socioeconômicos e psicossociais (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Segundo os mesmos autores recém-mencionados as pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Em sua forma mais simples, as pesquisas descritivas aproximam-se das exploratórias, quando proporcionam uma nova visão do problema.

Portanto, este estudo também se caracteriza com caráter exploratório porque tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. (PRODANOV; FREITAS, 2013).

5.3. CONTEXTO DA PESQUISA

O primeiro passo nesta pesquisa foi pertinente a coleta dos dados bibliográficos, com o intuito de incorporar e esclarecer em todos os aspectos sobre o tema em estudo. Posteriormente foi escolhida a instituição que seria desenvolvida a pesquisa. O local escolhido, é portanto, o “Lar do Idoso” de Santa Rosa – RS, foi fundado segundo ADAC –

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Associação das Damas de Caridade Lar do Idoso, (2015) em 24 de Junho de 1950, foi construído por um grupo de mulheres, denominadas “Damas de Caridade”.

Atualmente conta com 60 associadas, destas 25 são ativas e 35 são colaboradoras passivas. O Lar é uma entidade civil, regida por estatuto próprio, sem fins lucrativos, cuja finalidade maior é a prevenção à velhice desamparada por meio de regime de internato. De acordo com o regimento interno da instituição, o lar recebe apenas idosos (ADAC, 2015).

O Lar do Idoso de Santa Rosa – RS, possui 110 leitos. Atende atualmente 78 idosos, oriundos de toda a Região Noroeste do Rio Grande do Sul, dentre eles subdividido em grau de dependência: I, II e III. Há estes idosos é oferecido alojamento, serviço de: Nutrição, Fisioterapia, Psicologia, Enfermagem, Serviço Social, Educação Física e outras atividades dentro das suas possibilidades (ADAC, 2015).

Segundo informações da Associação das Damas de Caridade Lar do Idoso (2015), o Lar tem por Visão oferecer atendimentos especializados aos idosos, proporcionando uma qualidade de vida melhor dentro da instituição; como missão abrigar idosos abandonados ou desassistidos, proporcionando aos idosos abrigados no Lar, assistência multiprofissional. Realizar atividades de lazer, recreação e trabalhos manuais com os idosos. Reintegrar os familiares dos internos ao seu convívio no âmbito da instituição, promover um atendimento que valorize o idoso, oferecendo uma melhoria na qualidade de vida resgatando sua dignidade e cidadania; e como valores: Fraternidade, Compaixão, Dignidade, Coleguismo, Ética.

O lar do Idoso procura abrigar os internos de maneira que sejam oferecidas boas instalações que tornando um lar, uma nova casa, e que esta nova morada, seja a mais tranquila possível, onde possa ser oferecida uma alimentação saudável, vestimenta, acesso a consultas médicas e atividades de socialização.

Os profissionais que atendem os idosos procuram exercer atividades em sua totalidade no Lar do Idoso. Atendendo os Idosos familiares e também os profissionais que trabalham na instituição.

Para efetivação de uma internação segundo a Associação das Damas de Caridade Lar do Idoso (2015), o idoso e seus familiares passam por uma entrevista, onde se avalia com base no Estatuto Interno, as condições em que se encontra o idoso e se o mesmo terá condições de adaptação e socialização com os demais internos. Nesta entrevista procura-se resgatar o histórico biopsicossocial do pretendente a internação, para que assim, possa conhecer o idoso e seus familiares, como um meio de aproximação e poder proporcionar uma socialização mais tranquila. Com os familiares é trabalhada a conscientização com o propósito de manter e

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resgatar os contatos e a proximidade para que o vínculo afetivo seja mantido, inclusive incentiva-se que o familiar realize visitas e passeios com seu idoso (ADAC, 2015).

Na socialização coletiva, realizam-se atividades manuais e lúdicas como, por exemplo, trabalhos de recorte e desenhos, de costura e confecção de tapetes de retalhos, jogos como damas e cartas. Também é promovido passeios no município de Santa Rosa. Nas datas comemorativas inseridas no calendário brasileiro, é realizado festas com decoração e caracterização dos idosos, e também, inserir a comunidade nas atividades. Clubes da terceira idade, clubes de mães, comunidade em geral, escolas e Prefeitura, para que participem e auxiliem nestas festividades.

Também se trabalha no projeto da doação de um carro para transportar os idosos na realização de exames, consultas e momentos de emergência. Além do projeto de ampliação das dependências do Lar do Idoso com o objetivo de o Lar proporcionar melhores condições de instalações dos idosos e as condições de trabalho para os funcionários (ADAC, 2015).

Com os funcionários promove-se as melhores condições possíveis de trabalho, onde é realizado palestras e capacitações para os profissionais de todas as áreas que atuam na instituição. Realizam-se atividades recreativas com o intuito de buscar maior entrosamento e dinamizar mais seu trabalho. Estas atividades estão direcionadas a oferecer aos funcionários do Lar do Idoso, um trabalho qualificado aberto a críticas e melhorias, também se busca a integração e humanização, pois trabalhamos com idosos e por tempo integral necessitam de atenção e cuidado (ADAC, 2015).

5.4. SUJEITOS DA PESQUISA

A seleção dos sujeitos deu-se de forma intencional, uma paciente com Alzheimer e uma equipe multiprofissional sendo eles: uma Educadora Física, um Enfermeiro, uma Assistente Social e uma Psicóloga que se enquadram nos critérios da pesquisa, e concordaram verbalmente e logo após realizou-se a assinatura dos Termos de consentimentos para participarem da pesquisa.

A senhora com Alzheimer, a Rosa, flor que ela admira muito, ingressou no Lar do Idoso no dia 23 de outubro de 2006, possui cinco filhos, sendo duas filhas que moram em Panambi e três falecidos (2 homens e 1 mulher). Ela relata ter relação estável com as filhas.

A Sra. Rosa apresenta confusão mental (remete fatos do passado como sendo do presente, desorientação temporal e espacial), mania de perseguição. Além disso, tem

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hipertensão e apresenta desconforto na coluna, onde relata sentir dor, principalmente se permanece com a postura ereta, ficando assim, na maioria do tempo com a coluna inclinada, porém, nenhum diagnóstico foi comprovado da mesma apresentar problema na coluna (ADAC, 2015).

A Sra. Rosa internou-se no Lar por vontade própria, é oriunda de município de Panambi - RS, onde era dona de casa e morava sozinha. Não quis morar com suas filhas, pois acredita que iria atrapalhar, pois as mesmas trabalham fora.

Traz um histórico de alguns lutos aparentemente não resolvidos, os quais foram de filhos dos companheiros, alguns de forma trágica e ocorreram num curto espaço de tempo. Em conversa com os responsáveis da Associação das Damas de Caridade Lar do Idoso dona Rosa, teve facilidade de se socializar, se relacionava com um companheiro interno que veio a falecer, após algum tempo começou a relatar que tinha alguém que estava roubando suas roupas, seu dinheiro, e acusava funcionários, fato esse não confirmado.

Seu discurso começou a ficar confuso e a mania de perseguição cada vez mais clara, seu quadro mental foi se agravando de forma acelerada. Foram realizados exames neurológicos, mas nada foi diagnosticado. Os responsáveis do Lar do Idoso consideram que a perda desses entes próximos seja um dos principais motivos do presente caso da Sra. Rosa.

Em relação a participação em grupos oferecidos no Lar, tais como: grupo de atividade física, grupo de recreação, oficina de jogos de mesa, oficina de leitura, oficina de artesanato, oficina de desenho/pintura e recorte, Rosa tem uma boa interação com os demais idosos e profissionais, encontra-se sempre disposta a realizar qualquer atividade.

Já referente a equipe multiprofissional que trabalham no Lar do Idoso, optou-se por realizar um questionário para recolher alguns dados diante a sua importância profissional no asilo. A educadora física relatou que possui 29 anos de idade e trabalha a mais de seis anos com idosos e com eles é desenvolvido várias atividades físicas, como mencionado no parágrafo acima.

A importância deste profissional tanto para os idosos como para os paciente com Alzheimer é desenvolver soluções na precaução/prevenção de doenças, e de grande fator epidemiológico, como algumas das doenças crônicas. Sua função cabe a prescrição, orientação, educação, motivação, compreensão de dificuldades, adaptação, dentre outros fatores relacionados a prática do exercício físico com o intuito da promoção da saúde.

Segundo Kramm (2014), o papel do Educador Físico não se resume somente a prescrição dos exercícios, este profissional também irá trabalhar com a quebra de paradigmas

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a respeito do benefício da prática da atividade física, trabalhará fatores motivacionais, inclusão social, cultura e educação com relação aos esportes e principalmente, tentar dentro destes e de outros aspectos aumentar a adesão ao exercício. Vários são os fatores com importância que possam impactar a saúde da população de forma positiva e ascendente se o educador físico souber desenvolver atividades que beneficiam a qualidade de vida dos idosos com patologias ou não.

Outra profissional que faz parte da equipe multiprofissional é a psicóloga, onde relatou ter vinte e sete anos de idade e trabalha a quatro anos com idosos, sua intervenção com os idosos é através de acompanhamento das evoluções das doenças e realizar intervenções quando necessário.

As dificuldades com a memória e as alterações comportamentais advindas da doença, faz com que os pacientes necessitam diversos tipos de acompanhamento e intervenções, dentre eles, a Psicologia. Ela, com seus diversos canais de acesso ao ser humano, tem espaço para atuação cada vez maior e mais reconhecida de tal forma como: estimular as habilidades cognitivas remanescentes, reeducar aquelas que estão em declínio, incentivar o convívio social, as atividades de lazer e tudo que é prazeroso parece ser benéfico não só para o portador como também a todos que convivem com ele, pois isso gera satisfação, alegria e atenua a dura realidade das limitações que crescem com o passar do tempo (LIMA, 2006).

Sua importância como profissional com os idosos pacientes ou não do Alzheimer é que dentro dos seus vários olhares sobre o ser humano atuará diante do contexto de mudanças biopsicossociais. E segundo Manzaro (2015), a psicologia ajudará a atribuir significados para vida dos idosos, trabalhando com os medos e outros sentimentos que surgirão frente as doença e a re-significar as histórias dos idosos, realizando a manutenção de sua identidade.

Assim como a psicóloga, a assistente social também faz parte da equipe multiprofissional, e relatou ter trinta e oito anos de idade e a três anos que trabalha com idosos sempre orientando e incentivando para a participação interação social dos idosos nos grupos de atividades de recreação e outro papel exercido por ela é a elaboração dos projetos que beneficiam o asilo.

Segundo Sekine et al., (2006), o campo de atuação do assistente social, a ação sócio educativa do Serviço Social deve concorrer para uma prática transformadora, criando espaços de comunicação e aprendizagem nos quais o grupo, através das histórias narradas pelos representantes dos familiares, realizará a escuta, reflexão e troca de experiências, que torna possível para a membro, enxergar a si e sua família diante das questões sociais que os

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afligem. E é desta forma que a assistente social visa a trabalhar com os idosos do Lar, tendo um acompanhamento muito presente e compreensão dos casos que são relatados a ela, tanto com a paciente com Alzheimer como os sem patologias.

Para concluir a equipe multiprofissional, foram coletados os dados do enfermeiro, que relatou ter trinta e sete anos de idade e dez anos de trabalho com os idosos, desenvolvendo estratégias relacionada à doença de Alzheimer, visando ao cuidado e não deixando a paciente perder seus valores, seus costumes durante todo o tratamento.

A importância do profissional da enfermagem junto ao idoso é centrada na educação para a saúde, no cuidar com base no conhecimento do processo do envelhecimento (senescência) e senilidade e no retorno da capacidade funcional. As ações são direcionadas para um processo de reabilitação que vise ao autocuidado. A enfermagem deve atuar estimulando o autocuidado, o individualismo, o cuidado a partir das primícias de que cada idoso apresenta grau diferente de dependência, distinguindo dessa forma o modo de assistência. O trabalho é realizado em conjunto abordando o paciente, a família e a equipe de saúde. (DIOGO; DUARTE, 2006).

A enfermagem busca maneiras opcionais de cuidar do paciente com Alzheimer, acompanhado os estágios da doença e trabalhando de maneira terapêutica o déficit causado pela doença. A doença de Alzheimer não é típica da velhice, nem todo velho precisa apresentar-se demente, mas é necessário prestar os devidos cuidados a este paciente. Faz parte do lado profissional de enfermagem assistir as áreas afetivas do paciente, como carinho, compreensão, solidariedade, respeito e entender os medos e tristezas. Entender o paciente de maneira holística, e humanizado, com atenção especial ao portador deste mal. É atribuição de o enfermeiro formar grupos de ajuda a parentes e pessoas próximas a fim de minimizar o sofrimento e preparar a família. Deve-se proporcionar convívio familiar e social do paciente (MOURA, 2006).

A enfermagem contribui em boa parte destes cuidados, e se faz necessário desenvolver novas estratégias sobre este assunto tão em voga. As pesquisas demonstram que será cada vez maior o número de idosos, tornando-se ainda mais relevante o cuidado em todo o tratamento.

5.5. INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Inicialmente o processo de contato com o Asilo foi via telefônica, onde foi marcado o dia para que pudéssemos conversar com algum responsável pelo lar, após a data marcada,

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fomos até o local de estudo explicando como seria realizada a pesquisa em busca de um paciente com Alzheimer com condições físicas para realizar atividades físicas. Desta forma, o estudo contou com uma paciente com Alzheimer e mais uma equipe multiprofissional.

A participante foi convidada mediante informação contida no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 1) que é parte integrante do processo que foi analisado e assinado pelo responsável legal adjunto com o Termo de Confidencialidade (APÊNDICE 2). A paciente com Alzheimer realizou o protocolo de testes e atividades físicas descrito adiante e a equipe multiprofissional respondeu um questionário em relação a paciente.

Em relação aos instrumentos de avaliação, em primeiro momento a equipe multiprofissional que são responsáveis pela participante, responderam um questionário com questões abertas em relação a atual situação física e psicossocial da paciente. Tal questionário foi aplicado apenas na pré-intervenção, onde eles abordavam a sua opinião em relação a saúde da paciente com Alzheimer.

Em segundo momento a paciente com Alzheimer realizou avaliações (pré e pós intervenção) dentro de um ciclo de três messes com média de nove intervenções de atividades físicas por mês. Os instrumentos utilizados foram: para avaliação cognitiva, o questionário Mini-exame do Estado Mental (MEEM) e o Teste do Relógio; para testes motores, a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) e o teste Timed Up-and-Go (TUG), tempo (TUGs) e passos (TUGp); para teste de agilidade e equilíbrio dinâmico, a Escala de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico da AAHPERD (AGILEQ).

O Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) é um instrumento composto por questões agrupadas em sete categorias, cada qual planejada com o objetivo de se avaliarem o perfil cognitivo global e funções cognitivas específicas. São elas: orientação para tempo, orientação para local, registro de três palavras, atenção e cálculo, recordação das três palavras, linguagem e capacidade visual construtiva. O escore do MEEM varia de 0 a 30 pontos, sendo que valores mais baixos apontam para possível déficit cognitivo (FOLSTEIN et al., 1975).

Como o MEEM sofre influência da escolaridade, valores de referência foram propostos com objetivo de distinguir sujeitos com possíveis déficits cognitivos. Brucki et al. (2003) analisaram uma amostra brasileira e sugeriram os seguintes valores para estudos em nosso meio: para analfabetos, 20 pontos; de 1 a 4 anos de escolaridade, 25; de 5 a 8 anos, 26,5; de 9 a 11 anos, 28; e, para indivíduos com escolaridade superior a 11 anos, 29 pontos.

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Outro instrumento utilizado como ferramenta de avaliação neurológica, psiquiátrica e psicológica é o Teste do Relógio, amplamente utilizado como teste de rastreio, de simples aplicação e de rápida execução, que avalia diversas dimensões cognitivas, como memória, função motora, função executiva e compreensão verbal (Aprahamian, Martinelli, Cecato, Izbicki, & Yassuda, 2011). Por avaliar a memória e outras funções cognitivas, o Teste do Relógio é aplicado em idosos com suspeita de síndrome demencial.

O teste Relógio para sua realização era entregue a participante uma folha em branco e um lápis e dada a seguinte instrução: “Eu gostaria que você fizesse um desenho de um relógio com todos os números dentro”; após: “Agora, desenhe os ponteiros marcando 2h45min”. As instruções eram repetidas nos casos de dúvida. Utilizou-se a pontuação proposta originalmente por Sayeg (2010), que consiste numa escala de pontuação de 1 a 5 em relação ao relógio e números incorretos: 1- Não houve iniciativa ou não conseguiu, desenho não interpretável; 2-Desenho indica que a solicitação foi de certa forma compreendida, mas pouca semelhança com um relógio; 3-Distorção na numeração; 4-Números faltando ou situados fora dos limites do relógio; e 5-Numeração em ordem inversa, ou concentrada em alguma parte do relógio. Dentro da mesma escala de pontuação como sequencia tem de 6 a 10 em relação ao relógio e os números corretos, a pontuação 6-Interpretação errada da solicitação de desenho dos ponteiros (desenho de “relógio digital”, indicar as horas colocando círculos nos números, etc.); 7-Ponteiros alterados, porém compreensíveis, hora errada, mas números corretos; 8-Pequenos erros no tamanho e posição dos ponteiros; 8-Pequeno erro no tamanho dos ponteiros. Posição certa. Hora correta; e 10-Desenho correto. Para a interpretação da pontuação o mesmo autor menciona que menor que 7 é anormalidade; Pontuação entre 6-8 é suspeita e Pontuação entre 9-10 é desempenho normal.

A Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) traduzida por Miyamoto et al. (2004) é muito utilizada principalmente para determinar os fatores de risco para perda da independência e para quedas em idosos. A escala avalia o equilíbrio em 14 itens comuns à vida diária. Cada item possui uma escala ordinal de cinco alternativas que variam de 0 a 4 pontos, sendo a pontuação máxima, portanto, 56. Os pontos são baseados no tempo em que uma posição pode ser mantida, na distância que o membro superior é capaz de alcançar à frente do corpo e no tempo para completar a tarefa (BERG et al., 1996).

Segundo Shumway-Cook e Woolacott (2003), quanto menor a pontuação atingida pelo indivíduo, maior será o seu risco de queda, ou seja, entre 53-46 pontos, existe de baixo a

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moderado risco para quedas, e que pontuações abaixo de 46 pontos indicam alto risco para quedas.

O Teste Timed up and Go (TUG) segundo Podsiadlo e Richardson (1991), assim como a EEFB, é um instrumento importante para avaliar o equilíbrio. Nele, o tempo para se levantar de uma cadeira com braços, percorrer por uma distância de 3 metros e retornar à cadeira (Figura 1), bem como número de passos, são registrados, ou seja, o idoso senta-se em uma cadeira com braços e recebe ordem de levantar e caminhar para frente até uma marca no piso, girar de volta e sentar-se na cadeira. O tempo dispendido é medido com cronômetro a partir da ordem de "vá". Maiores valores de tempo e número de passos representam maior risco de quedas.

De acordo com os mesmos autores, valores de tempo de menos de 10 segundos sugerem indivíduos totalmente livre e independentes; os pacientes que realizam o teste entre 10 e 19 segundos são independentes, pois têm razoável equilíbrio e velocidade de marcha. Aqueles que dispendem entre 20 e 29 segundos estão em uma "zona cinzenta", isto é, demonstram dificuldades para as tarefas da vida diária. Os sujeitos com escore de tempo de 30 ou mais segundos tendem a ser totalmente dependentes para muitas atividades básicas e instrumentais da vida diária (levantar-se de uma cadeira, alimentar-se, trocar-se, banhar-se, caminhar (PODSIADLO; RICHARDSON, 1991). Era demonstrado previamente ao paciente como se realizava o teste, sendo dadas instruções de caminhar segundo sua velocidade e seu passo habituais. Em caso de dúvida na execução do mesmo por parte do indivíduo ou do examinador, o mesmo era repetido.

Figura 1. – Ilustração gráfica do teste Timed up and Go (PODSIADLO; RICHARDSON, 1991).

O Teste de Agilidade e Equilíbrio Dinâmico é um dos testes da bateria da American

Alliance for Health Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) delineada

especificamente para idosos (OSNESS et al., 1990). O teste envolve atividade total do corpo com movimentos para frente, mudanças de direção e posição do corpo.

Como está ilustrado na figura 2, é um teste que envolve vários movimentos do corpo com mudanças de direções e posições. O participante inicia o teste sentado numa cadeira com

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