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Sistema Político da I República

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(1)

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DICIONTARIO

DE

HISTORIA

DA

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REPIJBLICA

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DO

REPIJBLICANTISMO

VOLUME

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N

Centenário da Repúbìica .A$cmblcia da Rcpública

(2)

FICHA TÉCNICA

Título Dicionário de História da I República e do Republicanismo' Volume III - N-Z

ÍNprcr

cERAL

Coordenação científica

Ana Paula Pires (Instituto de História Contemporânca da Universidade Nova de Lisboa) Carlos Cordeiro (Centro de Estudos Gaspar Frutuoso da Universidade dos Açores) David Luna de Carvalho (Centro de Estudos rle História Contemporânea do ISCTE) Ernesto Castro Leal (Centro de História da Universidade de Lisboa)

HélderAdegarFonseca(NICPRI_NúclcodelnvestigaçãoemCiênciaPolíticaeRelaçõeslnternacionals) ManuelLoff(InstitutodeHiStóIiaContemporâneadaUniversidadeNovadeLisboaeFaculdadedeLetras da Universidade do Porto)

Maria Fernanda Rollo (Instituto de FIistória Contemporânea da Ilniversidade Nova de Lisboa) Paulo Fontes (Centro de Estudos de FIistória Religiosa da Universidade Católica Portuguesa) Rui Ramos (Instituto de Ciências Sociais)

Vítor Neto (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra)

Introdução

.. Textos

(N-Z)

7 11

Índices

1155 1157 1163 1167 1189 7195 1205 Indice de textos. Índice de autores... Índice de entidades...

Índice de publicações periódicas... Indice geográfico ...

Indice onomástico ...

Coordenação gcral

Maria Fe rnanda Rollo (Instituto dc FIistória Contemporâne a da Universidade Nova de Lisboa)

Edição Assembleia da República - Divisão de Edições

Revisão c índices Assembleia da República - Divisão de Edições (Conceição Garvão, Maria da Luz Dias' Noémia Bernardo, Paula Crespo, Susana Oliveira, Teresa Fonseca)

Capa e design Nuno Timóteo

Paginação e pré-impressão Textype e Ana Rita Charola Impressão Raínho &Neves, Lda

Tiragem 600 exemPlares

ISBN 978-972-556-556-8 (obra completa)

ISBN 97S-972-556-559-9 (volume III) Dcpósito lcgal 366 58ól13

Lisboa, outubro 2014

O Assembleia da RePública

Direitos ¡eservados nos termos do artigo 52." da I ei n." 28/2003, de 30 de julho'

(3)

srsTEMA POLÍTrCO DA r REPÚBLTCA

I

S6e

SISTEMA

POLÍTICO

DA

I

REPÚBLICA

O

sistema

político

da

I

República era um parlamentarismo com separação da

Igrqa

e

do

Estado, sem sufrágio universal, sem eleições unanimemente aceites, com

partido

dominante, temperado

por

golpes

militares;

considerá-lo-emos como uma unidade, não procurando caracterizar as fases anterior e posterior à

I

Guerra

Mundial,

embora thes façamos referências ocasionais. Tomamos sistema

político no

sentido frequente, mas

limitado,

de funcionamento da

instituição

estatal, excluindo portanto os municípios, e só por exceção referiremos a dimensão externa das relações do Estado com

o

seu enaironnent

ou

com as instituições simbólicas e castrense. Abordaremos os temas

pela

ordem da

frase

anterior e

concluiremos

analisando

a

agenda da

I

República.

A

forma

do Estado: o

parlamentarismo

Um

Estado com legislativo dominante e separado da

Igreja fora

o

cerne da propaganda republicana.

Era

este, aliás,

o

enquadramento

institucional

que então prevalecia

nos dois

países

mais influentes em Portugal, a Inglaterra

e a

França.

A

monarquia liberal portuguesa estava no pólo oposto: o seu monarca exercia o poder moderador;

o

rei

D.

Carlos

concretizara aquele poder,

multiplicando

as dissoluções da Cãmara dos Deputados; na entrevista ao

jornalista Galtier, do

prestigioso diário

Le TÞrnps, de Paris, em novembro de 1907, afirmara-se como responsável do governo,

acima

do

Parlamento; depois de algumas aproximações

com

os laicos, a monarquia portuguesa mantivera, ou reforçara, as relações com a Igreja Católica. Nas frentes da relação com a Igreja e do poder do rei, a monarquia portuguesa opunha-se no começo do século )o( à herança da Glorious Revolution e da Revolução Francesa. Na Inglaterra, o processo era

o

inverso:

a

Càmara dos Lordes perdia os seus poderes e

o

monarca tornava-se

um

ente

apenas representativo,

ou

visto

como tal.

As

lojas maçónicas britânicas aceitavam então

uma

monarquia apenas simbólica mas rejeitavam-na se

ela usurpasse a soberania, que pertencia aos cidadãos

e

era concretizada pelo voto secreto e universal masculino.

Na

substância, era idêntica a posição francesa:

todo

o poder

vinha do

povo e

ia

para a assembleia eleita,

o

Parlamento; só que em França a

Monarquia

fora abolida pela revolução e nem

a

familia real gaulesa nem a família imperial (os Bonaparte) davam sinais de inabalável entrosamento com aqueles

prin-cípios liberais pelo que, ao contrário da Inglaterra, a República era a única forma de Estado compatível

com

a revolução.

No

concernente às relações

do

Estado

com

a

Igreja, a posição regalista vencera em Inglaterra e em França, embora cadavez mais as Igrejas beneficiassem

do

regime de

liberdade de

associação, aliás

em

curso de generalizaçâo; entre os republicanos franceses, ganhan apoio a separação entre ambas aquelas instituições, pois a Concordata de Napoleão com a Santa Sé, ainda em vigor, era vista como dando à

lgreja

poderes públicos, inadequados à sua natureza de ins-tituição privada.

O

predomínio

do

poder legislativo

e

a

separação

do

Estado e

das lgrejas eram, porém, insuficientes como programa

institucional

para a República portuguesa.

(4)

srsTEMA POLÍTrCO DA

I REPÚBLICA

I

S71

A

ausência de sufrágio

universal;

afaltade

credibilidade

das eleições

<Uma mistificação como qualquer

outra).

É

assim que José Barbosa avia o

sufrágio uiversal, na Assembleia

Constituinte,

a

7

de

julho

de L91"1", segrndo Brøz

Burity. Embora brutal,

a definição resumia a

opinião

da

maioria

dos constituintes. Os republicanos

de

791,1,

a

7976 não hesitaram em

preferir

o

sufrágio

capacitârio

ao censitário da Monarquia e ao universal da democracia representativa.

A

I

República impôs

um

corpo

eleitoral

mais reduzido

do

que

o

da

Monarquia: em

1878, depois da

reforma eleitoral de

Fontes Pereira de

Melo,

os eleitores

eram

824726,

mais quatro quintos dos portugueses maiores de idade; em 7973, a República reduzira-os

a

471557,

menos

de

metade

dos

portugueses

maiores

de

idade.

A

comparação internacional era mais reveladora do que a histórica: no

primeiro

quartel do século )o(, os

eleitorados da

Inglaterra e

da

França quase se

identificavam com

o

sufrágio universal masculino, ao passo que Portugal afastava-se dele

-

ou aproximava-se, mas a

um

ritmo

lentíssimo.F;m7925,

a

maioria

governativa precisava apenas de cerca de duzentos

mil

votos,

num

país com mais de 3,5 milhoes de cidadãos em idade de votar.

A

inexistência

do

sufrágio universal facilitava a fraude eleitoral, que os repu-blicanos

tanto tinham

criticado na Monarquia. uEm quatro anos de regime republi-cano

não

se

moralizaram ainda

os costumes eleitorais,

de

maneira que

o

grande eleitor era e continuará a ser

o

governor, sentenciava

a

'J"4 de dezembro

de

7974 o editorial de

Á

Capitøl, o vespertino de esquerda republicana. Por isso, como o mesmo

jornal

esclarecia

no

fundo

do

dia

seguinte, os outros

partidos

receiam que faça as

eleições

o partido

que estiver

no

poder. nO

voto

há de ser

livrer,

afirma

o

ministro do

Interior

de Sidónio Pais,

Henrique

Forbes Bessa, em

A

Capital, de 9 de março de

1978; a afrrmaçáo criticava os democráticos, que

tinham

organizado as eleições ante-riores. Seria

enfadonho

acumular citações

com

o

mesmo

sentido.

Com

efeito,

o governo

democrático

ganh.ara sempre as eleições gerais,

entre 1911

e !926,

com exceção das realizadas

em

10

de

julho de

7927,

em que

a

maior\a pertencera ao

Partido Liberal,

e não aos democráticos; mas estas eleiçöes

tinha

sido

organizadas

por

um

governo

do

Partido Liberal, pelo

que se

mantinha

a

fegra' que

o

governo, fosse ele qual fosse, ganhava as eleições; esta regra só

foi

violada nas eleições

de29

de

janeiro

de

1922, quando os democráticos de

António Maria

da

Silva venceram os

candidatos do governo de Cunha Leal.

Mesmo

assim, os atores políticos concorda-vam que as eleições continuavam a ser feitas pelo governo. Apesar desta convicção,

as oposições concorriam aos sufrágios, pois asseguravam a representação das minorias, mas nenhum partido concebia que deles resultasse a alternância no executivo. Porém, a alternância efa eîtáo quase irrelevante, pois nem os parlamentares nem os partidos políticos eram disciplinados:

por

isso,

o

governo saía

do

que uns e outros' em con-sonância

com

o

presidente

da

República, achavam

num

dado momento. Esta falta de disciplina revelava a mentalidade setecentista em que

o

espírito de 1789 contra-riava a liberdade de associação, acusada de

interpor um

organismo oPressor entre o indivíduo soberano e

a

pâtrîa libertadora. Só

António Maria

da Silva impôs a disci-plina partidária contra a Esquerda Democrática, em

!925,

e, mesmo então,

foi muito

criticado.

870

|

SISTEMA POLÍTICO DA

I

REPÚBLICA

Os

republicanos

da

propaganda

tinham

defendido

um

modelo institucional

com-pleto

è

consistente,

inspirado

na pequena e independente República Suíça, e

é

na direção do directorialismo helvético, com separação de poderes, que aponta o projeto

de Constituição

elaborado pela comissão

da

constituição escolhida na Assembleia

Constituinte.

Este projeto, encomendado

pelo diretório

republicano' devia

ter

sido apresentado

ao

plenário

por

Sebastião

Magalhães

Lima,

então grão-mestre

da

Maçonaria,

que

entretanto

adoeceu e

foi

substituído

nessa apresentação

por

José

Barbosa.

A

dãença terá sido diplomátical Terá o grão-mestre, para conseguir a

Lei

da

Separação

dalgreja

e

do

Estado, que tanto

o

interessava, e que dependia de Afonso Costa, dado a este o parlamentarismo, crucial para

o futuro

chefe dos democráticosl Só investigações específicas

permitirão

avaliat esta hipótese'

Diplomática

ou

não, a doença teve

efeito

constitucional. Barbosa era

um

republicano probo, mas sem o talento nem

o

prestígio do grão-mestre e a constituição nà suça,

foi

trucidada pelos constituintes de 1911, a beneficio do parlamentarismo (ver verbete parlamentarismo).

Em

1911,

falha

o

programa republicano para

o

Estado: uma república pura, simples

e

ascética.

A

I

República

acabarâ

por

seguir aprât\ca institucional

da sua

colega francesa, acentuando o governo de assembleia.

Ao

contrário do que os

consti-tuinies

desejavam, porém,

o

presidente

da

República teve desde

o

início

um

papel ativo na definição da

formula

de governo.

A

10 de novembro de 1911,

logo

na

for-mação

do

segundo

Governo Constitucional, a imprensa

escfeve que

ninguém acreditava

no

ministério de

concentração, até que

Augusto

de Vasconcelos recebeu uma carta

do

presidente

Manuel

de Arriaga, convidando-o ø. organizar

um

governo segundo essa

fürmula;

a imprensa não se dá conta que

o

presidente assume poderes que

os constituintes

tinham

querido

recusar-lhe. Concentração significava então coligação.

Os republicanos portugueses excluíam então

um

presidente eleito pelos cida-dãos tanto pela lição francesa

-

Luís Napoleão Bonaparte, golpe de Déroulède durante a crise boulangista

-

como

por

estarem intimamente convictos que os populares do centro e do norte de Portugal eram dominados pelos caciques católico-monárquicos,

pelo

que,

a terem

o direito

de

voto,

e

dado

que eram

a

maioria

dos cidadãos, a

Repirblica estava perdida. Sidónio Pais seguiu caminho oposto' em 1918, e' em elei-ções, que não eram nem

foram

consideradas menos livres

do

que as anteriores, def-rotou a À4onarquia nas urnas; mas perdeu sempre dentro da élite republicana.

É

paradãxai a preferência dos constituintes e dos republicanos em geral por

um

Estado com assembleia omnipotente e executivo fraco; com efeito, os republica-nos são em geral positivistas comteanos e extraem desta

doutrina

a conclusão que quanto mais atrasado

for

o

povo, mais

forte

terá que ser

o

executivo

-

e vice versa: quanto mais livre, mais

fortð

será o legislativo;

o

que era

no fundo

uma excecional-mente sensataaplicação da ulei dos três estados> à instituição estatal.

Ora

os

consti-tuintes

estavam persuadidos

da

ignorância

e

do

atraso

do

povo

português. Como podiam

t,tpo. qui

um

regime de iegislativo

forte

seria adequado a Portugal? T2\rez

þor.onfrnãirem

o princípio representativo-eletivo com o revolucionário-vanguardista:

à

vanguarda revolucionária portuguesa era

boa e

por

isso sustentaria

um

regime

purl"Ã.ntu,

puro.

Veremos

um

l"ugar paralelo,

a

propósito

do

papel

político

da violência.

(5)

srsTEMA

pol,ÍTrco

DA r

REpÚBLrcA

|

873

clerical

e

monárquicau.

A

Maçonari.a, ao que

diziam

os

jornais

antes

do

congresso começar, trabalhava pela aproximação entre os grupos republicanos

-

mas não tivera êxito.

O

congresso

vitoriou

Sebastião Magalhães

Lima.

A

anterior maioria carbonária-insurrecional abandona

o

congresso da Rua da Palma; do mesmo passo abandona o PRP

-

e

Afonso

Costa

tem

a inteligência estra-têgica de ficar com ele.

António

José funda então um partido que será o Evolucionista e que, após a

I

Guerra

Mundial,

por

fusão

com

os unionistas' originará

o

Liberal, matriz dos nacionalistas. Desenha-se em 1911 um bipartismo entre os evolucionistas

e os democráticos de Afonso Costa; democráticos era o nome corrente do partido que sugeriu

a

herança <suíçar, radical.

Brito

Camacho, que só se tornara

um

dirigente

conhecido depois

de ter

sido

ministro do

Governo Provisório,

fundou

a

União

Republicana, os unionistas; fundação que,

distinguindo-se

mal

dos evolucionistas,

contribuiu

para estabelecer a errada convicção que os

partidos da

República eram manifestações

do

personalismo,

isto

é,

do

caudilhismo.

nQre

partidos tem

havido ultimamente? Os dos amigos pessoais de três políticoso, proclamava Forbes Bessa em 1918.

Os

<três

políticos)

eram

Afonso

Costa,

António

José de

Almeida e Brito

Camacho.

As

maldades partidárias deste npersonalismo>

vinham

de 1911 e

frutifica-ramaté. às lições universitárias de Marcelo Caetano

-

mas sem base,pois manteve-se a clivagem partîdlLrià substantiva de 7977, acima esboçada. Esta clivagem era, porém,

difícil

de discernir, pois tanto

António

José como

Afonso

preferiam acentuar o rePu-blicanismo que os unia

-

e, aliás, se afirmou nos governos de

União

Sagrada, quando Portugal participa na Guerra europeia.

O

Partido

Republicano da propaganda formara-se

como

o

Partido

Radical francês que, lembremo-lo, tinha como designação oficial Partido Republicano, Radical

e

Radicãl-Socialista. Republicano.

Era um

conglomerado Pouco

disciplinado

de círculos, comités,jornais, associações especializadas, escolas, aos quais numerosas lojas maçónicas passaram, em dado momento, a dar

um

apoio explícito; a direção central,

o diretório,

gozavø. de poderes morais e não estatutários.

Após

o

congresso da Rua da Palma, algumas dessas associações seguem

António

José, mas a grande maioria permanece onde está:

no Partido

Republicano, que Passa a ser

dirigido

por Afonso Costa e a usar a sigla PRP, pois antes

de

7971, era apenas

Partido

Republicano, sem

o

P, português

e

nacionalista.

Em

7909,

o

diretório

republicano insurreccionalista esforçara-se por levar a organîzação para

fon

de Lisboa e Porto e conseguiu

implantá--la

nas mais importantes cidades e vilas de província.

Mas

a malha continuou larga. Para

a

adensar, sem

ditadura

prolongada, era indispensável recorrer aos caciques monárquicos, ainda que enfraquecidos pela

Lei

Eleitoral

de L913, que restringira o sufrágio.

Desde

19LL, são

os

democráticos

quem

tem

a

reputação

de reciclar

os

monárquicos; vimos algumas das acusações que nesse sentido thes

dirigiu

Inocêncio

Ca-acño

no congresso da Rua da Palma.

O

anticlericalismo será o tema da aliança que

Afonso

Costa estabelece então entre o radicalismo lisboeta e os caciques monâr-quicos da província que aderiram ao PRP. Referindo-se, no

final

de

!912,

aos

nade-sivos,

democráticos,

o

historiador

Ângelo Ribeiro

escreve:

(os

antigos influentes políticos, na sua

maior

parte, não se conformavam

em

perder

o

seu

valimento

por

um longo

afastamento

do

poder, e ingressaram

no

Partido da

República que mais

garanti;

thes oferecia,

istã

é,

naqueli

que,

pelo número dos

seus

filiados,

devia

872

|

STSTEMA POLÍTrCO DA

I

REPÚBLICA

O

sistema de

partidos

e os

partidos

do sistema

Os partidos da República apareceram um pouco contra a vontade dos republi-canos.

Na

fase da propaganda, os republicanos concordavam que' após a implantação do novo regime, era necessária uma ditadura regeneradora: os revolucionários gover-nariam unidos a favor do país, mas sem

o

consultarem em eleições gerais. Seria uma ditadura à romana, transitória, que estabeleceria as bases sociais da República, ou uma

ditadura

no

sentido

do

liberalismo

monárquico,

quando

o rei tinha

dissolvido

o

Parlamento e o governo só respondia perante o chefe de Estado,

O

Governo Provisório seria essa ditadura. Uma minoria, na qual avultava Basílio Têles, defendia que ela fosse prolongada,

e

poftanto

drástica, mas perdeu; terá Teles recusado ser

ministro

das

Finanças no

5

de

Outubro por

ter percebido que a ditadura seria breve? Ignoramos, pois está pouco estudado o problema da duração da fase transitória.

A

aspiração republicana à unidade sobreviveu ao fracasso da ditadura prolon-gada e,depois da aprovação da Constituição, em setembro de 1911, manifestou-se nos governos de concentração republicana.

A

divisãor porém, ocorre no congresso do PRP

de outubro de 1911,

dito

da Rua da Palma.

E

ali desenhada uma clara oposição entre duas linhas e dois grupos.

De

um lado, os partidários do diretório, eleito no congfesso

de

Setúbal,

em

1908,

que

fizera

a revolução

violenta

do 5

de Outubro,

usando a Carbonária,

e

que, proclamada

a

República'

defendiam

a

política

de

atração

-

a República

en

para

todos

os portugueses

-

e recusâvam

um conflito

com

a Igreja

Católica,

embora quisessem

uma política de

separação e laicidade; reviam-se em

António

José

de

Almeida; inclinar-se-iam

para

o

liberalismo

na

questão social.

Do

outro lado, os vencidos do congresso de Setubal, a oaliança liberalr, que em 1908 aðiaria a insurreição republicana se a

Monarquia

separasse

o

Estado das Igrejas, e

agora queria uma

"república. para os republicanos),

o

que não a impedia de aceitar numerosos nadesivosr monárquicos, e preferia

o

confronto com

a

Igreja

Católica, aplicando

um

laicismo ativo; revia-se em

Afonso

Costa e teria tendência a aliar-se à

esquerda na questão social.

A

29 de outubro, Inocêncio Camacho afirma no congresso: uao lado do diretório, estão todos os que lutaram na

rua) no 5

de

Outubro;

é

inter-rompido por apartes: <não é assim;> Inocêncio prossegue: num Conselho de

Ministros

do Governo Provisório, esteve iminente a saída de um dos seus membros, suspeito de monarquismo; mas não the disse o nome. Era uma questão do

tipo

obranco ér, Com

efeito,

estava presente

Bernardino Machado, que

tinha

sido

ministro

das Obras Púbiicas da

Monarquia

e dos Negócios Estrangeiros

do

Governo

Provisório; mais nenhum congressista acumulava essas duas categorias; o afâvele inteligente Bernardino prontificou-se de imediato para responder pelos seus atos como membro do governo republicano

-

mas não

do

monárquico.

Afonso

Costa

intimou

Inocêncio

a

náo ficat

por

insinuações

e

a

ir

ao

fim

das acusações.

A

balbúrdia

era ensurdecedora, relata

A

Capitø\. Inocêncio recusou

o

convite de Afonso. Terá escolhido

o bom

caminho?

A

maioria do congresso era flutuante.

Certo

é que a

Aliança Liberal

acabava de

der-rotar

o

diretório

carbonário, em

voto

aberto.

A

30, à tarde, Teixeira de

Qreirós,

um romancista e

político

minhoto, próximo de

António

José, declara ser contra

a

eleiçáo

do diretório

pois

não havia

Monarquia e portanto

não era preciso Partido

(6)

srsTEMA POLÍTrCO DA

I REPÚBLICA

I

87s

conhecia a alternância entre a

direita

e a esquerda republicanas, que em Portugal é impossível com efeito, acabaram mal as tentativas dos governos de direita republicana,

António

Granjo, em 7921, e Ginestal Machado, em 7923.

A

ordem

pública

e os golpes

militares

A

República, talvezpor ter de início hesitado sobre a upolítica de atração>, teve permanentes problemas

de

ordem pública; estes problemas eram mais agudos em Lisboa mas estendiam-se a

todo

o

país. Para os enfrentar,

fora instituída

a Guarda Republicana, que cedo se revelou insuficiente; depois de 1918,veio ela própria a erigir--se em autora de governos, impondo a sua vontade ao Parlamento.

Tanto o

Exército como a

Marinha

procederam a vários golpes militares.

O

5

de

Outubro

conservara (revolucionários civis> armados e os partidos políticos recorriam a eles para organiza-rem golpes violentos, reunindo-os a uma ou outra unidade

militar;

esta confusão será

chamada uo

reviralho'; o

golpe de 14 de

maio

de 1915, contra Pimenta de Castro, fora organizado pelo Partido Democrático e revelara-se

muito

violento.

Mal

ou bem, os democráticos foram depois identificados com violentas repressões (1918) ou golpes (a

Noite

Sangrenta).

Os

golpes militares eram

por

definição

dirigidos

contra

o

partido no

poder;

este era quase sempre o Democrático; por isso, dominava a tese que ou haveria direito de dissolução, nas mãos do presidente da República, que assim

permitiria

ao eleitorado eleger

uma alternativa

aos democráticos,

ou

haveria

golpe militar,

para afastar os

democráticos do poder; esta miíxima revelou-se falsa, depois de 7919: houve dissolução e aumentou

o

número de golpes; pois

o

eleitorado etaîncapaz, só

por

si, de eleger uma alternativa aos democráticos.

Monárquicos e sindicalistas admitiam o recurso à violência para obterem resul-tados políticos.

Contudo,

como Fernando Catroga

notou,

os próprios republicanos admitiam a violência como fundamento autónomo do poder. Esta era uma diferença fundamental em relação à Tþrceira República francesa, para a qual

o

sufrágio secreto

erasagrado-eúnico.

Os

conflitos

e as soluções

A

agenda da República é dominada desde o

início

por três questões: religiosa, do regime e colonial.

A

questão religiosa deriva de uma separação concretizada contra

algrqa

-,

mas convém não esquecer que em

197I

a Santa Sé não aceilava na Europa a separação, mesmo a bem, como tentara ser a de Briand, em França. Hostilizando os

católicos, os republicanos enfraqueciam a suâ base de apoio e davam oportunidades aos monárquicos,

No

congresso da Rua da Palma,

Afonso

Costa ligara, como vimos,

o

reforço

do

clericalismo ao

do

monarquismol talvez

por

coincidência.

Em

1911",

alguns republicanos, inspirados

na

Revolução Francesa, achavam que

o

anticlerica-lismo,

diminuindo

o número de republicanos,galvanizava as energias dos restantes: a

qualidade revolucionária compensava a quantidade. Ninguém demonstrou o contrário,

s74

|

STSTEMA POLÍTrCO DA r REPÚBLTCA

constitucionalmente assumir o

poder,

(HistAriø de Barcelos,VII, p. 489). Esse partido eram os democráticos. Dado que, em L913, eles ganharam a maioria das circunscriçöes eleitorais sociologicamente católicas e conservadoras, esta tese está demonstrada, ser¡ necessidade de mais estudos.

Mas

um conjunto

sistemático de pesquisas mono-gráficas the daria o contorno adequado, provaria que não

tinham

surgido por toda a

parte

novos

e

republicanos caciques, explicaria

vitórias

evolucionistas

em

círculos eleitorais

com

perfil

social semelhante aos que

tiveram maioria

dos democráticos.

O

Partido Democrático era assim o partido dominante; na terminologia canónica de

Maurice

Duverger, era

um partido

de quadros mas com uma capacidade de

militan-tismo

que

o

aproximava dos partidos de massas.

O

Partido

Democrático conseguiu

iludir

a

questão social,

até

7925,

data

em que

se

dividiu

entre os nbonzos, e

os

<canhotos>

e

estes se

cindiram, formando a

Esquerda Democrática;

dito

de outro modo: até 1,925, cobrïu

o

espectro

político

da esquerda e da direita, enfrentando

-salvo o episódio de 1923

-

oposições sempre fragmentadas entre a sua direita e a sua

esquerda nos eixos religioso e social.

A

I

República conheceu ainda

um

Partido Socialista,

minoritário,

republicano e benquisto dos democráticos, que o levaram para o governo, por

virtude

da

I

Guerra

Mundial;

mas era fraco,

por

razões sociais

-

a escassa industrialização

-

e sobretudo políticas

-

o

escasso corpo eleitoral;

tinha

uma módica infl.uência sindical; mas não

faíta

frente ao anarcossindicalismo, paralelo ao que em França inspirara a Carta de Amiens, da Confederação Geral do Tiabalho

(ccr),

só que mais aguerrido, praticante da ação direta.

O

sistema partidfuio da

I

República começa por não

incluir

nem monárquicos nem católicos. Depois de algumas hesitações iniciais, fica claro que não serão autori-zados candidatos

monárquicos

às eleições para

a Constituinte.

Depois, a

Igreja Católica entregou a sua representação estatal, o Centro Católico, a dirigentes monár-quicos que, claro, queriam hostilizar a República.

A

lgreja fez

a

política do

pior:

não quis apoiar aqueles republicanos, que aspiravam a boas relações com ela, os evolucio-nistas; não

tentou

uma

política de

defesa religiosa, que consistiria

em

concorrer às

eleições legislativas separada dos monárquicos

-

o que talvez tivesse sido aceite pelos republicanos, que aceitaram padres na Constituinte e nos parlamentos posteriores; mas

fez a política do

pior

com moderação, pois não se aliou aos monárquicos, fossem eles

os liberais, que a tinham perseguido, ou tradicionalistas, de quem poucos se lembravam com nitidez.

O

papa Bento

XV tirou

o

Centro Católico das mãos dos monárquicos; mandou-o fazer uma política eleitoral de defesa religiosa e uma

política

parlameîtar de aliança

com

o

partido

de governo

-

o

Democrático,

o

mais identificado

com

as

perseguições àIgreja; por isso, os militantes do Centro, como Salazar e Cerejeira, eram conhecidos como (catolaicos>, um insulto de origem francesa, que significava católico por fora e maçom por dentro. Sidónio Pais autorizou deputados monárquicos; a nNova

República Velhao (791,9-1926) não revogou essa autorização.

Mesmo depois das transformações operadas na sequência da

I

Guerra

Mundial,

consolidando a participação de monárquicos e de católicos,

o

sistema partidário não possibilita a alternância, pois não conhece um partido de direita forte.

As

representa-ções parlamentares monárquica e católica são exíguas, não tendo condições

pan ori'

(7)

s76

|

STSTEMA POLÍTrCO DA r REPúBLTCA

embora em Portugal esse galvanizar tivesse dispensado o Terror e fosse sempre acom-panhado pela dissimétrica npolítica de atraçãor.

O

anticlericalismo, porém, esgota os

seus efeitos com a

I

Guerra

Mundial.

Era óbvio que a Igreja

tinha

ajudado o esforço de guerra com os capelães militares e, por isso, eram patentemente falsas as acusações de germanofilia e de pacifismo que alguns anticlericais

lhe

faziam; também era evi-dente

que

ela não apotava a

Monarquia.

o

tema

anticlerical

cansava os próprios anticlericais;

em

79L8, a plebe lisboeta

não queria

dificultar

umas missas: queria a

revolução social, ou algo semelhante.

Qrando

o irmão Carlyle manda o irmão Platão para um forte em Elvas, preso pela tropa republicana, não houve mais laicos a defen-derem

o

querido

Afonso do

que houvera católicos em7971,, quando

o

ora

preso castigara o bispo do Porto,

D.

António

Barroso.

Logo

após aquela prisão, em 191-8, a

questão religiosa, entre Lisboa e o Vaticano, é resolvida pela concordata

informal

entre Sidónio Pais e a Santa Sé, que os democráticos respeitarão quando voltarem ao poder, em 7979.

República ou Monarquia?

A

questão do regime depende da religiosa; pois os

católicos não poderão apoiar a República enquanto ela frzer perigar a

lgreja;

mas é

em parte autónoma, pois é aiimentada pela convicção republicana que, a norte do Tejo, o povo rural era dominado pelos caciques monárquico-católicos e era, portanto, antir-republicano. Sidónio Pais percebe que esta convicção é um pesadelo, desagradável mas imaginário.

Em

9

de março de 1918,

o

seu

primeiro ministro

do

Interior,

o republi-cano Forbes Bessa, declara:

nfoi

o

medo infundado dos republicanos, em admitirem

no

seio

do

5

de

outubro

os monárquicos, que matou aquela

I

Repúblicao; naquela

I

República era a República velha, a designação sidonista para o períod

o rg1.o-l9rz.

o

matemático Sidónio resolve nas urnas a equação do regime: .as eleições demons-tÍz;ram que a República se encontra definitivamente consolidadar, coment a

Á

Capital, um

jornal

republicano e antissidonista,a2g de abril de 1918, quando Sidónio ¿ eleito presidente;

com

efeito, os monárquicos

tinham

ido

às urnas republicanas e

por

isso perdiam o direito de se queixarem delas. Mas queixaram-se: fizeram as

Monaiquia

do

Norte

e de Monsanto, em janeiro de 7919, e aí foram derrotados pelas armas.

primeiro

nas urnas e depois nas armas, os monárquicos tinham resolvido a questão monárquica

-

pelo menos por um largo período; tanto mais que, se nos anos 1920 havia uma causa

monárquica, não havia

um

candidato monárquico a monarca,

A

questão colonial era

um

dos princípios constitutivos da República

-

e dos mais ocultados, depois do 28 de

Maio.

A

República fortalecera-se

.ontr"

o

Ultimato

de

1891 e

a

aliança com John

Bull,

como

o

Zé Por.tinho então gostava de nomear a Grã-Bretanha, fora renovada pelos republicanos, para melhor defenderem as colónias. Todos os republicanos e todos os monárquicos apoiavam a República neste caso; só a cGT a combatia. Tendo integrado a coligação vencedora da

I

Guerra

Mundial,

Lisboa sentara-se à mesa das negociações europeias; o que não sucedera em Vestefalia, onde

o

Portugal restaurado não fora admitido.

os

republicanos

tinham

todas as condições para aproveitarem

o

modo como

tinham

gerido estes três temas em agenda.

Mas

não aproveitaram. Primeiro, porque tendo resolvido

no

fundo

a questão religiosa, não

tinham

conseguido disciplinar as

suas

franjas

anticatólicas:

a 3 dejaneiro de

1923,

o

presidente

AntónioJosé

de

Almeida impunha a

birettø cardinalícia ao

núncio Locatelli,

mas alguém colocara

srsTEMA POLÍTICO DA

I REPÚBLICA

|

877

bombas

na

Capelinha das Aparições,

em

Fátima,

e

frzera.'as explodir,

na noite

de

5

para 6 de março de 1922; ficara impune, perante o que a

muitos

parecia a hipócrìta

cumplicidade

das autoridades;

ninguém

supôs que

o

atentado

fosse provocação. Incapaz

de

distinguir

entre

o

anticlericalismo

e

o

anticatolicismo, nas suas zonas marginais, aqueias

involuntárias

omissões da

I

República

legitimavam a

oposição católica ao sistema, oposição que aliás

tanto

contrariavam as insistentes orientações papais como as comedidas bondades eclesiásticas dos governos de

António Maria

da Silva, um antigo carbonário que se tornou o chefe democrático nos ânos 1920, quando passou a ser evidente que

Afonso

Costa não regressaria à política Portuguesa. Tendo ãeixado a questão religiosa a gotejar,os republicanos não conseguiam fechar a questão do regime

-

apesar das condições favoráveis de que dispunham; neste ponto, não se

distinguiam

da Terceira República francesa que parecer

ter

deixado ao nazismo o cuidado de

liquidar

a monarquia dos Clovis. Os próprios republicanos transformaram em queixume a sua

vitória

na

I

Guerra

Mundial,

inventando nos anos 1920

reivindi-cações sempre insatisfeitas e novas ameaças ao *impérioo africano.

Aos três conflitos agendados desde o 5 de Outubro, a

I

Guerra

Mundial

acres-centou a questão social. Nas últimas eleições gerais do regime, em novembro de 1"925,

o Partido

Democrático

conservava

a

habitual maioria

absoluta

na

Câmara

dos Deputados, apesar

da

cisão

da

Esquerda Democrática, resultante daquela questão social, perante uma oposição como semPre fragmentada.

Era

a maioria dos democrá-ticos dè Afonso Costa e dos ubonzos, de

António Maria

da Silva'

O

país via por certo nesta Câmara o seu retrato distorcido; talvez por isso, direita e esquerda republicanas aliavam-se

a salto de

cavalo para

impedirem os

democráticos

de

governarem: na apresentação do

último

governo de

António

Maria

da Silva' em novembro de 1925, cãm o apoio do Centro Católico, e sobretudo quando este apresentou o projeto de lei

instituindo

uma empresa pública (régie),para explorar os tabacos, em

9

de fevereiro

de

1926;

a28,29,

e

30

de

abril

e

a

1,2,!7

e

20

de

maio de

1"926,houve batuque parlamentar em S. Bento, em orquestração conjunta dos Nacionalistas e da Esquerda bemocrática, acusando os democráticos de quererem a régie para corromperem o país

e assim o dominarem.

A

questão social é uma contradição suplementar que transborda

o

sistema político, pois os democráticos, tendo deixado

por

resolver as questões

reli-giosa e

do

regime, não encontravam aliados à

direita

para solucionarem a questão ãocial; o resnltado da irresolução era sempfe o défice orçamental e o excesso de finan-ciamento estrangeiro.

Em

parte devido a uma agenda contraditória, o sistema poiítico da

I

República deixara as tendências centrífugas vencerem as centrípetas.

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A

Reoolução de 1910 (1976),2." ed, Moraes Editores, Lisboa, 1983.

[Luís Salgado de Matos]

soARES,

ANTÓNIO MARIA

DE

FREITAS

(1877-7953)

Nasceu em

Vila

do Bispo, a 25 de fevereiro de 1877 . Faleceu em Lisboa, a L0 de novembro de 1"953. Algumas informações indicam que seria

fruto

de

um

relacio-namento irregular e que a origem do apelido advinha, não dos progenitores originais, mas

da

família de acolhimento.

Aluno

da Academia Politécnica

do

Porto.

Iniciou

a

carneifa-

militar

em 1898 no Regimento do Porto. Cursou a Escola do Exército, arma

de Cavalaria: alferes

em

1900; tenente

em

1905; capitão

em

L911; major

em

79!7; tenente-coronel

em

t9I7;

búgadeiro

em

1'936

e

general

em

1938.

Oficial

com

o Curso de

Estado-Maior

em 1911. Freitas Soares participaria no combate de Chaves

contra

a

segunda incursão

de

Paiva

Couceiro,

em

7972.

Era,

à

altura,

oficial

de Cavalaria

do

Regimento de

Vila

Viçosa.

Em

1915,

foi

investido como subchefe do

Estado-Maior da

Expedição Pereira

de Eça

a

Angola, tomando parte em

vários combates para â ocupação do

Humbe

(combate de Môngua). Retorna a Portugal em

7977

.Em

31 de dezembro de 7977,passou a ser chefe do Estado-Maior da

1.'

Divisão

do

Exército. Passou

por

várias funções

na

Secretaria da

Guerra

durante

o

ano de 1918, entre estas, a de chefe de repartição

do

gabinete

do

secretário

(ministro)

da

Guerra

Amílcar Mota

(presidência

de

Sidónio

Pais)

e

de

chefe

de

Gabinete

de Tamagnini Barbosa

(último

chefe de governo conotado com o sidonismo, no período em que se processa o desmantelamento deste, após o assassinato de Sidónio Pais em dezembro

de

1918). Seria

ministro

da Guerra, entrando como independente

no governo de combate de José Relvas (27 de

janeiro de

7979-37 de março

de

7919). José Relvas, nas suas memórias, considerava que,

tal

como ele,

António

de

Freitas Soares era

um

(republicano) independente (RELVAS,José, Mernórias Políticas,II vol., Lisboa, p. 91);José Relvas reconhece igualmente,nas Mernórias,a dedicação, o

empe-nho

e a energia de Freitas Soares

no

combate à denominada

Monarquia do Norte

(idem,

p.

100).

Nao

obstante,

na ótica de

Fernando

Tamagnini

de

Abreu,

Freitas Soares não o teria protegido das investidas de outros membros do gabinete: o ministro da Justiça, Francisco

Couceiro

da

Costa, evolucionista,

e

que

o teria

apeado do

comando das forças

militares

que preparavam

a

investida

final

sobre

o

Porto

(vaRquns,

Isabel

Pestana,

Memórias

do

General,

1915-1919..., Viseu,

2004,

p.

CCXCVI-CCXC\TÐ. Freitas Soares

voltaria

ao

Ministério

da Guerra entre

30

de agosto de 1979 e 19 de outubro de 7927 (ministério liberal de

António

Granjo). Este

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