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Relatório de Estágio no Lusitânia Futebol Clube de Lourosa, na época 2014-2015

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Relatório de Estágio no

Lusitânia Futebol Clube de

Lourosa, na época 2014 - 2015

Mestrado em Ciências do Desporto com Especialização em

Jogos Desportivos Coletivos

Joel da Silva Rodrigues

Orientador: Professor Doutor Victor Manuel de Oliveira Maçãs

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Agradecimentos

Aquando da conclusão de uma etapa marcante na vida, os agradecimentos vão para aqueles que mais nos marcaram nesse percurso.

Aos meus Pais, por serem os alicerces da minha vida; pela pressão em ser, todos os dias, a melhor versão de mim mesmo. O amor incondicional e as lições que me ensinaram fortaleceram-me enquanto Homem.

À minha irmã Viviana, pela paciência; alegria e um sorriso nos momentos cruciais.

Aos meus Avós, por me terem instruído os valores que hoje me definem. Avó agradeço-te o carinho e principalmente o teu amor que me mantêm forte nesta luta em ser treinador.

À Rita, pela disponibilidade e acima de tudo pelo que representas, sem mesmo o saberes. Ensinas-me a ser uma pessoa Ensinas-melhor.

À Academia Militar, que fez de mim uma pessoa totalmente diferente. Obtive ensinamentos e relações de uma vida. Ao Tavares e ao Silva um obrigado camaradas.

Aos docentes da UTAD, pela influência na minha vida e os ensinamentos fornecidos. Ao professor Victor Maçãs, por ser um dos principais responsáveis pela minha visão acerca do Futebol. Devo-lhe muito professor e as palavras não chegam para lhe agradecer. Tenho-o como modelo a seguir.

Ao professor Jaime Sampaio, pela não padronização do meu pensamento. Você é uma fonte de inspiração e admiração.

Ao professor Nuno Leite, pela constante pressão que me mantém fora da zona de conforto, tornando-me num melhor treinador.

Ao Lourosa, pela oportunidade em ingressar no mundo do futebol. Aos meus jogadores pela alegria e gosto pelo jogo. Vocês são os verdadeiros culpados do meu sucesso.

Ao Senhor Pedro Oliveira, pela cumplicidade e lealdade que fizeram de nós uma verdadeira “dupla”. Agradeço-lhe porque você consistiu num pilar importante contra as adversidades.

Ao Frederico Oliveira, por acreditares em mim sem receios. A ti devo te o melhor de mim porque o teu sucesso é igualmente o meu.

Ao Senhor Vítor Manaia; Paulo Violante; Tomás pela coragem em enfrentar o mundo e pela humildade em ouvir um jovem como eu. Um muito obrigado por acreditarem no meu valor e pelas vossas sábias palavras.

Por último, mas não menos importante até porque as palavras não conseguem ilustrar a tamanha estima que sinto pelas seguintes pessoas. Ao Vítor Miguel; Elói Moreira, Fernando Torres; Nalex; Zé Roberto; Pedro Abreu e Vasco Brás um grande obrigado pela nossa amizade.

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Índice Geral

Agradecimentos ... i

Índice de tabelas e gráficos ... v

Resumo ... vii

Abstract ... ix

I - Introdução ... 1

II - Das Certezas à Conquista de Menos Dúvidas ... 3

2.1. O fenómeno designado Futebol ... 3

2.2. Planificação Estratégica ... 6 2.3. Periodização ... 7 2.4. Metodologia do Treino ... 9 2.4.1 Microciclo de Treino ... 12 2.4.2 Unidade de Treino ... 19 2.4.3 Exercício de treino ... 21

III - O Clube – Lusitânia Futebol Clube de Lourosa ... 27

IV - Época 2014/2015 ... 31

4.1. Hierarquia do Clube e Objetivos da época ... 31

4.2. Sistema tático e métodos de jogo a implantar ... 32

V - Competição ... 37

VI - Controlo do Treino... 43

6.1 Tempos de empenho motor por mês ... 43

6.2 Tempos de empenho motor por tipologia dos exercícios ... 45

6.3 Tempo de empenhamento motor por objetivos táticos ... 47

6.4 Tempo de jogo por jogador/Presenças aos treinos ... 49

6.5 Estatística Coletiva/Individual – Golos e Assistências ... 52

VII - Conclusão ... 55

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Índice de Figuras

Figura 1 - Fatores condicionantes do jogo (Maçãs, 2006) ... 4

Figura 2 - Pirâmide Coerver ... 11

Figura 3 - Microciclo semanal - periodização tática ... 16

Figura 4 - Campo principal da equipa ... 28

Figura 5 - Modelo de jogo (Oliveira, 2003) ... 32

Figura 6 - Sistema tático Traquinas A ... 34

Figura 7- Resultados Juniores 1ª Fase ... 41

Figura 8 - Resultados Juniores 2ª Fase ... 42

Figura 9 - Classificação Juniores 1ª Fase ... 42

Figura 10 - Classificação Juniores 2ª Fase ... 42

Índice de tabelas e gráficos

Tabela 1 – Jogos oficiais da 1ª fase ... 38

Tabela 2 – Jogos oficiais da 2ª fase ... 38

Tabela 3 – Jogos amigáveis da pré-época ... 39

Tabela 4 – Jogos amigáveis do período competitivo ... 39

Tabela 5 – Liga dos campeões Traquinas A ... 40

Tabela 6 – Tempo de Treino por mês ... 44

Tabela 7 – Tempo de treino por tipologia de exercício (Castelo, 2009) ... 46

Tabela 8 – Tempo de treino por objetivos táticos ... 48

Tabela 9 - Tempo de jogo por jogador ... 50

Tabela 10 - Presenças nos treinos dos jogadores ... 51

Tabela 11 - Golos e assistências da equipa ... 52

Tabela 12 - Golos e assistências por jogador ... 53

Gráfico 1 - Tempos de empenhamento motor da época ... 44

Gráfico 2 - Tempo de treino por mês ... 45

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Resumo

O presente documento pretende refletir o processo de treino, na época desportiva 2014/2015, no Lusitânia Futebol Clube de Lourosa. O principal objetivo deste consiste em caracterizar o clube, o contexto competitivo onde inseri, as ideias que levaram à dinâmica da semana de treino; à criação dos exercícios de treino e à filosofia que sustentou a aprendizagem do jogo de futebol.

Neste trabalho é pretendido interpretar a ligação entre o plano teórico e o contexto real, sustentando as decisões tomadas com bibliografia. Como tal também foi realizado um controlo do processo de treino de forma a consolidar as ideias defendidas acerca do treino desportivo.

O motivo a que me propus, aquando da realização do estágio, consistiu em tornar-me num treinador capaz de mobilizar os conhecimentos em competência e recolher o máximo de proveito na relação entre a teoria e o contexto desportivo.

Palavras-Chave: Treino; Exercício de Treino; Aprendizagem; Conhecimento;

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Abstract

The present document intends to reveal the training processes of Lusitânia Football Club of Lourosa in the 2014/2015 season. The main goal consists in characterize the club, the competition context, the ideas behind the dynamics of the training week; the construction of the training exercises and the philosophy that held the learning of the football game.

In this task is intended to construe the connection between the theory and the real context, supporting the decisions made with bibliography. Therefore was accomplished the control of the training process in order to consolidate the defended ideas about the sports training. The reason, I set out at the ingress in the internship, consisted to become a coach that can mobilize knowledge into competence and gather the maximum profit between the theory and the sports reality.

Key-Words: Training; Training exercise; Learning; knowledge; Competence; Sports

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I - Introdução

O momento de desempenhar o papel de treinador finalmente chegou, sendo o clube o Lusitânia Futebol Clube de Lourosa. Durante a época desportiva de 2014/2015 foi-me proposto orientar o processo de treino, enquanto treinador principal do escalão de traquinas A, sendo este o principal foco do presente relatório. Contudo, no decorrer da época, também desempenhei funções de treinador adjunto no escalão de Juniores A.

O papel a desempenhar ofereceu grandes dúvidas, uma vez que representou a primeira experiência. Saber o que os jogadores mais necessitavam, o que eu poderia oferecer e o que realmente era importante consistiram nas minhas grandes preocupações.

Posto isto, os principais objetivos que projetei, foram:

 Tornar-me num treinador com mais conhecimento e, acima de tudo, competência;  Recolher o máximo de proveito na ligação entre o plano teórico e o contexto

desportivo.

Portanto, este trabalho surge da necessidade de justificar os métodos utilizados, assim como a interligação entre dois mundos, muitas vezes dissociados, a teoria e a prática. É neste registo que este documento possui capítulos que visam uma demonstração da realidade desportiva da época em causa, procurando justificar, com elementos da literatura, a essência das decisões que optei enquanto líder do processo de treino.

Em suma, o relatório está organizado da seguinte forma:

 Introdução – Expor os objetivos do relatório; explicar a sua génese assim como a descrição da estrutura do trabalho.

 Das Certezas à Conquista de Menos Dúvidas – Enquadramento teórico-prático de todo o processo de treino da época 2014/2015, composto pelos seguintes capítulos:

 O fenómeno designado Futebol – Onde é realizado uma revisão da literatura acerca das temáticas, consideradas vitais, para o entendimento dos conceitos associados ao Futebol.

 Planificação Estratégica – Síntese acerca da preparação da equipa para a competição.

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 Metodologia do Treino - onde a interligação da teoria com a prática se evidencia caraterizando o escalão; a semana de treino; a unidade de treino e o exercício de treino.

 O Clube – Lusitânia Futebol Clube de Lourosa - Um breve capítulo, cujo objetivo reside na demonstração do contexto desportivo onde operei. É exibido o enquadramento histórico do clube, no panorama do desporto nacional, assim como todos os recursos materiais (Campos; materiais; etc.).

 Época 2014/2015 – É exposto o objetivo da época e o Modelo de jogo a sistematizar.  Competição - Caracterização do campeonato demonstrando os jogos oficiais e não oficiais realizados.

 Controlo do Treino – É analisado todo o trabalho realizado da época, desde alguma estatística individual; tempo de jogo de cada atleta; quantificação do tempo investido em determinados exercícios. É igualmente importante referir que neste capítulo procuro estabelecer uma “ponte” entre as minhas decisões e a literatura.

 Conclusão – É o momento de reflexão de todo o processo, tirando ilações em função dos objetivos a que propus na realização deste trabalho.

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II - Das Certezas à Conquista de Menos Dúvidas

2.1. O fenómeno designado Futebol

É na tentativa em enquadrar, o presente documento, no contexto do Futebol que surge este capítulo, portanto é necessário fazer uma breve revisão de alguns conceitos que estão na literatura acerca desta modalidade, inscrita nos quadros dos jogos desportivos coletivos (Teodorescu, 1984).

Esta modalidade é um fenómeno com enorme popularidade, facto constatado através do vasto número de praticantes e de espectadores que congrega em todo mundo, sem exceção (Reilly, 1996). Segundo Castelo (2009) [B], “o jogo de futebol é um desporto colectivo que, opõe duas equipas formadas por 11 jogadores, num espaço claramente definido. Numa luta incessante pela conquista da bola, com a finalidade de a introduzir o maior número de vezes possível, na baliza adversária e, evitar que esta entre na sua própria baliza” (componente técnico-táctica). Este é também caracterizado pela ocorrência de diferentes comportamentos entre as equipas em confronto, uma vez que o jogo pode ser dividido em dois momentos principais: processo ofensivo e o processo defensivo (Castelo, 2009) [B]. É nesta relação de oposição entre as duas equipas e a relação de cooperação entre os elementos da mesma equipa, ocorridas num contexto aleatório, que se traduz a essência do jogo de Futebol (Garganta, 2001).

O jogo de futebol é caracterizado fundamentalmente pelo que pode ser observado, remetendo-nos para a componente técnico - tática. Esta assume um papel de relevo na análise do rendimento das equipas, por parte dos treinadores, jogadores, dirigentes e jornalistas que estão ligados aos jogos desportivos coletivos, uma vez que perante uma situação concreta estes têm de adotar estratégias bem formuladas em prol do sucesso. Como tal estes agentes desportivos tem de dominar conceitos, nos quais são frequentemente confrontados na análise do rendimento das suas equipas, entrando num âmbito designado por tática. (Maçãs, 2006)

Segundo Maçãs (2006), “a táctica ou expressão táctica da equipa pode ser definida como a forma da equipa realizar a totalidade das acções individuais e colectivas, organizadas e combinadas racionalmente de um modo unitário nos limites das leis e da ética desportiva -com o fim de obter a vitória”. Para Castelo (1994), a tática é a base de resolução dos problemas surgem no terreno do jogo, constituindo-se por todos os conhecimentos suscetíveis de originarem uma determinada resposta face aos objetivos pré-definidos. Por outras palavras:

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Tática - tudo o que acontece à vista do adversário

Num extremo oposto surge a estratégia, que se traduz num conjunto de atividades e ações que desenvolvemos na preparação da nossa equipa tendo em vista o jogo com o nosso adversário, sendo algo que precede o jogo, (Maçãs, 2006). A estratégia traduz-se no plano tático especial anterior ao jogo, precedendo à tática, (Teodorescu, 1977), no mesmo sentido Parlebas (1981) defende que esta é a arte de adaptar as táticas ao objetivo escolhido. Na mesma linha de pensamento surge Wroz (1984) designando a estratégia como o conjunto das atividades e das ações que precedem o confronto desportivo e Gréhaigne (1992) como algo que está determinado previamente para permitir a organização. Em suma:

Estratégia - tudo o que acontece sem o adversário ver

Posto isto, é possível denotar que as equipas têm, por base, um planeamento tático-estratégico em função daquilo que é a competição em si (adversários) e como tal, esta pode apresentar dinâmicas diferentes em função do opositor e ao mesmo tempo deter traços muito próprios do seu jogar. Esta ideia de algo particular remete-nos para a noção de conceção de jogo (estratégia geral) que se traduz na característica particular que uma equipa apresenta na sua tática habitual. No entanto, como anteriormente foi referido, as equipas muitas vezes alteram a sua forma de jogar face a um adversário e esse fenómeno é designado de plano de jogo (estratégia específica/ adaptação tática aos aspetos específicos do adversário). Posteriormente, em jogo, a equipa evidenciará comportamentos face ao plano de jogo, sendo denominado de expressão tática final. (Maçãs, 2006)

Estas designações possuem toda uma relação entre si e de forma a esclarecer algumas dúvidas apresenta-se na figura 1 os fatores condicionantes do jogo.

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Os fatores condicionantes gerais que influenciam a estratégia específica de um jogo, referidos na parte inferior da figura, podem estar relacionados com as dimensões do campo, condições ou estado do terreno de jogo, condições atmosféricas, leis do jogo, etc.

Quanto aos fatores condicionantes da própria equipa estão relacionados com os seus pontos fortes e fracos, jogadores disponíveis, condições de deslocação, alojamento e alimentação, etc.

Por fim, os fatores condicionantes da equipa adversária estão relacionados com a sua conceção de jogo, expressão tática da equipa, plano de jogo provável, os seus pontos fortes e fracos, jogadores disponíveis, etc.

Com isto, parece que todos os conceitos foram abordados, no entanto existem duas definições que são usuais nos discursos dos agentes desportivos; assim como profissionais das ciências da comunicação, (mesmo que sejam muitas vezes confundidos ou desconhecidos o verdadeiro significado destes), que são o modelo de jogo e o sistema tático:

Segundo Maçãs (2006) “O modelo de jogo consiste na filosofia; caraterística da equipa que influência a forma de jogar, por outras palavras, é a aplicação dos aspectos técnico-tácticos, do ritmo e do tempo de jogo, da condição física e dos aspectos de “personalidade colectiva”, comuns a jogadores pertencentes a um grupo homogéneo, com treino colectivo de longa duração”.

Por sua vez, a noção de sistema tático não abrange apenas a disposição dos jogadores dentro do terreno de jogo de forma organizada e racional (estruturação dos jogadores em 4-3-3 ou 4-4-2/estrutura fundamental coletiva de uma equipa), mas também a forma geral de organização das ações defensivas e ofensivas pelo estabelecimento de uma estrutura base e pela definição de tarefas e funções bem como de certos princípios de colaboração no jogo. Em suma, o sistema tático não se cinge à ideia de algo rígido, que apenas nos indica a distribuição dos jogadores pelo terreno de jogo, mas sim a algo que se assenta nos seguintes pontos:

 Distribuição racional e equilibrada da estrutura da equipa no terreno de jogo, garantindo a sua ocupação, por corredores e setores.

 Permitir de forma fácil e correta as movimentações de compensação entre os jogadores (compensações) e de adaptação das ligações individuais e coletivas em função das situações de jogo.

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 Assegurar a estrutura da equipa, no terreno de jogo, por unidades funcionais cuja forma mais simples e básica, são os triângulos de jogo, nos quais se fundamentam as relações e as ligações fundamentais das ações coletivas.

 Cada jogador deve ter um conhecimento claro da área sobre a qual evolui no terreno de jogo; dos limites dessa área; das funções específicas da sua posição no terreno de jogo e das funções específicas dos seus companheiros

 As distâncias relativas entre os jogadores devem ser suficientemente curtas, de modo a assegurar as ligações fundamentais nas ações coletivas de ataque e de defesa.

 Permitir assegurar um desenvolvimento do jogo em bloco homogéneo.

 A estrutura global da equipa deve assegurar sempre a profundidade e largura da equipa. (Maçãs,2006)

2.2. Planificação Estratégica

No âmbito do treino desportivo é importante um treinador possuir uma correta preparação da equipa em função da exigência competitiva. Como tal este deve ter um domínio na gestão tanto das questões de construção do plantel; na sua direção ao longo da época (treinos) e a gestão dos momentos competitivos.

Com esta noção do que deve ser realizado, é importante o abordar a existência de três tipos de planificação que retratam os processos dos comportamentos de um treinador face a sua equipa, sendo estes:

 Planificação concetual (constituição de um plantel)

 Planificação Estratégica (Momentos de preparação para o jogo)

 Planificação Tática (durante o jogo)

Neste trabalho, sendo o objetivo centrado na sistematização do processo de treino é importante abordar a planificação estratégica, uma vez que está intimamente relacionada com as vivências experimentadas ao longo da época.

A planificação estratégica é traduzida pelo período de preparação de um jogo, ou seja, todos os acontecimentos que antecedem este período. Segundo Castelo (2009) [B], esta é “consubstanciada pela elaboração de planos plausíveis de intervenção (particular ou geral) que, se traduzem em modificações pontuais e temporárias (funcionalidade especial) da

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expressão táctica de base da equipa, isto é, da sua funcionalidade geral. Estas alterações são realizadas em função dos conhecimentos e do estudo das condições objectivas, sobre as quais, se realizará a futura confrontação desportiva. Toda a planificação estratégica pressupõe um conjunto de operações lógicas integradas que, permitem dar à organização dinâmica do jogo, as melhores condições, para atingir os objectivos competitivos.”

2.3. Periodização

Como forma de não tornar o documento demasiado “teórico”, uma vez que é bastante difícil colocar toda a informação existente acerca do futebol, optei por colocar as temáticas que mais se identificam com as necessidades vivenciadas neste estágio. Contudo a grande preocupação residiu na periodização, sendo importante colocar referências da literatura em prol da validação, de um tema fundamental. Esta pode ser definida como uma programação relacionada com uma distribuição temporal dos comportamentos de jogo assim como a adaptação da equipa a nível técnico, físico, cognitivo e psicológico. Segundo Castelo (2009) [B], periodizar pertence ao plano estratégico/táctico “que engloba a orientação geral do jogo da equipa, as adaptações dos métodos ofensivos e defensivos (em função das particularidades da equipa adversária) e as acções que a possam surpreender, a constituição da equipa e a distribuição das missões tácticas individuais e colectivas, o treinador deverá passar à concretização do referido plano, através da elaboração e aplicação do programa de preparação do respectivo ciclo de treino. Este programa (habitualmente semanal) compreende:

• O número de treinos a efectuar durante este ciclo • A duração e a gradação da intensidade do esforço

• Os exercícios mais específicos e idênticos, - isto é, os mais eficazes

• A possibilidade de efectuar um jogo/treino - que, servirá de teste ao plano táctico e às missões tácticas a desempenhar pelos diferentes elementos da equipa (etapa estratégica denominada de experimentação) ”.

A elaboração de um microciclo (semana de treino) tem como base a concretização do número de treinos a realizar; a sua duração; a gradação da intensidade do esforço e os objetivos prioritários de cada sessão de treino. Contudo, o factor preponderante para a realização de um microciclo consiste no tempo disponível entre duas competições, sendo o seu conteúdo decidido, concetualizado e desenvolvido a partir da análise da competição

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anterior e do conhecimento das particularidades do modelo de jogo da equipa referente ao momento competitivo seguinte (Castelo, 2009) [B]. No entanto, nem todas as sessões de treino de um microciclo são da mesma natureza, sendo que estas variam de acordo com temas/conteúdos de aprendizagem; de aperfeiçoamento; de desenvolvimento; de controlo; de experimentação, etc. A duração de um ciclo de treinos pode variar cerca de 4 – 10 dias, todavia o mais usual são sete dias (uma semana de treino), uma vez que este parâmetro temporal se adapta mais facilmente ao ritmo geral da vida dos jogadores, da equipa e dos diferentes ciclos competitivos.

A construção de um microciclo semanal tem por base a elevação do nível de rendimento dos jogadores, para que seja atingido o sucesso desportivo e para tal, os treinos que integram este ciclo devem ao mesmo tempo:

 Alterar com regularidade o conteúdo dos exercícios, uma vez que as temáticas abordadas em cada um destes tem um certo grau de exigência fisiológica e mental, o que por consequência o organismo necessita de recuperar, como tal é essencial ajustar as exigências da sessão seguinte de forma a não prejudicar os jogadores e manter os níveis de execução óptimos.

 Manter constantes os conteúdos abordados ao longo da época, uma vez que é necessário os jogadores adquirirem algumas rotinas, de forma ao processo de aprendizagem seja potenciado (comportamento motor das missões táticas / circulações táticas) (Castelo, 2009) [A].

Em forma de conclusão do presente capítulo gostaria de demonstrar a importância da periodização. Enquanto estudante foi das temáticas que mais me intrigou, no sentido de esta ser o foco das atenções no que toca em “rotular” treinos e treinadores de qualidade. Por outro lado senti que ao tentar decifrar os conceitos albergados por este tema (tendo em conta que existem vária linhas de pensamento) seria um meio para me tornar num treinador com mais conhecimento.

Em suma, apenas possuir o conhecimento, não é sinónimo de que estão reunidas todas as condições para o sucesso e a noção desta realidade foi me demonstrada com a entrada no mercado de trabalho. Em muitos casos senti que o conhecimento que possuía me “atrapalhava”, chegando a ter constantes “brainstorming” aquando da sistematização do processo de treino. Como já foi referido na introdução, saber o que era mais importante para os jogadores consistiu na minha grande obsessão.

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2.4. Metodologia do Treino

O treino é a ferramenta fundamental para promover alterações no jogo de uma equipa, sendo através deste que se moldam os jogadores. Segundo Castelo (2000), “Treino é um processo pedagógico que visa desenvolver as capacidades técnicas, táticas, físicas e psicológicas dos praticantes e das equipas no quadro específico das situações competitivas através da prática sistemática e planificada do exercício, orientada por princípios e regras devidamente fundamentadas no conhecimento científico".

Face a esta realidade, existem vários modelos do treino desportivo, que visam a potencialização da performance durante a formação dos jovens atletas, sendo importante abordar o Modelo Desportivo a Longo Prazo. Baseado em princípios fisiológicos, defende que cada atleta deve sofrer estímulos de treino adequados às capacidades em foco nos períodos sensíveis de desenvolvimento, designados de janelas de oportunidades. Com isto, o modelo possui, ao nível do treino, 4 etapas de desenvolvimento:

1. Fase fundamental- na 1º abordagem das crianças ao treino, sendo caraterizado pelo jogo livre e a vivencia de padrões motores diversos.

2. Treinar para o treino- por volta dos 12 anos, sendo a fase introdutória às questões do treino organizado e direcionado para as questões mais específicas da modalidade em causa.

3. Treinar para a competição- fase que engloba adolescentes de 17 anos, em que o foco centra-se nas questões do treino em prol da competição, sendo que a filosofia de que o jogo é o reflexo do treino. (espelhar no treino as condições do jogo).

4. Treinar para ganhar - no alto rendimento, tendo como objetivo o resultado. (Ford et. al. ,2011)

Segundo Pacheco (2001) “A Formação Desportiva do jovem é um trabalho a longo prazo, que não pode efetuar-se fora do respeito pelas etapas de desenvolvimento do indivíduo. A evolução motora, psicológica e sócio-afectiva, das crianças e jovens, desenrolam-se de acordo com etapas e leis biológicas bem definidas”.

Com isto, não pretendo afirmar que optei por organizar o exercício de treino em função da vertente física, mas sim justificar o meu ponto de vista ao reconhecer a importância das formas jogadas para os jogadores que iniciam o seu processo desportivo, de forma a adquirir um reportório motor e melhorar a tomada de decisão (tópico realçado no ponto 1). Todo o

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treino, antes da puberdade (aproximadamente dos 6 aos 12 anos), deve ser feito com bola sem focar nos aspetos físicos, no entanto é importante realçar a coordenação e os aspetos técnicos. (Bangsbo, 2009)

Independentemente da visão acerca do treino, por parte do treinador de jovens, este deve ter a noção das caraterísticas destes, dependendo da faixa etária em causa. O escalão de sub9 é caraterizado por jovens que necessitam de trabalhar, em termos de capacidade motora, a coordenação, uma vez que todos os ganhos de força e velocidade, nesta idade, devem-se a melhorias desta (Ford et. al., 2011). Portanto é notório que o desenvolvimento, dos skills motores fundamentais (correr, saltar, apanhar, lançar, coordenação, equilíbrio, agilidade, etc.), sejam fulcrais, uma vez que este processo começa desde o nascimento do sujeito e perdura até aos 12 anos de vida. Assim como o desenvolvimento destes é fundamental, existe um fenómeno fisiológico denominado de maturação cerebral, associado à plasticidade cerebral, em que o seu pico ocorre entre os 6-8 anos traduzindo-se num período fundamental de estimulação das capacidades coordenativas associadas aos fatores mecânicos (Ford et. al, 2011). Por outro lado o jogo livre surge como fundamental, uma vez que Fonseca et al. (2006) refere-se a esta temática da preparação desportiva a longo prazo contemplando o Futebol de rua nas primeiras etapa. De forma a evitar um défice no reportório motor é importante, para os jovens atletas, vivenciar diferentes modalidades. Na mesma linha de pensamento, onde a aprendizagem é realizada com jogo, surge Horst Wein que defende um modelo de ensino segundo 5 fases distintas:

1. Jogos de habilidades e capacidades básicas (a partir dos 7 anos) 2. Jogos de mini Futebol (3x3 ou 4x4 a partir dos 8 anos)

3. Jogos de Futebol de 7 (a partir dos 10 anos) 4. Jogos de Futebol de 8 (a partir dos 12 anos)

5. Jogos de Futebol de 11 (a partir dos 14 anos), (Wein, 2004)

Segundo o mesmo autor, a prática de outras modalidades verifica-se como uma mais - valia para os jovens, principalmente na primeira fase.

Para Leite et. al. (2012) referem que encontramos diversos exemplos de desportistas peritos que atingiram esse patamar e que, numa fase inicial da sua preparação desportiva, não se destacaram em determinada modalidade. Assim sendo, influenciar os jovens a praticar, inicialmente, diferentes modalidades não castra a possibilidade de atingirem o alto-rendimento.

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Por outro lado os atletas do escalão de Juniores A, na presente época, vivenciaram estímulos de treino cuja função consistia na reprodução do jogo no treino com o intuito de os preparar melhor para a competição, como foi referido anteriormente segundo Ford. et. al (2011) “ Treinar para a competição - fase que engloba adolescentes de 17 anos, em que o foco centra-se nas questões do treino em prol da competição, sendo que a filosofia de que o jogo é o reflexo do treino, (espelhar no treino as condições do jogo) ”.

Como é possível constatar verifica-se como fundamental o vivenciar na formação dos jogadores sendo importante referir um método de treino designado de Coerver – Coaching1. Este foi desenvolvido na década de 70 pelo técnico holandês Wiel Coerver, com o intuito de estabelecer um método passível de ser aplicado com o objetivo de desenvolver os “skills” específicos do futebol dando ao atleta uma panóplia de recursos que o vão ajudar a responder durante o jogo às mais diversas situação impostas.

O Método tem como estrutura organizativa uma pirâmide de 6 níveis cumulativos, sendo que para avançar para um nível superior é necessário dominar os preceitos dos níveis precedentes. Este método tem como base a filosofia de que nenhuma equipa é tão boa como o próprio jogador que a integra e compõe. Embora possa parecer um foco demasiado individualista e tecnicista, defensores deste método afirmam que embora o jogo seja 11x11, são quase sempre situações individuais ou de pequenos grupos que determinam o sucesso da equipa. Como tal este método é representado numa dinâmica em pirâmide cujos seus pressupostos são:

Figura 2 - Pirâmide Coerver

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 Na base, como mostra a imagem 10, encontra-se o conceito geral - Ball Mastery em que são utilizados exercícios individuais de domínio e controlo de bola, estáticos e em movimento - sempre com os 2 pés.

 Passing and Receiving é o segundo patamar onde os exercícios centram-se no passe e na receção, encorajando a precisão e criatividade. No passe divide-se entre a precisão e velocidade e na receção tem-se em conta se é pelo ar ou no solo.

 Ao avançarmos mais um patamar encontramos - Attacking and Defending 1x1 (atacar e defender). Aqui ensinam-se os skills que permitem a rutura da defesa mais organizada, criando espaços entre os defesas. Nesta fase tem como foco objetivos como: pés rápidos, equilíbrio e coordenação. No ataque temos de diferenciar entre “paragens e arranques, fintas e mudanças de direção”. Na defesa movimentos e posicionamentos como “por detrás, pela frente, pelo lado e de cabeça”.

 Speed consistem a todos os conceitos referidos adicionando o fator velocidade, com e sem bola.

 Quase no topo encontramos o Finishing (finalização). Finalizar com o pé e de cabeça, são trabalhados exaustivamente os conceitos do remate, do golo em todos os contextos imaginários como por exemplo: com preparação, sem preparação, dominando no peito, rematando de primeira.

 Por fim, no topo da pirâmide aparece o Group Play (jogo de grupo). O enfâse situa-se na criatividade do ataque rápido em pequenos grupos, aquilo a que é designado o Fast Break Attack. Esta questão é trabalhada: jogos reduzidos, defesa em grupo, combinações e ataque-rápido.

Após esta breve caraterização das diferentes filosofias de ensino do jogo de futebol, o presente capítulo tem como foco demonstrar a organização da semana de treino; da unidade de treino e do exercício de treino segundo a visão que optei na presente época.

2.4.1 Microciclo de Treino

A semana de treino pode ser designada de microciclo semanal, sendo o período entre dois jogos. Segundo Castelo (2009) [A] “O microciclo é constituído por um conjunto de sessões de

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treino repartidas por diferentes dias, destinadas a abordar na sua globalidade o desenvolvimento do modelo de jogo adoptado e, os aspectos que derivam da observação e análise da competição. Neste sentido, nem todas as sessões de treino de um microciclo são da mesma natureza, estas variam de acordo com temas e conteúdos de aprendizagem, de aperfeiçoamento, de desenvolvimento, de controlo, de experimentação, etc.”.

A duração do microciclo pode variar cerca de 4 – 10 dias, todavia a duração mais usual é de sete dias sendo, no geral, associado a uma semana de treino, uma vez que este parâmetro temporal se adapta mais facilmente ao ritmo geral da vida dos jogadores e da equipa, e dos diferentes ciclos competitivos, ou seja, a sua estrutura é em função do quadro competitivo em que a equipa está inserida, (Castelo,2009) [A]. Na presente época, inicialmente estava previsto apenas dois treinos por semana (Traquinas A), contudo após uma reunião com o Coordenador, foi possível que o microciclo semanal fosse composto com 3 treinos mais o jogo. No meu ponto de vista não faria sentido apenas 2 treinos e como forma de organizar mentalmente as minhas ideias, ao nível da sistematização do conteúdo a trabalhar em cada dia, a integração de mais uma sessão por semana verificou-se fundamental. Esta visão baseia-se em poder fornecer mais tempo de prática desportiva (esperando também aumentar o tempo de desempenho motor) a cada jogador. Por outro lado, no escalão de Juniores A, a semana de treino contemplava 4 treinos mais o jogo. Tendo em conta estes pressupostos, o conteúdo de cada semana de treino deve ter como finalidade a elevação do nível de rendimento dos jogadores, para que seja atingido o sucesso desportivo e para tal se suceder, os treinos que integram este ciclo devem ao mesmo tempo:

 Alterar com regularidade o conteúdo dos exercícios, uma vez que as temáticas abordadas em cada um destes tem um certo grau de exigência fisiológica e mental, o que por consequência o organismo necessita de recuperar, como tal é essencial ajustar as exigências da sessão seguinte de forma a não prejudicar os jogadores e manter os níveis de execução ótimos.

 Manter constantes os conteúdos abordados ao longo da época, uma vez que é necessário os jogadores adquiram algumas rotinas de forma ao processo de aprendizagem seja potenciado (comportamento motor das missões táticas / circulações táticas), (Castelo,2009) [A].

Ao estar a lidar com jogadores jovens (pré-pubertários - Traquinas A) a necessidade de recuperação não se verifica com a mesma importância dos escalões pós-pubertários (Juniores A), uma vez que o metabolismo das crianças é muito mais rápido, no sentido em que estas

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não acumulam ácido-láctico. Contudo considero importante contemplar a recuperação mental, causada pela complexidade da competição ou do treino, independentemente da idade destes, (Tamarit, 2013).

Em função do tipo de periodização realizada pelo treinador, o microciclo de treino apresenta diferentes dinâmicas. No meu caso organizei as ideias segundo a Periodização Tática (Juniores A), uma vez que principal objetivo residiu na inteligência de jogo (foco em ambos os escalões). Antes de apresentar algumas considerações acerca desta metodologia, não pretendo defender verdades absolutas; nem julgar outras visões do treino desportivo, mas apenas demonstrar a afinidade das minhas ideias a alguns princípios defendidos por esta.

Para evidenciar a Periodização Tática, o treinador deve ter uma ideia de jogo clara; definida; estruturada e coerente em todos os momentos de jogo, no qual deverá ser operacionalizada sob Princípios metodológicos nos quais:

 Princípio das Propensões

 Princípio da Progressão Complexa

 Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade

Estes Princípios Metodológicos devem ser entendidos através da sua interação, uma vez que entende-los de forma isolada “carecem de uma ajustada e coerente articulação de sentido, pois se encontram implicados de forma interactiva e interdependente dentro do mesmo processo, motivo pelo qual, isoladamente nada valem”, (Tamarit, 2013).

Portanto a Periodização Tática é formada, na sua matriz, por três Princípios Metodológicos cujos seus nomes são os referidos anteriormente. No entanto existe um Princípio dos Princípios intrínseco a todos eles, sendo este a ESPECÍCIDADE. É este que permite que toda a lógica desta visão metodológica seja sempre em constante relacionamento com o jogar da nossa equipa, (Tamarit, 2013). Na sistematização de todos os treinos, tive em conta este “Supraprincípio” como é designada pelos defensores desta, a Especificidade, no sentido de moldar todos os exercícios em função da melhoria da performance da equipa (foco sempre residiu na execução da ideia de jogo). Por outro lado esta pode ser entendida de forma a catalogar tipologias de exercícios de treino, tais como:

 Exercícios de Preparação Geral

Exercícios ESPECÍFICOS de Preparação Geral

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No entanto, para que haja Especificidade num exercício não é necessário apenas que este seja contextualizado com o modelo de jogo mas também é fulcral:

 Os jogadores entenderem os objetivos e as finalidades dos exercícios dentro do jogo.

 Os jogadores mantenham um elevado índice de concentração durante todo o exercício.

 O treinador deverá intervir de forma adequada perante as interações dos jogadores durante o exercício, (Tamarit, 2013).

Com isto, este “Supraprincípio” baseia-se na contextualização do jogo, sendo esta dominada pela vertente Tática, que no entanto é entendida de forma holística, mantendo todo o processo de treino fiel à natureza da competição a todos os níveis: Física; Técnica; Psicológica e Estratégica.

Por forma a justificar a organização da semana de treino, pretendo demonstrar a construção desta segundo esta Periodização. Esta possui uma lógica que é designada de morfociclo semanal (morfo: refere – se a formas que sustentam os princípios anteriormente citados), (Tamarit, 2013). Este é a estrutura organizacional do processo de treino, sendo igual desde o início ao fim da temporada, tendo variação apenas ao nível do contexto e das circunstâncias dos dias existentes entre jogos. Através deste é possível a adaptação que permite a expressão do jogar, jogo-a-jogo. Contudo quando se afirma que os morfociclos são idênticos na sua estrutura, não significa que o sejam também ao nível dos conteúdos de treino. É por essa razão que a Periodização Tática não contempla planeamentos anuais ou mensais uma vez que a emergência de novas interacções; problemas; soluções no modelo de jogo originam diferentes caminhos a percorrer.

Para a elaboração do Morfociclo é necessário contemplar:

 Princípios Metodológicos (Progressão Complexa; Propensões; Alternância Horizontal em Especificidade)

 Momento da Temporada

 Modelo de Jogo

 A prestação do último jogo

 Dias de Treino entre jogos

 Adversário seguinte (séniores/juniores), (Tamarit, 2013)

Portanto, um morfociclo com jogo de Domingo-a-Domingo é representado da seguinte forma:

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Figura 3 - Microciclo semanal - periodização tática

Como é fácil de constatar, a criação da semana de treino gera a necessidade de uma rotina concetual e metodológica. O objetivo centra-se na criação de “uma rotina sem cair na rotina” de forma a ter os jogadores 100% concentrados no treino. Segundo o mesmo autor “ Um aspecto essencial para a evolução da equipa e para não cair na rotina será a presença de competição no treino. Como disse Jorge “Trata-se de uma competição em especificidade, ou seja, que tem subjacente uma determinada matriz configuradora que é a intencionalidade da equipa””.

Na imagem anterior há uma identificação dos dias por cores, que são importantes para demonstrar a génese do microciclo planeado no sentido em que as três cores da imagem anterior referem-se a treinos com propósitos de aquisição de uma parte do nosso jogar:

Azul – Dominante em Subprincípios e Subsubprincípios, em Regime de Força

específica.

Verde-escuro – Dominante em Princípios e Subprincípios, em Regime de Resistência

específica.

Amarelo – Dominante em Subprincípios e Subsubprincípios, em Regime de

Velocidade específica.

Em suma o microciclo de treino manteve-se igual durante a época desportiva. No entanto ao nível do conteúdo (exercícios) era mutável em função do momento desportivo da equipa (prioridades; princípios a melhorar). É importante referir que estes pressupostos eram balizadores na periodização do treino do escalão de Juniores A.

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Por outro lado a semana de treino, no escalão de Traquinas A, foi organizado por pressupostos táticos (aprendizagem do jogo) e aquisição de um melhor reportório motor (relação com bola). Neste sentido a semana de treino apresenta-se da seguinte forma:

Segunda-Feira – Treino onde o objetivo centra-se nos princípios fundamentais

ofensivos/defensivos (plano individual) e os momentos de transição. Neste âmbito é proposto trabalhar a rápida mudança de atitude assim como a capacidade de jogar sob pressão. Ao nível dos constrangimentos espaço/número os exercícios albergam espaços reduzidos; poucos jogadores. É também importante referir que neste dia a tomada de decisão e a relação com bola eram exponenciados (mais contacto com a bola).

Terça-Feira – Treino onde o objetivo centra-se na organização coletiva

ofensiva/defensiva da equipa. Os exercícios são mais complexos, ao nível cognitivo, uma vez que visa a conjugação de todos os princípios fundamentais e o transfer destes para o jogo coletivo da equipa (plano macro). Ao nível dos constrangimentos espaço/número os exercícios albergam espaços grandes e muitos jogadores envolvidos.

Quinta-Feira – Treino cujo objetivo reside nos princípios fundamentais

ofensivos/defensivos, num contexto de finalização, e a introdução de momentos lúdicos (jogos pré-desportivos ou jogo-livre). Ao nível dos constrangimentos, os exercícios contêm espaços grandes com exercícios em que a dinâmica consistia em “ondas” de execução.

Sábado – Jogo – Momento de aplicar o que se treina.

No âmbito do escalão de Juniores A, a semana de treino tinha a seguinte dinâmica:

Domingo – Recuperação passiva, ou seja, folga.

Segunda-feira – Recuperação Ativa, onde o treino é direcionado para a recuperação dos jogadores ao nível fisiológico e mental. Neste dia os exercícios são de cariz lúdicos e jogos livres (torneios) de forma a não exigir demasiada concentração. No entanto estes devem permitir aos jogadores remover os metabolitos causados pela competição. Ao nível do binómio execução/recuperação é pretendido execuções curtas mas à máxima intensidade, com tempos de pausa superiores ao tempo de exercitação. É relevante ter em conta que nem todos os jogadores jogaram, o que nos leva à necessidade, neste dia, realizar dois grupos de trabalho. O grupo dos jogadores, que não jogaram, devem ser expostos a estímulos semelhantes aos do jogo.

Terça-Feira – Treino onde o objetivo centra-se nos princípios fundamentais

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trabalhar a rápida mudança de atitude assim como a capacidade de jogar sob pressão. Ao nível dos constrangimentos espaço/tempo/número os exercícios albergam espaços reduzidos; poucos jogadores e muito fracionados ao nível do binómio execução/recuperação. É também importante referir que ao nível fisiológico pretende-se incidir, com maior preponderância, na força (muito estorvo – paragens; mudanças de direção; chutos; duelos).

Quarta-Feira – Treino onde o objetivo centra-se na organização coletiva

ofensiva/defensiva da equipa. Os exercícios são mais complexos, ao nível cognitivo, uma vez que visa a conjugação de todos os princípios fundamentais e o transfer destes para o jogo coletivo da equipa (plano macro). Ao nível dos constrangimentos espaço/tempo/número os exercícios albergam espaços grandes; muitos jogadores envolvidos assim como tempos longos de execução (intervalos curtos – mas importantes para garantir frescura na tomada de decisão/concentração). No plano fisiológico, a capacidade motora prioritária é a resistência.

Quinta-Feira – Treino cujo objetivo reside nos princípios fundamentais

ofensivos/defensivos, num contexto de finalização, e a introdução de momentos lúdicos (jogos pré-desportivos ou jogo-livre). Ao nível dos constrangimentos, os exercícios contêm espaços grandes; com poucos jogadores envolvidos e, ao nível do binómio execução/recuperação, muito fracionados, no entanto esta é maior em relação à terça-feira (recuperação completa). No plano fisiológico é pretendido estimular mais a velocidade.

Sábado – Jogo – Momento de aplicar o que se treina.

A respeito dos treinos, devo afirmar que esta organização foi fundamental para balizar as ideias em prol dos objetivos principais de cada unidade de treino. No entanto o treino de quinta-feira, Traquinas A, nem sempre respeitou as diretrizes anteriormente referidas, uma vez que em muitos momentos senti a necessidade de aproveitar essa unidade de treino para trabalhar princípios em espaços reduzidos (mais frequência das ações pretendidas, maior probabilidade de contato com a bola) ou princípios em espaços grandes (organização coletiva), partindo do pressuposto da necessidade de recuperação das crianças não ter as mesmas implicações que nos adolescentes/adultos.

Por último, mas não menos importante, é a referência de que o músculo, aquando da execução do movimento, é caraterizado por três vertentes ao nível da contração muscular:

 Duração da contração muscular

 Tensão da contração muscular

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Estas caraterísticas manifestam-se ao mesmo tempo, não sendo possível o isolar de uma destas no exercício. O que o treinador pode fazer é o evidenciar uma “capacidade” em relação às outras através de constrangimentos espaço-temporais no exercício de treino, (Tamarit, 2013). Neste sentido a noção das vertentes da contração muscular e a forma de as exponenciar verificou-se importante no âmbito do escalão de Juniores A.

2.4.2 Unidade de Treino

Segundo Castelo (2009) [A] “As unidades de treino são constituídas por um conjunto de exercícios devidamente sistematizados e coordenados, por forma, a constituírem um processo metodológico unitário e global. Com efeito, os exercícios de treino devem permitir a unidade das actividades dos jogadores ou da equipa, evitando que a sessão não seja desvirtualizada em relação ao seu tema e objectivos a atingir”. Estas são compostas pelos seguintes princípios estruturais: 1. Duração do exercício 2. Forma da sessão  Individuais  Grupais  Sectoriais  Em equipa  Livres 3. Estrutura da sessão  Introdução  Preparação (aquecimento)

 Principal (essência da sessão de treino/trabalhar com base nos objetivos)  Final (retorno à calma), (Castelo, 2009) [A]

As sessões de treino, sistematizadas na presente época, foram estruturadas em três fases distintas:

1. Fase Inicial – Preparar o organismo para o exercício, sendo conhecido como

aquecimento. Neste período os exercícios podem também ser aquisitivos, de forma a aproveitar o tempo útil de treino.

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2. Fase Principal – Consiste na parte mais importante na unidade de treino, sendo o foco

o trabalho dos princípios delineados para a sessão em causa.

3. Fase Final – Consiste no retorno à calma, introduzindo um trabalho de alongamentos

de forma a facilitar a recuperação ou a prevenção de lesões (evitar o encurtamento das cadeias musculares). Contudo é importante referir que não é exclusivo, desta fase, este tipo de trabalho. Dependendo do dia do microciclo de treino, podem ser contemplados na fase principal do treino (sessão mais descontínua).

Esta designação, (inicial; principal; final), é justificada pelo volume que cada uma destas possui na unidade de treino, sendo a sua distribuição da seguinte forma:

 Preparação (fase inicial) - 15-30 minutos (15-20% do volume do treino)

 Principal (fase principal) - 60-80 minutos (50-70% do volume de treino)

 Final (fase final) - 10-15 minutos (10-15% do volume de treino), (Castelo, 2009) [A] Na época 2014/15 o tempo disponível de cada treino, no escalão de Traquinas A, era de 75 minutos no total, como tal planeava os exercícios tendo em conta este marco. Contudo tornou-se bastante difícil cumprir com os “planos de treino” delineados por motivos de incumprimentos dos horários dos jogadores (18:30 começa o treino; 18:20 prontos para treinar); por dificuldades de aprendizagem de determinados exercícios (alguns destes não estavam ajustados à realidade dos jogadores); por conflitos que surgem entre os jogadores; lesões assim como imprevistos originados pelas condições climatéricas. Posteriormente o plano de treino começou a ser elaborado para 60 minutos de treino, sendo este o tempo de desempenho motor. Os restantes 15 minutos foram reservados para os “tempos-mortos” pelos seguintes motivos:

 Correções; feedbacks; resolver conflitos; redefinir objetivos em função das dificuldades.

 Tempos de transição entre exercícios.

 Contemplar possíveis atrasos dos jogadores assim como aproveitamento para breves conversas com o grupo.

A respeito do tempo de transição, tive em consideração a coordenação entre exercícios (ordem cronológica destes) de forma a diminuir este. Para tal a noção do espaço de treino disponível foi fulcral.

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 Fase Inicial – 10 a 15 minutos.

 Fase Principal – 40 a 50 minutos.

 Fase Final – 5 minutos.

A mesma organização da unidade de treino se verificou para o escalão de Juniores A (estrutura e dinâmica), no entanto o tempo da sessão era de 90 minutos. Como tal o tempo planeado de treino era de 75 minutos, contemplando 15 minutos para possíveis imprevistos (anteriormente referidos).

Em suma a sessão de treino teve a seguinte distribuição: • Fase Inicial – 10 a 15 minutos.

• Fase Principal – 50 a 60 minutos. • Fase Final – 5 minutos.

2.4.3 Exercício de treino

Segundo Garganta (2001) “O jogo de Futebol é uma realidade complexa, na medida em que o jogador tem que, simultaneamente, relacionar-se com a bola e referenciar a sua posição no terreno de jogo, em relação à posição dos colegas, dos adversários e das balizas”. Sendo assim o exercício é a ferramenta principal do treinador no processo de treino e deve preparar, o melhor possível, os jogadores para as exigências do jogo de futebol. Estes podem ser catalogados consoante a sua natureza, da seguinte forma:

Exercícios de preparação geral - sem bola

Exercícios específicos de preparação geral - com bola

 Exercícios específicos de jogo (específicos de preparação), (Castelo, 2009) [A]

Os exercícios específicos de preparação consistem no foco principal, aquando da planificação da sessão de treino, sendo estes segundo Castelo (2009) [A]“ (…) conjunto de ideias, atitudes e comportamentos em direcção ao modelo de jogo preconizado pelo treinador, que direcciona e regulariza o trabalho individual e colectivo da equipa. Estabelecem-se assim, como meios de causa e de visionamento continuo e do futuro sempre em construção, na direcção do qual se pode utilizar diferentes caminhos, não os reduzindo a uma simples e única forma de trabalho”. Em suma, estes exercícios contemplam em si a especificidade da modalidade (presença da bola) e distinguem-se das anteriores categorias pela presença do

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objetivo do jogo de futebol, o golo, (Castelo, 2009) [A]. É também importante referir que, mais uma vez, a influência da Faculdade, que foi determinante na minha visão acerca da preferência pelos exercícios específicos de jogo. Numa das aulas lecionadas foi destacado que a preparação da equipa para as exigências do jogo dependem destes.

Contudo nem sempre os exercícios planificados, nesta época, tinham o objectivo do jogo, uma vez que a contextualização destes com as exigências e modelo jogo foram o foco principal, tentando congregar todos os momentos do jogo (do perder ao ganhar bola e vice-versa). Neste caso é importante referir que o trabalhar uma parte do nosso jogar, não significa que se esteja a descontextualizar, tendo como certo que todo o exercício alberga a natureza instável do jogo, sendo este apelidado da “inteireza inquebrantável”, (Tamarit, 2013). Segundo o mesmo autor “ (…) esta redução sem empobrecimento, ou seja, sem perda do padrão identificador da natureza da “coisa” será quantitativa, devido à existência de três variáveis: espaço, tempo e numero, (…) ”.

Ao longo da época todos os exercícios, em ambos os escalões, foram “criados” e como tal houve sempre um ponto de partida. Independentemente dos objetivos táticos a trabalhar, todos deveriam estimular a tomada de decisão dos jogadores, sendo o exercício a guiar estes, de preferência, sem intervenção (não fornecer a resposta). É neste pressuposto que o sucesso foi uma realidade na presente época, tornando os jogadores mais adaptáveis às exigências de cada jogo (evitar a padronização ou a mecanização). O motivo pelo qual defendo esta visão advém dos ensinamentos dos docentes do meu percurso académico, incutindo uma filosofia centrada no trabalho da inteligência do jogo e na tomada de decisão, sem nunca descurar a importância de um vasto “background” motor. Neste âmbito surge Wein (2004) defendendo que a partir dos 8 anos o treinador deve evitar fornecer informações aos jogadores para que estes possam responder, por si próprios, aos estímulos do contexto. Com isto, o mesmo autor defende que se estabelece uma aprendizagem, por tentativa – erro, que favorece o aumento da inteligência de jogo pela necessidade dos jogadores se adaptarem ao meio (exercício - jogo). Segundo Araújo (2005) “O futebol é predominantemente um jogo de julgamentos e de decisões tomadas numa dinâmica relacional coletiva. As decisões e as ações são portanto funcionais, uma vez que estão inerentes à resolução de tarefas, e significativas, pois informam, quer os adversários, quer os colegas com vista ao cumprimento dos objetivos da própria equipa”. O jogo de futebol é predominantemente um contexto de julgamentos e de decisões tomadas numa dinâmica relacional coletiva (Júlio & Araújo, 2005). Na mesma linha de pensamento surge ideologias que se baseiam na construção do conhecimento deste jogo a partir de

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perspetivas que se focalizem na sua lógica interna ou natureza do jogo (Castelo, 1992; Teodorescu, 1977).

Com isto, a tomada de decisão é fulcral e pode ser entendida segundo duas abordagens, sendo estas:

 Teoria Cognitivista clássica – Segundo Passos et. al (2006) “(…) de acordo com as teorias do processamento de informação, a acção coordenada de determinado gesto técnico assenta numa relação entre estímulo-resposta, previamente definida e armazenada em memória. Pelos pressupostos da abordagem cognitivista o treino deve assentar na construção de representações mentais que sustentem a relação entre estímulo e resposta. Para tal, o treinador deve descrever ao atleta com base num modelo ideal de execução quais as principais componentes críticas de uma tarefa (…) uma vez que se considera que este tipo de instrução contribui para o desenvolvimento do conhecimento cognitivo a partir do qual as capacidades perceptivas se desenvolvem (...) Deste modo, a demonstração, a instrução e a informação de retorno utilizadas de forma prescritiva sobre as execuções, são fundamentais (…) Isto porque é necessário incentivar os atletas a pensarem como executam os movimentos prescritos, comparando o seu desempenho e o referido modelo ideal, de forma a tomarem as decisões consideradas como ideais e só depois agirem”.

 Abordagem Ecológica – Segundo Passos et. al (2006). “ A abordagem ecológica (…) assume um pressuposto de que existe uma relação mútua e recíproca entre sujeito e envolvimento (…) A percepção e a acção estabelecem uma relação directa e cíclica visto que são actividades mutuamente interdependentes, não podendo ser estudadas separadamente”. Esta abordagem está intimamente relacionada com a teoria dos sistemas dinâmicos, que na opinião de Garganta (2005, 2006) e Júlio & Araújo (2005), se enquadra o jogo de Futebol uma vez que as equipas comportam-se como tal. Segundo Araújo et. al. (2005) “Talvez por isso seja importante considerar o jogo de futebol como um sistema dinâmico onde decorrem distintos padrões de ação, os quais são diferentes do comportamento individual de cada jogador considerado”

Independentemente da forma como os jogadores executam os gestos técnicos (passe; remate; desarme; etc.), pretende-se que estes resolvam, com sucesso, os problemas que o jogo lhes colocam. Na opinião de Manuel Sérgio (2009) a motricidade humana (estudo dos movimentos – decisão e execução das ações) se corporiza em atos (ou ações), sendo que o ser humano só o é enquanto ser com ato. Com isto é proposto formar jogadores que sejam pró-ativos, ou seja, que consigam interpretar os estímulos que o jogo oferece, respondendo a estes

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com sucesso. Segundo Casanova (2012) “(…) perceptual-cognitive skills from elite players are more refined, compared with non-elite players (…)”. A citação anterior afirma que a capacidade percetiva e cognitiva, dos jogadores de elite, são mais refinadas em comparação com os restantes, como tal é fulcral estimular os jogadores, desde cedo, a analisar o contexto e decidir em prol deste. Portanto é importante valorizar as capacidades relacionadas com as estratégias cognitivas que orientam o processo da análise dos estímulos e a respetiva tomada de decisão, (Garganta, 2005).

Segundo Passos et. al. (2006) “toda a informação necessária para a acção está disponível no envolvimento e é percepcionada directamente pelo atleta, tendo este com a sua acção uma influência directa na alteração da informação presente no envolvimento. Ou seja, percepcionamos a informação presente no contexto para decidirmos e agirmos, e com a nossa acção alteramos a informação do contexto para continuarmos a decidir e a agir e assim sucessivamente.” Na mesma frequência de pensamento Araújo (2005) refere que o processo de tomada de decisão ocorre pela exploração do ambiente e pela deteção de possibilidade de ação em função das caraterísticas do próprio indivíduo.

Toda a ação só é válida se for pertinente, portanto todos os exercícios de treino foram criados tendo em conta os gestos técnicos, mas apenas como conteúdo não como um fim em si mesmo. A aquisição de um determinado princípio de jogo consiste na meta a atingir, partindo da ideia que os jogadores recorrem a skills técnicos para obterem sucesso, reforçando a ideia de Mahlo, (1969) onde a exploração dos contextos pelos jogadores se verifica fundamental por forma a resolverem problemas que o jogo exige, a cada momento.

Reconhecer a importância de aprimorar os gestos técnicos é fulcral, no entanto os constrangimentos espaço/tempo/número são preponderantes para o aumento da ocorrência destes (jogos reduzidos). Por exemplo, a melhoria é dos gestos técnicos passe/receção é viável, criando exercícios onde, por exemplo, os princípios de jogo ofensivo sejam o foco. Contudo ao reduzir o espaço de jogo aliado a um número reduzido de intervenientes promove-se o aumento da frequência dos gestos técnicos do passe/receção, por jogador. No meu ponto de vista esta é a via mais adequada ao invés da preferência por exercícios descontextualizados (subcategoria dos exercícios específicos de preparação geral), cuja sua génese não contempla as diferentes realidades situacionais que o jogo de futebol em si encerra, (Castelo, 2009). O importante não é a forma como o jogador contacta a bola com o pé, aquando do passe, mas sim se este chega em condições de ser rececionado, com sucesso, pelo colega. Tal ideia é reforçada pela opinião de Garganta (1998) defendendo que o êxito

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final, de cada ação individual ou coletiva, é determinado pela adequação às circunstâncias do momento.

Em suma toda a ação só é válida se responder com sucesso às exigências da competição, sendo importante todos os exercícios simularem a instabilidade contextual desta (alternância entre os momentos do jogo – do ter ao perder bola e vice-versa). Segundo Passos et. al (2006) “(…) determinados modelos de execução poderão estar desajustados para certas situações que o jogo impõe, visto que os desempenhos com sucesso não se caracterizam por movimentos utilizados de forma estereotipada, mas sim pela sua adequação física e temporal a cada situação, por exemplo, um jogador que toma a decisão de fazer uma finta ao seu defesa, só continuará com essa acção caso a informação que lhe chega da acção do defesa lhe permita continuar a sua finta com sucesso, caso contrário pode perder a posse de bola”. Portanto os jogadores precisam de desenvolver a capacidade de “ler o jogo” de forma a decifrar caminhos para a resolução dos estímulos que o meio apresenta, (Araújo, 2009).

Em forma de conclusão do subcapítulo, exercício de treino, não é pretendido afirmar que a teoria cognitivista seja errada, uma vez que um vasto reportório motor se verifica como fundamental para um jogador ser influente (maior capacidade de resposta perante os estímulos do contexto). Apenas é defendido que, em caso de definir prioridades, o trabalhar o entendimento do jogo surge como prioridade. Esta situação verificou-se na presente época, com todos os treinos a incidirem sistematicamente na aquisição de princípios táticos, tendo contemplado a técnica como conteúdo (Treino holístico). Segundo Passos et. al. (2006) “constatou-se que o grupo da abordagem ecológica, em que o treino assenta numa manipulação dos constrangimentos, é aquele que apresentou durante mais tempo e com maior frequência desempenhos próximos do seu melhor. Conduzir o treino para a procura dos modelos ideais de execução, leva a que os atletas tenham maiores oscilações entre bons e maus desempenhos”.

O motivo da definição de prioridades advém não só pela tendência pessoal pela estimulação da inteligência de jogo, mas também pelos seguintes constrangimentos (Traquinas A):

 Equipa técnica constituída apenas por mim.

 ¼ Campo de futebol disponível para treinar.

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 Necessidade de gerir bem o material de auxílio ao treino por forma a nenhum escalão ficar prejudicado.

 Presença da competição – necessidade de ensinar a equipa a jogar e a ganhar (o contexto que nos envolve assim nos exige)

Por último, a afinidade à Periodização Tática verifica-se como justificação da primazia pela tomada de decisão, através do princípio metodológico das Propensões. Este visa a criação de contextos que guiem os jogadores a realizar as tarefas, tendo em foco a não formatação destes para ser o contexto o “guia” ao invés do treinador (tendo em conta que este domina o exercício - constrangimentos). Segundo Tamarit (2013) “Como o professor Vítor Frade havia referido, trata-se de criar o contexto e não os comportamentos”.

Em forma de conclusão, o desenvolvimento da tomada de decisão, segundo Duarte Araújo (2009), contempla a exploração dos graus de liberdade; o jogador descobrir soluções e estabilizá-las e posteriormente o potenciar dos graus de liberdade.

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III - O Clube – Lusitânia Futebol Clube de Lourosa

Em primeiro lugar devo referir que a oportunidade de treinar num dos clubes mais emblemáticos, do Distrito de Aveiro, revelou-se como fundamental no crescimento enquanto treinador de futebol.

O clube é designado por “Lourosa”, nome da cidade, mas o seu nome enquanto organização desportiva, é Lusitânia Futebol Clube de Lourosa. Este milita no Campeonato Nacional de Séniores sendo um dos patamares mais elevados que o clube alcançou, embora no passado tenha jogado na antiga “Segunda B”. Fundado em 24-04-1924, o clube possui um campo principal e um campo de treinos, sendo ambos em locais distintos. O “estádio” situa-se no centro da cidade cujas condições são agradáveis, sendo estas:

 Departamento técnico (balneário dos treinadores)

 Balneários (sendo o destinado à equipa da casa muito bem equipado: plasma; quadro-tático; chuveiros e cacifos novos; sauna; jacuzzi)

 Departamento médico (macas; frigorifico; móvel de arrumos para medicamentos e materiais clínicos; aparelho de ultrassons; etc.)

 Lavandaria (maquinas de lavar; sala de secagem de peças de roupa; arrumos para equipamentos)

 Arrecadação (material desportivo a utilizar pelos treinadores: Cones; sinalizadores; escadas de coordenação; jogos de coletes; varetas; bolas; 4 mini-balizas)

 Ginásio (local pequeno cujo o material disponível consiste numa bicicleta; passadeira; maquina multifunções; barra olímpica; dois halteres de colocar peso; banco de supino; banco de abdominais).

No que toca à capacidade do campo principal, este alberga 12000 pessoas e o relvado possui as medidas de 101metros x 67metros. A figura 2 mostra o campo e as respectivas bancadas.

Imagem

Figura 1 - Fatores condicionantes do jogo (Maçãs, 2006)
Figura 2 - Pirâmide Coerver
Figura 3 - Microciclo semanal - periodização tática
Figura 4 - Campo principal da equipa
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Referências

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