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Sistema tático e métodos de jogo a implantar

Após a definição dos objetivos, tive em conta que todo o processo de treino deveria incidir nas minhas crenças em conjunto com estes, por forma a criar uma ideia de jogo. Esta verifica- se determinante na organização de uma equipa de futebol, uma vez que se souber claramente como quero que a equipa jogue e quais os comportamentos que desejo dos jogadores, no plano individual e coletivo, o processo de treino será mais facilmente estruturado, organizado, realizado e controlado. Sendo assim verifica-se determinante fazer um esforço de sistematização mental das ideias de forma a definir um modelo de jogo.

Um outro aspeto relevante na organização de uma equipa de futebol são os jogadores, visto que é importante o treinador ter o conhecimento que estes possuem ao nível do conhecimento do jogo, assim como, as capacidades e as caraterísticas específicas de cada um, (Oliveira, 2003).

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Ao analisar a figura anterior, é também percetível que a definição de um sistema-táctico é fundamental (organização estrutural e funcional) assim como a noção de que o jogo se rege por princípios associados aos momentos do jogo. Estes são quatro e podem ser definidos como:

 Ataque  Defesa

 Transição Ofensiva (defesa/ataque)  Transição Defensiva (ataque/defesa)

Em função dos dois “grandes momentos”, Ataque e Defesa, é fulcral a definição de métodos de jogo em prol da definição de princípios que balizam o jogar da equipa. Segundo Castelo (2009) [B] “ Todo o trabalho colectivo desenvolvido por uma equipa, deve obedecer a uma lógica que, é expressão da sua forma de jogar. Esta lógica estabelece o modo, o grau de colaboração (cooperação) e, a coordenação entre as diferentes missões tácticas atribuídas a cada jogador (…), A natureza de qualquer método de jogo, no domínio ofensivo ou defensivo, deriva (…) promoção de princípios directores e orientadores …”. Por outras palavras, os métodos de jogo podem ser definidos como um conjunto de ações individuais e coletivas para imprimir ao jogo de equipa coerência na movimentação, sendo estes de dois tipos, ofensivos e defensivos.

Antes de referir quais os métodos por mim definidos, é importante indicar quantos existem, sendo estes:

 Ofensivos – Ataque Organizado; Ataque-Rápido; Contra-Ataque

 Defensivos – Zona; Zona Pressionante; Homem-a-Homem; Individual; Mista (Castelo, 2009) [B]

Na presente época defini como sistema-tático o 1-2-3-1, sendo estre traduzido da seguinte forma: um guarda-redes; dois defesas centrais; um médio centro; um médio esquerdo; um médio direito e um ponta-de-lança.

Devo afirmar, que nesta minha decisão, o processo de aprendizagem da universidade se verificou fundamental ao fazer refletir numa questão abordada numa das aulas. Foi também determinante o facto de todos os escalões da formação e os Seniores do “Lourosa” jogarem num sistema de 1-4-3-3, uma vez que no futebol de 11 ao retirar a linha da defesa (4 defesas),

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obtemos uma linha de três médios e três avançados que são representados, no futebol de 7, pelos 6 jogadores de campo no sistema 1-2-3-1.

Figura 6 - Sistema tático Traquinas A

Quanto aos métodos de jogo, tendo em conta o objetivo proposto pelo coordenador, defini:

 Ataque – Ataque Organizado: Segundo as aulas por mim vivenciadas, no âmbito da pedagogia/didática, é vital criar palavras-chave de forma a facilitar o entendimento das minhas ideias assim como a correção dos jogadores no treino/jogo. Com isto, aquando da posse da bola, defini como princípios:

 Circular bola pelo espaço livre  Ocupar 3 corredores (abrir/espaço)

 Sem oposição procurar baliza (avança/penetração)  Procurar receber bola (ajudas/coberturas ofensivas)  Movimento constante (movimento/mobilidade)

 Defesa – Zona Pressionante: Quando não temos bola, defini como princípios:  Querer bola (atacar a bola/pressão)

 Ocupar 2 corredores (fechar/aglomeração)

 Dar sempre uma ajuda a quem ataca a bola (ajuda;/cobertura defensiva)

 Estabelecer um sistema de coberturas (desalinhar/cobertura defensiva e equilíbrio) Nos momentos entre o ter ou não ter bola, designados de Transições, a linguagem foi a seguinte:

Transição Ofensiva – Salvar Bola: Consiste na ideia de, ao recuperar a bola, assegurar que esta fique em posse da equipa. Com isto pretendo que a equipa realize os primeiros

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passes, tirando a bola da pressão adversária, evitando assim pontapés precipitados ou cortes para fora (bola fica no adversário).

Transição Defensiva – Reage: Com esta expressão pretendo que os jogadores entendam que, ao perder bola, é necessário reagir de forma rápida e agressiva. A reação à perda deve ser entendida como forma a criar uma pressão coletiva, tendo em conta que se deve “dar ajuda a quem ataca a bola” (princípio no momento defensivo).

As palavras realçadas anteriormente referem-se aos princípios/palavras-chaves utilizados por mim, nos treinos e jogos, como forma de corrigir os jogadores nesses momentos. Contudo, por forma a justificar cientificamente o seguinte trabalho, é importante referir que os princípios, anteriormente referenciados, são designados de fundamentais. Segundo Teoldo et. al. (2009) “os princípios fundamentais representam um conjunto de regras de base que orientam as ações dos jogadores e da equipe nas duas fases do jogo (defesa e ataque), com o objetivo de criar desequilíbrios na organização da equipe adversária, estabilizar a organização da própria equipe e propiciar aos jogadores uma intervenção ajustada no centro de jogo”.

Com isto pode-se definir como princípios fundamentais do processo ofensivo: 1. Penetração

2. Cobertura ofensiva 3. Espaço

4. Mobilidade (Teoldo et. al, 2009)

Por outro lado, define-se os princípios fundamentais do processo defensivo: 1. Contenção

2. Cobertura defensiva 3. Equilíbrio

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V - Competição

No início da época, foi definido os objetivos a atingir assim como a organização estrutural da equipa, em função do contexto onde operaria. Este processo só faz sentido enquadrado num ambiente competitivo, sendo assim importante caraterizar o campeonato distrital de Aveiro no escalão de traquinas A.

Este campeonato, composto por jogos aos Sábados às 11.30, é dividido em 8 grupos de 10 equipas cada um, sendo disputadas 2 voltas (dois jogos entre as equipas), respeitando uma ordem previamente sorteada. Após esta 1ª fase (2 rondas de jogos) há o apuramento das equipas que disputam o título de campeã distrital, sendo estas os primeiros lugares de cada grupo e os dois melhores segundos lugares (definidos pela pontuação obtida). Por outro lado, as equipas que não conseguem a entrada no grupo “premium” (grupo de disputa do campeão), são agrupadas novamente, em função das classificações que obtiveram, no sentido de criar grupos onde o grau de dificuldade seja ajustado à realidade das equipas em confronto. Este processo verifica-se importante no sentido de exponenciar a aprendizagem/evolução dos jogadores, uma vez que as equipas que vencem por margens muito elevadas, assim como as que perdem por essas mesmas, não adquirem estímulos relevantes em prol do desenvolvimento dos atletas e da equipa em si.

Sendo assim, as seguintes tabelas demonstram os jogos oficiais realizados, assim como as estatísticas ao nível dos golos da equipa.

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Tabela 1 – Jogos oficiais da 1ª fase

Tabela 2 – Jogos oficiais da 2ª fase

No entanto ao longo da época não houve apenas campeonato, mas também torneios e jogos marcados contra algumas equipas. Neste sentido é que a seguinte imagem aparece, por forma a demonstrar os jogos não oficiais (não pertencem ao campeonato) e a respetiva estatística ao nível dos golos.

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Tabela 3 – Jogos amigáveis da pré-época

Tabela 4 – Jogos amigáveis do período competitivo

A competição foi encarada de uma forma mais séria com o regulamento, dentro do próprio escalão, designado de Liga dos Campeões Lourosa Traquinas A. Este surgiu como forma de aumentar o foco, nos jogadores, em serem melhores a cada semana que passa, no sentido de incentivar não só as ações técnicas, assim como a ética desportiva (comportamento; esforço; respeito; etc.). Devo afirmar que houve momentos onde tive de suspender este regulamento, uma vez que os jogadores começaram a evidenciar um comportamento muito egocêntrico que começou a prejudicar o desempenho destes.

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Tabela 5 – Liga dos campeões Traquinas A

O grande objetivo desta “liga dos campeões” residiu na orientação, dos jogadores, para a tarefa de forma a promover uma motivação intrínseca. Segundo Roberts (1992) “A motivação refere-se aos factores da personalidade, variáveis sociais e/ou cognições que entram em jogo quando o indivíduo se ocupa ou compromete com uma tarefa na qual vai ser avaliado, entra em competição ou tenta atingir níveis de excelência”. Ao tentar atingir níveis de excelência, é necessário os jogadores se sintam competentes e dignos, sendo estes os principais sentimentos para gerar motivação (Harter, 1988). A motivação pode ser definida, quanto à sua origem, em intrínseca e extrínseca, associadas à satisfação pessoal; divertimento e à aprovação social; recompensas respetivamente (Deci e Ryan, 1985).

Em suma a época, ao nível de resultados, foi bastante positiva, no entanto o enfâse não reside apenas nesta vertente uma vez que a performance evidenciada de jogo para jogo consistiu na maior satisfação para mim.

No escalão de Juniores A o foco é diferente, uma vez que a vitória consistiu no principal objetivo, no entanto o rendimento era importante na medida em que, na minha opinião, as equipas que jogam bom futebol estão sempre mais perto do sucesso desportivo.

O Campeonato Nacional de Juniores, 2ª Divisão, é dividido em 5 grupos de 10 equipas, onde estas disputam, entre si, duas voltas de jogos segundo uma ordem previamente sorteada. Ao fim destas é realizada uma filtragem de cada grupo de forma a organizar a competição em duas fases: Fase de promoção e Fase de Manutenção. Como tal os 2 primeiros de cada grupo ingressam na fase de promoção e os restantes são organizados pelos mesmos grupos iniciais na tentativa de conseguir a manutenção (8 equipas cada um). As equipas que disputam a

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subida são agrupadas em dois grupos, tendo em conta a sua localização geográfica, designados de Fase Promoção Norte e Fase Promoção Sul. Para ser definido o campeão deste campeonato são realizados dois jogos entre os primeiros lugares dos grupos de promoção. No extremo oposto surge as equipas descem de divisão que são as duas últimas dos grupos de manutenção e o pior 6 lugar (8 equipas cada grupo) de todos estes.

Aquando do ingresso na equipa de Juniores, o principal objetivo consistiu na manutenção do clube, que se encontrava nos lugares de descida, contudo com o decorrer da época o sucesso foi uma realidade.

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Figura 8 - Resultados Juniores 2ª Fase

Figura 9 - Classificação Juniores 1ª Fase

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VI - Controlo do Treino

No presente capítulo será retratado o controlo da época 2014/15 do escalão de Traquinas (onde era o Treinador Principal), cuja sua função consiste na consciencialização do processo de treino fornecido aos jogadores. Aquando de uma abordagem desta natureza é esperado quantificar volumes de trabalho (dimensão física), no entanto a intenção centra-se no controlo do treino, em prol da melhoria da qualidade do jogo da equipa. Para tal este capítulo encontra- se compartimentado pelos seguintes parâmetros:

 Tempos de empenho motor – por mês

 Tempos de empenho motor – por tipologia dos exercícios (segundo Castelo, 2009) [A]  Tempos de empenho motor – Objetivos táticos

 Tempos de jogo por jogador/Presenças aos treinos  Estatística Coletiva/Individual – Golos e Assistências

Todo o plano de treino, por mais elaborado que seja, só tem validade se for praticável, ou seja, estes devem ser passiveis de serem aplicáveis na íntegra. Com isto pretendo afirmar que, ao nível do controlo, a grande preocupação consistiu em cumprir com o plano de forma a fornecer o máximo de tempo de empenhamento motor aos jogadores. Na minha opinião este pormenor é imprescindível para que haja uma evolução no jogo destes, no entanto é igualmente importante quantificar o tipo de trabalho que administramos de forma a poder exigir, dos jogadores, melhores performances em competição (treinar como se joga = jogar como se treina).

Antes de começar a demonstração dos dados, devo informar que a recolha dos destes respeitou a seguinte dinâmica:

1. Anotação dos dados no treino/jogo (folha; bloco de notas) 2. Registo da informação, posteriormente para uma folha Excel

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