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Modelo de referência para análise de livro didático: contribuições para uma descolonização didática no ensino

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO,

FILOSOFIA E HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS

AMANDA LISBOA MORENO PIRES

MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

:

CONTRIBUIÇÕES PARA UMA DESCOLONIZAÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO

Salvador

2019

(2)

AMANDA LISBOA MORENO PIRES

MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO:

CONTRIBUIÇÕES PARA UMA DESCOLONIZAÇÃO DIDÁTICA NO

ENSINO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia,

como requisito à obtenção do título de Mestre em

Ensino Filosofia e História das Ciências. Linha de

Pesquisa Ensino de Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Márcio Santos Farias

Salvador

2019

(3)

AMANDA LISBOA MORENO PIRES

MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

:

CONTRIBUIÇÕES PARA UMA DESCOLONIZAÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO

BANCA EXAMINADORA

ORIENTADOR: ______________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Márcio Santos Farias

Instituto de Humanidades, Arte e Ciências Prof. Milton Santos – UFBA

MEMBRO INTERNO:__________________________________________________

Profa. Dra. Barbara Carine Soares Pinheiro

Faculdade de Educação – UFBA

MEMBRO EXTERNO:__________________________________________________

Profa. Dra. Irani Parolin Sant’Ana

Universidade Estadual do Sudoeste – UESB/BA

MEMBRO EXTERNO:__________________________________________________

Prof. Dr. José Vieira do Nascimento Júnior

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

MEMBRO EXTERNO:__________________________________________________

Profa. Dra. Marilena Bittar

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS

MEMBRO EXTERNO:__________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Luís de Souza Barros

(4)
(5)

Dedico este trabalho a minha família, minha mãe Maria

Auxiliadora Lisboa Moreno, fonte de inspiração da minha

vida. Dedico também ao meu esposo Victor Cardoso Freire,

sempre ao meu lado, parceiro de todas as horas. Amo vocês!

(6)

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, a Deus pelo dom da vida e por ter guiado meus passos, saúdo especialmente

a todos aqueles a quem dou testemunho de respeito, admiração e agradecimento sincero.

Sei que sozinha não conseguiria chegar a lugar algum, e não posso deixar de registrar

pessoas e instituições que me permitiram chegar até aqui.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Márcio Santos Farias que acreditou em mim, me mostrou o

caminho da pesquisa. Sua postura comprometida e determinada é exemplo que levarei para

sempre na minha trajetória pessoal e profissional. A jornada foi de amadurecimento,

aprendizado e partilha, pois tive ao meu lado um professor de qualidades infinitas, senso

crítico apurado e grande sabedoria em lidar com as diversas etapas da pesquisa, dando-me

o esteio necessário em todos os momentos.

Agradeço ao Professor José Vieira, a Márcia, Anete, Abel, Eliane, Cecília, Edmo, Doumbia,

Sueli, Osnildo, Rita, Jany e demais amigos do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino e

Didática das Ciências, Matemática e Tecnologias – NIPEDICMT/UFBA.

À Profª. Drª. Bárbara Carine Soares Pinheiro, que é uma verdadeira inspiração, um ser

humano ímpar que além de todas as contribuições acadêmicas se abriu para uma relação

de amizade para além da disciplina “Descolonização de saberes: contribuições da ciência

africana e afrodiaspórica”.

Agradeço também aos professores André Luis Mattedi Dias e Charbel Niño El-Hani; às

professoras Andréia Oliveira e Michele Artaud pelos ensinamentos e crescimento que pude

obter nas disciplinas cursadas.

À amiga Rosiléia Santana pelo trabalho pioneiro que abriu portas e permitiu a existência

deste trabalho, pela disponibilidade e também pelas parcerias.

A amiga especial Bartira Fernandes Teixeira, primeira pessoa que me tirou da solidão,

afastou meu medo e me deu as mãos no programa, se mostrou uma parceira incrível que

com sua inteligência e proatividade me ajudou de diversas formas, não só academicamente.

A Maisa Tavares Silva pelo companheirismo e amizade, também a Silná Cardoso e Daiana

Figueiredo que foram essenciais para ajudar a enfrentar as disciplinas. Bem como a todos

os queridos colegas do curso de pós-graduação do PPGEFHC pelas ricas experiências

partilhadas, ao longo desses dois anos de muita luta.

(7)

Agradeço à Lorena Drummond, amiga que me socorreu com o Excel, me ajudando a

formatar todas as tabelas e chegar aos dados que construíram esse trabalho.

Agradeço às amigas que me ajudaram a desopilar e superar os momentos mais

estressantes, em especial, Beatriz, Hanna, Gabriela, Halinna, Maiana, Monique Pistolato,

Bárbara, Monique Costa e Geisa.

A Kelly Leal, psicóloga que me ajudou muito a conseguir superar cada etapa e controlar a

ansiedade.

Agradeço ao Prof. Luciano Figueiredo que me apoiou e possibilitou esse percurso.

À equipe do Centro de Atendimento a Graduação (CEAPG) do Programa de

Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC) - UFBA/UEFS: a todos,

o meu muito obrigado pela maneira atenciosa com que fui tratada durante esse período.

À FAPESB, pelo apoio financeiro indispensável e necessário para a realização da

pesquisa.

Por último, mas não menos importante agradeço a minha família. Sem ela nada seria

possível.

Assim começo agradecendo a minha mãe, Profª. Drª. Maria Auxiliadora Lisboa Moreno

Pires, a maior inspiração da minha vida. Agradeço por conter meu nervosismo. Agradeço

por guiar meus passos, me proteger, me incentivar, agradeço pela orientação acadêmica e

pela orientação na vida.

Agradeço ao meu marido, Victor Cardoso Freire, que sempre esteve do meu lado

acreditando mais em mim do que eu mesma, me apoiando nos momentos de angústia e

compartilhando as vitórias, me dando a segurança que eu precisava para trilhar esse

caminho.

Agradeço ao meu sogro, Prof. Dr. Alberto Freire, pelo incentivo, apoio e compartilhamento

de textos e livros que me ajudaram a construir esse trabalho.

Meus familiares: meu pai, Júlio, minha avó, Maria, minha tia Luciene, minha sogra Maria

Luiza, e demais familiares que participaram de cada linha escrita desta dissertação por meio

de suas orações e palavras de incentivo.

A todas as pessoas queridas, que participaram direta ou indiretamente da elaboração desta

dissertação pela contribuição, compreensão e confiança um muito obrigado pelo carinho.

Sem a ajuda de vocês, tudo seria muito mais difícil.

(8)

RESUMO

O objetivo principal desta investigação foi construir um modelo de referência para

análise de livros didáticos, utilizando-o em uma análise de livros didáticos do 6º ano,

do Ensino Fundamental, na tentativa de evidenciar possíveis mudanças ocorridas

nesses livros em função das Leis 10.639/03 e 11.645/08. O estudo buscou

igualmente refletir sobre o papel dos conteúdos referentes à história e à cultura

afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros no processo de descolonização didática

e, consequentemente, na construção da sociedade brasileira no que se refere aos

afrodescendentes e índios, no contexto dos estudantes e seus professores diante da

discriminação racial e do cumprimento das referidas leis nas unidades escolares em

Salvador. A metodologia utilizada na pesquisa foi do tipo qualitativa, visto que se

baseou em princípios epistemológicos que se fundamentam em um quadro teórico

constituído, principalmente, pelas contribuições formuladas por Chevallard (2007), a

partir das contribuições da Teoria Antropológica do Didático (TAD), através da

dialética mídia-meio e dos estudos sobre a Descolonização Didática desenvolvidos

por Silva (2017). Realizaram-se, portanto, as análises com suporte nas ferramentas

oferecidas por essas duas frentes teóricas, com foco nos livros didáticos dos

componentes curriculares do 6º Ano do Ensino Fundamental. Os resultados da

pesquisa foram sistematizados a partir da elaboração e do uso de um modelo

analítico, o qual vem revelando a necessidade de um modelo de análise de livro

didático que possa identificar o que preconizam as Leis 10639/2003 e 11.645/08

para além de suas premissas. Atrelado a isso, a pesquisa revela um vazio

institucional no que se refere à aplicação das leis, o que acarreta dificuldades,

tensões e problemas para os/as estudantes e professores/as no dia a dia das

escolas.

Palavras-chave: Análise de livros didáticos. Leis 10639/03 e 11.645/08. Teoria

Antropológica do Didático. Dialética Mídia-Meio.

(9)

ABSTRACT

The objective of this research was to construct a reference model for the analysis of

didactical textbooks, using the same one in an analysis of textbooks of the 6th grade,

of the Elementary School, in an attempt to highlight possible changes occurred in

these books according to Laws 10.639/03 and 11.645/08. The study also sought to

reflect on the role of contents related to Afro-Brazilian history and culture and

Brazilian indigenous peoples in the process of didactic decolonization, and

consequently in the construction of Brazilian society with regard to Afro-descendants

and Indians, in the context of students and their teachers in face of racial

discrimination and compliance with these laws at school units in Salvador. The

methodology used in the research was qualitative, based on epistemological

principles based on a theoretical framework constituted mainly by contributions

formulated by Chevallard (2007) based on the contributions of the Anthropological

Theory of the Didactic (ATD) through the Media-middle Dialectic and the studies on

the Didactic Decolonization developed by Silva (2017). Therefore, the analyzes

supported by the tools offered by these two theoretical fronts, focusing on the

didactic books of the curricular components of the 6th Year of Elementary School.

The results of the research were systematized based on the elaboration and use of

an analytical model, which has revealed the need for a didactical textbook analysis

model that can identify what is recommended in Laws 10639/2003 and 11.645/08 in

addition to its premises. Linked to this, the research reveals an institutional vacuum

regarding the application of the laws which entails difficulties, tensions and problems

for students and teachers in the day to day of schools.

Key-words:

Analysis of didactical textbooks. Laws 10.639/03 and 11.645/08.

Anthropological Theory of Didactics, Media-Middle Dialectics.

(10)

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO

14

1.1

PROBLEMA

16

1.2

OBJETIVOS

18

1.2.1 Objetivo Geral

18

1.2.2 Objetivos Específicos

19

1.3

QUESTÕES NORTEADORAS

19

1.4

JUSTIFICATIVA

19

1.5

CONTEXTO DA PESQUISA

22

1.6

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

23

2

UMA ABORDAGEM SOBRE ELEMENTOS HISTÓRICOS

EPISTEMOLÓGICOS DO LIVRO DIDÁTICO

25

3

SOBRE A DESCOLONIZAÇÃO DIDÁTICA

36

3.1

SOBRE A LEGISLAÇÃO

45

4

REFERENCIAL TEÓRICO

60

4.1

O PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO E DO MATERIAL DIDÁTICO

62

4.1.1 Sobre a natureza, processo e detalhamento da avaliação do PNLD

75

4.2

A AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO EM PERSPECTIVA

93

4.3

SOBRE A TEORIA ANTROPOLÓGICA DA DIDÁTICA E A DIALÉTICA

MÍDIA MEIO

98

5

METODOLOGIA

106

5.1

TRAJETÓRIA E CAMINHOS DA PESQUISA

107

5.2

CONSTRUÇÃO DOS DADOS

108

5.3

ELEMENTOS PARA O MODELO DE REFERÊNCIA

109

6

SISTEMATIZAÇÃO DO MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE

DE LIVRO DIDÁTICO

120

6.1

MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS

121

6.1.1 Do modelo MRALD para análise de LD

127

6.1.2 Estrutura do modelo MRALD

(11)

6.2

PARÂMETROS PARA O MRALD

130

6.3

MODELO DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

133

6.3.1

Sobre a validação do

modelo de referência para análise de livro

didático-MRALD

135

6.4

APLICAÇÕES DO MODELO DE REFERÊNCIA DO LIVRO DIDÁTICO

– MRALD

143

6.4.1

Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de Língua

Portuguesa

143

6.4.2 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de

História

147

6.4.3 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de

Geografia

152

6.4.4 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de

Ciências

156

6.4.5 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de Artes

160

6.4.6 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de

Espanhol

164

6.4.7 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de Inglês

168

6.4.8 Modelo de referência (MRALD) aplicado ao livro didático de

Matemática

172

7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

178

REFERÊNCIAS

180

APÊNDICE A: Ferramenta Dialética Mídia Meio 1

APÊNDICE B: Ferramenta Dialética Mídia Meio 2

ANEXO A: Lei 10.639/03

ANEXO B: Lei 11.645/08

(12)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1

Catalogo de Teses e Dissertações da CAPES

110

Figura 2

Filtro Tipo/Grau Acadêmico

111

Figura 3

Filtro Ano

111

Figura 4

Filtro Ano (continuação)

112

Figura 5

Filtro Grande Área de Conhecimento

112

Figura 6

Área de conhecimento

113

Figura 7

Filtro área avaliação

114

Figura 8

Filtro área concentração

114

Figura 9

Filtro área concentração (continuação)

115

Figura 10

Resultados das teses e dissertações pós-filtros

116

Figura 11

Teses e Dissertações com indicativo de

presença de anexo

117

Figura 12

Teses e Dissertações com indicativo de

ausência de anexo

118

Figura 13

Tabela Dialética Mídia-Meio

120

Figura 14

Fluxograma com elementos utilizados para

análise do LD, no modelo de referência

123

Figura 15

Descritor Epistemológico

125

LISTA DE QUADROS

Quadro 1

Síntese do percurso histórico dos documentos

legais sobre o LD

65

Quadro 2

Delineamento Metodológico da Pesquisa

106

Quadro 3

Livros Didáticos Selecionados na Pesquisa

121

Quadro 4

Matriz Referência: principais elementos para

análise

126

Quadro 5

Elementos de análise do LD por capítulos ou

seções

127

Quadro 6

Estrutura do Modelo Analítico do Livro Didático

128

Quadro 7

Parâmetros para o MRALD

130

Quadro 8

Modelo de referência para análise de livro

didático

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNCC

Base Nacional Curricular Comum

CAPES

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CENPEC Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação

Comunitária

CF

Constituição Federal

CNE

Conselho Nacional de Educação

CONAE

Conferência Nacional de Educação

DNCEB

Diretrizes Nacionais da Educação Básica.

ECA

Estatuto da Criança e do Adolescente

EJA Educação de Jovens e Adultos

EF Ensino Fundamental

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFAN Institut de l’Afriquefondamental Noire

LDB

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LD Livro Didático

MEC Ministério da Educação

NIPEDICMT Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino e Didática das Ciências,

Matemática e Tecnologias

PCN

Parâmetros Curriculares Nacionais

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNBE programa Nacional de Biblioteca na Escola

PNE Plano Nacional de Educação

PNLD Programa Nacional do Livro Didático

PPGEFHC Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das

Ciências

SEB Secretaria da Educação Básica

SMED Secretaria Municipal de Educação

SNPG Sistema Nacional de Pós-Graduação

TAD Teoria Antropológica do Didático

TTD Teoria da Transposição Didática

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

TSD Teoria de Situações Didática

UFBA

Universidade Federal da Bahia

UNESCO

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura

(14)

1 INTRODUÇÃO

Neste mundo de mudanças e transformações que afetam a vida da

sociedade em vários aspectos, a escola é altamente conservadora e se ouvem com

frequência comentários do tipo: a “escola não mudou”; “a escola é a mesma do

passado”; “a escola não consegue acompanhar as mudanças da sociedade” etc.

Tem-se um tempo para a adaptação ao novo, nesse sentido a mudança na escola

não corre tão rapidamente como se deseja, entretanto, percebem-se mudanças

significativas, de certo modo ainda tímidas, porém constantes, a exemplo do local de

aprendizado, que vem se deslocando para ambientes virtuais, de modo a

acrescentar uma nova dimensão para o aprendizado fora da sala de aula tradicional.

Por outro lado, sabe-se que quando se fala de aprendizagens, fala-se

inevitavelmente, de alunos, professores e saber, bem como de uma (não tão nova)

preocupação social e política, relacionada com a profissão docente, como uma das

prioridades das políticas nacionais, o que de fato se constata na evolução do papel

do professor, no processo ensino e aprendizagem, de quem não se espera mais a

tarefa solitária de ensinar.

Ainda a essa mudança de dinâmica de percepção em relação ao papel

tradicional do professor, obsoleto e questionável nos dias atuais, pois se deseja

fortemente trazer o ensino para o século XXI, visto que as questões da diversidade,

nas suas múltiplas facetas, abriram caminho para uma redefinição das práticas de

inclusão social e de integração escolar.

A construção de novas pedagogias e métodos de trabalho pôs

definitivamente fora de questão a ideia de um modelo escolar único. Atualmente, os

desafios colocados pelas novas tecnologias que têm revolucionado o dia a dia das

sociedades e das escolas, a ponto de levantar alguns questionamentos, a saber:

qual é o melhor método de ensino? Qual é a melhor forma de ensinar? Sabe-se

essa resposta: não existe modelo único, nem definitivo, mas, como escreve (Pombo

apud Nóvoa, 2008, p.21):

Se for certo que o discurso do professor, enquanto meio de comunicação,

não detém a velocidade da luz que caracteriza a tecnologia cibernética, é

igualmente um facto que a sua voz e a instantaneidade da sua audibilidade

na clareira comunicativa que é o espaço da aula, a poliformia das diversas

linguagens de que se serve a temperatura do olhar, a postura corporal, os

gestos, a entoação, o ritmo da fala, faz dele o meio privilegiado e

incontornável de qualquer ensino.

(15)

É fato que esses aspectos comentados por Pombo (1999) retratam uma

situação na qual os professores, ao assumirem que a educação está presa a um

paradigma obsoleto, têm a responsabilidade de desenvolver a educação do século

XXI.

A formação inicial e continuada de professores é um processo complexo

assim como o ambiente escolar também o é. Percebe-se com certa facilidade o

quanto conservadores esse ambiente e a própria formação podem ser. Poucos são

os professores que utilizam as tecnologias como realidade na sala de aula. Esse e

outros recursos, como o próprio livro didático, requerem uma formação prática para

a sua utilização, pois se sabe que não existe uma licenciatura que forme os

professores dos sonhos. Trabalha-se com alunos reais, com histórias, experiências

de vida (escolar e não escolar), qualidades e dificuldades distintas. Lidar bem com

essa diversidade requer maturidade, a qual é adquirida somente com experiência

profissional, reflexão sobre a prática e melhor capacidade de tomar decisões a

respeito de situações novas, desafiadoras.

O caminho de mudança para a criação deste novo modelo de referência para

análise de livro didático requer descobrir e trabalhar o currículo oculto

1

em sala de

aula, não perceptíveis, e compreender o livro didático e seus conteúdos como

discurso.

Quando um professor percebe que algo aparentemente tão trivial, como usar

ou não usar o livro didático para a realização de uma aula é como deixar uma porta

aberta ou fechada, e isso pode mudar radicalmente o que acontece na sala de aula,

é que as pedagogias invisíveis começaram a ser uma parte consubstancial de sua

experiência como professor. Portanto, o primeiro passo envolve compreender a

importância desses conteúdos presentes nos livros didáticos, pois esses conteúdos

constituem-se em discursos e têm no dia a dia o poder de transformação que pode

ser detectado e analisado nos processos de ensino e aprendizagem.

1

O currículo oculto, termo advindo da pedagogia e comumente citado pelos educadores, batiza todo

o conteúdo implícito presente nos processos de aprendizagem e representa, portanto, tudo que não é

mencionado no currículo oficial da escola: procedimentos disciplinares, estruturas organizacionais

burocráticas inerentes à instituição, relações de dominância, tradições culturais.

(16)

1.1 PROBLEMA

É possível que um modelo construído para análise de Livro Didático evidencie

elementos legais e pedagógicos relacionados a um objeto de estudo?

Consideramos que uma escola presa ao passado certamente não atrairá o

interesse dos jovens. Falar-se-á de livros didáticos (LD) nesta dissertação, mas se

quer também sinalizar a importância da atualização desse recurso tão necessário no

Brasil, país de dimensões continentais e de enormes desigualdades sociais. O

próprio Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) já incorpora a tecnologia como

parâmetro de análise do livro didático com o uso de softwares e outros recursos. É

fato que esses aplicativos, que se utilizam de recursos didáticos diversificados,

realidade virtual, ensino adaptativo, gamificação (uso de dinâmicas de jogos para

engajar, resolver problemas e melhorar o aprendizado, de forma a incentivar ações

fora do contexto de jogos), podcasts (arquivo digital de áudio transmitido através da

internet), entre outros, seduzem cada vez mais gestores, professores e estudantes.

Sendo assim, a educação do futuro bate à porta das escolas e, com ela, indagações

sobre o futuro da educação.

Esta dissertação busca incorporar a atualidade desse movimento de mudança

educativa, ao observar as demandas da geração Z

2

e dos nativos digitais, e o papel

da escola que se não pode oferecer, em sala de aula, o que há de mais moderno em

tecnologia da informação e da comunicação, entretanto, está sintonizada com o uso

de recursos educativos modernos e atuais. É o caso, portanto, de discutir o que se

esperar dessa tecnologia. Encontrar com clareza os processos para que ela

realmente beneficie o processo de ensino e aprendizagem. O debate está em curso

há anos e, para que se possa realmente experimentar a educação com inovação,

importa que se pense nas novas demandas postas nesse cenário da educação

disruptiva e das metodologias ativas de ensino, aos educadores do Século XXI, que

estão cada vez mais presentes na ordem do dia.

Compreender o cenário educacional para o século XXI, transformar a sua

aula para atender às demandas dos alunos nativos digital, entender os conceitos

modernos de utilização de recursos, como o livro didático e outras ferramentas, das

metodologias ativas de ensino para potencializar o aprendizado dos alunos,

2

Definição sociológica da geração de pessoas que nasceram entre o começo dos anos 90 e o fim da

(17)

implementar processos para garantir o aprendizado da turma, desenvolver

facilmente objetos de aprendizagem, reorganizar as suas aulas de acordo com as

novas tendências educacionais, e até mesmo conhecer a utilização de novas

técnicas e produtos relacionados à área, são objetivos desejáveis para a educação

atual.

Uma ruptura com o modelo tradicional de educar, que incorpore e a dialogue

com o fazer pedagógico, de maneira a contemplar as grandes questões postas pela

sociedade, no atendimento às demandas propostas pela Lei 10.649/03 que altera a

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a

obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras

providências e a Lei 11.645/08 que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de

1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de

ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.,

constitui o grande desafio.

Assim, ao perseguir esse norte e ao caminhar nesta jornada investigativa, é

que a pesquisa foi inserida, na tentativa de responder qual o impacto das Leis

10.649/03 e 11.645/08 nos materiais didáticos, do 6º ano, do Ensino Fundamental,

livros que se constituem ferramentas a serviço de pesquisadores e professores.

Discute-se ao longo do estudo se é possível que um modelo construído para análise

de Livro Didático evidencie elementos legais e pedagógicos relacionados a um

objeto de estudo. Por hipótese essa resposta é positiva, a princípio.

Outros questionamentos foram somados à investigação: Como analisar os

livros didáticos? Como alcançar resultados efetivos e construir indicadores legítimos

a partir da análise do livro didático? Como realizar a pesquisa na busca de construir,

apontar e propor modelo de referência

3

legítimo, de forma que as análises dos livros

didáticos possam ser utilizadas por todos os interessados, e não só por

pesquisadores? Será que os livros incluem professores da Educação Básica, sem

espelhar um modelo padronizado? Os critérios de análise são transparentes? Ou

3

O modelo de referência é um modelo normalizado que fornece um parâmetro, uma visão integrada

de procedimentos de análise, no caso específico da nossa pesquisa, de avaliação dos livros didáticos

e sua organização, sua tecnologia e seus dados, utilizado como referência para a construção

de modelos similares.

(18)

dificultam a compreensão do processo e não estão disponíveis para o público de um

modo geral?

Embora os procedimentos e as orientações internas da comissão de

avaliação do MEC das análises realizadas por especialistas do PNLD não sejam

explicitamente apresentados aos professores, sabe-se que são a partir deles que os

livros didáticos destinados à educação pública no país são aprovados ou não pelo

PNLD e, nesse sentido, uma compreensão melhor dos procedimentos adotados

nessas análises pode trazer contribuições, principalmente no que se refere ao uso

do LD no Ensino Fundamental.

1.2 OBJETIVOS

No seu Art. 1º, § 2º, a Lei 10.639/03 expõe que os conteúdos referentes à

História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo

escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História

Brasileiras. Certamente uma espera institucional se alicerça, o que aponta para a

necessidade de um modelo de análise de livro didático que possa identificar o que

preconiza a Lei para além dessas premissas.

A Lei 11.645/2008 altera a Lei 9.394/1996, modificada pela Lei 10.639/2003, a

qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo

oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura

afro-brasileira e indígena”. Isso implica a necessidade de abordar a temática em questão

no ensino de todos os componentes do currículo da educação básica.

Particularmente, neste estudo, fez-se um recorte para se analisar os livros didáticos

do 6º ano, do ensino fundamental. Consequentemente, essa temática aparece

também no material, uma vez que ele é um dos instrumentos mais utilizados pelos

professores e alunos nos processos de ensino e aprendizagem.

1.2.1 Objetivo Geral

Construir um modelo de referência para análise de livros didáticos, aplicando-o

em livros do 6º ano, do Ensino Fundamental, de modo a evidenciar possíveis

mudanças ocorridas em função das Leis 10.639/03 e 11.645/08.

(19)

1.2.2. Objetivos Específicos

a. Construir um meio para análise dos Livros Didáticos 6º Ano, do Ensino

Fundamental, a partir das mídias disponíveis, evidenciando elementos legais;

b. Construir um meio para análise dos Livros Didáticos 6º Ano, do Ensino

Fundamental, a partir das mídias disponíveis evidenciando elementos

pedagógicos.

c. Avaliar como o modelo construído permite evidenciar conteúdos referentes à

história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros abordados

nos livros didáticos do 6º ano, do Ensino Fundamental.

1.3 QUESTÕES NORTEADORAS

Ao se discutir em que medida os livros didáticos do 6º ano, do Ensino

Fundamental, abordam conteúdos que dizem respeito às culturas afro-brasileira e

indígena (Leis 10649/03 e 11.645/08), abarca-se o período em que ambas as leis

estão em vigor na seleção dos LD. Como decorrência, surgiram de forma direta as

seguintes indagações que norteiam a pesquisa:

a) De um ponto de vista antropológico, o estudo, e com ele a aprendizagem

gerada no âmbito da pesquisa, são ações que articulam o tema livro

didático e contribuem para a evolução social dos indivíduos, nos termos da

aplicação das Leis nº 10.639/03 e 11.645/08?

b) Qual o tratamento das Leis 10.649/03 e 11.645/08 nos livros didáticos do

6º ano, do Ensino Fundamental?

c) Como construir um modelo de análise de livro didático que seja capaz de

evidenciar elementos institucionais relacionados com objetos de pesquisa

de interesse da didática das ciências e previstos nas Leis nº 10.639/03 e

11.645/08?

1.4 JUSTIFICATIVA

Diante do contexto apresentado, justifica-se a importância da temática em

relação à sua relevância acadêmica, por se tratar de um tema recente e de grande

importância para pesquisadores e professores. Investigou-se qual foi o alcance das

(20)

Leis 10.649/03 e 11.645/08, no contexto dos livros didáticos, do 6º ano do Ensino

Fundamental e se as transformações e mudanças que surtiram efeitos nos livros

foram implantadas em caráter obrigatório, como estabelecem as Leis.

Tendo em vista o desenvolvimento da prática profissional da pesquisadora

como docente em cursos de pós-graduação, em cursos de especialização lato

sensu, ao ministrar aulas e ao produzir materiais em cursos na modalidade de

Educação a Distância, bem como em sua participação no grupo de pesquisa Núcleo

Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino, Didática das Ciências, Matemática e

Tecnologias (NIPEDICMT), percebeu-se a necessidade de formação do professor

mais alicerçada nos conhecimentos que possam ser articulados em prol de uma

melhor interação com os vários recursos didáticos que surgem e afloram no

ambiente de ensino-aprendizagem, dentre eles o LD.

Paralelamente a esse movimento percebido no grupo NIPEDICMT, surgiu o

interesse em analisar o livro didático para observar o cumprimento das Leis

10.639/03 e 11.645/08. Desse interesse inicial, a ideia consolidou-se e, a partir das

leituras e apropriações sobre o tema de pesquisa centrado no material didático

associado às relações étnico-raciais, evidenciou-se o interesse sobre o impacto da

contribuição das Leis 10.639/03 e 11.645/08. Portanto, buscou-se refletir e discutir

acerca da relevância e da importância da utilização de temas referentes às relações

étnico-raciais, à trajetória histórica da população negra no Brasil e na Bahia, sua

contribuição decisiva para o processo civilizatório nacional, e às políticas de

promoção da igualdade racial e de defesa de direitos de pessoas e comunidades

afetadas pelo racismo e pela discriminação racial. Ao se tomar como base as

legislações estadual e federal específicas no campo educacional, a princípio, por

hipótese, observou-se que tais temas e discussões estão ausentes nos livros, do

Ensino Fundamental.

É fato que se acredita no professor que tenha posicionamento crítico sobre

realidade, que discuta temas atuais e polêmicos com seus alunos, que aborde a

importância da valorização das diferenças, das várias crenças e credos. Precisa-se

refletir e discutir temas que promovam uma educação inclusiva, cidadã,

transformadora, emancipatória,

pois “[...] através do ato educativo, pode-se, senão

transformar a sociedade, construir a cultura indispensável para esta transformação.”

(VIOLA, 2010, p. 22).

(21)

Enfim, a motivação da pesquisadora é de ordem pessoal para o

desenvolvimento da pesquisa voltada para a análise de livros didáticos à luz das

Leis 10.649/03 e 11.645/08. Existiram, portanto, motivações importantes, as quais se

relatam neste momento, porque a temática inquietava seus pensamentos e

reflexões.

Esta inquietação ficou mais latente e se intensificou ainda mais após as

amplas discussões fomentadas pelo grupo de pesquisa Núcleo Interdisciplinar de

Pesquisa, Ensino, Didática das Ciências, Matemática e Tecnologias (NIPEDICMT),

do qual a pesquisadora faz parte. Esse núcleo objetiva desenvolver, articular e

integrar pesquisas em Ensino e Didática das Ciências, Matemática e Tecnologias,

desenvolvidas nas Universidades, relacionadas ao processo de ensino e de

aprendizagem, com a inclusão do olhar sobre a escola, enquanto instituição de

ensino.

É fundamental registrar a importância e a contribuição dos colegas e

professores que compõem o referido núcleo no desenvolvimento profissional da

pesquisadora. O grupo é muito heterogêneo, formado por profissionais de diversas

áreas, o que torna a discussão mais rica e produtiva. No NIPEDCTM, ao longo dos

estudos, o grupo participou de projetos relacionados à Didática da Matemática, aos

estudos da Teoria Antropológica do Didático, de Yves Chevallard. Participamos de

eventos, seminários, nos quais foram realizadas mesas, oficinas e minicursos com

temas relacionados à educação e à educação matemática.

O grupo se reúne nas dependências da UFBA, em encontros quinzenais, com

uma média 10 (dez) participantes proativos e dinâmicos. As atividades do grupo

giram em torno de elaboração de artigo, orientação realizada pelo coordenador,

elaboração de minicursos e seminários para apresentações em eventos científicos e

leituras dirigidas, a depender da necessidade dos alunos, sendo um grupo bem

organizado e dinâmico. O interesse se justifica nesta pesquisa, pois análise de livros

didáticos é um dos temas recorrentes no grupo de pesquisa Núcleo Interdisciplinar

de Pesquisa, Ensino, Didática das Ciências, Matemática e Tecnologias

(NIPEDICMT).

O NIPEDICMT é um espaço essencialmente formativo, de natureza

colaborativa, onde estudantes, professores e pesquisadores da Universidade

Federal da Bahia (UFBA), bem como de outras instituições e centros de ensino,

oferecem oportunidades interdisciplinares de atividades de ensino, pesquisa,

(22)

inovação e extensão universitária (cursos, oficinas, seminários, ciclos de estudos,

entre outros), informações disponíveis no Programa de Pós-graduação em Ensino,

Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC/UFBA).

Ao acompanhar a produção científica dos pesquisadores associados ao

NIPEDICMT, nos últimos três anos, foi possível perceber a aproximação entre a

prática e a teoria, por meio da inter-relação da produção acadêmica e da produção

dos professores e futuros professores, de modo a possibilitar com isso intervenções

significativas de cunho teórico e prático, referentes à implementação de elementos

do Ensino, Didática das Ciências, Matemática e Tecnologias.

A vinculação ao grupo de pesquisa, a partir da participação nos estudos,

pesquisas e eventos organizados pelos membros do NIPEDICMT, realizadas no

período de 2014 a 2015, bem como nos anos decorrentes, permitiu a oportunidade

de participar ativamente de reuniões e debates sobre análise de livros didáticos,

durante os quais se observou que, em vários momentos, um ponto convergente nas

discussões dos pesquisadores apontava para a necessidade de mais estudos sobre

o livro didático. Deu-se conta, então, da falta de um modelo de referência para a

realização da análise e que este modelo provavelmente ajudaria muito os

professores e as pesquisas do grupo.

1.5 CONTEXTO DA PESQUISA

O foco desta pesquisa é a aplicação das Leis 10.649/03 e 11.645/08 em livros

didáticos do 6° ano do Ensino Fundamental por se considerar uma etapa crucial

para o desenvolvimento da linguagem e para a formação da personalidade dos

alunos. A discussão de temas nos diversos componentes curriculares, muitas vezes

abordados superficialmente ou até mesmo inexplorados, como a história e a cultura

afro-brasileiras e indígenas, tornou-se necessária pela obrigatoriedade do

cumprimento das Leis, um aspecto importante desta mudança. A pesquisa foi

realizada no material do 6º ano, do Ensino Fundamental.

(23)

1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A dissertação apresenta seis capítulos, que descrevem como o trabalho de

investigação foi desenvolvido e construído, tendo como base as leituras, reflexões,

aproximações e imersão no campo de estudo.

Na introdução, realizou-se uma breve contextualização da temática, na qual

se expuseram os objetivos geral e específicos, a problemática, as questões

norteadoras que guiam a pesquisa, as justificativas com as motivações da pesquisa

e, em seguida, foi descrito e caracterizado o contexto da pesquisa.

No segundo capítulo, abordaram-se os elementos históricos epistemológicos

do livro didático.

No terceiro capítulo destacou-se a exposição sobre a descolonização didática,

seguida da legislação e uma introdução ao contexto geral sobre relações

étnico-raciais e as leis 10.639/03 e 11.645/08.

No quarto capítulo apresentou-se o referencial teórico onde procuramos trazer

os aspectos teóricos da pesquisa na busca de destacar, em relação ao livro didático,

o percurso de construção dos elementos que fundamentam o modelo de referência

para análise do livro didático. Apresentou-se a perspectiva teórica que permeia a

pesquisa, que foi a Teoria Antropológica do Didático (TAD), como referência

interpretativa e analítica para analisar, discutir e produzir os dados, daí a opção de

aprofundar a revisão de literatura, ao tomar por base os estudos de Yves Chevallard.

Empregou-se também a dialética mídia-meio, Chevallard (2007), como ferramenta

metodológica.

No quinto capítulo referente à metodologia abordaram-se o percurso de

investigação, as considerações metodológicas relativas à pesquisa, as análises

institucionais das mídias (Teses e Dissertações), discussão do modelo de referência

para análise de livros didáticos e a utilização do modelo de referência, com a análise

dos livros didáticos do 6º ano do Ensino Fundamental, de acordo com as Leis

10.639/03 e 11.645/08. A metodologia envolveu uma discussão sobre o tipo de

pesquisa realizada, as abordagens utilizadas na investigação, os métodos, as

técnicas e os procedimentos. Apresentaram-se os instrumentos utilizados para

recolha de informações e a proposta de análise qualitativa dos dados e resultados

da pesquisa.

(24)

No sexto capítulo apresentou-se os elementos para o modelo de referência

bem como o percurso detalhado da investigação realizada que contribuíram para a

análise e constituição do modelo. Abordaram-se os resultados e achados da

pesquisa com as análises das informações coletadas.

Por fim as considerações finais onde apontou-se o modelo de referência

desenvolvido para análise dos livros didáticos do 6º ano do Ensino Fundamental.

Constatou-se que mesmo após a promulgação da Lei 11.645/08, é escassa a

abordagem de temáticas relacionadas à cultura e à história dos negros e dos índios,

pois, quando o referido assunto foi mencionado, ocorreu de forma muito superficial,

e quando a temática orientada pelas Leis 10639/03 e 11.645/08 está ausente dos

livros didáticos, poder-se-ia arriscar que está também ausente da maioria das salas

de aula.

(25)

2. UMA ABORDAGEM SOBRE ELEMENTOS HISTÓRICOS EPISTEMOLÓGICOS

DO LIVRO DIDÁTICO

Falar sobre o livro didático (LD) é falar do instrumento mais usado pelos

professores em todo o mundo. Trata-se evidentemente de um meio de ensino, um

canal, uma força, para transmitir uma informação de um ponto a outro.

Nesse sentido, meios de ensino são, ao mesmo tempo, uma forma de

informar, uma ferramenta para informar e comunicar. O livro didático é considerado

um “instrumento”. Concorde-se ou não, na maioria das escolas do mundo, os

professores dão aulas para as suas turmas com base em um determinado livro

didático, utilizado pelos alunos. Alguns caminhos são utilizados para a comunicação

dos saberes: pela tradição oral e por textos escritos.

Segundo Gonçalves-Maia (2011, p.33),

“a Ciência é o conjunto de muitas

ciências, umas tão velhas como a Matemática, cujas origens remontam à Grécia

Antiga, ou mesmo antes. De fato, encontrar as origens da Matemática implica

percorrer os séculos, numa viagem inversa da evolução natural, desde que o

homem é homem. Embora a Matemática exista há mais de cinco mil anos, a forma

como se conhece, por meio do texto escrito, ou seja, o livro impresso, tem data de

pouco mais de quinhentos anos. O mesmo acontece com as demais ciências não

tão antigas como a Matemática”.

Para fins estatísticos, na década de 60, a UNESCO definiu o livro como uma

publicação impressa, não periódica, que consta de no mínimo 49 páginas, sem

contar as capas (Claret, 2003). Mas, afinal, o que é o livro didático?

Como se sabe, no processo de ensino e de aprendizagem, o livro didático

quase sempre é visto como um suporte pedagógico auxiliar, um meio de ensino

desses processos, e não como instrumental único que encerra o que deve ser

aprendido e se torna seu fim. A ferramenta didática apresenta vantagens e

desvantagens segundo os professores da educação básica. Por exemplo, as

desvantagens estão associadas à limitação das informações, em função do reduzido

número de páginas e a rigidez dos formatos. Em geral, os livros didáticos quase

sempre apresentam uma estrutura formal, um modelo estruturado que é seguido

pelos autores em função das orientações dos editores, cujo interesse principal é

reduzir custo e tornar o produto lucrativo, daí as estruturas formais para abordar

(26)

todos os tópicos, preestabelecidos pelos autores, de modo a não se adequar ao

tratamento das diferenças individuais dos leitores.

No contexto dos conteúdos de ensino apresentados pelo livro didático, há que

se atentar para o material utilizado, tendo em vista o estabelecimento de relações

cognitivas de matemática, por exemplo. Por isso, faz-se necessário considerar o tipo

ou a natureza das considerações pedagógicas das representações contidas nas

lições e nas relações apresentadas, o que determina a sua influência sobre a

atuação do professor em sala de aula.

Na prática, tem-se consciência das várias limitações dos materiais didáticos,

especialmente, no Brasil, onde eles se constituem como o principal meio de ensino,

pois, em outros países, sobretudo nos mais ricos, é comum encontrar, nas salas de

aula, vários exemplares de outros livros, de tal forma que os LD são apenas parte

dos materiais utilizados pelos professores. Embora se saiba que existem livros de

boa qualidade, uma boa parte destes apresenta problemas frequentes, de acordo

com os especialistas do PNLD, a exemplo de conteúdos abordados

superficialmente; conteúdos apresentados de forma inadequada; atividades

propostas que não promovem, de fato, o desenvolvimento de habilidades.

O LD dificilmente se coaduna com o programa, o planejamento de um

professor específico, uma vez que são escritos para serem utilizados por escolas e

sistemas de ensino em todo o país. Por outro lado, a seleção, a escolha do material,

pode não ser adequada a uma determinada instituição de ensino, porque não se

coaduna com a proposta pedagógica da escola ou com o nível ou as características

dos alunos.

Para os professores, de um modo geral, o livro didático é um ótimo

instrumento de orientação e controle, que facilita o manejo da turma. Este

instrumento também costuma auxiliar o professor na determinação da sequência e

da estrutura do ensino em sala de aula, o que de certo modo ele já apresenta no

próprio índice e na forma de organização do livro.

Outro ponto importante é que muitas vezes o professor se limita a repetir ou

explicar a informação que o LD apresenta, sem acréscimos. Organizar a informação

implica na realização de planejamento e administração das atividades e da sala de

aula, e como já vêm impressas no material, inclusive com as instruções do que os

alunos devem fazer. Se por um lado isso reduz o tempo de preparação das aulas

para o professor, por outro lado, o professor fica limitado ao que propõe o livro.

(27)

Muitos dos LDs vêm com um manual para o professor e, em muitos casos, esses

manuais destinados aos professores ajudam a antecipar perguntas e observações

dos alunos e a corrigir os trabalhos.

A partir de análises como esta, parece indiscutível a enorme responsabilidade

da escolha do material didático que contemple a qualidade da aprendizagem da

Matemática e dos demais componentes curriculares analisados neste estudo, no

contexto escolar, no caso da investigação presente. Isto porque não se pode perder

de vista uma ação pedagógica em sala de aula que enfatize o pensamento

autônomo, a reflexão crítica e o raciocínio lógico. Para tanto, o respeito à

diversidade e o tratamento apontado na Lei 10.639/03 são imprescindíveis no LD.

É importante destacar a necessidade de ampliar o conhecimento sobre os

livros didáticos, sobretudo, devido à sua relevância no contexto escolar. Trata-se de

instrumento mais antigo de trabalho na escola utilizado pelos professores, e não se

pode desconhecer que o LD é um produto do grande mercado editorial brasileiro,

influenciado por fatores sociais, econômicos, políticos do mesmo modo que qualquer

outro produto que percorre os caminhos da produção em massa, distribuição e

consumo em modelos comerciais competitivos, já que várias editoras no país têm

interesse pelo mercado editorial destinado a milhões de consumidores que são os

alunos e suas famílias.

Para Lajolo (1996), a utilização quase exclusiva pelos professores nas

escolas determinou a grande importância do LD dentro da prática de ensino

brasileira. Dir-se-ia sem medo de errar que uma boa parte dos professores é refém

desta ferramenta, uma vez que os livros didáticos materializam os conteúdos dos

componentes curriculares e acabam condicionando as estratégias de ensino dos

professores de modo decisivo.

De acordo com Neves (2009), com muita propriedade, Caraça (2000)

contribui para fomentar discussões a respeito do que há entre o conhecimento em

construção e o já transposto para o livro didático, ao abordar de forma interessante o

que comumente acontece quando se trabalha o conteúdo conforme está no livro,

sem qualquer relação com a forma ou os problemas e etapas envolvidos na

construção do conhecimento.

Este autor se refere ao fato de o conhecimento livresco, no seio da escola,

encontrar-se ‘engessado’. São suas as seguintes palavras:

(28)

Os conhecimentos estão encadeados no livro de forma harmoniosa e

quase sempre não são questionados. Deve-se estar atento, pois na

construção da Ciência há toda uma influência da vida social, das

condições de produção e isto é que faz dela um organismo vivo e

interessante de ser estudado (CARAÇA, 2000, p. 13).

O livro didático (LD), na atualidade, por se constituir uma forma de publicação

socialmente reconhecida, vem tendo a sua função modificada, a ponto de tornar-se

um produto especial, com técnica, intenção e utilização específicas. Isto lhe dá

caráter de mercadoria cultural, com maior ou menor significado no contexto

socioeconômico em que é publicado. O material não é neutro e, normalmente, eles

são escolhidos a partir de alguns critérios, dentre os quais se destacam dois: a

familiaridade com o livro pelos professores (se já foi anteriormente adotado e,

portanto, sua estrutura, forma e conteúdo são reconhecidos pelos professores); e a

inclusão na lista dos livros recomendados ou avaliados e distribuídos pelo Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD).

Freitag (1997) destaca o LD como mercadoria que pode ser comprada,

trocada ou vendida, mas sua função intrínseca, insubstituível, é de instrumento de

difusão de ideias culturais, transmissão de conceitos, valores, documentos

fotográficos ou iconográficos, prazer, entretenimento, ou, como se pode dizer, “o

melhor condutor e acumulador de conhecimento” (FREITAG, 1997, p. 69).

Segundo historiadores, a partir do século XIX, este instrumento assumiu um

papel importante como meio de divulgação das modificações políticas, socioculturais

e econômicas da sociedade, e o conhecimento passou a significar conquista para

quem o lesse, posto que representava evolução social. Nessa época, havia uma

crença oriunda de Portugal de que o Brasil não precisava de imprensa. Em função

disso, é notória a precariedade nas primeiras produções de textos didáticos, o que

fez perdurar a importação de livros escolares. Tal fato gerou atrasos na formação

dos jovens brasileiros, no passado, que dificilmente tinham acesso aos livros,

inclusive às Bibliotecas quase inexistentes no país.

Freitag (1993, p. 66), ressalta: “se esses estudos na época tivessem servido

como eixo norteador para as próximas produções, posteriormente os estudos

realizados talvez tivessem outro nível de qualidade ou não seriam feitos.” Nesse

sentido, o LD teria evoluído muito e as críticas à forma e ao conteúdo teriam

provocado mudanças consideráveis.

(29)

A configuração das questões sociais recebe destaque em relação aos

interesses presentes nos conteúdos e na organização de livros didáticos usuais. Não

se pode deixar de constatar ideologias e visões de mundo sob a ótica do interesse

capitalista nessas produções.

O LD não pode ser compreendido isoladamente, fora do contexto escolar e

social. Trata-se de um produto cultural com finalidades pedagógicas e, é claro, com

suas especificidades, portanto, produzido e utilizado segundo a lógica da escola e

da sociedade onde está inserido.

Numa sociedade de classes, capitalista, como a brasileira, segundo Freitag

(1997), o livro didático não poderia fugir à lógica presente na sociedade, segundo a

qual as classes dominantes, as elites, procuram não só garantir e ampliar a

acumulação de capital, e o material tem esse valor simbólico de representar

ideologicamente o pensamento conservador das elites, além de ser visto como

atividade econômica que possibilita isso, como também veicular as visões que lhes

interessam e neutralizar possíveis oposições.

O LD tem, assim, tanto uma dimensão econômica quanto político-ideológica.

A sua dimensão econômica pode ser definida pelo fato de que responde por cerca

da metade do mercado editorial brasileiro. O seu aspecto político-ideológico

define-se por conteúdos que, em vários componentes curriculares, veiculam uma visão de

mundo favorável às classes dominantes, como já mostraram COELHO; SOARES

(2016) ALMEIDA (2016) e tantos outros. Já foi salientado à exaustão, por exemplo,

como os livros didáticos na Educação Básica procuraram e procuram ainda construir

uma memória oficial, onde aspectos conservadores de uma visão de mundo a partir

das classes dominantes, o nacionalismo exacerbado das classes sociais mais

favorecidas avança, e onde os conflitos sociais de toda ordem são omitidos ou

atenuados.

Sabe-se que os avanços decorrentes das ações previstas na Lei nº 10639/03

ocorrem na atenção à questão da diversidade na sociedade, ainda não percebida

totalmente, pois esses avanços se limitam a iniciativas individuais ou de coletivos

organizados que têm essa questão como prioridade nas suas ações. É necessário

pensar na institucionalização dessas políticas como compromisso a ser estabelecido

entre todos os atores que integram a escola.

Questões desse tipo desembocam na importância de evidenciar a

complexidade das questões e das análises acerca de como as relações cognitivas

(30)

entre o ensino dos conteúdos dos diferentes componentes curriculares e as

questões decorrentes das ações de implementação da Lei nº 10.639/03 estão sendo

apresentadas e pedagogicamente tratadas nos livros didáticos atuais.

Faz-se necessário que os estudantes se envolvam com outra dimensão

nessas abordagens, ou seja, que os professores aprendam a lidar com as

implicações da implementação da Lei nº 10.639/03, nas escolas. Isto porque, as

leituras e as observações devem se tornar instrumentos válidos para tornar alunos e

professores capazes de iniciar a prática de elaboração de novos saberes advindos

da compreensão das questões de natureza étnico-raciais, sobretudo, em uma base

multicultural, plural, diversa e antirracista.

Essas novas demandas vêm ganhando força há décadas, considerando as

mudanças e transformações ocorridas na sociedade, em face do avanço das

tecnologias, o conhecimento científico e o progresso econômico.

Ainda com implicações nas políticas do LD, a Lei nº 11.645/08, que institui as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e

para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, tem a valorização dos

estudos sobre a História da África e dos afrodescendentes na educação brasileira.

De acordo com (SANTOS; COELHO, 2015, p.117):

Contribui para inserir a questão racial, os direitos humanos no cerne

da política curricular no Brasil, sendo um dos mecanismos para

contestar a ausência da história e cultura afro-brasileira [...]

introduzidas no imaginário da Escola Básica.

Esses problemas contextualizados devem, certamente, ser inseridos nos

conteúdos dos livros didáticos. E isto deveria ser feito não com o objetivo de

simplesmente cumprir o estabelecido nas leis, porque, a princípio, é facilmente

percebida a ausência da valorização dos estudos sobre a história da África e dos

afrodescendentes nos textos do LD, mas sim de suscitar interesse por esses

problemas e pela busca de alternativas de soluções para os problemas procedentes

ou não da realidade educativa.

Como se discutiu anteriormente, dentre os vários tipos de recursos

disponibilizados para os professores, ainda com o advento das tecnologias, as

mídias de modo geral, o livro didático ainda se configura como um dos principais

recursos que os professores dispõem para desenvolver suas práticas de ensino.

Visto como um suporte de conhecimentos ou como uma ferramenta pedagógica, não

(31)

seria exagero afirmar que o livro didático continua a ser fundamental para a

realização da tarefa escolar de ensinar determinados saberes para todos aqueles

que conseguem a ele ter acesso. Contudo, percebe-se que distinguir uma obra, no

sentido amplo e contextualizado, inserida no processo pedagógico em termos

sociais, políticos e culturais, é ir além da mera seleção, adoção do tipo de

apresentação dos conteúdos como de modo estruturado, estanque, aparecem nos

LD. Dessa forma, ressalta-se a importância do uso dos materiais didáticos em

espaços produtivos de conhecimento pelo valor que pode ou não encerrar como

objeto de estudo e pesquisa.

Nas primeiras pesquisas sobre o livro didático, a representação social dos

negros, como as diversas raça/etnia, os valores culturais, a identidade étnico-racial e

a discriminação foram aspectos muito frequentes no LD estigmatizados a funções e

papéis considerados marginais, subalternos, reflexos da ideologia das classes

dominantes.

As análises dos dados desta pesquisa revelaram a existência de

transformações na representação social do negro, entretanto pode-se perceber a

presença humanizada dos negros de modo ainda bastante tímido nos livros

didáticos. Se por um lado as lutas encadeadas pelos movimentos sociais, pelos

movimentos negros, contribuíram para o questionamento de práticas enraizadas,

dir-se-ia, preconceituosas, historicamente construídas, tiveram o mérito de abalar a

ingenuidade e a convicção dos professores que encaravam e ainda encaram estes

conteúdos veiculados nos materiais didáticos como a "verdade histórica", definitiva,

e não como uma construção efetuada pelos ideólogos das classes dominantes, para

a manutenção das elites sociais que apresentava no LD e ainda apresenta o

equívoco de não perceber a contradição presente, em maior ou menor medida, na

ideologia e nos livros de História, a título de exemplo.

Uma análise, ainda que superficial, do material de História revelará, por

exemplo, que esses livros didáticos são frequentemente meios de disseminação de

preconceitos e discriminação racial devido às formas como os sujeitos negros neles

se veem representados e como esses livros contêm, não apenas as visões das

classes dominantes, mas também elementos de negação dessas visões. Nicholas

Davies (1991) em seus estudos destacou essas afirmações com objetividade e

clareza. Em sociedade de classes, necessariamente contraditória, a ideologia

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