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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Henriques e no Hospital Geral de Santo António (Centro Hospitalar do Porto, EPE)

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Henriques

janeiro a fevereiro de 2019 e maio a julho de 2019

Ana Catarina Alves da Rocha

Orientador: Dra. Isabel Cortez

Tutor FFUP: Prof. Doutora Manuela Morato

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iii Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 16 de julho de 2019 Ana Catarina Alves da Rocha

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iv Agradecimentos

Com o fechar de mais um ciclo, não posso deixar de agradecer a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para esta etapa.

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a todo o pessoal docente e não docente, que diariamente se esforçam para fornecer aos estudantes a melhor formação.

À Comissão de Estágios da FFUP, nomeadamente à minha orientadora Prof. Manuela Morato, por toda a simpatia e disponibilidade na orientação do meu estágio e do relatório.

À Dra. Isabel Cortez pela oportunidade de estagiar na farmácia Henriques, pela preocupação e pela orientação ao longo destes quatro meses.

À equipa da farmácia Henriques, à Dra. Rosário Correia, à Dra. Helena Rocha, à Dra. Ana Rios e à técnica Diana Oliveira, agradeço a paciência, a ajuda e os ensinamentos que me deram ao longo do estágio. Ensinaram-me a nunca dizer não e a ajudar mais os utentes. Ensinaram-me o verdadeiro significado de ser Farmacêutico.

Aos meus pais, a verdadeira razão de todo o meu sucesso, obrigada pelo apoio incondicional, pela compreensão, pelos tupperwares, pelos fins-de-semana que não ia a casa, por dizerem sempre “faz o que tens a fazer”. Por estarem sempre lá. Obrigada mãe. Obrigado pai.

Ao meu irmão, Diogo, por me ensinar a ter paciência, pelas boleias à sexta à noite, pelas gargalhadas ao sábado à tarde e por se importar comigo à sua maneira especial.

À minha família, em especial aos meus padrinhos, por me orientarem e por estarem presentes nos momentos mais importantes para mim. Ao Ricardo, obrigada pelas boleias ao domingo e obrigada pelos momentos em partilhámos o Porto e o mundo das tunas. Ao Luís, obrigada por seres o primo mais velho e desempenhares esse papel na perfeição.

Ao Hélder, o meu porto de abrigo, obrigada por estares sempre lá para me acalmar, para me dizer que “vai ficar tudo bem”. Obrigada por me ouvires e pela tua paciência. O resto já sabes…

À Sofs, obrigada pelas longas conversas pós-estágio, por esperares por mim para jantar, pelas diversas séries que vimos, pelo companheirismo e pela amizade.

Aos meus amigos da faculdade, obrigada pelo apoio, por me acompanharem nesta jornada e acreditarem sempre em mim. Obrigada por celebrarem comigo os meus sucessos e baterem me nas costas nos dias maus. Somos e seremos amigos para a vida.

Às Sirigaitas, a minha tuna, agradeço a oportunidade de ter sido vossa Mestre, de poder ter partilhado o palco convosco, de cantar e encantar. Obrigada pelas noites mal dormidas, pela irreverência e pela amizade.

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v À Associação Cura +, obrigada por me deixarem poder fazer +, por fazer parte desta história, e por me fazerem acreditar que pequenos gestos mudam vidas!

À Catarina, à Inês, à Sofia e à Cris, obrigada pelas conversas de apoio e pelos cafés ao sábado à noite e porque apesar de estarmos longe estamos perto.

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vi Resumo

O presente relatório descreve toda a minha aprendizagem durante os quatro meses de estágio na Farmácia Comunitária por mim escolhida, a Farmácia Henriques. O estágio profissionalizante de final de curso é, sem dúvida, o momento crucial para o estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, é o experienciar in loco tudo o que foi estudado e mencionado ao longo de 5anos.

Este relatório encontra-se dividido em duas partes, sendo a primeira a descrição da Farmácia Henriques quanto à sua organização, gestão e dispensação de medicamentos e sobre o que observei e realizei no dia-a-dia de uma farmácia comunitária. Incluí, sempre que pertinente, experiências/situações com que me deparei.

Relativamente à segunda parte irei abordar os projetos que tive oportunidade de desenvolver na farmácia e os motivos que me levaram a realizá-los bem como toda a base científica para os construir. Abordei sobre a proteção solar, hidratação para a época de verão, hipertensão arterial, a higiene do sono e os riscos do tabaco

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vii Lista de Abreviaturas

AMPA- Auto Medição da Pressão Arterial DCI- Denominação Comum Internacional DT- Diretora Técnica

FC- Farmácia Comunitária FF- Forma Farmacêutica FH- Farmácia Henriques FPS- Fator de Proteção Solar HBB- Hipertensão da Bata Branca HTA- Hipertensão Arterial

INFARMED- Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde MAPA- Monitorização Ambulatória da Pressão Arterial

MG- Medicamento Genérico

MNSRM- Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM- Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MVL- Medicamentos de Venda Livre

PA- Pressão Arterial

PF- Produtos Farmacêuticos PS- Protetor solar

PV- Prazo de Validade

PVP- Preço de Venda ao Público RCV- Risco Cardiovascular RM- Receita médica

SA- substância ativa SI- Sistema Informático

SNS- Sistema Nacional de Saúde UV- Ultra-Violeta

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viii Lista de Anexos

Anexo 1: Enquadramento espacial da Farmácia Henriques no Centro do Porto. Anexo 2: Cartaz do Mini-facial Nuxe®

Anexo 3:Cartão-de-visita da Farmácia Henriques Anexo 4: Panfleto sobre a Proteção Solar

Anexo 5: Escala de Fitzpatrick

Anexo 6: Póster usado na publicação sobre o Dia Internacional Sem Tabaco Anexo 7: Póster usado na publicação sobre a Hidratação

Anexo 8: Póster usado na publicação sobre o Dia Mundial do Dador de Sangue Anexo 9: Póster usado na publicação sobre a Higiene do Sono

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ix Índice

Índice de Tabelas ... xi

Parte 1 - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio. ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Henriques ... 1

2.1. Localização, Enquadramento e Horário ... 1

2.2. Instalações ... 1

2.3. Fontes de Informação ... 3

2.4. Recursos Humanos ... 3

2.5. Sistema Informático ... 3

3. Gestão em Farmácia Comunitária ... 3

3.1. Pedido de encomendas ... 3

3.2. Receção de encomendas ... 4

3.3. Reservas ... 4

3.4. Gestão de stock e controlo dos Prazos de Validade ... 5

3.5. Armazenamento ... 5

3.6. Devoluções ... 6

4. Dispensa de Medicamentos ... 6

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 6

4.2. Prescrição médica ... 7

4.3. Ato da dispensa ... 8

4.4. Medicamentos Genéricos ... 8

4.5. Psicotrópicos e estupefacientes ... 9

4.6. Sistema de comparticipação de medicamentos ... 9

4.7. Faturação e processamento do receituário ... 10

4.8. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 11

5. Outros produtos ... 11

5.1. Medicamentos e produtos Veterinários ... 11

5.2. Dispositivos Médicos ... 12

5.3. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal ... 12

5.4. Medicamentos e Produtos Homeopáticos... 12

5.5. Suplementos Alimentares ... 13

5.6. Produtos Fitofarmacêuticos ... 13

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5.8. Artigos de Puericultura ... 13

6. Prestação de Serviços ... 14

6.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos (PA, Colesterol, Triglicerídeos, Glicose e Índice de Massa Corporal) ... 14

6.2. Administração de Injetáveis ... 15

6.3. Programa de Troca de Seringas ... 15

6.4. Valormed® ... 15

6.5. Recolha de Radiografias ... 16

6.6. Projeto-piloto “Seringas só no Agulhão” ... 16

7. Serviços Não Farmacêuticos ... 16

8. Marketing Farmacêutico ... 16

9. Formações ... 17

10. Conclusão ... 17

Parte 2 - Apresentação dos Temas Desenvolvidos ... 18

1. Proteção Solar ... 18

1.1. Contextualização ... 18

1.2. Radiação UV e os seus efeitos ... 18

1.3. Proteção Solar ... 20

1.3.1. Estratégias de Exposição Solar Responsável ... 20

1.3.2. Protetor Solar ... 21

1.3.3. Como escolher um Protetor Solar adequado ao seu tipo de pele? ... 22

1.3.4. Protetores Solares e a Vitamina D ... 22

1.4. Considerações finais ... 23

2. Literacia em Saúde em plataformas digitais ... 23

2.1. Contextualização ... 23

2.2. Dia Internacional Sem Tabaco ... 25

2.3. Hidratação, a grande defesa contra o calor! ... 27

2.4. Dia Mundial do Dador de Sangue ... 28

2.5. Higiene do Sono ... 30

2.6. Hipertensão Arterial ... 32

2.7. Considerações Finais ... 34

Referências ... 36

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xi Índice de Tabelas

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1 Parte 1 - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio.

1. Introdução

A farmácia comunitária (FC) é uma das áreas de maior atuação da profissão farmacêutica. Cerca de 58% dos farmacêuticos em Portugal encontram-se distribuídos pelas 2900 farmácias portuguesas. [1] Atendendo a estes números, é compreensível o grande contacto que os farmacêuticos têm com a população em geral na prestação de cuidados de saúde através dos serviços oferecidos pelas farmácias e pelas intervenções farmacêuticas.

O estágio profissionalizante em FC é de extrema importância, não só para consolidar os conhecimentos teóricos obtidos ao longo do curso, mas também para adquirir experiência e competências práticas necessárias para o futuro. Servindo este relatório como o relato das experiências e aprendizagens que obtive no decorrer do meu estágio na FC que eu escolhi: Farmácia Henriques (FH).

2. Farmácia Henriques

2.1. Localização, Enquadramento e Horário

A FH localiza-se na Praça da Batalha nº 64, perto da Rua de Santa Catarina, no Centro do Porto (Anexo 1). Situa-se numa zona com muitos estabelecimentos comerciais, desde cafés, restaurantes a hotéis, sendo que os utentes da farmácia são maioritariamente turistas, trabalhadores e residentes, principalmente idosos. Os utentes habituais apresentam uma ficha de cliente na farmácia, ficando fidelizados a esta.

A farmácia, durante a semana, abre às 8:30 e encerra às 19h30, sem intervalo para almoço e aos sábados abre às 9h e fecha às 18h30, fechando para almoço das 13h às 14h. Noos dias em que se encontra de serviço que fica 24horas aberta.

Nos 4 meses de estágio entrei às 10h e saí às 19h, com 1 hora de almoço. Devido à minha hora de saída ser às 19h (perto da hora de fecho e que coincide com a maior afluência de pessoas), adquiri mais autonomia no atendimento e permitiu-me desenvolver mais competências de comunicação clínica.

2.2. Instalações

A FH apresenta dois andares, o rés-do-chão e o 1ºandar. O rés-do-chão apresenta, no seu exterior, duas montras, duas portas de entrada, a cruz verde, a designação de “Farmácia” e uma placa com a informação visível do nome da farmácia, a direção técnica e o horário de funcionamento.[2] Quanto ao seu interior, este apresenta-se corretamente ventilado e iluminado, contando com 4 postos de atendimento ao público, separados fisicamente, um gabinete de apoio ao utente, área de receção de encomendas, instalações sanitárias, um balcão

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2 reservado para manipulados e uma área de armazenamento, cumprindo os requisitos estabelecidos no artigo 29.º referente às Instalações na FC no Decreto-Lei n.º 307/2007 de 31 de Agosto.[3]

Nos locais de acesso ao público encontram-se, para além de cadeiras na sala de espera disponíveis para os utentes, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), produtos de cosmética, produtos de conforto, suplementos alimentares e produtos fitoterapêuticos. Apresenta também diversos expositores com informação sobre os produtos e as respetivas promoções.

O gabinete de apoio ao utente apresenta uma marquesa, uma mesa e duas cadeiras. É nesta divisão que ocorre a medição da Pressão Arterial e de parâmetros bioquímicos (Colesterol, Triglicerídeos e Glicose). Para garantir a privacidade do utente e para fornecer atendimentos personalizados, esta divisão pode ser fechada através de uma porta de vidro e de uma cortina.

Nos locais de acesso restrito ao pessoal, estão armazenados medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) devidamente separados os medicamentos genéricos dos éticos, medicamentos de venda livre (MVL), medicamentos veterinários, suplementos, dispositivos médicos, cosméticos e produtos de higiene. Aqui existe uma área reservada para a preparação de medicamentos manipulados e o material necessário.

O armazenamento dos produtos farmacêuticos (PF), ocorre sempre por ordem alfabética, separando-se sempre por dosagem e por número da forma farmacêutica (FF), colocados por ordem crescente. Exemplificando, um medicamento que tenha 20 mg de dosagem e apresente duas caixas, uma com 20 e outra com 60 comprimidos, estas são separadas fisicamente e coloca-se em primeiro a de menos comprimidos e de seguida a de 60, de forma a minimizar erros no ato da dispensa.

Relativamente à receção de encomendas, esta é realizada num local específico e é constituído por uma mesa, um computador para se proceder à introdução das encomendas no sistema informático, um leitor ótico e pelo telefone da farmácia que permite gerar encomendas diretas aos fornecedores. Por fim, existe também nesta área as instalações sanitárias.

No que diz respeito ao 1ºandar, possui uma zona para as refeições da equipa, contando com um frigorífico, mesa, cadeiras, armário e micro-ondas para o efeito. Aqui também podem encontrar os cacifos do pessoal, o armazém de PF e o gabinete da Diretora Técnica (DT).

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3 2.3. Fontes de Informação

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, o farmacêutico deve ter ao seu dispor uma biblioteca com informação sempre atualizada, para auxiliar no ato farmacêutico. Na FH, o gabinete de apoio ao utente também funciona como biblioteca, onde se pode encontrar manuais, como a Farmacopeia Portuguesa, Prontuário Terapêutico e o Índice Nacional Terapêutico. De salientar que o próprio sistema eletrónico apresenta acesso direto à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) e ao resumo das características do medicamento dos PF. [2]

2.4. Recursos Humanos

Atendendo ao capítulo III referente à Direção Técnica, o artigo 20.º do Decreto-Lei n,º 307/2007 de 31 de Agosto remete para que o DT tenha de ser obrigatoriamente farmacêutico, tal como se verifica na FH, sendo este papel atribuído à Dra. Isabel Cortez. O quadro farmacêutico na FH é composto, para além da DT, pela Dra. Helena Rocha, Dra. Rosário Correia e Dra. Ana Rios, perfazendo um total de 4 farmacêuticos, respeitando o artigo 23.º do mesmo Decreto-Lei que afirma que “As farmácias dispõem, pelo menos, de um diretor técnico e de outro farmacêutico”. O quadro não farmacêutico é constituído por uma técnica de diagnóstico e terapêutica, Diana Oliveira.

2.5.Sistema Informático

Todos os computadores da FH têm o mesmo sistema informático (SI), o 4DigitalCare®, que constitui uma ferramenta essencial no dia-a-dia da farmácia. Para além do módulo de atendimento, que permite a dispensa de medicamentos e das informações que providencia auxiliando os atendimentos, também é uma mais-valia na gestão de stocks, controlo de prazos de validade e na realização e receção de encomendas. O 4DigitalCare® permite criar fichas de cliente associado ao NIF do utente, com sistema de pontos para obter descontos em determinadas compras. Isto permite aumentar a fidelização dos utentes à FH. Outra grande vantagem é permitir o acesso ao histórico de vendas dos clientes, auxiliando no atendimento e, dessa forma dar continuidade ao mesmo medicamento da mesma marca ou laboratório, aumentando a adesão à terapêutica e diminuindo a possibilidade de erros de tomas.

3. Gestão em Farmácia Comunitária 3.1.Pedido de encomendas

A FH realiza as suas encomendas diariamente para a Alliance Healthcare® e Udifar®, sendo as da Alliance Healthcare® entregues três vezes ao dia e as da Udifar® uma vez por dia. Existem outros fornecedores pontuais como a Pierre Fabre®, Maciel & Ferreira®, entre outros. As encomendas podem ser feitas através do SI pelo farmacêutico responsável ou

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4 diretamente por telefone. A terceira possibilidade é realizar durante um atendimento conforme o pedido do utente e quando não há o PF na farmácia. A grande vantagem destas encomendas instantâneas através do 4DigitalCare® é saber no momento as horas da chegada do PF à farmácia e informar-se logo o utente. Existe também uma quarta forma de realizar encomendas através do “Projeto Via Verde do Medicamento”, autorizado pelo INFARMED. Este projeto consiste numa encomenda instantânea por uma via excecional de acesso a medicamentos rateados, isto é, que apresentam disponibilidade reduzida. As farmácias que não têm stock de determinado medicamento rateado, podem pedir por via verde ao distribuidor através de uma prescrição médica válida, o distribuidor envia o pedido com o stock reservado para a via verde.[4]

3.2.Receção de encomendas

A receção de encomendas é uma atividade diária na FC de grande importância para a gestão da farmácia, visto que controla a entrada de PF na farmácia e o preço de venda ao público (PVP) no caso de MVL. As encomendas chegam à farmácia em contentores próprios com cores que representam o distribuidor. As primeiras encomendas a serem verificadas são as dos medicamentos termolábeis (vêm em contentor próprio devidamente refrigerado) e são logo colocadas no frigorífico. Todas as encomendas vem acompanhadas pela fatura original e o seu duplicado ou com as guias de remessa. A fatura original é colocada na capa do respetivo distribuidor e o duplicado é usado para dar entrada no SI. O sistema apresenta a listagem das encomendas efetuadas no dia anterior e ao dar entrada procura-se a respetiva encomenda e abre-se, deve-se ter um especial cuidado ao utilizar o leitor ótico nos códigos bidimensionais, verificar os respetivos prazos de validade (PV) e se o stock está a zero deve-se alterar o PV, se já existir stock só se altera caso haja um PV mais curto. Deve-se colocar os preços de custo para a farmácia se estiverem diferentes ao da fatura. No fim, averigua-se se o valor final da fatura é compatível com o do SI.

Esta tarefa foi me incutida logo nas primeiras semanas de estágio, dava entrada da encomenda e alguém da equipa conferia tudo incluindo as margens e lucro. No fim, fechava a receção da encomenda e colocava as etiquetas, se fosse caso disso, e seguia para o armazenamento dos medicamentos.

3.3. Reservas

Quando o utente pede determinado PF cujo stock está a zero, pode-se efetuar a encomenda do produto e no mesmo momento a sua reserva através do sistema informático. É avisado ao utente as horas de chegada desse produto e é fornecido um talão de reserva como comprovativo a entregar quando quiser levantar o PF. Na altura da receção desse mesmo

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5 produto, aparece um aviso no sistema de que “há reserva desse produto” e é necessário satisfazê-la, isto é, é preciso notificar no SI que o produto já se encontra na farmácia e está reservado para o utente em local próprio. Esta reserva fica resolvida no momento em que o utente vem levantar o produto. Regularmente verifica-se se há reservas antigas no qual, por esquecimento do utente ou por outro motivo, não foram resolvidas e voltam para o stock.

3.4. Gestão de stock e controlo dos Prazos de Validade

Os stocks dos PF e medicamentos existentes na farmácia devem satisfazer os pedidos dos utentes. No entanto, é necessário haver uma gestão de stocks para que não haja um excesso de produtos que não são escoados e conduzam a prejuízos à farmácia. A quantidade de todos os produtos está descrito no SI, bem como o menor PV para cada medicamento e PF. Na receção, dá-se entrada dos produtos e é registado PV, se for caso disso, e na dispensa é dada saída do produto. Durante este percurso pode haver erros quer no stock quer nos PV.

Para garantir que tudo esteja em conformidade e o stock real seja igual ao stock do SI, é efetuada periodicamente a impressão de uma folha, através do SI, com os produtos que estão a findar o PV, na qual está incluída esse PV e a quantidade. Assim é confirmado, simultaneamente, o stock e a validade. Se estiver a terminar, é retirado da gaveta/linear e será devolvida ao fornecedor. Se ainda tem um PV alargado permanece no local e altera-se o PV no SI.

O controlo de PV foi das primeiras tarefas que realizei na FH. Permitiu-me ter uma maior perceção dos produtos que a farmácia possui e os seus locais de armazenamento.

3.5.Armazenamento

Após a receção de encomendas, segue-se o armazenamento de medicamentos e PF que deve seguir as Boas Práticas Farmacêuticas para a FC, [2]respeitando sempre as condições de iluminação, temperatura, humidade e ventilação adequadas.

Esta etapa é crucial para um controlo maior do stock e para que o atendimento seja mais rápido e eficaz, sem qualquer tipo de erro. Na FH, o armazenamento é feito colocando os medicamentos no local correto por ordem alfabética e por ordem crescente de dosagem, separando-se também por quantidade da FF como referido no ponto 2.2. Durante este processo é utilizado o modelo FEFO- First Expired-First Out, em que os produtos com PV menor devem ser colocados à frente para serem vendidos em primeiro lugar, de forma a evitar a devolução dos mesmos. Os medicamentos são colocados nas gavetas respetivas consoante se são medicamento genérico (MG), ético, xaropes ou carteiras, de higiene íntima, para higiene nasal, de uso externo ou colírios. Os MVL encontram-se expostos por trás dos balcões de atendimento. Os psicotrópicos encontram-se em local separado e fechado. Relativamente aos medicamentos

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6 termolábeis, estes são conservados entre os 2 e os 8ºC, havendo periodicamente uma revisão e registo dos valores das temperaturas.

O armazenamento dos medicamentos foi das primeiras atividades que me foram incutidas, para me ambientar com os locais da farmácia mas também com os produtos existentes. Apesar de simples, apercebi-me com o tempo da importância desta tarefa na gestão de stock e na melhoria da qualidade dos atendimentos.

3.6.Devoluções

A farmácia pode proceder à devolução de medicamentos quando se verifiquem irregularidades, como por exemplo, quando o fornecedor envia embalagens danificadas, produtos trocados, produtos faturados mas não encomendados ou pedidos por engano, desistências de clientes ou quando o PV expira. Existe também a possibilidade do INFARMED exigir a recolha de produtos ou pela entidade detentora da autorização de introdução de mercado, através de circulares de suspensão de comercialização.

Para efetuar a devolução, o SI emite o guia de devolução, onde consta o número da fatura, o nome, quantidade, preço de custo, a taxa de iva do produto e o motivo da devolução. São impressos três exemplares assinados e carimbados, dois que serão enviados fornecedor e o triplicado, que recebe o carimbo do distribuidor e fica na farmácia. Se a devolução for aceite, a farmácia recebe a nota de crédito ou a troca de produtos. Se a farmácia voltar a receber o produto, é porque a devolução deste não foi aceite a devolução e deve ser rejeitado no contentor do Valormed® e deve ser efetuada uma quebra de stock do produto.

4. Dispensa de Medicamentos

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas para a FC[2], a dispensa de medicamentos envolve a avaliação da medicação por parte do farmacêutico e apela para o seu correto uso. É durante a cedência de medicamentos que o farmacêutico identifica e resolve possíveis problemas relacionados com os medicamentos, a fim de proteger o utente de resultados negativos associados à medicação.

4.1.Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Pelo Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, o Art.º 114 refere que os MSRM incluem-se numa das seguintes condições:[5]

 Se constituírem, direta ou indiretamente, um risco para a saúde do doente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, sem vigilância médica;

 Podem ser um risco, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

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7  Se incluírem substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou

reações adversas seja indispensável aprofundar;  Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

4.2. Prescrição médica

A prescrição médica efetua-se por uma receita médica por via eletrónica, excetuando em casos de falência informática,inadaptação fundamentada do prescritor, em caso de prescrições ao domicílio ou noutras situações até a um máximo de 40 receitas por mês, que possibilita de forma excecional ao uso de receita médica manual.[6]

As receitas médicas (RM) eletrónicas podem ser materializadas (em papel) ou desmaterializadas (sem papel). Ao contrário das RM manuais, as eletrónicas não tem limite de linhas por receita e tem validade de 6 meses. Já as RM manuais apresentam 30 dias de validade. Para validação das RM, segundo o Art.º 9 da Portaria n.º 224/2015 de 27 de julho, estas devem conter, na generalidade, o número da receita, o local de prescrição ou respetivo código; a identificação do médico prescritor incluindo o número de cédula profissional; o nome e número de utente; a entidade financeira responsável e número de beneficiário, acordo internacional e sigla do país, quando aplicável; se houver, inclui-se a referência ao regime especial de comparticipação de medicamento.[6]

Na RM eletrónica, “cada linha de prescrição só pode incluir um produto de saúde ou um medicamento, até um máximo de duas embalagens de cada” ou 6 se for um medicamento destinado a tratamento prolongado. Neste tipo de RM, para além do descrito em cima, deve ainda constar a denominação comum internacional (DCI) da substância ativa (SA), dosagem, FF, dimensão da embalagem e número de embalagens, se aplicável, a DCI; o código nacional para a prescrição eletrónica de medicamentos ou outro código oficial identificador do produto, a data de prescrição e a assinatura do prescritor.[6]

Relativamente às RM manuais, só podem ser prescritos “até quatro medicamentos ou produtos de saúde distintos, em receitas distintas não podendo, em caso algum, o número total de embalagens prescritas ultrapassar o limite de duas por medicamento ou produto, nem o total de quatro embalagens”[6] As RM manuais, pelo Art.º 12.º só são válidas se apresentarem os seguintes parâmetros como a explicação da utilização da RM manual; a vinheta identificativa do local de prescrição, se aplicável; a vinheta identificativa do médico prescritor; a identificação da especialidade médica e, se aplicável, o contacto telefónico do prescritor.

A prescrição pode ser feita pelo nome comercial do medicamento em vez do DCI porém, neste caso, é necessário verificar se não há algum medicamento similar ou genérico comparticipado ou, então, se a prescrição contém a justificação técnica: [7]

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8 a) Margem ou índice terapêutico estreito;

b) Reação adversa prévia;

c) Continuidade de tratamento superior a 28 dias. 4.3. Ato da dispensa

Posterior à validação da prescrição médica, segue-se o ato da dispensa. Deve-se comunicar ao utente os medicamentos disponíveis com a mesma SA, FF, dimensão da embalagem e dosagem do medicamento prescrito, assim como os que apresentam um preço mais baixo e os que são comparticipados pelo serviço nacional de saúde (SNS).

Para além disto, as farmácias devem dispor, no mínimo. três medicamentos com a mesma FF, dosagem, e SA de entre os cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo. Quando a prescrição é feita por DCI, deve-se dispensar o de menor preço, salvo opção contrária do doente.

No caso da dispensa de medicamentos prescritos por nome comercial ou do titular, o farmacêutico deve verificar se a prescrição se inclui nas seguintes situações: se for a exceção a) e b), anteriormente explicadas, o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que consta da receita. Se for a exceção c), fica à escolha de utente, podendo levar um medicamento similar mas de preço inferior. [7]

No caso de RM manual, após a dispensa, é impressa no verso da receita a informação relativa à prescrição e medicação dispensada, devendo o utente assinar o verso da receita, como forma de garantir que levou o medicamento e que lhe foram prestadas todas as informações relativas à toma.

4.4. Medicamentos Genéricos

Define-se MG como um “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”.[5] Estes medicamentos apresentam, na sua embalagem exterior, o símbolo de MG e são identificados pela SA.

No momento da dispensa de uma RM, é função do farmacêutico questionar o utente se prefere levar o medicamento de marca ou o MG, referindo que ambos apresentam as mesmas indicações terapêuticas e dosagem. A maioria dos utentes ou já traziam as informações dos laboratórios que habitualmente usam ou preferiam sempre o mais barato. De salientar que existe algum desconhecimento da população sobre as diferenças e as semelhanças entre o MG e o de marca, em diversas ocasiões tive oportunidade de esclarecer estes dois conceitos.

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9 4.5. Psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes apresentam inúmeras aplicações, atuam diretamente sobre o sistema nervoso central podendo atuar como depressores ou estimulantes. São utilizados no tratamento de diversas doenças como do foro psiquiátrico, oncológico ou como analgésicos ou antitússicos. Apresentam benefícios mas também têm alguns riscos associados como a dependência física e psíquica. [8] É por esta razão que o circuito de psicotrópicos e estupefacientes é sujeito a um controlo especial e bem regulado pelo Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro.

No caso de receita eletrónica materializada ou em papel vem com a designação “RE – prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a controlo”. Já na receita desmaterializada vem com a identificação “LE - Linha de prescrição de psicotrópicos e estupefacientes sujeitos a Controlo”. [7] O levantamento da medicação pode ser feito pelo próprio ou por um representante, pelo que é sempre obrigatória a apresentação de um documento de identificação para o registo do nome do utente e a sua morada e o nome, morada, data de nascimento, número e data de validade do cartão de cidadão do representante. No fim da venda, na FH, imprime-se um talão de faturação em duplicado assinado pelo adquirente, que é guardado na farmácia durante três anos. [6]

4.6.Sistema de comparticipação de medicamentos

O Estado pode comparticipar a aquisição dos medicamentos prescritos aos beneficiários do SNS e de outros subsistemas públicos de saúde. [9]Atualmente estão em vigor dois tipos de regimes, o geral e o especial. Quanto ao regime geral, existem quatro escalões de comparticipação de medicamentos pelo Estado, consoante a sua classificação farmacoterapêutica. O escalão A (hormonas e medicamentos usados no tratamento das doenças endócrinas; medicamentos usados em afeções oculares; medicamentos antineoplásicos e imunomoduladores), o B (medicamentos anti-infeciosos; sistema nervoso central; aparelho cardiovascular), o C (aparelho geniturinário, locomotor e medicação antialérgica) e, por último, o D (aqui incluí-se os medicamentos novos e com regime de comparticipação transitório), com, respetivamente, 90%, 69%, 37%, e 15% do PVP dos medicamentos. [10] “Para efeitos de comparticipação do Estado, o cálculo do preço de referência dos medicamentos deve corresponder à média dos cinco medicamentos mais baratos existentes no mercado que integrem cada grupo homogéneo”, tal como anteriormente referido a farmácia é obrigada a possuir pelo menos três desses cinco medicamentos.[11]

Quando o valor da comparticipação por parte do estado é superior ao regime normal, estamos perante um regime especial de comparticipação que prevê dois tipos de

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10 comparticipação: em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. Os regimes especiais de comparticipação são identificados pela letra “R” e aplica-se aos utentes pensionistas, sendo a “comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5% e nos escalões B, C e D é acrescida de 15% para os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transato ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante”. Quanto ao regime especial de comparticipação de medicamentos em função da patologia, como a Psoríase, Artrite reumatoide espondilite anquilosante, Paramiloidose, Lúpus, Hemofilia, entre outras, designando-se pela letra “O” com a respetiva menção do despacho. [7, 12]

Relativamente aos produtos de vigilância da Diabetes, o Estado comparticipa com 85 % do PVP máximo na aquisição das tiras para a determinação da Glicemia e 100 % do PVP máximo na aquisição das agulhas, seringas e lancetas. [13]

Por fim, existem subsistemas de saúde públicos ou privados, como é o caso do regime especial de comparticipação em medicamentos aos funcionários e agentes da Administração Pública (ADSE).[14] A nível privado, o SAMS, Médis CTT, Savida, entre outros.

Relativamente a este tópico, no inicialmente deparei-me com uma grande dificuldade em reconhecer os diferentes subsistemas especiais de comparticipação e a forma como proceder durante a dispensa, uma vez que em alguns se necessita de colocar logo o número de beneficiário e noutros casos é só no final. Felizmente, o SI é uma mais-valia neste sentido e não deixa avançar sem o preenchimento correto dos diversos parâmetros para não haver falhas.

4.7. Faturação e processamento do receituário

Para que a farmácia receba o valor correspondente aos medicamentos dispensados sujeitos a comparticipação, procede-se à verificação das RM. A receita, na FH, é verificada por 3 farmacêuticas diferentes para uma verificação mais eficiente. De seguida, são agrupadas por organismos em lotes de 30 receitas. No fim do mês, emite-se o verbete de identificação para cada lote, carimbado e assinado pela DT, que fica junto de cada lote. É ainda emitido o resumo de lotes, que identifica o número de lotes e receitas por lote de cada organismo e a fatura eletrónica mensal original e duplicada carimbada. O triplicado fica na farmácia.

As receitas do SNS vão para o Centro de Conferência de Faturas e as RM dos outros organismos para a Associação de Farmácias Portuguesas. Se tudo estiver conforme, a farmácia recebe, então, o valor da comparticipação. Se for detetada alguma irregularidade a receita é

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11 devolvida à farmácia com a justificação para que se proceda à sua correção e seja colocada nas receitas da faturação do próximo mês.

4.8.Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Pelo Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, os MNSRM, são medicamentos que não preenchem os requisitos do Art.º114 relativo aos MSRM. Os MNSRM são habitualmente designados de MVL, em que não são comparticipados pelo Estado, exceto casos previstos na legislação. [5]

Os MNSRM podem ser solicitados pelo próprio utente ou indicado pelo farmacêutico. Quando o utente se dirige à farmácia e expõe uma situação, o farmacêutico através de diversas questões averigua a melhor opção para a situação. O farmacêutico pondera a idade do utente, os sintomas, a duração dos mesmos, entre outras questões pertinentes consoante o caso. No fim, o farmacêutico transmite ao utente possíveis medidas farmacológicas através do uso de MNSRM e de medidas não farmacológicas, ou se for caso, aconselhar a ida ao médico. O farmacêutico não pode recusar dispensar um MNSRM quando solicitado pelo utente, devendo sempre aconselhar sobre as indicações terapêuticas, posologia, interações e possíveis efeitos adversos. [3]É da responsabilidade do farmacêutico apelar ao uso responsável do medicamento e prevenir a auto-medicação e as sobredosagens com os MVL.

De salientar os MNSRM-EF, medicamento não sujeito a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia, que são dispensados após consentimento do farmacêutico e são medicamentos que necessitam de uma maior farmacovigilância e especial atenção no ato da dispensa. [15]

Os MVL são a área de maior destaque dos aconselhamentos farmacêuticos e uma tarefa de grande responsabilidade para com o utente pelo que sempre que não me sentia confortável para aconselhar um utente recorria às farmacêuticas para me auxiliarem e ensinarem para os atendimentos seguintes. Com o tempo foi-se tornando mais fácil e mais natural.

5. Outros produtos

5.1. Medicamentos e produtos Veterinários

Corresponde a “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”. [16]

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12 Na FH existem apenas os medicamentos para cães e gatos mais usuais, como desparasitantes e anticoncecionais. Tive oportunidade fazer alguns atendimentos sobre medicamentos de uso veterinário em que tive de ter em conta o peso do animal.

5.2. Dispositivos Médicos

Os dispositivos médicos tem como objetivos prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença. Não utilizam qualquer ação farmacológica, metabólica ou imunológica, distinguindo-se de medicamentos. Pelo Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho, os dispositivos médicos podem ser classificados de acordo com o risco de utilização, duração de contacto com o corpo humano, invasibilidade, anatomia afetada com o seu uso e ainda com os potenciais riscos decorrentes da conceção técnica e do fabrico (classe I- baixo risco; IIa e b- médio risco; e classe III- alto risco). [17]

A FH dispõe ao consumidor ligaduras, joelheiras e pulsos elásticos, meias de compressão, lancetas, agulhas, frascos de colheita, termómetros, compressas, aparelhos de medição da tensão e glicémia, óculos de correção, seringas, preservativos, entre outros. Ao longo do meu estágio tive a oportunidade de me familiarizar com esta área, bem como os cuidados a ter no funcionamento de alguns dispositivos médicos.

5.3. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal

Define-se produto cosmético, “qualquer substância ou preparação destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais”.[18] Cada vez há uma maior procura dos produtos cosméticos pelos utentes mas também uma grande oferta, pelo que estes produtos estão sujeitos a legislação específica. Se for detetada qualquer reação adversa ou algo prejudicial à saúde deve ser reportado ao INFARMED. A FH trabalha com diversas marcas como a La Roche-Posay®, Nuxe®, Bioderma®, entre outras. Dessa forma, contactei com diferentes produtos e no atendimento pude apresentar diversas opções de escolha ao utente. Existem também produtos de higiene corporal como champôs, gel de banho, pastas dentífricas, desodorizantes, entre outros.

5.4. Medicamentos e Produtos Homeopáticos

São medicamentos que são obtidos a partir de matérias-primas homeopáticas, tendo como base um processo de fabrico descrito na farmacopeia europeia. A sua preparação envolve a utilização de quantidades mínimas de substâncias ativas que são obtidas através de diluições

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13 e dinamizações sucessivas. A entidade reguladora dos medicamentos homeopáticos é o INFARMED. [19]

Na FH, os medicamentos homeopáticos existentes são da marca Boiron®. Durante o meu estágio deparei-me com turistas estrangeiros que solicitavam especificamente os grânulos desta marca. Apesar de não ser uma área muito desenvolvida, alguns produtos começam a ser solicitados em detrimento de outros MVL.

5.5. Suplementos Alimentares

Os suplementos alimentares são considerados géneros alimentícios e possuem apresentações em comprimidos, cápsulas ou saquetas. No entanto, não são medicamentos. O seu objetivo é complementar o regime alimentar normal, não substituindo uma dieta variada. Possuem vitaminas e minerais, fibras e probióticos, ácidos gordos essenciais, aminoácidos e enzima, entre outros. A autoridade reguladora é o DGAV- Direção-Geral de Alimentação e Veterinária. [20]

Pelos casos que pude observar, os suplementos alimentares eram solicitados para jovens estudantes para uma maior performance nos exames, para a fadiga física e intelectual e para facilitar o sono.

5.6. Produtos Fitofarmacêuticos

A gama mais utilizada na FH deste tipo de produtos é da marca Aboca®, que se destinam para afeções menores como dores de garganta, tosse, gases, obstipação, acidez e refluxo, pernas cansadas, entre outros. Existem diferentes apresentações como em comprimidos, cremes, enemas e em chás. São, portanto, definidos como qualquer medicamento que tenha exclusivamente uma ou mais substâncias ativas derivadas de plantas, uma ou mais preparações à base de plantas ou uma associação destas. [5]

5.7. Produtos de Conforto

A FH apresenta diversos produtos de conforto muito solicitados pelos utentes, como as palmilhas e o calçado das marcas Scholl®, Medicomfort® e da Suave®. São produtos ortopédicos, pelo que o aconselhamento aqui é fundamental. A população mais idosa é a mais recomendada para a sua utilização, no entanto, surgem pedidos para diversas faixas etárias.

5.8.Artigos de Puericultura

A FH dispõe de vários produtos de puericultura como chupetas, biberões, tetinas, fraldas, termómetros, tesouras/corta-unhas, produtos de higiene do bebé. São dispensados muitos produtos cosméticos de higiene corporal específicos para o bebé como hidrante, gel de banho e cremes para a fralda.

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14 6. Prestação de Serviços

6.1.Determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos (PA, Colesterol, Triglicerídeos, Glicose e Índice de Massa Corporal)

A FH elabora prestação de serviços à comunidade como a medição de parâmetros bioquímicos e fisiológicos no gabinete de apoio ao utente, de acordo com a Portaria n.º 1429/2007 de 2 novembro. A tabela de preços destes serviços encontra-se no balcão de atendimento visível a todos os utentes.[21]

Pressão Arterial

A determinação da Pressão Arterial é dos serviços mais solicitados na FH, principalmente para registo e controlo diário ou semanal das pessoas hipertensas que já se encontram medicadas. Também é solicitado para medir a PA para diagnóstico e pedem aconselhamento farmacêutico. Cabe ao farmacêutico avaliar os valores obtidos e aconselhar sobre medidas não farmacológicas e orientar para um estilo de vida mais saudável, aconselhando a evitar o sal, deixar de fumar se for o caso, moderar o consumo de álcool, praticar exercício físico regular e, caso se aplique, apelar ao uso correto dos medicamentos.[22]

A medição da PA foi uma das tarefas qie desde cedo me foi incutida. A medição é feita utilizando um tensiómetro digital de braço que, para além de indicar os valores da pressão diastólica, sistólica e a pulsação, também dá o alerta quando o utente está com uma arritmia, em bradicardia ou taquicardia. O procedimento adotado na medição é aconselhar ao utente a estar relaxado e em silêncio, com o braço pousado ao nível do peito e no final apontar os valores.

Colesterol e Triglicerídeos

A dislipidemia é uma condição em que ocorrem níveis anormais de lípidos no sangue e é um importante fator de risco cardiovascular. Pode-se manifestar por um aumento dos Triglicerídeos, por aumento do colesterol ou mesmo pela combinação destes dois parâmetros, designado de dislipidemia mista. Existe também a dislipidémia por redução dos valores de HDL, o “bom colesterol”. [23]

Apesar de menos frequentes, também realizei a medição destes dois parâmetros obtidos por punção capilar, em que o sangue era posteriormente colocado em tira reativa específica e colocada no aparelho digital próprio que indicava o valor.

Glicemia

Finalmente, o último parâmetro medido no gabinete de apoio ao utente é a medição da glicemia. Esta é determinada com auxílio de um medidor automático após a picada do dedo com uma lanceta descartável e contacto da gota de sangue na tira.

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15 Normalmente, as pessoas com diabetes possuem o seu próprio medidor, pelo que não utilizam muito este serviço na farmácia. No entanto, por vezes, algumas pessoas pedem para fazer a medição para terem acompanhamento farmacêutico.

Durante a medição é pertinente perceber se o utente tem diabetes ou familiares com diabetes e se está em jejum para avaliar melhor o resultado obtido pelo aparelho. Importa também reconhecer pelo utente alguns sintomas da diabetes tais como perda súbita de peso, poliúria, polifagia, polidipsia e visão turva.[24]

Índice de Massa Corporal

Existe na farmácia uma balança disponível que, para além de pesar, também mede a altura do utente. No fim é fornecido um papel com os valores do peso e altura, bem como do índice de massa corporal obtido, a respetiva escala e o significado do valor obtido.

6.2.Administração de Injetáveis

Segundo a portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro, Art.º 2º., refere que os serviços farmacêuticos incluem a administração de medicamentos injetáveis e de de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e é realizada, sob responsabilidade do DT, pelos farmacêuticos com formação adequada para o efeito, reconhecido pela ordem dos farmacêuticos. Este serviço é também realizado no gabinete de apoio ao utente para garantir a privacidade do utente.[25]

6.3. Programa de Troca de Seringas

A FH é aderente ao Programa de Troca de Seringas- “Diz Não a Uma Seringa em Segunda Mão”, criado em Outubro de 1993, que visa prevenir infeções pelo VIH e pelos vírus das Hepatites B e C, por via sexual, endovenosa e parentérica nas pessoas que utilizam drogas injetáveis. O programa pretende recolher as seringas usadas e colocadas em local próprio para serem destruídas corretamente e, por cada duas seringas usadas entregues é fornecido um kit que inclui 2 seringas, 2 toalhetes, 2 ampolas de água bidestilada, 2 carteiras com ácido cítrico, 2 filtros, 2 recipientes e 1 preservativo. Por fim, deve-se efetuar a saída do Kit no SI com 100% de comparticipação pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências - SICAD, sendo o PVP a 0,00€.[26]

Segundo o relatório de 2019 disponibilizado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, o programa de troca de seringas já distribui mais de 1 milhão e 300 mil seringas e 724 453 mil preservativos em 2018.[27]

6.4.Valormed®

A Valormed foi criada em 1999 para gerir os resíduos de embalagens vazias e dos medicamentos fora de uso a fim de preservar o ambiente. Assim, os utentes podem levar à

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16 farmácia os seus medicamentos de uso humano e/ou veterinário que se encontram fora de prazo ou inutilizados e colocar no recipiente da Valormed. Uma vez cheio, este é selado e entregue aos distribuidores de medicamentos. Na FH é a Alliance Healthcare® que assegura o seu transporte para as instalações. Posteriormente serão transportados para um centro de triagem em que os resíduos são separados e classificados para, finalmente, serem entregues ou para a reciclagem ou para inceneração segura.

O farmacêutico, ao recolher os produtos que o utente pretende colocar para o recipiente da Valormed, deve certificar-se que é apenas colocado restos de medicamentos de uso humano ou veterinário, folhetos de papel, embalagens de cartão, blisters, ampolas, acessórios de administração como colheres de medida, conta-gotas e inaladores. Não pode ser recolhido qualquer tipo de material cortante, agulhas ou seringas, termómetros de mercúrio, material de penso ou cirúrgico como álcool, gazes, produtos químicos, nomeadamente detergentes, aparelhos elétricos ou eletrónicos, lâmpadas e pilhas ou radiografias. [28]

6.5. Recolha de Radiografias

A FH aderiu à campanha proposta pela AMI- Assistência Médica Internacional, de recolha de radiografias com mais de 5 anos ou sem valor de diagnóstico e serem colocadas em saco de papel próprio. Não podem ser colocados relatórios, envelopes ou folhas de papel. No fim, uma empresa de transporte assegura-se do transporte destes sacos e é entregue para serem corretamente recicladas, diminuído a contaminação de prata no ambiente.[29]

6.6.Projeto-piloto “Seringas só no Agulhão”

A FH aderiu ao projeto piloto criado pela Associação de farmácias de Portugal e possui na farmácia um recipiente onde se pode colocar as agulhas e seringas utilizadas por pessoas com diabetes e utilizadores de medicamentos injetáveis.

7. Serviços Não Farmacêuticos

Para além dos serviços farmacêuticos, a FH possui consultas de nutrição ao sábado de manhã, sujeitas a marcação, por uma nutricionista.

8. Marketing Farmacêutico

A farmácia comunitária deixou de ser apenas o local de aviamento de receitas e MNSRM para aliviar afeções menores. Cada vez mais há uma maior oferta de produtos que as farmácias dispõem ao consumidor, pelo que o marketing tem um papel fundamental. As estratégias comerciais passam por promoções afixadas em panfletos e cartazes, as montras, no qual tive diversas oportunidades de ajudar a construir, quer com promoções que estavam a decorrer, quer com produtos novos que a farmácia possui. Outra estratégia de marketing passa

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17 pelas publicações no Facebook, para dar a conhecer produtos novos ou sazonais e as promoções da farmácia.

Tive oportunidade de ajudar a concretizar o mini-facial gratuito da Nuxe® associada a uma promoção especial e que teve a presença de uma técnica especializada. Este mini-facial foi promovido pela marca de forma a mostrar e promover os seus produtos. Para essa campanha, realizei um póster que coloquei no Facebook da FH para atingir um maior número de pessoas

(Anexo 2). A equipa da farmácia, durante os aconselhamentos farmacêuticos em

dermo-cosmética, apelava aos utentes sobre o mini-facial bem como a promoção. Para finalizar, através do contacto de telemóvel que se encontrava na ficha de cliente da FH, comunicámos com clientes habituais de marca Nuxe® para não perderem esta oportunidade e assim se fidelizarem um pouco mais com a marca.

Tive oportunidade de elaborar para a farmácia conseguir uma maior visibilidade e um maior alcance, cartões-de-visita (Anexo 3) com os contactos da farmácia, para que os utentes se sintam mais à vontade e abrir a linha de comunicação do farmacêutico-utente.

9. Formações

Ao longo dos quatros meses de estágio em FC tive oportunidade de assistir a algumas formações que ajudaram a complementar os conhecimentos que obtive ao longo do curso. Algumas das formações foram na farmácia, promovidas pelas marcas, tais como da Solgar® sobre os suplementos alimentares, a Pranarom® com os seus produtos de aromaterapia e da Nuxe®. Fora do ambiente da farmácia, assisti à formação sobre a linha dos protetores solares da La Roche-Posay®. Compareci, também, ao curso de “Comunicação Clínica para Farmacêuticos” orientado pela prof. Margarida Braga na FFUP.

10. Conclusão

Ao longo do curso éramos confrontados com a realidade que seria a nossa profissão e toda a nossa formação teórica ajuda-nos a ter mais competências técnicas e científicas mas também a desenvolver mais interesse na área e a querer saber procurar mais. Claro que só no estágio profissionalizante em FC é que contactámos pela primeira vez com a realidade da profissão farmacêutica e do seu setor mas também a conectar com mercado de trabalho. Na FH, para além das competências sobre como ser farmacêutico, desenvolvi método de trabalho, responsabilidade pela farmácia e pelo utente, trabalho em equipa e competências em marketing.

Compreendi a realidade do que é ser profissional de saúde, mais concretamente, o que implica ser farmacêutico. De procurar saber mais para poder ajudar mais o utente, da relação de confiança entre Farmacêutico e utente. Estes quatro meses de estágio sem dúvida que moldaram a minha vida profissional.

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18 Parte 2 - Apresentação dos Temas Desenvolvidos

1. Proteção Solar

1.1. Contextualização

Como a segunda parte do meu estágio decorreu em Maio e Junho, decidi aprofundar um tema crucial para a época de Verão: a proteção solar.

As pessoas que chegam à farmácia com a intenção de comprar um protetor solar, pedem sempre aconselhamento farmacêutico. Apercebi-me que, os utentes reconhecem a importância do uso do protetor solar, no entanto na hora de o escolher faltam lhes as informações importantes e não sabem “decifrar” os rótulos das inúmeras gamas que a farmácia apresenta. A falta de informação em relação ao uso correto dos protetores solares conduziu-me a este primeiro projeto na FH, a realização de um panfleto com normas orientadoras de como escolher um bom protetor solar (PS) de acordo com o tipo de pele e expor factos sobre os PS, de forma simplificada. (Anexo 4)

Durante o MICF, contactámos com os PS e a sua importância, os diferentes tipos de pele e as recomendações. Por outro lado, o universo da FC exige que, para além dos fundamentos teóricos, seja pertinente agradar a todo o tipo de consumidor e apresentar diversas soluções para cada pessoa. Com as diversas gamas de PS, tornou-se ainda mais imperativo para mim, desenvolver esta temática.

1.2. Radiação UV e os seus efeitos

A radiação solar é de extrema importância para manter o clima no planeta Terra. De toda a radiação que provém do sol, parte é filtrada pelo ozono atmosférico situado numa altitude 15 a 30 km. A radiação com menor comprimento de onda é a UV (dos 200 aos 400 nm), de seguida é a luz do visível (entre os 400 e 760 nm) e por fim o infravermelho que vai até aos 1500nm. [30]

A radiação UV divide-se em: [31]

 UV-A1: 340 a 400 nm e UV-A2: 320 a 340 nm, a radiação UV-A consegue penetrar a derme e produz o bronzeado, pode causar direta ou indiretamente danos no DNA e conduz ao fotoenvelhecimento;

 UV-B: 290 a 320 nm- é o principal responsável por as queimaduras solares e importantes efeitos biológicos como síntese de vitamina D3, pigmentação, imunossupressão e carcinogénese;

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19 A radiação UV-C é a mais perigosa felizmente é a mais absorvida pela camada do ozono, ao contrário da radiação UV-A e B. Tem pouco poder penetrante na pele e apresenta alguns benefícios para o organismo.

Com a destruição da camada do ozono a nível global e consequente aumento da radiação UV-B para níveis preocupantes, surgiu a necessidade da criação do Índice de radiação UV (IUV) sendo uma medida dos níveis de UV que contribuem diretamente para a formação de uma queimadura solar. Obviamente o IUV depende do tipo de pele e do tempo máximo que a pele sem proteção teve exposto ao sol. O IUV é fornecido diariamente pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera para a população melhor compreender os perigos do UV e adquirir medidas de proteção para uma correta exposição solar, esta escala varia de 1 a 11+: [32]

 1 e 2- baixo- não sendo necessária proteção

 3,4 e 5-moderado- devendo usar óculos de sol e o PS

 6 e 7- elevado- sendo bastante recomendado o uso de óculos de sol, chapéu e PS

 8,9 e 10- muito elevado- as crianças devem evitar a exposição solar, usar óculos de sol, chapéu e o PS. Na praia ter especial cuidado e usar t-shirt e guarda-sol

 11 e 11+- extremo- evitar ao máximo a exposição solar

Em 1975, Fitzpatrick criou uma escala de fotótipos de acordo com a cor de pele, a sua tolerância ao sol (capacidade de bronzear e de adquirir um eritema), e a predisposição genética, o resultado deste teste classifica a pele num dos 6 fototipos. [33](Anexo 5)

A radiação UV apresenta alguns benefícios para o ser humano promove a síntese de vitamina D3, aumenta a atividade mental e diminui o stress e até pode funcionar como fototerapia.

Relativamente aos efeitos negativos da radiação UV, pode dividir-se em efeitos agudos e crónicos. Os seus efeitos agudos geralmente aparecem a forma de eritema. Por vezes, acontecem reações fototóxicas e fotoalérgicas à radiação UV que dependem de fatores externos como certos antibióticos. De salientar que a exposição a UV em pessoas com fotodermatoses piora a sua condição.

A exposição crónica ao sol e, por inerência, aos raios UV tem como consequência a deterioração da estrutura da pele, processo conhecido como o fotoenvelhecimento da pele. Os seus sinais clínicos como hiperqueratose, pele seca e desidratada, hiperpigmentação e rugas

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20 devem-se maioritariamente à radiação UV-A, a UV-B é responsável por modificar a barreira lipídica da pele.

A exposição prolongada à radiação ultra-violeta reduz significativamente as células de Langerhans e desenrola uma série de mecanismos que consequentemente conduzem ao desenvolvimento de cancro da pele. Também a radiação UV-B penetra na pele e provoca danos na estrutura do DNA que, se não conseguirem ser reparados, levam à imunossupressão.[34] [35]

A American Academy of Dermatology desenvolveu um estudo, com fotografias com filtro UV que expõe os danos do sol na pele que a olho nú seria impossível de notar. Este estudo demonstra os efeitos cumulativos da exposição ao UV e os perigos para a saúde apesar de não serem visíveis.[36]

O Cancro de pele tem vindo a aumentar nos últimos tempos estima-se que em cada ano surge 132 000 novos casos de melanoma e que 1 em cada 3 diagnósticos de cancro, são cancro de pele.[37, 38] Os tipos de cancro de pele mais comuns são: carcinoma de células basais (CCB), o carcinoma das células escamosas (CCE) e o melanoma maligno (MM). O CCB corresponde a 95% dos cancros de pele, já o MM apresenta menos incidência no entanto possuiu os casos mais fatais.[39]

1.3. Proteção Solar

1.3.1. Estratégias de Exposição Solar Responsável

Existem estudos que comprovam que as pessoas não sabem aplicar corretamente o seu PS ou não colocam a quantidade recomendada, pelo que o efeito protetor diminui. [34] A proteção solar não diz respeito unicamente aos PS, mas sim a hábitos saudáveis a ter em conta aquando de uma exposição solar.

Está comprovado que os solários são um comportamento de risco para adquirir um bronzeado, uma vez que utilizam radiações UV-A superiores ao recomendado. Estudos comprovam que os solários aumentam o risco de melanoma.[40]

Para além de saber interpretar o IUV e conhecer o seu fototipo é de extrema importância a adoção de hábitos saudáveis como: evitar o sol da 12h à 16h, aplicar o PS a cada 2 horas e sempre após o banho, colocar em todas as partes do corpo [41], sendo que para garantir a proteção adequada, deve-se aplicar pelo menos 2mg/cm2 do PS correspondendo a 6 colheres de café [42] e o uso óculos de sol com filtros solares.[43]

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21 1.3.2. Protetor Solar

No Verão independentemente da idade, tom de pele e género, toda a gente deve usar os PS. Sendo o seu grande objetivo, proteger a pele contra a radiação UV e evitar as queimaduras solares que trazem grandes repercussões para a saúde.

Os Filtros de UV são substâncias contidas nos PS existem os filtros físicos, inorgânicos ou minerais e os filtros químicos ou orgânicos que variam de acordo com a sua forma de ação.

Os filtros físicos, de origem mineral, destinam-se a refletir a radiação UV, formando uma barreira na pele bloqueando o sol. São bem tolerados e protegem tanto contra a radiação UV-A como UV-B.[30] Estes filtros são recomendados em pessoas com fotótipos mais baixos e de extrema fotossensibilidade, em especial nas crianças, uma vez que não causam alergias e são mais estáveis, não reagem com a pele. [34]Apresentam como desvantagem o facto de deixar resíduos opacos e esbranquiçados na pele, por serem mais espessos. [30] Os filtros físicos que aparecem mais regularmente nos rótulos dos PS são o dióxido de titânio (TiO2) e o óxido de zinco (ZnO). [34]

Quanto aos filtros químicos ou orgânicos, estes absorvem a radiação UV em determinados comprimentos de onda, sendo por isso classificados como anti-UVA e anti-UVB. Os filtros químicos apresentam um maior controlo pelas entidades competentes uma vez que podem causar irritações cutâneas, sendo por isso de evitar em pessoas com fotossensibilidade ou nas crianças, sendo realizados testes para determinar as concentrações permitidas nos PS. [31, 34]

Os filtros químicos são moléculas com estrutura aromática com grupo carboxilo, existindo, como anteriormente descrito, os anti-UVA (por exemplo, oxibenzona), anti-UVB (por exemplo, o ácido p-aminobenzóico) e os que absorvem ambas as radiações.[30, 34]Alguns protetores solares contém os dois tipos de filtros. [44]

Para além dos filtros solares, os PS distinguem-se pelo seu Fator de Proteção Solar (FPS), que mede a sua eficácia. O FPS é a razão entre o tempo que a radiação UV-B demora a produzir um eritema na pele com PS pelo tempo na pele sem proteção, numa dose padrão de 2 mg/cm2. Um FPS 15 corresponde a, aproximadamente, 93% de proteção contra a radiação UV-B e um SPF de 30 a 97% de proteção. [44]

Esta designação é muitas vezes mal interpretada, pois quantifica a quantidade de radiação UV necessária para produzir uma queimadura solar, ou seja, quanto mais elevado o FPS maior é a proteção contra os “escaldões”. O FPS não informa sobre o tempo em que se

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22 pode expor ao sol sem obter queimaduras solares, sendo, infelizmente, muitas vezes assim interpretado.[45]

1.3.3. Como escolher um Protetor Solar adequado ao seu tipo de pele?

Primeiro, é preciso ter em conta três fatores essenciais que são comuns a todos os PS:

 FPS alto, sendo recomendado o de 30 ou +  Proteção contra a radiação UV-A e UV-B

 Apresentar no rótulo a descrição de resistente à água, significando que que há proteção mesmo com a pele molhada. Esta resistência dura 40 a 80 minutos sendo necessário reaplicar o PS. De salientar, que nenhum PS é 100% resistente à água.[46, 47]

O segundo passo informa sobre o tipo de PS ideal para cada tipo e condições da pele. Existe no mercado uma variedade de formas galénicas disponíveis desde loções, cremes, géis, óleos, sprays e sticks. [48]

Aconselha-se o uso de cremes pois possuem uma propriedade mais hidratante sendo muito útil para regiões do corpo mais secas ou mesmo para uma pessoa com a pele mais seca. Para uma pessoa com a pele oleosa ou com tendência acneica é fundamental formulações que não contenham óleos e que sejam “não-comedogénico”, para evitar o excesso de sebo.

Se estamos perante uma pele sensível ou alérgica deve alertar-se para o uso de PS sem parabenos, sem fragâncias, devendo ser hipoalergénico. Se for uma pele com manchas ou rosácea, é aconselhado usar filtros físicos por serem melhor tolerados e não causarem alergias.

Os géis são mais usados para áreas com mais pelo ou cabelo, sendo bastante usados pelos homens. Enquanto os sticks são preferíveis para zonas mais delicadas como lábios e ao redor dos olhos.

Nas crianças é necessária uma atenção especial, o PS deve apenas conter filtros físicos pelas razões acima supracitadas e sem qualquer tipo de fragância para não ser irritante para a pele. O uso de sprays nas crianças é bastante comum pela facilidade em aplicar, devendo ter o cuidado de não aplicar diretamente no rosto. [48-50]

1.3.4. Protetores Solares e a Vitamina D

A vitamina D é obtida ou por ingestão ou pela sua síntese através da absorção de radiação UV-B pelas células da epiderme. [30] Esta premissa sugere que o uso de PS impeça a síntese de vitamina D levando ao défice da mesma. Em teoria, se os PS fossem corretamente aplicados, haveria um bloqueio na síntese da vitamina D. No entanto, não há evidências clínicas que suportem este facto. De salientar que, de uma forma geral, pela alimentação e pela

(34)

23 exposição solar diária normal adquire-se a quantidade de UV-B necessária para a síntese de vitamina D pelo organismo.[34, 40]

1.4. Considerações finais

O farmacêutico tem o dever de se manter informado e atualizado com as novas formulações presentes no mercado para ajudar a melhorar a saúde da população e poder aconselhar sobre elas e assim a proteção solar ser mais eficaz. Para além de apresentar alternativas é preciso educar o utente e explicar os motivos de uma correta exposição solar e das vantagens do uso de PS e de um adequado para cada tipo de pele.

O panfleto que desenvolvi, foi um instrumento muito útil tanto para mim, que me ajudou a compreender melhor as gamas de PS, como para a população que entra na farmácia uma vez que estavam estrategicamente colocados junto aos expositores dos PS. Em diversos aconselhamentos que fiz sobre os PS, usava o meu panfleto como instrumento de apoio e fornecia ao cliente, explicando a importância da proteção solar e da escolha de um protetor adequado. Desta forma as pessoas tornavam-se mais suscetíveis à escolha de um PS adequado. 2. Literacia em Saúde em plataformas digitais

2.1. Contextualização

O conceito de Literacia em Saúde surge em 1998 pela Organização Mundial de Saúde, como o conjunto de “ competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde”. [51]Anos mais tarde, o Institute of Medicine of National Academies (IOM) assume que a Literacia em Saúde “baseia-se na interação entre as aptidões dos indivíduos e os respetivos contextos de saúde, o sistema de saúde, o sistema de educação e os fatores socais e culturais em casa, no trabalho e na comunidade.” Isto é, a literacia em saúde depende de vários setores e é responsabilidade de cada um deles. [52, 53]

Muitos estudos comprovam a falta de conhecimento da população relativamente a diversas problemáticas do quotidiano. A falta de compreensão e o desconhecimento levam a ignorar certos sinais do organismo ou mesmo a menosprezar certas doenças. É um risco para a saúde pública a falta de literacia em saúde da população, uma vez que não só influencia a saúde individual como a dos que o rodeiam, conduzem a uma má gestão dos recursos de saúde e a maiores gastos neste sentido. Por exemplo, o desconhecimento de determinado fator de risco para uma doença X, leva a pessoa a continuar este erro e anos mais tarde a adquirir a tal doença, podendo levar a um maior número de internamentos, mais exames de diagnóstico, mais gastos, que poderiam ser evitados se essa pessoa soubesse dos fatores de risco. Uma forma de contornar

Referências

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